Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M Defesa no epitélio • A defesa no epitélio, de uma forma resumida, no que diz respeito ao sistema imune inato, pode ser dividida em defesas mecânicas, químicas e microbiológicas. Figura 2.6. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • A principal das defesas mecânicas são as junções ocludentes entre as células epiteliais, que formam a camada protetora que dividem o meio externo do meio interno do nosso organismo e impedem que os microrganismos consigam invadir nosso organismo com facilidade. Mas, também existem outras defesas mecânicas que operam na superfície dos epitélios, como o fluxo de ar ou de fluido, principalmente no caso do epitélio do TGI e do respiratório; o movimento do muco, especialmente em epitélios ciliados; e a produção de fluidos exócrinos, como lágrimas, suor... todos esses também participam das defesas mecânicas na superfície dos epitélios. • Em relação às defesas químicas, estão as defensinas e catelicinas, presentes em basicamente todos os epitélios, tanto na pele quanto nas mucosas; enzimas produzidas em vários epitélios, como por exemplo o surfactante no sistema respiratório, ácidos graxos... • E também se encontra a microbiota normal como mecanismo de defesa. Pele Epiderme – defesa inata Figura 2.10. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • A defesa inata na epiderme opera com a produção de moléculas com atividade antimicrobiana, como as defensinas e catelisinas, produzidas no extrato granuloso e que se acumulam em corpos lamelares, liberadas principalmente em situações inflamatórias. • Há também a camada superficial de células epiteliais que promovem a proteção física. • E, onde estão as células metabolicamente ativas, encontra-se a presença das células do sistema imune que podem ser ativadas no contato inicial com um determinado organismo. Derme – Resposta inflamatória • A defesa promovida pelas células do sistema imune é mais eficiente e heterogênea na derme. Figura 2.5. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Na derme há uma grande quantidade de diferentes tipos celulares do sistema imune inato inicialmente, como macrófagos do tecido, células Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M dendríticas e mastócitos. Além disso, a flora normal que participa na superfície. • Quando ocorre uma lesão com a invasão de microrganismos através da epiderme, ao chegar na derme esses microrganismos são percebidos pelas células do sistema imune locais, as quais vão fazer diferentes funções, que de uma forma geral culminam com a ativação do endotélio e o aumento da permeabilidade vascular, o que permite que outras células cheguem no local. Em um primeiro momento, células ainda do sistema imune inato, como macrófagos, neutrófilos, mas também células dendríticas, o que leva ao estabelecimento de uma resposta inflamatória completa nesse tecido. Essa resposta envolve outros componentes além das células, como citosinas, quimiocinas, moléculas do complemento... ainda, células NK que podem estar sendo ativadas e participando da resposta – principalmente em infecções virais. • Por último, o sistema imune adaptativo, uma vez que a célula dendrítica saia do local e vá até o órgão linfoide secundário ativando linfócitos T, os quais posteriormente vão ativar linfócitos B, essas células ativadas voltam para o local onde está acontecendo a infecção: seja o linfócito T efetor – que migra pelo endotélio e os anticorpos, através também do endotélio permeável, quando ocorre o extravasamento do plasma. Os linfócitos T e anticorpos começam a atuar, fazendo suas funções, ampliando a opsonização, estimulando a resposta inflamatória, T CD8 destruindo as células infectadas... • A resposta na derme é mais complexa: começa na inata e culmina com a adaptativa. Figura 11.10. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • A migração leucocitária para a derme, principalmente depois que ocorre a ativação dos linfócitos possui algumas características específicas. • Mediada por quimiocinas. • Muitas das células permanecem na pele por conta de quimiocinas como CCL27 que são produzidas por queratinócitos. Então, os queratinócitos conseguem fazer com que essa célula ligada seja específica da pele e se mantenha nela após a resposta inflamatória. Ex: linfócito T de memória efetor, os quais estão presentes em grande quantidade na pele. Eles são atraídos e se mantêm por conta da interação direta com os queratinócitos produtores dessa quimiocinas CCL27, reconhecida pelo receptor CCR10. Isso acontece com linfócitos T recém ativados e com linfócitos T de memória efetora, sejam eles com capacidade inflamatória ou os linfócitos T reguladores. Mucosa • Em relação à mucosa há muitas particularidades. • Na pele, a resposta imune funciona da mesma forma que em qualquer outro tecido, só mudam algumas das moléculas envolvidas. Já na mucosa, a resposta é bem diferente. Figura 12.1. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Os tecidos revestidos por mucosa são o trato urogenital, trato respiratório superior e inferior e o TGI. Todos os órgãos associados a esses sistemas são revestidos por mucosa. • Existe uma relação entre a mucosa e o meio exterior. Ao contrário do que acontece com a pele, a mucosa é a principal porta de entrada para microrganismos, já que ela é um tecido que precisa ser absortivo. Além disso, as células Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M epiteliais que compõe a parte mais superficial da mucosa são metabolicamente ativas, então podem e são infectadas, ao estar em contato com o meio externo – microrganismos no bolo fecal, no ar ou via urogenital. Logo, são passíveis de infecção e podem ser infectadas, assim como permitir a proliferação de um patógeno e subsequentemente a disseminação desse patógeno. • Essas duas características: a mucosa ser absortiva e o fato das células que a revestem serem metabolicamente ativas faz com que ela seja a principal porta de entrada para infecções. Figura 12.2. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Lista de mortes anuais por infecções adquiridas através das mucosas. A partir disso pode se observar que há muitas infecções que são clinicamente extremamente relevantes e usam a mucosa para entrar no organismo. • Isso fez com que nas mucosas se desenvolvesse um sistema imune especializado, para conseguir lidar com essas duas situações. Características que diferenciam o sistema imune de mucosa do sistema que opera no resto dos tecidos Figura 12.4. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Os órgãos linfoides secundários possuem uma interação íntima com a mucosa. Na pele, quando ocorre uma infecção e necessita de ativação dos linfócitos, a célula dendrítica precisa migrar até o linfonodo mais próximo e ativar o linfócito T etc., assim como em qualquer outro tecido. A mucosa possui órgãos linfoides secundários diretamente associados ao epitélio. Logo, quando ocorre uma infecção em qualquer parte da mucosa, esse microrganismo vai atravessar a barreira de células epiteliais da mucosa e entra diretamente em contato com o órgão linfoide secundário. • No tecido linfoide associado à mucosa existem dois tipos de organização: os órgãos linfoides associados à mucosa estruturados – são muito semelhantes ao linfonodo e baço, com zona marginal, área para tipos de linfócitos. São as placas de peyer, folículos linfoides isolados, amigdalas, apêndice... • Além desses, o sistema de mucosa possui tambémcompartimentos de tecidos linfoides difusos – não organizado. Compartimentos com uma grande quantidade de células linfoides, onde ocorrem alguns tipos de processos imunológicos, mas não são organizados igual aos órgãos linfoides secundários comuns. O tecido linfoide difuso também é um órgão linfoide secundário, mas não possui nenhum tipo de organização. • Ademais, a mucos possui mecanismos especializados de captação de antígenos. No resto Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M do sistema, quem capta e apresenta é a célula dendrítica. Na mucosa isso também acontece, mas para que o antígeno chegue aos órgãos linfoides, existem outros mecanismos especializados. • Em relação aos mecanismos efetores, ocorre na mucosa o predomínio de linfócitos T de memória ou ativados, mesmo na ausência de infecção. Então, nas mucosas, a maior parte das células são células T que já foram ativadas e células de memória. • Possui muitos tipos de linfócitos reguladores. Também ativados. • Há IgA dimérica secretada na superfície, fazendo parte da primeira linha de defesa da mucosa. • Há uma microbiota que atua como mecanismo efetor. • O sistema imune de mucosa é um ambiente principalmente imunorregulador. Existe um predomínio de respostas imunológicas que regulam negativamente a atividade do sistema imune. Isso ocorre porque é necessário para o organismo manter a função dos órgãos – ele precisa ser absortivo porque lida com absorção de nutrientes e com a interação com a microbiota. É preciso tolerar antígenos inóculos e a comida, por exemplo. • Essa imunoregulação inclui a inibição de macrófagos e indução de tolerância. Estrutura do sistema • Há dois tipos de organização nos órgãos linfoides associados ao sistema imune de mucosa: - Os tecidos linfoides organizados. Exemplo: placa de peyer. Órgãos clássicos da mucosa. É nesse espaço que ocorre a ativação dos linfócitos T e B. Até porque a organização é fundamental para a ativação. Os folículos linfoides isolados são uma característica do sistema imune de mucosa e aparecem pela grande necessidade de produção de linfócitos B, principalmente aqueles que vão produzir IgA. Esse órgão linfoide associado à mucosa está em contato direto com ela, então assim que ocorre uma invasão, o microrganismo já entra no órgão e a produção de linfócitos começa. Se essa infecção acontece onde estão os folículos linfoides isolados, os linfócitos B reconhecem o antígeno e são ativados. Esse primeiro sinal de ativação do linfócito B faz com que ele precise da interação T-B. Com isso, ele sai do folículo linfoide isolado e procura o órgão linfoide secundário organizado para a interação, viaja por meio da linfa. No intestino, esse órgão normalmente é o linfonodo mesentérico. Também pode cair no sangue e chega na placa de peyer (pela direção do fluxo). - Também tem os tecidos linfoides difusos. Esses tecidos são chamados de dois tipos: lâmina própria – como se fosse derme, ela é considerada um tecido linfoide, pois tem uma quantidade muito grande de células do sistema imune, não só linfócitos; o segundo compartimento difuso são os linfócitos intraepiteliais ou IELs. Eles são o maior tecido linfoide que existe no nosso corpo. O número de IELs é muito maior que o número de linfócitos que existem nos órgãos linfoides secundários. Figura 12.5. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Imagem a seguir do anel de Waldeyer, que é um anel formado por órgãos linfoides organizados que ficam em volta da entrada para as vias respiratórias e o TGI. Há uma série de respostas que acontecem nesses órgãos linfoides a partir do momento em que ingerimos alguma coisa com microrganismos. Extremamente importante para a proteção. Figura 12.5. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M Células M • Em relação à captação de antígenos através de mecanismos especializados, uma das principais células relacionadas é a célula M. • Ela é uma célula epitelial. Possui o nome de microfold ou microdobradura. Figura 12.7. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Possuem dobraduras nas superfícies, que permitem que sejam células fagocíticas bastante eficientes. Função das células M Figura 12.9. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • A célula M é capaz de fazer endocitose de uma forma específica, que é a transcitose. É feita por células polarizadas, capazes de endocitar na sua parte apical e transferir esses antígenos/liberá-los na parte basolateral, sem modificá-los. Consegue absorver e liberar esses antígenos nos órgãos linfoides associados a mucosas. Uma vez liberados ali, eles podem ativar diretamente os linfócitos B (em amarelo) ou podem ser captadas pelas células dendríticas que apresentarão aos linfócitos T, ativando-os. • Todo o processo de ativação pode ocorrer quando a célula M capta o antígeno e libera. • Os locais do epitélio onde as células estão em maior quantidade é onde se encontram os tecidos linfoides organizados. Figura 12.9. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Fotomicroscopia de florescência, mostrando onde os linfócitos ficam associados às células M. IEL e lâmina própria • Nos tecidos epiteliais linfoides não organizados: Figura 12.10. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Na lâmina própria há uma grande quantidade de linfócitos e outras células do sistema imune: linfócitos CD4 e CD8, macrófagos, células dendríticas, macrófagos, IgA – que será transferida para a superfície das células e o plasmócito, produtor de IgA. • Os órgãos linfoides não organizados não contam com linfócitos T e B virgens. Esses só estão nos organizados. Portanto, os linfócitos que se Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M encontram neles só podem ser plasmócitos (B), efetoras (T), ou efetoras de memória (T). • As células encontradas são extremamente aptas a exercer sua função. • Entre células epiteliais estão presentes macrófagos e células dendríticas que captam antígenos do meio extracelular e uma população de linfócitos T – linfócitos T intraepiteliais, IEL. • Esses IELs são principalmente linfócitos T CD8. Figura 12.11. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Essa população – linfócitos T ativados nos órgãos linfoides, são ativados dentro desses órgãos. • O linfócito T virgem migra até a placa de peyer. Uma vez ativado pela célula dendrítica, ele vai ser estimulado e sai da placa de peyer, indo para o sangue, procurando um endotélio permeável que permita a migração para o tecido. Na maior parte dos tecidos o endotélio precisa estar inflamado. • Na mucosa, além de poder haver a migração pelo endotélio inflamado, os linfócitos ativados da mucosa são capazes de expressar receptores de quimiocinas que permitem que ele volte para a lâmina própria (como CCR9). Eles voltam para a mucosa. Se forem efetores, atuam na resposta; se forem de memória efetora, se mantêm na mucosa dessa forma. • Com os linfócitos B acontece semelhante. Ele se diferencia em plasmócito dentro do órgão linfoide secundário – placa de peyer, os quais possuem receptores que fazem com que ele migre para a lâmina própria – pode ser o CCR9. Figura 12.12. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Na lâmina própria, através da migração via CCR9, o linfócito se mantem conectado às células epiteliais que expressam CCL25. • Esse processo de indução da expressão de receptores específicos que mantêm essas células nesses tecidosacontece principalmente na pele e nas mucosas. Já que eles são uma porta de infecção importante. Logo, precisam a capacidade efetora elevada dessas células, para que eles possam agir quase que imediatamente. Secreção da IgA • Em relação a mecanismos quase imediatos de resposta imune efetora no intestino, encontra-se a IgA. • Os linfócitos B ativados na mucosa dão origem a plasmócitos produtores de IgA, os quais se localizam na lâmina própria e produzem IgA, que quando dimerizada, será secretada para a superfície da célula epitelial também por transcitose dependente de receptor. • No muco, a IgA se torna um potente neutralizador de microrganismos e toxinas, impedindo muitas vezes que o microrganismo e a toxina entrem em contato com a célula epitelial. Essa é uma resposta muito rápida. Ação parecida com as defensinas – que estão no muco e destroem a bactéria antes de que ela entre (mecanismo inato). A IgA é mecanismo adaptativo. Células dendríticas na mucosa • São divididas em dois tipos: as que estão nas placas de peyer, na região subepitelial, envolvidas com a apresentação de antígenos e que possuem marcadores específicos, as linfoides e mieloides; já na lâmina própria há muitas células dendríticas com o marcador CD103, as quais estão envolvidas com a manutenção de tolerância. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M Figura 12.13. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • De uma forma geral, todas as células dendríticas tem funções extremamente importantes na mucosa. • Todas as funções envolvidas com a apresentação de antígeno e a captação do antígeno acontece de formas diferentes. Ela pode captar antígenos que são transcitados pela célula M; antígenos que sofrem transcitose por células normais dependentes de receptores; pode endocitar restos de células mortas por conta de uma infecção e captar antígenos; e, por último, consegue emitir prolongamentos por dentre as células epiteliais e captar antígenos no exterior do corpo – processo de amostragem de antígenos, mesmo sem a invasão e consegue apresentá-lo, induzindo tolerância. Figura 12.13. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Micrografia de fluorescência, mostrando em branco a superfície das células epiteliais e em verde uma célula dendrítica com prolongamentos para a parte externa do corpo. Células dendríticas CD103+ • Elas conseguem promover tolerância imunológica em vez de imunidade. Características que permitem isso: - São capazes de expressar a enzima Indoleamina dioxigenase – IDO. Ela metaboliza o triptofano. Portanto, as células que utilizam triptofano precisam ter essa enzima para conseguir metabolizá-lo. Os linfócitos T precisam de triptofano para se tornar linfócitos T efetores, com perfil inflamatório. Linfócitos Th1, Th17 e até Th2 precisam bastante triptofano para conseguir se diferenciar nesses subtipos durante a expansão clonal, já os linfócitos T reguladores não precisam de tanto. As células dendríticas diminuem, com a enzima, a quantidade de triptofano disponível no órgão linfoide secundário. Então, quando ativadas na mucosa, migram para o ols e começam a consumir o triptofano, favorecendo a diferenciação em linfócitos T reguladores. É uma atuação indireta: Ela ajuda a que diferenciem. - O ácido retinóico é o metabólico ativo da vitamina A. Exemplo de alimento rico em vitamina A: retinol. O retinol é absorvido pelas células epiteliais, é metabolizado em retinal e depois em ácido retinóico. Ele que vai exercer as funções da vitamina A. Isso é fundamental para o organismo. No entanto, uma outra célula capaz de fazer isso é a célula dendrítica CD103+. Ela pode fazer todo o processo de metabolização do ácido retinóico. Esse ácid. Retinóico junto ao TGF-beta também produzido pela mesma célula induz a expressão de FoxP3 e a diferenciação do linfócito T para linfócito Th2. Então, o ácido retinóico, é uma ação direta: ele é um indutor da expressão de FoxP3. O TGFbeta junto com o ácido faz com que o linfócito T expresse mais rápido e a diferenciação da célula fica mais estabelecida para reguladora. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M A deficiência da vitamina A tem um impacto muito grande no aumento da resposta inflamatória, principalmente em infecções que se estabelecem na mucosa. Por exemplo, o sarampo. Crianças com deficiência de vitamina A são mais suscetíveis a mortalidade por sarampo, porque a resposta é muito mais elevada. • Logo, a célula dendrítica CD103+ apresenta antígenos a linfócitos T virgens e induz que esses linfócitos se transformem em linfócitos T CD4 reguladores. Isso através da produção de TGFb em grande quantidade, porque é capaz de utilizar o triptofano, removendo-o e porque produz o ácid. Retinóico através da metabolização da vitamina A. • Essa célula é muito abundante no intestino e nas mucosas em geral. Quando ela apresenta antígenos para linfócitos T produzindo o TGFb fazendo com que a célula T vire uma reguladora, há um impacto direto na produção de anticorpos, principalmente de IgA. Devido a que o TGFb é a citocina indutora da mudança de classe de linfócitos B para IgA. Quando o linfócito T regulador, depois de ser ativado nesse contexto, migra para a zona marginal e encontra o linfócito B cognato, induzirá à produção de IgA por conta da citocina. • Ao mesmo tempo que esse processo tem como objetivo regular as respostas imunes do intestino, para que ela não ocorra contra mecanismos comensais ou com a dieta, ao mesmo tempo promove um certo tipo de imunidade, porque a IgA é induzida contra esses antígenos, mesmo no caso de tolerância. Se acontecer que um microrganismo comensal sofre mutação e adquire capazes patogênicas ou tenta fazer uma infecção oportunista, a IgA pode participar, neutralizando- o. Linfócitos intraepiteliais (IELs) • São linfócitos entre as células epiteliais. • Presentes em grandes quantidades. Figura 12.14. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Estão em toda a extensão da mucosa. • A maior parte desses linfócitos CD8. • Há 10 IEL para cada 100 enterócitos. 90% deles são linfócitos T e 80% deles são CD8. • É a maior população linfoide do organismo, comparando com a quantidade de linfoides que estão em outros órgãos do corpo. Figura 12.15. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Eles são ativados ou de memória, já que as virgens se encontram em órgãos linfoides secundários. • Estão na porta de entrada entre as células epiteliais. • O melhor exemplo (da imagem): Uma célula epitelial está sendo infectada por um vírus; a partir do momento que começar a replicação viral e proteínas virais começaram a ser apresentadas por MHC de classe I, se houver linfócitos T intraepiteliais de memória efetora contra esse vírus, ele mata a célula. • A proteção de vacinas contra diferentes tipos de vírus, além de criar anticorpos, também induzem Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M a formação de memória de linfócitos T, podendo gerar memória nos linfócitos intraepiteliais. • Esse mecanismo se aplica a várias infecções, principalmente vírus. Está relacionado com a proteção e homeostasia do tecido, porque os linfócitos T induzem a apoptose da célula que morre, então não há resposta inflamatória acontecendo, simplesmente a deleção da célula infectada, impedindo que o patógeno replique na célula e se dissemine pelo corpo. Linfócitos T gamadelta • São linfócitos que possuem como principal função a proteção a mucosas e tecidos epiteliais nos primeiros dias de vida, inclusive ainda durante a gestação. • Produzidosem grandes quantidades durante o período embrionário e perinatal, quando apresentam menor variabilidade de receptores e tropismo. • Esses linfócitos são chamados de linfócitos T epidermais dendríticos e tem interação contínua com células dendríticas clássicas. • Os que são produzidos após o nascimento têm maior variabilidade e migram para o linfonodo e baço. • Constituem em torno de 5% dos linfócitos T em humanos. • A primeira onda desses linfócitos do sistema imune inato (por ter variabilidade pequena) ocorre em torno de 15 semanas da gestação para a pele, e depois para útero e pulmão. • Eles fazem respostas, produzem citocinas e são uns dos principais linfócitos produzidos no início da vida. Infecção • A resposta que acontece no tecido é muito semelhante à dos outros tecidos. • Para que ocorra uma resposta imune nas mucosas, onde predominam as respostas reguladoras, essa infecção precisa ser feita por um patógeno que tenha capacidade de estimular a resposta imune que quebre a tolerância estabelecida. Figura 12.19. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Quando um patógeno efetivo (associados a infecções das mucosas) entra, acontece o reconhecimento dele por células através de PRRs. Esses vão induzir a reposta inflamatória dependente de NFkB, a produção de quimiocinas, citocinas iniciais, que vão ativar as células do sistema imune ao estabelecimento da resposta imune naquele local. Figura 12.15. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • As células dendríticas imunogênicas são ativadas e capazes de induzir a ativação dos linfócitos T, gerando a resposta imune adaptativo e como consequência a ativação dos linfócitos B. • A infecção nas mucosas precisa de promover a quebra da tolerância periférica para que ocorra a imunidade. Ela depende da capacidade do patógeno de infectar, invadir e induzir a resposta inflamatória. • A presença de um patógeno nas mucosas não necessariamente vai induzir uma resposta imune, Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M porque ele precisa se estabelecer, para que essa resposta aconteça. Pois a mucosa tem um sistema organizado para que não haja o desenvolvimento de respostas inflamatórias apenas com o contato. Figura 12.20. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Exemplo da Salmonella. Ela é uma bactéria extremamente capaz de entrar através do epitélio de mucosa, via transcitose na célula M, via infecção direta, através da amostragem da célula dendrítica... em todos eles ela consegue se aproveitar do sistema de troca de informação entre o sistema imune e o epitélio para atravessar as barreiras e ganhar a circulação sistêmica. • Ela chega na lâmina própria, onde vai começar a induzir a ativação das células. Normalmente ela é extremamente eficiente nisso e começa a geração de citocinas, produção de células, migração de macrófagos e a resposta imune. Figura 12.21. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • A shigella também é um bom exemplo. É uma bactéria com essa capacidade de invasão. Ela é capaz de infectar células, normalmente pela face basolateral. Normalmente precisa invadir via célula M para poder chegar no sítio onde pode infectar a célula epitelial. Logo, ela não é capaz de infectar pela face apical, principalmente pelas defensinas. • É uma bactéria citoplasmática, ativa os PRRs citoplasmáticos e induz a resposta inflamatória, induzindo migração, ativação... Tolerância oral • É um tipo de tolerância de mucosa. Figura 12.22. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Ela dificulta a imunidade protetora, embora ela aconteça, principalmente quando há bactérias invasivas, vírus e toxinas sendo produzidas, com a destruição de células que geram PAMPs e a resposta imune. • A imunidade protetora está muito envolvida com a produção de anticorpos específicos, principalmente IgA e as células de memória, presentes na lâmina própria ou no tecido intraepitelial. • Contudo, de uma forma geral, há tolerância na mucosa contra bactérias comensais e proteínas alimentares, o que leva a pouca produção de anticorpos no soro (IgG, IgM), pois são antígenos tolerados. Ocorre a produção de IgA, por causa no TGFbeta. A resposta efetora de linfócitos contra proteínas e bactérias comensais é muito baixa, assim como a resposta de memória. • A tolerância oral pode permitir alguns tipos de manipulação do sistema imune, já que antígenos inóculos que são administrados oralmente induzem resposta tolerogênica. Com isso, o Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M sistema se mantém tolerante até que o antígeno em particular ganhe acesso a circulação sanguínea. Figura 12.22. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Exemplo da albumina: Proteína extremamente imunogênica. Muitas pessoas têm alergia a essa proteína. Quando administrada oralmente, ela induz tolerância. • No experimento o camundongo foi alimentado com albumina e depois injetado com ela na pele. A resposta nos animais que foram alimentados foi pequena e nos que não foram alimentados a resposta foi exacerbada. • Então, a tolerância oral acontece, pode ser utilizada de forma terapêutica, para tratamento de alergias, por exemplo, mas tem o lado ruim, que é para a produção de vacinas orais – complicado, porque normalmente induzem tolerância. Essas vacinas orais são administradas contra antígenos que tem como via de entrada a via oral, como a poliomielite. Proteção pela microbiota • Esse estado de tolerância nas mucosas é amplamente favorecido pela microbiota. Isso acontece de duas formas: - A primeira forma, é que a microbiota impede estabelecimento de respostas inflamatórias e imunológicos do organismo, através de competição. Figura 12.23. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. No exemplo está um cólon colonizado por bactérias comensais. Enquanto estiverem nesse local, as bactérias patogênicas não conseguem se estabelecer nem geram resposta inflamatória – já que a presença delas não basta. Quando acontece de antibióticos de amplo espectro matarem muitas dessas bactérias comensais, as bactérias patogênicas resistentes ao antibiótico podem se estabelecer – já que não há mais competição, infectar e causar a resposta inflamatória. Exemplo: Clostridium difficile. É uma bactéria que não consegue competir, favorecendo-se da diminuição de bactérias comensais. Ele causa um infiltrado inflamatório conhecido como pseudomembrana, formado principalmente por tecido conectivo degradado pelas células do sistema imune. Ele dificulta o tratamento, pois os antibióticos têm problemas para chegar até as bactérias. • No entanto, não é simplesmente a presença física das bactérias comensais que faz a proteção das mucosas. Cell 118:229 • Artigo da cell que mostra um experimento onde submetem os animais a um agente inflamatório brando para o intestino, que é um detergente. • Eles eliminam as bactérias comensais com antibióticos de amplo espectro. E, depois de acabar com a microbiota, expõe ao detergente. • Com isso, os animais começam a desenvolver uma colite, caracterizada pela acumulação do sangue nas fezes, por conta da ativação do endotélio e aumento da permeabilidade vascular. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M • Em outro momento, eliminar as bactérias comensais e estimularam os animais com o detergente e deram aos animais LPS para beberem – purificado, das bactérias comensais. Eles não deram as bactérias comensais, apenas o LPS delas. Isso fez com que a colite fossecontrolada. • Ou seja, não é exatamente a presença da bactéria apenas que promove a proteção. Se o sistema imune associado àquela mucosa achar que a bactéria está ali, porque o LPS se encontra (PAMP), esse LPS indicará para as células do sistema imune da mucosa que as bactérias ainda estão e é suficiente para promover o controle de uma resposta inflamatória associada a colite. Cell 118:229 • Confirmou-se o experimento usando camundongos selvagens: estimulados com detergente, sem tirar a microbiota, não tiveram colite; quando pegaram camundongos com a proteína MyD88 – associada a transdução de sinal pelos receptores PRR, houve colite - sem poder reconhecer a flora intestinal por meio dos receptores. • O reconhecimento de padrões moleculares associados a microrganismos comensais permite a regulação da resposta inflamatória na mucosa. Figura 12.26. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • Situação com o reconhecimento de um patógeno via toll, que induz a ativação de NFkB, que vai para o núcleo e induz a produção das citocinas que vão causar a resposta inflamatória. Isso acontece com patógenos quaisquer, só muda o receptor. • As bactérias comensais também são reconhecidas por receptores de padrões. Esse reconhecimento induz a ativação de um outro fator de transcrição, chamado de PPARgama, o qual inibe e compete com o NFkB pelos mesmos sítios de ligação. Então, quando ele se liga, o NFkB não consegue se ligar; e se estiver ligado, ele o desloca. • Em um ambiente com poucas bactérias patogênicas e muitas comensais, as comensais vão induzir a expressão maior do seu fator de transcrição e o NFkB não, logo a resposta inflamatória não ocorre. Caso essas bactérias patogênicas estejam em maior número, acontece o contrário e o NFkB consegue promover a resposta. Figura 12.25. Murphy, Kenneth. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora, 2014. • É o que acontece nessa situação: Na mucosa normal, estão as bactérias comensais que fazem o processo de regulação da resposta inflamatória, impedindo que as células epiteliais produzam as citocinas que vão gerar ativação da célula dendrítica e de resposta imune de uma forma geral. • Os mecanismos patogênicos, caso não tenham as bactérias comensais na região, vão gerar a resposta inflamatória, que vai gerar a ativação da célula dendrítica de mucosa, gerando resposta imune. • É uma questão de equilíbrio. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie M Inflamação x regulação • C: bactérias patogênicas gerando a resposta imune por estar em maior concentração, principalmente o aumento da ativação/geração de células Th17, que são os principais linfócitos T efetores que tem capacidade de se desenvolver no intestino, porque na mucosa a principal citocina é o TGF-beta, o qual é essencial para esse linfócito. Ele precisa também de IL-6. Quando a bactéria patogênica se estabelece e causa a resposta, ela gera a produção de IL-6, isso junto à concentração de TGF-beta induz a geração de Th17. • B: Com mais bactérias comensais, elas não são capazes de produzir o fluxo de IL-6 e mantêm os níveis de TGF-beta aumentado – sem ser utilizado. Há maior concentração de linfócitos reguladores – o qual reconhece as bactérias comensais e mantêm a regulação. • D: ambas bactérias em um mesmo local. Existe um equilíbrio tênue entre as células T reguladoras – para manter o equilíbrio e as Th17 – porque caso as patogênicas invadam, precisam ser reconhecidas. Essas Th17 são as mais capacitadas, por ativar neutrófilos, os quais fagocitam as bactérias. • É importante que o sistema imune preze pela imunorregulação, para que possa haver a tolerância contra antígenos microbianos da microbiota e antígenos alimentares/ambientais. Isso tudo é definido pela tolerância oral e pela imunorregulação nas mucosas. • Mesmo com esse controle, os processos imunogênicos precisam acontecer porque é uma porta de entrada para muitas infecções.
Compartilhar