Buscar

A Teoria Bioecológica De Urie Bronfenbrenner

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS 
 
 
 
Arlinda Gomes Carvalho 
Gabriela Rodrigues de Oliveira 
Leonardo Pedroza Rezende 
Mariana Lopes Wagenska de Almeida 
 
 
 
 
 
A TEORIA BIOECOLÓGICA DE URIE BRONFENBRENNER 
APLICADA AO MEIO AMBIENTE DO ACOLHIMENTO 
INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
SANTOS/SP 
2019 
 
2 
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A TEORIA BIOECOLÓGICA DE URIE BRONFENBRENNER 
APLICADA AO MEIO AMBIENTE DO ACOLHIMENTO 
INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
Trabalho realizado para a disciplina de Direito 
da Criança e do Adolescente II pelos discentes 
da turma 4º DC, do curso de Direito da 
Unisantos, para a obtenção de nota parcial. 
 
 
 
 
SANTOS/SP 
2019 
Gabriela Rodrigues de Oliveira 
Leonardo Pedroza Rezende 
Mariana Lopes Wagenska de Almeida 
Arlinda Gomes Carvalho 
 
 
7504792 
4770422 
2647737 
3891041 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
2. HISTÓRICO E O DESENVOLVIMENTO DA TEORIA BIOECOLÓGICA DO 
DESENVOLVIMENTO HUMANO DE BRONFENBRENNER ................................... 5 
2.1Interligações das Estruturas: Microssistema, Mesossistema, Exossistema e 
Macrossistema............................................................................................................... 5 
3. IMPACTO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS NA RECUPERAÇÃO DE 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE COMETERAM CRIMES ............................... 7 
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 10 
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 11 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar pelo 
meio mais didático cabível, o desenvolvimento da Teoria Bioecológica de Urie 
Bronfenbrenner, vez que esta se mostra de grande importância nos dias atuais quando o 
assunto é o desenvolvimento da criança e do adolescente. 
No aspecto sociológico, a teoria tem grande impacto e 
revela, de modo técnico, a aplicação de tais termos e estudos se comprovando quando 
aplicados em campo. 
Requer demonstrar, a seguir, o surgimento de tal pesquisa 
desenvolvida pelo Autor supracitado, a interligação das estruturas de microssistema, 
mesossistema, exossistema e macrossistema, assim como a aplicação da teoria nos 
tempos modernos, de cunho social e técnico. 
Há diversos estudos acerca de como a criança ou o 
adolescente chega ao ponto de ser levada ao acolhimento institucional, porém agora 
também está sendo levando em conta a importância de sua saída, com foco na sua 
reinserção no meio social, isto é, como elas vão para as ruas ou para suas novas 
famílias, se há de fato uma real mudança, ou se muitas posteriormente são obrigadas a 
voltar. 
Uma nova tendência nestes estudos é a que engloba a 
Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, desenvolvida por Urie 
Bronfenbrenner em conjunto com outros pensadores, na qual se compreende o ambiente 
ecológico como uma série de estruturas encaixadas, em que cada peça contém ou está 
contida na outra. A interação da pessoa com o ambiente é caracterizada pela 
reciprocidade e a pessoa em desenvolvimento adapta-se, muda e recria o meio no qual 
está inserida. “O ambiente também exerce influência no desenvolvimento da pessoa, 
constituindo este um processo de mútua interação (Bronfenbrenner, 1979/1996).” 
 
 
5 
 
2. HISTÓRICO E O DESENVOLVIMENTO DA TEORIA 
BIOECOLÓGICA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE 
BRONFENBRENNER 
Urie Bronfenbrenner desenvolveu sua teoria consoante ao 
seu desenvolvimento humano e cientifico. Percebe-se isso ao acompanhar tal evolução. 
Em sua vida adulta, escreveu o livro A Ecologia do 
Desenvolvimento Humano: experimentos naturais e planejados, esteque é considerado 
pelos cientistas do desenvolvimento, como um marco mundial sobre os estudos desta 
área. Nele se encontram os principais preceitos de seus modelos e teoria ecológicos. 
Mas ao final, já na velhice, faz a evolução de suas pesquisas anteriormente feitas ao 
ponto de chegarem no que chamam de Teoria Bioecológica. Neste contexto, 
demonstrou sua preocupação com as gerações futuras ante ambiente cada vez mais 
caótico na sociedade mundial. 
Seus estudos deixaram de ser voltados a justificar a 
mudança e desenvolvimento dos seres pela idade, e passou a ser um fenômeno de 
continuidade e de mudança das características biopsicológicas dos seres humanos como 
indivíduos e grupos. 
Explica André de Carvalho Barreto, 2016: 
“O desenvolvimento humano e familiar são faces de uma 
mesma moeda, estendendo-se ao longo do curso de vida e 
do desenvolvimento humano, englobando as várias 
gerações e a história da humanidade.” 
 
2.1 Interligações das Estruturas: Microssistema, Mesossistema, Exossistema e 
Macrossistema 
Urie Bronfenbrenner propõe o estudo de relação pessoa-
contexto, ou seja, o quanto o âmbito externo, fatores nem mesmo diretamente ligados ao 
indivíduo em questão, interferem no desenvolvimento da criança ou do adolescente, em 
seu âmbito interno. 
6 
 
Para compreender o estudo realizado por Bronfenbrenner, 
é necessário entender os conceitos dos 4 sistemas apontados por ele, sendo estes o 
Microssistema, Mesossistema, Exossistema e Macrossistema. 
Inicialmente, nos deparamos com o Microssistema. 
O Microssistema do qual o Autor fala, refere-se ao âmbito 
mais interno do ser. Situações, pessoas, ambientes completamente ligados a criança ou 
adolescente. O Autor se refere a este como sendo o “centro de gravidade” de toda sua 
teoria. 
Neste sistema, a pessoa experimenta posições, atividades e 
relacionamentos em relações que o colocam face a face à outras pessoas também em 
pleno desenvolvimento, pessoa esta que se situa em um ambiente diferente, com suas 
próprias características. Para que esse sistema promova mudanças no seu curso de vida, 
as pessoas presentes devem ter temperamentos, personalidades e sistemas de crenças 
distintas. Portanto, fica exposto de modo claro que o ciclo se inicia nesta posição, já 
indicando os próximos passos dos seguintes sistemas. 
No sistema seguinte, o Mesossistema, trata-se das relações 
de âmbito um pouco mais externo, porém ainda colocando o ser humano frente a frente 
com situações diferentes. Trata-se das relações casa-escola, casa-trabalho. São 
ambientes que influenciam diretamente em seu desenvolvimento. 
O sistema posterior, o Exossistema, refere-se a mesma 
situação ao sistema anterior, porém neste, em sua última fase, o indivíduo não está 
presente, mas, ainda assim, a situação interfere indiretamente no microssistema no qual 
a pessoa está. 
Vale ressaltar que, devido a posteriores estudos, a partir da 
Teoria Biológica de Urie Bronfenbrenner, foi constatada a transição ecológica, vez que 
não há uma rigidez imposta aos sistemas, visto que estes são completamente dinâmicos. 
A transição ecológica diz respeito à transição que pode 
ocorrer de um ambiente para outro, de microssistema para o mesossistema através do 
exossistema, e vice-versa. André de Carvalho Barreto cita o exemplo em seu artigo: 
7 
 
“(...) uma criança vítima de violência no seu 
microssistema familiar teve no abrigo seu exossistema, 
pois, apesar de ela nunca ter estado nele antes da 
denúncia de violência, ele interferiu indiretamente no seu 
desenvolvimento, pois tinha profissionais que forneciam 
apoio social à criança. No momento, contudo, em que ela 
passa a viver no abrigo, ocorre uma mudança de sistema 
na qual o abrigo passa a ser seu microssistema, e a 
família, o mesossistema. (...)” 
Ademais, após o Exossistema, encontra-se o 
Macrossistema, que se trata do nível mais amplo do sistema ambiental. Este sistema é 
uma combinação de todos os outros explanados anteriormente, pois trata-se de 
influencias
diretas e indiretas na vida do ser humano. Pessoas que compartilham, nesse 
mesmo sistema, valores, crenças, estilos de vida, recursos, trajetórias, oportunidades e 
padrões de intercâmbio social. 
 
 
3. IMPACTO DOS RESULTADOS DAS PESQUISAS NA 
RECUPERAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE 
COMETERAM CRIMES 
Um ambiente conflitoso poderá influenciar o 
desenvolvimento do pleno sujeito em desenvolvimento, logo, um ambiente em que a 
pobreza e a falta de suprimentos para necessidades básicas se fazem presentes, poderá 
influenciar o desenvolvimento da criança como um futuramente adolescente, possa 
cometer atos infracionais em decorrência de seu estado econômico. 
Muitas crianças e adolescentes atualmente tornam-se 
vulneráveis a atos violentos, ora como vítimas, ora como agressores. Isto não se 
configura apenas como um dado estatístico, mas sim como um fato que nos é 
apresentado cotidianamente nas páginas policiais da imprensa escrita, nos semáforos de 
nossas avenidas, nos pequenos roubos ocorridos nas praças. A transformação na 
estrutura etária da população brasileira, ocorrida nas últimas três décadas, resultou no 
8 
 
aumento significativo de demanda por políticas sociais básicas no atendimento às 
crianças e adolescentes. Além disto, esta geração está se desenvolvendo num contexto 
socioeconômico marcado por profundas desigualdades de oportunidades de inserção no 
mercado de trabalho e de perspectivas quanto ao futuro, sendo considerado o segmento 
mais vulnerável aos agravos decorrentes da violência e dos acidentes, os quais, por 
exemplo, representam a primeira causa de morte entre os adolescentes. 
A violência possui diversas formas de expressões 
determinadas pela cultura, pelas relações do macro e microssistema e pelos valores 
pertencentes a um povo. Atinge de forma mais hostil os sujeitos mais indefesos de uma 
sociedade, como crianças e mulheres, porém sem poupar os demais. Não está presente 
apenas nas relações interpessoais, mas também em instituições que exercem poder na 
sociedade, como família e escolas. Dessa forma, pode-se dizer que não há um fato 
denominado violência, mas sim violências como expressões de manifestação da 
exacerbação de conflitos sociais cujas especificidades necessitam ser conhecidas. 
A realidade em que vivem os jovens, em especial aqueles 
expostos a fatores de vulnerabilidade como da violência intrafamiliar e urbana, a 
pobreza, da exclusão social, a limitação de acesso a bens e serviços, faz com que 
construam uma noção de violência tendo por base o que realmente acontece no seu 
cotidiano; de sua consciência de classe e posição na sociedade; das relações na família e 
na escola; das mensagens que capta da mídia; de suas experiências; de como 
subjetivamente processam esses estímulos. A violência já não aparece mais como uma 
manifestação de busca de mudanças, conforme pensavam Marx e Engels, mas como um 
subproduto da sociedade dita pós-moderna, movida pelo financiamento da vida e pelo 
consumo. Os frequentemente prejudicados são os pobres, principalmente os jovens, 
quando a violência torna-se para eles um mercado de trabalho, uma forma de ter 
dinheiro, bens de consumo e poder, gerando cada vez mais a exclusão social. 
Infelizmente crianças e adolescentes sofrem violência nas 
escolas, nas ruas, no trabalho clandestino e insalubre; porém o agravante reside no fato 
de que são vitimadas principalmente nos lares, onde a relação de poder e hierarquia 
entre adultos, crianças e adolescentes é muito forte. Constata-se que o padrão de 
organização das famílias patriarcal-capitalista dentro da sociedade, significa a dupla 
dominação, do capital e do adulto, propiciando o aparecimento da violência doméstica, 
9 
 
onde em geral os pais exercem seu poder através da vitimização de seus filhos, 
aspirando ao poder exercido sobre eles pela própria sociedade capitalista. 
A violência doméstica contra crianças e adolescentes é 
considerada uma violência interpessoal e intersubjetiva; um abuso do poder disciplinar e 
coercitivo dos pais e responsáveis; redução da vítima à condição de objeto de maus-
tratos; uma negação dos valores humanos fundamentais; e o mais grave - pode durar por 
meses ou anos, pois como pertence à esfera do privado, reveste-se de sigilo 
especialmente nas camadas altas da sociedade. 
Neste sentido, a criança e o adolescente levam marcas 
desta violência para o resto de suas vidas dado à importância que a família tem para a 
formação da personalidade e na reprodução das relações sociais, onde esta deva ser vista 
como uma construção social, um grupo ativo na formação e transformação dos padrões 
culturais e afetivos, “como instituição primária, incondicionalmente importante na 
construção de identidades, valores, afetos e cidadania”. 
Hoje, de acordo com a literatura, sabe-se que a violência 
doméstica determina sentimentos como o desamparo, o medo, a culpa, a raiva, que não 
podendo ser manifestados, transformam-se em comportamentos distorcidos, 
perpetuando-se por gerações indefinidamente. Isto porque vivemos numa cultura onde 
bater nos filhos sempre foi e infelizmente continua sendo um direito reconhecido pelos 
pais para o bem dos filhos. 
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – 
ECA, frente a uma ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente, por 
meio de qualquer forma de violência, pode-se adotar como medida de proteção à vítima, 
o abrigo em uma entidade (Artigo 101, parágrafo VII). Porém sabe-se que o 
abrigamento promove o rompimento de todas as relações e a perda de vínculos com a 
família, comunidade e demais grupos sociais. Mesmo nos casos em que o abrigo 
constitui uma medida provisória e excepcional, este tempo de institucionalização pode 
se estender por muitos anos, principalmente em um país como o Brasil, que conta com 
um sistema jurídico deficiente, cujos processos levam muito tempo para serem 
solucionados. 
10 
 
Uma das grandes problemáticas que circundam a esfera da 
institucionalização de crianças e adolescentes é a reintegração dos mesmos em nosso 
meio social, sendo que muitas vezes lhes é negado um de seus maiores direitos e a 
principal oportunidade para se empoderarem – a educação. Sabe-se que a maioria das 
crianças e adolescentes vitimados pertence a classes sociais mais desfavorecidas, e este 
fato traz inúmeras consequências. 
Quando uma criança ou adolescente nesta situação chega à 
escola, encontra o preconceito e o temor de grande parte dos professores e funcionários 
em detrimento ao acolhimento e proteção que deveria receber e que são legalmente 
previstos em lei. Dado que a escola é um local eminentemente coletivo proporciona a 
crianças e adolescentes a experimentação da formação da sua identidade para além da 
família. É justamente neste momento que o indivíduo adquire consciência da sociedade 
da qual participa, percebendo os condicionamentos sociais a que está sujeito, as 
diferenças sociais existentes, argumentando consigo próprio e com o mundo sobre as 
alternativas de mudanças. 
 
 
4. CONCLUSÃO 
A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, cuja 
base é a reciprocidade, isto é, do mesmo modo que o ambiente influencia o ser humano, 
o ser humano também influencia o ambiente, é o ponto de partida na análise do meio 
ambiente do acolhimento institucional e das medidas socioeducativas. 
Contrariamente ao que disse Rousseau: “o homem nasce 
bom e a sociedade o corrompe”, a Teoria Bioecólogica inova e leva em consideração a 
interação por várias óticas, que o pensador Urie Bronfenbrenner divide em quatro: 
microssistema, mesossistema, exossistema e o macrossistema. 
Portanto, para se entender e aprimorar a recuperação de 
crianças e adolescentes que tenham ido contra o ordenamento jurídico e cometido 
crime, é necessário aprofundar-se nas camadas dos ambientes que estão direta e 
indiretamente ligados à eles. O limite de interferência de cada sistema
e a sua 
abrangência para cuidar do caso de crianças em situação de abrigo ou fundação casa. 
11 
 
5. REFERÊNCIAS 
BARRETO, André de Carvalho. Paradigma Sistêmico No Desenvolvimento Humano 
E Familiar: A Teoria Bioecológica De Urie Bronfenbrenner. Psicologia em Revista, 
Belo Horizonte-MG. v. 22, n. 2, p. 275-293. 
MOSQUERA, Carlos. Bronfenbrenner e a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento 
Humano. Disponível em: < http://www.carlosmosquera.com.br/bronfenbrenner-e-a-
teoria-bioecologica-do-desenvolvimento-humano/>. Acesso em: 15 de setembro de 
2019; 
SOBRAL, Layane Souza. Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner. Disponível em: 
<https://www.mindmeister.com/pt/1102256494/teoria-bioecol-gica-de-
bronfenbrenner?fullscreen=1>. Acesso em: 15 de setembro de 2019; 
SZYMANSKI, Heloisa; MARTINS, Edna. A abordagem ecológica de Urie 
Bronfenbrenner em estudos com famílias. Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812004000100006>. Acesso em: 15 de setembro de 2019.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais