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1 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas Doenças linfoproliferativas Apesar do linfoma não estar nas principais estatísticas das neoplasias mais comuns, ela entra em diversos diagnósticos diferenciais de infecções crônicas e doenças reumatológicas. Ao se pensar em linfoma, deve- se pensar também em tuberculose, já que é uma doença prevalente no Brasil; outras doenças reumatológicas um pouco mais raras, como sarcoidose, também devem ser levadas em consideração. • Existem diversos tipos de linfoma. Pode-se dividir em dois grandes grupos: 1. Linfomas Hodgkin: Dentro dos linfomas Hodgkin, ainda existem dois grupos: a) Forma nodular; b) Forma clássica (a forma clássica se divide em outras 4 partes, mas não é necessário saber agora). 2. Linfomas não Hodgkin: o mais prevalente. Didaticamente, a forma não Hodgkin é dividido em três formas: a) Linfomas indolentes (demoram de aparecer, o curso é mais lento. É um linfoma que não cura). O linfoma indolente mais comum é o linfoma folicular. b) Linfomas agressivos: história mais curta, 2 a 3 meses, perda de peso. Por ser agressivo, tem uma relação melhor com a quimioterapia e a chance de cura é bem maior quando comparado com a indolente c) Linfomas superagressivos: apresentação clínicas de dias/mês. Por ser bastante agressivo, responde ainda melhor a quimioterapia; um grande exemplo é o linfoma de Burkitt. A figura acima ilustra a prevalência dos linfomas. O linfoma mais prevalente é o não Hodgkin, sendo que dentro desse grupo o mais prevalente é o difuso de grandes células B; esse é o linfoma agressivo mais comum. O linfoma indolente mais comum é o linfoma folicular. Seguindo a ordem de prevalência estão o mieloma múltiplo nas doenças de células plasmáticas, seguido pela leucemia linfocítica crônica (CLL) (está na classificação de linfoma não Hodgkin, porém tem uma apresentação leucêmica) e depois a doença de Hodgkin. (não deixou claro de qual estava falando): Normalmente se apresenta com linfonodomegalia (o mais visível em exame mais simples é o do mediastino), podendo ter hepato e esplenomegalia. Imagem 1: principal diagnóstico diferencial dessa adenomegalia em região cervical é a tuberculose. É a segunda apresentação extrapulmonar (a primeira apresentação da tuberculose é a pulmonar, a segunda – que já é a primeira extrapulmonar – é na pleura e a terceira é a ganglionar, chamada de escrófula, podendo fistulizar para o lado externo do conteúdo e ser eliminado) mais comum. Imagem 2: o presente alargamento de mediastino faz com que se pense naqueles 4 tumores que acontecem no 2 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas mediastino anterior: timoma, teratoma, tireoide e terrível linfoma (4 T’s). ACHADOS DO RAIO X (1) Essa parte branca não é para ser vista no Raio-X. Isso é chamado de alargamento do mediastino. (2) Aqui é normal, parte direita e esquerda do coração, aparentemente isso é menor que 1/3 da caixa torácica. Pode-se notar uma consolidação (3) e provavelmente, um alargamento da região hilar (4). O que chama mais atenção nesse raio-X é essa parte superior que é o mediastino anterior (3). Toda vez que for possível notar esse alargamento, quando se pensar em tumor, pensa-se naqueles “4 T’s”, mas lembrando que existem outras estruturas aqui, estruturas vasculares, então um aneurisma de aorta pode ocasionar esse alargamento de mediastino, alguns casos de megaesôfago também provocam esse achado da radiografia. Um paciente que apresente hepatoesplenomegalia, adenomegalia cervical e o alargamento de mediastino deve-se pensar em neoplasia (4Ts). Imagem 3: hepatoesplenomegalia. Várias patologias podem causar, dentre elas a tuberculose, infecções fúngicas (como a Histoplasmose) e leishmaniose. Nessa imagem, pode-se relacionar a maturação normal dos linfócitos B e T com o surgimento de suas respectivas neoplasias. Então, os linfócitos B e T, de origem da medula óssea, apresentam maturação em locais diferentes. Os linfócitos T, de maneira mais simples, quando sai da medula óssea, realiza sua maturação (CD4 e CD8) no timo, para eliminar os que são autorreativos. Depois disso, os linfócitos Naive, que nunca foram apresentados a nenhum tipo de antígeno, quando é apresentado, normalmente dentro do linfócito, pode apresentar, em cada etapa apresentada, uma neoplasia. Normalmente, neoplasias precursoras da medula óssea dão origem a leucemias agudas, mas quando esse linfócito sai da medula e vai para o timo temos leucemia/linfoma linfoblástico agudo (LLA), que é uma versão linfoma da leucemia aguda que se apresenta no timo. Quando ele está na periferia, já são linfomas mais característicos como o linfoma T-periférico (micose fungoide), que causam formação de placas na pele e na biópsia apresenta-se mais disseminado do que a Síndrome de Sézary. Já o linfócito B, inicia sua maturação dentro da medula óssea. Ao sair da medula óssea é o linfócito Naive que quando entra no linfonodo será apresentado e terá sua maturação, que acontece pela apresentação de antígeno, fabricação das imunoglobulinas, liberação das imunoglobulinas e depois o plasmócito, que fica liberando imunoglobulina por bastante tempo e ao sair do linfonodo, esse plasmócito retorna para a medula óssea e é desse processo que surge o mieloma múltiplo. Então, principalmente no linfócito B, temos que estar atentos a essa maturação, pois quando surge algum linfoma direcionado do linfócito B temos que saber qual o formato das células alteradas (atipia linfocitária) e qual o local do linfonodo está alterado, os marcadores celulares para que se possa nomear o linfoma. Por esse motivo que no linfoma, quando o paciente apresenta adenomegalia cervical, NÃO adianta realizar um aspirado ou punção, pois pode-se ver a célula atípica, mas não se pode caracterizar o tipo do linfoma já que é preciso conhecer a estrutura do linfonodo alterado. Então, para diagnóstico de linfoma é necessário realizar uma BIÓPSIA INCISIONAL (e não punção aspirado) para que o patologista consiga avaliar a morfologia da célula estranha (anatomia patológica), junto com a imunohistoquímica que apresentam as variáveis CDs e assim, então, nomear a neoplasia maligna hematológica. Informações relacionadas as dúvidas durante a aula *A quimioterapia atua no DNA, então quanto mais células se proliferarem mais utilização do DNA, então é mais fácil ter a atuação da quimioterapia em células que estão se proliferando mais rápido, tendo uma boa ação 3 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas da quimioterapia. O mesmo não ocorre com o indolente, ele é mais devagar, a divisão celular é mais lenta e, por esse motivo, a quimioterapia não é tão efetiva. No linfoma indolente, não se trata todo mundo de uma vez, porém, existem pacientes com linfoma indolente que apesar de se fazer diagnóstico, não precisa tratar, pois o tratamento não irá alterar a sobrevida desse paciente. Nos casos de quando esse paciente apresentar características que precisem ser tratadas, o aumento do volume do linfonodo, alguma alteração no hemograma (anemia, plaquetopenia). Apesar de responder melhor à quimio, o agressivo tem maior mortalidade, pois como ele é bem agressivo ele vai aumentar a carga tumoral intensamente e pode apresentar várias complicações. Então, linfomas agressivos apresentam mortalidade maior. Apesar disso, eles respondem melhor ao tratamento, então a chance de cura é maior. Linfoma de Hodgkin • Neoplasia de origem linfoide; • Proliferação de células neoplásicas de morfologia variável: células de RS; • Imersas em um substrato inflamatório; • As células neoplásicas são minoria no tecido tumoral; • O plano de fundo varia; • Célulade reed-sternberg: linhagem B; • Genótipo do EBV (vírus Epstein-Barr) é encontrado em > 50% dos pacientes: papel incerto na patogênese; • Doença muito estudada, de evolução previsível: impacto no estadiamento e prognóstico; • Pode surgir em qualquer idade: rara em criança; pico em adultos jovens e após 55 anos. • Sexo masculino – 2:1 • Fatores de risco: infecção pelo EBV; predisposição genética? Linfoma de linfócitos B. Tem características especiais diferente dos linfomas não Hodgkin, principalmente essas células de Reed Stemberg (RS), o famoso “olho de coruja”. Não é patognomônico do Linfoma de Hodgkin, pois pode ter em alguns quadros infecciosos virais, principalmente o EBV. Quando se vê essa célula bi nuclear, com esse aspecto de olho de coruja associado a um fundo inflamatório, conseguimos dar o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin. Também tem marcadores especiais (CD30 positivo, n45 positivo e CD20 negativo). Então com esse conjunto todo, eu consigo fazer o diagnóstico desse linfoma. Mas, para dar o diagnóstico, é preciso de uma biópsia. Não é suficiente achar essa célula – é apenas sugestivo, não é patognomônico. É preciso ver o que acontece dentro do linfonodo e, por isso, precisamos de uma biópsia. Precisamos de uma análise tanto anatomopatológica quanto a imuno-histoquímica (imagens abaixo, respectivamente). Então: célula Reed Stemberg + fundo inflamatório + marcadores especiais = sugestivo linfoma de Hodgkin. Confirmação: biópsia com anatomopatológica e imuno- histoquímica. Lembrando: É bem associado e descrito em EBV. Não necessariamente todo o paciente com Linfoma de Hodgkin teve infecção por EBV, mas a grande maioria sim. É um linfoma que tem um prognóstico bom, cerca de 80-90% dos pacientes são curados com quimioterapia de primeira linha, independente do estágio. É uma doença de pacientes normalmente jovens, sexo masculino, com história do EBV por trás. Manifestações clínicas • Adenopatia: ❖ Principal manifestação da doença; ❖ Aumento assimétrico de linfonodos periféricos; ❖ Sem dor espontânea ou à palpação; ❖ Dor à ingestão alcoólica; ❖ Firmes, separados, consistência de borracha; ❖ Progressão por contiguidade no sistema linfático; ❖ 75% - Cadeia cervical. Axilar ou inguinal; A principal manifestação clínica é a adenopatia e o que chama atenção é adenopatia que dói à ingesta alcoólica (não se sabe o porquê). Sua progressão é por 4 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas CONTINUIDADE, ele começa em região cervical e desce pelas cadeias linfonodais. Então se o paciente tem o Linfoma de Hodgkin, fez uma biópsia no abdômen, ele tem intratorácico e em região cervical, pois ele segue uma linha. Raramente sai desse padrão. • Sintomas sistêmicos (1/3 ao diagnóstico): ❖ Febre: sintoma mais característico; ❖ Prurido: pode ser intenso; ❖ Perda de peso; ❖ Sudorese; ❖ Fraqueza, anorexia. Lembrando que é característico desse linfoma o PRURIDO, que pode estar associado a uma eosinofilia. Então na medicina interna, diagnóstico diferencial de prurido, quando não for pele e pensando em doença sistêmica, sempre lembrar de Linfoma de Hodgkin. Esse prurido pode ser em qualquer parte do corpo, sendo normalmente difuso. • OBS: Outras doenças sistêmicas que podem vir com prurido: doença hepática em geral, colangite biliar primária, doenças da tireoide (normalmente hipertireoidismo). • Esplenomegalia (50%); • Hepatomegalia (em torno de 10-20%) – geralmente por infiltrados neoplásicos. Achados laboratoriais • Anemia normo normo: infiltração da MO é incomum; a anemia é por conta da doença inflamatória. • Neutrofilia, eosinofilia por liberação de algumas citocinas; É possível que talvez a eosinofilia seja pelo prurido do paciente. • Doença avançada: linfopenia: imunidade celular; • Plaquetas: ❖ Normais ou altas na fase inicial; ❖ Baixa nas fases tardias. • Marcadores inflamatórios elevados: VHS, PCR e LDH elevado. Assim como foi dito do processo inflamatório dando anemia, alguns pacientes no linfoma de Hodigkin pode vir com a plaqueta aumentada – uma plaquetose reacional – isso acontece por conta das citocinas inflamatórias que podem elevar plaqueta. Se for nos estados mais tardios, tanto de plaquetas quanto de anemia, pode ser infiltração medular pelo Hodgkin, mas não é um acontecimento tão comum. Diagnóstico • História clínica; • Exame histológico do linfonodo; ❖ Identificação da célula de RS; ❖ Células grandes, núcleos polilobados ou multinicleados; ❖ Citoplasma abundante e eosinofílico; ❖ Olho de coruja. • Células de Hodgkin: • Plano de fundo inflamatório. O diagnóstico é a BIÓPSIA, do qual tem que encontrar a célula de Reed-Sternberg (RS) e o plano de fundo inflamatório. Estadiamento Dado o diagnóstico, tem que se fazer o estadiamento. Todo e qualquer linfoma (Hodgkin ou não) tem que ser estadiado. O estadiamento clínico é relativamente simples. Primeiro divide o diafragma do paciente. Considerar os linfonodos envolvidos acima ou abaixo do diafragma. • Estágio I: é quando tem o envolvimento de somente uma cadeia, como no exemplo, é só uma cadeia cervical. • Estágio II: Quando se tem envolvimento de outras cadeias, mas que sejam acima do diafragma. • Estágio III ou IV: Envolvimento abaixo do diafragma. Pode-se até ter linfoma não Hodgkin só em envolvimento de linfonodos intrabdominais, 5 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas mas só porque é abaixo do diafragma já é estágio III. Estágio IV: Caso tenha envolvimento de outro órgão (por exemplo, hepatomegalia por conta de alguma doença, envolvimento ósseo, envolvimento da medula óssea). Atualmente, o estágio IV é mais raro de acontecer, porém ainda acontece. Já ocorreu de paciente ter infiltrado hepático, ou seja, teve hepatomegalia e quando fez o diagnóstico era um linfoma, com isso, só pelo fato de ter tido um envolvimento hepático – extranodal (está fora das cadeias dos linfonodos) – foi classificado como estágio IV. ❖ Números: indicando o número de cadeias acometidas; ❖ B: presença de sintomas B / A: ausência de sintomas; ❖ X: massa maior que 10 cm; ❖ E: área não linfóide por contiguidade; ❖ S:baço. Então os números indicam as cadeias acometidas. As letras associam-se ao estadiamento. O mais importante é o B: presença ou não se sintomas. O que se pede no estadiamento clínico dos linfomas em geral são dois exames: tomografia e PET- CT. Pode fazer somente a tomografia e normalmente o PET a gente faz uso como a tomografia, mas não é uma tomografia tão detalhada, sendo feita, mais ou menos, para identificar o local onde teve a marcação. O PET é um exame de contraste marcado, no caso é um açúcar. Como o linfoma é ávido por açúcar, precisa de energia, então esse açúcar entra no linfoma e quando se vai para uma câmera gama consegue ver onde que está essa captação maior. No final, o médico junta a PET com a tomografia e faz a fusão das duas imagens. Tudo que brilha na imagem do meio, exceto o SNC (porque o PET não serve para ver o linfoma de SNC, por o SNC é ávido por açúcar ?), conseguimos fazer o estadiamento clínico dessa paciente. Na imagem da direita, conseguimos ver que tem envolvimento da cadeia cervical, do mediastino, da região axilar da via bilateral. Provavelmente há envolvimento ósseo desse paciente e provavelmente tem alguma massa no rim. Apesar do fígado brilhar, não há envolvimento hepático, uma vez que, algumas áreas por si só tem um brilho diferente, mas não é tão intenso como nas outras áreas, servindo até como referência, para ver a intensidade desse brilho. Normalmente a gente vê a área do mediastino e a do fígado e se compara a coloração desses dois, para definir a intensidadedo sistema envolvido. LNH – Classificação • Evolução – História natural: ❖ Alto grau e baixo grau. • Baixo grau: ❖ Indolentes; ❖ Boa resposta à QT. ❖ Cura improvável: devido ao efeito sanfona (ao ser feito o diagnóstico, ele faz a quimioterapia e vai “murchar”, mas como não é tão efetivo, ele volta, ou seja, o efeito sanfona, faz quimio, diminui, mas volta depois). Dependendo da situação, não muda a qualidade de vida do paciente. Precisa saber o estadiamento clínico ... quando inicial, ele não tem aqueles sintomas B associado, talvez, valha a pena mais observar o paciente do que tratar. E aquele tratamento talvez não traga nenhum benefício, podendo trazer até malefícios (fazer uma neutropenia febril, anemia por causa da QT, precisando transfundir). O que é estranho é que dá o diagnóstico de uma neoplasia e não tratar, alguns pacientes não encaram isso tão bem. Por isso, deve-se conversar com o paciente, tentar criar aquela confiança para explicar essa situação: apesar de você ter um diagnóstico de neoplasia, neste momento não vale a pena tratar, mas sempre será reavaliado e aí sim, quando surgir eventos que valham a pena o tratamento nesse tipo de linfoma, aí vai ser tratado. • Alto grau: ❖ Agressivos (ex: difuso de grandes células B); ❖ Cura mais provável: Nesses linfomas agressivos NH têm chance de cura e é com a primeira linha, na primeira quimio, a chance de cura é de 60 a 80%. 6 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas Baixo grau – linfocítico de células pequenas • Mesma morfologia, imunofenótipo e citogenética da LLC (leucemia linfocítica crônica) ❖ < 5.000 linfócitos B no sangue periférico; • Não há citopenias por envolvimento de MO; • Pacientes idosos – watch and wait. ❖ Doença indolente e incurável; ❖ Só tratar se sintomas. Para ver a forma leucêmica da leucemia crônica, olha o aumento do número de linfócitos (linfócitos maduros circulando): Quando for maior que 5000, isso já chama atenção para LLC. Ele também tem uma apresentação linfomatosa (não tem o número de linfócitos aumentado, mas há aumento de linfonodos): isso não chama de LLC, será chamado de LINFOMA LINFOCÍTICO DE PEQUENAS CÉLULAS → o fundo genético é o mesmo, o tratamento é o mesmo, mas a apresentação clínica é diferente. Então, quando é leucemia, a doença está circulando no sangue, quando é linfoma, o problema está dentro do linfonodo. Para fazer o diagnóstico no sangue, será vista a quantidade de linfócitos circulando na periferia, então > 5000 linfócitos (a faixa de normalidade é entre 3000 a 4000): deve ser feito imunofenotipagem, que vai dizer que aquela célula é da LLC, conseguindo dar o diagnóstico. Mas pode ter no hemograma um linfócito normal, e aí, será feito a biópsia do linfonodo. Terá os mesmos marcadores que seriam feitos no sangue, mas dentro do linfonodo, e nesse caso então, não será chamado de LLC e sim de LINFOMA LINFOCÍTICO DE PEQUENAS CÉLULAS. E deve ser seguido o mesmo raciocínio de ambos: ❖ Se não tem nenhum sintoma associado → watch and wait. ❖ Mas, se apresentar algum sintoma relacionado aquele linfoma, normalmente os sintomas B ou o desenvolvimento de alguma citopenia (faz uma anemia que relaciona ao linfoma, uma plaquetopenia que relaciona ao linfoma) → o paciente será tratado. A APRESENTAÇÃO CLÍNICA MAIS COMUM É A LLC. Diagnóstico de uma LLC simples, coleta o sangue para fazer uma imunofenotipagem (mesma coisa da imuno- histoquímica, que é feita no tecido sólido). Enquanto que a imunofenotipagem é feita na parte líquida, serão usados marcadores nessas células e de acordo com a positividade dos marcadores será dado o nome da doença. Baixo grau – linfoma folicular • Mais comum dos de baixo grau (70%): linfoma indolente mais comum. A apresentação só é linfomatosa. • Responsável por 25% dos LNH; ❖ Meia idade ou idosos (doença de idoso). • Evolução benigna por anos (sobrevida de 10 anos) ❖ Adenopatia indolor. No estadiamento clínico, geralmente entra na categoria de só observar. Mas, se por um acaso ele aumenta de tamanho, aí sim pode-se começar a tratar o paciente. • Existem variantes com prognóstico ruim: ❖ Transformação leucêmica: raramente a célula em vez de ficar só localizada no linfonodo, vai circular, no entanto, isso não é a apresentação clínica inicial. Esse paciente já é acompanhado, e na evolução natural do quadro da doença ele faz essa transformação leucêmica. Isso não é tão visto na área clínica, sendo mais comum na hematologia, pois nessa área observa-se a evolução natural da doença. • Localizada: tentar cura com RT; • Disseminada SINTOMÁTICA: QT (baixa chance de cura); • TCT se recidiva. Quando o paciente merece ser tratado, geralmente trata-se com quimioterapia. E a depender da idade do paciente, pode ser um pouco mais agressivo, optando pelo transplante de medula óssea autóloga, mas não consegue a cura desse paciente. O intuito desse tratamento é deixa-lo mais tempo em remissão, ou seja, sem aquele linfoma voltar a crescer. Além disso, pode-se observar e não tratar, mas se não 7 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas houver tratamento sabe-se que lá na frente volta de novo. Portanto, esses que passaram são os dois linfomas indolentes mais comuns. Alto grau – difuso de grandes células B • Grupo heterogêneo de doenças; • Linfonodopatias de evolução rápida: ❖ Grande proliferação celular; • Infiltração progressiva: ❖ SNC, MO, TGI, rins. No caso dos linfomas agressivos, os difusos de grandes células B são os mais prevalentes de todos. Por ser agressivo, ele pode pegar qualquer tipo de órgão e pode ser até isolado naquele órgão, ou seja, pode haver um linfoma difuso de grandes células B somente com envolvimento do SNC. Existem vários subtipos desse tipo de linfoma, e atualmente não muda o tratamento, mas futuramente, para cada subtipo listado acima pode haver um tratamento específico. *O de hodkin responde bem à quimio. Em torno de 80% vão ser curados com quimioterapia, e teoricamente esses 20% que não são curados pode-se fazer o transplante autólogo, e desses 20%, 50% ainda tem chance de cura. Dessa forma, a chance de cura nesse caso gira em torno de 90%. Linfoma Hodkin quase não se vê paciente internado, porque normalmente o pessoal da clínica dá o diagnóstico, manda para o ambulatório onde é iniciada a quimioterapia que raramente apresenta complicações, e com seis meses de tratamento (provavelmente fez a QT) o paciente fica curado. A depender de como seja a apresentação do Hodkin, a depender do tamanho da massa (chamada de massa bulky), que normalmente é maior do que 10cm, esse paciente além da quimioterapia merece fazer radioterapia, porque a quimioterapia talvez não vai pegar todo o linfoma envolvido naquele linfonodo. Você começa a fazer necrose de algumas células, e talvez a quimioterapia não consiga penetrar naquele linfonodo envolvido, sendo necessário complementar com a radioterapia. O conjunto RT + QT, apesar do paciente ser novo e não ter comorbidades, ao longo da evolução na vida dele, ele pode desenvolver comorbidades mais precoces, como aterosclerose acelerada, alguma complicação da aterosclerose em torno dos seus 50 anos, devido ao tratamento para linfoma que ele fez mais atrás. PERGUNTA: como é o do tipo centro germinativo? Resposta: Divide-se o difuso e grandes células em onde que foi pelo menos a origem dele, chamado pela imunohistoquímica de centro germinativo ou não centro germinativo, e quando se tem algumas características diz-se que OAPC, ou seja, que ele foi ativado, e aí tem um exame que é bem mais específico, que é o genoma do linfoma, podendo dizer de onde ele nasceu, e aí pode-se utilizar algumas quimioterapias mais específicas nessespacientes; com centro germinativo geralmente o prognóstico é pior, mas tem surgido novas terapias alvo que talvez lá na frente cure um pouquinho. Tem uma droga relacionada a apoptose que pode usar talvez nesse paciente, quando é o APC tem uma droga chamada de (43:33) que talvez resolva. Então, várias coisas novas estão surgindo, e talvez linfomas com prognóstico pior vão melhorar ao longo do tempo. Dúvida: se for estágio 3 ou 4 também indica transplante autólogo? Resposta: não, apesar de ser um estágio bem avançado, eles podem curar com quimioterapia, mas é um paciente que vamos ficar mais de olho. Aquele 60% falado anteriormente, talvez em estágios clínicos mais avançados vai ser tentado primeira linha e a maioria deles vão ser curados. Mas com certeza tem uma chance maior de recair, e aí sim na recaída faz o transplante autólogo. Porque não tem benefício fazer o transplante autólogo ainda na primeira linha. Por exemplo, um paciente que é um estágio 3 ou 4 que fez a primeira linha e depois emendou com transplante autólogo, quando é comparado com um paciente que só fez a primeira linha, recaiu e fez o transplante autólogo, a sobrevida desses dois pacientes é a mesma. Há 8 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas exceções, tem o linfoma T que o prognóstico é tão ruim que vale a pena fazer o transplante na primeira linha. Tem os marcadores celulares. Normalmente faz isso através da morfológica, mas aqui a imunohistoquímica já pode ajudar. Normalmente é dizer se é centro germinativo ou não é centro germinativo, e aí é preciso outros marcadores para dizer que tem uma célula B ativada. Talvez no futuro já tenha, aliás já existe, porém não é prática feita por todos, porque tem algumas drogas que são de difícil acesso, e aí se consegue determinar qual a origem do linfoma, 46:20 de célula B talvez tenha uma terapia alvo para aquele subtipo. Lembrando do Hodking, através do estadiamento clínico era possível saber mais ou menos o prognóstico do paciente. I e II é uma doença localizada, III e IV é um estágio avançado. Para o difuso e de grandes células B é o mesmo raciocínio, mas é usado um índice prognóstico, chamado de IPI. Quanto maior o IPI, pior o prognóstico do paciente. Mas isso numa era pós uma droga que revolucionou o tratamento de linfomas B. É uma droga relativamente recente, usada apenas para linfócito B e que melhora o prognóstico de alguns pacientes. É a Rituximab. É um anticorpo monoclonal que é contra o CD20, é um marcador de célula (cortou em 47:50). Além de linfoma, ele pode ser usado como imunossupressor em algumas doenças reumatológicas, para anemia hemolítica autoimune, PTI, tratamento de lúpus, artrite reumatoide. Alto grau – linfoma de Burkitt • Agressividade clínica e histológica; • Forma endêmica (africana) x esporádica; • Forma endêmica: ❖ Áreas de incidência de malária, infecção por EBV; ❖ Criança com linfonodopatia volumosa (mandíbula); ❖ Responde bem à QT – cura longo prazo incomum. • Forma esporádica: ❖ Qualquer área geográfica, EBV em apenas 20%. O linfoma Burkitt é o linfoma mais agressivo. Dentre as apresentações clínicas a que será vista no nosso meio é a esporádica. E tem uma associação com EBV e HIV. Quanto a apresentação clínica, geralmente tem envolvimento mandibular, além dos linfonodos envolvidos. Lembrando que ele pode ser um linfoma/leucemia, ou seja, pode ser a apresentação só linfomatosa, mas também tem aquelas células na periferia. O prognóstico dele sem tratamento é bem reservado, porém responde muito bem a quimioterapia devido a agressividade. Em torno de 90% dos pacientes são curados com quimioterapia. Mas infelizmente esses 10% que não respondem, não respondem a nada. Outros LNH de alto grau • Primária do SNC: ❖ Raro; ❖ Idosos e pacientes com AIDS. • Linfoma linfoblástico B ou T: ❖ Crianças e adultos jovens; ❖ Confunde-se com LLA; ❖ Tratado da mesma forma. Linfomas de células T • Grupo raro de doenças; • Linfoma de células T periféricas, NE; • Leucemia/linfoma de células T do adulto: relacionada ao HTLV; • Linfoma T associado a enteropatia: doença celíaca. Mau prognóstico. 9 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças linfoproliferativas De linfócito T, tem algumas apresentações clínicas diferentes. O mais comum é o linfócito T periférico, a apresentação clínica é diferente. Lembrando que tem uma leucemia/linfoma T do adulto que está associado ao HTLV. O HTLV na maioria das vezes são pacientes assintomáticos, mas apresentação clínica mais comum dele é essa leucemia/linfoma ou um evento neurológico que é a paraparesia espástica tropical. • Linfomas cutâneos: ❖ Micose fungóide e síndrome de Sézary; ❖ Diversos outros. • Micose fungóide: ❖ Infiltração cutânea por pequenos linfócitos com núcleo cerebriforme; ❖ Prurido intenso e lesões semelhantes a psoríase; ❖ Acometimento progressivo de MO, linfonodos, fígado, baço. O que chama mais atenção no linfoma T é o envolvimento de pele. Tem a micose fungóide que é a infiltração daquele linfoma na pele. Observa-se nas fotos a apresentação clínica: manchas que parecem psoríase e outras lesões que não esse envolvimento, são acinzentadas. Na imagem da direita observa-se a eritrodermia difusa, é a mesma doença, mas com uma apresentação clínica diferente, que se chama Síndrome de Sezary. OBS: juntar as informações dessa aula com as emergências oncológicas!!
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