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1 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS TECIDO LINFÓIDE É dividido em órgão linfoide primário (medula óssea a o timo) e órgão linfoide secundário (baço, linfonodos, tonsilas, linfonodos presentes do TGI e no trato respiratório e outros órgãos). O que acontece na medula óssea? Tem-se a célula tronco hematopoiética multipotente que pode dar origem para apenas uma das linhagens, sendo nesse caso, a linhagem linfoide. Há duas diferenciações entre pró-B e pró-T, o que diferencia uma da outra são as citocinas que se tem no meio. Na medula óssea, as células B quando saem já são um pouco maturadas e ao saírem da medula migram para os órgãos linfoides secundários e lá são expostas somente à antígenos. Já as células T saem muito imaturas, e ao saírem da medula migram para o timo e lá completam seu estágio de maturação. ➔ Fases de maturação de linfócitos B: ▪ Pré-pro B. ▪ Pro-B. ▪ Pré-B. ▪ Naive ou célula B madura. ▪ Células B ativadas por antígenos. ▪ Plasmócito → célula especializada na produção de anticorpos. No baço tem-se duas regiões, sendo elas a polpa branca e a polpa vermelha. É importante saber o que ocorre em casa região do baço, pois, linfócitos B vão ser expostos aos antígenos. ➔ Fases de maturação dos linfócitos T: Saem da medula imaturos e ao chegar no timo como pro-t, completam seu estado de maturação, e a depender dos marcadores de superfície vai maturando até chegar na fase final onde se tem marcadores de células T que são CD3 e CD7, desse modo, ou ele é um linfócito CD4 ou CD8. Outro marcador que se tem no linfócito T maduro quando ele sai do timo são os receptores de células T, que são gama, delta e beta. Assim, quando ele sai do timo e vai para o sangue periférico ele pode ser um grupo só de marcador de superfície (CD4 ou CD8) ou de marcador de receptor de célula T. Somente ao sair do timo é um linfócito maduro. O que saber sobre os linfonodos? Tem-se o vaso linfático aferente que vai banhar o linfonodo com o sistema linfático que vai levando antígenos. Tem-se duas zonas: centro germinativo (linfócitos B) e área paracortical (linfócitos T). Não é possível dar um diagnóstico referente a um linfoma T p.ex. se só houver colheita do material presente no centro germinativo, logo, quando há suspeita de linfoma deve-se pedir uma biópsia excisional, a fim de cobrir todas as alternativas, para obter um resultado o mais claro possível. LINFOMAS O que é um linfoma? Linfoma é um tipo de câncer do sangue que não pode ser tratado como um tumor de órgãos sólidos. Tem-se uma divisão entre os linfomas, de modo que eles são Hodgkin ou não Hodgkin. Se ele é Hodgkin ele é clássico ou não clássico, no entanto, se ele for não Hodgkin, ele pode ser derivado das células B ou T. 2 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA ➔ Não Hodgkin: ▪ Não Hodgkin derivadas de células B: - Precursora: Linfomas mais agressivos, ou seja, as células são mais precursoras. - Madura: Pode-se ter linfomas mais maduros. ▪ Não Hodgkin derivadas de células T: - Precursora: Linfomas mais agressivos, ou seja, as células são mais precursoras. - Madura: Pode-se ter linfomas mais maduros. ➔ Hodgkin: Ao falar do linfoma de Hodgkin, o grande marcador desse linfoma é chamado de célula de Reed-Sternberg, de modo que a diferenciação de um linfoma de Hodgkin para outro é feito pelo infiltrado que está em volta dessa célula. Os grandes marcadores do linfoma de Hodgkin são os CD15 e CD30. Pode ser: ▪ Não clássico; ▪ Clássico: - Esclerose nodular. - Rico em linfócitos. - Celularidade mista. - Depletado em linfócitos. Cada subtipo desse é importante, pois, há uma tendência de ocorrer de acordo com o desenvolvimento socioeconômico. p.ex. esclerose nodular é comum em países desenvolvidos. p.ex. países subdesenvolvidos têm uma tendência a ter celularidade mista. p.ex. depletado em linfócitos é comum em pacientes HIV+. O linfoma de Hodgkin tem uma grande associação com o episten barr vírus, geralmente, os pacientes apresentam uma coinfecção. Atenção! Qualquer linfoma pode evoluir para leucemia, porquê o linfoma é quando o linfócito doente está preso em alguma estrutura p.ex. linfonodos, órgãos linfoides primários/secundários. Se essas células ficarem muito agressivas e começarem a circular na corrente sanguínea e atingirem mais de 20%, isso vira uma leucemia. Qualquer leucemia pode se apresentar com massas p.ex. linfonodomegalias. Como classificar os linfomas? A classificação depende da origem da célula e não da posição anatômica, pois, é a origem do órgão linfoide onde essa célula doente estava que vai dizer que tipo de linfoma é. Ao pensar nas doenças linfo proliferativas de modo geral, deve-se pensar em morfologia, imunofenótipo e achados citogenéticos. Não adianta pedir biópsia de linfonodo e pedir avaliação anatomopatológica isolada, sempre que for solicitada a avaliação anatomopatológica, deve-se pedir junto à análise imuno-histoquímica, visto que o material da biópsia receberá vários corantes e cada corante vai se ligar a um marcador de superfície diferente. Linfomas agressivos x indolentes Qualquer linfoma pode se transformar de indolente para agressivo, no entanto, isso depende de muitas coisas inclusive do organismo do hospedeiro. A apresentação clínica é muito variável p.ex. linfoma do manto está dentro dos indolentes, no entanto, existe linfoma do manto que são extremamente agressivos. ➔ Ki67: Deve ser avaliado nas biópsias. É chamado de índice de proliferação mitótica, é um índice que vai medir quantos % de células estão se multiplicando naquela amostra. Quanto maior a mitose, maior o Ki67 e diz-se que a doença tem uma característica agressiva. No entanto, quanto menor for a mitose, significa que é uma célula que não se multiplica tão rápido, assim, o Ki67 fica baixo e será um linfoma indolente. Ki67 superior 85% indica um alto grau de mitose e consequentemente uma maior gravidade. Quanto maior o Ki67, mais mitoses e maior a agressividade. ➔ Linfoma indolente: São aqueles linfomas em que os pacientes vão passar de 10 a 20 anos com linfonodos que não crescem e nem causam sintomas e por um acaso, ao ir ao médico, foi percebido que havia aumento de linfonodos. Na maioria dos casos o paciente convive com esse quadro sem nem perceber. Correspondem a 35-40% dos linfomas não Hodgkin e apresenta sobrevida em anos. ➔ Linfoma agressivo: Apresenta uma sobrevida em meses. Os linfomas muito agressivos correspondem a 5% dos linfomas não Hodgkin e a sobrevida é em semanas. 3 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA➔ Linfoma de Hodgkin: É distinto por vários motivos, principalmente pelo fato de ter uma célula, que é a “célula de Wittenberg” ou olho de coruja, como é chamada. Dentre todos os linfomas esse é o que possui o melhor prognóstico. Apresentação clínica ➔ Linfoma de Hodgkin: A maioria dos pacientes chegam assintomáticos, com linfonodomegalias (maioria dos casos é cervical) ou com massas que foram percebidas em mediastino. A linfonodomegalia nesses pacientes ocorre em regiões próximas e se espalha nesse sentido de forma contínua e progressiva. A febre presente nesses casos, normalmente ocorrem à noite. Tem-se ainda uma situação especial de febre chamada de “febre de pel-ebstein”, a qual progride e remite ao longo de 1 a 2 semanas. Além disso, o paciente pode apresentar um quadro de dor nos linfonodos ou ossos acometidos após o consumo de álcool. ▪ Sintomas constitucionais ou sintomas B: 40% dos pacientes apresentam esses sintomas, sendo eles: - Febre → normalmente febre noturna. - Sudorese noturna. - Perda ponderal de pelo menos 10% do peso nos últimos 3 a 6 meses. Prurido NÃO faz parte dos sintomas constitucionais, no entanto, é um sintoma bastante comum. (10-15%) Se há suspeita de linfoma, deve-se perguntar sobre os sintomas B, visto que são marcadores de gravidade e definem prognóstico. ▪ Diagnóstico diferencial: - Timoma - Linfoma. - Teratoma. - Tireóide. - Lipoma. - Fibrona. Atenção! Sempre que estiver diante de um paciente com massa em mediastino anterior, deve-se excluir esses 4 diagnósticos diferenciais. ➔ Linfoma não Hodgkin: Não possuem uma característica clínica que chame tanta atenção. No entanto, quando se tem a forma agressiva, há massas de rápida progressão, sintomas B e síndrome de lise tumoral (aumento do fósforo, potássio e ác úrico). Para que se tenha síndrome da lise tumoral, é necessário que se tenha os critérios laboratoriais ou clínicos. Assim, pode ser que apesar de não ter pedido exames laboratoriais para o paciente, do nada ele faça uma arritmia cardíaca, convulsão, escórias nitrogenadas e para de urinar. No caso dos indolentes, o paciente foi nem percebe que possui linfonodomegalia e isso foi percebido pelo médico em uma consulta aleatória. Nesse caso o linfonodo não aparece e fica, mas sim aparece e desaparece. Seu crescimento é lento e progressivo. Tem tempo para se disseminar no organismo, por isso é comum que haja visceromegalia. Pode haver também citopenias. Como diagnosticar? ▪ Sempre por biópsia excisional. ▪ Sempre solicitar anatomia patológica + análise imuno-histoquímica. Como estadiar? Diz-se qual o grau de acometimento desse linfoma. ➔ Positron emission tomography (PET CT): Faz-se a tomografia e adiciona um corante a base de açúcar chamado de FDG (fluorodeoxiglicose), esse açúcar tem uma afinidade grande por tecidos que se multiplicam muito rápido. É o exame preferível para linfomas ávidos. Mas qual o problema? O problema é que ao PET + FDG para todo mundo, se a pessoa tiver uma faringite/amigdalite infecciosa e fizer esse exame, ele irá captar nos linfonodos da região orofaríngea. Portanto, é necessário saber a hora exata para solicitá-lo. ➔ TC com contraste não ávidos: Para os linfomas indolentes, pois, esse o FDG não marca em células que se multiplicam devagar. De uma forma geral todos os linfomas são ávidos, exceto LLC, Waldestron – linfoplasmacítico, micose fungóide e linfoma de zona marginal. Atenção! Todo linfoma, ainda que indolente, pode se transformar em uma doença mais agressiva, p.ex. pode-se ter uma LLC que sofreu uma transformação e nesse momento da transformação o PET vai captar. Por isso, na dúvida é importante pedir o PET CT para todo mundo, exceto quando o paciente chegar com uma biópsia que evidencia alguns dos linfomas não ávidos, solicitando a tomografia com o contraste nesse caso, mas para evitar perder tempo o PET CT melhor se aplica. ➔ Classificação de Ann Arbor: É uma classificação que é feita com base no acometimento. 4 5º SEMESTRE 2021.2 – UNIFTC HEMATOLOGIA JULIANA OLIVEIRA ▪ Estágio I: Quando há apenas um grupo de linfonodos acometidos. → doença limitada. ▪ Estágio II: Quando há mais de um grupo de linfonodos acometidos acima do diafragma. → mesmo lado do diafragma. ▪ Estágio III: Grupos de linfonodos que fiquem acima e abaixo do diafragma p.ex. um inguinal e outro cervical. → ambos os lados do diafragma. ▪ Estágio IV: Órgãos linfoides secundários acometidos. → envolvimento de órgãos extralinfáticos.
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