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BIOGEOGRAFIA 2

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Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
 
 
Biogeografia 
 
 
Unidade II - Como as espécies surgem, 
permanecem e ou desaparecem da 
superfície terrestre? 
 
 
Paulo Lopes Rodrigues 
Elisangela Ranconi Rodrigues 
 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
Introdução 
Prezado aluno, tudo bem? 
O propósito desta segunda unidade é avançarmos mais no conhecimento 
biogeográfico. Deste modo, buscaremos compreender, além dos elementos que 
proporcionaram a distribuição das espécies no mundo, a daqueles que fazem com 
que certas espécies permaneçam vivas enquanto outras não. 
A discussão do que é um ecossistema, conceito chave para compreensão da 
distribuição da vida na Terra, será esmiuçada. Veremos também como a relação 
dentro de um ecossistema pode ser realmente muito complexa e é resultado de 
multi-interações entre os elementos naturais e as diferentes formas de vida. 
Veremos ainda, como pode ser dar a desestruturação desses ecossistemas, tanto 
em sua forma, com a fragmentação de suas áreas; como também em conteúdo, 
inserção de novos seres, altera o complexo equilíbrio e também seu processo de 
estruturação dos diferentes ecossistemas. 
Por fim, mas não menos importante, buscaremos compreender melhor as 
relações não somente entre as espécies e o meio, também entre as espécies, pois 
essas relações são essenciais para o desenvolvimento pleno de um ecossistema. 
Deste modo, vamos lá?! Boa leitura e bons estudos. 
1. Mecanismos de Fragmentação da paisagem 
A conversão das áreas naturais em áreas agrícolas e urbanas coloca em risco 
a sobrevivência de diversas espécies conhecidas e aquelas que viriam a ser 
estudadas. Essa modificação no padrão do uso de solo diminui o hábitat de 
diferentes seres vivos, como também fragmenta esse espaço. 
Essa fragmentação dificulta a dispersão das espécies e consequentemente a 
ocupação de novas áreas por elas. A fragmentação dessas áreas resulta também na 
fragmentação em subpopulações, que por não terem contato com seres da mesma 
espécie podem ter graves consequências, como a depressão endogâmica, e em 
tempo maior, a extinção da espécie naquela localidade. 
A diminuição da vida nesses fragmentos não decorre somente pela 
diminuição da área em si – que já é um problema considerável, dado a diminuição 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
da área para alimentação e reprodução. A grande consequência criada nesse 
processo de fragmentação é a criação do efeito de borda. Mas o que é o efeito de 
borda? 
O efeito de borda pode ser entendido, de maneira geral, como sendo a 
influência do meio externo para a borda da floresta, que altera suas características 
físicas e estruturais. Essa alteração influencia a composição e a diversidade de 
espécies especialmente nessa borda. (FIGUEIRÓ, 2015). 
Nos ambientes florestais esse efeito é muito mais evidente, pois com a 
fragmentação ocorre maior circulação de vento, maior luminosidade, aumento da 
temperatura e menor umidade, facilitando a invasão por outras espécies, 
modificando toda a estrutura do ecossistema ali existente. 
Aqui é importante deixar claro a diferença entre as áreas de borda e as áreas 
de transição. Estas são áreas de contato entre dois ambientes distintos, também 
chamados como ecótonos. A diferença ocorre pela mudança repentina nas áreas 
de fragmentos, enquanto a zona de transição apresenta mudanças mais suaves. Não 
há ainda, no entanto, consenso sobre essa definição, pois o que acontece é que os 
processos mudam em intensidade. Ou seja, nas áreas de fragmentos florestais a 
influência da alteração dos elementos naturais é mais acentuada do que nas áreas 
de transição, porém em ambas as áreas os efeitos são sentidos. 
A largura da borda não é um consenso também na biogeografia, porém há se 
concorda que os efeitos de borda são mais sentidos nos primeiros 50 metros da 
linha de borda, sendo que quanto menor é o tamanho do fragmento, maior é o efeito 
de borda naquela área e deste modo, o centro desse fragmento está cada vez mais 
sobre influência desse efeito. A presença de barreiras criadas pelo ser humano, 
como estradas, que atravessam áreas de proteção aumentam o efeito de borda, pois 
essas barreiras alteram a composição do ecossistema. 
 
Vamos Praticar? 
Para essa atividade observa a figura a seguir e as informações apresentadas 
para responder à questão. 
As áreas de preservação estão inseridas em áreas próximas, sendo que a área 
A é um pouco maior do que área B, sendo que nas duas há presença de um rio. A 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
área A é cortada por uma rodovia e por uma ferrovia, as duas de forma paralela no 
mesmo sentido (nordeste - sudoeste). Tendo essas informações considere a 
alternativa correta. 
A. O efeito de borda é maior na área B, pois a área é menor. 
B. O efeito de borda é maior na área A, pois a área é maior. 
C. O efeito de borda é igual nas duas áreas pois em ambas há a presença de um 
rio. 
D. O efeito de borda é maior na área A pela presença da rodovia e da estrada.. 
E. O efeito de borda é maior na área B pela ausência da rodovia e da estrada. 
 
Feedback de resposta: De acordo com o texto, podemos visualizar que quanto 
menor a área menor maior o efeito de borda, pois o centro estará mais próximo da 
borda. E da mesma forma vimos que presença de barreiras criadas pelo ser humano, 
que podemos citar, as estradas e ferrovias, partilham essa área, aumentando 
também o efeito de borda, deste modo consideramos correta a alternativa D, pois 
mesmo tendo uma área um pouco maior possui uma rodovia e uma ferrovia, 
dividindo essa área e aumentando o efeito de borda. 
 
Assim, é importante destacar que o efeito de borda causa alterações sensíveis 
ao ecossistema local, pois altera a composição dos elementos abióticos, que 
influencia o biota local, inclusive em suas relações. Essas alterações levaram o ser 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
humano a pensar em meios de preservação dessas áreas, assunto que abordaremos 
a seguir. 
 
2. Teoria da conservação da biodiversidade: da 
biogeografia de ilhas à teoria das 
metapopulações. 
Antes de falarmos propriamente das teorias de conservação da 
biodiversidade, precisamos responder à seguinte pergunta. O que é biodiversidade? 
Pode-se definir como biodiversidade sendo a variedade e a variabilidade dos 
organismos vivos e das suas relações. Ao se falar da biodiversidade, segundo 
NOGUEIRA et al apud MAGURRAN (2008) fala-se em três escalas. A biodiversidade 
alfa, sendo a diversidade de organismos vivos dentro de um habitat (falaremos 
melhor o que é um habitat ainda nessa unidade). A biodiversidade beta é a 
diversidade de espécies nos habitats de uma determinada região, que compõem 
uma paisagem e, exercendo funções de complementaridade de um em relação ao 
outro. E, por fim, temos a biodiversidade gama, que são as diferenças entre as 
espécies em conjuntos de habitats, ou seja, a diferença entre as espécies em seus 
diferentes habitats em uma determinada área que configuram uma determinada 
paisagem. 
Os seres vivos, como visto na unidade I, adaptaram-se ao meio, ao mesmo 
tempo que influenciaram o meio que os cerca, sendo inegável que o ser humano 
acelerou esse processo, o que impactou negativamente muitas espécies, pois as 
mudanças no ambiente foram mais rápidas que a capacidade de adaptação. 
Assim, o ser humano pensou em meios de preservação dessa biodiversidade, 
criando espaços de conservação. As críticas a essa forma de conservação e 
preservação da biodiversidade são extensas, porém não avançaremosnessa 
discussão nesse momento, porém é um mecanismo que busca, pelo menos em 
parte, assegurar a biodiversidade. 
 
Você quer ver? 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
As unidades de conservação no Brasil podem ser classificadas em diferentes 
formas, veja o vídeo a seguir para melhor compreender: 
https://www.youtube.com/watch?v=ezN09VK73W0 
 
A criação dessas áreas de conservação foram influenciadas por diferentes 
teorias em diferentes períodos da história, assim abordaremos nesta unidade duas 
das principais teorias que influenciaram as decisões para se pensar em áreas de 
conservação: a biogeografia das ilhas e a teoria das metapopulações, as quais 
apresentaremos a seguir. 
2.1. A teoria das metapopulações. 
 A compreensão de como os seres vivos, sejam eles plantas ou animais, 
sobreviviam em ilhas, estas cercadas de água e distantes dos continentes, era o 
questionamento que mais despertava interesse na biogeografia. 
Os estudos nesses tipos de ambiente influenciaram a forma de pensar a 
conservação e a preservação da vida em outras áreas, assim, tendo por base essa 
questão, MacArthur e Wilson, em 1967, propuseram elementos que, retirados da 
compreensão desses sistemas insulares, poderiam ser transpostos para o 
entendimento dos fragmentos florestais. 
Deste modo, analisando a dinâmica no ambiente insular, propuseram a 
Teoria de Equilíbrio de biogeografia insular (Tebi), na qual, segundo eles, o número 
de espécies em ilhas com condições ambientais semelhantes, em mesma latitude, 
depende da área e da distância em relação ao continente, ou seja, o grau de 
isolamento. E o que isso tudo quer dizer? 
Isso quer dizer que ilhas maiores podem a ter maior quantidade de espécies 
do que ilhas menores, da mesma forma que ilhas mais afastadas dos continentes 
terão menos espécies do que as mais próximas, deste modo, a combinação desses 
dois elementos, tamanho e distância, permitem maior ou menor biodiversidade 
nessas ilhas. (NASCIMENTO et al, 2012). 
Soma-se a isso a taxa de imigração. Ou seja, a possibilidade de chegada de 
novas espécies, regulada principalmente pela distância da ilha em relação ao 
continente e a taxa de extinção. Trata-se da capacidade de sobrevivência dessas 
espécies no ambiente insular, dada principalmente pelo tamanho da ilha, pois as 
https://www.youtube.com/watch?v=ezN09VK73W0
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
maiores tendem a comportar maior número de espécies do que as menores. Com o 
equilíbrio da taxa de imigração e de extinção, se há o equilíbrio de espécies presentes 
na ilha. 
Com o desenvolvimento desta teoria, as noções de tamanho, distância e 
equilíbrio transpuseram as fronteiras do entendimento em relação à biodiversidade 
das ilhas e acabaram influenciando o entendimento sobre as áreas de preservação 
e conservação, gerando assim diretrizes para essas áreas. 
 
Para saber mais! 
Os termos preservação e conservação não sinônimos como aparentam ser, 
eles representam situações bem distintas. 
A conservação está relacionada ao ato da utilização dos recursos naturais com 
menor impacto ao meio ambiente, ligando assim a ideia de desenvolvimento 
sustentável. Já a preservação está ligada a proteção integral de uma área, ou seja, 
sem nenhuma ou qualquer interferência humana. 
 Deste modo, quando falamos em áreas de conservação ambiental, falamos 
de áreas em que atividade econômica humana pode ser exercida, desde que seja de 
maneira racional e com o menor impacto possível, já quando falamos de uma área 
de preservação ambiental, falamos de uma área sem qualquer atividade econômica, 
buscando manter aquela área sem alteração por atividades antrópicas. 
 
Com a propagação dessas ideias, as críticas ao Tebi, começaram a se 
propagar, tanto a teoria da biogeografia de ilhas em si como sua aplicação para as 
áreas de preservação e conservação. 
Uma das críticas em relação à aplicação da teoria da biogeografia das ilhas 
para áreas de conservação e preservação surge pela relação entre quantidade de 
espécies e tamanho da área. Para as áreas de preservação e conservação estipulou-
se que quanto maior a área de preservação (ou conservação), maior será a 
diversidade de espécies. Porém o que se observou efetivamente é que a variedade 
de espécies variou muito mais em relação à diversidade de habitats protegidos do 
que o tamanho da área em si. Ou seja, não é somente o tamanho de uma área 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
protegida que resulta em maior diversidade, mas sim os diferentes habitats 
protegidos inseridos nessa área protegida. 
Outra crítica surge por Shafer, em 1990, que levantou o efeito resgate, que 
consiste na possibilidade de novas imigrações sejam de espécies já existentes na ilha, 
que ao invés de causar a extinção de uma delas por competição, aumenta a presença 
delas. 
Porém esse entendimento não pode ser transposto para a compreensão do 
fragmento florestal, pois não se pode comparar a água que cerca a ilha com área 
agrícola que cerca uma área protegida, pois a área agrícola não é uma barreira 
suficiente para algumas espécies, a ponto de causar o isolamento geográfico. 
O avanço no debate biogeográfico aos poucos foi buscando outras teorias 
que pudesse melhor explicar a conservação da biodiversidade em substituição da 
biogeografia das ilhas e deste modo surge a teoria das metapopulações, que 
abordaremos a seguir. 
2.2. A teoria das metapopulações. 
Essa teoria tem como ponto principal que a existência de corredores que se 
interconectam aos fragmentos isolados, considerando que existe uma área central, 
essa com maior densidade de espécies e com sua estrutura ecossistêmica 
(falaremos melhor o que é ecossistema no próximo capítulo dessa unidade) melhor 
conservada. Também a presença de áreas menores com população flutuante, 
denominada como área-satélite. 
A população dessas áreas satélites pode ser extinta, se as condições 
ambientais forem desfavoráveis (grande seca, período intenso de chuvas, falta de 
alimentos entre outros), porém essas áreas podem ser novamente ocupadas, caso 
as condições tornem-se favoráveis novamente. Mas como isso é possível? 
Isso é possível pois há ligações entre as subpopulações dessa espécie, mesmo 
que cada área apresente um padrão de desenvolvimento, elas estão interligadas, em 
uma metapopulação (NASCIMENTO et al, 2012). 
O uso da teoria das metapopulações se faz presente cada vez mais na 
biogeografia, influenciando a criação dos corredores ecológicos, que irão servir como 
ligação entre essas áreas fragmentadas. 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
 
Para Ler mais: 
A teoria da metapopulação trouxe novos entendimentos para conservação da 
biodiversidade, para você saber mais, leia o seguinte texto, publicado na Revista 
Ciência Hoje, em maio de 2000, o que em uma primeira impressão apresenta-se 
como antigo, até mesmo ultrapassado, porém não o é, a teoria das metapopulações 
ainda utilizada e é extremamente atual. Clique aqui para ler o textol 
https://www.researchgate.net/publication/255908000_Teoria_de_metapopulacoes_
novos_principios_na_biologia_da_conservacao 
 
 
Os corredores ecológicos podem ser naturais, como as matas ciliares, ou 
artificiais, ou seja, construídos pelo ser humano, como pontes e túneis. 
Como ponto positivos dos corredores se tem o aumento da taxa de imigração 
entre os fragmentos. Ou seja, trata-se da maior circulação entre os indivíduos da 
espécie, preservando o equilíbrio, o que também evitan o risco de extinção em 
algumas áreas, além de impedir a depressão endógena. Desta forma, a perda de 
vigor e fertilidade dado ao acasalamentoentre indivíduos aparentados, além 
também da ocupação de áreas em que as espécies já eram consideradas extintas. 
Os corredores ecológicos permitem também o aumento da área ocupada 
pelas espécies e também o protege os animais durante os deslocamentos. A partir 
disso podemos considerar que os corredores ecológicos possuem seis funções, as 
quais podemos denominar, sem efeito de hierarquia, da seguinte forma: 
1. Condução: função que permite a troca de material genético e o 
transporte de matéria 
2. Habitat: além de servirem como interligação entre áreas maiores, os 
próprios corredores são locais de moradia para diversas espécies 
3. Filtros e barreiras: Essas duas funções ocorrem de maneira 
concomitante, pois para alguns elementos os corredores ecológicos 
permitem uma certa permeabilidade, para outros serve como um 
muro, impedindo o seu movimento. 
https://www.researchgate.net/publication/255908000_Teoria_de_metapopulacoes_novos_principios_na_biologia_da_conservacao
https://www.researchgate.net/publication/255908000_Teoria_de_metapopulacoes_novos_principios_na_biologia_da_conservacao
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
4. Fonte alimentadora e local de absorção: Os corredores ecológicos 
servem como fonte alimentadora quando a taxa de reprodução é maior 
que a taxa de mortalidade, permitindo que indivíduos possam migrar e 
assim ocupar novas áreas. A função é o oposto da alimentadora, ou 
seja, quando a taxa de mortalidade é maior que a taxa de reprodução. 
Nesses casos os indivíduos é que serão incorporados novamente aos 
fragmentos. 
 
 Os corredores ecológicos buscam estabelecer a relação entre os indivíduos 
espacialmente separados. A teoria das metapopulações juntamente com os 
corredores ecológicos (naturais ou artificiais), tornam-se uma alternativa para os 
modelos tradicionais de conservação, isto é, uma área isolada, desconectada de 
qualquer outra área com biota semelhante. 
A teoria das metapopulações tenta garantir maior conservação e preservação 
das diferentes espécies nos diferentes ecossistemas, porém o que é um 
ecossistema? Essa pergunta será respondida no próximo capítulo 
3. Estrutura e funcionamento dos ecossistemas 
Um ecossistema refere-se a uma comunidade de organismos que ocupam 
uma determinada área e que possuem relações de interdependência entre eles e o 
ambiente que os cerca, na qual a partir dessa interconexão permite que todos vivam 
e se reproduzam. (PETERSEN, SACK; GABLER, 2014) 
Deste modo, podemos entender que o ecossistema não possui uma escala 
delimitada. Podemos considerar um ecossistema desde de uma pequena lagoa até 
o planeta Terra em si, pois nesta pequena lagoa, quanto no planeta, as relações entre 
os seres vivos e o ambiente que os cerca permite sua sobrevivência e propagação 
(MELO e SOUZA, 2010) 
 A evolução de um ecossistema possui diferentes fases, denominada como 
sucessão ecológica, sendo essa resultado de uma longa evolução temporal, desde 
primeira vegetação até o desenvolvimento de um sistema mais complexo, 
envolvendo diferentes seres vivos e os elementos naturais. 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
 A primeira etapa de um ecossistema é dada a partir da fixação das primeiras 
espécies vegetais, e é denominada como vegetação pioneira. Essas plantas de 
maneira geral são pouco exigentes em relação ao solo e com grande necessidade de 
luz solar. (CONTI e FURLAN, 2019) 
 A instalação desse tipo de vegetação modifica aos poucos as condições 
ambientais, como intemperizando a rocha e formando a primeira camada de solo 
que com a morte dos primeiros indivíduos recebe matéria orgânica, fornecendo ao 
solo nascente, condições para espécies vegetais mais exigentes. 
 A evolução da vegetação de uma determinada área tende a uma situação de 
equilíbrio, influenciada pelos animais e pelos elementos naturais, como o clima e o 
solo. A condição máxima de desenvolvimento de uma formação vegetal, sem 
influência de elementos externos, incluindo ação humana, é denominada como 
clímax, sendo que essa condição pode ser mantida pelo clima ou pelo solo, 
denominadas assim, respectivamente, como clímax climático e pedoclímax. 
(FIGUEIRÓ, 2015) 
 O clímax não pode ser confundido com uma vegetação de grande porte, pois 
não é o é, o clímax representa o desenvolvimento máximo a ser atingido pelas 
espécies vegetais nas condições ambientais que estão inseridas. Para isso observe 
as imagens a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem 1: Pradaria. Imagem 2: Floresta tropical. Fonte: Pexels. #Para cego ver: A imagem da esquerda 
apresenta em primeiro plano uma vegetação de grama e arbustos de tons amarelos e verdes, sob um 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
céu parcialmente coberto com nuvens cinzas. A imagem da direita apresenta uma floresta tropical 
toda fechada, com árvores de diferentes tamanhos. 
As duas imagens representam tipos de vegetação diferentes, a da esquerda 
com uma vegetação mais baixa, arbustiva, típica dos denominados campos ou 
pradarias. A segunda, da direita, uma floresta temperada de pinheiros, porém ambas 
representam o estágio de clímax, pois pelas condições oferecidas, a partir da 
combinação dos elementos naturais, as vegetações chegaram a esse nível de 
desenvolvimento, mesmo que muito diferentes em si. 
Também é importante destacar que o clímax não é uma condição final e 
permanente, pois em todo momento, em diferentes áreas estarão em um 
determinado nível de desenvolvimento. A cada etapa da sucessão dos vegetais, 
diferentes espécies animais estarão relacionadas, apresentando também distintas 
características relacionadas à produtividade, à biomassa e também à diversidade de 
espécies. Essas sucessões podem ser classificadas em duas formas: sucessão 
primária e sucessão secundária. 
A sucessão primária ocorre quando há a colonização em áreas sem seres 
vivos, como, por exemplo, as ilhas. já sucessão secundária ocorre quando a 
comunidade que ali existia é destruída, por incêndio por exemplo, e novas formas 
de vida passam a ocupar aquela área. Nessa sucessão secundária, o clímax não 
precisa ser necessariamente igual ao da primeira sucessão, devido às alterações dos 
elementos naturais entre uma sucessão e outra, assim, se ocorrer diferenças entre 
a primeira sucessão e a segunda sucessão, o clímax atingido é denominado como 
disclímax. 
 
Para Ler mais: 
Os incêndios que atingiram o pantanal no ano de 2020 irão causar uma 
sucessão secundária nessa área, que pode levar até 50 anos para atingir novamente 
o clímax. Para saber mais as consequências leia seguinte reportagem publicada em 
23/09/2020, na Revista Exame, para ler, clique no seguinte link: 
https://exame.com/brasil/pantanal-area-afetada-por-incendios-pode-levar-
50-anos-para-se-regenerar/ 
 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
As sucessões primárias podem ser divididas em três categorias sendo a 
xéricas quando ocorrem em ambientes secos; a mésicas, que ocorrem em 
ambientes com certa umidade; e as hídricas, em ambientes com muita umidade. 
Como já dito dentro de um ecossistema, as áreas não são uniformes, ou seja, 
todas as áreas que compõem o ecossistema não estão no mesmo nível de 
desenvolvimento, apresentando assim um mosaico de estágios em nível espacial. 
Quando as variações ocorrem no nível vertical se tem diferentes estratos ou 
sinúsias, sendo que essas variações em nível vertical definem a distribuição dos 
nichos e das relações interespecíficas, as quais abordaremos ainda nessa 
unidade. (FIGUEIRÓ, 2015) 
O nicho é a localização exata que a espécie ocupa dentro do ecossistema, 
tanto do ponto de vista físico como também em suafunção, que difere do habitat, 
pois este corresponde ao conjunto dos elementos naturais, ou seja, os elementos 
abióticos. 
A compreensão do nicho envolve pelo menos três definições que são: os 
recursos que a espécie utiliza para viver, as respostas em relação às 
condições do meio (adaptação perante as variações dos elementos naturais); e por 
fim, mas não menos importante, as interações que estabelece com as demais 
espécies e esse conjunto de variáveis define a localização exata de cada espécie 
dentro do ecossistema. 
Quanto mais avança a formação vegetal para o clímax, mais diversificada fica 
a estrutura, pois novos nichos são criados e com isso a biodiversidade é maior. Uma 
situação interessante é que a desestruturação de uma parte do ecossistema, 
abertura de clareiras nas matas tropicais e de pequenos incêndios em áreas de 
savana, pode, por exemplo, aumentar a complexidade da vida ali existente, pois 
permite a instalação de novos nichos (novas espécies vegetais e animais) no 
processo de reconstrução daquela área. 
A distribuição das espécies é condicionada por diferentes elementos, que 
ocorrem tanto na esfera do tempo (quanto de exposição) como no espaço (onde 
ocorre essa exposição), sendo que os fatores externos, ou seja, os elementos 
naturais, foram detalhados na unidade anterior, ficando os fatores internos, os que 
abordaremos a seguir. 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
4. Fatores de distribuição dos seres vivos: Processos 
de cooperação e competição. 
A distribuição dos organismos vivos é influenciada tanto na escala temporal, 
quanto na escala espacial, sendo resultado da influência dos elementos pretéritos e 
do presente. Esses elementos são os fatores externos (elementos naturais), os 
fatores internos (característicos da própria espécie) e as relações ecológicas 
(relações entre indivíduos da mesma e de outras espécies). Os fatores externos já 
abordamos na unidade I, deste modo, nesta unidade nos debruçamos a entender os 
fatores internos e as relações ecológicas. 
4.1. Fatores internos 
Os fatores internos são aqueles característicos da própria espécie, 
dependendo de três fatores : a capacidade de propagação, amplitude ecológica e 
possibilidade evolutiva 
A capacidade de propagação representa o potencial da espécie de ampliar 
a sua área de ocorrência, incorporando novas fontes de alimento para possibilitar o 
aumento da população. A isso soma-se a capacidade reprodutiva (capacidade de 
gerar novos descendentes férteis) e a capacidade de disseminação (capacidade de 
criar mecanismos e estratégias para a ocupação de novas áreas). 
Sobre a capacidade reprodutiva é importante destacar que não há uma 
relação direta entre espécies com maior capacidade reprodutiva e maior abundância 
da espécie, porém o que se apresenta é que espécies mais fecundas apresentam 
maior mortalidade, enquanto espécies menos fecundas apresentam menor taxa de 
mortalidade. 
Quanto a capacidade de disseminação ela pode ser de duas forma: a 
disseminação ativa e a disseminação passiva: 
A disseminação ativa é predominante em animais, devido a sua capacidade 
de locomoção. Ela ocorre tanto na busca diárias por alimentos, como também nas 
variações sazonais, como também pelo escape de espécies de predadores. É 
importante também destacar que a disseminação é diferente do movimento natural 
da espécie dentro de sua área de ocorrência. A disseminação só ocorre quando 
Biogeografia - Unidade II - Como as espécies surgem, permanecem e ou desaparecem da superfície 
terrestre? 
 
ocorre a presença desta espécie em uma área que até aquele momento não era 
ocupada por ela. 
Nos vegetais, a disseminação ativa ocorre quando a própria planta lança os 
frutos e sementes a uma certa distância (disseminação direta) ou quando novos 
indivíduos surgem a partir do corpo do indivíduo (disseminação indireta). Na 
disseminação ativa direta pode ocorrer de forma baracória (os frutos pesados caem 
no chão e são parcialmente enterrados) ou autocórica (lançamento de sementes a 
distância). 
Já a disseminação passiva ocorre quando um agente externo dissemina os 
indivíduos ou seus movimentos para novas áreas. A proporção dos indivíduos é 
diretamente proporcional à distância percorrida pelos agentes disseminadores, ou 
seja, quanto maior a distância percorrida maior será a área a ser ocupada. 
Os principais agentes de disseminação são o vento (anemocoria), a água 
(hidrocoria) e os animais (zoocoria), sendo que algumas espécies podem utilizar 
mais de uma forma para se disseminar, anemo-hidrocoria é a capacidade de 
disseminar pelo vento e pela água. 
 
 
 
 
 
 
 
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terrestre? 
 
Imagem 3: Dente de Leão, exemplo de anemocoria. Fonte: Pexels. Imagem 4: Arara abrindo castanha, 
exemplo de zoocoria. Fonte: Pixabay. Imagem 5: Coco na praia, exemplo de hidrocoria. Fonte: Pexels. 
#Para Cego ver: Na primeira imagem, a esquerda tem um dente de leão, conhecido como soprão, na 
cor branca, com um fundo verde. A imagem do centro é de arara vermelha com uma castanha em 
seu bico em um fundo com vegetação verde, e a imagem da esquerda é de um coco sobre a areia da 
praia e ao fundo o mar azul. 
Em relação ao transporte por zoocoria, tem-se que pode ocorrer quando o 
transporte se dá na parte externa do corpo do animal (epizoocoria), tendo por 
exemplo, o picão, como também por via interna (endozoocoria), como semente de 
várias frutos que são expelidas nas fezes. 
 Outro vetor de disseminação é ação humana, denominada como 
antropocoria. Essa disseminação pode ocorrer de forma intencional como também 
de forma espontânea, introduzindo assim espécies exóticas, assunto que 
abordaremos melhor nos próximos capítulos. 
 A amplitude ecológica é a capacidade que cada espécie tem em suportar as 
variações dos elementos naturais, o que abordamos na unidade anterior. 
 E por fim temos o potencial evolutivo está na capacidade da espécie se 
adaptar perante as condições fora da área ótima de sobrevivência, sendo que esse 
processo de adaptação pode ter três formas distintas: os ecótipos, as mutações e as 
hibridações 
 O ecotipos consiste no processo em que os indivíduos da mesma espécie se 
adaptarem às condições naturais diferentes, apresentando modificações em sua 
estrutura física e na sua fisiologia. Isto é conhecido como plasticidade fenotípica, que 
pode ser a mudança da coloração de pelos ou penas, da perda das folhas para 
sobrevivência em determinado período. 
 As mutações são alterações, como já dissemos, aleatórias no código 
genético, que levam ao aparecimento de mecanismos adaptativos que favorecem a 
sobrevivência e ampliação de área da espécie. 
 As hibridações ocorrem quando há o cruzamento de duas espécies distintas, 
buscando a criação de um ser com maior adaptação ao meio. O processo de 
hibridação não é algo recente na história da natureza, ocorrendo desde de sempre 
nos mais diversos ecossistemas, porém inegável o papel do ser humano nesse 
processo, selecionando e cruzando indivíduos de espécies diferentes com o intuito 
de se criar uma espécie com as potencialidades de ambas. 
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4.2. Relações ecológicas: Processos de cooperação e 
competição. 
Como já dito, um ecossistema possui relações entre as espécies e os 
elementos naturais e também entre as espécies. As relações entre os indivíduos 
pode ser intraespecifica, quando ocorre com indivíduos da mesma espécie e 
interespecífica, quando ocorre com seres de outra espécie (TROPPMAIR, 2015). 
Do mesmo modo, as relações podem ser harmônicas, quando os indivíduos 
beneficiam-se sem que um deles seja prejudicado, ou desarmônicas, quando um 
indivíduose beneficia e o outro é prejudicado. 
A sociedade é um tipo de relação intraespecífica harmônica, pois indivíduos 
da mesma espécie compartilham o mesmo espaço, tendo uma divisão clara de 
trabalho. O que difere da colônia, pois neste tipo de relação não há divisão do 
trabalho, somente compartilhamento do mesmo espaço. 
Como relação intraespecífica desarmônica, temos a competição, que é a 
disputa de indivíduos da mesma espécie, seja por maior território, alimentação, 
melhor acesso aos elementos naturais, maior possibilidade de acasalamento. O 
canibalismo é outro exemplo dessa relação desarmônica dentro da mesma 
espécie, pois um indivíduo alimenta-se do outro da mesma espécie. 
Entre as relações interespecíficas harmônicas podemos destacar o 
mutualismo, que ocorrem quando indivíduos de espécies diferentes vivem de 
maneira associada, sendo que para algumas espécies essa associação é fundamental 
para existência de ambas, em outras a situação é somente essencial para uma delas, 
recebendo assim o nome de protocooperação. 
Já o comensalismo é uma relação é uma relação em que somente uma 
espécie se beneficia, porém a outra não é prejudicada, por isso também é uma 
relação harmônica. Dentro do comensalismo podemos citar a relação do 
inquilinismo, a qual uma espécie se instala no corpo da outra, porém não traz 
nenhum tipo de prejuízo a espécie em que se instala. 
Dentre as relações desarmônicas interespecíficas podemos falar do 
amensalismo, do parasitismo, da predação e também a competição. 
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Começando pela última citada, a competição, ocorre tanto com indivíduos 
da mesma espécie, como falado já, mas também com indivíduos de outras espécies, 
principalmente por alimentos e território. 
O amensalismo é a relação na qual indivíduos de uma espécie liberam 
substâncias que impedem o desenvolvimento da outra espécie. O parasitismo 
ocorre quando um ser se instala no organismo de outro, retirando do organismo em 
que se instalou as substâncias necessárias para sobrevivência, chegando a ponto de 
matar o hospedeiro. 
A predação ocorre quando um indivíduo se alimenta de outro de outro de 
um espécie diferente, neste caso, a espécie que torna-se alimento é prejudicada. 
As relações ecológicas são resultados de uma evolução lenta e gradual dos 
ambientes, na qual, como já dissemos, vem sendo modificada em um tempo muito 
mais acelerado pela ação humana. Um dos elementos que altera essa complexa 
relação entre as espécies é a introdução de novas espécies, assunto que 
abordaremos a seguir. 
5. Introdução de espécies exóticas e impactos 
ambientais 
A introdução de espécies exóticas, ou seja, a introdução de espécies não 
originárias daquela área, porém acabam se adaptando e se reproduzindo de 
maneira descontrolada, está entre os maiores problemas para a preservação da 
biodiversidade do planeta, ficando somente atrás da perda de habitat. 
E nisso é inegável o papel do ser humano nesse processo, pois estima-se que 
a partir das grandes navegações, iniciadas no século XV, que as espécies exóticas 
tenham extinto aproximadamente 40% das espécies conhecidas (FIGUEIRÓ, 2015). 
A circulação de animais, plantas e também de micro-organismos da Europa 
para América representou não somente uma atividade comercial, mas também a 
afirmação do poder, através da conquista. Os animais domésticos como a vaca, 
ovelhas, galinhas, porcos, cavalos, cabras, cães e gatos eram inexistentes no 
continente americano e junto deles vieram diferentes roedores e microorganismos 
patogênicos, como os causadores da varíola, da gripe e do sarampo. 
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A inserção de novas espécies pode parecer, em um primeiro momento, a 
possibilidade de aumentar a biodiversidade do ecossistema, pois logo teremos mais 
espécies, correto? Porém essa afirmação é equivocada, pois o que temos com a 
inserção de espécies exóticas é a perda da biodiversidade. E por que isso ocorre? 
Isso ocorre, pois a espécie inserida, ou não é conhecida dentro da cadeia 
alimentar local, podendo ser ótima predadora, competindo com outras espécies por 
alimento e saindo melhor; ou, por não fazer parte da alimentação de nenhum ser 
vivo, se reproduz de maneira descontrolada, sobressaindo às espécies ali 
existententes. 
A introdução de espécies exóticas leva a uma pasteurização da biodiversidade 
local e alterando a composição dos elementos naturais; no caso das plantas, as 
exóticas aumentam suas áreas e com isso dominam e eliminam a flora local; em 
relação aos animais, exóticos eliminam os nativos ou obrigam-os os a sair de seu 
habitat. (SAMPAIO e SCHMIDT, 2015) 
A introdução de espécies exóticas pode ocorrer de maneira intencional ou 
de maneira espontânea. As espécies introduzidas de maneira intencional foram 
pensadas para serem colocadas ali e podem trazer um certo grau de benefício, como 
por exemplo, alimentação humana, ornamentação e também para o controle 
biológico, porém muitas fogem do controle humano e tornam espécies invasoras e 
nisso desestabilizam 
Já as espécies introduzidas de maneira espontânea, como o nome já sugere, 
não foram inseridas diretamente pela ação humana, mas sim de maneira acidental, 
ou vieram a bordo dos meios de transporte ou juntamente com outras espécies, sem 
que essa houvesse a intenção. 
. 
Imagem 6: Exemplo de espécie exótica. Fonte: Pexels. #Para cego ver: A imagem representa 
um javali e ao fundo uma pequena vegetação típica de campo. 
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O javali é um exemplo de espécie exótica, que chegou ao Brasil em 1991, 
fugindo de propriedades da Argentina. Essa espécie foi introduzida de maneira 
intencional para alimentação humana, porém essa espécie fugiu do controle e hoje 
sua presença destrói lavouras, além de ser um vetor de doenças para outras 
espécies. 
 
Vamos praticar? 
Leia a assertiva a seguir. 
“Ao longo das últimas décadas, o processo de globalização, associado à 
intensificação e à velocidade do deslocamento humano e de cargas pelos quatro 
cantos do mundo contribuiu, sobremaneira, para a quebra de barreiras ecológicas, 
tendo como uma de suas consequências o aumento expressivo da introdução de 
espécies exóticas nas sociedades” 
MACHADO, C. J. S; OLIVEIRA, A. S. de. Espécies exóticas invasoras: problema nacional ainda pouco 
conhecido. Ciência e Cultura, São Paulo , v. 61, n. 1, p. 22-23, 2009. Available from 
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67252009000100010&lng=en&nrm=iso>. acesso e on 26 Nov. 2020 
A partir do fragmento apresentado, leias as afirmativas a seguir e a relação entre 
elas: 
I - Algumas dessas espécies exóticas adaptam-se muito bem ao novos ambientes, 
devido às características biológicas e ecológicas, tendo assim grande capacidade de 
colonização do novo ambiente. 
PORQUE 
II - Com essas característica, podem ter maior sucesso reprodutivo, que não afetará 
o sistema. A flora e a fauna local tenderão o equilíbrio com essas novas espécies, 
sendo benéfica para ambiente e para a sociedade, pois haverá aumento na 
biodiversidade local. 
Considere a alternativa correta 
A. A afirmativa I está correta e é corretamente complementada pela afirmativa II 
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252009000100010&lng=en&nrm=iso
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252009000100010&lng=en&nrm=iso
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B. A afirmativa I não está correta e também não é complementada corretamente 
pela afirmativa II. 
C. A afirmativa I está correta, porém nãoé complementada corretamente pela 
afirmativa II. 
D. A afirmativa I não está correta, porém afirmativa II é um complemento correto. 
E. As duas afirmativas estão incorretas . 
Feedback de resposta: Pelo apresentado no texto vemos que as espécies exóticas 
podem adaptam muito bem ao ambiente em que são inseridos, tendo grande 
sucesso de reprodução e sem limitações como predadores ou competidores, 
alteram a composição local, não sendo benéficas para biodiversidade local, deste 
modo podemos considerar como correta alternativa C. 
 
Síntese 
Nesta unidade avançamos mais sobre o saber biogeográfico, buscamos 
responder às indagações não somente a respeito dos elementos naturais que 
condicionam a existência da vida, mas também da importância das relações entre os 
seres vivos para essa permanência. 
Conceitos como biodiversidade e mecanismos para sua preservação foram 
apresentados também nesta unidade, além do conceito de ecossistema e das 
relações que o estruturam. 
Visualizamos nessa unidade que o ser humano tem um papel muito 
importante não somente como aquele que interfere e desestrutura o equilíbrio 
natural, mas como aquele também capaz de propor soluções para a conservação e 
preservação da biota. 
Assim, os conteúdos abordados nesta unidade foram os seguintes: 
● Biodiversidade; 
● Teorias de conservação 
● Ecossistema - estrutura e desenvolvimento; 
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● Fragmentação da paisagem: consequências para vida; 
● Fatores internos para ocorrência e distribuição dos seres vivos; 
● Relações ecológicas 
● Espécies exóticas 
 Como já iniciamos nesse unidade, na próxima estudaremos a evolução do ser 
humano na superfície terrestre e de maneira mais profunda seu papel para a 
biodiversidade das diferentes escalas . Até a próxima! 
 
 
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terrestre? 
 
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