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Chernobyl: uma visita ao inferno

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Para quem gosta de aventura e não se importa se depois dela vai sobreviver ou não, 
encontram-se no mundo muitos destinos para os aventureiros desse estilo e ao contrário 
do que a maioria dos seres que lutam para sobreviver, eles se colocam em risco de morte 
em suas aventuras, de propósito. Isso fica um pouco fora do que todos fazem que é tentar 
sobreviver todos os dias, driblando milhões de vírus e bactérias, cada dia é sempre uma 
luta maior, pela sobrevivência.
Um destes destinos (que está atraindo um crescente número de turistas aventureiro) é o 
local onde ocorreu o maior acidente nuclear da história humana. É um destino arriscado, 
pois a radiação após trinta anos do acidente ainda é muito alta e mesmo onde ela está em 
baixas doses, nada garante que é seguro e o destino pode ser considerado um passeio 
pelo inferno.
Segundo o repórter da revista Trip on-line Aiuri Rebelo (2010) em matéria publicada com o
título “Bem-vindos a Chernobyl” deixa transparecer como é a emoção das pessoas que 
fazem parte deste tipo de “passeio”.
Sua narrativa começa de forma inocente e sem preocupações dizendo: “Em uma manhã do
verão europeu deste ano, um grupo de turistas aguarda animado o passeio. O ponto de 
encontro é em frente ao hotel Kozatski, no centro de Kiev, capital da Ucrânia.” Nada deixa 
transparecer sobre o destino da viagem e muito menos sobre a sua arriscada 
programação. Parece mais uma das milhares de viagens de férias que milhões de pessoas 
fazem todos os dias pelo mundo.
Porém logo em seguida a narrativa começa a revelar que essa não é uma viagem comum, 
nem seu destino e um dos locais que todas as famílias procuraria para passarem suas 
férias. Porém ainda não está claro tudo sobre o destino ou os turistas ainda não têm a 
noção exata do que estão para fazer. Segundo Rebelo (2010) “A excitação é geral, e nada 
denuncia o que está por vir.” Mas isso está para mudar dentro de poucos segundos.
Alguns dos candidatos a excursão podem não ter ideia do que estão prestes a fazer com 
suas vidas “Até que Sergei Ivanchuk, o guia, lê a lista de regras da excursão. “Levem água 
potável”, começa ele. “Você só pode ir se não tiver contraindicações para radiação 
ionizante”, continua, sério. “E, se estiver contaminado no fim do dia, não poderá deixar o 
perímetro.” (Rebelo, 2010) Simples assim, agora não há mais inocência e ninguém pode 
falar que não sabia no que estava se metendo e muito menos que não sabia que o passeio
poderia comprometer sua saúde.
Com essa propaganda antes de iniciar a excursão, com toda certeza poderia convencer as 
pessoas a não fazerem essa arriscada viagem, mas apesar do baque inicial, acompanhado 
das primeiras e nefastas recomendações do guia eles continuam. Segundo o próprio guia 
que trouxe as primeiras recomendações não muito bem-vindas, o repórter 
categoricamente afirma que “Apesar disso, Sergei garante que nada vai acontecer.” 
(Rebelo, 2010) Essa afirmação parece um contrassenso, pois como pode alguém passar em
um local arriscado, com altos riscos de contaminação e o guia afirmar que nada vai 
acontecer?
Mesmo com a tentativa de tranquilizar os turistas o guia tem que passar as 
recomendações de segurança para todos e ele prossegue: “Não peguem em nada, evitem 
andar fora do concreto e nunca se afastem de mim”. Também é proibido fumar. “Se você 
está aqui, sabe que irá se expor à radiação e o fará por livre e espontânea vontade.” 
(Rebelo, 2010) 
Portanto, todos estão avisados, mas ainda há um pronunciamento final, com a 
conhecidíssima frase “Não nos responsabilizamos por qualquer possível efeito nocivo à 
saúde dos visitantes”, finaliza.” (Rebelo, 2010) Em outras palavras, se você ficar doente, 
contaminado ou morrer, é problema seu! Mas claro, nem um dos turistas voltam a trás (sic)
e após o “Termo de responsabilidade assinado, é hora de ir.” (Rebelo, 2010)
Com todo o grupo em marcha, após as devidas medidas de segurança e recomendações, o
repórter segue a narrativa:
Estamos a caminho da área de exclusão de Chernobyl, um bolsão de radioatividade 
criado pelo pior acidente nuclear da história. Na madrugada de 26 de abril de 1986, 
operários da usina nuclear realizavam testes no reator número 4 quando perderam o
controle do processo da fusão do urânio e o reator explodiu. Toneladas de material 
radioativo foram jogadas na atmosfera. Segundo relatório de 2006 da AIEA (Agência 
Internacional de Energia Atômica da ONU), das centenas de trabalhadores da usina e
bombeiros que combateram o incêndio de 15 dias, 28 morreram por causa da 
radiação. A estimativa otimista prevê que mais de 4 mil pessoas desenvolveram 
câncer ou irão desenvolver a doença por conta do acidente. Foi criada uma área 
proibida de 30 quilômetros ao redor do reator 4, conhecida como Zona. Mais de 100
mil pessoas tiveram que abandonar a região e a área contaminada ficou fechada por 
16 anos. Desde 2002 está liberada para visitação, e agora é um dos destinos 
turísticos mais procurados da Ucrânia. No comecinho foram poucos turistas. Dois 
anos depois, segundo o governo, mais de 800 visitantes já tinham passado pelo 
local. Em 2009, 7.500 pessoas de todo o mundo estiveram lá. E a expectativa é que 
neste ano o número de turistas cresça ainda mais.
Autor em Título da fonte
Mesmo com o risco de contaminação em toda área de Chernobyl, hoje “Qualquer maior 
de 18 anos pode conhecer o cenário de pesadelo nuclear. Na Solo East Travel, uma das 
agências que oferecem o passeio, o pacote sai por US$ 150. Dá direito aos vistos de 
entrada na Zona, transporte, almoço, acompanhamento de um guia que fala inglês e a 
promessa de estar de volta ao hotel são e salvo antes do anoitecer.” Ainda se você for do 
tipo de turista que gosta de pesquisar o lugar em que visita, “Por US$ 10 a mais, é possível 
levar o seu próprio medidor de radioatividade portátil. No verão, a procura cresce e há 
excursões quase todo dia.” (Rebelo, 2010) Afinal de contas, nada pode acontecer e você 
somente está visitando a maior área contaminada pela radiação, o que pode dar errado 
nisso? Segundo as agências de turismo, nada. 
Mesmo com o crescente número de turista o acesso ao lugar ainda é precário e a narrativa
prossegue: Chernobyl fica a cerca de 100 km de Kiev. A viagem, por uma estrada péssima, 
leva duas horas.” Mesmo assim “Ivanchuk, nosso guia, olha despreocupado pela janela. De 
calça camuflada e camiseta estilo militar, é um homem atarracado, com pele muito clara e 
cabelo entre ruivo e loiro. Com 42 anos, fala só o necessário e não faz questão de ser 
simpático. Dos 18 turistas, seis são mulheres. Há poloneses, alemães, holandeses, norte-
americanos e australianos.” Para o guia é somente mais uma das muitas viagens que já fez 
ao lugar do acidente.
Para os turistas também não parece ser uma viagem muito diferente e a paisagem 
contribui para isso, pelo menos no início. “No caminho, pastagens, fazendas e bosques. 
Nada lembra o apocalipse. Mas a primeira coisa que passa pela cabeça ao chegar à 
fronteira da área de exclusão, cheia de placas com o clássico símbolo nuclear, é que há 
algo muito errado.” (Rebelo, 2010) Mais um sinal de que esta não é uma aventura 
qualquer.
Em pouco tempo e “Após uma rápida checagem de passaportes, seguimos viagem, agora 
de janelas fechadas, para evitar a poeira radioativa. Mario Stiller, programador de 
computadores alemão de 30 anos, era um dos mais animados. Resolveu vir de Düsseldorf, 
na Alemanha, para um fim de semana em Kiev. “Vi um voo por 60 euros. Resolvi conhecer 
a Ucrânia de farra e no hotel fiquei sabendo do tour. Sei lá, pareceu interessante.” (Rebelo, 
2010) 
Isso mostra o quanto muitas pessoas conhecem sobre a radiação, ignoram completamente
o que pode acontecer com seus corpos, se forem ultrapassados os níveis de tolerância de 
seus organismos. Mas aqui a ignorância é uma benção, pelo menos para quem está 
ganhando dinheiro com os passeios pela região.
Preocupações deixadas de lado e “Após mais uns quilômetros, paramos em Chernobyl, 
pequena cidade onde viviam14 mil pessoas. Hoje o lugar é utilizado como base por 
cientistas, militares e trabalhadores da usina. Ali, como na fronteira, fotos são proibidas, e 
os níveis de radiação, próximos do normal.” (Rebelo, 2010)
Mas o perigo espreita em todos os cantos e é bom o turista manter seu olhos bem aberto 
e suas mãos o mais próximo possível de seus corpos. Segundo Rebelo (2010) “Ao longo do
passeio, existem locais onde os níveis de radiação são mais de cem vezes acima do normal.
No mato, no musgo e na terra em geral, há muito mais radioatividade do que no chão de 
concreto ou no asfalto.” Não existe lugar nesta área que seja cem por cento seguro, nada 
garante que mesmo o mais baixo nível de radiação deixe de fazer mal a alguns dos 
visitantes. Sem falar que quanto mais cresce o número de visitantes, fica mais difícil o 
controle e consequentemente, maior possibilidades de acontecer um acidente.
Mesmo as pessoas que ficam na base militar tem um programa específico para seguir. 
Segundo Rebelo (2010) “As pessoas, quase todos homens, vivem ali durante períodos que 
vão de quatro a 15 dias. Depois saem por três meses para se descontaminar antes de 
voltar. Ali, acredita-se que bebidas alcoólicas fortes como vodca ajudam a tirar radiação do
corpo, assim como a vitamina C. Também há toda uma estrutura para dar apoio ao pessoal
que trabalha no local. “Na vila existe posto médico e policial, cinema improvisado, dois 
bares e restaurantes. No centro de recepção ouvimos a história do lugar. É a hora de tirar 
dúvidas sobre a radioatividade no tour.” (Rebelo, 2010) Para os excursionistas agora não há
mais volta, todos já estão dentro da zona contaminada.
Segundo os pesquisadores “Uma dose letal de radiação começa a partir de 300 roentgens 
(medida de radioatividade) por hora por algumas horas. Acima 500 roentgens/hora, a 
morte é certa.”(Rebelo, 2010) Segundo as informações que são passadas aos turistas 
“Durante o tour a radiação varia de dez a centenas de microrroentgens. Enfim, a radiação 
absorvida durante o passeio de seis horas não é tão grande, apesar de muito maior do que
o normal. O risco seria a exposição continuada, já que a radiação ionizante é cumulativa no
corpo.” (Rebelo, 2010)
Porém esse não é todo o perigo do lugar. “Dentro da zona de exclusão, existem bolsões de
altíssima radioatividade, capazes de matar qualquer planta ou animal em poucos minutos, 
mas no geral os índices são seguros, garantem as agências de turismo. Sergei jura que a 
radiação recebida durante um dia é a mesma de um voo entre Estados Unidos e Europa.” 
(Rebelo, 2010) Porém ele não é um pesquisador, e sim, um guia turístico, que sobrevive da 
renda dos passeios e seu papel é tranquilizar os turistas.
Seguindo o Tour por Chernobyl e logo “Depois do almoço, a van para em frente ao 
monumento aos 28 bombeiros e funcionários da usina que lutaram contra o incêndio 
atômico. Todos morreram até cinco dias depois da explosão.” (Rebelo, 2010) Esses foram 
os heróis de Chernobyl, lutaram contra uma força monstruosa e pagaram com suas vidas. 
Porém não foram mortes tranquilas, morreram em paz, pelo contrário, “Eles absorveram 
doses letais de radioatividade em alguns minutos. Poucas horas depois começaram as 
náuseas, vômitos, queimaduras na pele, queda de cabelo, distúrbios neurológicos e muita 
dor. O organismo entrou em colapso e se decompôs com eles ainda vivos.” (Rebelo, 2010) 
Uma horrenda forma de morrer e também um lembrete do poder destrutivo da radiação 
nuclear.
Com o prosseguimento do passeio “A van segue em direção à usina nuclear e chega à 
barreira dos 10 km em torno do epicentro da explosão. Nova checagem de documentos e 
estamos na usina.” (Rebelo, 2010) Começa a se descortinar aos olhos do turista o que 
aconteceu na explosão do acidente, ou pelos menos, uma noção do inferno que aconteceu
no lugar. Mas não foi somente porque um dos reatores explodiu que a usina parou 
automaticamente de funcionar, pelo contrário, “Os reatores 1, 2 e 3 continuaram a 
funcionar mesmo após a explosão. Só em 1992 o reator 1 foi desligado. O número 2 
operou até 1996, e a usina só foi definitivamente desativada em 2000, quando o reator 3 
parou de funcionar.”
Mesmo após mais de trinta anos terem se passado desde o acidente “Por aqui, o número 
de soldados e trabalhadores é grande. Ainda há toneladas de combustível nuclear, prontas
para serem utilizadas dentro dos reatores 2 e 3.” (Rebelo, 2010) O monstro adormece, mas 
ainda está vivo! Com todos agora conhecendo a história de Chernobyl e sabendo 
evidentemente dos riscos de visitarem o local, “Agora é hora de conhecer o reator 4. No 
caminho passamos pelos esqueletos dos reatores 5 e 6, em construção na época do 
acidente.” (Rebelo, 2010) O reator número 4 foi o que causou a explosão da usina, 
desencadeando um inferno de radiação liberado na atmosfera da região.
Para o repórter Rebelo (2010) “O coração das trevas não parece tão terrível assim. É 
possível chegar bem perto, a menos de 100 m. Há um monumento em frente ao local, com
guarita e guardinha de plantão.” Mas isso é mera ilusão, pois logo “Depois do incêndio, 
helicópteros soterraram a lava radioativa que restou com areia e chumbo até ela esfriar e 
virar rocha. Foi construído um sarcófago de concreto e chumbo em torno do local. Ali 
dentro, jazem dezenas de toneladas de material altamente radioativo. Alguns segundos de
exposição seriam fatais.” (Rebelo, 2010) O perigo ainda é muito real.
Mas como em qualquer lugar do mundo, alheios ao perigo, ignorando os riscos “Os 
turistas capricham nas fotos com o cartão-postal do inferno ao fundo.” Mas logo surge 
novo alerta de que não estão visitando um lugar qualquer, pois “Perto dali, passamos de 
van pela Floresta Vermelha, onde o medidor de radiação dispara e começa a apitar. O nível
de contaminação é quase 200 vezes acima do normal. Logo após a explosão, uma lufada 
de vento cobriu esse pedaço de floresta com fuligem nuclear, e as árvores e plantas 
ganharam uma coloração avermelhada e tornaram-se altamente radioativas.” (Rebelo, 
2010)
Apesar de ser mais conhecida mundialmente Chernobyl, não foi somente ela que foi 
esvaziada de um momento para o outro. Outra cidade também teve que ser evacuada às 
pressas. Estou falando de “Pripyat, onde viviam 45 mil pessoas, é uma legítima cidade 
fantasma. A poucos quilômetros dos reatores, foi evacuada às pressas, mas somente 30 
horas após a explosão. Ninguém foi avisado do que estava acontecendo.” (Rebelo, 2010) 
Não havendo declarações e nem informações do governo que ficou omisso nos primeiros 
dias após o acidente, “Quando os caminhões do exército chegaram, no amanhecer do 
segundo dia de incêndio, pegaram todos de surpresa. Para agilizar a evacuação, foi dito 
aos habitantes que seria apenas por poucos dias. A cidade foi abandonada para sempre.” 
(Rebelo, 2010)
Mentiroso e irresponsável “O governo soviético escondeu o acidente por vários dias. 
Grandes áreas da Belarus e da Rússia foram contaminadas e evacuadas. Até a Escandinávia
foi atingida, e a nuvem radioativa foi detectada em sensores por toda a Europa.” (Rebelo, 
2010) Somente a pressão internacional fez com que o governo soviético falasse o que 
tinha ocorrido e mesmo assim quando falou, proferiu mais mentiras do que verdades. 
Vinculou informações mentirosas e omitiu fatos extremamente importantes. Ninguém 
sabia em quem confiar e nem em quem acreditar. Somente as vítimas do local sabiam 
realmente a verdade, mas nem elas sabiam a extensão do perigo.
Essa cidade era para ser uma cidade modelo para o sistema soviético. “A cidade projetada 
de Pripyat foi inaugurada nos anos 70 e representava o urbanismo socialista, com grandes 
áreas públicas.” (Rebelo, 2010) Era mais uma das muitas propagandas políticas socialista, 
mas “Hoje, todos os edifícios estão em ruínas e, pouco a pouco, tudo é engolido pelo 
mato.” (Rebelo, 2010) Em nada lembra a cidade antes do acidente nuclear.
Nesta cidade “Ao chegar, encontramos outros três grupos de turistas. O lugar é 
impressionante.São dezenas e dezenas de prédios abandonados a se perder de vista. 
Grandes conjuntos residenciais, blocos comerciais. Tudo vazio, saqueado e tomado pelo 
mato.” Não é uma visão do poderio socialista que eles queriam mostrar com a construção 
de sua cidade modelo. “Seguimos a pé, entre imagens de propaganda socialista da época. 
Existem ruas completamente tomadas pela vegetação, e o silêncio absoluto só é quebrado
pelos pássaros. Há ainda esquilos, raposas, lobos e toda espécie de vida selvagem. E um 
verde exuberante por toda parte. “É como se, com a saída do homem, aqui tivesse virado 
um santuário ecológico.” (Rebelo, 2010)
Surpreendentemente “Os animais parece viver bem aqui na Zona, mesmo em áreas com 
bastante radiação. Há estudos conflitantes. Uns dizem que a vida selvagem não é afetada. 
Outros garantem que mutações estão acontecendo. Na verdade, não sabemos”, explica 
Sergei.” (Rebelo, 2010) Não há certeza de nada, pois nem os pesquisadores conhecem as 
consequências da radiação a longo prazo nos animais, pessoas e plantas.
Também “A quantidade de pernilongos vorazes que picam com violência o tempo todo 
preocupa. Mas o guia ri e diz novamente que não há problema algum. “São só mosquitos. 
No inverno é muito pior, tem lobos por aqui”, conta, rindo.” (Rebelo, 2010) 
Verdadeiramente ninguém sabe sobre tudo o que pode acontecer nesta região nos 
próximos milênios em matérias de mutações genética. A natureza parece se recuperar e 
sobreviver em toda a área afetada, mas de que forma? Ninguém sabe responder e se 
alguém conhece a resposta, não responde.
Dúvidas assolam o repórter que participa da aventura e preocupado expõem suas 
preocupações com o guia e “Pergunto se ele não tem medo. “Faço isso há quase dez anos.
Nunca tive nenhum problema de saúde, tenho mulher e filhos e vivo normalmente”, 
responde, contrariado. E diz que, depois de algumas incursões, sempre respeita uma 
quarentena para descontaminação antes de voltar.” (Rebelo, 2010)  O próprio guia 
reconhece que estes passeios não são completamente inofensivos, caso contrário, ele não 
teria um programa de receitas para descontaminação.
Preocupações deixadas de lado, pelo menos aparentemente, afinal de contas a visita tem 
que continuar, o repórter segue narrando: Passamos por um conjunto de apartamentos e 
chegamos ao parque de diversões. A roda-gigante e o bate-bate ainda estão lá. Depois 
vêm o ginásio de esportes e uma escola, com livros espalhados para todo lado.” Nestes 
locais há muitos indícios de que tudo foi deixado as pressas e as pessoas se foram para 
nunca mais voltar. “Ainda há máscaras de proteção perdidas pelo chão, junto com 
cadernos infantis e bolas de basquete. Nas paredes, cartazes ensinam como colocar a 
máscara contra radiação. Outros mostram como montar corretamente um rifle de assalto. 
Começa a escurecer e Sergei chama todos para a van.” (Rebelo, 2010) Fim do passeio pelo 
inferno!
De volta já “Na fronteira com o mundo real, hora de passar pelo medidor de radiação 
corporal. São máquinas toscas com cara de anos 70. E quem não passar no teste não pode
deixar a Zona até estar mais limpo, o que pode levar dias.” (Rebelo, 2010) Agora 
novamente a realidade se apresenta nua a crua na frente dos turistas e sua saída do 
campo do inferno, depende da aprovação de toscas máquinas antiquadas e que ninguém 
sabe se elas estão registrando a realidade. Afinal de contas com todas as mentiras 
contadas pelo governo soviético, porque deveria acreditar em suas máquinas?
Começa inspeção e “Andy Lawrence, um americano que vive na Bélgica há dez anos, vai 
primeiro e leva um susto. Nível 3, sinal vermelho. Apavorado, é instruído a repetir o teste. 
Depois de segundos intermináveis, nível 2. Ele passa pálido, lamentando ter colocado a 
mão em tudo, de livros a reboco no chão.” Para ele foi somente um grande susto, mas não
quer dizer que está totalmente limpo da contaminação, somente que está com radiação 
em seu corpo em níveis aceitáveis, até onde se sabe.
Em uma visita ao inferno todos saem um pouco queimados e “Os outros passam raspando,
painel aceso no segundo nível de contaminação. Sim, todos estão contaminados com 
índices não tão inofensivos assim. “Em uma semana o nível volta ao normal, eu garanto”, 
bate no peito o intrépido guia. Ninguém faz piadas ou ri durante todo o caminho de volta 
até Kiev.” (Rebelo, 2010) Todos perceberam o que é uma vista ao inferno, mas nem todos 
sabem com toda certeza como foi este inferno, porém seguem pesarosos, afinal de contas,
não saíram tão limpos como eles pensavam. Estiveram no inferno por poucas horas, mas 
saíram completamente chamuscados da visita ao inferno terrestre.
Para saber mais.
REBELO. Aiuri. Bem vindos a Chernobyl. Trip On Line. Disponível em: 
https://revistatrip.uol.com.br/trip/bem-vindos-a-chernobyl Acesso em: 02/06/2018
S
https://revistatrip.uol.com.br/trip/bem-vindos-a-chernobyl

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