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4 SEM ESCOLA FAM E COMUNIDADE UNID 4 Relações, Espaços e Tempos: implicações no processo educativo 
Contextualização Leia o trecho de um texto bastante curioso, de 1922, que mostra os ideais disciplinares da instituição escolar da 
época. Você já vivenciou, enquanto aluno, situações como as apresentadas no texto? Em sua opinião, faz sentido esse tipo de 
recomendação disciplinar para os alunos da escola contemporânea? Na unidade IV, vamos refletir sobre a organização do espaço e 
do tempo escolar e a relação entre professor e aluno com intuito de superar o modelo disciplinar da idade moderna que, nos dias 
de hoje, ainda influencia a educação no Brasil. Contextualização Recomendações Disciplinares Em classe a disciplina deve ser severa: 
- os alunos devem manter silêncio absoluto; - não poderá estar em pé mais de um aluno; - a distribuição do material deverá ser 
rápida e sem desordem; -sempre que se retirar da sala, a turma a deixará na mais perfeita ordem. No recreio a disciplina é ainda 
necessária para que ele se torne agradável aos alunos bem comportados: - os alunos devem participar de conversas e diversões 
que não produzam grande alarido. Ao findar os trabalhos do dia, cada classe seguirá em fila e em pleno silêncio até a escada de 
saída (...). 
Introdução É evidente que a escola de hoje é produto de transformações históricas e sociais. A organização disciplinar por meio do 
castigo e controle, como forma de modelar o comportamento humano, marcou, significativamente, o desenvolvimento da escola 
como instituição formativa. 
Sobre esse modelo disciplinar, Aquino (2007) refere-se à organização de um mundo novo que nasceu a partir do século XVIII. Para 
o autor, trata-se de um modelo insólito na história da humanidade, voltado para a racionalização e normatização do espaço, do 
tempo e dos corpos dos indivíduos. As técnicas sistemáticas de vigilância, punição e controle influenciaram e influenciam, ainda 
hoje, a organização escolar. 
Esse modelo apresenta um perfil de aluno ideal, que pouco considera se o mesmo é bem comportado por medo do castigo ou se, 
de fato, o seu comportamento é tranquilo. Para Aquino (2007, p.9), “a disciplina dedica-se ao assujeitamento dos corpos dos 
indivíduos nas instituições”. Vejamos um trecho de um texto bastante curioso de 1922, apresentado por Aquino (1996, p.42) e 
intitulado “Recomendações Disciplinares”: 
Não há crenças refratárias à disciplina, mas somente alunos não disciplinados. A disciplina é um fator essencial do aproveitamento 
dos alunos e indispensável ao homem civilizado. Mantém a disciplina, mais do que o rigor, a força moral do mestre e o seu cuidado 
em trazer constantemente as crianças interessadas em algum assunto útil. Os alunos devem se apresentar na escola minutos antes 
das 10 horas, conservando-se em ordem no corredor da entrada, para daí descerem ao pátio onde entoarão o cântico. Formados 
dois a dois dirigir-se-ão depois às suas classes acompanhadas das respectivas professoras, que exigirão que se conservem em silêncio 
e entrem nas salas com calma, sem deslocar as carteiras. Deverão andar sempre sem arrastar os pés, convindo que o façam em 
terça, evitando assim o balançar dos braços e movimentos desordenados do corpo. (...) 
Observa-se, no texto, que as correções disciplinares são evidentes para controle e ordenação do corpo e da fala. O silencio é 
absoluto dentro e fora da sala de aula e os movimentos corporais são contidos e esquadrinhados nos diferentes tempos e espaços 
da escola. Para Aquino (1996), muitos educadores concebem essa descrição de cotidiano escolar com certo saudosismo, como um 
modelo de educação muito almejado. 
No caso do ensino público, tal mentalidade mostra suas feições quando, por exemplo, insiste-se em enaltecer uma época tão remota 
em que “os professores eram respeitados e só frequentava escola quem sabia dar valor a ela” – chavão repetido por 9,9 entre 10 
cidadãos brasileiros, sendo eles ligados profissionalmente ao campo pedagógico ou não (AQUINO, 2007, p.21). 
Trata-se de um espaço escolar organizado como um verdadeiro “quartel”, onde professor assume a posição de superior hierárquico, 
em que os termos de obediência e subordinação são determinantes na sua relação com o aluno. Conforme Aquino (1996, p.43), “O 
professor não era só aquele que sabia mais, mas que podia mais, porque estava mais próximo da lei, afiliado a ela”. A disciplina 
então imposta pela época ocorria por meio do castigo, medo, coação e subserviência, principalmente à figura do professor. De 
acordo com Taille (1996, p.10): 
O tema disciplina pode nos levar mais longe ainda: discutir a própria natureza humana. Para o filósofo Kant, por exemplo, a disciplina 
é condição necessária para arrancar o homem de sua condição natural selvagem. Não se trata, portanto, apenas de “bons modos”: 
trata-se de educar o homem para ser homem, redimi-lo da sua condição animal. 
Permanecer parado e quieto na cadeira escolar tornou-se, por muito tempo, necessário não só para possibilitar o bom 
funcionamento da escola, mas, principalmente, para ensinar a criança a controlar os seus impulsos e afetos. Sobre o controle 
disciplinar na escola, Aquino (2007) faz referência à instituição como um dispositivo biopolítico, ou seja, que regula os fenômenos 
biológicos e políticos ligados à população. Acerca da biopolítica, Aquino (2007, p.10) destaca: 
A normalização operada pela biopolítica é o que faz com que incorporemos paulatinamente certos padrões relativos a como proceder 
no campo da sexualidade, da estética, da dietética, dos cuidados pessoais etc., que convertem em paradigmas morais com vistas a 
uma administração eficaz da própria existência. 
Nessa perspectiva genérica dos fatores biológicos e psicológicos, infelizmente ainda idealizam um sujeito abstrato, idealizado e 
desenraizado do seu tempo real e histórico. Pensando na democratização política do país e, consequentemente, da escola, a 
desmilitarização das relações sociais desenvolveu uma nova geração. Atualmente a escola está inserida num contexto em que o 
controle dos indivíduos escapou das instituições sociais, sendo que outras instâncias, como a mídia e a internet, apropriaram-se 
desse papel. 
(...) o monopólio escolar estaria sendo drasticamente preterido por outras formas de ensino e aprendizagem, em particular aquelas 
propiciadas pela TV e internet. Sem papel definido neste mundo volátil e imagético, o velho trabalho escolar deveria então se reduzir 
à guarda e à tutela moral da infância e da juventude? Deveriam os professores cumprir o papel outrora exclusivo da família? (...) 
(AQUINO, 2007, p.24). 
Nesse conflituoso cenário, além de desvencilhar da organização de outrora, a escola tem diante de si um novo aluno e um novo 
professor, sujeitos históricos que, até então, tinham bem definidos os seus papéis, aquele que mandava e outro que apenas 
obedecia. 
Pensando no espaço da escola como uma dimensão democrática, em que a educação é um direito consolidado, faz-se necessário 
repensar os tempos e os espaços oferecidos pela instituição escolar e a relação entre professor e aluno no atual contexto. 
A organização da Escola: tempos e espaços A partir de uma análise crítica acerca da organização dos tempos e ritmos da escola, 
Freitas (2004, p. 1) destaca: 
Esta dimensão espacial é vivida em acontecimentos que se desenrolam em seus tempos e ritmos (tempo para estudar, tempo para 
aprender matemática, tempo para brincar, tempo para planejar, tempo para gerir). Nada é tão demarcado na escola atual como 
seus tempos. Instituí-los implicou em decisões igualmente orientadas por uma visão de mundo e por concepções de educação. Tais 
decisões foram implementadas há tanto tempo na história da escola que já não nos damos mais ao trabalho de examiná-la se, em 
geral, damos isso por suposto e naturalizado. 
Segundo o autor, o sistema seriado por décadas foi utilizado pela escola para classificar os alunos e organizá-loscom base em seus 
conhecimentos e competências. No entanto, esta organização sempre esteve intimamente relacionada a uma ordem política e 
pedagógica capitalista. Por outro lado, a organização do ensino por ciclo, coerente aos princípios progressistas e aos pressupostos 
de Paulo Freire, diz respeito a um mecanismo de permanência dos estudantes na escola, com o objetivo de reduzir o índice de 
evasão e retenção presentes no regime seriado. Ao ciclo estão agregados a compreensão dos tempos de aprendizagem e o processo 
de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. 
Vale ressaltar que é impossível falar sobre espaço e tempo na escola sem compreendermos como os alunos são organizados e 
enturmados nos diferentes períodos da educação básica. Portanto, adiante, apresenta-se como essa organização temporal e 
espacial pode acontecer na prática, já que o texto de Freitas (2004) aborda, com detalhes, os regimes de séries e ciclos adotados, 
historicamente, por nosso sistema brasileiro. Conforme explicitado por Freitas (2004), algumas decisões foram implantadas há tanto 
tempo na história da escola que já não nos damos o trabalho de examiná-las com criticidade e, muitas vezes, com rigor pedagógico. 
É muito comum, nas escolas, a ausência dos alunos na composição dos diferentes espaços, salas, corredores, bibliotecas, pátio etc. 
Em outros momentos, também nos deparamos com uma organização do espaço dirigida estritamente para o público adulto, como 
materiais e trabalhos expostos numa altura imprópria para a criança, o que impede a exploração do espaço com mais intensidade 
e entusiasmo. O controle corporal ao qual os alunos, infelizmente, ainda são submetidos, contraria a ideia de que a criança estrutura 
o conhecimento de mundo e de si mesma por meio da experiência corporal. Se a escola de antes era controladora dos elementos 
físicos e comunicativos, atualmente muitos pesquisadores têm se preocupado com a importância do movimento corporal e das 
relações interpessoais para o processo de aprendizagem. De acordo com Fraga (2010, p.8): 
Geralmente, quando se fala da necessidade de movimento corporal das crianças, pensa-se muito mais num âmbito funcional, 
relacionado ao desenvolvimento motor e à aquisição de determinadas habilidades. Ou então, restringe-se à possibilidade de 
extravasar, gastar energia, já que as crianças passam tanto tempo em atividades que exigem contenção. 
Segundo a autora, mesmo que o movimento da criança esteja relacionado às ações comuns do cotidiano, está imbuído de 
expressividade. O grande problema é que, muitas vezes, os profissionais não se atentam à expressão de seus alunos e nem estão 
preparados para “ler” o significado dessa movimentação. Considerando que a tradição escolar, ainda hoje, persiste em controlar e 
reprimir a atividade corporal e expressiva da criança, observa-se a preocupação em reconstruir os aspectos concernentes à 
organização temporal e espacial da escola, priorizando a autonomia do aluno na condução dos seus movimentos. O Parecer 
CNE/CEB n. 20/2009 faz uma revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e, assim, refere-se ao importante 
papel do professor na organização do tempo e do espaço nas instituições, em especial de Educação Infantil: 
A professora e o professor necessitam articular condições de organização dos espaços, tempos, materiais e das interações nas 
atividades para que as crianças possam expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no 
faz de conta, no desenho e em suas primeiras tentativas de escrita. A criança deve ter possibilidade de fazer deslocamentos e 
movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de referência das classes e à instituição, envolver-se em explorações e 
brincadeiras com objetos e materiais diversificados que contemplem as particularidades das diferentes idades, as condições 
específicas das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, e as diversidades 
sociais, culturais, étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e comunidade regional (BRASIL, 2009, p. 14). 
Apesar do excerto se referir especificamente à Educação Infantil, as considerações são válidas e relevantes para outras modalidades 
de ensino. Embasados no Parecer CNE/CEB n. 20/2009, vejamos alguns questionamentos sobre a organização do tempo apontados 
no documento de Reorientação Curricular da Educação Infantil da prefeitura de Osasco (2011, p.109): 
Nossas rotinas são flexíveis para garantir às crianças o tempo para as brincadeiras livres? Quando ela está envolvida nesse tipo de 
atividade ela toma decisões, faz escolhas, admite consensos com o (a) professor (a), vivenciando situações essenciais a uma 
formação cidadã? Quando está em grupo, aprende a dividir, a ouvir e a aceitar visões de mundo diferentes da sua? E o planejamento 
diário? O chamado plano do dia, situação em que a criança tem oportunidade de saber, participar e dar opiniões sobre o que vai 
acontecer naquele dia, aprendendo a lidar com suas ansiedades e expectativas, está garantido? 
Diferente do modelo autoritário e estático, os questionamentos apresentados na RECEI (2011) são convidativos para reflexão de 
uma rotina escolar flexível e compartilhada, no que se refere à organização do tempo de trabalho educativo realizado com as 
crianças. A nova perspectiva atribuída à educação busca superar a ideia de que o aluno precisa adaptar-se e/ou ajustar-se às 
exigências de organização da escola. Pelo contrário, a organização está intimamente ligada à concepção de infância como uma fase 
de desenvolvimento humano que requer uma composição de um ambiente próprio para atender às suas particularidades e não à 
de um adulto em miniatura. As questões reportam-nos a uma nova concepção de criança, ou seja, um sujeito único e singular. O 
tempo para brincar, por exemplo, permite um período dedicado à atividade mais importante para a faixa etária e que proporciona 
o conhecimento de uma cultura acumulada. 
O convite à tomada de decisão e o incentivo para expressar sua opinião evidenciam que o aluno é um sujeito que também organiza 
o ambiente da escola, podendo modificá-lo, explorá-lo e recriá-lo. No processo em que a escola busca se desvencilhar da sua 
inadequada estrutura, o tempo necessita, prioritariamente, ser objeto de análise e transformação, superando os pragmatismos de 
que a escola é quem dita as regras. 
A proposta de reorganizar o tempo submete-se à ideia de que a escola deve estruturar-se e desenvolver-se, apriori, para os seus 
alunos e não o contrário. Nesse contexto, o professor reconstrói o seu papel, ouvindo as crianças a respeito da organização e, 
especialmente, observando como elas se relacionam com os aspectos temporais da rotina, como, por exemplo, verificando se 
conseguem se alimentar na hora do recreio ou se apresentam sono em determinados momentos no período em que estão na 
escola. Afinal os fatores biológicos influenciam diretamente o desempenho dos alunos e não podem, em hipótese alguma, serem 
unificados. 
Para o documento RECEI (2011), a organização dos espaços e dos materiais disponibilizados na escola constitui-se como um 
instrumento fundamental para a prática educativa. Isso significa que todas as atividades realizadas com os alunos devem ser 
planejadas, prevendo a forma mais adequada de organizar o mobiliário e os materiais na sala de aula. É importante destacar que 
tal procedimento transcende o espaço da sala de aula para os espaços da área externa e outros da instituição. 
Ao pensar sobre a organização dos seus espaços, é importante que a escola se autoquestione: o ambiente que ofereço é acolhedor, 
desafiador e criativo? Esse ambiente é um local seguro e promotor de desenvolvimento? 
De acordo com o documento RECEI (2011, p.112): 
Em um espaço em que a oportunidade de expressão é valorizada e onde são igualmente valorizadas as mais variadas maneirasde 
expressão da criança (desenho, pintura, o faz de conta, o teatro, a modelagem, a fala, entre outras), adultos e crianças tornam-se 
sujeitos aprendentes de uma experiência educativa que respeita as diferenças de cada um(a), num espaço aconchegante, seguro e 
diversificado, com a oferta de materiais e objetos da cultura às crianças. 
Mediante os aspectos apresentados conclui-se que a organização da escola não pode ser restrita à figura de um ou de outro. 
Enquanto local compartilhado e construído coletivamente, o espaço escolar exige a participação de gestores, professores, alunos e 
comunidade, de forma que a oferta intencional de espaços organizados e tempos diversificados contribua para a formação de 
cidadãos mais autônomos e que compartilham de experiências coletivas. 
A relação entre professor e aluno Quando falamos em infância, um conjunto de fatores determina os papéis da família e da escola 
que colaboram para compreender os diferentes modos de pensar e viver essa etapa particular do desenvolvimento humano. Desde 
o final do século XII até início do século XX, a sociedade vem criando conceitos e modelos para infância. De acordo com a RECEI 
(2011): 
Ao longo da história, a criança tem sido considerada como um ser incompleto, portanto frágil, precisando de proteção, controle, 
direção, dependente da orientação de um adulto, que o avalia de acordo com as expectativas. 
Os avanços das diferentes ciências, como a Psicologia, Pedagogia, Sociologia, Antropologia, entre outras áreas, apontam que novos 
olhares são atribuídos à infância. Atualmente a criança é considera como um sujeito de direitos, que interpreta o mundo, age sobre 
ele e que produz e reproduz cultura. 
Mediante a ressignificação do seu público, é preciso que a escola repense as relações que são estabelecidas com a criança e o 
adolescente, concebendo-os como seres capazes de se expressar, comunicar, aprender e que chegam à escola com saberes 
acumulados. Contrapondo à concepção de aluno como simples objeto à mercê de determinações e mandonismos de adultos, os 
estudos de Paulo Freire contribuem para a reconstrução dessas relações, por apresentarem críticas à escola rígida e autoritária e, 
principalmente, por atentarse às relações estabelecidas entre professor e aluno. 
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro em Recife. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da 
pedagogia mundial. 
De acordo com Freire (2002, p.25): Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que 
os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao 
aprender. 
Na defesa de que ensinar não é transferir conhecimentos, o autor mostra que o processo de ensino e aprendizagem não deve 
ocorrer de maneira que o aluno, no papel de objeto, seja formado pelo professor, sujeito único e exclusivo formador. Para Freire 
(2002), essa relação reduz o processo de ensino e aprendizagem a uma educação bancária que se aproxima à de um paciente que 
recebe os conteúdos acumulados por um sujeito que sabe. Embora diferentes entre si, aluno e professor estão envolvidos num 
mesmo processo, em que um existe em detrimento do outro. Sendo assim, é preciso que a relação entre ambos seja construída de 
forma colaborativa e dialógica, em que todos se constituem como sujeitos aprendentes e ensinantes, conforme é apresentado no 
documento RECEI (2011). Sobre a postura do professor em relação ao aluno, Freire (2002, p.52) destaca: 
Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas 
inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento. 
Considerando a condição de inacabamento do ser humano, que está em constante processo de educação desde o seu nascimento 
até a sua morte, o professor necessita de se Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro em Recife. É considerado um dos 
pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial. predispor à mudança e aceitar o diferente, já que a cada dia mais 
demandas são impostas à escola. Por outro lado devemos reconhecer que o professor não pode eximir-se da sua tarefa educativa. 
A prática escolar cotidiana deve dar condições para que as crianças não somente conheçam as expectativas em relação a elas, 
como, por exemplo, que apresentem atitudes de solidariedade, respeito e cooperação, mas também que construam e interiorizem 
esses valores de forma consciente e conhecedora dos “porquês”. Mais do que obedecerem a com regras estabelecidas e 
conformarem-se com elas, os alunos precisam ter a oportunidade de conhecer as intenções que as originaram. Nesse processo, o 
papel mediador do professor é de fundamental importância, pois, além de constantemente estimular os alunos a refletirem sobre 
as regras construídas coletivamente, também oferece a eles a oportunidade de negociá-las e flexibilizá-las. Nesse sentido, Taille 
(1996, p.23) contribui dizendo: 
(...) somente resta à escola uma solução: lembrar e fazer lembrar em alto e bom tom, a seus alunos e à sociedade como um todo, 
que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania. E, para ser cidadão, são necessários sólidos conhecimentos, 
memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais, e diálogo franco entre olhares 
éticos. Não há democracia se houver completo desprezo pela opinião pública. 
A escola concebida como um lugar que proporciona a vivência social diferente do grupo familiar tem um papel extremamente 
relevante, que não o é, como já aconteceu, o de controlar e ameaçar, mas sim o de oferecer a oportunidade de acesso às 
informações novas e desafiadoras, tornando os alunos capazes de se apropriarem dos princípios de uma sociedade democrática.

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