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Ação - Assinado

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Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA___ 
VARA CÍVEL CÍVEL DA COMARCA DE CACHOEIRAS DE 
MACACU – RJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IVANETE MENDONÇA DURVAL, brasileira, portadora da Cédula de 
identidade RG 07519580-0 IFP/RJ, inscrita no CPF sob o nº 894.636.417-34, 
residente e domiciliada à Rua Julião Picoli Mothé 178 – Casa 03 - 
Japuíba – Cachoeiras de Macacu - Rio de Janeiro/RJ, CEP: 28.685-000 
neste ato, por sua procuradora, a advogado que esta assina 
digitalmente, instrumento do mandato incluso (anexo), vem 
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 
5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, na Lei nº 9.099/1995 e 
nos artigos 6º, inciso VIII, 81 e 83, caput, da Lei nº 8.078/1990 (Código de 
Defesa do Consumidor), propor a presente: 
DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO 
POR DANOS MORAIS & ANTECIPAÇÃO DE TUTELA INAUDITA 
ALTERA PARTE 
 
 Em face da AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS, pessoa jurídica 
concessionária de serviço público, inscrita no CNPJ sob o n. 
33.050.071/0001-58, com sede à Praça Leoni Ramos 1 Niterói/RJ, CEP: 
24.210-205, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
Av. Lord Baden Powel 62 Sala 103 A – Centro – Cachoeiras de Macacu- RJ – 
CEP: 28.680-000 Tel: (21) 97044-3435 
E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Nos termos do art. 98 e seguintes do Novo Código de Processo 
Civil, a autora afirma, para os devidos fins e sob as penas da Lei, não 
possuir condições de arcar com o pagamento das custas e demais 
despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, pelo 
que requerer o benefício da gratuidade de justiça. 
Junta à presente declaração e hipossuficiência e cópia de seu 
extrato de pagamento de benefício. 
2. DOS FATOS 
Inicialmente, esclarece que a autora é consumidora dos serviços 
da ré, possuindo identificação de instalação sob o número 1601782-0. 
Ressalte-se que no mês de abril do ano de 2021, a autora foi 
surpreendida com o envio do Termo de Ocorrência de Irregularidade 
(número: 2021/1939466), no qual a empresa demandada efetua 
cobrança no valor de R$ 1.216,75 (mil duzentos e dezesseis reais e 
setenta e cinco centavos) a título de suposto desvio de energia elétrica. 
Ou seja, efetuou a ré cobrança de consumo por estimativa. 
Observe-se que as faturas mensais de consumo foram 
devidamente emitidas pela ré, o que desconstitui a tese da empresa 
quanto à existência de fraude. 
Importante salientar que o autor não foi comunicado da vistoria 
que seria realizada pelos prepostos da ré, sendo certo, reafirme-se, que 
somente teve ciência no momento do recebimento da injusta 
cobrança. 
Certo, ainda, que não houve realização de perícia a fim de 
constatar as irregularidades alegadas. 
Frise-se que o autor jamais utilizou-se de técnicas ilegais para o 
desvio de energia, ao contrário das alegações não provadas da ré. 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895641/artigo-98-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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Em que pese o comportamento da ré que, unilateralmente, sem a 
adoção dos procedimentos corretos e de forma arbitrária, aplicou 
penalidade a autora, esta dirigiu-se a uma das agências da 
demandada com o fim de resolver o impasse (protocolos: 
257834314/258614885) em anexo chegou a realizar de próprio punho 
uma contestação sobre a referida cobrança recebendo então uma 
carta de indeferimento da ré. 
Todavia, a ré mantém-se inerte e continua a efetuar cobranças 
nas respectivas contas com ameaça de inscrição nos cadastros 
restritivos de crédito e corte no fornecimento do serviço e com isso a 
autora se vê obrigada a pagar o referido valor por estar sendo 
acrescido em sua conta mensal de energia. 
Não sendo possível resolver administrativamente a questão, não 
restou outra opção ao autor, senão socorrer-se do Judiciário. 
3. DA ILEGALIDADE DO TOI 
Conforme acima exposto, a ré emitiu, indevidamente, TOI no valor 
de R$ 1.216,75 (mil duzentos e dezesseis reais e setenta e cinco 
centavos) aproximadamente. 
Ocorre que a referida emissão é totalmente ilegal, ferindo 
princípios constitucionais como o devido processo legal, direito de 
defesa, contraditório, dentre outros. 
Isto porque o documento emitido, bem como a verificação da 
suposta irregularidade foram feitas unilateralmente e sem a realização 
da devida perícia. 
Vale ressaltar que a demandada é empresa privada, 
concessionária de serviço público, razão pela qual seus atos não 
possuem presunção de legitimidade, ao contrário do que ocorre com 
aqueles praticados pela Administração Pública. 
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
 OAB/RJ 203.422 
 
 
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Neste sentido, o entendimento da melhor jurisprudência, 
conforme podemos verificar abaixo: 
Apelação. Concessionária de energia elétrica. Termo de Ocorrência de 
Irregularidade - TOI e estimativa retroativa de consumo não faturado. 
Sua legalidade, in abstracto. Necessidade de elementos suficientes 
para caracterizar o procedimento irregular e a idoneidade da 
estimativa. Ônus que recai sobre o prestador. Atos seus que não se 
presumem verazes nem legítimos. Direito à informação. Prova 
insuficiente. Laudo pericial inconclusivo quanto à existência de fraude 
no medidor. Cobrança reputada indevida e efetuada por meio abusivo 
e coativo. Dano moral. 1. A legalidade em tese dos procedimentos 
arrolados no art. 129 da Resolução Aneel nº 414/2010, dentre eles a 
lavratura do Termo de Ocorrência de Irregularidade - TOI, só se 
concretiza caso a caso na hipótese de a concessionária o instruir com 
elementos probatórios suficientes à "fiel caracterização da 
irregularidade", na dicção do próprio dispositivo regulamentar. O 
mesmo se aplica quanto à estimativa de consumo não faturado (art. 
130 da Resolução). 2. Nos termos da Súmula nº 254 desta Corte de 
Justiça, "aplica-se o Código de Defesa do Consumidor à relação 
jurídica contraída entre usuário e concessionária". 3. Decorre dos 
princípios gerais do direito das obrigações que o devedor faça jus à 
prestação de contas regular daquilo que lhe é cobrado; qualificado, 
ainda, como direito basilar do consumidor à informação clara e 
adequada acerca do produto ou serviço, seu preço, quantidades e 
características, conforme art. 6º, inciso III, do CDC, ratificado pelo art. 7º, 
caput e inciso II, da Lei de Concessoes (Lei nº 8.987/95). 4. As 
concessionárias de serviço público são simples pessoas jurídicas de 
direito privado, que não se confundem com a Administração de quem 
recebem, por delegação contratual, a incumbência de desempenhar 
determinada atividade de interesse público. Seus atos, pois, não gozam 
da presunção de legitimidade típica dos atos administrativos. Seria uma 
aberração quer às normas de Direito Administrativo, quer aos mais 
basilares princípios do direito das obrigações, quer ainda às normas 
protetivas do consumidor (que se presume parte vulnerável no 
mercado, conforme diretriz estabelecida pelo art. 4º, inciso I, do CDC), 
imputar ao usuário o ônus de provar que aapuração técnica da 
distribuidora de energia estivesse equivocada. 5. Os elementos dos 
autos, ainda que não indiquem má-fé nem temeridade no 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607548/inciso-iii-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11582401/artigo-7-da-lei-n-8987-de-13-de-fevereiro-de-1995
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11582621/inciso-ii-do-artigo-7-da-lei-n-8987-de-13-de-fevereiro-de-1995
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033819/lei-de-concessoes-lei-8987-95
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033819/lei-de-concessoes-lei-8987-95
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608486/artigo-4-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608443/inciso-i-do-artigo-4-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
 Camile Figueira de Moraes 
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procedimento da concessionária, não são suficientes para a "fiel 
caracterização" do ilícito imputado ao usuário, seja porque não há 
prova apta a demonstrar que o faturamento a menor decorresse de 
fraude e não de defeito no medidor, seja porque a leitura minorada 
iniciou-se antes mesmo de a autora entrar na posse do imóvel. 6. O só 
registro de consumo mensal inferior ao que se pode estimar pela carga 
ativa do imóvel não basta para caracterizar irregularidade na medição, 
muito menos má-fé do consumidor, o qual, sendo leigo, não está 
obrigado a deter conhecimentos de engenharia elétrica suficientes 
para detectar o equívoco na leitura do consumo de energia. 7. Quando 
o faturamento a menor não for imputável ao consumidor, a cobrança 
da recuperação de energia só pode retroagir aos três meses anteriores 
à detecção da incorreção, nos termos do art. 113, I, c/c art. 115, § 2º, 
ambos da Resolução Aneel nº 414/2010. 8. A imposição de confissão de 
dívida superior a mais que o décuplo do devido, sob ameaça de 
interrupção de fornecimento de serviço essencial, constitui forma de 
cobrança abusiva, configurando o constrangimento de que trata o art. 
42, caput, do CDC, o que caracteriza o dano moral. Se seria ilegal a 
interrupção do serviço, que não chegou a concretizar-se, ilícita também 
foi a ameaça de efetuá-la. 9. Parcial provimento do recurso (TJ-RJ - APL: 
00119814620098190021 RJ 0011981-46.2009.8.19.0021, Relator: DES. 
MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES, Data de Julgamento: 
05/02/2014, VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CIVEL/ CONSUMIDOR, Data de 
Publicação: 21/03/2014 00:00) 
Ademais, a jurisprudência do Tribunal fluminense, em consonância 
com a tese sustentada pelo autor entende que, sendo realizada 
unilateralmente a vistoria que gerou a lavratura do TOI e diante da 
inexistência mínima de participação do consumidor, este é ilegal, verbis: 
DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZATÓRIA POR DANOS 
MATERIAIS E MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LAVRATURA DE TERMO 
DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE - TOI, EFETUADO DE FORMA 
UNILATERAL PELA RÉ. PROVA PERICIAL DISPENSADA PELA PARTE RÉ QUE 
SERIA CAPAZ DE CONSTATAR A POSSÍVEL EXISTÊNCIA DE 
IRREGULARIDADES. INEXISTÊNCIA DE BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL. 
TOI QUE DEVE ASSEGURAR AO CONSUMIDOR AS GARANTIAS 
CONSTITUCIONAIS INERENTES AO DEVIDO PROCESSO LEGAL EM SEDE 
ADMINISTRATIVA (ARTIGO 5º, LV, CRFB). PAGAMENTO DE DÉBITOS 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10601910/artigo-42-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728312/inciso-lv-do-artigo-5-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
 Camile Figueira de Moraes 
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REFERENTES À DIFERENÇA DE ENERGIA COMPROVADO, DAÍ NECESSÁRIA 
A SUA DEVOLUÇÃO. INCONFORMISMO DA RÉ. Existência de relação de 
consumo com aplicação do CDC. Ainda que houvesse a constatação 
de irregularidade no medidor da residência do consumidor, esta 
deveria se demonstrar através de laudo pericial ou registro de 
ocorrência policial, o que não se deu, eis que efetuado apenas termo 
de ocorrência e de forma unilateral pela ré. Valor indenizatório fixado 
em observância os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, 
pois tal importância compensa a Autora, e, ao mesmo tempo, 
desestimula a Ré a proceder de modo abusivo. Busca da efetividade á 
teoria do desestímulo sem que sob a sua invocação se materialize 
enriquecimento sem causa. Recurso a que se nega provimento na 
forma do art. 557, caput, do CPC (TJ-RJ - APL: 22678 RJ 2009.001.22678, 
Relator: DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE MELO, Data de Julgamento: 
02/06/2009, DECIMA SEXTA CÂMARA CIVEL, Data de Publicação: 
05/06/2009) 
 
Diante de todos os argumentos acima expendidos, deve ser 
reconhecida a ilegalidade do termo de ocorrência. 
4. DA IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA POR ESTIMATIVA. DA 
DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO 
Ainda que não seja reconhecida a ilegalidade do Termo de 
Ocorrência, o que se admite ad argumentandum tantum, mister o 
reconhecimento da impossibilidade de cobrança realizada por 
estimativa. Deve ser cobrado o valor real de consumo. 
Imperioso destacar que a ré é responsável pela manutenção da 
regularidade da prestação dos serviços, bem como da 
contraprestação pecuniária no valor devido e na época correta do 
vencimento. 
Não pode a concessionária a qualquer momento alegar suposta 
irregularidade e cobrar por todo o período em que, segundo seu 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28891398/artigo-557-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
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entendimento, houve fraude. Ainda mais se esta não foi devidamente 
comprovada por meios idôneos. 
Possui a ré a obrigação de, mensalmente, verificar a possível 
irregularidade quanto à variação de valores, se existirem, para, 
imediatamente, restabelecer a normalidade. Indubitável de que tal fato 
não ocorreu. Não foi demonstrado o desvio e não foi apurado o valor 
real da suposta diferença de pagamento. 
A jurisprudência acolhendo a tese segundo a qual é impossível a 
cobrança por estimativa, assim se pronuncia: 
ENERGIA ELÉTRICA. CÁLCULO DE RECUPERAÇÃO DE CONSUMO. 
ILEGALIDADE DA RESOLUÇÃO Nº 456 DA ANEEL. Ilegalidade da forma de 
cálculo adotada, seja porque embasada em mera resolução emanada 
da agência reguladora e, portanto, sem força de lei, seja porque 
eventual critério de cálculo que se venha a adotar a fim de alcançar 
uma decisão equânime nem sempre a tal conduzirá. Inovação no 
ordenamento jurídico que somente pode se dar, como decorrência do 
Estado Democrático de Direito (artigo 1º da Constituição Federal), 
através de lei, assim entendido o ato emanado do Poder Legislativo. 
Tantoé assim que por força do Princípio da Legalidade ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei (inciso II do artigo 5º da Constituição Federal). Hipótese em que a 
posição do fornecedor se revela absolutamente cômoda ao lançar mão 
do cálculo de recuperação de consumo, uma vez que não apenas cria 
o seu próprio título com base em critérios sabidamente irreais, seja ao 
estabelecer o período de recuperação, seja ao apurar o consumo não 
medido, porque a adoção do maior consumo que se verificou nos 
últimos doze meses, como ocorre no caso posto em exame é 
sabidamente artificial, notadamente porque o consumo, conforme as 
peculiaridades de cada unidade não é uniforme nas diferentes 
estações do ano. Como se não bastasse isso, ainda pode impor o 
pagamento do denominado custo administrativo no percentual 
correspondente a 30%, submetendo, ao depois, o consumidor ao jugo 
da autotutela que, não obstante a condição de mero concessionário 
do serviço público exercita sem qualquer pejo. Possibilidade de o 
fornecedor buscar, porém na via adequada, indenização por eventual 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641860/artigo-1-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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locupletamento. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA 
AUTORA E IMPROVERAM O DA RÉ. (Recurso Cível Nº 71000760280, 
Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Luiz Antônio 
Alves Capra, Julgado em 05/10/2005) (TJ-RS - Recurso Cível: 71000760280 
RS , Relator: Luiz Antônio Alves Capra, Data de Julgamento: 05/10/2005, 
Segunda Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do 
dia 22/11/2005) 
Assim, deve ser considerado ilegal o termo de ocorrência 
baseado em estimativas, bem como declarada a inexistência do 
débito, uma vez que os valores correspondentes ao consumo foram 
devidamente pagos. 
5. DA CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL 
5.1. Da responsabilidade objetiva 
Com efeito, preceitua a norma do art. 14 do CDC, in verbis: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como 
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
Conforme é sabido, para que haja a responsabilidade objetiva, 
necessário apenas que seja constatado o dano e o nexo de 
causalidade entre o dano e a ação do responsável, no caso, a 
empresa ré. 
Logo, caracterizada a responsabilidade objetiva da ré e estando 
presente a relação de consumo (arts 2º e 3º do CDC), esta somente se 
exime nos casos expressamente previstos no art. 14, § 3º do CDC, quais 
sejam: 
Art. 14... 
 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar: 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606184/artigo-14-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608698/artigo-2-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608617/artigo-3-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606184/artigo-14-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605935/parágrafo-3-artigo-14-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
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I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Uma vez que não se vislumbra, no caso concreto, quaisquer das 
hipóteses acima mencionadas, perfeitamente aplicável a 
responsabilidade objetiva. 
5.2.Do dano moral in re ipsa 
Quanto ao dano moral, resta claro que a situação ultrapassou, e 
muito, a esfera do mero aborrecimento/dissabor. 
Preceitua a norma insculpida nos arts. 186 e 927 do C.C: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
No mesmo sentido, a art. 5º, inciso X da Carta Magna: 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação; 
 
No caso em comento, deve ser aplicada a Teoria do Risco do 
Empreendimento, respondendo a ré por eventuais vícios e/ou defeitos 
dos produtos ou serviços postos à disposição dos consumidores. 
A simples cobrança indevida é capaz de gerar o dever de 
indenizar. Neste sentido jurisprudência se posiciona em casos análogos: 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA DE DÍVIDA. DANO 
MORAL. INEXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO 
CRÉDITO OU DE QUALQUER OUTRA PUBLICIDADE. REDUÇÃO DO 
QUANTUM INDENIZATÓRIO, FIXADO EM R$ 87.004,00 PARA R$ 10.000,00 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730704/inciso-x-do-artigo-5-da-constituição-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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(DEZ MIL REAIS). 1.- Quem obtém o encerramento de conta corrente 
bancária tem direito à tranquilidade ulterior, de modo que o acréscimo 
de débitos a ela e o envio de missivas com ameaças de cobrança 
constitui dano moral indenizável. 2.- Na fixação do valor da indenização 
por dano moral por ameaça de cobrança tratando-se de débitos 
inseridos em conta encerrada deve ser ponderado o fato da 
inexistência de publicidade e de anotação no serviço de proteção ao 
crédito, circunstâncias que vêm em desfavor de fixação de valor 
especialmente elevado, mormente se considerados os valores que vêm 
sendo fixados por esta Corte. 3.- Recurso Especial provido em parte, 
reduzindo-se a R$ 10.000,00, em moeda do dia deste julgamento, o 
valor de R$ 87.004,00, fixado no caso de cobrança indevida de débito 
de R$ 870,00 (STJ - REsp: 731244 AL 2005/0038841-9, Relator: Ministro 
SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 10/11/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 23/11/2009). 
A melhor jurisprudência posiciona-se no sentido de responsabilizar 
as empesas em casos desta natureza, conforme se observa nas 
ementas abaixo transcritas: 
APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. LAVRATURA DE TOI. 
UNILATERALIDADE. NULIDADE. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. JUROS DE MORA E 
CORREÇÃO MONETÁRIA. ENCARGOS DE SUCUMBÊNCIA. INVERSÃO. 1. A 
relação jurídica que ora se examina é de consumo, pois o demandante é o 
destinatário final da energia elétrica fornecida pela ré, daí a necessidade de 
se resolver alide dentro da norma consumerista prevista no Código de 
Proteçâo e Defesa do Consumidor. 2. Da leitura do art. 14 do CPDC, verifica-se 
que a responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva e somente não 
responderá pela reparação dos danos causados ao consumidor se provar 
que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste ou o fato é exclusivo do 
consumidor ou de terceiro. 3. Outrossim, segundo a teoria do risco do 
empreendimento, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o 
dever de responder pelos vícios resultantes dos seus negócios, 
independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre do simples 
fato de alguém se dispor a realizar atividade de produzir, distribuir e 
comercializar ou executar determinados serviços. 4. Dessa forma, incumbe à 
concessionária demonstrar que a lavratura do TOI se deu de forma regular e 
em plena observância aos critérios e procedimentos previstos na Resolução 
456/2000 da ANEEL, ônus do qual não se desincumbiu. 5. Incidência do 
enunciado de nº 5 do II Encontro de Desembargadores, com competência em 
matéria cível, realizado no dia 16 de junho de 2011, constante no Aviso do 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606184/artigo-14-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
 Camile Figueira de Moraes 
 Advogada 
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Tribunal de Justiça nº 51 de 2011. 6.Nulidade do TOI que decorre da 
irregularidade de sua lavratura, fulminando a recuperação do consumo 
elaborada. Precedentes do TJRJ. 7. Dano moral in re ipsa. Fixa-se o valor de R$ 
10.000,00 (dez mil reais), pois atende às peculiaridades do caso, as condições 
do ofensor e do ofendido, o tipo de ofensa e as repercussões provocadas pelo 
ato ilícito da concessionária de energia. 8. Correção monetária que deverá 
incidir a contar desse decisum, com juros de mora fluindo a partir da citação, 
diante da relação contratual entabulada entre as partes. 9. Honorários 
advocatícios fixados nos termos do artigo 20, § 3º, do Código de Processo Civil. 
Precedente. 10. Recurso provido (TJ-RJ - APL: 00281390720118190087 RJ 
0028139-07.2011.8.19.0087, Relator: DES. JOSE CARLOS PAES, Data de 
Julgamento: 27/03/2015, DÉCIMA QUARTA CÂMARA CIVEL, Data de 
Publicação: 31/03/2015 12:19) 
DIREITO DO CONSUMIDOR - APELAÇÃO CÍVEL EXISTÊNCIA DE AGRAVO RETIDO 
INTERPOSTO PELA APELANTE EM FACE DA DECISÃO QUE DEFERIU A INVERSÃO 
DO ÔNUS DA PROVA - RELAÇÃO CONSUMEIRISTA VEROSSIMILHANÇA DAS 
ALEGAÇÕES AUTORAIS - FLAGRANTE HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR - 
TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE (TOI) - NULIDADE PROVA 
UNILATERAL - PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA DO TJ/RJ - AMEAÇA DE SUSPENSÃO DO 
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA - ILEGÍTIMAS AS COBRANÇAS 
PERPETRADAS COM FULCRO NA LAVRATURA DO TOI- DEVOLUÇÃO EM DOBRO 
DA IMPORTÂNCIA DESPENDIDA - PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL - FRAUDE 
NÃO CARACTERIZADA - AMEAÇA DE INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO ESSENCIAL - 
DANO MORAL CONFIGURADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO 
DO AGRAVO RETIDO E DO APELO. 1. Trata-se de ação declaratória de 
inexistência de débito c/c repetição de indébito c/c indenização por danos 
morais com pedido de tutela antecipada promovida por consumidor em face 
da concessionária de serviço público (Light), objetivando a manutenção ou 
restabelecimento do fornecimento do serviço de energia elétrica, a 
devolução em dobro dos valores cobrados em decorrência da lavratura do 
TOI e compensação por danos morais. 2. Decisão interlocutória deferindo a 
inversão do ônus da prova. Agravo retido interposto pela parte ré e reiterado 
nas razões recursais do presente apelo. 3. Sentença de parcial procedência, já 
que não houve necessidade do restabelecimento do serviço (religação), 
declarando, ainda, a inexistência do débito apurado pela parte ré a título de 
consumo irregular de energia elétrica decorrente do TOI e condenando a 
concessionária a devolver em dobro a importância cobrada sob a rubrica de 
"recuperação de consumo irregular" e ao pagamento de R$ 6.000,00 (seis mil 
reais), a título de compensação por danos morais. 4. Apelo da parte ré 
requerendo a apreciação do Agravo Retido (fls. 186/189) interposto em face 
da decisão interlocutória que deferiu a inversão do ônus da prova (fls. 184). No 
mérito, repisa os argumentos trazidos na peça de bloqueio, tais como, a 
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existência de irregularidade no medidor da unidade consumidora, a 
legalidade da lavratura do TOI, conforme estabelecido pela ANEEL, e a não 
configuração de danos morais. 5. Agravo retido. Inversão do ônus da prova. 
Relação de Consumo. Presente a verossimilhança nas alegações autorais, 
bem como patente a hipossuficiência do consumidor, em especial, técnica, 
impõe-se a inversão do ônus da prova com fulcro no art. 6º, inciso VIII, do 
CDC. 6. Termo de Ocorrência de Irregularidade. A produção de prova 
unilateral malfere as garantias constitucionais do devido processo legal, ampla 
defesa e contraditório. Eficácia horizontal dos direitos fundamentais. 
Impossibilidade de sobreposição das normas administrativas, redigidas pela 
ANEEL, Agência Reguladora, à lei. A prova pericial, nesses casos, se faz 
evidentemente necessária, não sendo lícito permitir a ameaça de interrupção 
do fornecimento de energia elétrica sem que seja efetivamente comprovada 
a fraude. 7. Ameaça de suspensão do serviço como forma que causa temor e 
compelir o consumidor ao pagamento do que não deve. A impugnação 
judicial dos valores lançados a débito impede que a fornecedora retalie o 
consumidor, ameaçando cortar-lhe a eletricidade, serviço de natureza 
essencial, imprescindível para a fruição de uma vida digna. 8. Laudo pericial. 
Fraude não caracterizada. Perito que atestou que o consumo registrado na 
unidade consumidora pelo sistema de medição é compatível com a carga 
apurada na unidade residencial. 9. Dano material configurado. Devolução em 
dobro da importância despendida em função da lavratura do TOI, nos moldes 
do art. 42 do CDC. 10. Dano moral configurado. Ameaça ilegítima de 
interrupção do serviço. Indenização que surge como reflexo da mudança de 
paradigma da responsabilidade civil e possui dois objetivos: a prevenção 
(através da dissuasão) e a punição (no sentido de redistribuição). Ou seja, o 
dano moral deve ser também a pena privada, a justa punição contra aquele 
que atenta contra a dignidade da vítima ou de um dos bens integrantes da 
sua personalidade, pena esta que deve reverter em favor da vítima. 11. 
Fixação do montante indenizatório que deve atender aos seus dois aspectos 
precípuos: o compensatório, nos limites da lesão suportada pela vítima; e o 
pedagógico-punitivo, cujo fim é inibir a contumácia do causador do dano. 
Analisando-se as particularidades do caso, ou seja, a extensão do dano e o 
grau de reprovabilidade da conduta da apelante, mormente, quando 
desconsidera reiteradas decisões dessa Corte, verifica-se que o quantum 
fixado a título de compensação por danos morais, arbitrados em R$ 6.000,00 se 
coaduna aos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e aos 
padrões de fixação desse E. Tribunal, bem como aos seus dois aspectos 
precípuos: o compensatório, nos limites da lesão suportada pela vítima; e o 
pedagógico-punitivo, cujo fim é inibir a contumácia do causador do dano, 
lavrando TOI's que sabe ser nulo em virtude de maciça jurisprudência e 
imputandolevianamente crime de fraude ao consumidor. NEGO PROVIMENTO 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607335/inciso-viii-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10601910/artigo-42-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
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AOS RECURSOS, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, do CPC (TJ-RJ - APL: 
171141320068190203 RJ 0017114-13.2006.8.19.0203, Relator: DES. MARCELO LIMA 
BUHATEM, Data de Julgamento: 08/10/2010, DECIMA QUARTA CÂMARA CIVEL, 
Data de Publicação: 14/10/2010) 
DECLARATÓRIA CUMULADA COM INDENIZATÓRIA. FORNECIMENTO DE ENERGIA 
ELÉTRICA. COBRANÇA BASEADA EM TERMO DE OCORRÊNCIA DE 
IRREGULARIDADE - TOI. DOCUMENTO UNILATERAL NÃO CORROBORADO POR 
OUTRAS PROVAS. NULIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO NA HIPÓTESE. 
MANUTENÇÃO DO JULGADO. 1 - O Termo de Ocorrência de Irregularidade 
(TOI), lavrado unilateralmente pela concessionária, e não corroborado por 
outras provas nos autos, não serve de suporte à cobrança da dívida. Ausência 
de realização de perícia no local e não participação do usuário na apuração 
do alegado débito. Ausência de prova da existência de irregularidade no 
medidor ou de efetivo consumo pelo demandante. Declaração de 
inexistência do débito objeto do TOI. Precedentes. 2 -Dano moral configurado. 
Imputação de fraude ao consumidor sem mínima prova nesse sentido. 
Violação a direitos da personalidade. Verba arbitrada adequadamente, 
considerando os princípios atinentes à matéria e as particularidades do caso 
concreto. Manutenção. DECISÃO MONOCRÁTICA. NEGATIVA DE SEGUIMENTO 
AO RECURSO (TJ-RJ - APL: 1493565220098190001 RJ 0149356-52.2009.8.19.0001, 
Relator: DES. CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 25/04/2011, 
NONA CÂMARA CIVEL). 
Salientamos que o art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor 
diz ser direito básico a reparação pelos danos materiais e morais 
sofridos. 
Não é demais ressaltar que a indenização por dano moral possui 
duas vertentes, a saber: reparar o abalo psicológico causado e servir 
como punição (natureza educativa), com o fito de evitar que o 
causador do dano volte a cometer a infração. 
Logo, deve ser a condenada a ré ao pagamento de indenização 
por dano moral no importe de R$ 20.000.00 (vinte mil reais) ou outro a ser 
estipulado por este juízo. 
5.3. Do dano moral pela perda do tempo 
Porém, a nosso viso, nada impede que o dano moral se apresente 
como efeito do inadimplemento de uma obrigação... Neste passo, em 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28891398/artigo-557-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607430/inciso-vi-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
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edificante artigo sobre o tema, André Gustavo Corrêa de Andrade 
tranquilamente admite o dano moral contratual e remete a solução da 
controvérsia à distinção entre "a patrimonialidade da prestação e a 
extrapatrimonialidade do interesse do credor ou dos bens afetados. 
Embora a prestação tenha conteúdo patrimonial, o interesse do credor 
na prestação pode, conforme as circunstâncias, apresentar um caráter 
extrapatrimonial porque ligado à sua saúde ou de pessoas de sua 
família, ao seu lazer à sua comodidade, ao seu bem-estar, à sua 
educação aos seus projetos intelectuais" (FARIAS, Cristiano Chaves de; 
ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil- Obrigações. Bahia: 
Juspodivm, 2012, pag: 612) (grifamos). 
Conforme se observa, a mais moderna e autorizada doutrina 
vislumbra a possibilidade de indenização por dano moral em casos de 
descumprimento contratual. 
Os consagrados autores vão além, admitindo a caracterização do 
dano pela perda de tempo e energia na solução do conflito. Neste 
sentido defendem que: 
... haverá dano moral pelo simples inadimplemento contratual, naqueles 
casos em que a mora ou inadimplemento causem ao credor grande 
perda de tempo e energiana resolução da questão. Lembra André 
Gustavo Corrêa de Andrade, que "o tempo, pela sua escassez, é um 
bem precioso para o indivíduo, tendo um valor que extrapola sua 
dimensão econômica. A menor fração de tempo perdido de nossas 
vidas constitui um bem irrecuperável. Por isso afigura-se razoável que a 
perda desse bem, ainda que não implique prejuízo econômico ou 
material, de ensejo a uma indenização". (grifamos). 
Desta forma, tendo sido provada a cobrança indevida, o fato de 
a autora tentar solucionar o problema administrativamente sem obter 
êxito, os danos causados, a perda do tempo, dentre outros, é certo que 
devida a indenização por dano moral nesta modalidade. 
6. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
É sabido que, em se tratando de situações em que uma das 
partes encontra-se em posição de desigualdade jurídica, sendo 
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obrigada a submeter-se à vontade da parte "mais forte", perfeitamente 
aplicável a inversão do ônus da prova. 
Prescreve a norma do art. 4º, I, do CDC: 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito 
à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses 
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os 
seguintes princípios: 
 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no 
mercado de consumo. 
 
Ratificando o entendimento da vulnerabilidade do consumidor, o 
art. 6º, VIII, CDC, o qual reproduzimos: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. 
Por último, ressalte-se que a comprovação da existência do 
débito cabe à ré. Entender diferente, é imputar a autora a 
responsabilidade de produzir prova negativa/diabólica, o que é 
inaceitável. 
7. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Requer a condenação da ré ao pagamento de honorários 
advocatícios no valor de 20% do valor da condenação. 
8. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA 
Preconiza a norma do art. 300 e parágrafo 2º do Novo CPC: 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608486/artigo-4-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608443/inciso-i-do-artigo-4-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607335/inciso-viii-do-artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-lei-8078-90https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894057/artigo-300-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
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 art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de 
dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
 § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após 
justificação prévia. 
Não restam dúvidas de que se trata de caso em que 
perfeitamente aplicável a antecipação da tutela in limine litis. 
Na antecipação de tutela assecuratória, antecipa-se por 
segurança, para impedir que, durante o processo, o bem da vida 
vindicado sofra um dano irreversível ou dificilmente reversível (Fredie 
Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira, 2012, pag. 
497) 
Encontra-se lastreado nos autos as provas inequívocas de que a 
cobrança é totalmente descabida, sendo certo que a excessiva 
demora conduzirá à cessação da efetividade do provimento 
jurisdicional. Ainda deve ser levado em consideração o fato de o nome 
constar do rol de bens mais preciosos que o ser humano possui. 
O periculum in mora mostra-se evidente, uma vez que, com a 
restrição do nome do autor nos cadastros restritivos, este permanece 
sem crédito, o afastando, injustamente, do mercado consumidor. 
A existência do fumus boni iuris mostra-se clara, considerando que 
a documentação ora acostada indica efetivamente que houve 
exaustivo contato com a ré para que fosse efetuada a cessação da 
cobrança, por irregular a lavratura do TOI. 
Entendendo cabível a antecipação de tutela, pronuncia-se a 
jurisprudência: 
DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. Agravo de instrumento 
interposto por consumidor de decisão que em ação cognitiva ajuizada em 
face de concessionária de energia elétrica, indeferiu a antecipação dos 
efeitos da tutela pleiteada para que a ré restabelecesse o serviço, se 
abstivesse de suspendê-lo e de cobrar débito apurado em TOI, bem como de 
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inscrever a autora em cadastros de restrição creditícia. 1. Não observa o 
procedimento disposto na Resolução 456/00 da ANEEL e, portanto, nega 
direito à ampla defesa bem como desrespeita o devido processo legal a 
suspensão do fornecimento de energia elétrica, a imediata cobrança de 
diferença e a inscrição do consumidor em nominatas de proteção ao crédito 
como consequências imediatas da lavratura de TOI. 2. Não sendo de se 
esperar que o consumidor prove que não havia irregularidade e que não lhe 
foi dado direito à ampla defesa, é de se mitigar o rigor do art. 273, caput, do 
CPC, no que concerne à ministração de prova inequívoca da verossimilhança 
do alegado, aplicando-se o art. 83 do CDC não apenas no que diz respeito ao 
restabelecimento da entrega da energia e à não inscrição do consumidor em 
cadastros de restrição creditícia, eis que o fundamento da demanda é 
relevante, a saber, a dignidade humana. 3. Recurso ao qual se dá provimento 
na forma do art. 557, § 1.º-A, do CPC (TJ-RJ - AI: 385501620108190000 RJ 
0038550-16.2010.8.19.0000, Relator: DES. FERNANDO FOCH LEMOS, Data de 
Julgamento: 27/10/2011, TERCEIRA CÂMARA CIVEL) 
Sendo assim, deve ser aplicada a antecipação dos efeitos da 
tutela para que a ré se abstenha de inserir o nome do autor nos 
cadastros restritivos de crédito, sob pena de multa diária no valor de R$ 
500,00 (quinhentos reais). 
9. DOS PEDIDOS 
1. Que seja deferida a gratuidade de justiça, nos termos da 
fundamentação supra; 
2. Antecipação dos efeitos da tutela para obrigar a ré a se abster 
de inserir o nome do autor nos cadastros restritivos de crédito, sob pena 
de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais); 
2.1. Confirmação, ao final, da tutela acima requerida; 
3. Citação da ré para que, querendo, responda às alegações 
formuladas na inicial, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria 
de fato; 
4. Declaração da ilegalidade da lavratura do TOI, com 
consequente declaração de inexistência do débito, por indevido, sob 
pena de multa de R$ 1.000,00 (um mil reais) por cobrança efetuada; 
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E-mail: camilefmoraes@hotmail.com 
 
5. Condenação em danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte 
mil reais), com juros a partir da lavratura do TOI; 
6. Aplicação de juros e correção monetária; 
7. A requerente roga pela designação de audiência de 
conciliação, pois, ante a possibilidade de autocomposição do conflito, 
deve o judiciário, através dos meios processuais existentes, incentivar a 
resolução da lide, devendo que a ré seja intimada para comparecer a 
audiência de conciliação realizada de formal virtual, nos termos do art. 
334, do CPC/15. 
8. Inversão do ônus probatório, de acordo com fundamentação; 
9. Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em 
especial documental suplementar, testemunhal e pericial; 
10. Condenação ao pagamento de honorários advocatícios no 
importe de 20% sobre o valor da condenação. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (Vinte mil reais). 
 
Termos que, 
Pede Deferimento. 
 
Cachoeiras de Macacu, 08 de maio de 2021. 
 
 
CAMILE FIGUEIRA DE MORAES 
ADVOGADA 
OAB/RJ 203.422 
		2021-05-08T17:10:15-0300

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