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4 SEM DIVERSIDADE ETNICO CULTURAL UNID 3 Diversidade Étnico

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4 SEM DIVERSIDADE ETNICO CULTURAL UNID 3 Diversidade Étnico-cultural 
Diversidade Cultural Registros históricos e artefatos possibilitaram aos arqueólogos encontrar evidências de que 
os diversos grupos humanos, em sua relação com a natureza e com o meio no qual viviam, criaram e produziram 
modos de vida que os diferenciavam dos demais. Em contraponto à dimensão biológica e racial, é importante 
ressaltar que a cultura diz respeito a uma construção humana, elaborada ao longo do tempo histórico da 
existência do homem, em suas diferentes condições do meio geográfico no qual vivia. 
O processo de renovação cultural é, por instância, dialético, de forma que não se pode pensar cultura dos povos 
– com seus hábitos, costumes, crenças, religiões, formas de alimentação etc. – sem trazer a sua relação com a 
sociedade de cada época, com o meio geográfico e com as condições dos diversos grupos humanos. Nesse 
processo há sempre permanências, tradições na cultura, ao mesmo tempo em que também vai se renovando. A 
Antropologia é a Ciência que vem estudando essa dimensão cultural desde o século XIX, de forma mais 
pormenorizada, caracterizando-a da seguinte maneira: 
· A cultura não pode ser confundida com caracteres genéticos e/ou biológicos, como algo que já nascemos; mas 
sim como aprendizado que adquirimos de diferentes formas ao longo de nossas vidas; 
· A cultura é uma dimensão humana, já que algumas espécies também vivem em sociedade – como formigas ou 
abelhas –, mas não produzem cultura como o ser humano; 
· O homem e demais animais adaptam-se ao meio no qual vivem, mas o homem, conforme sua cultura, adapta-
se e transforma o meio, produzindo novas formas de vida – de moradia, vestimenta, explicação do mundo, meios 
de produção – mediante técnicas; 
· A cultura produzida pelos povos e sociedades de cada época cria certas padronizações, tabus, normas – caso 
das normas da língua, da religião, entre outras. 
Tais normas e preceitos das religiões, por exemplo, definem o comportamento de um indivíduo de determinada 
religião, diferindo-o de outro. De modo similar, as normas de linguagem – de como falar e escrever – são também 
padronizadas. Há discursos hegemônicos, que ditam os valores do que deve ser o certo e errado, moldando 
partes das características de uma determinada cultura; · Há interação da sociedade, economia, cultura, 
proporcionando transformação constante e integrada, de forma dialética, ou seja, com a permanência de 
contradições. 
As formas de alimentação são exemplos de como os comportamentos sociais evoluíram à medida que a 
sociedade se tornava mais complexa. De homens e mulheres coletores, pescadores e caçadores, que tinham 
grande grau de dependência da natureza e cujas técnicas eram rudimentares e locais, o ser humano passou a 
domesticar animais e plantas, de forma sistemática e em escala mais ampla, no que viria a ser chamado de 
agricultura e de pecuária. Daí vem a palavra agricultura, que era, de fato, uma expressão da cultura dos povos 
que, ao domesticarem plantas, em sua relação com a natureza, criaram as diversas culturas alimentares que 
distinguem um povo dos outros, mesmo hoje em dia. 
Quando mencionamos, por exemplo, culinária italiana, indiana, japonesa, mineira etc., estamos tratando dessa 
dimensão da cultura alimentar. Logo, a palavra cultura foi usada primeiramente com o termo agricultura – como 
prática do campo –, tais como cultura do trigo, do milho e assim usada no sentido dessa prática primordial. 
Posteriormente, passou a ser empregada como conceito que exprimia o modo de vida, em um primeiro momento 
dos camponeses – do homem que produzia e praticava agricultura – e depois em um sentido e conotação mais 
ampla, como a cultura dos homens e seus modos de vida, hábitos e costumes. As diversas tradições da cultura 
alimentar foram hibridizadas, misturadas, mescladas, com novas descobertas, que surgiam à medida que havia 
migrações dos povos. Igualmente pelo processo de colonização e outros movimentos da população ao longo da 
história, houve maior contato entre povos que tinham diferentes hábitos e produtos alimentares. Foi o caso da 
batata e do tomate, por exemplo, que são oriundos do Continente americano e foram levados à Europa mediante 
o processo de colonização. Sua cultura foi tão bem absorvida pelos europeus, que é impossível hoje pensar na 
culinária italiana sem considerar o molho de tomate, ou na portuguesa sem o bacalhau com batatas. E hoje, com 
uma cultura mais globalizada, vemos alguns hábitos alimentares tornarem-se hegemônicos, devido à 
estandardização – padronização – dos costumes, veiculados pela propaganda, pela mídia em geral, pelas redes 
sociais e pela indústria de alimentos. 
A Revolução Técnico-Científica, empreendida a partir da segunda metade do século XX, com o avanço das 
ciências – Química, Biotecnologia –, das técnicas – sobretudo da Engenharia Genética –, promoveu 
transformações nas formas de se alimentar e também de produzir sinteticamente, de maneira artificial e/ou por 
meio de hibridizações e da criação de novos alimentos. Portanto, não existe uma só cultura, mas uma diversidade 
de culturas pelo mundo, que vão sempre mudando ao longo do tempo, considerando as mediações da família, 
da sociedade de cada época, da natureza, da escola, entre outras interações, as quais acabam por alterar os 
modos de vida, as formas de existência e, assim, a própria cultura. 
Logo, um indivíduo imerso em uma determinada cultura nunca tem total conhecimento da qual, tanto porque esta 
muda, quanto porque certos traços lhe escapam. Mesmo fazendo parte de um grupo com o qual nos 
identificamos, não somos todos iguais em todos os aspectos dessa cultura, principalmente no mundo de hoje e 
aos que vivem nas grandes metrópoles, onde há multiplicidade de informações que nos chegam, diversidade de 
eventos que nos trazem diferentes maneiras de pensar, de viver. 
Do mesmo modo que a cultura não passa sempre por uma transformação total, por isso é dialética, há sempre 
um pouco do passado em tudo que fazemos, ao mesmo tempo em que também vamos inovando. Vejamos um 
exemplo: as formas de nos expressar na língua portuguesa não são as mesmas desde o século XIX, pois isto foi 
sendo modificado; mas, ao mesmo tempo, não é uma linguagem inteiramente nova, por isso incorporamos 
novidades a nossa linguagem, mas também outras normas da língua permanecem. Ou seja, há sempre 
permanências e tradições na cultura, ao mesmo tempo em que esta é constantemente recriada. 
As bases materiais e técnicas vão também mudando e isso faz com que a cultura também se altere. O nosso 
modo de vida urbano, por exemplo, trouxe aos homens e mulheres novas formas de sobreviver, mas os que 
vivem na cidade perderam a cultura do campo, das formas de plantar, de modo que se você pergunta para uma 
criança que vive em meio urbano de onde vem uma fruta, é comum que responda: “Do supermercado”, que é a 
visão imediata da cultura que cada um possui. 
Assim, afirmamos que a cultura tem relação com o tempo histórico, produzido pelos grupos, povos e sociedade 
de cada época, como também tem relação com o espaço e meio geográfico, porque é diferente e diversa nos 
distintos lugares do mundo. Desse modo, as transformações pelas quais determinada cultura passa se processam 
sempre em um movimento dialético – interno e externo –, a saber: · Interno, endógeno, dentro da mesma cultura, 
vai se alterando ao longo da história; · Externo, exógeno, devido ao contato com outras culturas, de forma 
amigável ou por meio de guerras, saques, domínios etc. Ambos os modos são condições integradas e ocorrem 
em um processo contínuo. 
Explicações para as Diferenças Étnico-Culturais Ao tratar do tema das diferenças étnico-culturais, é 
fundamental conceituar etnia. Trata-se de um termo que deriva de ethos, palavra grega, e pode ser definido como 
um grupo biológico e culturalmente mais homogêneo, que tem o mesmo ethos,ou seja, costumes, religião, 
crenças, língua, hábitos, entre outras características comuns. Dito de outra forma, partilhando certos costumes, 
tradições, técnicas, comportamentos em comum. Tal termo não é sinônimo de raça, já que raça é relacionada 
exclusivamente ao sentido biológico, da cor da pele, dos traços físicos – do cabelo, do nariz, das formas físicas 
etc. –, sendo um componente do biótipo humano. 
Ao longo da história humana, o homem, em sua relação com o meio geográfico, com a natureza e com outros 
grupos humanos, foi elaborando formas de viver e de cultura. Mediante o processo de colonização, 
neocolonização ou outros movimentos migratórios, os diversos grupos humanos foram colocados em maior 
contato entre si, levando a questionamentos em relação às diferenças raciais, do biótipo – características físicas, 
cor da pele, formato do corpo, do cabelo etc. –, bem como aspectos étnico e socioculturais, tais como formas de 
organização social, crenças, religiões, técnicas usadas, relações familiares, formas de moradia, entre outros. 
O surgimento de civilizações em algumas regiões do mundo – caso do Oriente Próximo (Egito Antigo, 
Mesopotâmia, Fenícia etc.) e dos vales fluviais na China e Índia – ocasionou o surgimento de maior separação 
entre diferentes tipos de trabalhadores – artesãos, agricultores, escribas, construtores. Essa evolução favoreceu 
o surgimento das primeiras cidades, nas quais ocorriam contatos entre diferentes grupos humanos, superando 
aquela condição na qual os povos viviam somente em aldeias. Mesmo entre os que permaneceram em aldeias, 
as guerras e os saques promoviam o contato entre diferentes grupos humanos, o que levava sempre aos 
questionamentos em relação às diferenças étnico-culturais, bem como das origens dos seres humanos. Surgiam, 
assim, mitos e religiões. Em geral, os povos da Antiguidade buscavam nos mitos, nas crenças animistas, ou nas 
ideias filosóficas as explicações para as diferenças raciais, étnico-culturais entre os homens. 
Você Sabia? Que se entende por crenças animistas aquelas que acreditam na força espiritual de objetos, tais 
como pedras, plantas, animais etc., atribuindo-lhes poder espiritual, ou como amuletos? 
Era comum os povos considerarem que estavam no centro do mundo, e a própria cartografia e seus mapas 
refletiam tal concepção, no que se define como visão etnocêntrica. Na China Antiga, por exemplo, os mapas eram 
produzidos colocando as dinastias chinesas no centro do mundo e os demais povos mais distantes eram definidos 
como selvagens. Já os esquimós, da mesma forma, colocavam-se no centro do mundo e se não conheciam 
outros povos, era porque estes não eram importantes, diziam. 
O etnocentrismo não se resume à produção de desenhos e mapas a partir da visão de um povo, mas tem relação 
com a forma de pensar, na qual as pessoas ou grupos humanos interpretam e leem o mundo a partir da própria 
ótica, da cultura, do modo de pensar e de vida – como se a própria cultura fosse o centro do mundo, a forma 
correta de agir, o modo de vida adequado. 
Conforme afirma o pesquisador Everardo Rocha (1988, p. 18), no livro O que é etnocentrismo, sobre o conceito 
do termo: “Etnocentrismo é uma visão de um mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo 
e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do 
que é a existência”. Desse modo, a visão etnocêntrica acaba por levar a extremos de xenofobia – aversão a 
estrangeiros –, intolerância social e étnico-cultural e especificamente religiosa, por aqueles que reconhecem 
apenas sua cultura como legítima. 
O etnocentrismo pode levar à exacerbação de movimentos sociopolíticos que acabam se tornando intolerantes, 
perseguindo outras etnias, religiões e/ou manifestações culturais, discriminando outros povos, podendo, inclusive, 
constituir-se em partidos políticos ou entidades que buscam valorar sua etnia e cultura em julgar a cultura do 
“outro”, em um movimento de negação das demais culturas. Termos como cultura “atrasada”, “inferior”, foram 
usados ao longo da história para justificar repressões, ataques, guerras ou, de forma subliminar, discriminações 
que aparentemente não são violentas, mas que escondem preconceitos com outros povos que não têm a mesma 
cultura do opressor. 
Pauta-se em um juízo de valor do que é certo e o que é errado, depreciando e mediado por impressões sobre a 
cultura alheia. Quando alguns europeus vieram colonizar a América, por exemplo, houve várias situações nas 
quais a visão etnocêntrica do grupo colonizador predominou, de modo que quando os europeus colonizaram o 
Novo Mundo – Continente americano –, fizeram-no com a mesma concepção etnocêntrica, a qual ficou conhecida 
como eurocentrismo. Os mapas elaborados a partir daí, já conhecidos como mapas mundi, devido ao maior 
conhecimento do planeta Terra e do mundo, às grandes navegações, permitiu que se produzissem mapas em 
escala global. Todavia, a forma de projetar o Planeta foi o mapa que até hoje conhecemos, com a Europa ao 
centro, dando uma visão de maior importância ao Continente europeu. Como se vê no mapa de Mercator, um 
belga que elaborou o mapa mundi em 1578 e que reflete tal visão eurocêntrica: 
Os viajantes e relatos administrativos davam o tom dos discursos sobre o que era o Novo Mundo – América –, 
em geral, com preconceito em relação aos povos nativos ou oriundos de outras partes que não fosse a Europa. 
Todos eram vistos como selvagens, como povos atrasados, como se tivessem culturas que fossem superiores 
às demais. Daí expressões equivocadas que eram – e ainda por muito tempo foram comuns –, tais como do 
indígena indolente e preguiçoso, do negro arredio, do turco avarento, entre tantas expressões preconceituosas. 
Com o advento da Ciência Moderna, que se produziu principalmente na Europa e se difundiu pelo mundo 
mediante os processos de colonização, neocolonialismo e expansão capitalista, o discurso em torno das 
diferenças étnico-culturais tomou caráter de Ciência, muitas vezes imbuído de significativa discriminação. A teoria 
do darwinismo social, comum no final do século XIX e meados do século XX, deu à natureza e ao meio um papel 
de destaque na existência dos grupos humanos. 
O principal representante dessa teoria foi Hebert Spencer (1820-1903). Tal concepção afirmava, em analogia a 
uma visão da teoria da evolução de Darwin, que haveria uma seleção natural entre as espécies e que isto tinha 
correspondência à sociedade. Partindo desse princípio, alguns grupos humanos eram mais fortes do que outros, 
pois todos passariam por uma seleção natural, considerando, assim, que a sociedade também tinha evoluído 
dessa forma. Como comenta um pesquisador sobre o termo darwinismo social e depois o que se chamou de pós-
darwinistas, temos que: 
A obra de Darwin, A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a conservação das raças favorecidas 
na luta pela vida, publicada em inglês em novembro de 1859, parecia fornecer caução científica aos partidários 
da supremacia da raça branca, tema que, depois do século XVII, jamais deixou de estar presente, sob diversas 
formas, na tradição literária europeia. Os pós-darwinianos ficaram, portanto, encantados: iam justificar a conquista 
do que eles chamavam de “raças sujeitas”, ou “raças não evoluídas”, pela “raça superior”, invocando o processo 
inelutável da “seleção natural”, em que o forte domina o fraco na luta pela existência (UZOIGWE, 2010). 
Tais teorias do darwinismo social e determinismo acabaram justificando os processos de neocolonialismo ou 
imperialismo dos europeus e norte-americanos, dominando outros países e povos. 
Darwinismo social – baseada nas teorias de Charles Darwin – naturalista britânico, quem dizia que as espécies 
passavam por um processo de seleção natural, no qual os mais fortes sobreviviam –, esta concepção naturalista 
de Darwin foi utilizada como padrão de interpretaçãoda sociedade, por cientistas como Hebert Spencer, 
originando o darwinismo social. A partir desta teoria, a explicação era de que a sociedade evoluiria em etapas, 
igualmente às diversas espécies, tendo sociedades e grupos sociais que estariam mais aptos a vencer os 
obstáculos do meio e a evoluírem, enquanto outros seriam mais fracos. Desse modo, a sociedade tinha um cunho 
biológico, natural. 
Outra teoria próxima ao darwinismo social e da mesma época foi a determinista, a qual definia que o meio, ou 
seja, a natureza, era fundamental nas características raciais e étnico-culturais dos diversos grupos. O homem, 
assim, era produto do meio em que vivia. Alguns chegavam a afirmar que o caráter dos grupos humanos seria 
definido pelas condições do meio. 
A concepção de que a tropicalidade fazia com que as pessoas fossem mais indolentes, tornando os povos desses 
lugares mais atrasados, sendo a pobreza uma condição que se explicava pelas condições do meio. Tais 
discursos, imbuídos do aparato científico, ajudaram europeus e norteamericanos a expandirem seus limites 
políticos e geopolíticos na América do Norte e Central, bem como nos continentes africano e asiático, 
principalmente. 
Você Sabia? Que, no começo do século XX, os Estados Unidos ocuparam alguns países da América Central, 
caso da Nicarágua, Cuba, entre outros, e os chamaram de protetorados norte- -americanos, dizendo que 
buscavam protegê-los dos europeus? Nos livros produzidos na época, muitos estudiosos diziam que os povos da 
América Central eram atrasados, preguiçosos e, por isso, a missão civilizatória norte-americana era fundamental 
para trazer os povos desses lugares a uma melhor condição. 
É claro que o meio, a natureza e fatores físico-naturais são condicionantes que podem ser considerados na 
produção de alimentos, hábitos de alimentação e/ou de vestimentas, nas formas de vida, mas não são 
determinantes. Ou seja, as pessoas não são o que são, nem escolhem suas formas de vida apenas mediadas 
pelo clima, condições da natureza e do meio. No entanto, a existência do ser humano não é apenas biológica, 
natural, genética, mas também ocorre por meio do aprendizado que recebe ao longo de sua vida, na família, nas 
instituições sociais e religiosas, na escola, na relação com o meio geográfico – não somente com a natureza. É 
por meio dessas relações que vamos adquirindo conhecimentos que nos dão identidade cultural – seja pela 
religião, crenças, formas de se alimentar, de se vestir, pelos códigos de moral, formas de agir, dos gestos, das 
expressões. Enfim, a dificuldade de algumas pessoas ou povos em aceitar o “outro”, em aceitar a diferença 
cultural e racial levou a verdadeiros genocídios ao longo da história humana. 
Genocídio é uma forma de extermínio parcial ou total de um povo, de sua cultura, considerando-se os 
componentes étnico-culturais, tais como a religião, as crenças, os costumes, entre outros. Como defi ne o 
dicionário: 
A palavra genocídio é derivada do grego genos, que significa “raça”, “tribo” ou “nação” e do termo de raiz latina -
cida, que significa “matar”. O termo foi criado por Raphael Lemkin, um judeu polaco, jurista e que foi conselheiro 
no Departamento de Guerra dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. A tentativa de extermínio 
total do povo judeu pelos nazistas – Holocausto – foi um motivo forte que levou Lemkin a lutar por leis que 
punissem a prática de genocídio. A palavra passou a ser usada após 1944 . 
O racismo e o preconceito étnico-cultural dominaram o cenário durante o período entre guerras mundiais, com 
fenômenos conhecidos como Holocausto, no qual milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra 
Mundial (1939- 1945), bem como com a Lei do Apartheid, na África do Sul, institucionalizada pelos bôeres ou 
africâneres – descendentes de holandeses – em 1948, que viveram na África do Sul, contra os negros e outros 
grupos que não eram brancos e descendentes de europeus. 
Apartheid foi institucionalizado na África do Sul como uma Lei étnica-racial, que segregava negros, mestiços e 
asiáticos que moravam no País a viverem separados nas cidades, em áreas conhecidas como townships. Além 
destas áreas nas cidades, os povos negros nativos de diversas etnias deveriam viver em bantustões, territórios 
que foram declarados livres e independentes pelo governo sul-africano para tornar a África do Sul somente 
branca. Nesse regime, o negro não tinha direito a voto, nem poderia andar livremente pelas áreas declaradas 
brancas, exceto se tivesse um passe para isso. Tal regime racial e étnico durou de 1948 até 1994, quando Nelson 
Mandela tornou-se presidente eleito. 
Rompendo com as teorias deterministas, evolucionistas e darwinistas sociais, Malinowski (1994-1942) deu ênfase 
ao relativismo e à pluralidade da cultura, mostrando que por meio da educação e da cultura os povos aprendem 
com os demais, seja na educação formal ou informal, com seus pares – na transmissão de sua cultura. Para isso, 
cada povo foi criando diferentes maneiras de elaborar sua cultura e de transmiti-la, assim como com o mundo 
cada vez mais global, muitas dessas formas de elaborar uma cultura, hábitos, normas e padrões culturais foram 
também se tornando mais universais, ou seja, conhecidos por diversas culturas. 
Devido aos acontecimentos ocorridos no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi criado, em 1948, 
a Organização das Nações Unidas (ONU), que elaborou o documento conhecido como Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. Assim diz o documento, em seus artigos 1º e 2º: 
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de 
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. 
 Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente 
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião 
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além 
disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do 
território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a 
alguma limitação de soberania. 
A partir de normas e declarações como estas, podemos dizer que algumas referências para a questão social, 
política, racial e étnico-cultural tornaram-se universais. Não significa que todos os países e povos compartilhem 
dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o pratiquem plenamente, mas trata-se de uma 
ótica mais global sobre tais questões. Apesar de haver culturas que, ao longo da história, sobrepuseram-se a 
outras, há também contra racionalidades, como é o caso da contracultura. 
Contracultura Alguns movimentos socioculturais são de oposição ao modo dominante de vida, ao modo 
hegemônico, que se contrapõem à cultura vigente em uma época, em um lugar ou de forma mais universal. As 
décadas de 1960 e 1970 corresponderam a um momento de muita ebulição social e cultural. Fatos como a Guerra 
do Vietnã, na qual os Estados Unidos foram lutar, levaram ao surgimento de movimentos pacifistas contra as 
armas nucleares e as guerras em si, assim como movimentos sociopolíticos de mulheres, estudantes e negros. 
Destes surgiram novas identidades socioculturais, na música, nas artes, no teatro, nas formas de se vestir, de se 
alimentar, de viver. Pode-se dizer que tais movimentos foram de contracultura, pois buscaram ir contra o mundo 
das guerras, da cultura imposta pela raça branca e do consumismo capitalista, enfim, da cultura dominante. Esse 
ideário da contracultura levou milhares de estudantes à luta por uma melhor educação e por outros motivos de 
melhor vida, fosse no Brasil, nos Estados Unidos, na França e em outros países. Assim como a formas de música 
e de um jeito de viverque se contrapunham ao modo de vida cheio de normas e regras advindas de uma 
sociedade hierárquica patriarcal, buscaram uma vida alternativa, como dizia a música de Raul Seixas: “Viva a 
sociedade alternativa”. 
Os hippies, o rock, os eventos de música nesse período ajudaram a exemplificar o que seria a contracultura: uma 
contraposição à cultura dominante, com um olhar crítico, questionador do modo de vida vigente, buscando 
interpretar o mundo sob outros vieses, outras formas de pensar. Nas artes visuais, por exemplo, com a Pop Art, 
o psicodelismo, com o surrealismo e formas gráficas que mexeram com o inconsciente e que foram contra a arte 
do consumismo. Na visão homem-natureza, ou ambiental, buscou-se um modo de vida menos estressante, mais 
próximo à natureza, com menos agrotóxicos, menos poluentes visuais, sonoros e do ar. Contrapôs-se à 
sociedade de consumo, do capitalismo exacerbado, das tecnologias, tal qual afirma um pesquisador sobre este 
assunto: 
A contracultura pregou o seu “retorno à natureza”. Diante da alienação trabalhista e do pragmatismo cientificista, 
ergueu os valores da contemplação e da harmonia. Era como se os jovens do mundo ocidental, especialmente 
os hippies, estivessem redescobrindo o milagre diário da natureza. Celebrava-se, na verdade, o mito da pureza 
do ser humano em contato com o mundo natural. Um ambientalismo místico, em suma, integrando a novíssima 
fantasia utópica da juventude mundial (RISÉRIO, 2005, p. 27). 
Desse modo, diversos movimentos de contracultura buscaram uma vida alternativa, sobretudo nas sociedades 
do mundo ocidental – Europa e América do Norte –, trazendo à tona a contestação – caso dos hippies, dos 
beatniks e dos punks, cujas formas de ser e estar eram contrapontos ao mundo ocidental capitalista. Finalizando 
esta Unidade, é importante observar que existem diferentes culturas pelo mundo e, ao longo da história, muitas 
tornaram-se etnocêntricas; bem como, além da cultura dominante, hegemônica, existiram – e existem – 
movimentos de contracultura.

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