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SISTEMA NERVOSO- PROBLEMA 3 OBJETIVOS: 1. Descrever as fases de desenvolvimento embrionário do sistema nervoso OK 1.1 Origem das células gliais OK 1.2 Formação das vesículas primárias e secundárias OK 1.3 Genes envolvidos (SHH, Homeobox) OK 2. Sobre as meninges: 2.1 Tipos ok 2.2 Formação embriológica ok 2.3 Funções ok 2.4 Vascularização ok 3. Sobre o LCR: ok 3.1 Composição/ produção ok 3.2 Funções ok 3.3 Origem ok 3.4 Relacionar com doenças (hidrocefalia) ok 3.5 Drenagem 4. Descrever a origem e o funcionamento das seguintes barreiras: 4.1 Hematoencefálica ok 4.2 Hemoliquórica ok 4.3 Liquorencefálica ok 5. Conceituar teratogênese: 5.1 Tipos ok 5.2 Agentes ok 5.3 Relacionar com as principais malformações ok 5.4 Entender a importância do ácido fólico na prevenção das malformações (hidrocefalia, microcefalia, meroencefalia, espinha bífida, mielomeningocele) ok TERCEIRA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO: DISCO GERMINATIVO TRILAMINAR ● A partir da segunda semana do desenvolvimento começa a aparecer a membrana bulcofaríngea que fica oposta a membrana cloacal; a partir disso passamos a ter uma ideia do que seria a região cranial e a região caudal desse embrião. A partir da região caudal, começa a surgir a linha primitiva que migra da membrana cloacal e vai em direção a membrana bulcofaringea (não chega até a membrana bulcofaringea. A linha primitiva se estende até o nó primitivo). ● A partir da membrana cloacal- por meio de estímulos químicos, principalmente o FGF-8- ocorre uma pequena invaginação do epiblasto que irá formar a linha primitiva. Ao chegar no nó primitivo esse gene FGF-8 começa a induzir um conjunto de células a formarem outro gene que é o nodal. O nodal junto com o FGF-8 formará a notocorda (dá origem a placa neural e futuramente ao tubo neural). Com a formação dessas estruturas teremos uma noção de lado direito e lado esquerdo. ● A partir da formação da linha primitiva, irão ocorrer expressões gênicas que irião modificar as células do epiblasto. Elas serão modificadas e se soltam da camada epiblástica, migrando para a região que fica entre o epiblasto e o hipoblasto formando o mesoderma. O epiblasto forma o ectoderma e o hipoblasto forma o endoderma. FORMAÇÃO DO NOTOCÓRDIO ● As células pré-notocordais que se invaginam na fosseta primitiva movem-se em direção cefálica até chegarem na placa pré-cordal. Estas células pré-notocordais se intercalam no hipoblasto, de forma a formar a placa notocordal. Posteriormente, a placa notocordal irá se proliferar e se destacar do endoderma, formando o notocórdio definitivo (serve como base do esqueleto axial). ● As células do notocórdio e pré-notocordais se estendem em sentido cefálico (cranial) até a placa pré-cordal e em sentido caudal até a fosseta primitiva. ● O aparecimento do notocórdio e do mesoderma pré-cordal induz o extoderma a formar a placa neural. As células da placa constituem o neuroectoderma (indução dele é o evento inicial da neurulação) ● Sofre grande influência do sonic hedgehog (altera as células do epiblasto para formar a placa neural). A placa neural então sofre influência do SHH (sonic hedgehog) e das BMP (proteínas morfogeneticas ósseas) e a medida que vai se proliferando, vai invaginar para formar o tubo neural. Quando esse tubo neural se fecha, o gene PAX 3 e 7 vão diferenciar as células que formam o tubo neural com o intuito de formar uma região de células sensoriais (vias aferentes) e uma região de células motoras (vias eferentes) NEURULAÇÃO ● A formação do sistema nervoso tem origem do ectoderma e se inicia a partir da terceira semana de desenvolvimento da criança (18o dia), fase a qual corresponde a fase de NEURULAÇÃO; ● O embrião passa a apresentar os 3 folhetos: endoderma, mesoderma e ECTODERMA. Sendo que o ectoderma está localizado acima da notocorda, porção que irá induzir o espessamento do ectoderma para a formação da PLACA NEURAL, a qual está localizada posteriormente à notocorda; ● A placa neural cresce progressivamente, tornando-se mais espessa, e acaba sofrendo uma invaginação, formando o SULCO NEURAL, que se aprofundando formará a GOTEIRA NEURAL; ● Esta última se funde para formar o TUBO NEURAL (origina elementos do Sistema Nervoso Central), além da formação de uma lâmina longitudinal lateralmente, a CRISTA NEURAL (Sistema Nervoso Periférico) e, assim, completa- se o processo de Neurulação; ● Mesmo em fases mais adiantadas, permanecem nas extremidades cranial e caudal do embrião dois pequenos orifícios que são denominados neuróporo rostral e neuróporo caudal; Observação! Antes do fechamento do neuroporos, a cavidade do tubo neural é preenchida por líquido amniótico. Com o fechamento dos neuroporos, a cavidade passa então a ser preenchida por líquido ependimário. O termo líquido cerebroespinhal só é usado quando surgem os plexos coroides. Crista Neural: ● As duas estruturas que se formam ao lado do tubo neural, após a união das goteiras neurais formam a crista neural, que rapidamente irá se dividir e dar origem as diversas estruturas do SNP: ● A crista neural é uma massa de tecido entre o tubo neural e o ectoderma cutâneo. Essa crista se diferencia e, finalmente, forma: os gânglios sensitivos dos nervos espinais, os nervos espinais, os gânglios sensitivos dos nervos cranianos, os nervos cranianos, os gânglios do SN Autônomo do sistema nervoso, a medula da glândula suprarrenal e as meninges. ● Células de Schwann que estão presentes ao longo dos axônios periféricos, de forma intermitente (internódulos entre os nódulos de Ranvier) e são responsáveis pela produção de mielina e dão um aspecto branco ao axônio Tubo Neural: ● Forma o sistema nervoso central O fechamento da goteira neural e a concomitante fusão do ectoderma diferenciado para a formação do tubo neural é um processo que se inicia no meio da goteira neural e é mais lento em suas extremidades. Assim, tem-se tubo neural no meio do embrião e goteira nas extremidades, nas quais existem dois orifícios, que são as últimas partes do SN a se fechar: neuróporo rostral ou anterior e neuróporo caudal ou posterior. A parede do tubo neural é formada por um neuroepitélio (lembram um tecido epitelial pseudo-estratificado). Nessa parede do tubo neural existirão células progenitoras, onde irão surgir, por exemplo, neuroblastos (vão formar neurônios) e os gliobastos (vão formar as células da glia). Entre a quarta e a quinta semana, esse neuroepitélio começa a sofrer indução de expressões gênicas que fazem com que essas células passem a desenvolver um fenótipo mais próximo da função que elas vão executar. CRESCIMENTO DAS PAREDES DO TUBO: é um processo que não é uniforme, havendo a formação de: -Placa do teto: dá origem ao Plexo e Tela corioides -Placa do assoalho: forma o sulco mediano do assoalho do IV ventrículo. -Placa alar: amadurecimento de neuroblastos para formar neurônios sensoriais. -Placa basal: diferenciação de neuroblastos em neurônios motores. Observação! A placa basal e a alar formam o “H” medular Observação! O sulco limitante limita as lâminas alares das basais. DILATAÇÕES DO TUBO NEURAL: o tubo neural, originalmente, não tem o seu calibre uniforme. A PORÇÃO CRANIAL (que dará origem ao encéfalo) torna-se dilatada e constitui o encéfalo primitivo -> o Arquencéfalo. Já a PARTE CAUDAL (que dá origem à medula do adulto) permanece com o calibre uniforme e constitui a medula primitiva do embrião; Durante a terceira até a quarta semana de desenvolvimento embrionário, a parte anterior do tubo neural (Arquencéfalo) forma três grandes áreas chamadas de vesículas encefálicas primárias, que são denominadas por suas posiçõesrelativas: PROSENCÉFALO, ROMBENCÉFALO e MESENCÉFALO; Observação! Entre a medula primitiva e o arquencéfalo surge a flexura cervical. Observação! A flexura cefálica é a primeira a aparecer, e surge na região entre o mesencéfalo e o prosencéfalo; Observação! Uma vez estabelecida a placa neural, os sinais para a divisão do encéfalo nas regiões prosencefálica, mesencefálica e rombencefálica derivam-se dos genes Homeobox expressos no notocórdio, na placa pré-cordal e na placa neural. Durante a quinta semana de desenvolvimento, começam a se desenvolver vesículas encefálicas secundárias: 1. PROSENCÉFALO (parte mais cranial) formará telencéfalo e diencéfalo; Telencéfalo: o que estamos acostumados a chamar de cérebro. É bastante desenvolvido nos seres humanos e envolve o diencéfalo, formando os hemisférios cerebrais, com os núcleos da base, a lâmina terminal e as comissuras. Corresponde a um contorno = Lobo límbico, semelhantemente ao corpo caloso que corresponde a um feixe de fibras que faz as comunicações entre os dois hemisférios cerebrais, com forma de ferradura; Diencéfalo: permanece nas paredes do terceiro ventrículo, dando origem às vias ópticas, ao hipotálamo, ao tálamo, ao subtálamo e ao epitálamo; 2. ROMBENCÉFALO (parte mais caudal) formará o metencéfalo e o mielencéfalo; Metencéfalo: forma a ponte e cerebelo + estruturas internas; Mielencéfalo: bulbo ou medula oblonga. Observação! O limite entre o metencéfalo e o mielencéfalo é marcado pela flexura pontina Observação! Possui 8 segmentos, chamados de rombômeros, que tem padrões de expressão variáveis de genes homeobox, os HOX. Esses Hox determinam a identidade dos rombômeros e especificam seus derivados. O ácido retinóico (retinóides) possuem um papel fundamental na regulação dos HOX. Se houver um excesso de retonóide, por exemplo, ocorre o deslocamento anteriormente a expressão dos genes Hox e faz rombômeros mais cefálicos se diferenciarem em tipos mais caudais. 3. MESENCÉFALO será o mesencéfalo. Mesencéfalo: forma os pedúnculos cerebrais, o tegumento com núcleo rubro, a substância negra e teto com os colículos; Observação! Com o aparecimento do Córtex Cerebral e dos núcleos da substância cinzenta do telencéfalo e diencéfalo, as fibras que compõem a substância branca vão possibilitar a comunicação e a formação de diversas vias inter e intra-hemisféricas, assim como a comunicação entre o tronco encefálico e a medula espinhal. Recapitulando formação de placa neural: a partir da membrana cloacal terá a formação de uma linha primitiva que irá em direção a membrana bulcofaringea até chegar no nó primitivo. Quando chega no nó, os genes FGF e nodal irão contribuir para a formação de uma notocorda que irá promover a proliferação do epiblasto para formar a placa neural. Essa placa neural vai se espessando formando as cristas neurais (vão se fundir para formar o tubo neural). O tubo neural vai se fechando (ocorrendo da região medial para dois sentidos: cranial e caudal). Na região cranial é formado, primeiramente, as vesículas encefálicas primárias (na região mais caudal está o prosencéfalo F, depois o mesencéfalo M e depois e rombencéfalo H) que depois irão se dividir formando as vesículas encefálicas secundárias CAVIDADE CENTRAL DO TUBO NEURAL: A luz do tubo neural permanece nos adultos, no entanto sofre diversas modificações. A luz primitiva corresponde ao canal central da medula ou canal do epêndima. Posteriormente: - Cavidade dilatada do rombencéfalo= IV ventrículo; - Diencéfalo e parte mediana do telencéfalo= III ventrículo; - Mesencéfalo = aqueduto cerebral (une o III e IV ventrículos); Todas essas cavidades são revestidas pelo EPÊNDIMA, que é formado por tecido epitelial cubóide. E, com exceção do canal do epêndima, todas as cavidades possuem o Liquor ou LCR. DESENVOLVIMENTO DA MEDULA ESPINHAL Durante a fase de sulco neural e logo após a fusão das pregas neurais, o tubo neural é constituído por células neuroepiteliais, que formam a camada neuroepitelial ou neuroepitélio. Com o tubo neural fechado, as células neuroepiteliais dão origem a outro tipo celular, as células nervosas primitivas ou neuroblastos, que formam a camada do manto. Esta camada, por sua vez, forma a camada marginal. Portanto, a medula espinhal com 6 semanas é composta pelas seguintes zonas: 1. ZONA VENTRICULAR: constituída por células neuroepiteliais da parede do tubo neural, dão origem a todos os neurônios e células macrogliais da medula espinhal; 2. ZONA INTERMEDIÁRIA: formada por neuroblastos, provenientes das células neuroepiteliais em divisão da zona ventricular. Neuroblastos se tornam neurônios. 3. ZONA MARGINAL: composta pelas partes externas das células neuroepiteliais. É a futura substância branca da medula espinhal. CÉLULAS DA GLIA Os GLIOBLASTOS se diferenciam a partir das células neuroepiteliais principalmente depois que cessa a formação dos neuroblastos. Eles migram da zona ventricular para as zonas intermediária e marginal; -Alguns se tornam astroblastos e então astrócitos, outros oligodendroblastos e então oligodendrócitos; - Quando a produção das células da macroglia é cessada, elas se diferenciam em células ependimárias – estas formam o epêndima que reveste o canal central da medula espinhal. - As células da micróglia são derivadas das células mesênquimais. Elas invadem o SNC mais tardiamente no período fetal, depois de os vasos sanguíneos já terem penetrado. Origina-se na medula óssea e faz parte do sistema mononuclear fagocitário. - A sinalização sonic hedgehog controla a proliferação, sobrevivência e padronização de células progenitoras neuroepiteliais ao controlar os fatores de transcrição Gli. MENINGES: ➢ As meninges são membranas conjuntivas que envolvem o sistema nervoso central e são divididas em três: dura-máter, aracnoide e pia-máter. As duas últimas são consideradas como uma formação única, a leptomeninge (ou meninge fina). Já a dura-máter é considerada paquimeninge (ou meninge espessa). ❖ Dura-máter: ➢ É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. ➢ A dura-máter do encéfalo se difere da dura-máter da medula espinhal por ser formada por dois folhetos, externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. ➢ É muito vascularizada (folheto externo) ➢ É muito inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter e nos vasos sanguíneos, sendo responsáveis pela maioria das dores de cabeça. ➢ Em algumas áreas, o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos e se comunicam. 1. Foice do cérebro: septo vertical mediano, que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios cerebrais. 2. Tenda do cérebro: projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. Ela separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em supratentorial (superior) e infratentorial (inferior). 3. Foice do cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado entre os dois hemisférios cerebelares. 4. Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando um pequeno orifício para a passagem da haste hipofisária. ➢ Cavidades da dura-máter: em algumas áreas, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo se separam, delimitando as cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal (de Meckel) que contém o gânglo trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e contêm sangue, constituindo os seios da dura-mtáter.➢ Os seios da dura-máter são canais venosos revestidos de endotélio e situados entre os dois folhetos. Possuem parede finas, porém, mais rígidas que a das veias. O sangue proveniente das veias do encéfalo e do globo ocular é drenado para os seios da dura-máter e destes para as veias jugulares internas. Eles se comunicam com as veias da superfície externa do crânio através das veias emissárias. Tipos de seios da abóbada: 1. Seio sagital superior: percorre a margem de inserção da foice do cérebro e termina próximo a confluência dos seios. 2. Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro e termina no seio reto. 3. Seio reto: está localizado ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo e termina na confluência entre os seios. 4. Seio transverso: se dispõe dos dois lados ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital, desde a confluência dos seios até a parte petrosa do osso temporal (passa a ser chamado de seio sigmoide). 5. Seio sigmoide: continuação do seio transverso até a forame jugular, onde continua com a veia jugular interna. Ele drena a quase totalidade do sangue venoso da cavidade craniana. 6. Seio occipital: pequeno e irregular, se dispõe ao longo da margem de inserção da foice do cerebelo. ➢ Seios venosos da base: 1. Seio cavernoso: cavidade grande e irregular, situado em cada lado do corpo do esfenoide e da sela túrcica. Ele recebe o sangue proveniente das veias oftálmica superior e central, além de algumas veias do cérebro. Esse seio é atravessado pela artéria carótida interna, pelo nervo abducente, pelos nervos troclear, oftálmico, oculomotor e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Observação! Aneurismas da carótida interna no nível do seio cavernoso comprimem o nervo abducente e, em certos casos, os demais nervos, determinando distúrbios típicos dos movimentos do globo ocular. 2. Seios intercavernosos: unem os dois seios cavernoso, envolvendo a hipófise. 3. Seio petroso superior: drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide. ❖ Aracnoide: ➢ Membrana delicada e justaposta a dura- máter, da qual se separa pelo espaço subdural. Ela se separa da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebroespinhal, ou liquor; havendo comunicação entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e da medula. ➢ Adere intimamente a superfície do encéfalo, o acompanhando em todos os giros, sulcos e depressões. ➢ A profundidade do espaço subaracnóideo é variável, sendo pequena no cume dos giros e grande nas áreas onde parte do encéfalo se separa da parede craniana. Nessas áreas se formam as cisternas subaracnóideas. ➢ Em alguns pontos, a aracnoide forma as granulações aracnóidea que são mais abundantes no seio sagital superior. Elas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo nos quais o liquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada aracnoide. ❖ Pia-máter: ➢ É a mais interna das meninges, aderindo-se a superfície do encéfalo e da medula. ➢ A sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso constituindo a membrana pio-glial. ➢ Ela da resistência aos órgãos nervosos. ➢ Acompanha os vasos que penetram o tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares (onde contem liquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos; sendo importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias ou picos de pressão). LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: ➢ Conhecido também como liquor ou líquido cerebroespinhal é um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. ➢ Possui função de proteção mecânica do sistema nervoso central, formando um coxim entre o SNC e o estojo ósseo. Ou seja, qualquer pressão ou choque em um ponto desse coxim, segundo o princípio de pascal, irá se distribuir igualmente a todos os pontos. ➢ O SNC fica totalmente submerso nesse líquido o que, de acordo com o princípio de Arquimedes, torna-o mais leve; reduzindo o risco de traumatismos do encéfalo resultantes do contato com os ossos do crânio. ➢ Os locais de PRODUÇÃO são os PLEXOS COROIDES (redes de capilares nas paredes dos ventrículos); ➢ Os capilares são recobertos por CÉLULAS EPENDIMÁRIAS, que formam o líquido cerebrospinal a partir do plasma sanguíneo, por filtração e secreção. Como as células ependimárias são unidas por junções oclusivas, os materiais que entram no LCS, provenientes dos capilares, não vazam entre as células. Essa barreira hematoliquórica permite que certas substâncias entrem no LCR, mas exclui outras, protegendo o encéfalo de substâncias potencialmente nocivas transportadas pelo sangue; ➢ O principal local de REABSORÇÃO do LCR pelo sistema venoso é através das vilosidades ou granulações aracnóideas, que penetram nos seios venosos intracranianos e, em menor quantidade, através das bainhas pia-aracnóideas que envolvem as raízes raquianas e dos nervos cranianos, atingindo, por essa via, os vasos linfáticos situados fora das meninges; ➢ O volume total do liquor é de 100 ml a 150 ml, renovando-se completamente a cada 8 horas. ➢ Os plexos corioides produzem cerca de 500 ml por dia através da filtração seletiva do plasma e da secreção de elementos específicos. ➢ Ele é produzido pelo plexo corioide, porém, estudos mais recentes mostraram que o liquor é produzido mesmo na ausência desses plexos, visto que o epêndima das paredes ventriculares é responsável por 40% do total de liquor formado. ➢ Sua formação envolve transporte ativo de Na+Cl-, através das células ependimárias dos plexos corioides, acompanhando certa quantidade de água, necessária a manutenção do equilíbrio osmótico. Origem: ➢ Começa a se formar durante a 5ª semana, produzido pela tela corióide dos ventrículos laterais (4º ventrículo e 3º ventrículo); ➢ Através das aberturas mediana e lateral, o LCE passa para o espaço subaracnóide. É absorvido pelas vilosidades aracnóideas, que são protusões da aracnóide nos seios venosos da dura-máter; Circulação: ➢ O sistema ventricular, por onde o líquor circula, é formado por quatro cavidades: os ventrículos laterais (direito e esquerdo), o terceiro ventrículo (cavidade do diencéfalo) e o quarto (na frente do cerebelo); ➢ Depois de circular nessas cavidades, o líquor vai migrar para o espaço subaracnóide do encéfalo e da medula espinhal. De lá, vai escoar por forames, que são canais que ligam essas estruturas. ➢ Dos dois ventrículos laterais, o líquor vai para o terceiro ventrículo, atravessando o forame de Monro ou forame interventricular. Do terceiro para o quarto ventrículo, o líquor vai escoar pelo forame de Sylvius ou aqueduto cerebral. ➢ Quando o líquor chega no quarto ventrículo, ele deve ser distribuído para a medula e para o encéfalo, respectivamente por meio do forame de Magendie, ou abertura mediana, e do forame de Luschka ou aberturas laterais. Correlação com a hidrocefalia: É justamente o aumento da quantidade e da pressão do liquor, levando a dilatação dos ventrículos e compressão do tecido nervoso de encontro ao estojo ósseo. Existem dois tipos de hidrocefalia: 1. Hidrocefalia comunicante: resultam do aumento na produção ou deficiência na absorção do liquor, em razão de processos patológicos dos plexos corioides ou dos seios da dura-máter. 2. Hidrocefalia não comunicante: são mais frequentes e resultam da obstrução no trajeto do liquor, podendo ocorrer em vários locais, como por exemplo: forame intraventricular; incisura da tenda (impede a passagem do liquor do compartimento infratentorial para o supratentorial,provocando dilatação de todo o sistema ventricular); entre outros. BARREIRAS ENCEFÁLICAS: ❖ São dispositivos que impedem ou dificultam a passagem de substâncias entre o sangue e o tecido nervoso (barreira hematoencefálica) ou entre o sangue e o linquor (barreira hematoliquórica). ❖ Regulam a passagem, para o tecido nervoso, não só de substâncias a serem utilizadas pelos neurônios, mas também de medicamentos e substâncias tóxicas. Barreira Hematoencefálica: ❖ Apesar do nome, essa barreira também existe na medula. ❖ Do sangue para o tecido nervoso ❖ Neuropilo → espaço existente no SNC entre os vasos e os corpos dos neurônios e das células gliais. ❖ Capilar cerebral → formado pelo endotélio e por uma membrana basal muito fina. Por fora, os pés vasculares dos astrócitos formam uma camada quase completa em torno do capilar. Os endotélios apresentam quatro características básicas que os diferenciam dos demais capilares: a)Células são unidas por junções intimas que impedem a penetração de macromoléculas (não estão presentes nos capilares em geral). b)Não existem fenestrações e são raras as vesículas pinocíticas (estruturas importantes para o transporte de macromoléculas). c)Células endoteliais não são contráteis. Assim, o cérebro fica protegido em situações que há grande liberação de histamina na circulação (quadros alérgicos). Barreira hemoliquórica: ❖ Do sangue para o LCS ❖ Localiza-se nos plexos coroides. Substâncias são barradas no nível da superfície do epitélio ependimário voltada para a cavidade ventricular. O epitélio ependimário possui junções que unem as células próximas a superfície ventricular e impede a passagem de macromoléculas. Barreira liquorencefálica: ❖ Do LCS para o tecido nervoso; ❖ Está situada na pia-máter, mas seu funcionamento ainda não foi bem explicado. Observação! A barreira líquorencefálica é mais fraca, dando passagem a um maior número de substâncias que as outras; - Sendo a barreira líquorencefálica muito fraca, às vezes há vantagem em se introduzir medicamentos no líquor ao invés de no sangue para que entre mais rapidamente no tecido nervoso; - Em áreas de função endócrina a barreira hematoencefálica não existe, o que ocorre devido à troca de substâncias necessária entre o sangue e o tecido. No resto do tecido, a permeabilidade é variável. AGENTES TERATOGÊNICOS Define-se como agente teratogênico qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência, que estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz alteração na estrutura ou função da descendência. Os danos causados pela teratogenicidade envolvem morte celular, alterações de crescimento e/ou diferenciação celular e outros processos morfogenéticos, que em geral vão afetar mais de um tipo de tecido e órgão. Podem ocorrer por interação genética (20-30%), causas ambientais (7-10%), causa multifatorial (20%), ou ainda permanecer com a etiologia desconhecida mesmo após investigação aprofundada (maioria dos casos). Esses danos podem ser agrupados nas seguintes classes: perda do concepto (por abortamento ou morte fetal), malformações, retardo de crescimento intrauterino e deficiências funcionais, englobando também a deficiência intelectual. Vale ressaltar que as manifestações provocadas pelos agentes teratogênicos dependem de várias condições, dentre elas o estágio de desenvolvimento do bebê, a relação entre dose e efeito, o genótipo materno-fetal, além dos mecanismos específicos de cada teratógeno. ➔ AGENTES X ANOMALIAS CONGÊNITAS DROGAS: ÁLCOOL ► Síndrome do alcoolismo fetal (SAF): retardo do crescimento intrauterino; deficiência mental; microcefalia; anomalias articulares; distúrbios cognitivos e neurocomportamentais. COCAÍNA ► Retardo do crescimento intrauterino; prematuridade; microcefalia; infarto encefálico; anomalias urogenitais. TETRACICLINA ► Dentes manchados; hipoplasia do esmalte. VÍRUS: CITOMEGALOVÍRUS ► Microcefalia; perda neurossensorial; desenvolvimento mental/psicomotor retardado; hidrocefalia; paralisia cerebral. VÍRUS DA RUBÉOLA ► Retardo de crescimento intrauterino; retardo do crescimento pós-natal; anomalias cardíacas e dos grandes vasos; surdez neurossensorial; deficiência mental; sangramento neonatal. ALTOS NÍVEIS DE RADIAÇÃO IONIZANTE: Microcefalia; deficiência mental; anomalias esqueléticas; retardo do crescimento. PRINCIPAIS MALFORMAÇÕES ❖ Espinha bífida: é um defeito congênito que ocorre quando os ossos da coluna não se formam completamente. Primordialmente isto ocorre no início da gravidez. Como resultado observamos uma abertura da coluna nas costas, geralmente no fim da coluna. 1. Espinha bífida oculta: : É um defeito nos arcos vertebrais que é coberto por pele e geralmente não envolve o tecido neural subjacente. Ocorre na região lombossacra (L4- S1) e geralmente é marcada por um tufo de pelos que recobre a região afetada. O defeito, que é devido a uma falta de fusão dos arcos vertebrais. 2. Mielomeningocele: É um tipo de espinha bífida aberta. Logo é a forma mais grave da doença. Na mielomeningocele, uma porção da medula espinhal do bebê e dos nervos adjacentes se projetam através de uma abertura na coluna vertebral. Um disco ou bolsa exposta e plana é visível nas costas. Isso expõe a medula espinhal do bebê ao líquido amniótico no útero da mãe e pode ser prejudicial ao desenvolvimento do bebê. Portanto a mielomeningocele é o único tipo de espinha bífida que expõe a medula espinhal do bebê ao líquido amniótico. 3. Meningocele: Ocorre quando a medula espinhal e o tecido nervoso não se projetam para dentro do saco. Neste caso, a lesão é geralmente coberta pela pele. 4. Lipomielomeningocele: É um tipo de espinha bífida em que a medula espinal no saco é coberta por gordura e pele. Observação! A hidrocefalia desenvolve-se em praticamente todos os casos de espinha bífida cística porque a medula espinal encontra-se presa a coluna vertebral, prendendo-o no forame magno, interrompendo o fluxo de LCR que nasce com anencefalia pode ser natimorto ou sobreviver apenas algumas horas ou dias após o nascimento ❖ Anencefalia: Bebê que nasce com cérebro subdesenvolvido e crânio incompleto. A anencefalia é um defeito na formação do tubo neural de um bebê durante o desenvolvimento. Um bebê que nasce com anencefalia pode ser natimorto ou sobreviver apenas algumas horas ou dias após o nascimento. ❖ Hidrocefalia: Acúmulo de líquido nas cavidades internas do cérebro. O fluido extra exerce pressão sobre o cérebro e pode causar danos cerebrais. É mais comum em crianças e idosos. A hidrocefalia é caracterizada pela dilatação da cabeça nos bebês. Adultos e crianças mais velhos sofrem dores de cabeça, comprometimento da visão, dificuldades cognitivas, perda de coordenação motora e incontinência. O tratamento costuma ser um tubo (shunt) inserido cirurgicamente em um ventrículo para drenar o excesso de líquido. ❖ Holoprosencefalia: A holoprosencefalia (HPE) é uma má formação cerebral complexa resultante da clivagem incompleta do prosencéfalo (o lóbulo frontal do cérebro do embrião), entre os dias 18 e 28º de gestação. Na HPE o lóbulo frontal do cérebro do embrião não se divide para formar os hemisférios cerebrais bilaterais (as metades esquerda e direita do cérebro), causando defeitos no desenvolvimento da face, na estrutura e no funcionamento do cérebro de gravidade variáveis. Existem 3 tipos: 1. Holoprosencefalia alobar é o tipo mais grave, na qual o cérebro não consegue se separar e se associa geralmente a anomalias faciais severas. 2. Holoprosencefalia semilobar, na qual os hemisférios do cérebro têm uma leve tendência a se separar, constitui uma formaintermedia da doença. 3. Holoprosencefalia lobar, na qual existe uma evidência considerável de separação dos hemisférios do cérebro, é a forma menos grave. Em alguns casos de holoprosencefalia lobar, o cérebro do paciente pode ser quase normal. ❖ Macrocefalia: ocorre quando há um aumento craniano anormal, maior do que o tamanho padrão indicado para bebês e crianças com o mesmo sexo e idade. A medição do crânio é um dos indicadores mais importantes para detectar a condição. ❖ Microcefalia: é uma condição neurológica rara que se caracteriza por anormalidades no crescimento do cérebro dentro da caixa craniana. Em geral, ela ocorre quando os ossos do crânio se fundem prematuramente e não deixam espaço para que o cérebro cresça sem que haja compressão das suas estruturas. A alteração pode ser congênita ou manifestar-se após o nascimento associada a outros fatores de risco (doença secundária). Algumas crianças portadoras de microcefalia têm inteligência e desenvolvimento normais apesar de a circunferência do crânio ser menor do que as estabelecidas nas tabelas de referência para sua idade e sexo. ÁCIDO FÓLICO ❖ O ácido fólico é fundamental para o fechamento do tubo neural, qualquer erro em sua formação pode resultar em problemas estruturais e funcionais que se estendem por toda a vida do indivíduo. Portanto, preconiza-se a reposição do folato até o terceiro mês de gestação, período no qual o fechamento do tubo neural se completa. ❖ Conhecido como folato ou folacina, é derivado do ácido pterotiglutámico e participa do metabolismo celular. Integrante do grupo de vitamina B, essa substância hidrossolúvel é encontrada em vegetais verdes e vísceras de mamíferos. ❖ Durante o período gestacional ocorre o depósito de poliglumatos pela via das FBPs (proteínas de ligação de folato) no soro e leite; além do fluido cérebro espinhal, placenta e cordão umbilical, regiões que permitem a passagem do ácido fólico da mãe para o feto. A presença do folato é fundamental para a formação do tubo neural que dará origem ao sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) da criança. Observação! Existe a problemática de que muitas mulheres só descobrem a gravidez por volta do segundo mês de gestação. Perante esse problema, em 13 de dezembro de 2002, a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) redigiu a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 344, que torna obrigatória a fortificação de ferro e de ácido fólico nas farinhas de trigo e nas farinhas de milho, assim o folato permanece em concentração adequada durante a fase fértil. ❖ O acompanhamento da concentração de folato sérico no organismo da mulher deve ser feita com até três meses antes da concepção, pois a reposição nem sempre é alcançada com a ingestão nutricional, o que remete a reposição medicamentosa. ❖ O diagnóstico é feito com a coleta do sangue total, utilizando anticoagulante, ou com o soro do paciente em jejum de 4 a 24 horas. O método de dosagem é feito por quimiluminescência que mensura a concentração da vitamina. Os valores normais para gestantes são de 55 a 1.100 ng\mL (sangue total) e 3 a 17 ng\mL (soro).
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