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Ação revocatória- falência A ação revocatória é o único caminho para considerar ineficazes os atos praticados pelo falido no termo legal (que é o período de 90 dias anteriores à decretação da falência em que todos os atos do falido são considerados nulos). Ela é utilizada como meio de evitar a frustração da execução concursal do processo de falência. De acordo com o inciso II do artigo 99 da Lei, a sentença que decretar a falência deverá fixar o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados. Segundo Manoel Justino Bezerra Filho:o termo legal da falência é "aquele período dentro do qual determinados atos que oneram os bens do devedor são tidos como ineficazes, por se entender que foram praticados em prejuízo da massa.“ Neste contexto, a ação revocatória é o meio utilizado para declarar a ineficácia dos atos praticados com a finalidade de frustrar a execução concursal do processo de falência na medida em que ferem o princípio da par conditio creditorum, que estabelece tratamento igualitário entre os credores dentro de suas respectivas classes. Ementa: DIREITO.EMPRESARIAL.FALÊNCIA. AÇÃO REVOCATÓRIA COMPROVAÇÃO FRAUDE. A ação revocatória é instrumento do qual pode se valer o síndico, ou, em caso de omissão do mesmo, qualquer credor, para o escopo de tornar ineficaz, perante a massa, atos que se revelem lesivos ao patrimônio do falido, quando, objetiva ou subjetivamente, o reduzam ao estado de insolvência. É dizer, tal procedimento busca exatamente assegurar aos credores da sociedade devedora a manutenção do patrimônio que, ao tempo da celebração dos negócios entre aqueles e esta, serviu de garantia para o cumprimento das obrigações assumidas. Nos termos do disposto no art. 53 do decreto-lei 7.661/45 não há delimitação de tempo para declaração de ineficácia dos atos em relação à massa, na medida em que se intenta desconstituir a eficácia de atos comprovadamente fraudulentos entabulados entre o devedor e o terceiro que com ele acorda. Destarte, comprovado que a cessão de crédito se deu com o intuito de fraude, a fim de prejudicar os credores da massa falida, deve ser mantida a declaração de ineficácia da mesma em relação à massa. Processo nº 1.0024.06.149621-2/002, Relator(a): Des.(a) Maria Elza, data de Julgamento: 13/05/2010, data da publicação da súmula: 27/05/2010 Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência; V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência; VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo. Fundamentação O artigo 129 traz as hipóteses de natureza objetiva, pois não há necessidade da presença do conluio fraudulento entre os agentes, não há necessidade de prova de que o terceiro tinha ou não conhecimento do estado de crise da empresa. Ou seja, basta a ocorrência das hipóteses acima. E também que tenha ocorrido no termo legal da falência ou dois anos anteriores a quebra (incisos:IV e V). Hipóteses objetivas Pode ser declarada até no curso de um processo “de ofício” pelo juiz. Segundo Fábio Ulhoa Coelho: pode resultar também do julgamento de qualquer ação, autônoma ou incidental, promovida pela massa falida, em que for pleiteada sua declaração. A massa falida pode, por exemplo, mover ação para reivindicar o bem indevidamente apartado do patrimônio do falido do sujeito que o titula, fundamentando seu pedido na ineficácia do negócio jurídico praticado Caso o 3º tenha agido de boa-fé: Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Nesse caso faz-se necessário que este tenha agido em conluio fraudulento (consilium fraudis), com um terceiro vindo a causar prejuízos à massa falida (eventus damni) e que haja pronunciamento judicial referente a isso. Sendo assim, o juiz não poderá agir de ofício como nas hipóteses do artigo 129. artigo 130- hipótese subjetiva Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida: I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar os credores; III – contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II do caput deste artigo. Legitimidade ativa e passiva Procedente - as partes voltarão ao estado anterior sendo determinado o retorno dos bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e danos. Da sentença caberá recurso de apelação no prazo de quinze dias. OBS: Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei processual civil, o seqüestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiros. Consequências Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declarado ineficaz ou revogado. Art. 136.§ 2º É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danos contra o devedor ou seus garantes. Observações
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