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Filme: Eu não sou seu negro - Resenha

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Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais 
 
Texto do Filme “Eu não sou seu negro” 
 
O documentário “Eu Não Sou Seu Negro“, que foi escrito e dirigido por um homem negro 
(Raoul Peck), descreve as relações étnicas durante a luta dos direitos civis pela população negra nos 
Estados Unidos com enfoque na vida de Medgar Evers, Malcom X e Martin Luther King. O foco do 
filme é mostrar ao telespectador a relação da luta dos movimentos negros do passado com os dias de 
hoje. O filme traz cenas da história americana, pautada pela escravidão, pelas leis segregacionistas, 
pela violência policial e pelo racismo implantado na sociedade. Ele resgata o legado de dor e 
exploração que a comunidade negra é submetida até os dias atuais como fruto e responsabilidade da 
branquitude e do sistema capitalista. Uma frase do filme que expressa toda essa desvalorização da 
vida negra é a seguinte: "Antes precisavam da gente para colher algodão, agora que não precisam 
mais estão nos matando". 
A forma de tratar os negros nos EUA foi extremamente violenta, mesmo pós-escravatura. A 
diferença entre brancos e negros na sociedade norte americana sempre foi mais polarizada que a 
brasileira, até mesmo pela legislação do sul dos Estados Unidos que delimitava os espaços 
que os negros podiam frequentar, como bares, hotéis, escolas, ônibus e até mesmo praças, 
como um sinal claro da segregação racial, que perdurou mesmo com o término da escravidão. 
Nos Estados Unidos, uma pessoa negra com a cor da pele mais clara é tratada como tal se 
tiver ancestrais negros, porque o povo americano costuma achar que raça tem mais a ver com 
a questão biológica. A diferença é que no Brasil, pensa-se mais em termos de cor, aparência e fator 
econômico. A cultura americana tem um sistema binário, ou seja, ou alguém é branco ou é negro. O 
documentário enfatiza também a discussão do termo negro, nos EUA a palavra negro é extremamente 
ofensiva, pois é um termo usado para se referir aos escravos. No Brasil, apesar da história similar da 
escravidão, é utilizado os termos negro e preto; pois houve um movimento político que perdurou por 
mais de quatro décadas para ressignificar, normalizar e embelezar o uso desses termos. 
A hierarquia entre branco superior e negro inferior que era evidente na época da 
escravidão nos dois países, não desapareceu nos tempos atuais, pois continua veladamente 
mantendo o branco com seus privilégios. Na sociedade atualmente tem se apenas uma igualdade 
jurídica, amparada constitucionalmente, ou seja, que todos são iguais perante à lei, mas não iguais 
em oportunidades. O negro continua com menos espaços na mídia, menos cargos de expressão 
nacional e estereotipados como símbolo de pobreza , falta de educação, marginalidade e 
violência. 
A tensão e a emoção tomam conta durante as cenas que tornam as pessoas brancas desumanas, 
na medida em que nos são transmitidas imagens de negros enforcados em árvores, negros que 
sofreram linchamento, jovens apanhando da polícia, pessoas brancas agredindo e cuspindo em 
pessoas negras. Temos como exemplo o primeiro dia de aula da estudante negra Dorothy Counts, na 
Universidade de Harry Harding, na Carolina do Norte (EUA), em 1957, que foi hostilizada e insultada 
Projeto “Cinema e ensino de história” 
Disciplina: História Turma: 3º ano Administração 
Aluno(a): Ana Flávia Norberto Umbelino 
Data de Entrega: 13/06/2020 Professora: Luciane Silva de Almeida 
https://en.wikipedia.org/wiki/Raoul_Peck
flavi
Retângulo
flavi
Retângulo
a todo instante, tentando fazer com que ela se sentisse inferior e não pertencente àquele lugar. O que 
não difere muito dos dias de hoje, em que o sistema de educação reforça as desigualdades entre 
brancos e negros. Os brancos concentram os melhores indicadores e é a população que mais vai à 
escola. 
O racismo está projetado na mente da sociedade branca. Por exemplo: por que um homem 
branco não acredita que possa existir uma mulher negra médica, que ela tem a mesma capacidade de 
uma mulher branca? Por que, na maioria das vezes, um homem negro se interessa afetivamente muito 
mais por uma mulher branca? Por que quando as pessoas vêm um garoto negro e pobre na rua elas 
ficam com receio e suspeita dele? 
O documentário em si não só expõe a violência vivida na época, mas também intercala com 
os dias atuais, como a violência policial que gerou o movimento Black Lives Matter. Atualmente, 
vemos a repressão policial que a comunidade negra vive e a regressão que se encontra o atual governo 
dos EUA. Isso não é apenas em um país ou outro; é no mundo inteiro. Após a divulgação de um vídeo 
que mostra um homem negro sendo imobilizado por um policial branco com os joelhos em seu 
pescoço, durante 8 minutos e 46 segundos, em Minneapolis, nos Estados Unidos, uma onda de 
protestos começou no país em 25 de maio. O “eu não consigo respirar”, últimas palavras de George 
Floyd, virou grito de guerra para os manifestantes, que se espalharam por várias cidades do mundo. 
Não há dúvida de que a população negra é o principal alvo da violência e da letalidade policial, 
o mecanismo de poder do racismo do Estado veicula a negritude (sobretudo jovem e masculina) ao 
crime e ao perigo. As autoridades policiais criaram um estereótipo de que todo negro é suspeito até 
que se prove ao contrário, como um estigma social, evidenciado na cor da pele e na condição social. 
Outroassim, é importante considerar que o privilégio branco não significa que a vida de uma 
pessoa não negra não é complicada, e sim que o tom da pele não é um dos fatores que a tornam ainda 
mais difícil. Ele existe como fruto direto do racismo, preconceitos e práticas ao longo da história 
feitas para oprimir negros. A população branca está representada em todas as mídias, assume os 
melhores cargos de trabalho, os produtos em sua grande maioria destinam-se à ela, herdam 
naturalmente poder e riqueza, suas ações não são estigmatizadas como típicas de sua raça e não é 
costumeiramente rotulado como bandido ou indivíduo suspeito em locais públicos. 
A questão racial é um dos desafios fundamentais a serem superados para o enfrentamento das 
profundas desigualdades que marcam o mundo. O papel do Estado na promoção da equidade racial é 
o de incidir sobre as relações e desorganizar os sistemas de discriminação que as perpetuam. Trata-
se, por exemplo, de contribuir para o avanço dos processos de uma educação básica de qualidade 
social para todas as crianças e para a superação da desigualdade racial nas escolas. No que se refere 
ao emprego e à ocupação, fazer com que a população negra se insira mais ativamente no mercado de 
trabalho em relação ao acesso a emprego, condições de trabalho, remuneração e capacitação. Visto 
que, no contexto brasileiro as desigualdades econômicas e sociais permanecem como sintoma do 
processo de escravidão do povo negro africano, e são repetidamente atualizadas pela ausência de 
acesso à educação de qualidade, à saúde integral, à propriedade e aos meios de produção de bens e 
ao trabalho digno. Outra forma é ampliar a representação simbólica e política da população negra, 
pois a escravidão e o racismo construíram as bases de uma sociedade marcada pela exclusão, 
subalternização e violência sobre a população negra em diversas esferas da vida social. A construção 
de uma memória seletiva e branca também encobriu a importância de lideranças negras em momentos 
cruciais da história do país, e impede até hoje sua presença em espaços sociais. 
Eu Não Sou Seu Negro mostra que ainda há muitos paradigmas a serem quebrados, e o mais 
importante: a conscientização. Devemos fortalecer movimentos antirracistas, pois essa problemática 
não deve ser uma questão para a população negra, mas deve estar no centro das preocupações de toda 
a sociedade. É preciso seconscientizar que o racismo existe e que, de fato, está mais presente do que 
https://www.pragmatismopolitico.com.br/tag/violencia
https://www.pragmatismopolitico.com.br/tag/violencia-policial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Black_Lives_Matter
https://www.pragmatismopolitico.com.br/tag/eua
https://g1.globo.com/tudo-sobre/estados-unidos/
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-249783/
https://www.pragmatismopolitico.com.br/tag/racismo
nunca. O racismo elege, a partir dos corpos, quem morre e quem vive. A bala perdida tem nome, 
endereço e etnia. 
Para finalizar, gostaria de compartilhar um texto que me emocionou muito quando li em uma 
rede social, segue o texto: 
“Em algum lugar da estrada, deixaram o amor morrer. 
Causas múltiplas de violência. 
Espancado. Humilhado. Deixado de lado sozinho. 
Estirado no chão, no lugar onde muitos queriam vê-lo. Sufocado pela solidão e por um joelho 
dobrado para matar. 
Não foi socorrido. Impedido de falar, ninguém ouviu sua voz, que sussurrava aos gritos. 
Mas ela ecoou quando ele se foi. Muitos dobraram seus joelhos, agora para orar por ele. 
Porém, ainda no chão, foi saqueado. Houve quem usasse o que era dele para benefício próprio. 
Sua morte deu voz a quem queria engajamento. 
Mas com a força que sempre teve, sua morte deu voz também a muitos engajados. Pela causa. Por 
um novo futuro-presente. Pela paz. 
Aquele fim não seria em vão. Porque o amor sempre renasce, todo o dia. 
E é morto de novo. 
Causas múltiplas de violência. 
Quase sempre julgado culpado, dessa vez é inocente. Afinal, a câmera prova. 
Incapaz de se defender, feito criança pequena, é traumatizado pelo abandono, ou pela queda do 9º 
andar. No elevador de serviço, sua alma sobe aos céus, enquanto o corpo despenca ao chão. É forte, 
é duro. Cruel. 
Espantosa, a notícia se espalha escondendo alguns nomes. Mas nem sempre foi assim. 
Noutra morte sua, o furo de reportagem estampou seu nome e sua cara na capa. Os 80 furos de fuzil 
não lhe deram direito de resposta. 
Um jornal preto X branco. Mas também em muitas cores. 
No obituário diário, sem esforço se vê: o amor morreu muitas vezes. 
No filho assassinado pelo pai (era gay). Na mulher que o marido torturou e matou (foi ciúmes). Na 
mãe espancada pelo filho até a morte (por um hambúrguer). No cachorro chutado até morrer no 
mercado (era de rua). No filho morto pela mãe e sua madrasta (era um empecilho). Na neta abusada 
pelo avô (usou shortinho). No pedreiro que a polícia deu sumiço (cadê Amarildo?). Na ida a praia 
no meio do isolamento (precisava do bronze). Na insensibilidade pela dor do próximo (e daí?). 
Com tantas pauladas, o amor morre todo dia. 
Em mim, em você, no mundo. 
Mas ele viverá de novo. E de novo, e de novo, todo dia também. 
Seremos resistência. Seguiremos Lutando.”

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