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SP4 DOR REFERIDA Brainstorming: • João Carlos, 39 anos; • Não faz tratamento para nenhuma doença crônica e também não apresentava nenhum sinal ou sintoma; • ITU, infecção de urina? • Diagnóstico diferencial: apendicite; • Dor aguda → região abdominal e lombar sem fator de melhora: dor nociceptiva, que se divide em somática e visceral, sendo a visceral uma dor de vísceras ocas. • Receptores - visceroceptores - quem ativa? estimulados por mediadores inflamatórios • Via da dor visceral - adrenérgica/serotoninérgica/colinérgica/dopaminérgica • Há aproximadamente 24 horas passou a apresentar um desconforto pouco caracterizado na região abdominal que evoluiu para dor discreta (em todo abdômen e na região lombar); • Presença de polaciúria; • Intensidade da dor aumentou durante a madrugada, agora mais pronunciada em flanco direito e região lombar à direita; • Dor em cólica em grande intensidade → vísceras ocas; • Dor em cólica: contração do músculo liso - nefrolitíase:ureter; • Dor difusa passou a ser localizada - neuromodulação? • Tipos de fibra nervosa; • Queixa de náusea e dor de grande intensidade; • Cólica comprometia, além da região lombar, a região inguinal, perineal e testicular ipsilateral; • Sinal de Giordano positivo; • Dor referida ou irradiada; • Tratamento sintomático → analgésico não esteroidal, antiespasmódico e antiemético endovenosos; • Antiemético: para as náuseas - vonal, dramin,plasil - ação central e periférica? • Antiespasmódico: dor de contração - músculo liso - classes? buscopan, atroveran - compostos por escopolamina; • Solicitação de Urina I; • Nitrito → infecção urinária; • Nefrolitíase no exame de urina I: hematúria, cor da urina, proteínas; densidade, cristais; • Exame para avaliar a dor, que era pouco clara e distante do local da gênese do problema; • Existe algum exame para avaliar dor visceral? • Ultrassom; • Exame físico - manobras para avaliar a dor do paciente: sinal de Blumberg, Giordano. Pontos para avaliar o ureter; • Visceral: subdividida em referida; • Somática: subdividida em irradiada; • Dor tão intensa → palidez, suor; Fluxograma: Vias urinárias • Anatomia [inervação] RINS • Características geral: • Os rins, que têm formato oval. • Medem cerca de 10 cm de comprimento, 5 cm de largura e 5,5 cm de espessura. • Localização: • Estão situados no retroperitônio sobre a parede posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral, no nível das vértebras T XII a L III. • Os níveis dos rins modificam-se durante a respiração e com mudanças posturais → variação de 2-3 cm na vertical. • O polo inferior do rim direito está aproximadamente um dedo superior à crista ilíaca. • Superiormente, os rins estão associados ao diafragma; • Inferiormente, as faces posteriores do rim têm relação com os músculos psoas maior medialmente e quadrado do lombo. • Anterior ao rim direito, localizam-se o fígado (recesso hepatorenal), o duodeno e o colo ascendente. • Anterior ao rim esquerdo, está relacionado com o estômago, baço, pâncreas, jejuno e colo descendente. • Porções: • Hilo renal: na margem medial côncava do rim há uma fenda vertical, o hilo renal que conduz a um espaço no rim, o seio renal. • As estruturas que servem aos rins (vasos, nervos e estruturas que drenam a urina do rim) entram e saem do seio renal através do hilo renal. • A veia renal situa-se anteriormente à artéria renal, que é anterior à pelve renal. • Seio renal: formado pela pelve + cálices + vasos + nervos + gordura. • Pelve renal: • É a expansão afunilada e achatada da extremidade superior do ureter. • O ápice da pelve renal é contínuo com o ureter. • Recebe dois ou três cálices maiores, e cada um deles é formado por dois ou três cálices menores. • Cada cálice menor é entalhado por uma papila renal, o ápice da pirâmide renal, de onde a urina é excretada. • As pirâmides e o córtex associado formam os lobos renais. • Lobo renal: pirâmide mais metade da coluna ipsilateral, mais o córtex superior. • Cápsulas • Fibrosa: • Recobre o córtex renal → mais profunda; • É uma lâmina lisa e transparente de tecido conjuntivo denso não modelado; • É contínuo ao revestimento externo do ureter; • Mantém forma renal e é uma barreira contra traumas; • Gordurosa: • Recobre a cápsula fibrosa → intermediária; • Protege contra trauma e ancora na cavidade abdominal; • Separada em 2 camadas pela fáscia renal: gordura peri-renal e para-renal • Fáscia: • É a mais superficial; • Tecido conjuntivo denso não modelado; • Ancora os rins nas estruturas vizinhas e parede abdominal; • Localizada profundamente ao peritônio; • Irrigação sanguínea: • Artéria renal adentra o rim → divide-se em artérias segmentares, irrigando os segmentos renais → cada segmentar emite ramos para o parênquima, alcançando as colunas renais como interlobares → nas bases da pirâmide, arqueiam entre o córtex e medula, denominadas artérias arqueadas → ramificam em várias artérias interlobulares → irradiam e entrar no córtex, sendo denominadas arteríolas glomerulares aferentes → cada néfron receberá uma. • Os capilares glomerulares são únicos entre os capilares no corpo, porque estão posicionados entre duas arteríolas, em vez de entre uma arteríola e uma vênula. • As arteríolas aferentes dividem e formam capilares peritubulares que circundam os túbulos no córtex → alguns destes formam capilares em alça longa, chamadas arteríolas retas que irrigam os túbulos do néfron. • Os capilares peritubulares e arteríolas retar se unem formando veias interlobulares → veias arqueadas → veias interlobulares → veia renal única → VCI. • Inervação: • Originam-se do gânglio renal e passam pelo plexo renal junto com as artérias renais. São nervos do SNA simpático, que consistem em vasomotores que regulam fluxo sanguíneo renal → dilatação e contração das arteríolas aferentes. URETERES • Os ureteres são tubos musculares, com 25 a 30 cm de comprimento, que conectam os rins à bexiga urinária. • Os ureteres são retroperitoneais. • Cruzam do abdômen até a pelve. • Próximo à espinha isquiática, eles se curvam anteromedialmente, acima do músculo levantador do ânus, e entram na bexiga urinária. • As extremidades inferiores dos ureteres são circundadas pelo plexo venoso vesical. • Fisiologia • Fisiologia do néfron (NA/K) • Glomérulo: Filtrar o sangue removendo uréia e ác. Úrico • Tubo proximal e Alça de Henle: Reabsorve glicose, vitamina, sais minerais, hormônios, etc. • Tubo distal: Retiram o excesso de água • Osmorregulação: regular a quantidade de água no sangue pela ação do ADH+ (vasopressina) • O néfron é a unidade funcional básica do rim, responsável pela formação da urina. • A função do néfron é filtrar os elementos do plasma sanguíneo e eliminar através da urina as excretas indesejadas. • 4 Processos: Filtração, absorção, secreção e excreção. • Filtração: O Glomérulo e a cápsula de Bowman formam o corpúsculo renal e fazem a filtração, formando o filtrado glomerular. • Secreção x Filtração: A secreção não é tão seletiva quanto a filtração e apenas proteínas plasmáticas não passam na filtração. • A parte funcional dos rins é chamada de córtex e é onde é absorvida as substâncias. • A medula produz a urina e onde está o cálice renal e ureter. • Entra pela arteríola aferente, uma parte é filtrada e o que não for selecionado passa para a eferente e vai para a corrente sanguínea. • O filtrado entra no glomérulo, passa para o túbulo proximal e na alça de Henle. • - Túbulo contorcido proximal: essa parte do néfron recebe o filtrado glomerular, que sofrerá o processo de absorção e excreção de substâncias. Ocorre a maior reabsorção de água, cloreto, potássio, sódio e bicarbonato. • - Alça de Henle: essa alça possui um formato de U, sendo constituída por um ramo descendente e um ramo ascendente. É nela que acontecerá a retenção de parte daágua. Na alça ascendente é impermeável a água e absorve apenas Nacl e na parte descendente é impermeável a Nacl e absorve água por osmose. • - Túbulo contorcido distal: nessa porção do néfron serão feitas trocas iônicas, ocorrendo a absorção de sódio e secreção de potássio. Esse tubo se abre no ducto coletor, que será responsável por receber o material produzido nos néfrons (urina) e transportá-lo para a pelve renal. • São formados em média 2 litros de urina por dia. • Taxa de filtração glomerular: A pressão impulsiona a filtração. Avaliação da função renal (Quantidade de ml de urina filtrada por minuto), pois quando há muita creatinina no sangue a filtração do rim está com problemas. • No tubulo contorcido proximal é feita a maior absorção de H2O e também é absorvido bicarbonato, além de Na, Cl, água, glicose, aminoácidos e vitaminas. • Transporte facilitado de ureia na alça de Henle. FUNÇÃO DOS RINS Regulação do volume do líquido extracelular e da pressão arterial • O sistema renina-angiotensina-aldosterona regula a pressão sanguinea. • - Assim conseguimos identificar 3 fatores que servem como gatilho para a liberação de renina pelas células justa glomerulares: • 1- Queda da pressão arterial que pode ser sentida pelos barorreceptores • 2- Ativação do sistema nervoso simpático • 3- Redução da concentração de sódio dos túbulos contorcidos distais que podem ser sentidas pelas células da macula densa • Assim temos o início da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. A Renina que é liberada pelas células justa glomerulares, cai na corrente sanguínea e converte o angiotensinogenio que é produzido no fígado em angiotensina I. A angiotensina I apresenta uma atividade leve de vasoconstrição, em sequência a angiotensina I é convertida em angiotensina II pela enzima conversora de angiotensina, mais conhecida pela sigla ECA que fica localizada no endotélio do pulmão. • A angiotensina II atua principalmente em 4 frentes: • 1- Gerando vasoconstrição dos vasos do corpo • 2- Em nível renal ela promove vasoconstrição preferencialmente da arteríola eferente, assim mesmo promovendo redução do fluxo renal ela mantém a taxa de filtração glomerular, mas com aumento de reabsorção osmótica do líquido presente nos túbulos, visto que o fluxo nos capilares peritolares também está letificado • 3- Estimulando a adrenal a secretar aldosterona que por sua vez atua no túbulo contorcido distal estimulando a reabsorção de sódio e excreção de potássio • 4- Estimulando a hipófise posterior a secretar ADH que vai atuar nos ductos coletores estimulando a reabsorção de água. • Dessa forma temos como resultado um aumento da vasoconstrição e aumento da reabsorção de sódio e água, consequentemente teremos aumento da pressão arterial sistêmica, se a pressão estiver mais elevada os estímulos para a secreção de renina são reduzidos e consequentemente a pressão também será reduzida, assim temos um excelente mecanismo de autorregulação. • O captopril age inibindo a enzima ECA. • Regulação da osmolalidade. • Osmolalidade: É a concentração de eletrólitos e de solutos. A manutenção da osmolalidade é feita através da regulação de água e solutos no sangue e na urina. Equilíbrio do sódio e do volume do LEC • em vez de adicionarmos água para manter a concentração no plasma constante, adicionamos NaCl mas nao bebemos água = aumentaria a osmolalidade corporal; além disso, devido ao NaCl ser um soluto nao penetrante, ele permaneceria no LEC. A osmolalidade mais alta no LEC tiraria água das celulas, fazendo elas encolherem alterando a função celular normal • a adição de sal no corpo aumenta a osmolalidade; esse estímulo desencadeia duas respostas • secreção de vasopressina • A alta molalidade é o que influencia o estímulo. • Os neurônios no hipotálamo sintetizam a vasopressina, aumentando a reabsorção de água no ducto coletor. • a vasopressina liberada faz os rins conservarem água e concentrarem a urina • sede • a sede nos leva a beber água e outros líquidos. O aumento da ingestão diminui a osmolalidade mas se ingerir sal e água aumenta tanto o volume do LEC como a PA • com esses aumentos, são disparadas outras vias as quais trazem o volume do LEC, PA, osmolalidade total de volta para a faixa normal, excretando o sal e água extras • apenas a reabsorção renal de Na é regulada, sendo feita por estímulos das vias de equilíbrio do volume sanguíneo e da PA A aldosterona controla o equilíbrio do sódio • A reabsorção de Na nos túbulos distais e ductos coletores renais é regulada pelo hormônio aldosterona : quando mais aldosterona maior a reabsorção de Na • a aldosterona é sintetizada no córtex da glândula suprarrenal secretada no sangue • ela age no túbulo distal e na porcao do ducto coletor sendo seu alvo as celulas principais • nas celulas principais contem canais de vazamento de Na e de K (bomba de sódio e potássio); a aldosterona entra nas celulas P se ligando a um receptor; na fase inicial de sua ação, canais de Na e K aumentam seu tempo de abertura sob a influência de uma mol sinalizadora • com o aumento dos níveis intracelulares de Na, a atividade da bomba de Na/K aumenta, transportando o Na citoplasmático para o LEC e captando o K do LEC para o interior das celulas P • resultado é um rapido aumento da reabsorção de Na e da secreção de K • Sistema de contra corrente: Mecanismo para fazer a troca entre agua e soluto e manter constante a osmolalidade do córtex e da medula. O sentido do fluxo sanguíneo dos vasos é contrário ao da alça de Henle. Na alça ascendente ganha água e perde soluto aumentando a concentração. • como o líquido se move pela alca • filtrado no túbulo proximal → ramo descendente da alça de henle (permeável a água mas nao transporta íons) → com a alca mergulhada na medula a água se move por osmose do ramo descendente para o líquido intersticial (mais concentrado, deixando os solutos no lúmen) → o filtrado torna-se mais concentrado à medida que se move para dentro da medula → ramo descendente (impermeavel a agua e transporta Na, K, Cl do lúmen p/ interstício) = osmolalidade diminui Manutenção do equilíbrio iônico. -Balanço entre ingestão e perda iônica. Regulação homeostática do pH • Os rins são capazes de corrigir o pH do sangue, mas não tão rápido quanto os pulmões. • Quando o pH do sangue está ácido ocorre maior reabsorção de HCO3. • Com o aumento do pH arterial ocorre um aumento da disponibilidade intracelular de íons Hidrogênio, elevando assim a sua secreção para o lúmen tubular. Como cada íon H+ secretado resulta na adição de um íon bicarbonato ao plasma, o pH do sangue tende a se normalizar. Opostamente, numa alcalose a excreção renal de H+ é diminuída para corrigir o pH. • 3 mecanismos de regulação: solução-tampão, ventilação e renal. Excreção de resíduos. • Resíduos metabólicos, medicamentos e substâncias tóxicas (Xenobiótico), ácido úrico, creatinina e excesso de sais. Ureia (do metabolismo de aminoácidos “proteinas”), Creatinina (da creatina muscular), Ácido Urico (dos ácidos nucleicos “porfirinas”), produtos finais da degradação da hemoglobina (bilirrubina) e matabolitos de varias hormônios. • Ingeridos como: pesticidas, fármacos e aditivos alimenticios • Produção de hormônios. • Mesmo o rim não sendo uma glândula, desempenham importante papel em 3 vias endócrinas: • Os rins produzem um hormônio chamado de eritropoetina, que ajuda na produção, multiplicação e maturação dos glóbulos vermelhos do sangue e da medula óssea e, na sua ausência, pode ocorrer anemia. • Na hipóxia renal ocorre a diminuição da pressão de oxigênio estimulando o rim a produzir e liberar a eritropoetina, que estimula a diferenciação, multiplicação e maturação dos eritrócitos na medula óssea. • Renina que regula os hormônios da homeostasia e PA. • Enzimas renais que auxiliam na conversão da vitamina D3e hormônio que regula o cálcio • Histologia Exame de urina: • normal Densidade A densidade da água pura é igual a 1000. Quanto mais próximo deste valor, mais diluída está a urina. Os valores normais variam de 1005 a 1035. Urinas com densidade próximas de 1005 estão bem diluídas; próximas de 1035 estão muito concentradas, indicando desidratação. Urinas com densidade próxima de 1035 costumam ser muito amareladas e normalmente possuem odor forte pH A urina é naturalmente ácida, já que o rim é o principal meio de eliminação dos ácidos do organismo. Enquanto o pH do sangue costuma estar em torno de 7,4, o pH da urina varia entre 5,5 e 7,0. Glicose Toda a glicose que é filtrada nos rins é reabsorvida de volta para o sangue pelo túbulos renais. Deste modo, o normal é não apresentar evidências de glicose na urina. Proteínas A maioria das proteínas que circula no sangue é grande demais para ser filtrada pelos rins, por isso, em situações normais, não costumamos identificar proteínas na urina. Na verdade, podem até existir pequenas quantidades de proteínas na urina, mas elas são tão poucas que não costumam ser detectadas pelo teste da fita. Existem duas maneiras de se apresentar o resultado das proteínas na urina: em cruzes ou através de uma estimativa em mg/dL. Forma em cruzes: Ausência de proteínas ( valor normal). Traços de proteínas. 1+ 2+ 3+ 4+ Forma em mg/dL: Menos que 10 mg/dL (valor normal). Entre 10 e 30 mg/dL. 30 mg/dl. 40 a 100 mg/dL. 150 a 350 mg/dL. Maior que 500 mg/dL. Hemácias na urina – sangue na urina: Assim como nas proteínas, a quantidade de hemácias (glóbulos vermelhos) na urina é desprezível e não consegue ser detectada pelo exame da fita. Resultados costumam ser fornecidos em cruzes. O normal é haver ausência de hemácias (hemoglobina). Como as hemácias são células, elas podem ser vistas com um microscópio. Deste modo, além do teste da fita, também podemos procurar por hemácias diretamente pelo exame microscópico, sedimentoscopia. Neste caso, os valores normais são descritos de duas maneiras: Menos que 3 a 5 hemácias por campo ou menos que 10.000 células por mL Um resultado falso positivo pode acontecer nas mulheres que colhem urina enquanto estão na período menstrual. Nos homens, a presença de sêmen na urina também pode provocar falso positivo. Uma vez detectada a hematúria, o próximo passo é avaliar a forma das hemácias em um exame chamado “pesquisa de dismorfismo eritrocitário”. É possível haver pequenas quantidades de hemácias dismórficas na urina sem que isso tenha relevância clínica. Apenas valores acima de 40 a 50% costumam ser considerados relevantes. Leucócitos ou piócitos – Esterase leucocitária Podem ser contados na sedimentoscopia. Valores normais estão abaixo dos 10.000 células por mL ou 5 células por campo Cetonas ou corpos cetônicos Normalmente a produção de cetonas é muito baixa e estas não estão presentes na urina. Alguns medicamentos como captopril, ácido valproico, vitamina C (ácido ascórbico) e levodopa podem causar falso positivos. Urobilinogênio e bilirrubina Também normalmente ausentes na urina A bilirrubina só costuma aparecer na urina quando os seus níveis sanguíneos ultrapassam 1,5 mg/dL. O urobilinogênio pode estar presente em pequenas quantidades sem que isso tenha relevância clínica. Nitritos A urina é rica em nitratos. A presença de bactérias na urina transforma esses nitratos em nitritos. Portanto, fita com nitrito positivo é um sinal indireto da presença de bactérias. Nem todas as bactérias têm a capacidade de metabolizar o nitrato, por isso, exame de urina com nitrito negativo de forma alguma descarta infecção urinária. Na verdade, o EAS apenas sugere infecção. A presença de hemácias, associado a leucócitos e nitritos positivos, fala muito a favor de infecção urinária, porém, o exame de certeza é a urocultura. A pesquisa do nitrito é feita através da reação de Griess, que é o nome dado a reação do nitrito com um meio ácido Cristais Esse é talvez o resultado mais mal interpretado, tanto por pacientes como por alguns médicos. A presença de cristais na urina, principalmente de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio ou uratos amorfos, não tem nenhuma importância clínica. a presença de cristais não indica uma maior propensão à formação de cálculos renais Os cristais com relevância clínica são: Cristais de cistina – Indicam uma doença chamada cistinúria. Cristais de magnésio-amônio-fosfato (chamado de cristais de estruvita ou cristais de fosfato triplo) – podem ser normais, mas também podem estar presentes em casos de urina muito alcalina provocada por infecção urinária pelas bactérias Proteus ou Klebsiella. Pacientes com cálculo renal por pedras de estruvita costumam ter esses cristais na urina. Cristais de tirosina – Presentes em uma doença chamada tirosinemia. Cristais de bilirrubina – Costumam indicar doença do fígado. Cristais de colesterol – Costuma ser um sinal de perdas maciças de proteína na urina. A presença de cristais de ácido úrico, caso em grande quantidade, também deve ser valorizada, pois podem surgir em pacientes com gota ou neoplasias, como linfoma ou leucemia. Cristais de ácido úrico em pequena quantidade, porém, são comuns e não indicam nenhum problema. Células epiteliais e cilindros A presença de células epiteliais na urina é normal. São as próprias células do trato urinário que descamam. Elas só têm valor quando se agrupam em forma de cilindro, recebendo o nome de cilindros epiteliais. Os cilindros que podem indicar algum problema são: Cilindros hemáticos (sangue): Indicam glomerulonefrite. Cilindros leucocitários: Indicam inflamação dos rins. Cilindros epiteliais: indicam lesão dos túbulos. Cilindros gordurosos: indicam proteinúria. Cilindros hialinos não indicam doença, mas podem ser um sinal de desidratação. Em relação ao EAS (urina tipo I) é importante salientar que esta é uma análise que deve ser sempre interpretada. Os falsos positivos e negativos são muito comuns e não dá para se fechar qualquer diagnóstico apenas comparando os resultados com os valores de referência. Ácido ascórbico na urina É comum os laboratórios chamarem a atenção quando há ácido ascórbico (vitamina C) na urina. Este dado é importante porque o ácido ascórbico pode alterar os resultados, principalmente na detecção de hemoglobina, glicose, nitritos, bilirrubina e cetonas. É importante o médico saber que resultados inesperados podem ser falsos positivos ou falsos negativos causados pela vitamina C. • alterações da nefrolitíase Hematúria macroscópica ou microscópica é comum, mas a urina pode ser normal apesar da presença de múltiplos cálculos. Pode ocorrer piúria com ou sem a presença de bactérias. Piúria sugere infecção, particularmente se combinada com achados clínicos sugestivos, tais como urina de mau cheiro ou febre. Dor visceral: • Conceito É uma dor deflagrada por um estimulo doloroso percebido por terminações nervosas livres presentes no parênquima, estroma ou cápsula visceral de órgãos internos. Nas vísceras essas terminações são chamadas de visceroceptores. Trata-se de uma manifestação difusa, de localização imprecisa e frequentemente de difícil identificação com o diagnóstico. A dor visceral verdadeira - não referida - manifesta-se na região da linha média do abdômen, sem localização precisa no epigástrio, região periumbilical ou mesogástrio, habitualmente descrita como cólica e associa-se a náuseas, vômitos, sudorese ou palidez; • Classificação Dor nociceptiva • Fisiopatologia (vias, receptores → visceroceptores, estímulos, fibras) Algumas vísceras, como pulmão, fígado e rins, são praticamente insensíveis à dor, mesmo em estágios avançados de doença. As vísceras ocas, tais como estômago, intestino, ureteres e bexiga, são, em condições normais, praticamente insensíveis ao cortee à queimadura, mas são dolorosas quando ocorre distensão, isquemia ou inflamação. Isso significa que, quando se estudam as vísceras, existe uma diferença entre estímulos potencialmente lesivos (nociceptivos) e aqueles que produzem dor. (ALVES NETO, 2009) Os estímulos capazes de produzir dor visceral, estímulos elétricos, distorção mecânica, isquemia e aplicação de substâncias irritantes (algogênicas) diferem de forma significativa daqueles pesquisados na avaliação da dor superficial. (ALVES NETO, 2009) A dor visceral tem algumas peculiaridades que a torna, ao mesmo tempo, complexa e única. Uma dessas características é a pouca capacidade que o ser humano tem em identificar com precisão a origem da dor visceral. A dor tem localização geralmente difusa nas proximidades do órgão afetado ou mesmo à distância. Isso pode ser explicado pelo fato de que os estímulos viscerais penetram em diferentes segmentos da medula espinal, onde se juntam com fibras oriundas de estruturas somáticas. (ALVES NETO, 2009) Por isso mesmo, a dor visceral provoca um fenômeno de sensibilização dessas estruturas somáticas superficiais, que resulta em hiperalgesia. Demonstra-se claramente, nesses pacientes, a ocorrência de maior sensibilidade à dor cutânea, em espec ial, a existência de dor miofascial nos músculos do mesmo segmento espinhal. (ALVES NETO, 2009) Outro fenômeno característico das dores viscerais é a associação mais exuberante com fenômenos neurovegetativos, tais como palidez, mal-estar, sudorese e aumento do peristaltismo. (ALVES NETO, 2009) Ocasionalmente, uma doença que acomete uma víscera pode se alastrar, passando a acometer nervos somáticos (p. ex., na pleura e no peritônio). Quando isso ocorre, a dor, antes difusa, pode se tornar mais localizada. Um exemplo clássico ocorre na apendicite, que, em uma fase inicial, tem localização abdominal difusa, passando a se localizar na fossa ilíaca direita após comprometimento peritoneal. (ALVES NETO, 2009) Tal fato provavelmente se explica pela existência de nociceptores silentes, os quais não manifestam atividade em situações normais, mas seriam ativados pela presença de substâncias químicas liberadas na região afetada quando ocorre sensibilização. Muito se sabe que as vísceras apresentam receptores (aferentes) que se projetam ao sistema nervoso central através do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses aferentes possuem função apenas regulatória (autonômica) enquanto outros geram respostas sensitivas, particularmente de dor. Esses aferentes são formados por fibras nervosas finas que podem ser pouco mielinizadas (A-delta) ou amielinizadas (fibras C). DOR PARIETAL Nociceptores Silentes: estão presentes em vísceras e geralmente são inativos. Porém, quando ocorre um processo de inflamação, a distensão da cápsula ou lesões químicas, o limiar de disparo desses receptores é reduzido, portanto, eles são ativados. São nociceptores livres A dor que se origina a partir da estimulação de nociceptores mais profundos pode ser visceral. A dor visceral pode ter origem nas cavidades torácica, abdominal, pélvica ou craniana. Trata-se de uma manifestação difusa, de localização imprecisa e frequentemente de difícil identificação com o diagnóstico. (WAKSMAN; FARAH, 2015) Os sintomas mais comumente associados à dor visceral indicam atividade do sistema nervoso autônomo. Podem ser caracterizados por palidez, sudorese, cólicas abdominais e diarreia. Com frequência, ocorre aumento significativo na pressão arterial. A dor visceral é descrita como profunda, dolorosa, em cólica ou de pressão intensa. Esse tipo de dor é frequentemente referido a outras áreas do corpo. (WAKSMAN; FARAH, 2015) A dor visceral verdadeira ocorre no local da estimulação primária e pode se associar, ou não, com a dor referida. É do tipo contínua e difusa, com localização profunda e imprecisa devido, em grande parte, à pouca quantidade de fibras aferentes viscerais. (SANCHES, ROCHA,2017) Provavelmente, o mecanismo de geração de dor se deva à liberação de substâncias algogênicas, das quais a mais estudada é a bradicinina. Há muito se sabe que as vísceras apresentam receptores (aferentes) que se projetam ao sistema nervoso central através do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses aferentes possuem função apenas regulatória (autonômica) enquanto outros geram respostas sensitivas, particularmente de dor. (ONOFRE, 2009) Esses aferentes são formados por fibras nervosas finas que podem ser pouco mielinizadas (A Delta) ou amielinizadas (fibras C). Uma questão ainda não resolvida diz respeito à existência de aferentes puramente dolorosos para determinado estímulo (específicos) ou se tais fibras teriam função mista (regulatória e sensitiva), passando a responder de uma forma ou outra de acordo com a intensidade do estímulo (teoria do padrão e intensidade). (ONOFRE, 2009) A maior parte das fibras aferentes viscerais, antes de se dirigirem à medula espinal, trafegam para gânglios simpáticos pré-vertebrais e paravertebrais. Os gânglios pré-vertebrais são representados pelos gânglios celíacos e mesentéricos superior e inferior. Os gânglios paravertebrais são representados pelos gânglios cervicais superior, médio e inferior, gânglio estrelado, gânglios toracolombares, gânglio sacral e gânglio ímpar coccigeo (gânglio de Walther). (ONOFRE, 2009) Uma pequena parte dos estímulos dolorosos, no entanto, trafega por nervos do sistema nervoso parassimpático. Enquanto as fibras aferentes somáticas são numerosas e penetram na medula espinal em determinado segmento, as fibras aferentes viscerais são poucas e penetram no corno posterior da medula espinal em vários níveis, o que justifica a pouca localização espacial dessas dores. (ONOFRE, 2009) Na medula espinal, as fibras se dirigem especialmente à lâmina superficial (lâmina I de Rexed) e a outras mais profundas (V e X). Em seguida os estímulos são transmitidos pelas mesmas vias da dor superficial. Mais comumente, cruzam a linha média e ascendem pelo trato espinotalâmico lateral até os núcleos ventrais do tálamo e daí ao cortex cerebral. (ONOFRE, 2009) Outras vias, tais como a espinorreticular e a espinomesencefálica, tem papel importante em fenômenos associados, tais como o alerta à dor e aos fenômenos neurovegetativos que o acompanham. (ONOFRE, 2009) Localização dos visceroceptores: Além disso, as pesquisas clińicas demonstram que nem todas as viśceras respondem à dor. Alguns locais, como os parênquimas pulmonar, hepático e renal, são praticamente insensiv́eis à dor, mesmo quando estiḿulos altamente lesivos são aplicados. As viśceras ocas, tais como estômago, intestino, ureteres e bexiga, são, em condições normais, praticamente insensiv́eis ao corte e à queimadura, mas são dolorosos quando ocorrem distensão, isquemia ou inflamação. Isso significa que, quando se estudam as viśceras, existe uma diferença entre estiḿulos potencialmente lesivos (nociceptivos) e aqueles que produzem dor. OBS: Algumas viśceras, como pulmão, fiǵado e rins, são praticamente insensiv́eis à dor, mesmo em estágios avançados de doença. Coração A estimulação mecânica do coração é indolor. O principal evento desencadeador de dor cardiáca certamente é a isquemia, como a vista na angina e no infarto. É descrita como sensação de constrição ou aperto na região retroesternal, mas pode se irradiar para o pescoço, mandib́ula e membro superior esquerdo. Muitos pacientes, no entanto, podem apresentar isquemia sem dor. Isso ocorre, em especial, em neuropatias, como o diabete, ou quando a área afetada tem pouca inervação, em especial na região subendocárdica. O coração apresenta dupla inervação, tanto pelo vago (gânglio nodoso), como pelas fibras aferentes simpáticas, que têm seus corpos vertebrais nas três ou quatro raiźes dorsais, e dai ́penetram na medula tanto na região cervical como na torácica alta. Pulmão O parênquima pulmonar e a pleura visceral são pratica- mente insensiv́eis a dor. Por causa disso, muitos problemas, como contusões traumáticas e neoplasias, podem passar despercebidos, aparecendo dor apenas quando atingem a pleura parietal ou os brônquios. É possiv́el, no entanto, que, em situações de dispnéia, como em situações de exercićios extenuantes ou no edema agudo, algumas fibras aferentes do pulmão possam gerar sensação de pressão torácica. Outras sensações, como a pressão relacionada à hiperinsuflação, são mais provavelmente decorrentes de estimulação da parede torácica. Vias aéreas Processos irritativos nas vias aéreas são descritos como sensação de desconforto e queimação. Os aferentes têm inervação tanto vagal (gânglios nodoso e jugular) como simpática. O papel das fibras simpáticas é menor, sendo relacionadas à cadeia simpática torácica, que se dirigem à medula espinal nos niv́eis torácicos superiores. Esôfago O esôfago pode manifestar dor ou desconforto frente a situações diversas, como ingestão de alimentos quentes ou frios, processos inflamatórios e distensão mecânica. Na prática clińica, em situações como a esofagite de refluxo, se localiza na região retroesternal; por essa razão, frequentemente se confunde com a dor de origem cardiáca. Apresenta poucos aferentes vagais, com fibras aferentes simpáticas se dirigindo para múltiplos niv́eis, predominantemente na região torácica. Estômago Em condições normais, o estômago é praticamente insensiv́el ao corte e aos estiḿulos elétricos. O principal estiḿulo doloroso ocorre quando há distensão mecânica, que é descrito pelos pacientes em situações como a insuflação de ar durante procedimento de endoscopia. No entanto, em situações em que existe reação inflamatória, como na gastrite e úlcera, existe resposta dolorosa à pressão local, como na ingestão de alimentos. A dor localiza-se classicamente na região epigástrica, mas pode se irradiar à região torácica e até mesmo dorsal. Recebe inervação predominantemente simpática, com aferentes trafegando para a região torácica por meio da cadeia simpática torácica e gânglio celiáco. Intestino Os intestinos delgado e grosso não respondem a estiḿulos táteis ou nocivos, tais como corte ou coagulação de suas paredes, porém respondem a distensão mecânica, estiramento e aumento do peristaltismo. No primeiro caso, ocorre sensação de plenitude e desconforto, enquanto, no último caso, há dor tipo cólica, comum em processos como as enterocolites. Outros mecanismos de dor incluem a isquemia e a presença de substâncias inflamatórias. As fibras vagais parecem ter mais relação com mecanismos reflexos, enquanto a dor tem como aferência principal as fibras simpáticas carreadas por meio dos nervos esplâncnicos. Nas regiões mais distais, em especial no reto, a sensibilidade aumenta, sendo maior ainda na região do ânus. Pâncreas O pâncreas apresenta grande aferência dolorosa, gerando dor intensa em situações como neoplasias, pancreatite ou obstrução de seus dutos. A aferência vagal parece ter pouco papel na transmissão da dor, sendo que as fibras simpáticas são certamente o principal meio de transmissão desses estiḿulos. Na prática clińica, as neoplasias de pâncreas respondem muito bem a bloqueios e neurólise (alcoolização) do gânglio celiáco. Atenção! A neurólise do gânglio celiáco diminui sensivelmente a dor relacionada às viśceras do andar superior do abdome, enquanto a neurólise do plexo hipogástrico alivia a dor relacionada às estruturas da cavidade pélvica. Fiǵado Conforme citado anteriormente, o parênquima hepático é praticamente insensiv́el ao corte ou à destruição por processos neoplásicos. Tal fato se confirma na clińica, quando, mesmo na presença de múltiplas metástases, a ocorrência de dor hepática é quase nula. No entanto, quando existe distensão significativa em grandes tumores, nos abscessos ou nas hepatites, existe dor, provavelmente mediada pela distensão da cápsula ou pela compressão de vias biliares. Vias biliares A vesićula biliar e suas vias de drenagem demonstram muita sensibilidade à dor, em especial às situações de distensão mecânica ou espasmos. As dores costumam ser referidas como em ondas (cólicas), localizadas no hipocôndrio direito, podendo irradiar para todo o abdome superior, dorso e ombro direito. Rins A secção cirúrgica do rim não dispara dor em individ́uos sob anestesia local. No entanto, a distensão decorrente de obstrução de suas vias é extremamente dolorosa. As fibras aferentes são tanto vagais como simpáticas, essas últimas relacionadas aos nervos esplâncnicos, se dirigindo ao plexo celiáco e dai ́para penetrar nos niv́eis da transição toracolombar. Ureteres Apesar de que, à primeira vista, a cólica nefrética se deva à presença de um cálculo trafegando sobre a parede dos ureteres, alguns trabalhos experimentais demonstram que o evento causador dessa dor se deve à dilatação proximal das vias urinárias. A dor da cólica renal localiza-se geralmente na região lombar, porém comumente se irradia à fossa iliáca, indo até a bolsa escrotal ou os grandes lábios. Bexiga A bexiga é sensiv́el aos aumentos de volume em seu interior. Em volumes crescentes, passam de uma sensação de pressão à dor. Caso exista infecção, a dor aumenta e mesmo pequenos volumes podem gerar sintomas, localizados na região do hipogástrio. Útero/ovários O útero é inervado tanto pelo parassimpático como pelo simpático, trafegando pelos nervos hipogástricos. O útero é particularmente sensiv́el à existência de contraturas repetidas, como por ocasião do parto, apesar de que, na fase de expulsão, outros locais também produzem dor, decorrente da distensão da vagina e compressão de estruturas da parede abdominal. Podem, no entanto, gerar dor em outras situações, tais como durante a menstruação, processos inflamatórios e na endometriose. Os ovários podem manifestar dor leve durante a ovulação, mas clinicamente a maior causa de dor ocorre durante os processos inflamatórios e as neoplasias volumosas. Testículo/órgãos reprodutores masculinos O testićulo e o epidid́imo são ricamente inervados, com presença de fibras polimodais, com resposta a estiḿulos mecânicos, térmicos e quiḿicos. Por essa razão, manifestam dor acentuada frente a traumas, processos inflamatórios ou neoplásicos. • Quadro clínico • Epigástrio: • Ocorre por lesões no estômago, vesícula biliar, duodeno, pâncreas, fígado, região distal do esôfago, coração e pulmões; • Principalmente por úlcera péptica, úlcera perfurada, gastrites, espasmo pilórico, carcinoma gástrico, pancreatite crônica ou aguda, colecistite, litíase biliar, perfuração do esôfago na porção inferior, esofagite química ou bacteriana, infarto do miocárdio, pericardite, insuficiência cardíaca congestiva ou hérnia epigástrica. • Dor visceral gástrica: • Localiza-se habitualmente na região médio-epigástrica. • O acometimento da camada parietal do peritônio por doenças gástricas pode determinar dor apenas no quadrante superior esquerdo do abdômen. • Bulbo duodenal: • Causam dor visceral na região epigástrica e eventualmente, no QSD do abdômen. • Duodeno distal: • Causam dor na região periumbilical. • Hipocôndrio direito: • Ocorre por afecções do fígado, vesícula biliar, flexura hepática do cólon, distúrbios no hemitórax direito, hemidiafragma direito, doenças musculoesqueléticas ou do sistema nervoso. • As lesões mais frequentes são a colecistite crônica ou aguda, cólica biliar, câncer hepático e do sistema biliar, abscesso hepático e pancreático, hepatite crônica ou aguda, pleurisia hemidiafragmática direita,abscesso subfrênico, úlcera duodenal, neuralgia intercostal, síndrome pós-colecistectomia e pneumonia. • Dor hepática: • Localiza-se no hipocôndrio direito, epigástrio, ou na região torácica distal, intensifica-se às expirações e pode ser referida no ombro e escápula direita. • Hipocôndrio esquerdo: • Ocorre por afecções do baço, flexura esplênica do cólon, lesão do hemitórax esquerdo, cauda do pâncreas, doenças neurológicas e musculoesqueléticas. • O tromboembolismo e trombose dos nervos esplênicos, o infarto esplênico, o abscesso esplênico, a esplenomegalia, a colite, a ruptura de baço, o carcinoma de flexura esplênica do cólon, a pneumonia, a neuralgia intercostal,a hérnia diafragmática, a pericardite e a angina pectoris, são as lesões mais frequentes. • Pâncreas: • A dor visceral pancreática caracteriza-se por desconforto abdominal constante, com irradiação para região lombar ou dorsal distal. • Lombar: • Ocorre por lesão dos rins, ureteres, cabeça e cauda do pâncreas e cólon. • As causas principais são os abscessos perirrenal, apielite, a pielonefrite, abscessos renais, tumor renal, tuberculose renal, síndrome dolorosa pós-nefrectomia, neuralgia intercostal de um ou mais nervos (T8-T11) compressão radicular por tumor, doenças vertebrais e herpes-zóster. • Periumbilical: • Ocorre por lesão do intestino delgado, apêndice, ceco, corpo do pâncreas, afecções musculoesqueléticas e neurológicas, principalmente por obstrução intestinal aguda, diverticulite de Meckel, tromboembolismo da artéria mesentérica superior, enterocolite, hérnia umbilical, neuralgia intercostal (T9-T11) ou síndrome dolorosa miofascial. • Ilíaca direita: • Lesões do apêndice, intestino delgado, ceco, rim e ureter direito, tuba uterina direita ou ovário direito, afecções musculoesqueléticas ou neurológicas, tais como: apendicite aguda, salpingite crônica, ruptura de folículo ovariano, cólica renal, pielite aguda, carcinoma do ceco, hérnia inguinal, epididimite aguda e psoíte • Ilíaca esquerda: • Ocorre devido a lesões do cólon sigmóide, trato urinário esquerdo, genitália feminina interna, afecções musculoesqueléticas e neurológicas. • São causas comuns a salpingite aguda, gravidez ectópica, colite ulcerativa, psoíte, diverticulite, volvo do sigmóide, intussuscepção intestinal, obstrução intestinal, hérnia inguinal, epididimite, neuropatia segmentar (herpes-zóster, hernia de disco, tumor medular), neuralgias dos nervos ílio-hipogástrico e ílio-inguinal e a síndrome dolorosa miofascial lombar. • Hipogástrio: • Ocorre devido a lesões da bexiga, genitália interna, doenças intestinais, afecções musculoesqueléticas ou neurológicas. • A cistite aguda, distensão vesical (bexigoma), prostatite, hipertrofia prostática, carcinoma de bexiga, tumor no retossigmóide,constipação crônica e doenças da genitália feminina interna são as causas mais frequentes. • Diagnóstico (+ MINTI) A abordagem de pacientes com dor visceral requer o seguimento de critérios diagnósticos específicos associados a uma avaliação multidimensional do indivíduo (orgânica-neuroquímica, psíquica e sócio-cultural), e envolve equipe interdisciplinar assistencial. • Características importantes da dor visceral: • Não é evocada por todas as vísceras (órgãos sólidos como fígado, rins, parênquima pulmonar não são sensíveis à dor). • Algumas vísceras apresentam deficiência de receptores sensoriais ou as propriedades funcionais de seus receptores periféricos não evocam a percepção consciente ou não são receptores sensoriais verdadeiros. • Não está sempre associada à lesão visceral. • Um estímulo de baixo limiar pode provocar ativação de aferentes sensoriais da víscera, como a pressão gasosa intraluminal; • É difusa e pobremente localizada devido à organização das vias nociceptivas viscerais no SNC; • É referida em outros locais, provavelmente relacionada à convergência das fibras nervosas viscerais e somáticas ao conectarem no corno dorsal da medula espinhal; • É acompanhada de reflexos autonômicos e motores, que servem como sistema mantenedor e facilitador da transmissão dolorosa. • Transmissão: • Esôfago: • O impulso sensorial dos 2/3 superiores do esôfago é transmitido por fibras A- delta e C no vago e do 1/3 inferior por fibras simpáticas, que vão de T-5 a T-8. • Estômago e Intestinos: • O estômago e os intestinos delgado e grosso até o ângulo esplênico são supridos por fibras simpáticas de T-6 a L-2. • As fibras que inervam o cólon descendente e reto passam através do nervo pélvico e penetram na medula espinhal, por via ventral e dorsal, associadas às raízes de S2-S4. • Sensibilização dos transmissores: • As estimulações viscerais, tais como hipóxia e inflamação tissular, resultam em sensibilização de receptores de alto limiar e de nociceptores silenciosos previamente não-responsivos os quais perfazem 40% a 45% da inervação visceral aferente do cólon. • A sensibilização desses receptores persiste mesmo após a cessação do estímulo nociceptivo, traduzida por alterações das funções motora e sensitiva (hiperalgesia visceral). • Assim, estímulos fisiológicos como comer e beber são traduzidos e amplificados de forma inadequada, provocando uma descarga periférica exagerada, que é interpretada no SNC como dolorosa. • Condução clínica: • Anamnese: • Caracterização da dor: • Localização, início, irradiação, intensidade, periodicidade, duração, se desperta durante o sono; • Fatores precipitantes, de melhora ou piora, como tosse, espirro, jejum, álcool, ingesta alimentar, esforço físico, eliminação de flatos ou fezes, urina, trauma e cicatrizes; • Modificação do padrão de dor ou dos sintomas associados; • Medicamentos em uso: • Inibidores da angiotensina, beta-bloqueadores, antibióticos, agentes quimioterápicos, inibidores de bomba de próton ou AINH podem causar dor abdominal e diarréia; • Período menstrual; • História de IST; • Sintomas associados: • Sistêmicos: perda ponderal significativa (mais de 10 kg em 6 meses); • Febre, anemia, adinamia, síncope, adenomegalias e massas abdominais; • Digestivos: náuseas, vômitos, diarréia, obstipação, distensão abdominal, eructações, pirose, saciedade precoce, empachamento pós-prandial, anorexia; • Sinais ou sintomas de colestase: icterícia, colúria, acolia e prurido; • Massa abdominal; • Hemorragia digestiva: hematêmese, melena, enterorragia, hematoquesia; • Hepato-esplenomegalia; • Extra-digestivos: • Artrite/artralgia, dor pleural símile, urgência miccional, micção noturna, dispareunia, dismenorreia, dor lombar, dorsalgia, fraqueza dos membros, enxaqueca; • Estresse: • Palpitações, insônia, cansaço fácil, aumento ou redução do apetite; • Exame físico: • Exame físico completo, incluindo toque retal, vaginal e pesquisa de pontos gatilhos. • Se a primeira etapa evidenciar sinais ou sintomas de doença(s) bem definida(s), prossegue-se a investigação com propedêutica diagnóstica específica para aquela(s) doença(s). • Caso necessário, exames complementares: • Radiografias: de tórax e coluna torácica (para dores no abdômen superior), de abdômen em ortostase (se dor em cólica, difusa, associada a vômitos, e/ou diarréia, e/ou obstipação) e radiografia de coluna lombar (se dor lombar associada); • Ultrassonografia abdominal total: para dores em hipocôndrios e epigástrio com ou sem irradiação, para afastar doenças biliopancreáticas; paradores em mesogástrio ou difusas mal definidas, sem sintomas digestivos associados, para afastar aneurismas ou tumorações, para dores pélvicas, para afastar afecções ginecológicas ou urológicas (ultrassonografia pélvica). • Se interposição gasosa impedir a visualização do pâncreas ou rins e vias urinárias ou qualquer outra víscera, solicitar tomografia computadorizada abdominal (superior, renal, pélvica ou total, respectivamente); • Ultrassonografia dos rins e vias urinárias:para dor em flancos ou região lombar; • EDA (endoscopia digestiva alta): para dor ou desconforto em epigástrio(não inclui hipocôndrios); Colonoscopia com múltiplas biópsias (para afastar colite microscópica em pacientes com diarreia), principalmente íleo terminal: para dor em fossas ilíacas ou difusa associada à alteração do trânsito intestinal em pacientes com idade > 45 anos e/ou sinais de alarme e/ou história familiar de câncer colorretal ou polipose familiar e/ ou mudança no padrão da dor ou das alterações do trânsito intestinal e/ou sintomas intensos ou incapacitantes e/ou história de curta duração (< 2 anos). • Tratamento (AINE, antiespasmódico e antiemético - mecanismo de ação) Antiespasmódicos/espasmolíticos Medicamentos antiespasmódicos são indicados para tratar espasmos musculares ou contrações involuntárias dos músculos. Eles são usados principalmente para tratar condições dos músculos intestinais que causam dor gastrointestinal. Os antiespasmódicos pertencem a dois grupos farmacológicos diferentes: Aqueles que agem por mecanismo anticolinérgico Aqueles que exercem ação direta sobre o músculo liso (espasmolíticos musculotrópicos) Antagonistas colinérgicos: A acetilcolina consiste numa substância química que atua como neurotransmissor, transmitindo os impulsos nervosos entre as células do sistema nervoso. Também se encontra associada à transmissão de impulsos entre as junções das células nervosas e musculares, que provocam a contração muscular. Os anticolinérgicos agem atenuando espasmos do intestino sem afetar a motilidade gastrointestinal. Eles trabalham antagonizando a acetilcolina. Se eles agem sobre receptores muscarínicos, são chamados antimuscarínicos e, se atuam sobre agentes nicóticos, são chamados antinicóticos. A maioria é antimuscarínica. Eles também são geralmente classificados em anticolinérgicos com uma estrutura de amina terciária e anticolinérgicos com uma estrutura de amônio quaternário. Eles diferem principalmente porque os derivados de aminas terciárias não atravessam a barreira hematoencefálica e, em caso de envenenamento, há menos riscos de perda de memória, excitação psíquica ou alucinações. Outra diferença é que a absorção oral de compostos quaternários é mais irregular que a de aminas terciárias. Portanto, existem maiores variações individuais na resposta. Drogas anticolinérgicas geralmente causam como efeito colateral: -Bocaseca - Constipação - Aumento da frequência cardíaca -Desejo constante de urinar A atropina é um alcaloide natural extraído da Atropa belladona e usado na forma de sulfato. É um potente antagonista muscarínico competitivo de efeito reversível com ação central e periférica À semelhança da atropina, a escopolamina, ou hioscina, também é um alcaloide natural derivado da beladona. Por ter maior penetração na barreira hematencefálica, apresenta efeito mais pronunciado no SNC com duração mais prolongada e ação sobre a memória recente e nível de consciência, sendo utilizada para sedação e amnésia. Também é bastante usada como antiespasmódico e na prevenção de náuseas e vômitos de origem labiríntica. Pode ser administrada por via oral, parenteral e transdérmica. O glicopirrolato é um antagonista muscarínico utilizado como antiespasmódico em alguns distúrbios do trato gastrintestinal. Por não atravessar a barreira hematencefálica, não exerce efeitos significativos no SNC. Seu uso em anestesia objetiva essencialmente à redução da salivação decorrente de alguns anestésicos com efeito modesto sobre a frequência cardíaca. O ipratrópio é um derivado quaternário da atropina que não tem efeitos no SNC e é utilizado na forma de brometo de ipratrópio pela via inalatória, no tratamento de asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os seus efeitos adversos sistêmicos são mínimos. Buscopan® Composto contêm o ingrediente ativo Butilbrometo de escopolamina, um antiespasmódico desenvolvido para aliviar cólicas abdominais e espasmos. Butilbrometo de escopolamina age apenas onde a dor e cólicas ocorrem - no abdômen. No Buscopan® Composto, além de Butilbrometo de escopolamina, também contém Dipirona, um analgésico bem reconhecido e efetivo, e portanto oferece uma ação dupla. Buscopan® Composto age no foco da dor mais forte para dores e cólicas abdominais (ao relaxar os músculos dos órgãos abdominais) e tem um efeito de rápida ação ao bloquear a dor. Espasmolíticos musculotrópicos Eles têm ação direta no músculo por um mecanismo desconhecido até agora. Eles devem ser reservados para os casos em que os anticolinérgicos são contra-indicados, pois sua eficácia é duvidosa. Os principais desta família são: Mebeverine Papaverine Antieméticos O quarto ventrículo do cérebro hospeda o centro do vômito. O assoalho do quarto ventrículo contem uma área chamada a zona do disparador do quimiorreceptor (CTZ). Quando o CTZ é estimulado, vomitar pode ocorrer O CTZ contem os receptors para a dopamina, a serotonina, os opiáceo, o acetylcholine e a substância P. do neurotransmissor. Quando estimulado, cada um destes receptors causa os caminhos que conduzem a vomitar e a náusea. Antagonistas do receptor 5-HT3 (tbm dor) - Fármacos: ondansetrona, granissetrona, a dolassetrona, a palonossetrona e a tropissetrona; - Indicação: Utilizados no tratamento dos vômitos causados pela quimioterapia e náuseas secundárias à irradiação do abdome superior. No tratamento da hiperêmese gestacional e, em menor grau, no controle das náuseas pós-operatórias, - Mecanismo de ação: são antagonistas do receptores 5-HT3, com efeitos periféricos e centrais. Os receptores 5-HT3 estão presentes em várias estruturas críticas envolvidas nos vômitos, incluindo-se aferentes vagais, NTS (que recebem estímulos dos aferentes vagais) e a própria área postrema. A 5-HT é liberada pelas células enterocromafinicas do intestino delgado em resposta aos quimioterápicos e pode estimular os aferentes vagais (via receptores 5-HT3) a ativar o reflexo do vômito. As concentrações mais altas dos receptores 5-HT3 no SNC são encontradas no NTS e na Zona de gatilho e os antagonistas desses receptores também podem suprimir as náuseas e os vômitos por sua ação nesses locais - Efeitos Adversos: são muito bem tolerados e os efeitos adversos mais comuns são constipação e diarreia, cefaleia e tontura. Antagonistas dos receptores da dopamina - Fármacos: fenotiazinas (proclorperazina, tietilperazina e clorpromazina) - indicações gerais - Mecanismo de ação: seu mecanismo de ação principal é o antagonismo aos receptores dopaminérgicos D2 na zona de gatilho - Indicações: não parecem ser consistentemente eficazes nos vômitos induzidos pela quimioterapia do câncer, mas também exercem atividades anti-histamínicas e anticolinérgicas, úteis em outros tipos de náuseas como a da cinetose Anti-histamínicos - Fármacos: ciclizina, hidroxizina, prometazina, difenidramina, dimenidrinato (Dramin) - Indicações: úteis principalmente na cinetose e nos vômitos pós-operatórios, atuando nos nervos aferentes vestibulares e no tronco cerebral - Mecanismo de ação: antagonistas dos receptores histamínicos H1 - Efeitos adversos: Sonolência, boca seca, perda de apetite, retenção urinária, queda de PA e tontura, constripação Agentes Anticolinérgicos - Fármacos: escopolamina (hioscina) - Indicações: profilaxia e o tratamento da cinetose, não eficazes no tratamento das náuseas induzidas pela quimioterapia - Mecanismo de ação: antagonista dos receptores muscarínicos - Efeitos adversos: garganta seca, aumento da temperatura corporal, dilatação pupilar, fotofobia.
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