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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO MARCELE ACOSTA VIANA ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES E INVESTIMENTO EM NÍVEL FEDERAL PARA O AVANÇO DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL NO PERÍODO DE 2019-2021 PORTO ALEGRE 2021 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….3 1.1 TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO……………………………………………...4 1.2 PROBLEMA……………………………………………………………………...5 1.3 JUSTIFICATIVA……………………………………………………………….…6 1.4 HIPÓTESE……………………………………………………………………….6 2. OBJETIVOS………………………………………………………………………….7 2.1 GERAL 2.2 ESPECÍFICOS 3. REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………....8 4. METODOLOGIA…………………………………………………………………….9 5. REFERÊNCIAS…………………………………………………………………….10 2 1. INTRODUÇÃO No contexto brasileiro, é possível verificar que a expansão das cidades e estados foram realizadas através de políticas desenvolvimentistas, e ocorreram de forma desordenada com ritmo acelerado, acarretando um crescimento sem acompanhamento de infraestrutura básica, com desigualdade, exclusão social e a criação de ambientes insalubres. A significativa mudança na estrutura interna gerou diversos problemas para a gestão pública, com o acesso a infra-estrutura restrita e instalações sanitárias precárias. Por ser estudante de administração pública e social, acredito que é dever do administrador público analisar e trazer a tona informações relevantes acerca deste assunto que está presente na realidade de muitos brasileiros, apesar de ser o próprio cidadão periférico que vive esta realidade, ainda é dever principalmente federal, a realização de ações de políticas públicas, pois afeta diretamente a saúde pública, impactos ambientais e infraestruturais dos municípios. Como cidadã, posso afirmar que presenciei a situação de familiares que não possuíam sistema de tratamento de água e esgoto pois viviam em região agrícola onde apenas existiam organizações privadas com preços exorbitantes para realizar este serviço. As situações que presenciei elucidaram ainda mais a determinação de realizar pesquisas e evidenciar este assunto para debate. Ao analisar todos os dados e ações de investimento referente ao desenvolvimento e a gestão ambiental em nível federal, percebi que ainda existe um longo caminho a ser seguido para avançar na melhoria destas estatísticas, além da necessidade de um maior planejamento e fiscalização dos órgãos responsáveis, visto que, estes dados apenas mostram números quando na realidade esta situação está sendo vivenciada diariamente por milhares de cidadãos que mereciam o mínimo de cuidado para a saúde pública. 3 1.1 TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO Segundo o IBGE, em 2021 o Brasil atingiu a marca de 213 milhões de habitantes e destes, mais de 33 milhões de cidadãos não possuem moradia, e 35 milhões não são atendidos com abastecimento de água tratada, além de apenas 54,1% dos brasileiros possuírem acesso à coleta de esgoto. Os dados apontam a existência de maior atenção e acesso ao saneamento básico nas regiões nobres, locais que possuem maior suporte para uma menor parte da população, que recebe interesse especial devido à sua condição e a fomento, estaduais, federais e municipais, enquanto existe maior negligência em outras regiões do Brasil. A água é um dos mais necessários instrumentos para o desenvolvimento do ser humano, desde os processos de produção de produtos quanto para o abastecimento e consumo, e este vem crescendo cada vez mais significativamente, ano após ano no Brasil, apesar disto é necessário considerar que a quantidade de água produzida não obteve aumento. Observando isso, a busca de ações necessárias para que seja solucionado este problema e não ocorra a escassez, e auxilie na preservação dos recursos hídricos é o investimento em saneamento básico e o tratamento de esgoto sanitário. A utilização de serviços que realizam o tratamento da água pode beneficiar a todos os cidadãos, pois a água tratada pode ser consumida em diversas aplicações, como em sanitários públicos, combate a incêndios, limpeza de ruas, irrigação de praças e etc. Em 2007 houve a criação da Política Nacional de Saneamento Básico instituída pela Lei Federal nº 11.445, de 2007, que prevê o saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas. Estas políticas públicas são extremamente necessárias para a regulamentação das atividades de saneamento, visto que, auxilia no combate a proliferação de doenças transmitidas que causam danos à saúde afetando a qualidade de vida da população, além de beneficiar a economia, educação e valorizar o mercado imobiliário na região. 4 1.2 PROBLEMA Esta adversidade foi retirada de uma problemática brasileira de infraestrutura e social que sempre está presente desde a formação do país e que é possível observar seu desenvolvimento ao longo dos anos, apesar de possuir diversas políticas públicas atuais, ainda existe déficit em algumas regiões do Brasil e que carecem de auxílio do governo federal. A desigualdade social pode ser atrelada a falta deste recurso e a análise dos investimentos federais é necessária para que possa ser identificado possíveis falhas e melhorias em suas aplicações, as regiões Norte e Nordeste possuem 22% e 37,7% de sua água tratada respectivamente, que são as regiões que possuem o maior nível de pobreza no país. A pergunta a ser respondida é a seguinte: “Como estão sendo realizadas ações e investimentos em nível federal para o avanço do saneamento básico no Brasil no período 2019-2021? As políticas públicas federais possuem um campo de ação mais amplo do que as políticas de nível municipal, então primeiramente esta pesquisa realiza uma investigação no histórico de investimentos e ações governamentais realizadas para o desenvolvimento do saneamento básico no Brasil contemplando seis dimensões de análise: Demográfica, social, cultural, infraestrutura e a gestão pública, ambiental, econômica e institucional. Além de entrevistas e depoimentos de especialistas, representantes da área da saúde, do meio ambiente como o Ministério do Meio Ambiente, representantes de prefeituras, políticos e trabalhadores que atuam neste mercado. Delimitar a análise para um período de três anos é importante para que possamos verificar especificamente quais estão sendo as medidas atuais do governo para combater este déficit, e se estes investimentos estão atendendo aos requisitos sociais, econômicos, técnicos e ambientais, mas também para que a população esteja ciente das medidas e saber para quais órgãos competentes devem solicitar auxílio. 5 1.3 JUSTIFICATIVA O saneamento é uma condição básica de dignidade para os seres humanos, considerando que todos possuem o direito de viver uma vida saudável e produtiva. Quanto maior o acesso, menor existe a incidência de doenças relacionadas às condições inadequadas de saneamento, e atualmente no Brasil, quase 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço. Em áreas mais pobres, esta condição tem agravado o quadro epidemiológico, causando também a mortalidade infantil. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), na Resolução n° 64/292, realizada na assembleia de 2010, a água limpa e o saneamento é um direito humano essencial para gozar plenamente a vida e de todos os outros direitos humanos. Além do impacto na saúde dos brasileiros, é imprescindível não citar os efeitos causados diretamente ao meio ambiente, a falta de tratamento da água e o descarte irregular afeta rios, mares e cursos d’água desregulando o ecossistema e gerando escassez de recursos hídricos potáveis aos seres humanos. Segundo o IBGE, a falta de saneamento também está relacionada com a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, que é responsável pela proliferação de doenças como dengue, zika e chikungunya. O mercado de trabalho e as atividades econômicas que dependem do condicionamento apropriado do meio ambiente paraa realização de suas atividades também são afetados, e os solos que não possuem saneamento são desvalorizados no mercado imobiliário 1.4 HIPÓTESE A partir do conhecimento, análise e coleta de informações sobre os investimentos realizados nos últimos três anos e as atitudes garantidas do governo para a melhora dos indicadores, é possível considerar este agrupamento de dados que podem ser considerados relevantes no momento de delimitar novas políticas públicas. 6 A hipótese elaborada apresenta dados que podem auxiliar na construção de soluções de uma melhor organização financeira dos recursos investidos para a realização de novas políticas e reformulação das que estão em vigor e como estas poderiam auxiliar na diminuição da proliferação de doenças, no aumento do crescimento econômico, além da melhora na qualidade de vida da população. 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL Este estudo tem como objetivo verificar se os investimentos realizados em âmbito federal estão sendo sustentáveis, eficazes e se cumprem os pré requisitos necessários de aspectos legais estabelecidos e como estão sendo realizadas as medidas para saneamento básico com ênfase no tratamento de esgoto no Brasil, a fim de compreender e aprofundar o assunto para gerar debate sobre a utilização destes investimentos e seus avanços. 2.2 ESPECÍFICOS Os objetivos específicos pretendem analisar as relações de serviço utilizadas para o avanço do saneamento compreendendo os órgãos federais constituindo-se para ponto de partida para estudos mais específicos sobre o tema no território brasileiro. Objetivos: ● Verificar os investimentos realizados na coleta e tratamento da água nos últimos três anos; ● Realizar uma comparação dos avanços atingidos durante o período estudado; ● Identificar os problemas existentes no sistema de saneamento no Brasil e suas possíveis soluções; ● Possibilitar a identificação de problemas gerados pela falta de saneamento básico; 7 ● Constituir uma base para a educação ambiental da população e quais são seus impactos; ● Contribuir para o banco de dados de futuras pesquisas sobre o assunto. 3. REVISÃO DE LITERATURA A partir das informações apresentadas até o momento, é possível verificar que existe a necessidade de expor diferentes conceitos referente ao assunto que é frequentemente pesquisado ao longo dos anos. Primeiramente, é abordado alguns aspectos relacionados com as regulações atuais no Brasil, além de concepções de regulação para o setor de saneamento. A reestruturação e a criação do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, permitiu que houvesse maior direcionamento às ações governamentais. (BORJA, 2014). A autora afirma também que a retomada de investimentos a âmbito federal traz a possibilidade de novas estratégias do estado brasileiro para o enfrentamento destes déficits, apesar de ainda não ser possível delimitar quando será atingido o direito de saneamento para todos. Também podemos observar a compreensão do saneamento básico com caráter social, que é defendida por Patrícia Campos Borja, afirmando que: “A compreensão da constituição e conteúdo de uma política de saneamento passa, necessariamente, pelo entendimento dos fatores políticos, sociais, econômicos, dentre outros, que determinam a atuação do Estado no campo das políticas públicas e sociais em cada contexto histórico. As visões de mundo de cada época, a correlação de poder entre as nações, a situação econômica, o nível de organização e poder de influência da sociedade civil e, no campo epistemológico, o caráter e conteúdo do saber produzido, formam uma malha complexa que influenciam a ação do Estado.” ” (BORJA, 2004 apud MORAES, 2009) É preciso encarar as ações de saneamento como integrante da política de saúde pública, pois estas políticas de saneamento se unem com as políticas sociais, 8 e a análise dos fatores que influenciam as ações de intervenções do estado. Costa (1998) também defende esta ação como integrante da agenda social, e ressalta o fato do saneamento raramente aparecer como um item da política social clássica. O documento de discussão realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apresenta informações relevantes acerca do contexto federativo, informando, conforme trecho abaixo, que com a atualização do marco regulatório de saneamento estão evidenciando cada vez mais as políticas públicas com a realização de planos bem pontuados que evidenciam as necessidades básicas do brasileiro em relação ao meio ambiente e saneamento. “O atual marco regulatório do saneamento, tendo como base a Lei no 11.445/2007 (PNSB ou LNSB), tornou-se mais abrangente que iniciativas anteriores, focadas em obras de abastecimento de água. O tema saneamento básico ampliou-se, englobando drenagem de águas pluviais urbanas e coleta e destinação de resíduos sólidos. O conceito de água como elemento essencial à saúde e à vida incorpora acordos edificados na trajetória do debate da OMS. No contexto federativo, os papéis de todos os entes continuam importantes, bem como os subsídios ao consumo de baixa renda, e modelos de tarifas para custeio operacional e de manutenção do sistema. Além do Plansab, a lei trouxe também os planos municipais de saneamento e o SNIS como instrumentos centrais atualmente adotados no país. A ampliação do acesso, a qualidade da água e dos serviços, e as noções de atenção equitativa do acesso à água e ao esgotamento sanitário, bem como a preservação ambiental, são aspectos pontuados nos planos, como resposta à ascensão da pauta local sobre meio ambiente e saneamento.” 4. METODOLOGIA A metodologia utilizada para este estudo como análise e coleta de dados é quantitativa e qualitativa, pois apresenta a análise de conteúdos e estatísticos que 9 compõem o estudo, sendo em primeiro momento realizada busca de informações em fontes primárias e logo após secundárias para a coleta de dados para que possa ser feito o debate acerca do assunto. Especificando as fontes de informações: 1) Fontes primárias: Entrevistas com: Lupércio Ziroldo, Presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas e Governador Honorário do Conselho Mundial da Água; técnicos do Departamento de Águas e Energia Elétrica; especialistas do Ministério do Meio Ambiente em Brasília; Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes) e Agência Nacional de Águas (ANA). 2) Fontes secundárias: Coletar informações, dados estatísticos, documentais, leis e políticas públicas relacionadas a saneamento nos sites dos principais órgãos públicos e privados que possuem relevância sobre o assunto no Brasil, como: Agência Nacional de Águas (ANA); Instituto de Água Sustentável; Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Ministério das Cidades, Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON); Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE), Organização das Nações Unidas (ONU). 5. REFERÊNCIAS BORJA, P.C. Política de Saneamento, Instituições Financeiras Internacionais e Mega Programa: Um Olhar Através do Programa Bahia Azul. Salvador, 2004. 400p. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo).– Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia. Borja, P.C. Política pública de saneamento básico: uma análise da recente experiência brasileira 11 Apoio financeiro do Ministério das Cidades no âmbito do 10 estudo “Panorama do Saneamento Básico no Brasil”.. Saúde e Sociedade [online]. 2014, v. 23, n. 2 Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000200007. BRASIL. Lei Federal nº 11.445, de 5 janeiro de 2017. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987,de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 19 jun. 2018. COSTA, Nilson do Rosário. Políticas Públicas, Justiça Distributiva e Inovação: Saúde e Saneamento na agenda social. São Paulo: HUCITEC, 1998. Lastoria, Edmar Ricardo. Desigualdade - Pessoas sem casa, casas sem pessoas. PR Newswire, 2021. Disponível em: <https://www.prnewswire.com/news-releases/desigualdade-pessoas-sem-casa-casa s-sem-pessoas-por-edmar-lastoria-852708006.html#:~:text=5%2C8%20milh%C3%B 5es.-,O%20Brasil%20possui%20cerca%20de%2033%20milh%C3%B5es%20de%20 pessoas%20sem,vivam%20nos%20grandes%20centros%20urbanos>. Acesso em: 7/05/2021. O Direito Humano à Água e Saneamento. UN, 2013. Disponível em: <https://www.un.org/waterforlifedecade/pdf/human_right_to_water_and_sanitation_m edia_brief_por.pdf>. Acesso em: 07/05/2021. Principais estatísticas da água no Brasil. Trata Brasil, 2019. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-brasil/agua>-. Acesso em: 07/05/2021. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. IBGE, 2021. Disponível em: 11 https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000200007 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&ut m_medium=popclock>. Acesso em: 07/05/2021. SANTOS, Gesmar Rosa dos; KUWAJIMA, Julio Issao; SANTANA, Adrielli Santos de. Regulação e investimento no setor de saneamento no Brasil: trajetórias, desafios e incertezas. Rio de Janeiro: Ipea, 2020. (Texto para discussão, n. 2587). Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3655 9&Ite mid=448 . 12
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