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CAPÍTULO 08 FILÓSOFOS EMPIRISTAS DAVID HUME p. 184-187 2º ANOS FILOSOFIA PROFESSORA: VALDENISE MORAIS DAVID HUME (1711-1776) • David Hume foi um filósofo, historiador, ensaísta e diplomata escocês. Tornou-se conhecido por seu radical sistema filosófico baseado no empirismo, ceticismo e naturalismo. • Seus pensamentos foram revolucionários o que o levou a ser acusado de heresia pela Igreja Católica por ter ideias associadas ao ateísmo e ao ceticismo. Por esse motivo, suas obras foram acrescidas no "Índice dos Livros Proibidos“ (Index Librorum Prohibitorum). PERCEPÇÕES • “As percepções da mente humana se reduzem a dois gêneros distintos que chamarei impressões e ideias. A diferença entre estas consiste nos graus de força e vividez com que atingem a mente e penetram em nosso pensamento ou consciência. As percepções que entram com mais força e violência podem ser chamadas de impressões; sob esse termo incluo todas as nossas sensações, paixões e emoções, em sua primeira aparição à alma. Denomino ideias as pálidas imagens dessas impressões no pensamento e no raciocínio, como, por exemplo, todas as percepções despertadas pelo presente discurso, excetuando-se apenas as que derivam da visão e do tato, e excetuando-se igualmente o prazer ou o desprazer imediatos que esse mesmo discurso possa vir a ocasionar. Creio que não serão necessárias muitas palavras para explicar essa distinção. Cada um, por si mesmo, percebe imediatamente a diferença entre sentir e pensar”. (David Hume, Tratado da natureza humana. São Paulo, Unesp, 2009. Adaptado) Vejo o sol nascer toda manhã. Adquiro o hábito de esperar o sol nascer toda manhã. Aprimoro isso no julgamento “o sol nasce toda manhã”. Esse julgamento não pode ser uma verdade de lógica, pois é concebível que o sol não nasça (ainda que altamente improvável). O julgamento não pode ser empírico porque não posso observar o nascer futuro do sol. Não tenho fundamento racional para minha crença, mas o hábito me diz que ela é provável. O hábito é o grande guia da vida. PERCEPÇÕES • Segundo Hume, aquilo que se apresenta à mente humana e dá origem ao seu conteúdo é denominado “percepção”. Percepções para Hume são as sensações ou faculdades que podem remedar ou copiar as percepções dos sentidos, mas nunca poderão atingir a força e a vivacidade de um sentimento original. Ele a distingue, ainda, dividindo-a em duas classes: impressões e ideias. IMPRESSÕES • As impressões simples ou complexas, assim denominadas, são percepções que se manifestam com maior força ou violência (exemplos de impressões simples: uma cor, um sabor; complexas: uma maçã, além de podermos usar ainda como exemplos as sensações, as paixões e as emoções). • A primeira classe de impressões diz respeito à força ou a vivacidade com que as percepções é apresentada à nossa mente, ou seja, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. As impressões estão mais ligadas aos sentimentos. IMPRESSÕES IDEIAS • As ideias também são classificadas em simples ou complexas, elas são apresentadas como as imagens enfraquecidas que a memória produz a partir das impressões. • A segunda classe das ideias diz respeito à ordem e à sucessão temporal com que a mesma se apresenta, em outras palavras, diz respeito às impressões menos vivazes das quais temos consciência quando refletimos sobre qualquer dessas sensações acima mencionadas. As ideias estão mais ligadas ao ato de pensar. IDEIAS • Ideias Simples: são as cópias diretas das impressões. Por exemplo, um brinquedo, roupa ou objeto que o indivíduo possuía enquanto criança. A impressão antiga de fato existiu, e na vida adulta é retomada como uma ideia simples, uma lembrança de algo existente, porém distante. • Ideias Complexas: são objetos da nossa imaginação. O exemplo clássico de uma ideia complexa é o do Pégaso, um cavalo com asas. • Para Hume, a imaginação manipula ideias simples e gera ideias complexas. A junção de um cavalo e um pássaro, alimentam a imaginação e transformam as duas figuras em um cavalo alado, resultado da imaginação. Segundo o filósofo, ideias simples e complexas podem se mesclar, formando uma terceira ideia ainda mais complexa, como um cavalo alado colorido. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE • Aos olhos de Hume, a noção de causalidade é muito enigmática porque, em nome desse princípio de causalidade, a todo momento afirmamos mais do que vemos, não cessamos de ultrapassar a experiência imediata. Por exemplo, em nome do princípio de causalidade (as mesmas causas produzem os mesmos efeitos ou o aquecimento da água é causa da ebulição), afirmo que a água que acabo de pôr no fogo vai ferver; prevejo a ebulição dessa água, portanto, tiro “de um objeto uma conclusão que o ultrapassa”. Todo raciocínio experimental, pelo qual do presente se conclui o futuro (a água vai ferver, a barra de metal vai se dilatar, amanhã fará dia etc.), repousa nesse princípio de causalidade. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE • De onde me vem esse princípio? A qual impressão corresponde essa ideia? A “investigação” filosófica vai se apresentar aqui como uma pesquisa em todas as direções: • “Nós devemos proceder como essas pessoas que, ao procurarem um objeto que lhes está oculto e quando não o encontram no lugar que esperavam, vasculham todos os lugares vizinhos sem visão nem propósitos determinados, na esperança de que sua boa sorte irá orientá-las no sentido do objeto de suas buscas”. Vejamos para onde nos conduzirá essa busca filosófica. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE • O que será mais inovador em seu pensamento é a investigação das questões de fato, na qual encontramos as causalidades. Todos os fatos seriam explicados por essa relação, no entanto, a causalidade em si não seria um fator objetivo, mas subjetivo, uma vez que não podemos ter uma impressão da força que põe as coisas em relação causal, mas apenas dos eventos observados subsequentemente. • O que se supõe ser uma questão de causa, afirma David Hume, é antes fruto do hábito. É por meio de muitas experiências e com o auxílio da memória que entendemos haver uma conjunção constante entre certos eventos, quando não haveria nenhuma necessidade lógica nessas relações de causa e efeito. EMPIRISMO DE DAVID HUME • David Hume é mundialmente conhecido por suas observações sobre o conhecimento. Elencado como integrante do chamado empirismo britânico, é o mais radical de todos. Esse pensador questionou-se por que as ciências naturais avançavam em prover novos conhecimentos enquanto os estudos filosóficos estagnavam-se. Considerou que o problema estava em teorizar sem considerar os fatos e a experiência, o que o faz ser extremamente crítico de propostas metafísicas ou com viés teológico. EMPIRISMO DE DAVID HUME • “Não apenas nossa razão nos falha na descoberta da conexão última entre causas e efeitos, mas, mesmo após a experiência ter- nos informado de sua conjunção constante, é impossível nos convencermos, pela razão, de que deveríamos estender essa experiência para além dos casos particulares que pudemos observar. Nós supomos, mas nunca conseguimos provar, que deve haver uma semelhança entre os objetos de que tivemos experiência e os que estão além do alcance de nossas descobertas." HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais, 2ª ed rev e ampl. Tradução de Déborah Danowski. São Paulo: Editora UNESP, 2009.
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