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INTRODUÇÃO ▪ Cânceres do sangue (leucemias e linfomas, às vezes chamados de tumores líquidos) são derivados de células formadoras de sangue que normalmente possuem a capacidade de entrar na corrente sanguínea e se deslocar para áreas distantes; como resultado, são frequentemente consideradas malignas. ▪ O termo leucemia designa um conjunto de cânceres que atingem as células brancas do sangue, que são produzidas pela medula óssea. ▪ As leucemias são doenças malignas que se caracterizam pela quebra do equilíbrio da produção dos elementos do sangue, causada pela proliferação descontrolada de células. ▪ A leucemia, geralmente, é de origem desconhecida. Sua principal característica é o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. ▪ Nessa condição, uma célula que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa ou leucêmica, como pode ser chamada. ▪ Essa célula anormal, além de não funcionar de maneira adequada, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as células normais, fazendo com que as células saudáveis da medula sejam progressivamente substituídas. ▪ Dessa forma, além de perderem a função de defesa do organismo, os leucócitos doentes produzidos descontroladamente reduzem o espaço na medula óssea para a fabricação das outras células que compõem o sangue. ▪ Adicionalmente, os glóbulos brancos não se desenvolvem por completo e caem na corrente sanguínea antes de estarem preparados, não exercendo assim as suas funções corretamente. ▪ Esses leucócitos anormais que atingem a corrente sanguínea podem também invadir outros órgãos, tais como fígado, baço, linfonodos, rins e cérebro. TUTORIA 1 MÓDULO 1 OBJETIVO 1 CLASSIFICAÇÃO DAS NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS (MIELÓIDES, LINFOIDES, COM DIFERENCIAÇÃO LINFOIDE E MIELÓIDE). ▪ As leucemias são classificadas de acordo com o tipo de leucócitos que afetam. Baseando-se nesse critério, temos dois grandes grupos de leucemias, separados segundo a linhagem de células brancas acometida. ▪ Uma leucemia é chamada linfocítica, linfoblástica ou linfoide quando atinge as células linfoides, isto é, aquelas derivadas do precursor linfoide (células NK, linfócitos T, linfócitos B e plasmócitos). ▪ Quando uma leucemia é classificada como mieloide ou mioloblástica, significa que as células alteradas são as mieloides, derivadas do precursor mieloide (mastócitos, basófilos, neutrófilos, eosinófilos e monócitos). ▪ Além disso, as leucemias podem também se apresentar de duas outras maneiras distintas, diferindo agora em relação não mais ao tipo celular acometido, mas sim quanto a velocidade de reprodução celular e da evolução da doença. ▪ Nas leucemias agudas observamos o rápido crescimento de células imaturas, que não desempenham seu papel como deveriam e que se multiplicam aceleradamente. ▪ Nas leucemias crônicas há um aumento de células maduras, porém anormais. Elas se reproduzem de forma um pouco mais lenta e podem ter mantidas algumas de suas funções. ▪ Existem mais de 12 tipos de leucemias, mas que podem ser agrupados em quatro grupos primários, conforme a classificação discutida: o leucemia mieloide aguda (LMA); o leucemia mieloide crônica (LMC); o leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). ▪ No Brasil, atualmente a leucemia é o 9º câncer mais comum entre os homens e o 11º entre as mulheres. Segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2015, houve 6.837 mortes por leucemias, sendo 3.692 de homens e 3.145 de mulheres. ▪ Em 2020, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima o surgimento de 10.810 novos casos, sendo dentre eles de 5.920 do sexo masculino e 4.980 do sexo feminino. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) ▪ A leucemia mieloide crônica é uma doença clonal da célula progenitora hematopoiética. Nessa doença, há a multiplicação excessiva de células precursoras da linhagem mieloide sanguínea, sendo que a transformação maligna ocorre nas células mais maduras. O CROMOSSOMO PH ▪ Diferentemente dos outros tipos de leucemias, em que a etiologia costuma ser desconhecida, nos pacientes com LMC é possível identificar a presença de uma mutação genética bem definida, conhecida como cromossomo Philadelphia (Ph). ▪ Trata--se de uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, nas localizações q34 e p11, representada por t(9;22) (q34; p11). ▪ Essa fusão de genes dá origem a um gene híbrido, chamado BCR-ABL, que irá definir a transcrição de uma proteína com alta atividade de tirosina quinase. ▪ Essa atividade enzimática está envolvida com a regulação da proliferação celular. ▪ Dessa forma, quando há essa mutação genética, observamos a alteração nessa regulação, fazendo com que as células se proliferem desgovernadamente. LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) ▪ As leucemias mieloides agudas são um grupo heterogêneo de doenças clonais, em que há proliferação anormal de progenitores hematopoiéticos da linhagem mieloide. ▪ Essas células produzidas excessivamente, além de se acumularem na medula óssea prejudicando a produção normal dos outros tipos celulares, podem se infiltrar em outros tecidos, comprometendo assim a função de alguns órgãos. ▪ Por se tratar de uma leucemia aguda, sabemos que as células alteradas são ainda muito imaturas e, portanto, incapazes de realizarem a sua função de defesa do organismo. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC) ▪ A LLC tem origem nas células linfoides maduras, que passam a se multiplicar descontroladamente. ▪ Essas células linfoides alteradas em excesso ocupam a medula óssea, prejudicando a produção de tipos celulares normais e, além disso, podem se infiltrar em órgãos linfoides, como o baço e os linfonodos. LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) ▪ A leucemia linfoide aguda é uma doença que decorre da proliferação clonal de precursores linfoides anormais na medula óssea. ▪ Sua etiologia é desconhecida, apesar de haver suspeitas de que fatores genéticos influenciam no seu desenvolvimento. ▪ Na LLA, são os linfoblastos (células muito jovens da linhagem linfoide) que param de funcionar corretamente e começam a multiplicar-se descontroladamente na medula óssea. A evolução da doença ocorre de maneira bastante rápida. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) ▪ Epidemiologia A ocorrência de LMC corresponde à 14% da ocorrência de todas as leucemias. No Brasil, observa- se a incidência de 1,6 casos a cada 100 mil habitantes, por ano. ▪ É uma doença que costuma acometer adultos mais velhos, por volta dos 50 ou 60 anos, sendo apenas 4% dos pacientes crianças. É observada uma discreta predominância de casos no sexo masculino. ▪ O único fator de risco bem conhecido para o aparecimento da mutação –cromossomo Ph –, e portanto, da doença é a exposição à radiação ionizante (raios X e gama). ▪ Normalmente ela é proveniente de procedimentos médicos e o risco oferecido depende da dose, da exposição e da idade do paciente. QUADRO CLÍNICO ▪ O quadro clínico da LMC é caracterizado por uma hiperplasia mieloide acompanhada de leucocitose, neutrofilia e basofilia. ▪ É muito comum também a presença de esplenomegalia, observada em mais de 80% dos casos. A história natural da doença é dividida em três fases: fase crônica, fase acelerada e crise blástica. ▪ A FASE CRÔNICA costuma ser pouco sintomática e geralmente tem duração de 3 a 5 anos. ▪ NA FASE ACELERADA, há o aparecimento de mais sintomas e observa-se a duração de alguns meses. Por fim, na crise blástica a doença passa a se comportar como uma leucemia aguda, porém com quadro clínico mais grave do que o observado quando a doença já tem inícioagudamente, como é o caso da LMA. Essa fase é considerada fatal e, algumas vezes, pode ser alcançada sem que o paciente passe pela fase acelerada. ▪ NA FASE CRÔNICA, o paciente pode estar assintomático ou apresentar poucos sintomas. Quando os sintomas se manifestam, eles costumam aparecer sob a forma de fadiga, perda de peso, sudorese, febre e palidez, devido à anemia associada. Além disso, a maioria dos pacientes apresenta esplenomegalia importante. ▪ A intensidade dos sintomas está relacionada ao grau de leucocitose no sangue periférico, observado no hemograma, e à presença de organomegalias. ▪ NA FASE ACELERADA, observamos aumento da esplenomegalia e também da basofilia e da quantidade de blastos circulantes. Além disso, um fato muito importante que é observado e que marca a transição da fase crônica para a fase acelerada é o surgimento de resistência à terapêutica citorredutora, que é o tratamento utilizado inicialmente, como veremos à frente. Nessa fase, os pacientes ainda podem estar assintomáticos ou então começar a apresentar febre, sudorese noturna, perda ponderal e dores ósseas. ▪ NA CRISE BLÁSTICA, observamos blastos maiores que 20% na medula óssea ou no sangue periférico. Nesse momento, é comum que o paciente manifeste febre, sudorese noturna, anorexia, perda ponderal acentuada e dores ósseas. o Além disso, há piora na esplenomegalia e pode haver infiltração extramedular dos blastos, podendo acometer a pele, linfonodos, os ossos e o sistema nervoso central, causando sintomas. Uma vez atingida essa fase, a sobrevida sem tratamento adequado costuma ser de 3 a 6 meses. DIAGNÓSTICO ▪ Muitas vezes o diagnóstico da LMC é feito em pacientes assintomáticos, na fase crônica da doença, por meio da OBJETIVO 2 DISCUTIR EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, QUADRO CLÍNICO E CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DAS DOENÇAS, EXAMES COMPLEMENTARES E O ESTADIAMENTO. realização de exames de rotina. Nesses casos, costuma- se encontrar no hemograma uma leucocitose com presença de células em todas as fases de maturação. ▪ O hemograma dos pacientes na fase crônica da doença costuma mostrar leucocitose, de normalmente 25.000 a 400.000 células por microlitro, podendo ser maior em alguns casos. ▪ O hemograma também descreve a presença de todas as células do processo da formação celular, ou seja, há granulócitos em todas as fases de maturação. Há um predomínio de mielócitos e pode também haver uma basofilia associada. ▪ Também na fase crônica, é comum observar a existência de anemia normocítica e normocrômica, assim como na maioria das doenças hematológicas malignas. As plaquetas podem estar normais ou aumentadas. Por fim, também há aumento da desidrogenase láctica (DHL) e do ácido úrico. ▪ Quando realizado o mielograma para confirmação do diagnóstico, observamos na medula óssea de um paciente em fase crônica uma hiperplasia granulocítica de morfologia normal. Há presença de blastos, porém menor que 10% (encontramos mais de 20% de blastos na leucemia mieloide aguda). ▪ Por fim, pode também ser observada, em alguns casos, uma monocitose absoluta. Na fase acelerada, podemos encontrar no hemograma uma trombocitose, que pode evoluir para uma trombocitopenia. Também pode haver evolução da doença com um quadro de mielofibrose. É importante lembrar que as células mudam conforme o avanço da doença, havendo uma evolução clonal genética. ▪ Na crise blástica, encontramos no hemograma uma leucocitose neutrofílica, com presença de células mieloides em várias fases de maturação. Também há, principalmente, basofilia. Além disso, é necessário realizar testes citogenéticos para pesquisar a presença do cromossomo Philadelphia que, além de ser um marcador da doença, é um marcador prognóstico da evolução do tratamento da doença. Fora isso, pode ser feita a pesquisa do gene BCR-ABL por meio de PCR. TRATAMENTO ▪ Todos os pacientes diagnosticados com LMC podem fazer uso de agentes citostáticos, como a hidroxiureia ou o bussulfano. Esse é um tratamento paliativo para a doença, uma vez que proporciona apenas uma resposta hematológica de melhora do hemograma e diminuição de sintomas, mas que não apresenta benefícios para a sobrevida do paciente. ▪ O alfa-interferon era a medicação mais utilizada antigamente. Ele promove uma remissão hematológica completa em até 90% dos pacientes, melhorando a LMC por um mecanismo ainda desconhecido. Contudo, ele deve ser aplicado por via subcutânea e ocasiona frequentes efeitos colaterais e, por isso, atualmente é raramente usado. ▪ Dessa forma, as drogas de escolha mais atuais para o tratamento da LMC são os inibidores de tirosina- quinases. Essas medicações agem justamente onde a LMC causa mais problemas, uma vez que a doença é caracterizada pela multiplicação celular alterada por uma proteína tirosina quinase, codificada pelo gene BCR-ABL. A medicação de primeira escolha é o mesilato de imatinibe, um inibidor específico da fosforilação da tirosina- -quinase produzida pelo BCR-ABL. Ele induz uma resposta hematológica de maneira rápida e completa, sendo o tratamento inicial de escolha para LMC recém-diagnosticada. ▪ Como efeitos colaterais, essa droga pode ocasionar náuseas, diarreia, erupções cutâneas, câimbras e alterações transitórias das transaminases. Na fase crônica, o mesilato de imantinibe é administrado por via oral, na dose de 400mg/dia. C ▪ aso o paciente esteja na fase acelerada da doença, administra-se a dose de 600mg/dia, sendo possível alcançar respostas em 25% dos casos, porém os resultados são inferiores aos encontrados quando a droga é utilizada em pacientes na fase crônica. ▪ Por fim, se o paciente já se encontra na fase blástica, a administração do medicamento apresenta somente resultados parciais e de curta duração. Nesse estágio, o medicamento costuma ser utilizado antes de o paciente receber um transplante de medula óssea, que será o que de fato irá ajudar nessa fase. ▪ Caso o mesilato de imatinibe falhe, temos outras opções de medicamentos, chamadas de inibidores de tirosina- quinase de 2ª geração. Entre eles temos o desatinibe e o nilotinibe. ▪ O desatinibe é utilizado pela via oral, com administração de 100mg/ dia na fase crônica e de 140mg/dia na fase avançada. Como efeitos colaterais, podemos observar retenção de fluidos, derrame pleural, diarreia, sangramentos, prolongamento do intervalo QT e toxicidade hematológica. ▪ O nilotinibe é administrado por via oral, em forma de comprimido de 400mg, que deve ser tomado de 12 em 12 horas, próximo às refeições. Seus principais efeitos colaterais são toxicidade hematológica, aparecimento de rash cutâneo, náuseas, prurido, prolongamento do intervalo QT e hiperglicemia. ▪ Caso nenhum dos medicamentos funcione, é necessário realizar o transplante de medula óssea alogênico. Esse é o método mais eficaz na indução das remissões citogenética e molecular completas, além de ser a única forma curativa do tratamento da doença, curando 70% dos pacientes. Entretanto, apesar disso, a realização do transplante apresenta uma alta taxa de mortalidade, de cerca de 15 a 20%. Frente a isso, a realização de transplantes é reservada apenas aos pacientes que apresentam falha no tratamento com uso dos inibidores da tirosina quinase. LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) EPIDEMIOLOGIA ▪ A LMA é o tipo leucêmico mais comum do adulto, correspondendo a 90% dos casos de leucemia. Pode acometer também crianças, representando 15% das leucemias em crianças menores de 10 anos. ▪ No Brasil, tem-se uma estimativa de incidência de 1,11 caso de LMA a cada 100 mil habitantes. Etiologia A causa da LMA não é conhecida, mas sabe-se de alguns fatores predisponentes a uma chance mais elevada dodesenvolvimento da doença. ▪ Entre eles, temos a exposição à radiação ionizante e a derivados de benzeno. A radiação ionizante a que se pode ser exposto costuma ser proveniente de procedimentos médicos, sob a forma de raios X e raios gama. Já os derivados de benzeno são encontrados na gasolina, além de serem amplamente utilizados na indústria química. ▪ Sabe-se que a LMA é resultado de inúmeras alterações genéticas que se relacionam de forma acumulativa. Quando as mutações acabam por afetar genes que codificam fatores de transcrição importantes para a hematopoiese, pode haver descontrole desse processo, gerando uma LMA. QUADRO CLÍNICO ▪ O quadro clínico da LMA incluirá sintomas decorrentes da falência da medula óssea em produzir os elementos sanguíneos. Assim, é comum observar quadros típicos de anemia, que incluem fadiga, palidez cutâneo-mucosa e fraqueza. ▪ O paciente também pode apresentar leucopenia, que faz com que haja predisposição a infecções e a quadros de febre, tanto pela própria leucemia ou em decorrência dos quadros infecciosos. ▪ Por fim, os pacientes podem sofrer de sangramentos, com a ocorrência de hemorragias, epistaxe e o aparecimento de petéquias. ▪ Esses sintomas se relacionam à gravidade da trombocitopenia encontrada no paciente. Além disso, os pacientes podem apresentar quadro de coagulação intravascular disseminado, sobretudo aqueles que possuem o subtipo M3 de LMA (leucemia promielocítica), que será descrita à frente. ▪ Pela infiltração de células anormais em tecidos, podemos encontrar nos pacientes com LMA casos de hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia, de hipertrofia de gengiva e de dor óssea, além da presença eventual de sarcomas granulocíticos (tumores extramedulares, localizados em ossos, no periósteo, em linfonodos, na pele e em tecidos moles). ▪ Alguns sintomas indicam o acometimento do sistema nervoso central. Entre eles, podemos observar a ocorrência de cefaleia, de convulsões e de alterações visuais. DIAGNÓSTICO ▪ Nos exames laboratoriais de um paciente com LMA, podemos encontrar contagens hematológicas muito variadas. Na maioria dos casos, cerca de 50%, o paciente apresenta leucocitose com frequente presença de mieloblastos. ▪ Em adição, encontra-se uma anemia normocítica e normocrômica. Além disso, pode haver alterações da homeostasia, principalmente na leucemia promielocítica (subtipo M3). Nesses casos, há consumo de fatores plasmáticos (podendo resultar em quadro de coagulação intravascular disseminada), aumento do tempo nas provas de coagulação (TT, TP e TTPa), hipofibrinogenemia, aumento dos produtos de degradação da fibrina e aumento de D-dímero. ▪ No mielograma, encontra-se mais de 20% de mieloblastos e diminuição de células das outras linhagens (menor número de hemácias, plaquetas e leucócitos normais sendo produzidos). Em alguns casos, há atipias e displasias das células. ▪ De forma simplificada, o diagnóstico de LMA é dado quando é encontrado mais de 20% de mieloblastos leucêmicos no sangue periférico ou no mielograma, A definição desses blastos como blastos da LMA pode ser feita de várias formas. ▪ Uma delas é pela análise da morfologia celular ao microscópio, método que depende da análise de um examinador competente e que, portanto, está sujeito a erro. Um achado patognomônico da LMA é a visualização de Bastones de Auer, vistos como pequenas linhas dentro do citoplasma celular. ▪ Outros métodos, mais modernos, utilizados para a definição dos tipos de leucemias mieloides agudas são a imunofenotipagem e a citogenética. ▪ A imunofenotipagem é um teste sensível, que possibilita a determinação do tipo e da origem celular, através de marcadores. ▪ A citogenética é usada não somente com fins diagnósticos, mas também como forma de definição de prognóstico. Por meio desta técnica, a depender das alterações celulares encontradas, é possível saber se a doença tende a evoluir de forma mais ou menos agressiva e, com essa informação, pode-se optar por tratamentos diferenciados quando a forma da doença é mais propensa a recidivas ou quando costuma não responder ao tratamento padrão. CLASSIFICAÇÃO ▪ As leucemias mieloides agudas podem ser classificadas pela FAB, a classificação Franco-Américo-Britânica, que foi criada em 1976. Ela leva em conta a morfologia celular, a histoquímica e a imunofenotipagem, mas não incorpora achados citogenéticos e moleculares. Nessa classificação, as leucemias são divididas em subtipos de M0 até M7: ▪ M0: Leucemia mieloide aguda indiferenciada; ▪ M1: Leucemia mieloide aguda com maturação celular mínima. ▪ M2: Leucemia mieloide aguda com maturação; ▪ M3: Leucemia promielocítica aguda (LPA); ▪ M4: Leucemia mielomonocítica aguda (LMMA); o M4 eos: Leucemia mielomonocítica aguda com eosinofilia; ▪ M5: Leucemia monocítica aguda; ▪ M6: Leucemia eritroide aguda; ▪ M7: Leucemia megacarioblástica aguda; ▪ Em 2016, a OMS fez uma nova classificação, incluindo as alterações citogenéticas e moleculares. Nessa atualização, há divisão das leucemias em sete categorias principais – listadas a seguir –, com subcategorias: o Leucemia mieloide aguda com anormalidades genéticas. o Leucemia mieloide aguda com alterações relacionadas à mielodisplasia; o Leucemia mieloide aguda relacionada à quimioterapia ou radioterapia prévia; o Leucemia mieloide aguda não especificada; o Sarcoma mieloide ou sarcoma granulocítico ou cloroma; o Proliferações mieloides relacionadas com a síndrome de Down; o Leucemias agudas indiferenciadas e bifenotípica. ▪ É importante conhecer as alterações genéticas mais frequentes que influenciam as classificações. Entre elas temos as mutações NPM1 e CEBPA, as duplicações internas em Tandem do gene FLT3, duplicações parciais em Tandem do gene MLL e a hiperextensão do gene BAALC. FATORES PROGNÓSTICOS ▪ As LMA são doenças multifatoriais, isto é, tanto fatores ambientais quanto fatores genéticos influenciam no seu desenvolvimento. ▪ Frente a isso, diversos fatores precisam ser levados em conta para a análise do provável prognóstico de cada manifestação da doença, além de serem importantes no momento de escolha da melhor terapêutica para cada caso. ▪ Características do paciente, tais com a sua condição de saúde, devem ser levadas em conta na escolha do tratamento, analisando, por exemplo, se o paciente pode ser submetido a uma quimioterapia ou a um transplante de medula óssea. ▪ Características genéticas na doença precisam também ser analisadas, principalmente no que diz respeito à resistência à terapia. A idade avançada, acima de 60 anos, é um fator de mau prognóstico. Ela se relaciona de maneira inversa à sobrevida global, isto é, quando maior a idade, menor é o tempo de sobrevida esperado para o paciente. Isso está intimamente relacionado ao maior número de comorbidades existentes na velhice, além de mais mutações terem sido acumuladas ao longo do tempo de vida do paciente. ▪ A baixa contagem de leucócitos ao diagnóstico é um outro fator prognóstico importante. Quanto maior é o número de leucócitos acima do nível normal, pior é o prognóstico do paciente. ▪ Em adição, o prognóstico também é mais negativo quando a doença evoluiu a partir de uma síndrome mielodisplásica preexistente e quando o paciente já fez uso de terapia citotóxica anteriormente. ▪ Alteração cariotípica é um sinal de mau prognóstico independente, isto é, independentemente da existência de outras comorbidades, da idade e das condições de saúde do paciente, a presença de alterações do cariótipo é por si só um mau sinal. ▪ A partir da análise do cariótipo do paciente é possível prever a sobrevida global, o risco derecaída e a resposta ao tratamento, por exemplo: frente a um cariótipo favorável, pode-se definir que o paciente pode ser submetido à quimioterapia, sabendo que em 60% dos casos a sobrevida global é de 5 anos e que há remissão completa da doença em 90% das vezes. Por outro lado, se o cariótipo for sugestivo de um prognóstico adverso, recomenda-se o transplante de medula óssea alogênico frente à primeira remissão do paciente e, mesmo assim, a sobrevida global estimada atinge os 5 anos em apenas 12% dos casos. TRATAMENTO ▪ O tratamento da LMA é feito pelo uso de quimioterapias. Primeiramente, é realizada a indução da remissão. ▪ Essa etapa é feita em um ou dois ciclos de um esquema quimioterápico chamado de 3+7, isto é, por 3 dias é usado um agente antracíclico, seguido por 7 dias de uso de citarabina. ▪ Posteriormente, é feita a etapa de consolidação da remissão. Ela é composta por 2 a 4 ciclos de citarabina em altas doses ou pelo transplante de medula óssea alogênico caso haja fatores de mau prognóstico, falha na indução, fator de risco intermediário ou cariótipo adverso. ▪ É preciso cuidado em pacientes idosos, uma vez que possuem mais complicações clínicas e sofrem maiores efeitos da toxicidade do tratamento, nesses casos, a fase de consolidação da remissão deve ser feita com intensidade reduzida, a fim de manter uma qualidade de vida para o paciente. ▪ Também para os pacientes idosos, a indicação de transplante de medula óssea é controversa, uma vez que os resultados para esse grupo são inferiores aos observados nos mais jovens. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC) EPIDEMIOLOGIA ▪ A LLC é a mais comum dentre as doenças linfoproliferativas crônicas. Ela corresponde a 30% dos casos de leucemias. ▪ Anualmente, a incidência é de 2 a 6 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que a incidência é mais alta quando maior a faixa etária analisada. ▪ Costuma acometer pacientes idosos, por volta da faixa etária dos 65 anos, sendo que somente 10% dos casos são de pacientes com menos de 50 anos. ▪ A doença é mais prevalente no sexo masculino, em uma proporção de dois homens afetados a cada paciente mulher. ▪ Apesar da etiologia da doença ser desconhecida, supõe- se, pela observação de casos familiares de LLC, que exista algum tipo de predisposição genética para o seu desenvolvimento. Além disso, é sabido que a exposição a agentes químicos e derivados do petróleo, como o benzeno e seus derivados, é um fator de risco para o desenvolvimento da doença. QUADRO CLÍNICO ▪ A maioria dos pacientes com LLC é totalmente assintomática, sendo a doença eventualmente descoberta em exames de rotina, por achado de linfocitose importante em hemograma de rotina, o que leva a uma investigação mais apurada. ▪ Quando o paciente apresenta sintomas, os mais comuns de serem encontrados são: linfadenopatia generalizada, perda de peso e queixas de cansaço decorrente de anemia. ▪ A linfadenopatia caracteriza-se pela presença de pequenos linfonodos palpáveis (em alguns casos podem ser maiores), de consistência fibroelástica, móveis e indolores, sem sinais flogísticos. ▪ A presença de hepatomegalia é observada em cerca de 50% dos pacientes, assim como esplenomegalia não volumosa, isto é, o baço encontra-se apenas discretamente aumentado. ▪ Pode haver também infiltração leucêmica em outros órgãos, como nas tonsilas, nas meninges e na pele. ▪ Os pacientes com LLC cursam com anemia, porém raramente de grande intensidade. Pode haver quadro de surgimento de petéquias e equimoses devido à plaquetopenia, apesar de ser um cenário mais raro. ▪ Por fim, as infecções bacterianas, como pneumonias, são frequentes devido ao desequilíbrio da imunidade provocado pela produção de linfócitos anormais e à neutropenia frequentemente observada. ▪ Os pacientes com LLC frequentemente apresentam quadros autoimunes associados. Cerca de 10 a 25% cursam com anemia hemolítica autoimune, 2% estão associados a quadros de trombocitopenia imune, 60% dos pacientes apresentam hipogamaglobulinemia e em 5% dos casos há hipergamaglobulinemia monoclonal. DIAGNÓSTICO ▪ No hemograma de um paciente com LLC encontramos linfocitose persistente, com mais de 5.000 células por microlitro por mais de três meses (exclui-se a possibilidade de quadro infeccioso). ▪ Além disso, aproximadamente 20% dos pacientes também apresentam quadro de anemia ou de trombocitopenia. ▪ O diagnóstico é feito pela análise das características morfológicas das células presentes no sangue periférico e pela realização de mielograma, para análise das células em esfregaço da medula óssea. ▪ Em alguns casos, pode ser necessária a análise histológica da medula óssea, dos gânglios linfáticos ou do baço. ▪ Além disso, pode-se fazer a complementação do diagnóstico com estudos citogenéticos e de biologia molecular que, além da função diagnóstica, auxiliam na definição do prognóstico da doença. Para a definição d ▪ o diagnóstico de LLC são verificados alguns critérios. O paciente deve possuir leucocitose acima de 5.000 linfócitos B por microlitro, deve haver predomínio de linfócitos pequenos e maduros e a imunofenotipagem deve ser característica de LLC. ▪ Em alguns casos, quando é realizado o mielograma, deve-se encontrar infiltração de medula óssea por linfócitos maduros maior que 30%. ▪ Em 80% dos pacientes com LLC estão presentes anormalidades citogenéticas. Para avaliá-las, realiza-se um exame chamado FISH. Nele, podemos encontrar a deleção do 13q em 50% dos pacientes, a deleção do 11q em 23%, a trissomia do cromossomo 12 em 20%, a deleção do 17p em 14% e o 14q32 em 28% dos casos. ESTADIAMENTO ▪ Para realizar o estadiamento da doença, leva-se em conta características clínicas e hematológicas. Existem dois sistemas principais que são utilizados para a classificação: o sistema de Rai e o sistema de Binet. ▪ O sistema de Rai, desenvolvido em 1975, divide o estadiamento em 5 categorias, de 0 a 4: ▪ ESTÁGIO 0: Observa-se linfocitose no sangue e medula óssea com 40% ou mais de células infiltradas. Há sobrevida mediana de mais de 150 meses. ▪ ESTÁGIO I: Há linfocitose com linfadenopatia localizada ou generalizada. A sobrevida mediana é de aproximadamente 101 meses. ▪ ESTÁGIO I I : Além da linfocitose, há esplenomegalia e/ou hepatomegalia. A sobrevida costuma ser de 71 meses. ▪ ESTÁGIO II I : Há linfocitose e anemia (hemoglobina abaixo de 11g/ dL independentemente do sexo). Sobrevida de 19 meses. ▪ ESTÁGIO IV: Há linfocitose com trombocitopenia. A sobrevida mediana também é de 19 meses. ▪ Em 1987 a classificação de Rai foi modificada, dividindo os estágios em três níveis de risco: ▪ RISCO BAIXO: Quando há somente linfocitose no sangue e na medula óssea. A sobrevida é de mais de 10 anos. ▪ RISCO INTERMEDIÁRIO: A linfocitose é acompanhada por linfadenomegalia e por esplenomegalia, com ou sem hepatomegalia. A sobrevida mediana é de aproximadamente 7 anos. ▪ RISCO ALTO: Há linfocitose, anemia e trombocitopenia. A sobrevida costuma ser de 2 anos. • ▪ O estadiamento de Binet, criado em 1981, divide as categorias em três estágios, A, B e C: ▪ ESTÁGIO A: Quando o paciente possui menos de 3 áreas de envolvimento linfoide, na ausência de anemia ou trombocitopenia. A sobrevida mediana costuma ser maior de 10 anos. ▪ ESTÁGIO B: Quando há 3 ou mais áreas de envolvimento linfoide, porém na ausência de anemia ou trombocitopenia. A sobrevida é de aproximadamente 7 anos. ▪ ESTÁGIO C: Quando os níveis de hemoglobina estão menores que 10g/dL ou as plaquetas estão abaixo de 100.000 por microlitro. A sobrevida mediana é de 2 anos. FATORES PROGNÓSTICOS▪ O prognóstico da LLC pode ser dividido em dois principais grupos: pacientes de baixo risco, quando a sobrevida mediana é maior que 15 anos, e paciente de alto risco, nos casos em que a sobrevida costuma ser menor que 5 anos. ▪ Vários são os critérios utilizados para esta definição do prognóstico, tais como o estadiamento, a contagem de linfócitos, o grau de infiltração na medula e morfologia celular, entre outros. TRATAMENTO ▪ A LLC é uma doença incurável por quimioterapia, dessa forma, na maioria das vezes esse tratamento será realizado como forma de suporte. ▪ Para curar a doença, é necessária a realização de transplante de medula óssea alogênico, porém esse é um procedimento de alta mortalidade. ▪ Em pacientes no estadiamento A, RAI 0 ou então com prognóstico de baixo risco realiza-se, inicialmente, um período de observação clínica. ▪ O paciente deve ser acompanhado, com realização de hemogramas e exames laboratoriais gerais, por 3 a 6 meses. Nesse período, deve-se avaliar se a doença é estável ou se há piora progressiva do quadro. ▪ Se a doença permanecer estável nesse período, não se deve realizar tratamentos, mas apenas continuar monitorando o paciente. Caso seja observada piora, inicia-se então o tratamento. ▪ Entre os pacientes de estadiamento intermediário, isto é, RAI I ou II ou Binet B, cerca de 1/3 possui doença estável. Nesses casos, também vale a conduta de observação e acompanhamento, sem nenhuma terapêutica. Em 2/3 desses pacientes, há progressão da doença nos primeiros 2 anos, sendo observado rápido aumento de gânglios, do baço ou dos linfócitos. Nessas situações, opta-se pelo tratamento a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente. ▪ Nos pacientes de Binet C, RAI III ou IV ou que possuem fatores prognósticos de alto risco, é sempre necessário o tratamento. Ele consiste na realização de quimioterapia, em 6 ciclos, com três drogas: fludarabina, cliclofosfamida e rituximabe. Em 95% dos casos há resposta global e remissão completa em 52% dos pacientes. Contudo, antes de iniciar o tratamento, é necessário avaliar as condições clínicas do paciente. ▪ Muitas vezes, os pacientes mais idosos não aguentam esse esquema de quimioterapia. Nesses casos, esses pacientes mais frágeis podem receber um tratamento com intensidade reduzida, com administração de clorambucil, associado ou não ao rituximabe. Caso o paciente possua muitas comorbidades e não houver condições de se realizar quimioterapia, são instituídos os cuidados paliativos. A não ser que seja realizado transplante, a recaída da doença é muitas vezes inevitável. Se a remissão tiver sido prolongada, ou seja, o paciente ficou mais de dois anos sem necessitar de tratamento, a terapia feita inicialmente pode ser repetida. ▪ Caso a remissão tenha sido curta, é melhor optar pelo uso de outras drogas, além de considerar a realização de transplante de medula óssea não-mieloablativo, isto é, um transplante em que não há a destruição completa da medula óssea do paciente. LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) EPIDEMIOLOGIA ▪ Diferentemente dos outros tipos de leucemias, a LLA afeta principalmente crianças, sendo a doença maligna mais comum na infância. ▪ Apesar disso, ela pode também acometer adultos, principalmente entre os 25 e 37 anos de idade, sendo que nesse grupo, o prognóstico da doença é pior em relação ao acometimento pediátrico. ▪ No Brasil, a LLA tem incidência de 6,5 casos a cada um milhão de pessoas, por ano. QUADRO CLÍNICO ▪ O quadro clínico é aquele observado em situações de supressão da medula óssea, dessa vez, pela infiltração pelas células leucêmicas. ▪ Os pacientes possuirão anemia, apresentando palidez, fraqueza e cansaço, e podem apresentar hemorragias, principalmente na pele e em mucosas. Em 1/3 dos casos, há febre e sudorese noturna, associados ao não a quadro infeccioso. ▪ Além disso, os pacientes, sobretudo crianças, apresentam quadro de artralgia e dores ósseas, devido à distensão do periósteo sob a ação do infiltrado leucêmica. ▪ Em decorrência de infiltração ou de hemorragias no sistema nervoso central, o paciente pode ter confusão mental, cefaleia e compressão de nervos cranianos, sobretudo dos pares VI e VII. Esses sintomas também podem ser decorrentes da presença exagerada de blastos na circulação, chamada de síndrome de leucostase. ▪ Fora isso, podemos observar adenomegalias (presentes em 49% dos casos), hepatomegalia (em 35% das vezes), esplenomegalia (44%), presença de massa mediastinal, normalmente associada à proliferação de células T (15%) e leucemia testicular (em 0,3% dos pacientes). DIAGNÓSTICO ▪ No hemograma desses pacientes, normalmente encontramos leucocitose com presença de blastos. Contudo, em alguns pacientes observamos leucopenia, isto é, ausência de blastos na circulação, estando as células leucêmicas somente na medula óssea e o hemograma indica pancitopenia. ▪ Quando realizado o mielograma, observa-se a presença de mais de 20% de blastos. Faz-se também a fenotipagem e a citogenética do material de medula óssea coletado para a definição do diagnóstico. CLASSIFICAÇÃO ▪ A LLA é classificada de acordo com a morfologia das células leucêmicas, além da fenotipagem e da citogenética. ▪ A classificação da doença é indicativa de fatores prognósticos e também ajuda na detecção de recaídas precoces. ▪ Antigamente, era utilizada a classificação Franco- Américo-Britânica (FAB), que levava em conta apenas características morfológicas. Atualmente, utiliza-se também os parâmetros de citogenética e imunofenotipagem. ▪ Pela imunofenotipagem, é possível identificar o tipo de linfócito afetado, B ou T, através dos marcadores celulares, e também o estágio de maturação em que as células se encontram, informação muito importante da definição do prognóstico do paciente. Pela citogenética, identifica-se alterações genéticas presentes especificamente nas células alteradas, o que também auxilia no prognóstico. Na LLA, anormalidades cromossômicas são encontradas em 60 a 80% dos adultos e em cerca de 90% das crianças. FATORES PROGNÓSTICOS ▪ A idade avançada, superior aos 60 anos, é um fator de mau prognóstico, sendo que quanto maior a faixa etária, pior é o prognóstico. ▪ No outro extremo, pacientes menores de um ano também possuem prognóstico pior. Outro fator indicativo de prognóstico ruim é o achado de leucócitos acima de 30.000 por microlitro ao momento do diagnóstico. ▪ Outros fatores analisados são: tempo até remissão completa, linhagem, cariótipo e envolvimento do sistema nervoso central. ▪ Estão entre o grupo de maior risco os pacientes que demoram mais de um ciclo de quimioterapia ou mais de quatro semanas para atingir o estado de remissão completa da doença, os pacientes que têm alteradas células pré-B, células T maduras ou células de linhagem precoce, pacientes com o cromossomo Philadelphia e aqueles que apresentam sintomas de envolvimento do sistema nervoso central ao diagnóstico. ▪ Por fim, se o paciente apresentar doença residual mínima persistente temos também um prognóstico pior. A doença residual mínima é pesquisada logo após o fim da quimioterapia, ou mesmo no meio dela, pela realização do mielograma para testes de imunofenotipagem e/ou análise molecular por PCR. Nesses testes, serão buscados marcadores definidos ao diagnóstico para detectar a presença do clone neoplásico. É um método de alta sensibilidade que possibilita a detecção precoce de recidivas ou mesmo do risco de recidivas. TRATAMENTO ▪ O primeiro objetivo do tratamento será a eliminação do clone leucêmico, levando assim à cura do paciente. É sabido que nos adultos, tem-se resultados inferiores aos observadosem crianças, havendo remissão completa de 70 a 90% dos casos, porém com melhora da sobrevida a longo prazo observada somente em 25 a 50% das vezes, devido ao maior número de recaídas. ▪ O tratamento inclui a prevenção de lise tumoral (síndrome composta por hiperuricemia, hiperpotassemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia), através do uso de quimioterápicos. ▪ É feito o uso de alopurinol, em doses de 200 a 300mg por metro quadrado de área corpórea do paciente. Além disso, deve ser feita a hidratação do paciente, a fim de manter a diurese a 100mL por hora. ▪ Além disso, será fornecido suporte hemodinâmico ao paciente. Se há trombocitopenia, com sangramentos ou plaquetas abaixo de 20.000 por microlitro, deve ser feita a transfusão de plaquetas. ▪ Quando o paciente está com anemia, é importante manter o hematócrito próximo a 30%. Fora isso, faz parte do tratamento a prevenção de infecções, uma vez que o sistema imune do paciente encontra-se duplamente comprometido, tanto pela leucemia quanto pela quimioterapia, o que irá induzir uma neutropenia. ▪ Portanto, é feito o uso profilático de antibióticos, tais como sulfametoxazol-trimetopima e levofloxacina. Podem ser usados também o fluconazol, em casos de infecções fúngicas e antivirais. remissão completa da doença, os pacientes que têm alteradas células pré-B, células T maduras ou células de linhagem precoce, pacientes com o cromossomo Philadelphia e aqueles que apresentam sintomas de envolvimento do sistema nervoso central ao diagnóstico. ▪ Por fim, se o paciente apresentar doença residual mínima persistente temos também um prognóstico pior. A doença residual mínima é pesquisada logo após o fim da quimioterapia, ou mesmo no meio dela, pela realização do mielograma para testes de imunofenotipagem e/ou análise molecular por PCR. ▪ Nesses testes, serão buscados marcadores definidos ao diagnóstico para detectar a presença do clone neoplásico. É um método de alta sensibilidade que possibilita a detecção precoce de recidivas ou mesmo do risco de recidivas. Tratamento O primeiro objetivo do tratamento será a eliminação do clone leucêmico, levando assim à cura do paciente. ▪ É sabido que nos adultos, tem-se resultados inferiores aos observados em crianças, havendo remissão completa de 70 a 90% dos casos, porém com melhora da sobrevida a longo prazo observada somente em 25 a 50% das vezes, devido ao maior número de recaídas. ▪ O tratamento inclui a prevenção de lise tumoral (síndrome composta por hiperuricemia, hiperpotassemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia), através do uso de quimioterápicos. É feito o uso de alopurinol, em doses de 200 a 300mg por metro quadrado de área corpórea do paciente. Além disso, deve ser feita a hidratação do paciente, a fim de manter a diurese a 100mL por hora. ▪ Além disso, será fornecido suporte hemodinâmico ao paciente. Se há trombocitopenia, com sangramentos ou plaquetas abaixo de 20.000 por microlitro, deve ser feita a transfusão de plaquetas. Quando o paciente está com anemia, é importante manter o hematócrito próximo a 30%. Fora isso, faz parte do tratamento a prevenção de infecções, uma vez que o sistema imune do paciente encontra-se duplamente comprometido, tanto pela leucemia quanto pela quimioterapia, o que irá induzir uma neutropenia. ▪ Portanto, é feito o uso profilático de antibióticos, tais como sulfametoxazol-trimetopima e levofloxacina. Podem ser usados também o fluconazol, em casos de infecções fúngicas e antivirais. ▪ A quimioterapia é feita em fase de indução de resposta, de profilaxia do sistema nervoso central (SNC) e de consolidação e manutenção. A remissão é atingida na maioria dos casos, porém nos adultos costuma durar apenas de 15 a 32 meses. Após o terceiro ano, somente 30 a 45% dos pacientes costumam manter a remissão. ▪ Há diversas opções de protocolos quimioterápicos a serem seguidos, que utilizam drogas semelhantes. Na fase de indução, utiliza-se prednisona, vincristina e antraciclina. ▪ Alguns protocolos adicionam também a asparaginase e alguns preconizam a realização de uma intensificação precoce, com o uso de ciclofosfamida, metotrexato e arabinosídeo-C. ▪ Posteriormente, é feita a consolidação pós- -remissão, que pode ser com ou sem a realização de transplante de medula óssea, a depender do prognóstico do paciente. Normalmente são utilizadas as mesmas drogas administradas na fase de indução. A profilaxia do SNC é necessária uma vez que ele muitas vezes não é atingido pelas drogas, devido à barreira hemato-encefálica. ▪ Dessa forma, o SNC pode se constituir como um local de abrigo para os blastos leucêmicos, havendo recaídas mais rápidas quando essa fase de profilaxia não é realizada. Ela pode ser feita por meio de radioterapia, de quimioterapia intratecal (injeção do medicamento no líquor) ou por altas doses de quimioterapia sistêmica. ▪ A manutenção do tratamento varia conforma o subtipo de LLA, mas costuma ter duração média de 2 ou 3 anos. Os resultados finais dos diferentes protocolos que podem ser adotados são similares. Pacientes que tiveram recaídas ou que foram refratários ao tratamento possuem um prognóstico ruim. ▪ Menos de 50% dos pacientes atingem novamente uma remissão completa da doença, sempre havendo uma doença residual mínima mesmo após novos tratamentos. Nesses casos, a realização de transplante de medula óssea alogênico apresenta resultados melhores do que a utilização de novas quimioterapias. ▪ O linfoma difuso de grandes células B é o tipo mais comum de linfoma não Hodgkin e é responsável por 33% dos casos. ▪ O diagnóstico de linfoma difuso de grandes células B pode ser estabelecido com precisão por um hematopatologista. ▪ Não há necessidade de estudos citogenéticos e de genética molecular para o estabelecimento do diagnóstico, porém existem algumas evidências de que os pacientes com expressão excessiva da proteína BCL- 2 podem ser mais propensos a recidivas que outros. ▪ Os pacientes com comprometimento mediastinal proeminente são algumas vezes diagnosticados dentro de um subgrupo distinto, o linfoma difuso de grandes células B primário do mediastino. ▪ O último grupo de pacientes apresenta idade mediana mais jovem (isto é, 37 anos) e predomínio feminino (66%). Os subtipos do linfoma difuso de grandes células B, incluindo os com subtipo imunoblástico e tumores com fibrose extensa, são reconhecidos por patologistas, mas não parecem ter importância prognóstica importante. OBJETIVO 3 DESCREVER CRITÉRIOS PROGNÓSTICOS PARA LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B ▪ O linfoma difuso de grandes células B pode manifestar- se como doença primariamente de linfonodos ou em locais extranodais. ▪ Em mais de 50% dos pacientes, verifica-se algum local de comprometi mento extranodal por ocasião do diagnóstico, sendo os locais mais comuns representados pelo trato gastrintestinal e pela medula óssea, observados, cada um, em 15 a 20% dos pacientes. ▪ Praticamente qualquer órgão pode ser acometido, tornando obrigatória a realização de biópsia diagnóstica. Por exemplo, o linfoma difuso de grandes células B do pâncreas apresenta um prognóstico muito mais favorável que o carcinoma pancreático, porém passa despercebido sem a realização de biópsia. ▪ O linfoma difuso de grandes células B primário do cérebro está sendo diagnosticado com crescente frequência. Outros subtipos incomuns de linfoma difuso de grandes células B, como o linfoma pleural com efusão e linfoma intravascular, são difíceis de diagnosticar e associados a prognóstico muito mais reservado. ▪ Após cuidadosa avaliação para estadiamento, cerca de 50% dos pacientes apresentam doença nos es tágios I ou II, enquanto cerca de 50% exibemlinfoma disseminado. A biópsia de medula óssea revela comprometimento por linfoma em cerca de 15% dos casos, sendo o comprometimento medular por pequenas células mais frequentes que aquele com grandes células.
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