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Privilégios e Imunidades Consulares

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Privilégios e Imunidades Consulares
Relativamente aos privilégios consulares, de que cuida a Convenção de Viena de 1963, a regra é que os cônsules e funcionários consulares gozam de inviolabilidade física e de imunidade ao processo (penal ou cível) apenas no que diz respeito aos seus atos de ofício.
Portanto, as imunidades dos representantes consulares são relativas e divergem daquelas concedidas aos agentes diplomáticos em dois pontos: 
a) não existe imunidade penal absoluta para os representantes consulares (a qual, tampouco, se estende aos seus familiares).
 b) a imunidade de jurisdição civil a eles concedida (segundo a regra ne impediatur of icium) restringe-se tão somente aos atos realizados no exercício das funções consulares, não se estendendo aos atos praticados a título particular. 
Fora dos atos de ofício não existe imunidade para os cônsules e funcionários consulares, quer na esfera civil quer na criminal. Nesse último caso, eles ficam sujeitos à jurisdição local do Estado onde exercem os seus misteres, caso tenham praticado infrações penais comuns. Assim, será um Cônsul imune à jurisdição local caso tenha, no exercício de suas funções, cometido um ilícito penal (a exemplo da falsificação de um passaporte), mas não terá qualquer imunidade caso ofenda ou agrida o vizinho de sua residência. 
Têm os cônsules inviolabilidade pessoal e oficial (como inviolabilidadeda residência oficial e dos arquivos consulares, que não ficam sujeitos à busca ou penhora por parte das autoridades locais, salvo hipótese de incêndio, calamidade ou para prestar socorro), e ainda imunidade jurisdicional quanto aos deveres do cargo e isenção fiscal relativa (afeta somente aos impostos pessoais e dos que recaem sobre seus móveis). Os locais consulares se mantêm invioláveis tão somente no que tange à sua estrita utilização funcional (gozando, contudo, de imunidade tributária).
A única imunidade absoluta em relação ao serviço consular está afeta aos arquivos e documentos diplomáticos que desse serviço fazem parte, assim sendo em quaisquer circunstâncias e onde quer que se encontrem.
À diferença dos agentes diplomáticos, a imunidade pessoal dos cônsules não se estende a seus familiares.
A imunidade domiciliar dos cônsules e dos funcionários consulares abrange tão somente os serviços consulares e o arquivo, que não fica subordinado a exames ou requisições das autoridades. Sendo relativa, recusa ao cônsul o direito de conceder asilo e os que no Consulado procurarem amparo devem ser entregues mediante simples pedido às autoridades locais.
No que tange à isenção fiscal, esta se refere ao material consular propriamente dito, impostos diretos, de renda, contribuições compulsórias, entre outras, sendo mais restrita do que a dos funcionários diplomáticos, não tendo o caráter de generalidade desfrutado por estes. O art. 49 da Convenção de 1963 enumera várias exceções em relação a tal isenção, o que acaba enfraquecendo a regra quando finalmente aplicada. Assim, nos termos dessa regra, os funcionários e empregados consulares, assim como os membros de suas famílias que com eles vivam, estarão isentos de quaisquer impostos e taxas, pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com exceção dos: a) impostos indiretos normalmente incluídos no preço das mercadorias ou serviços; 
b) impostos e taxas sobre bens imóveis privados situados no território do Estado receptor; 
c) impostos de sucessão e de transmissão exigíveis pelo Estado receptor; 
d) impostos e taxas sobre rendas particulares, inclusive rendas de capital, que tenham origem no Estado receptor, e impostos sobre capital, correspondentes a investimentos realizados em empresas comerciais ou financeiras situadas no Estado receptor; 
e) impostos e taxas percebidos como remuneração de serviços específicos prestados; 
f) direitos de registro, taxas judiciárias, hipoteca e selo.
Relativamente aos atos particulares que cometer (civis ou comerciais), o cônsul é considerado como simples cidadão, respondendo por tais atos perante a jurisdição do Estado onde serve, distinguindo-se daí a personalidade oficial da privada.

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