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Crimes contra a Administração Pública

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TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A ADNISTRAÇÃO 
PÚBLICA CAPÍTULO 
I - DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO 
PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL. 
 
O último título da Parte Especial do Código Penal diz 
respeito aos crimes contra a Administração Pública 
Devemos entender o conceito de Administração Pública 
em seu sentido amplo, conforme preleciona Diogo de 
Figueiredo Moreira Neto, como o “conjunto de atividades 
preponderantemente executórias, praticadas pelas 
pessoas jurídicas de direito público ou por suas 
delegatárias, gerindo interesses públicos, na prossecução 
dos fins legalmente cometidos ao Estado.” 
Nesse conceito compreende-se tanto a Administração 
Direta (formada pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios) como a Administração Indireta (composta 
pelas autarquias, sociedades de economia mista, 
empresas públicas e as fundações). 
A Administração Pública, conforme preconiza o caput do 
art. 37 da Constituição Federal, deve obedecer a 
princípios que servirão de garantia não só a ela, mas a 
todos os cidadãos, a exemplo, dentre outros, dos 
princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, 
da publicidade e da eficiências 
Crimes funcionais próprios e impróprios 
De acordo com os capítulos constantes do Título XI da 
Parte Especial do Código Penal, os crimes contra a 
Administração Pública podem ser praticados por 
particulares ou mesmo por funcionários públicos. 
Quando estivermos diante de crimes praticados por 
funcionários públicos, estes deverão ser considerados 
como crimes funcionais, devendo ser divididos em: 
crimes funcionais próprios e crimes funcionais impróprios. 
Os crimes funcionais próprios são aqueles em que a 
qualidade de funcionário público é essencial à sua 
configuração, não havendo figura semelhante que possa 
ser praticada por quem não goza dessa qualidade, a 
exemplo do que ocorre com o delito de prevaricação, 
tipificado no art. 319 do Código Penal. Por outro lado, há 
infrações penais que tanto podem ser cometidas pelo 
funcionário público como por aquele que não goza desse 
status, a exemplo do que ocorre com o peculato- -furto, 
previsto no art. 312, § 1º, do Código Penal, que encontra 
semelhança com o art. 155 do mesmo diploma legal, 
denominando-os, aí, impróprios. 
Conceito de funcionário publico 
Conceito de administração pública para o código penal: 
 Devemos entender o conceito de Administração 
Pública em seu sentido amplo, conforme 
preleciona Diogo de Figueiredo Moreira Neto, 
como o “conjunto de atividades 
preponderantemente executórias, praticadas 
pelas pessoas jurídicas de direito público ou por 
suas delegatárias, gerindo interesses públicos, na 
prossecução dos fins legalmente cometidos ao 
Estado.” 
 A adm publica em sentido amplo- envolve todos 
os setores e todas as atribuições do estado 
inclusive a adm. indireta 
 Nesse conceito compreende-se tanto a 
Administração Direta (formada pela União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios) como a 
Administração Indireta (composta pelas 
autarquias, sociedades de economia mista, 
empresas públicas e as fundações) 
O Código Penal, em seus arts. 327 e 337-D, entendeu 
por bem definir, respectivamente, o conceito de 
funcionário público e de funcionário público estrangeiro, 
espancando qualquer dúvida que porventura pudesse 
surgir sem a referida definição legal. 
Assim, preceituam o art. 327 e parágrafos do Código 
Penal: 
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. 
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou 
fundação instituída pelo poder público. 
Funcionário público, portanto, para efeitos penais, não 
somente é aquele ocupante de um cargo, que 
poderíamos denominar funcionário público em sentido 
estrito, mas também aquele que exerce emprego ou 
função pública 
O exercício de uma função pública, ou seja, aquela 
inerente aos serviços prestados pela Administração 
Pública, não pode ser confundido com múnus público, 
entendido como encargo ou ônus conferido pela lei e 
imposto pelo Estado em determinadas situações, a 
exemplo do que ocorre com os tutores, curadores etc 
O § 1º, acrescentado ao art. 327 pela Lei nº 9.983, de 14 
de julho de 2000, criou o chamado funcionário público 
por equiparação, passando a gozar desse status o agente 
que exerce cargo, emprego ou função em entidades 
paraestatais (aqui compreendidas as autarquias, 
sociedades de economia mista, empresas públicas e 
fundações instituídas pelo Poder Público), bem como 
aquele que trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública 
O parágrafo único do art. 337-D equipara a funcionário 
público, para efeitos penais, aquele que exerce cargo, 
emprego ou função em empresas controladas, 
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país 
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais, 
a exemplo da ONU, OMS, FMI etc. 
Princípio da insignificância 
Existe controvérsia quanto à possibilidade de aplicação do 
princípio da insignificância aos crimes contra a 
Administração Pública. Entendemos, com a devida vênia, 
que não podemos fechar as portas do princípio 
simplesmente por estarmos diante de crimes dessa 
natureza. 
O caso concreto, observado de acordo também com o 
princípio da razoabilidade, é que determinará sobre a 
possibilidade ou não do reconhecimento do mencionado 
princípio. 
Assim, a título de exemplo, imagine-se a hipótese em 
que um funcionário público subtraia de sua repartição 
uma caixa de clips, ou mesmo algumas folhas de papel 
para rascunho. Não seria razoável puni-lo com uma pena, 
correspondente ao crime de peculato-furto, que varia 
entre um mínimo de 2 (dois) e um máximo de 12 (doze) 
anos de reclusão, por esse comportamento. 
 Superior Tribunal de Justiça vem rejeitando a 
possibilidade de reconhecimento do princípio da 
insignificância nos crimes contra a Administração Pública, 
dizendo: “O aresto objurgado alinha-se a entendimento 
assentado neste Sodalício no sentido de ser incabível a 
aplicação do princípio da insignificância aos delitos 
cometidos contra a Administração Pública, uma vez que 
a norma visa a resguardar não apenas a dimensão 
material, mas, principalmente, a moral administrativa, 
insuscetível de valoração econômica” (STJ, AgRg no 
AREsp 572.572/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., DJe 
16/03/2016). 
O Título XI da Parte Especial do Código Penal é 
composto pelos seguintes capítulos: 
Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público 
contra a administração em geral (arts. 312 a 327); 
Capítulo II – Dos crimes praticados por particular contra 
a administração em geral (arts. 328 a 337-A); 
Capítulo II-A – Dos crimes praticados por particular contra 
a administração pública estrangeira (arts. 337-B a 337-D); 
Capítulo III – Dos crimes contra a administração da justiça 
(arts. 338 a 359); Capítulo IV – Dos crimes contra as 
finanças públicas (arts. 359-A a 359-H); e Disposições 
finais (arts. 360 e 361). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Peculato 
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, 
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, 
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, 
em proveito próprio ou alheio: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o 
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo- -se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário. 
Peculato culposo 
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o 
crime de outrem: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, 
se precede à sentença irrecorrível, extingue a 
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena 
imposta 
Modalidades 
O art. 312 do Código Penal, inserido no Capítulo I, 
correspondente aos crimes praticados por funcionário 
público contra a Administração em geral, prevê quatro 
modalidades do delito de peculato, a saber: 
a) peculato-apropriação (primeira parte do caput do art. 
312); 
 O chamado peculato-apropriação encontra-se 
no rol dos delitos funcionais impróprios, haja vista 
que, basicamente, o que o especializa em 
relação ao delito de apropriação indébita, 
previsto pelo art. 168 do Código Penal, é o fato 
de ser praticado por funcionário público, em 
razão do cargo 
 A conduta núcleo, portanto, constante da 
primeira parte do art. 312 do Código Penal, é o 
verbo apropriar, que deve ser entendido no 
sentido de tomar como propriedade, tomar para 
si, apoderarse indevidamente de dinheiro, valor 
ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse ou a detenção 
(embora o artigo só faça menção expressa 
àquela), em razão do cargo. 
 O objeto material da conduta do agente, de 
acordo com a redação típica, é o dinheiro 
(cédulas e moedas aceitas como pagamento), 
valor (tudo aquilo que pode ser convertido em 
dinheiro, vale dizer, todo documento ou papel de 
crédito que pode ser negociado, a exemplo das 
notas promissórias, ações, apólices etc.) ou 
qualquer outro bem móvel (isto é, um bem 
passível de remoção e, consequentemente, de 
apreensão pelo agente). 
 Não importa, ainda, a natureza do objeto 
material, isto é, se público ou privado. Assim, 
pratica o delito de peculato o funcionário público 
que se apropria tanto de um bem móvel 
pertencente à Administração Pública quanto de 
outro bem, de natureza particular, que se 
encontrava temporariamente apreendido ou 
mesmo guardado. 
 O agente deverá, ainda, ocupar legalmente um 
cargo público, ou seja, ter sido nele investido 
corretamente, de acordo com as determinações 
legais, pois, caso contrário, não se configurará o 
delito em estudo. 
 b) peculatodesvio (segunda parte do caput do art. 312); 
 A segunda parte do art. 312 do Código Penal 
prevê o peculato-desvio. Aqui, o agente não atua 
com animus rem sibi habendi, ou seja, não atua 
no sentido de inverter a posse da coisa, agindo 
como se fosse dono, mas sim desvia o dinheiro, 
valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito 
próprio ou alheio. 
OBS: As duas modalidades de peculato previstas pelo 
caput do art. 312 do Código Penal são conhecidas como 
peculato próprio, haja vista ter o agente a posse (ou 
mesmo a detenção) sobre o dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem, em virtude do cargo. 
c) peculato-furto (§ 1º); e 
 Peculato improprio 
 Aqui também nos encontramos diante de um 
delito funcional impróprio, haja vista que sua 
distinção fundamental com o delito de furto 
reside no fato de que o funcionário, para efeitos 
de subtração do dinheiro, valor ou bem, deve 
valer-se da facilidade que lhe proporciona essa 
qualidade, pois, caso contrário, haverá a 
desclassificação para o delito tipificado no art. 155 
do Código Penal. 
 O § 1º do art. 312 do Código Penal, ao contrário 
do que ocorre com o art. 155 do mesmo diploma 
legal, utiliza não somente o verbo subtrair, mas 
também concorrer para que seja subtraído o 
objeto material já citado. 
 Assim, pode o agente, ele próprio, levar a efeito 
a subtração, retirando, por exemplo, o bem 
pertencente à Administração Pública, ou 
simplesmente concorrer para que terceiro o 
subtraia, a exemplo daquele que convence o 
vigia de determinada repartição a sair do local 
onde o bem se encontrava guardado, com a 
desculpa de irem tomar um café, a fim de que 
o terceiro possa ali ingressar e subtrair o bem. 
 Ao contrário do que ocorre com as modalidades 
de peculato próprio (peculato-apropriação e 
peculato-desvio), no peculato impróprio basta 
que o agente, funcionário público, tenha se valido 
dessa qualidade para fins de praticar a subtração 
ou concorrido para que terceiro a praticasse. 
Essa situação é fundamental para o 
reconhecimento do delito em estudo, cuja pena, 
comparativamente ao delito de furto, é 
significativamente mais grave, em virtude do 
maior juízo de censura, de reprovabilidade, em 
razão da quebra ou abuso da confiança que nele 
era depositada pela Administração Pública. 
Exemplos: Imagine-se a hipótese do funcionário que, 
almejando subtrair um notebook existente na repartição 
na qual exercia suas funções, durante a noite, arromba a 
porta situada nos fundos do prédio público e, 
rapidamente, dirige-se até a sua sala, conseguindo levar 
consigo mencionado bem sem que o vigia pudesse 
perceber a sua movimentação. Nesse caso, pergunta-se: 
Qual foi a facilidade que lhe proporcionou a qualidade de 
funcionário para que pudesse realizar a aludida 
subtração? Nenhuma. Na verdade, atuou como um 
agente comum, arrombando a porta daquele prédio 
como outra pessoa qualquer. A título de raciocínio, 
suponhamos, agora, que o agente, funcionário, atuando 
com a mesma finalidade de subtrair o mencionado 
computador, dirija-se, à noite, ao prédio no qual exercia 
suas funções, apresentando-se ao vigia, que já o 
conhecia, alegando ter esquecido um documento 
importante em sua sala, razão pela qual havia ali 
retornado para pegá-lo. O vigia, por já conhecer o 
referido funcionário, que, até mesmo, havia feito questão 
de apresentar sua carteira funcional, permite-lhe, 
tranquilamente, o acesso ao prédio, onde o agente, 
colocando o notebook em sua pasta, o subtrai, levando-
o consigo. Nesse exemplo, o funcionário valeu-se dessa 
qualidade para obter sucesso na subtração, razão pela 
qual deverá ser responsabilizado pelo delito de 
peculatofurto 
d) peculato culposo (§ 2º). 
 Com a previsão do peculato culposo procura-se 
fazer com que o funcionário público atue com a 
diligência que lhe é exigida na preservação do 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem público, ou 
mesmo particular, confiado à Administração 
Pública. 
 Dessa forma, será responsabilizado o funcionário 
que, deixando de observar o seu necessário e 
exigível dever objetivo de cuidado, vier, com o 
seu comportamento, a concorrer para que 
terceiro se aproprie, desvie ou subtraia qualquer 
dos objetos acima mencionados. 
 Verifica-se, portanto, a contribuição culposa do 
funcionário, na prática de um delito de natureza 
dolosa, levado a efeito por outrem. 
 No entanto, devemos observar que para que 
ocorra o peculato culposo não há necessidade 
de que o delito principal tenha sido praticado 
também por outro funcionário. Pode ocorrer 
que um particular venha a praticar uma 
subtração de um bem móvel pertencente à 
Administração Pública, em virtude da negligência 
de um funcionário, não se podendo afastar, com 
isso, a responsabilização deste último pelo delito 
de peculato culposo. 
 Assim, imagine-se a hipótese na qual um 
funcionário, negligentemente, se esqueça de 
guardar uma máquina fotográfica pertencente a 
um órgão público, encarregado de levar a efeito 
algumas perícias, para as quais a sua utilização se 
fazia necessária, deixando-a sobre um balcão de 
atendimento. Um terceiro, que não era 
funcionário público, ao perceber que a referida 
máquina ali se encontrava, a subtrai. O particular 
deverá responder pelo delito de furto, enquanto 
o funcionário negligente será responsabilizado 
pelo delito de peculato culposo 
Assim, nos termos da redação constante do art. 312, 
caput, do Código Penal,podemos destacar os seguintes 
elementos: 
a) a conduta de se apropriar o funcionário público de 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, do qual tem a posse em razão do cargo; 
 b) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. 
ocasião do cargo x posse em razão do cargo 
Posse em razão do cargo- Aquele funcionário público 
possui aquele bem para exercer suas atribuições 
Ex: policial que possui arma, socorrista que dispõe da 
ambulância 
Ex: policial que prende em flagrante uma pessoa com 
maconha – ele tem a maconha por ocasião do cargo 
Ex: motorista que utiliza transporte do governo, ele tem 
direito a vacina? 
Não pois foi uma posse em ocasião do cargo 
Já o carro que ele utiliza é posse em razão do cargo 
Sujeito ativo e sujeito passivo 
Crime próprio no que diz respeito ao sujeito ativo (pois 
somente o funcionário público pode praticá-lo) e comum 
quanto ao sujeito passivo (uma vez que não somente a 
Administração Pública pode figurar nessa condição, como 
qualquer pessoa que tenha sido prejudicada com o 
comportamento praticado pelo sujeito ativo) 
Particular pode praticar este crime? 
 O peculato exige que o sujeito ativo seja 
funcionário público, ressalvando-se, contudo, a 
possibilidade de o particular também figurar 
nessa condição, em virtude da norma constante 
do art. 30 do Código Penal 
 Funcionário público é qualidade pessoal e 
qualidade pessoal não se comunica, portanto em 
regra o particular não poderia participar. 
Art 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as 
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares 
do crime. A redação do artigo 30 do Código Penal quer 
impedir que circunstâncias e condições de caráter 
pessoal de um dos autores ou partícipes sirva para 
beneficiar ou prejudicar os demais. 
 O particular só responde se souber que o 
agente é funcionário público, se não souber não 
cabe peculato. Ele tem que ter conhecimento da 
qualidade pessoal. 
Objeto material e bem juridicamente protegido 
A Administração Pública é o bem juridicamente 
protegido pelo tipo penal que prevê o delito de peculato. 
O objeto material é o dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular. 
Consumação e tentativa 
No peculato-apropriação o delito se consuma quando o 
agente inverte a posse, agindo como se fosse dono, 
praticando qualquer dos comportamentos já 
mencionados quando do estudo da infração penal 
tipificada no art. 168 do Código Penal; 
No que diz respeito ao peculato-desvio, seu momento 
consumativo ocorre quando o agente, “dá a coisa destino 
diverso, quando a emprega em fins outros que não o 
próprio ou regular, agindo em proveito dele mesmo ou 
de terceiro”; 
Já no peculato-furto, ocorre a consumação quando o 
agente consegue levar a efeito a subtração do dinheiro, 
valor ou bem, desde que mantenha a posse tranquila 
sobre a coisa, mesmo que por curto espaço de tempo, 
tal como ocorre com a consumação do delito de furto. 
Tratando-se de delitos plurissubsistentes, será possível o 
raciocínio relativo à tentativa, desde que, na hipótese 
concreta, exista possibilidade de fracionamento do iter 
criminis. 
Extinção de punibilidade 
Se o funcionário público que concorre culposamente 
para o crime de outrem vier a reparar o dano até a 
sentença irrecorrível, será extinta a punibilidade; se a 
reparação lhe for posterior, a pena será reduzida de 
metade, nos termos preconizados pelo § 3º do art. 312 
do Código Penal. 
A norma do mencionado parágrafo é especial em 
relação ao art. 16 do Código Penal, que prevê o instituto 
do arrependimento posterior. Assim, se o funcionário 
negligente, por exemplo, vier a reparar o dano antes 
mesmo do recebimento da denúncia, será aplicado o § 
3º do art. 312 do Código Penal, com a consequente 
extinção da punibilidade, e não o art. 16 do mesmo 
diploma legal, que possibilita, tão somente, a redução de 
um a dois terços na pena aplicada. 
Por sentença irrecorrível devemos entender tanto a 
decisão de primeiro grau, proferida pelo juízo 
monocrático, quanto o acórdão do Tribunal. Esse será o 
nosso marco para concluirmos pela extinção da 
punibilidade ou pela aplicação da minorante 
 
Causa especial de aumento de pena 
Determina o § 2º do art. 327 do Código Penal, verbis: 
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de 
direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou 
fundação instituída pelo poder público 
OBS: peculato uso- agente público que usa 
momentaneamente de algo, não configura peculato.

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