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Termodinâmica Aplicada Tema 4. Primeira lei da termodinâmica . UNIZAMBEZE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Curso Engenharia Mecatrônica Docente: MSc. Eng.ª Beatriz Reyes Collado e-mail: beatriz50.c@uzambeze.ac.mz mailto:beatriz50.c@uzambeze.ac.mz 2 4.1 Primeira lei da termodinâmica para um sistema percorrendo um ciclo. 4-2 - Primeira lei da termodinâmica para mudança de estado de um sistema. 4.3 - Primeira lei da termodinâmica em termos de fluxo. 4.4 - Calor específico a pressão constante e a volume constante. 4.5 - Energia interna, entalpia e calor específico para gás ideal. 4.6 - Conservação de massa. 4.7- Conservação de massa e o volume de controle. 4.8 - Primeira lei da termodinâmica para o volume de controle. 4.9 - O processo em regime permanente. Plano de aula 3 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA A primeira lei da termodinâmica é comumente chamada de "lei da conservação da energia". Nos cursos elementares de física, dá ênfase às transformações de energia cinética e potencial e suas relações com o trabalho. Uma forma mais geral de conservação de energia inclui os efeitos de transferência de calor e a variação de energia interna. Outras formas de energia podem serem incluídas: energia eletrostática, energia de campos magnéticos, tensão superficial etc. 4 A idéia básica, aqui, é que a energia pode ser armazenada dentro de um sistema, transformada de uma para outra forma de energia e transferida entre sistemas. Para o sistema fechado a energia pode ser transferida através do trabalho e da transferência de calor. A quantidade total de energia é conservada em todas transformações e transferências. PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA 5 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante um processo cíclico qualquer, percorrido por um sistema, a integral cíclica do calor é proporcional à integral cíclica do trabalho, matematicamente se pode expresar: δQ = δW (4.1) cicloQ = cicloW (4.2) A base de todas as leis da natureza é a evidência experimental. Toda a experiência efetuada até agora provou a veracidade direta ou indiretamente da primeira lei. 6 Sistemas industriais que operam em um ciclo termodinâmico: termoeléctricas a vapor e os sistemas de refrigeração. Estes dois sistemas são projetados, operados e controlados através da análise termodinâmica, mais especificamente através dos princípios da primeira lei da termodinâmica. Figura 4.1-1b -Sistema de refrigeração por compressão de vapor. Figura 4.1-1a - Sistema termelétrico de uma central de geração elétrica. 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 7 A equação estabelece a primeira lei da termodinâmica para um sistema operando em um ciclo. Muitas vezes, estamos mais interessados a respeito de um processo que em um ciclo. Assim é interessante obter uma expressão da primeira lei da termodinâmica para um processo. Isto pode ser feito introduzindo-se uma nova propriedade, a energia total, a qual é representada pelo símbolo E. 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 8 Considere-se um sistema que percorre um ciclo, mudando do estado 1 ao estado 2 pelo processo A e voltando do estado 2 ao estado 1 pelo processo B. Da primeira lei da termodinâmica temos; Considerando os dois processo que constituem o ciclo separadamente obtemos; 𝟏 𝟐 𝜹𝑸𝑨 + 𝟐 𝟏 𝜹𝑸𝑩= 𝟏 𝟐 𝜹𝑾𝑨 + 𝟐 𝟏 𝜹𝑾𝑩 Figura 4.2-1- Demonstração da existencia da propriedade termodinâmica, E 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 9 Agora, consideremos outro ciclo, com o sistema mudando do estado 1 ao estado 2pelo mesmo processo A e voltando ao estado 1 pelo processo C como indicado na Fig 4.2-1. Para este ciclo podemos escrever: 𝟏 𝟐 𝜹𝑸𝑨 + 𝟐 𝟏 𝜹𝑸𝑪 = 𝟏 𝟐 𝜹𝑾𝑨 + 𝟐 𝟏 𝜹𝑾𝑪 Subtraindo a segunda destas equações da primeira, temos 𝟏 𝟐 𝜹𝑸𝑩 − 𝟐 𝟏 𝜹𝑸𝑪 = 𝟏 𝟐 𝜹𝑾𝑩 − 𝟐 𝟏 𝜹𝑾𝑪 ou, reordenando 𝟏 𝟐 (𝜹𝑸 − 𝜹𝑾)𝑩= 𝟐 𝟏 (𝜹𝑸 − 𝜹𝑾)𝑪 (4.2-1) 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 10 Visto que B e C representam caminhos arbitrários entre os estados 1 e 2 concluímos que a quantidade (𝜹Q - 𝜹W) é a mesma para qualquer processo entre o estado 1 e o estado 2. Em conseqüência, (𝜹Q - 𝜹W) depende somente dos estados inicial e final não dependendo do caminho percorrido entre os dois estados. Isto nos faz concluir que a quantidade, (𝛿Q - 𝛿W), é uma função de ponto, e portanto, é a diferencial exata de uma propriedade do sistema. Essa propriedade é a energia total do sistema e é representada pelo símbolo E. 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 11 Assim podemos escrever: 𝜹𝑸 − 𝜹𝑾 = 𝒅𝑬 ou, 𝜹𝑸 = 𝒅𝑬 + 𝜹𝑾 (4.2-2) Observe-se que, sendo E uma propriedade, sua diferencial é escrita dE. Quando a Eq. 4.2-2 é integrada, de um estado inicial 1 a um estado final 2, temos 𝑸𝟏−𝟐= 𝑬𝟐 − 𝑬𝟏 +𝑾𝟏−𝟐 (4.2-3) onde: Q1-2 é o calor transferido para o sistema durante o processo do estado 1 parao estado 2, E1 e E2 são os valores inicial e final da energia total do sistema e W1-2 é o trabalho efetuado pelo sistema durante o processo. 4-1. Primeira lei para um sistema percorrendo um ciclo. 12 4-2. Primeira lei para mudança de estado de um sistema. O significado físico da propriedade E é o de representar toda a energia de um sistema em um dado estado. Essa energia pode estar presente em uma multiplicidade de formas, tais como; energia cinética, energia potencial, energia associada à estrutura do átomo, energia química, etc. No estudo da termodinâmica é conveniente considerar-se separadamente as energias cinética e potencial, as demais formas de energia do sistema são agrupadas em uma única variável, já definida, a energia interna, representada pelo símbolo U. Assim 𝑬 = 𝑼+ 𝑬𝑪 + 𝑬𝑷 (4.2-4) sendo 𝑬𝑪 = 𝟏 𝟐 𝒎𝑽𝟐 e 𝑬𝑷 = 𝒎𝒈𝒁 (4.2-5) onde: m massa do sistema, V velocidade, g aceleração gravitacional e Z elevação em relação ao referencial adotado para o sistema termodinâmico. 13 4-2 . Primeira lei para mudança de estado de um sistema. A energia interna U está associada ao estado termodinâmico do sistema. Como cada uma das parcelas é uma função de ponto, podemos escrever 𝒅𝑬 = 𝒅𝑼 + 𝒅(𝑬𝑪)+d(EP) (4.2-6) A primeira lei da termodinâmica para uma mudança de estado de um sistema pode, então, ser escrita como; 𝜹𝑸 = 𝒅𝑼 + 𝒅 𝑬𝑪 + 𝒅 𝑬𝑷 + 𝜹𝑾 (4.2-7) 14 Três observações podem ser feitas relativa a essa equação: 1. A energia total E, realmente existe e podemos fazer uso desta para escrever a primeira lei. Entretanto é mais conveniente, em termodinâmica, trabalhar separadamente com a energia interna U, a energia cinética EC, e com a energia potencial EP. 2. A equação 4.2-3 e 4.2-7 são de fato o enunciado da conservação de energia. A variação líquida de energia do sistema é sempre igual à transferência líquida de energia através da fronteira do sistema, na forma de calor e trabalho. 3. A equação 4.2-3 e 4.2-7 somente tratam com variações de energia interna, energia cinética e energia potencial. Não conseguimos nos informar sobre os valores absolutos dessas quantidades através dessas equações. Se quisermos atribuir valores à energia interna, energia cinética e potencial, precisamos admitir estados de referência e atribuir valores às quantidades nesses estados. 4-2 . Primeira lei para mudança de estado de um sistema. 15 4-3. Primeira lei da termodinâmica em termos de fluxo A equação do primeiro princípio para o volume de controle encontra amplas aplicações na termodinâmica, mecânica dos fluidos e transferência de calor. Consideremos um intervalo de tempo 𝛿t, durante o qual uma quantidade de calor 𝛿Q atravessa a fronteira do sistema, um trabalho 𝛿W é realizado pelo sistema, a variação de energia interna é ΔU, de energia cinética é Δ(EC) e da energia potencial é Δ(EP). Da primeira lei, podemosescrever: 𝜹𝑸 = ∆𝑼 + ∆𝑬𝑪 + ∆𝑬𝑷 + 𝜹𝑾 dividindo por 𝛿𝑡 teremos a taxa média de energia trocada, como calor e trabalho e de aumento de energia do sistema. 𝜹𝑸 𝜹𝒕 = ∆𝑼 𝜹𝒕 + ∆𝑬𝑪 𝜹𝒕 + ∆𝑬𝑷 𝜹𝒕 + 𝜹𝑾 𝜹𝒕 16 4.3 - Primeira lei da termodinâmica em termos de fluxo Calculando o limite desses valores quando 𝛿𝑡 tende para zero temos lim 𝛿𝑡→0 𝛿𝑄 𝛿𝑡 = 𝑄 , fluxo instantâneo de calor , potencia lim 𝛿𝑡→𝑜 ∆𝑈 𝛿𝑡 = 𝑑𝑈 𝑑𝑡 , lim 𝛿𝑡→𝑜 ∆(𝐸𝐶) 𝛿𝑡 = 𝑑(𝐸𝐶) 𝑑𝑡 , lim 𝛿𝑡→𝑜 ∆(𝐸𝑃) 𝛿𝑡 = 𝑑(𝐸𝑃) 𝑑𝑡 Portanto a primeira lei em termos de fluxo é 𝑄 = 𝑑𝑈 𝑑𝑡 + 𝑑(𝐸𝐶) 𝑑𝑡 + 𝑑(𝐸𝑃) 𝑑𝑡 + 𝑊 (4.3-1) ou 𝑄= 𝑑𝐸 𝑑𝑡 + 𝑊 (4.3-2) lim 𝛿𝑡→0 𝛿𝑊 𝛿𝑡 = 𝑊 17 4.3 - Primeira lei da termodinâmica em termos de fluxo Exemplo 4.3-1 Durante a operação de carregamento de uma bateria, a corrente elétrica I, é de 20 ampères, e a tensão 𝜀, é de 12,8 Volts, A taxa de transferência de calor, 𝑄, dabateria para o meio é de 10 W. Qual a taxa de aumento de energia interna? 18 Calor específico a pressão constante, CP, Calor específico a volume constante, CV, • São propriedades relacionadas à energia interna. • São particularmente úteis para a termodinâmica nos cálculos envolvendo o modelo de gás ideal. • São definidas para substâncias puras e compressíveis simples como sendo a derivada parcial das funções U(T,v) e h(T,P) respectivamente; 𝐶𝑉 = 𝜕𝑈 𝜕𝑇 𝑉 (4.4-1) 𝐶𝑃 = 𝜕ℎ 𝜕𝑇 𝑃 (4.4-2) As unidades de Cv e Cp, no sistema internacional, SI, são o kJ/kg-k ou kJ/kg -oC. Para unidades molares, kJ/ kmol-k. 4.4 - Calor específico a pressão constante e a volume constante 19 Aproximações para Líquidos e Sólidos Para simplificar avaliações envolvendo líquidos ou sólidos freqüentemente adotamos a hipótese: • O volume específico do líquido é constante • A energia interna sendo somente função da temperatura. A substância assim idealizada é chamada de incompressível. Assim para uma substância na fase líquida ou sólida, que satisfaz o modelo de substância incompressível a energia interna varia somente com a temperatura, e portanto, o calor específico a volume constante será função somente da temperatura. 𝐶𝑉 = 𝑑𝑈 𝑑𝑇 (incompressivel) (4.4-3) 4.4 - Calor específico a pressão constante e a volume constante 20 4.4 - Calor específico a pressão constante e a volume constante A entalpia, para qualquer substância, é função: • Da energia interna, • Da pressão e • Do volume específico em qualquer fase. h = u + Pv Portanto para substâncias incompressíveis, o calor específico a pressão constante CP e a volume constante, Cv são iguais. Assim; Cv = CP= C, para sólidos e líquidos 21 4.4 - Calor específico a pressão constante e a volume constante 𝑑ℎ = 𝐶𝑃 1 2 𝑑𝑇 e 𝑑𝑈 = 𝐶𝑉 1 2 𝑑𝑇 como Cp = Cv então, d h ≅ d u, para líquidos e sólidos 22 4.5 - Energia interna, entalpia e calor específico para gás ideal Para gases que obedecem o modelo de gás ideal, a energia interna específica é função somente da temperatura. Cv(T)= dU dT (4.5-1) Separando as variáveis, du = Cv T dT (4.5-2) integrando desde T1 até T2 obtemos: u(T2)-u(T1) = T1 T2 CvdT (4.5-3) A entalpia específica foi definida como h=u+Pv, entretanto, para um gás ideal a equação de estado é: Pv=RT, substituindo o valor do produto Pv na equação de definição da entalpia, temos: h=u+RT (4.5-4) Mostra que a entalpia específica também é função somente da temperatura. 23 4.5 - Energia interna, entalpia e calor específico para gás ideal Assim da Eq. 4.4-2 de definição do calor específico a pressão constante, resulta para o gás ideal: CP T = dh dT (4.5-5) dh = CP T dT (4.5-6) h(T2)- h(T1)= T1 T2 CP T dT (4.5-7) Uma relação importante entre os calores específicos dos gases ideais pode ser obtida, diferenciando a Eq. 4.5-4 em relação à temperatura dh dT = du dT + R (4.5-8) substituindo o calor específico, obtemos: CP T − Cv T = R (4.5-9) ou na base molar CP(T) - Cv T = ℜ 4.5-10) 24 4.5 - Energia interna, entalpia e calor específico para gás ideal Assim os calores específicos para um gás ideal diferem apenas do valor da constante particular do gás. Como R é sempre positivo então, CP> Cv e conseqüentemente 𝐶p> 𝐶v. Para um gás ideal o expoente da transformação isoentrópica, k , (PVk=constante) é função somente da temperatura, por definição 𝑘 = 𝐶𝑃(𝑇) 𝐶𝑣(𝑇) (4.5-11) Como Cp> Cv segue-se que k >1. Combinando a Eq. 4.5-9 com a Eq. 4.5-11 Resulta 𝐶𝑃 𝑇 = 𝑘 𝑅 𝑘−1 (4.5-12) 𝐶𝑣 𝑇 = 𝑅 𝑘−1 (4.5-13) 25 4.6 - Conservação de Massa Um sistema já foi definido como tendo uma quantidade fixa de massa. Surge agora uma pergunta: variará a massa do sistema quando houver variação de energia do sistema? Se isto acontecer, então a nossa definição de sistema como tendo uma quantidade fixa de massa não será válida, quando variar a energia do sistema. Da teoria da relatividade, sabemos que a massa e a energia estão relacionadas pela equação: 𝐸 = 𝑚𝐶2 (4.6-1) onde C é a velocidade da luz, m a massa e E é a energia. Concluímos a partir dessa equação que a massa de um sistema varia quando sua energia varia. 26 Calculemos a grandeza dessa variação de massa para um problema típico e determinemos se essa variação é ou não significativa. • Consideremos um recipiente rígido que contém 1,0 kg de uma mistura estequiométrica de um hidrocarboneto combustível (por exemplo, gasolina, C8H18) e ar, que constitui o nosso sistema. Do nosso conhecimento do processo de combustão, sabemos que após a realização desse processo, será necessário transferir cerca de 2900 kJ de calor do sistema para o meio para que seja restabelecida a temperatura inicial do sistema. Do primeiro princípio Q1−2= U2-U1+W1−2 como, W1-2= 0, e Q1-2= - 2 900 kJ , concluímos que a energia interna do sistema decresceu de 2 900 kJ durante o processo de troca de calor. 4.6 - Conservação de Massa 27 Calculemos, agora, a diminuição de massa durante o processo, utilizando a Eq. 4.6-1. A velocidade da luz é 2,9979x108 m/s. 2 900 000 (J) = m (kg) . (2,9979x108(m/s))2 m = 3,23 x10 -11 kg Portanto, quando a energia do sistema varia de 2 900 kJ a redução de massa do sistema será de 3,23 x 10 -11 kg. Uma variação de massa dessa ordem de grandeza não pode ser detectada pela balança analítica de maior precisão. Portanto se usarmos as leis de conservação de massa e energia como leis independentes não introduziremos erros significativos na grande maioria dos problemas termodinâmicos, e nossa definição de sistema, tendo uma massa fixa, pode ser usado mesmo que haja variação de energia do sistema. 4.6 - Conservação de Massa 28 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle A massa bem como o calor e o trabalho podem atravessar a superfície de controle, e a massa contida no interior do volume de controle, bem como suas propriedades, podem variar no tempo. A Fig. 4.7-1 mostra o esquema de um volume de controle com transferência de calor, trabalho de eixo, acumulação de massa dentro do volume de controle e movimento de superfície. 29 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle O princípio de conservação de massa para o volume de controle é introduzido usando-se a Fig. 4.7-2 No tempo " t " a quantidade de massa dentro do sistema, m, sob consideração é a soma 𝐦 = 𝐦𝐯𝐜(t)+ 𝛅𝐦𝐞 (4.7-1) onde: mVC(t) é a massa contida dentro do volume de controle 𝜹me é a massa dentro da pequena região denominada " e“ adjacente ao volume de controle 30 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle Analisemos, agora, o que ocorre com a quantidade fixa de matéria " m " no decorrer do intervalo de tempo dt No instante de tempo (t+dt) a quantidade de matéria sob consideração no sistema pode ser expressa pela equação: 𝒎 = 𝒎𝒗𝒄 𝒕 + 𝒅𝒕 + 𝜹𝒎𝒔 (4.7-2) Observe que as quantidades de massa nas regiões " e " e " s " não são necessariamente iguais e que, a quantidadede matéria dentro do volume de controle pode ter variado. 𝒎𝒗𝒄 𝒕 + 𝜹𝒎𝒆 = 𝒎𝑽𝑪 𝒕 + 𝒅𝒕 + 𝜹𝒎𝒔 ou rearranjando, 𝒎𝒗𝒄 𝒕 + 𝒅𝒕 −𝒎𝑽𝑪 𝒕 = 𝜹𝒎𝒆 − 𝜹𝒎𝒔 (4.7-3) 31 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle A Eq. 4.7-3 pode ser expressa na base de taxa. Primeiro dividindo-a por dt para obter: 𝒎𝒗𝒄 𝒕+𝒅𝒕 −𝒎𝒗𝒄(𝒕) 𝒅𝒕 = 𝜹𝒎𝒆 𝒅𝒕 - 𝜹𝒎𝒔 𝒅𝒕 (4.7-4) A equação para a taxa instantânea de massa é obtida tomando-se o limite de dt tendendo para zero na Eq. 4.7-4. No limite o volume de controle e o sistema coincidem. Assim, o limite do termo do lado esquerdo da Eq. 4.7-4 é: 𝐥𝐢𝐦 𝒅𝒕→𝟎 𝒎𝒗𝒄 𝒕+𝒅𝒕 −𝒎𝒗𝒄(𝒕) 𝒅𝒕 = 𝒅𝒎𝒗𝒄 𝒅𝒕 Onde, 𝒅𝒎𝒗𝒄 𝒅𝒕 é a taxa de variação de massa dentro do volume de controle no tempo t. 32 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle No mesmo limite, quando dt tende para zero, os termos do lado direito da Eq. 4.7-4 tornam-se respectivamente; lim 𝑑𝑡→0 𝛿𝑚𝑒 𝑑𝑡 = 𝑚𝑒 , lim 𝑑𝑡→0 𝛿𝑚𝑠 𝑑𝑡 = 𝑚𝑠 Nesta expressão 𝑚𝑒 e 𝑚𝑠 , são as taxas instantâneas de escoamento de massa na entrada e saída, respectivamente, no volume de controle. Em resumo a Eq. 4.7-4 quando dt →0 é, 𝑑𝑚𝑣𝑐 𝑑𝑡 = 𝑚𝑒 − 𝑚𝑠 (4.7-5) Em geral podem existir várias localizações na superfície de controle através das quais a massa pode entrar ou sair. Assim, a Eq. 4.7-5 é reescrita introduzindos e o somatório nos termos do lado direito da equação, como na Eq. 4.7-6 𝑑𝑚𝑣𝑐 𝑑𝑡 = 𝑒 𝑚𝑒- 𝑠 𝑚𝑠 (4.7-6) 33 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle Vamos considerar um outro aspecto do escoamento de massa através de uma superfície de controle. Para simplificar, admitamos que um fluido esteja escoando uniformemente no interior de um tubo ou duto como mostrado na Fig. 4.7-3. Desejamos examinar o escoamento em termos de quantidade de massa que cruza a superfície, A durante o intervalo de tempo dt. Conseqüentemente a massa que atravessa asuperfície A é dada por 𝑑𝑚 = 𝐴𝑑𝑥 𝑣 onde v, é o volume específico do fluido 34 Se agora, dividirmos ambos os membros dessa expressão por dt e tomarmos o limite para dt→0, o resultado será: 𝑚 = 𝐴𝑉 𝑣 (4.7-7) onde 𝑉 é a velocidade. Deve-se observar que este resultado, a Eq. 4.7-7, foi desenvolvido para uma superfície de controle estacionária A, e que, tacitamente admitimos que o escoamento era normal à superfície e uniforme através da superfície. Deve-se também considerar que a Eq. 4.7-7 se aplica a qualquer uma das várias correntes de escoamento que entra e sai do volume de controle , sujeito às hipóteses mencionadas. 4.7 Conservação de Massa e o Volume de Controle 35 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Já consideramos a primeira lei da termodinâmica para um sistema, que consiste numa quantidade fixa de massa e mostramos que para um processo ela pode ser representada pela Eq. 4.2-3, isto é 𝑄1−2 = 𝐸2 − 𝐸1 + 𝑊1−2 Vimos também que, dividindo por dt, ela pode ser escrita em termos de uma equação de fluxo médio num intervalo de tempo dt, 𝑄1−2 𝑑𝑡 = 𝐸2−𝐸1 𝑑𝑡 + 𝑊1−2 𝑑𝑡 (4.8-1) 36 A fim de escrever a primeira lei em termos de fluxo para um volume de controle, procedemos de modo análogo ao usado para deduzir a equação da conservação da massa em termos de fluxo. 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Consideremos agora cada termo da primeira lei da termodinâmica escrita para sistema e transformemo-lo numa forma equivalente, aplicável ao volume de controle. Consideremos primeiramente o termo E2 - E1. 37 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Seja Et energia do volume de controle no instante t Et+ dt a energia no volume de controle no instante t+dt Então E1 = Et + ee𝛿me a energia do sistema no instante t E2 = Et+ dt + es𝛿ms a energia do sistema no instante t+dt Portanto, E2 - E1 = Et+ 𝛿t+ es𝛿ms- Et - ee𝛿me = (Et+dt- Et) + (es𝛿ms- ee𝛿me) (4-8-2) 38 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Consideremos com maior detalhe o trabalho associado às massas 𝜹me e 𝜹ms que cruzam a superfície de controle. O trabalho é realizado pela força normal (normal à área A) que age sobre a 𝛿me e 𝛿ms quando estas massas atravessam a superfície de controle. Essa força normal é igual ao produto da tensão normal - 𝝈n, pela área A. O trabalho realizado é: −𝜎𝑛𝐴𝑑𝑙 = −𝜎𝑛𝛿𝑉 = −𝜎𝑏𝑣𝛿𝑚 (4.8-3) 39 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Então, o trabalho total realizado pelo sistema durante, dt, será; 𝛿𝑊 = 𝛿𝑊𝑣𝑐 + 𝑃𝑠𝑣𝑠𝛿𝑚𝑠 − 𝑃𝑒𝑣𝑒𝛿𝑚𝑒 (4.8-4) dividamos, agora, as Eq. 4.8-2 e 4.8-4 por dt e substituamos na primeira lei Eq. 4.8-1. Combinando os termos e rearranjando, 𝛿𝑄 𝑑𝑡 + 𝛿𝑚𝑒 𝑑𝑡 𝑒𝑒 + 𝑃𝑒𝑣𝑒 = 𝐸𝑡+𝛿𝑡−𝐸𝑡 𝑑𝑡 + 𝛿𝑚𝑠 𝑑𝑡 𝑒𝑠 + 𝑃𝑠𝑣𝑠 + 𝛿𝑊𝑣𝑐 𝑑𝑡 (4.8-5) Cada um dos termos de fluxo mássico dessa expressão pode ser rescrito na forma: 𝑒 + 𝑃𝑣 = 𝑢 + 𝑃𝑣 + 𝑉2 2 + 𝑔𝑍 = ℎ + 𝑉2 2 + 𝑔𝑍 (4.8-6) usando a definição de entalpia específica dada pela Eq. 2.2-2. 40 4.8 - Primeira Lei da Termodinâmica para o Volume de Controle Utilizando-se a Eq. 4.8-6 para as massas entrando e saindo do volume de controle, a Eq. 4.8-5 torna-se 𝛿𝑄 𝑑𝑡 + 𝛿𝑚𝑒 𝑑𝑡 ℎ𝑒 + 𝑉𝑒2 2 + 𝑔𝑍𝑒 = 𝐸𝑡+𝛿𝑡−𝐸𝑡 𝑑𝑡 + 𝛿𝑚𝑠 𝑑𝑡 ℎ𝑠 + 𝑉𝑠2 2 + 𝑔𝑍𝑠 + 𝛿𝑊𝑣𝑐 𝑑𝑡 (4.8-7) equação do primeiro princípio para um volume de controle em termos de fluxo 𝑄𝑣𝑐 + 𝑚𝑒 ℎ𝑒 + 𝑉𝑒2 2 + 𝑔𝑍𝑒 = 𝑑𝐸𝑣𝑐 𝑑𝑡 + 𝑚𝑠 ℎ𝑠 + 𝑉𝑠2 2 + 𝑔𝑍𝑠 + 𝑊𝑣𝑐 (4.8-8) Em outras palavras essa equação diz que a taxa líquida de transferência de calor para o volume de controle, mais a taxa de energia que entra no mesmo como resultado da transferência de massa, é igual à taxa de variação da energia dentro do volume de controle mais a taxa de energia que sai deste como resultado da transferência de massa, e mais a potência líquida associada a eixo, cisalhamento, efeitos elétricos e outros fatores que já foram mencionados. 41 4.9 - O processo em Regime Permanente Nossa primeira aplicação das equações de volume de controle será no desenvolvimento de um modelo analítico adequado para operações em regime permanente de dispositivos como: Turbinas, Compressores, Bocais, Caldeiras, Trocadores Calor etc. , ou seja, um grupo muito grande de problemas de interesse na engenharia. Esse modelo não incluirá as fases transitória de entrada em operação e parada de tais dispositivos, abordando apenas o período de tempo de operação estável. 42 4.9 - O processo em Regime Permanente Consideremos um certo conjunto de hipóteses (além daquelas que levaram à equação da 1a lei) que conduzem a um modelo razoável para esse tipo de processo, ao qual nos referimos como processo em regime permanente. 1. O volume de controle não se move em relação ao sistema de coordenadas. • Esta hipótese significa que todas as velocidades medidas em relação aquele sistema são também velocidades relativas à superfície de controle, e não há trabalho associado com a aceleração do volume de controle. 2. Quanto à massa no volume de controle, o estado da mesma em cada ponto do volume de controle não varia com o tempo. • Esta hipótese requer que 𝑑𝑚𝑣𝑐 𝑑𝑡 =0 , é também 𝑑𝐸𝑣𝑐 𝑑𝑡 = 0 43 4.9 - O processo em Regime Permanente portanto, concluímos para o processo em regime permanente, podemos escrever a equação da continuidade, Eq. 4.7-4 como: 𝑚𝑠 = 𝑚𝑒 (4.9-1) e a primeira lei da termodinâmica como: 𝑄𝑣𝑐 + 𝑚𝑒 ℎ𝑒 + 𝑉𝑒2 2 + 𝑔𝑍𝑒 = 𝑚𝑠 ℎ𝑠 + 𝑉𝑠2 2 + 𝑔𝑍𝑠 + 𝑊𝑣𝑐 (4.9-2) 3 - Quanto à massa que escoa através da superfície de controle, o fluxo de massa e o estado dessa massa em cada área discreta de escoamento na superfície de controle não varia com o tempo. As taxas na qual o calor e o trabalho cruzam a superfície de controle permanecem constantes. Isto requer que cada quantidade nas Eq. 4.9-1 e Eq.4.9-2 sejam invariáveis com o tempo, isto significa que a aplicação das Eq. 4.9-1 e 4.9-2 à operação de tais dispositivos é independente do tempo.