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CARREIRA POLICIAL AGENTE, PERITO E ESCRIVÃO MEDICINA LEGAL CERS CAPÍTULO 4 BOOK 1 Recado para você que está assistindo às videoaulas Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que: O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte nas revisões! Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas, razão pela qual pode ser eventualmente repetido; A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso, nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa; Esperamos que goste do conteúdo! 2 SOBRE ESTE CAPÍTULO Prezado aluno, no presente capítulo iremos estudar o tema “Tanatologia Forense”, finalizando o assunto da traumatologia forense. O tema é bastante cobrado em provas de concursos públicos, em especial, os de carreiras policiais, concentrando-se basicamente na doutrina médico-legal. Contudo, é extremamente necessário que você se atente para alguns dispositivos legais que elencamos ao final deste capítulo, ok? Dessa forma, separamos várias questões ao final do capítulo para que você tenha uma base de como esse assunto normalmente é cobrado por várias bancas examinadoras. Vamos juntos!? 3 SUMÁRIO MEDICINA LEGAL ..................................................................................................................................... 5 Capítulo 4 .................................................................................................................................................. 5 4. Tanatologia Forense ......................................................................................................................... 5 4.1 Conceito .................................................................................................................................................................... 5 4.1.1 Critérios para o diagnóstico de morte encefálica .................................................................................. 7 4.1.2 Notificação compulsória .................................................................................................................................... 8 4.1.3 Tipos de morte ....................................................................................................................................................... 8 4.1.4 Morte natural, morte violenta e morte suspeita .................................................................................. 11 4.2 Destinação do cadáver após a morte ....................................................................................................... 13 4.3 Serviços de Verificação do Óbito ................................................................................................................ 15 4.4 Tanatognose ......................................................................................................................................................... 16 4.5 Cronotanatognose ............................................................................................................................................. 29 4.6.1 Período de incerteza de Tourdes ................................................................................................................ 31 4.6.2 Dados que podem ser utilizados para auxiliar o diagnóstico do tempo de morte ............. 31 4.7 Diagnose Diferencial das lesões intra vitam e post mortem .......................................................... 32 4.7 Premoriência e Comoriência / Causa médica e causa jurídica da morte ................................. 33 4.8 Exames de locais de morte violenta ou suspeita................................................................................. 33 4.8.1 Atitude do Delegado de Polícia e dos Peritos ...................................................................................... 33 4.8.2 DNA: CODIS e PCR ............................................................................................................................................ 37 4.9 Transplantes de órgãos e tecidos ............................................................................................................... 37 4.9.1 Doador morto ...................................................................................................................................................... 38 4.9.2 Doador vivo .......................................................................................................................................................... 39 4.10 Interferência no processo de morte .......................................................................................................... 40 4 4.10.1 Eutanásia ................................................................................................................................................................ 40 4.10.2 Distanásia ............................................................................................................................................................... 40 4.10.3 Ortotanásia............................................................................................................................................................ 40 4.10.4 Mistanásia .............................................................................................................................................................. 41 4.10.5 Suicídio assistido ................................................................................................................................................ 41 QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 43 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 53 GABARITO ............................................................................................................................................... 64 QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 65 GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 66 LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 68 MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 81 5 MEDICINA LEGAL Capítulo 4 A tanatologia forense é o ramo da medicina legal que estuda a morte e o morto, bem como as suas repercussões. A tanatologia forense auxilia o perito e o delegado de polícia a delimitares as causas envolvidas por ocasião do óbito da vítima, fazendo com que haja o adequado início do procedimento policial a ser conduzido, bem como orientar a investigação policial que conduza à autoria do fato criminoso. 4. Tanatologia Forense 4.1 Conceito O conceito de tanatologia basicamente se caracteriza como sendo o estudo dos sinais que se relacionam com a morte. Antes de nos aprofundarmos no estudo, é preciso que tenhamos conhecimentoacerca de alguns conceitos iniciais que vão nos acompanhar ao longo de toda a matéria, de modo que esse conhecimento vai facilitar bastante na compreensão do tema. Vamos a eles! ANTROPOLOGIA FÍSICA É o estudo do ser humano em seus aspectos biológicos e comportamentais. PERINECROSCOPIA Trata-se da perícia realizada no local em que há o cadáver. Normalmente realizada pelos peritos criminais, atendendo ao art. 6º, I do CPP. 6 CRONOTANATOGNOSE É o estudo da hora aproximada da morte a partir dos fenômenos cadavéricos. TAFONOMIA Estudo das alterações biológicas e geológicas dos materiais orgânicos após a morte até a fossilização. Está ligada a Paleontologia e aos fenômenos transformativos conservadores. TANATOGNOSE É a parte da tanatologia forense que estuda o diagnóstico da realidade da morte e os fenômenos correlatos. NECROSE É a morte de um tecido, ou seja, morte celular em grupo. APOPTOSE É a morte isolada de uma célula (“morte programada”), que se separa das demais, tem seu tamanho reduzido. SOMBRA CADAVÉRICA Mancha escura que permanece sob o cadáver durante e após a decomposição. Pode conter resíduos que permitam a identificação de tóxicos. Importante nas exumações para a análise e pesquisa de eventuais substâncias venenosas e a consequente constatação de morte por envenenamento. MORTE É um fenômeno complexo de difícil conceituação. Mas, em linhas gerais, podemos conceituá-la como a cessação dos fenômenos vitais pela parada das funções cerebral, respiratória e circulatória. 7 Em relação a este último conceito, é importante que se façam algumas considerações. A morte não é instantânea, é gradativa a nível celular, muito embora, macroscopicamente, já haja um quadro clínico irreversível da morte do indivíduo. No Brasil, o critério definidor de morte é a morte encefálica, que é a perda irreversível das funções encefálicas (cérebro, cerebelo e tronco encefálico). A Lei 9.437, em seu art. 3º, dispõe que “a retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser procedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”. Com base nisso, importante destacar que o Conselho Federal de Medicina aprovou a Resolução nº 2.137/17, revogando a Resolução nº 1.480/97, que regia a matéria, dispondo sobre os critérios para diagnóstico de morte encefálica. A nova resolução atende o que determina a Lei nº 9.434/97. Assim, considera-se que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme os critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial. 4.1.1 Critérios para o diagnóstico de morte encefálica Nos termos do Art. 1º da Resolução 2.137/17, devem ser submetidos aos procedimentos para determinação da morte encefálica todos os pacientes que apresentarem os seguintes parâmetros clínicos: I) Coma não perceptivo – com ausência de atividade motora supraespinhal; II) Apneia persistente – parada respiratória; Os exames complementares a serem realizados para a constatação de morte encefálica deverão demonstrar de forma inequívoca: Ausência de atividade elétrica cerebral; Ausência de atividade metabólica cerebral; Ausência de perfusão sanguínea cerebral; 8 No termo de declaração de morte encefálica deverá constar a causa do coma, devendo ser interrompido o protocolo caso sejam constatados hipotermia ou uso de drogas depressoras do sistema nervoso central (como intoxicação por barbitúricos, benzodiazepínicos ou por outras substâncias neurolépticas), de modo a descartar causas reversíveis do coma. Vale destacar que nos termos do artigo 9º da supramencionada Resolução, os médicos que determinaram o diagnóstico da morte encefálica, ou médicos assistentes ou seus substitutos deverão preencher a declaração de óbito, sendo definida como data e hora da morte aquela que corresponde ao momento da conclusão do último procedimento de determinação da morte encefálica. 4.1.2 Notificação compulsória Trata-se da comunicação compulsória feita pelo profissional de saúde, em determinados casos, às centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos da unidade federada onde ocorre, acerca do diagnóstico de morte encefálica feito em pacientes por eles assistidos. 4.1.3 Tipos de morte A doutrina médico-legal traz algumas modalidades de morte e seus diferentes tipos de diagnóstico. Vejamos cada uma delas: a) Morte anatômica: a cessação total e permanente das grandes funções do organismo; b) Morte histológica: células e sistemas do organismo morrem gradativamente; c) Morte aparente: redução das funções vitais momentaneamente. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; d) Morte relativa: parada cardíaca associada à perda da consciência, diagnosticada pela ausência de pulso. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; e) Morte intermédia ou intermediária: admitida por alguns autores, seria o estágio inicial da morte definitiva. Estágio intermediário entre a morte relativa e a morte absoluta. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; 9 f) Morte real ou absoluta: é o ato de cessar tudo, a personalidade humana e suas funções. Ademais, é válido salientar que existem também os sinais tanatomiméticos, ou seja, os que imitam a morte real e assim não devem ser confundidos com esta, sendo os seguintes: afogamento, catalepsia, êxtase, ação do frio, transe, eletroplessão, estados gerais de coma e utilização abusiva de barbitúricos. g) Morte súbita: morte inesperada, brusca e repentina, não tendo causa externa ou violenta, sendo, portanto, sempre de causa interna ou patológica. Quanto à sobrevivência, a morte súbita é aquela de efeito imediato e instantâneo e, em razão de durar alguns minutos, impossibilita o atendimento médico eficiente. Vejamos como a FUMARC abordou este assunto no concurso de delegado de polícia Civil do estado de Minas Gerais em 2018: (FUMARC – PC MG – DELEGADO DE POLÍCIA – 2018) Custodiado pela Polícia, um suposto infrator queixa que se sente mal na viatura policial ao ser transferido do local do fato para a delegacia responsável. Ele relata ser “cardíaco” e que usa medicação para evitar infarto do miocárdio. Em seguida, fica em silêncio e imóvel. Os responsáveis constatam a realidade do óbito. A conduta CORRETA é: A) Entrar em contato com alguma autoridade do Ministério Público ou do judiciário para tomada de decisão do caso. B) Por não haver violência, procurar os meios para encaminhamento ao serviço de verificação de óbito. C) Procurar os meios e as formalidades para o encaminhamento ao IML. D) Trata-se de morte natural; dar seguimento aos procedimentos para encaminhamento à funerária. 10 Gabarito: Alternativa C A chamada "morte sob custódia" é aquela que ocorre com pessoas privadas de liberdade e sobre a qual se pode aventar uma situação de morte violenta. Embora a questão aponte para uma morte natural, diante da peculiaridade de estar sob custodia, com o objetivo de se apurar qualquer responsabilidade dos agentes do Estado, deverá ser instaurado procedimento investigativo com a consequente requisição pericial de necropsia1. Portanto, o corpo deverá ser encaminhado ao IML, por determinação do delegado de polícia. h) Morte agônica2: é aquela que, depois da manifestação de sua causa, seu processo perdura por dias até que o indivíduo venha efetivamente a óbito. Alguns autores ainda fazem a distinção entre morte súbita natural e morte súbita suspeita. A natural pode ter as mais diversas causas, como distúrbios cardiovasculares (rompimentode um aneurisma), lesões no sistema nervoso central, hemorragias meníngeas ou encefálicas, bem como podem decorrer de fatores ocasionais (ex.: fadiga, hipersensibilidade a determinadas drogas – idiossincrasias – etc.). Já a morte súbita suspeita é aquele que ocorre de forma duvidosa e sobre a qual não se tem evidência de ter sido ocasionada por fatores naturais ou por causa violenta. Assim, a morte súbita suspeita será assim considerada sempre que houver a possibilidade de não ter sido de causas naturais3. 1 Vide questão 03 2 Vide questão 06 3 HERCULES, Hygino de C., Medicina Legal – Texto e Atlas. São Paulo: Atheneu, 2005, p. 129. 11 4.1.4 Morte natural, morte violenta e morte suspeita Embora já tenhamos tratado de diversos conceitos acerca dos tipos de morte, aqui vale um aprofundamento especial, por ser uma temática de extrema importância no dia a dia das perícias forenses, bem como ser objeto de recorrente cobrança em provas de concursos públicos. Vamos então à diferenciação dos conceitos de morte natural, violenta e suspeita. Morte natural: É aquele decorrente dos processos mórbidos preexistentes, qualquer que seja sua natureza e sua evolução, podendo ser congênitos ou adquiridos, e desde que não tenham sido agravados por um fator exógeno (externo). Segundo o professor Genival Veloso de França4, o melhor seria denominá-la de morte por antecedentes patológicos. Morte violenta: É aquela resultante diretamente de uma ação exógena e lesiva, ou que tal ação tenha concorrido para agravar uma patologia existente, não importando se ocorreu de forma imediata ou tardia, mas desde que haja relação de causa e efeito entre a agressão e a morte. Dessa forma, se inserem nesse conceito todas as mortes oriundas de violência ou decorrentes de meios estranhos que agravem o fisiologismo normal ou as patologias internas. São mortes causadas por uma ação vinda de fora. Em todos esses óbitos, procura-se determinar a participação de alguém de forma ativa ou passiva para justificar sua responsabilidade. Não significa que a morte violenta tenha necessariamente um agente causador responsável, podendo ocorrer também de forma acidental, sem que se tenha qualquer participação humana, tal como ocorre nos desastres naturais ou outros fenômenos físicos (fulminação por raios, 4 FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, 9ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2014, p 457. 12 inundação, terremotos, etc.), bem como pela ação de animais. Entende-se também por morte violenta aquela em que não existe violência no sentido real da palavra, mas que sua ocorrência se deu por motivo de descaso, como nos casos de omissão de socorro. Morte suspeita: É aquela que surge de forma inesperada e sem causa evidente. Este tipo de morte, atualmente, é transferido para a responsabilidade médico-legal em razão da Resolução do Conselho Federal de Medicina, devido à própria experiência pericial. Entre as mortes suspeitas está a que ocorre em salas de cirurgia (mors in tabula), principalmente quando o óbito não está justificado pelos comemorativos e pela evolução da doença. Em resumo, a morte suspeita se dá quando não se sabe exatamente a sua causa, se interna ou externa. Vejamos como a VUNESP abordou o assunto no concurso da Polícia civil para o cargo de Delegado de Polícia do Estado de São Paulo: (VUNESP – PC SP – DELEGADO DE POLÍCIA 2018) De modo geral, nos casos de morte de causa desconhecida, o cadáver deve ser encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) ou para o SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) respectivamente, quando a morte for decorrente de a) acidente de trânsito – suicídio. b) causa natural sem assistência médica – acidente de trânsito. c) homicídio – suicídio. d) suicídio – morte natural ou suspeita sem assistência médica. 13 e) causa externa ou morte suspeita – morte natural sem assistência médica. Gabarito: Alternativa E O SVO- SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITOS- tem a finalidade de investigar as causas de óbito por morte natural, diferente do serviço mais conhecido que é o IML – Instituto Médico Legal (que investiga mortes violentas e/ou acidentais, por afogamento, estrangulamento, por armas de fogo, arma branca, queimaduras, eletricidade, homicídio, suicídio e suspeitas de envenenamento ou outros interesses da Justiça que demandem investigações profissionais). 4.2 Destinação do cadáver após a morte Após o evento letal, a depender do tipo de morte ocorrida, o cadáver poderá ser levado a diferentes locais para a determinação da causa da morte e demais procedimentos até que seja sepultado. I) Sistema de verificação de óbito (SVO): local para onde é encaminhado o cadáver nos casos de morte natural sem assistência médica. II) Instituto médico-legal (IML): é obrigatório o encaminhamento do cadáver nos casos de morte suspeita ou violenta5. 4.2.1 Destinação final do cadáver Após os procedimentos médico-legais para a elucidação da causa da morte, e, em alguns casos, doação de seus órgãos, o cadáver poderá passar pelos seguintes procedimentos: a) Inumação: é o sepultamento na terra, enterro. Destino final mais comum do cadáver. b) Exumação: 6é o ato de desenterrar o cadáver ou os restos dele (art. 163 ao 166 do CPP). Vejamos: 6 Vide questão 10 14 Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. c) Imersão: é o sepultamento na água. d) Cremação: o cadáver é submetido a altíssimas temperaturas para ser reduzido às cinzas. Para mortes naturais, não há necessidade de autorização judicial, basta que dois médicos assinem a declaração de óbito ou então, se o cadáver foi para o Instituto Médico Legal, basta a assinatura de um médico legista. No entanto, se a morte for violenta, serão necessárias a assinatura de um médico legista e também da autorização judicial. Doutrinadores como Genival França defendem que a cremação somente poderia ser autorizada nas mortes naturais após o diagnóstico da causa da morte. Dessa forma, a cremação não deveria ser permitida nos casos de morte violenta, em que pese o disposto no art. 77, § 2°, da Lei n° 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos): 15 Art. 77. Nenhum sepultamento será feito semcertidão do oficial de registro do lugar do falecimento ou do lugar de residência do de cujus, quando o falecimento ocorrer em local diverso do seu domicílio, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. (Redação dada pela Lei n° 13.484, de 2017) § 2 ° A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei n° 6.216, de 1975) e) Destruição: o professor Genival Veloso de França cita que alguns seguidores de uma seita indiana deixavam os cadáveres no alto de uma torre para serem consumidos por abutres e pela fauna cadavérica. f) Liquefação: é a cremação ecológica. É um método novo, no qual o cadáver é submerso em solução aquecida e pressurizada de hidróxido de potássio, depois os ossos são cremados. g) Embalsamento: soluções antissépticas e conservadoras são injetadas no cadáver para retardar a putrefação. Não se confunde com a formolização, em que as vísceras são substituídas por algodão embebidos de formol.7 4.3 Serviços de Verificação do Óbito OS SVO existem em âmbito Nacional para que possam ser úteis por ocasião no esclarecimento da causa mortis nos óbitos naturais, com ou sem assistência médica, já que é de competência dos IMLs a necropsia nos casos de mortes violentas. Dessa forma, no âmbito federal, algumas portarias foram enviadas por meio do Ministério da Saúde no tocante aos SVO. A portaria 1405/2006 se refere a Rede Nacional de Serviços de Verificação de Óbito, por sua vez, a portaria 183/2014 regulamenta o incentivo financeiro de custeio para a implantação de vigilância e saúde. 7 Vide questão 05 16 4.4 Tanatognose É a parte da tanatologia forense que estuda o diagnóstico da realidade da morte e os fenômenos correlatos. Muitos autores seguem a classificação do professor Flamíneo Fávero (clássica) e dividem os fenômenos abióticos cadavéricos em: Imediatos/incerteza/prováveis; Mediato/certeza/tardios/reais; Transformativos – destrutivose conservadores; Estudaremos cada um deles separadamente. Há ainda outra forma de classificar os fenômenos cadavéricos apontada por outros autores, que os subdividem em: Fenômenos de ordem física: hipóstases, desidratação, resfriamento. Fenômenos de ordem química: rigidez, autólise, putrefação etc. 4.4.1 Fenômenos abióticos imediatos São sinais que aparecem imediatamente após a morte ou quando o indivíduo ainda está morrendo. Não são considerados sinais de certeza de morte, pois pode haver a reanimação do indivíduo. Sendo assim, são sinais de probabilidade ligados normalmente a cessação das funções vitais. São eles: I) Perda de consciência: estados de coma; II) Insensibilidade: estados de coma; III) Relaxamento dos esfíncteres (flacidez muscular difusa): ânus, pupila, uretra etc; IV) Cessação da respiração; V) Cessação de batimentos cardíacos; VI) Facies hipocrática (máscara da morte); VII) Imobilidade e abolição do tônus muscular; VIII) Inexcitabilidade elétrica; 17 IX) Dilatação das pupilas 4.4.2 Fenômenos abióticos consecutivos São sinais que sugerem morte absoluta. Porém, alguns autores afirmam que mesmo na presença dos sinais abióticos consecutivos, o indivíduo ainda pode estar vivo, ou seja, ainda pode ser reanimado, sendo, no entanto, pouco provável, pois, para esses sinais acontecerem, é necessário um tempo maior pós-morte. São eles: I) Desidratação e Evaporação tegumentar É um fenômeno físico. Com a morte, não há reposição de líquidos e a evaporação deles faz surgir alguns fenômenos decorrentes da desidratação do corpo, a saber: II) Perda de peso; III) Dessecação das mucosas; IV) Apergaminhamento da pele: A pele tem aspecto de pergaminho, mais dura, ressacada e com tonalidade parda. Em locais sob compressão contínua e intensa (enforcamento, por exemplo) a pele pode ficar apergaminhada pelo extravasamento de líquidos, e não pela desidratação. V) Fenômenos oculares: Alguns aspectos podem ser percebidos nos olhos do cadáver, sinalizando um diagnóstico de certeza de que houve a morte. Subdividem-se em: a) Sinal de Louis: é perda de tensão do globo ocular, que se torna mole e depressível; b) Sinal de Larcher-Sommer: é uma mancha negra da esclerótica, acontece entre 3 a 5 horas após a morte. Vejam na imagem8 abaixo: 8SINAL DE LARCHER-SOMMER. Slideplayer, 2020. Disponível em: www.slideplayer.com.br/slide/5634703/. Acesso em: 12/02/2020. 18 c) Sinal de Stenon-Louis: é o resultado do enrugamento da córnea e o depósito de resíduos. A córnea vai ficando opaca, turva e a transparência dela some, depois forma-se uma tela viscosa (albuminoide), um véu que substitui o brilho da córnea. Vejam a imagem9 abaixo: VI) Resfriamento cadavérico (Algor mortis): É um fenômeno físico. Somos seres homeotermo, ou seja, mantemos nossa temperatura corporal constante. A média da nossa temperatura corporal é de cerca de 16,5ºC, com diferença de 1ºC entre a temperatura retal e axilar. A morte interrompe nosso processo de termorregulação e o cadáver perde calor paulatinamente até igualar a temperatura com a do ambiente externo. Vários fatores internos e externos influenciam no processo de resfriamento. A temperatura do cadáver tem importância para a cronotanatognose e inúmeros estudiosos propõem 9SINAL DE STENON-LOUIS. Slideshare, 2020. Disponível em: www.slideshare.net/trubelnecropsia/tanatologia-ls. Acesso em: 12/02/2020. 19 fórmulas para calcular a provável hora da morte a partir da perda de calor. Delton Croce afirma que o cadáver perde 0,5ºC nas primeiras 3 horas e depois 1ºC por hora até o equilíbrio com o meio ambiente. VII) Livores cadavéricos ou Hipóstases (Livor mortis): É um fenômeno físico. Também chamadas de sugilações post mortem, os livores aparecem nas áreas de maior declive do corpo, por ação da gravidade. Há um acúmulo do sangue no interior dos vasos sanguíneos dessas regiões mais baixas do corpo. Surgem em torno de 30 minutos (pontilhados) a 2 horas (manchas) após a morte, generalizam-se entre 6 e 8 horas e se fixam de 8 a 12 horas, de modo que, se mudar a posição do cadáver, os livores não mudarão de lugar, porque haverá a passagem do plasma sanguíneo para os tecidos e as hemácias ficarão aglomeradas e imóveis. Desaparecem com a putrefação. A tonalidade dos livores pode variar conforme os tipos de morte, a exemplo de ter ocorrido por asfixia, intoxicações etc. Importante ressaltar que as áreas sob compressão não formam as hipóstases, pois impede a acumulação do sangue em razão da pressão exercida sobre os vasos nas áreas de contato do cadáver e a superfície sobre a qual ele se encontra. Confiram na imagem10: Há uma grande distinção entre os livores cadavéricos e as equimoses, não se confundindo em nenhuma hipótese, devido às características peculiares de cada um desses fenômenos, bem 10GALVÃO, Malthus. Livores Cadavéricos. Malthus, 2020. Disponível em: www.malthus,com.br. Acesso em 12/02/2020. http://www.malthus,com.br/ 20 como o momento em que ocorrem no organismo humano. Sobre esse tema, confiram a tabela comparativa a seguir: LIVORES EQUIMOSES Sangue não coagulado Sangue coagulado Ausência de malhas e fibrina Presença de malhas e fibrina Ausência de infiltração hemorrágica Infiltração hemorrágicaPresença em locais específicos Presença em qualquer lugar do corpo Sangue dentro dos vasos Sangue fora dos vasos Integridade dos vasos Roturas de vasos Os livores ficam coletados dentro dos vasos, ao passo que nas equimoses há o extravasamento de sangue. Nos livores o sangue fica coletado, enquanto que nas equimoses o sangue fica infiltrado nos tecidos. As equimoses são lesões intra vitam, e os livores são lesões post mortem. VIII) Rigidez cadavérica (Rigor mortis):11 É um fenômeno químico. O corpo passa por uma flacidez muscular generalizada imediata após a morte. Há um desvio metabólico na morte, pela falta de oxigênio e consumo de ATP 11 Vide questão 01 21 sem renovação, aumenta-se a produção de ácido lático pela via anaeróbica, ocorrendo a acidificação do corpo. Sem ATP, com acúmulo de cálcio e de ácido lático, as pontes químicas de actina e miosina não conseguem ser desfeitas e ocorre o enrijecimento muscular. Alguns autores atribuem a rigidez à coagulação da miosina pela desidratação muscular associada ao aumento de ácido lático (Delton Croce, entre outros). A causa da morte influencia no aparecimento/desaparecimento e a intensidade da rigidez. A Lei de Nysten-Sommer consiste em dizer que a rigidez acontece da cabeça para os pés (sentido céfalo-caudal ou crânio podálico), dos menores segmentos musculares para os maiores. A rigidez se inicia por volta de 1 a 2 horas após a morte, generaliza-se entre 6 e 8 horas e desaparece com a instalação da putrefação, por volta de 24 após a morte. Se determinada região do cadáver for manipulada após a instalação da rigidez, esta região, ficando flácida, não voltará a ficar rígida. Nas mortes por asfixia, a rigidez é intensa e precoce, sendo a causa da morte importante influenciadora na duração e intensidade da rigidez12. INÍCIO DA RIGIDEZ DE 1 A 2 HORAS APÓS A MORTE GENERALIZAÇÃO ENTRE 6 A 8 HORAS APÓS A MORTE DESAPARECIMENTO 24 HORAS APÓS A MORTE – INÍCIO DO ESTADO DE PUTREFAÇÃO. 12GALVÃO, Malthus. Rigidez Cadavérica. Malthus, 2020. Disponível em: www.malthus,com.br. Acesso em 12/02/2020. http://www.malthus,com.br/ 22 Vejamos como a VUNESP cobrou o assunto da rigidez cadavérica no concurso público para Delegado de Polícia Civil do estado de São Paulo em 2018: (VUNESP – PC SP – DELEGADO DE POLÍCIA – 2018) São os 3 fenômenos abióticos mediatos que ocorrem progressivamente após a morte. Algor (resfriamento), livor (manchas de hipóstase) e rigor (rigidez cadavérica). Destes, a rigidez generalizada pode ser observada A) somente após 48 horas do óbito. B) entre 8 e 24 horas após o óbito. C) entre 1 e 2 horas do óbito. D) entre 4 e 6 horas após o óbito. E) entre 24 e 48 horas após o óbito. Gabarito: Alternativa B Cronologia da rigidez: inicia-se o processo de forma mais rápida nos cadáveres desidratados. Inicia-se com 2 horas, propagando-se com 6 horas-8 horas e permanecendo até 24 horas após o óbito, período em que se inicia a putrefação. IX) Sinal de Kossu ou Espasmo Cadavérico: estado de rigidez abrupta, sem precedência da flacidez muscular generalizada. O cadáver permanece realizando o mesmo movimento que tinha antes da morte. Seria a permanência da última contração muscular em vida. Instantaneamente, após a morte, o indivíduo fica rígido, mais raro de acontecer. Apesar de diversas, não há explicações satisfatórias. 23 4.4.3 Fenômenos Transformativos a) Fenômenos transformativos Destrutivos I) Autólise (químico) – é um processo de destruição celular em decorrência das próprias enzimas. Os lisossomos liberam enzimas que destroem a própria célula. Sem o oxigênio, a respiração aeróbica não é realizada, de modo que ocorre um aumento da acidez celular, um desvio metabólico. II) Putrefação (químico) – é um processo de decomposição da matéria orgânica, que sofre acidificação e ação das bactérias. Depende de fatores como tipo de morte, temperatura, umidade, nutrição etc. Divide-se em quatro etapas: o Coloração (cromática): se inicia entre 18 e 24 horas com a mancha verde abdominal (mancha verde abdominal de Brouardel), localizada na fossa ilíaca direita. Surge no ceco (início do intestino grosso) em razão da intensa presença de bactérias e por ser a região mais próxima da parede abdominal. Nos recém- nascidos e afogados ela se inicia no tórax. É de tonalidade esverdeada escura por conta da sulfoxi-hemoglobina, que é o resultado da hemoglobina (pigmento vermelho do sangue) + gás sulfídrico (gás produzido pelas bactérias de putrefação). Confiram na imagem13 a seguir: 13GALVÃO, Malthus. Mancha Verde Abdominal. Malthus, 2020. Disponível em: www.malthus,com.br. Acesso em 12/02/2020. http://www.malthus,com.br/ 24 o Gaseificação (enfisematosa):com a intensa produção de gases pelas bactérias, o corpo se expande, assume forma grosseira, com procidência da língua, projeção dos olhos, bolsa escrotal, prolapso do ânus e tonalidade verde-enegrecida. Então, em cerca de 2 a 3 dias há a chamada fase gasosa ou enfisematosa, com produção de mais gases e bolhas. Os gases empurram o sangue para os vasos superficiais e o desenho deles pode ser visto. É a circulação póstuma de Brouardel. Brouardel realizou um experimento que constatou que do 2º ao 4º dia há produção de gases inflamáveis. As bases pulmonares são espremidas. O cadáver exala um odor péssimo. O parto póstumo de Brouardel acontece em cadáver de mulher grávida em caixão, pois os gases de putrefação começam a aumentar e se expandir, de modo que expulsam os órgãos de dentro para fora, expelindo o feto morto do útero. As bolhas possuem baixo conteúdo proteico e não se confundem com as oriundas de queimadura de 2º grau (Reação de Chambert). Esse teste é fundamental para fazer a diferenciação entre as lesões intra vitam e post mortem. Como vimos no capítulo referente às energias vulnerantes de ordem física, mais especificamente no tópico que trata das queimaduras, a atuação do calor sobre a pele (em pessoas vivas) faz com que o plasma sanguíneo se desloque pra baixo da pele, formando bolhas, chamadas de flictenas. Assim, quando da realização da 25 perícia médico-legal, o perito coleta o líquido de dentro dessas bolhas para detectar a presença de proteínas. Caso a reação de Chambert seja positiva, trata-se de uma possível queimadura de 2º grau ou de alguma doença de pele. Em sendo negativa a reação, trata-se de bolhas decorrentes da fase gasosa da putrefação. 14 o Coliquação (redutora): inicia-se cerca de 3 semanas depois da morte. Os tecidos moles se dissolvem, o esqueleto fica exposto. Acontece uma dissolução pútrida do cadáver. A fauna cadavérica segue atuando e se encarrega dos tecidos moles. Os tecidos vão se desintegrando e há grande perda líquida. O corpo perde a sua forma e tem aspecto lamacento. 15 14GALVÃO, Malthus. Gaseificação. Malthus, 2020. Disponível em: www.malthus,com.br. Acesso em 12/02/2020. 15GALVÃO, Malthus. Coliquação. Malthus, 2020. Disponível em:www.malthus.com.br. Acesso em: 12/02/2020. http://www.malthus,com.br/ 26 o Esqueletização: varia conforme o ambiente, podendo levar anos. Alguns autores se referem a aproximadamente 3 anos. Nesta fase, desaparecem todos os tecidos orgânicos, ficando o cadáver reduzido a ossos. 16 Caro aluno, para memorizar as fases da putrefação, você pode se valer da utilização das sílabas iniciais para formar a seguinte palavra: CO GA COLI ES III) Maceração (químico)–é um fenômeno destrutivo que ocorre em corpos decompostos em meios líquidos. A ação do líquido vai destruindo os tecidos orgânicos, causando lesões na peleque se assemelham a queimaduras de 3º grau.A maceração pode ser: 16GALVÃO, Malthus. Esqueletização. Malthus, 2020. Disponível em:www.malthus.com.br. Acesso em: 12/02/2020. 27 Séptica: quando há a presença de germes no meio. Asséptica: quando não há presença de germes no meio. Ocorre mais comumente com fetos mortos e retidos no útero.A partir do 5º mês de gestação sofrem maceração asséptica. A maceração ocorre a partir do 5º mês de gestação, porque é nesse períodoque há líquido suficiente no saco amniótico para macerar. Antes do 5º mês, o feto mumifica (litopedio: feto mumificado), ou seja, fenômeno cadavérico conservador. Na maceração do feto, observa-se o Sinal de Splanger, que é o achatamento da abóbada craniana; o Sinal de Spalding, que é o cavalgamento dos ossos do crânio e indica que há mais de sete dias de morte intrauterina; o Sinal de Brakeman, que também é chamado de sinal da boca aberta e consiste na queda do maxilar inferior.Observa-se também que o ventre se achata, a pele se destaca, os ossos ficam livres, a pele apresenta tonalidade avermelhada. Confiram tais aspectos na imagem a seguir: 28 17 b) Fenômenos transformativos Conservadores: I) Mumificação – processo químico processo em que o cadáver perde líquidos rapidamente, tornando-se ressecado. A putrefação é suspensa. Ocorre normalmente em ambiente secos, quentes e bem arejados. A desidratação é intensa e o cadáver fica ressecado e escuro. Confiram na imagem18 a seguir: II) Saponificação ou Adipocera - é um fenômeno químico conservador em que o cadáver fica com consistência similar a cera ou sabão, esbranquiçado e quebradiço. 17GALVÃO, Malthus. Maceração. Malthus, 2020. Disponível em:www.malthus.com.br. Acesso em: 12/02/2020. 18GALVÃO, Malthus. Mumificação. Malthus, 2020. Disponível em:www.malthus.com.br. Acesso em: 12/02/2020. http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1260#set http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1260#set 29 Acontece em lugar quente, úmido e pode ser em solo ou água pouco corrente. Há formação de ácidos graxos com hidrólise de gordura pelas bactérias. Posteriormente, os ácidos reagem com algumas bases do solo. Em terrenos argilosos o processo é facilitado, bem como em indivíduos gordos. Confiram na imagem19 abaixo: III) Corificação - é uma petrificação ou calcificação que pode acontecer nos fetos mortos e retidos no útero. Em alguns casos o feto fica calcificado por muitos anos. Também se trata de corificação o fenômeno químico que consiste na transformação dos tecidos do cadáver em um tipo de couro duro e ressecado. Para esse fenômeno acontecer, o corpo deve estar em urnas fechadas forradas com zinco. 4.5 Cronotanatognose20 Refere-se ao diagnóstico do tempo de morte, também conhecido como tanatocronodiagnose ou cronotanatognose. O diagnóstico se baseia na avaliação do tempo decorrido entre a morte e o início, evolução ou desaparecimento de cada estágio cadavérico. Como esse período está sujeito à muitas circunstâncias, inclusive ambientais, não há consenso entre os estudiosos. Algumas variáveis são mais comuns, como por exemplo o cadáver estar vestido ou não, estar submerso em água corrente ou não, e até mesmo condições individuais e a causa da morte. 19GALVÃO, Malthus. Saponificação. Malthus, 2020. Disponível em:www.malthus.com.br. Acesso em: 12/02/2020 20 Vide questões 07 e 08 http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1260#set 30 Como vimos nos conceitos iniciais de nossa matéria, a cronotanatognose é o estudo da hora aproximada da morte a partir dos fenômenos cadavéricos. Os fenômenos cadavéricos, sejam destrutivos ou conservadores (conforme o caso e as condições do ambiente), demoram um certo lapso de tempo para se manifestarem, fazendo com que o cadáver avance pelos estágios/fases da putrefação. É a partir da constatação desses eventos que a perícia consegue, a partir de uma estimativa, determinar o momento da morte com relativa precisão. Como já estudamos as etapas da putrefação cadavérica, e para fins de prova, iremos nos basear a partir de uma tabela que estabelece uma relação de tempo com as fases da putrefação21: Até 2 horas da morte Corpo flácido e quente; ausência de livores cadavéricos. Entre 2 e 8 horas Rigidez de membros superiores, nuca e mandíbula; livores cadavéricos; alterações oculares (fundo de olho). Entre 8 e 16 horas Rigidez generalizada; manchas de hipóstases; alterações oculares (fundo de olho). Entre 16 e 24 horas Rigidez generalizada; início da mancha verde abdominal; alterações oculares (fundo de olho). 31 Entre 48 e 72 horas Disseminação da mancha verde; fase gasosa; alterações oculares (fundo de olho). Entre 72 horas e 96 horas Fundo de olho irreconhecível. Cadáver flutuando nas águas. Após 3 semanas Fase coliquativa. Entre 1 e 3 anos Desaparecimento das partes moles e presença de insetos. Após 3 anos Esqueletização completa. 4.6.1 Período de incerteza de Tourdes É um lapso temporal quantificado em cerca de seis horas antes e seis horas depois do óbito do indivíduo, no qual há uma incerteza do diagnóstico das lesões, não se podendo se estas tiveram causa anterior ou posterior à morte. 4.6.2 Dados que podem ser utilizados para auxiliar o diagnóstico do tempo de morte Além do que foi mencionado, outros sinais podem ser representados para auxiliar o diagnóstico do tempo de morte. Tais como: Perda de peso do indivíduo. Mancha verde abdominal. Presença de cristais no sangue; Presença de gases nos vasos sanguíneos e demais tecidos do corpo; 32 O crescimento de pelos do corpo; O conteúdo estomacal e visceral; Fauna cadavérica; Flora cadavérica. 4.7 Diagnose Diferencial das lesões intra vitam e post mortem Os intervalos muito próximos da morte (antes ou depois) são chamados de período de incerteza. O diagnóstico que busca diferenciar as lesões produzidas em face da vítima viva ou depois da morte possibilita a elucidação da dinâmica do evento, da causa jurídicae causa da morte. As lesões produzidas durante a vida apresentam: a) Reação inflamatória, b) Retração dos tecidos, c) Crosta das escoriações, d) Espectroequimótico, e) Equimose, 22 f) Coagulação sanguínea bem aderente23 g) Outras reações vitais em geral. Se produzidas após a morte, não há infiltração hemorrágica, os tecidos não se retraem, não há formação de crostas de escoriações, sangue não coagulado (lesões brancas), entre outros. As bolhas em um cadáver em putrefação podem parecer queimaduras, por isso, faz-se o Teste de Chambert, que consiste em analisar a quantidade de proteínas que existem dentro da bolha. Se não houver proteínas, o teste deu negativo, então, é sinal de putrefação. Se houver proteínas dentro da bolha, é indicativo de queimadura feita em vida ou alguma outra doença em vida que produz bolhas. 22 Vide questão 09 23 Vide questão 04 33 4.7 Premoriência e Comoriência / Causa médica e causa jurídica da morte A comoriência ocorrerá quando duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo determinar quem faleceu primeiro. Nesta situação, presume-se que tiveram morte simultâneas. Vejamos o art. 8º do Código Civil: Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Por sua vez, a premoriência ocorrerá quando em virtude das circunstâncias há condições de seprovar que uma dessas pessoas faleceu em momento anterior. Por outro lado, é importante ressaltar a diferença entre a causa médica e a causa jurídica da morte. As causas médicas são verificadas por meio da análise do tipo de doença/evento lesivo que acometeu o indivíduo. Por sua vez, as causas jurídicas24 buscam estabelecer se o óbito foi natural ou não. 4.8 Exames de locais de morte violenta ou suspeita 4.8.1 Atitude do Delegado de Polícia e dos Peritos O inciso primeiro do art. 6º do CPP informa que a autoridade policial deve se dirigir ao local do crime, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. 24 Vide questão 02 34 Dessa forma, é de extrema importância que a equipe de peritos chegue ao local de forma mais rápida possível, pois as primeiras horas após a prática da infração são muito importantes para toda a investigação criminal. Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Ademais, locais do crime também podem ser conhecidos genericamente como locais do fato, uma vez que somente a partir de uma análise mais especializada no cenário dos fatos é que se poderá afirmar que houve a prática de um delito. Dessa forma, quando ocorre uma morte e é necessário investigar as circunstâncias nas quais o óbito ocorreu, Genival França utiliza a expressão “exame de local de morte”, já que não pode se saber, se houve homicídio ou suicídio no início. De acordo com o art. 169 do CPP: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#livroitituloviicapituloiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#livroitituloviicapituloiii 35 Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. Assim, ao chegar no local do crime para que sejam colhidas todas as evidências cabíveis e sejam feitas as perícias cabíveis, a primeira ação é a preservação do local, juntamente com o seu isolamento, para que os peritos possam ter um bom ambiente de trabalho. FERREIRA aduz que: Por força da própria missão constitucionalmente atribuída às Polícias Militares, geralmente a própria população é quem comunica a elas a ocorrência de determinada situação fática criminosa ou suspeita. Não raras vezes a própria Guarda Municipal é quem recebe essas primeiras informações. No entanto, em qualquer caso, esses agentes devem imediatamente comunicar à Polícia Judiciária, ocasião na qual o Delegado de Polícia irá poder praticar atos no sentido de que se mantenha a preservação do local, razão pela qual quem teve esta ação de comunicar deve também permanecer no local resguardando para que tudo se mantenha preservado. Ou seja, as primeiras condutas do Delegado de Polícia, na verdade, acabam sendo aquelas obtidas através da conjugação dos artigos 6° e 169, ambos do CPP.25 Ademais, percebe-se que, com a entrada do Pacote Anticrime fica mais evidente a importância de que todas as pessoas envolvidas na investigação criminal e que tenham relação direta com os vestígios, tenham em mente as disposições legislativas acerca da cadeia de custódia, previstas nos arts. 158-A a 158-F do CPP. Como abordado anteriormente, a perinecroscopia tem início com a chegada ao local onde o cadáver foi encontrado. No local, deverá ser observado o estado da rigidez ou flacidez do cadáver, se há ou não a putrefação, também deverá ser a analisada a posição que o corpo foi achado. 25 FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Sinopses para concursos – Medicina Legal 41. Salvador: Juspodivm. 2020, p´. 459 36 A procura por projéteis de arma de fogo no solo pode ser considerada de extrema relevância na determinação do modo de como o crime ocorreu, já que auxiliará o perito a traçar a dinâmica do evento, podendo servir como vetor para a identificação da arma que foi objeto do crime e até mesmo a autoria do delito. Nos suicídios provocados por arma de fogo, é importante analisar a área atingida e a distância do disparo. Já, nas quedas de grandes alturas, deve se atentar ao fato da distância do local da queda da vítima até a linha vertical do prédio. Na hipótese do cadáver ser encontrado em ambientes externos, a pesquisa por elementos pode ser um pouco prejudicada, mas isto não significa que a análise será inviável. Logo, outros fatores serão considerados, como a pesquisa de marcas de pneus, rastros etc. FERREIRA complementa que: A correta realização da perícia nos locais de morte violenta ou suspeita tem a capacidade de influir, inclusive, na tipificação penal utilizada, pois pode evidenciar elementos que qualifiquem o crime, fazendo com que este passe a ser considerado hediondo, eventualmente. Tal fato pode ter repercussão processual, pois o prazo de uma prisão temporária, por exemplo, pode passar de cinco dias no caso de um homicídio simples (fora da hipótese prevista no artigo 1°, I, da Lei n° 8.072/90) para trinta dias, no caso de um homicídio qualificado (haja vista ser crime hediondo).26 Todos os dados encontrados devem ser anotados para que sirvam de embasamento para a confecção do relatório de recognição visuográfica que deve conter fotos e dados suficientes para retratar com exatidão os fatos que podem ser levados a julgamento. Não obstante, é válido ressaltar que este relatório não substitui o laudo pericial que continua sendo requisitado no prazo determinado pelo art. 160, parágrafo único do Código de Processo Penal. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 26 FERREIRA, Wilson Luiz Palermo. Sinopses para concursos – Medicina Legal 41. Salvador: Juspodivm. 2020, p. 46537 4.8.2 DNA: CODIS e PCR Como bem sabido, a busca de DNA no local do crime é de extrema importância. Sua utilização representa um avanço na modernização das técnicas de investigação e serve tanto para auxiliar na determinação da autoria de diversos crimes, como também na identificação das vítimas. O CODIS é um programa de computador que auxilia a justiça em termos de bancos de dados que armazenam o DNA. Por sua vez, o PCR é a multiplicação por milhares de vezes de uma pequena amostra inicial, tendo relevância na realização de exames de DNA. 4.9 Transplantes de órgãos e tecidos Os transplantes de órgãos e tecidos está previsto no art. 199, §4º da CF e também é normatizado pela lei 9434/1997, modificada pela lei nº 10211/2001 e regulamentada pelo Decreto nº 9175/2017. A atuação dos médicos que participam do processo de captação e transplante dos órgãos é regulamentada no Código de Ética Médica: É vedado ao médico: Art. 43. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando pertencente à equipe de transplante. Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes legais sobre os riscos decorrentes de exames, intervenções cirúrgicas e outros procedimentos nos casos de transplante de órgãos. Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo se houver autorização de seu representante legal, exceto nos casos permitidos e regulamentados em lei. Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou de tecidos humanos. 38 4.9.1 Doador morto Todo indivíduo que teve morte encefálica é um potencial doador, mas a doação de órgãos somente ocorrerá após autorização para tal confirmação do diagnóstico de morte encefálica. A manifestação de vontade para doação de órgãos se dá: Expressa, prevista na primeira lei de transplantes brasileira, por manifestação de vontade do indivíduo, enquanto vivo, e, em determinados documentos de identificação. Os casos em que nada constasse dependiam da família, que dificilmente aderia à doação. Presumida, adotada pela lei 9434/97 que se seguiu, incluía como doador o que não se manifestasse, sendo rejeitada pela sociedade, pois ignorava a autonomia da vontade da família. Potencial, conforme a lei 9434/97, modificada pela lei 10211/01, que independe de manifestação de vontade do indivíduo em documentos, devendo este comunicar seu desejo à sua família. Sendo o doador incapaz, a autorização será dada pelos responsáveis ou representantes legais. Caso seja capaz, dependerá de autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecendo a linha sucessória até segundo grau. Não podem ser doadores, além dos recém nascidos com menos de 7 dias de vida: a) Pacientes portadores de doenças que comprometam o funcionamento dos diferentes órgãos, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e de medula óssea; b) Portadores de doenças infectocontagiosas transmitidas pelo transplante; c) Pacientes com septicemia ou insuficiência de múltiplos órgãos; d) Portadores de tumores malignos, exceto aqueles restritos ao sistema nervoso central; e) Doenças degenerativas crônicas e que podem ser transmitidas. 39 O diagnóstico de morte encefálica deve ser registrado no prontuário hospitalar por meio de um termo de declaração de morte encefálica compulsoriamente à central de notificação, captação e distribuição de órgãos do Estado, independentemente de autorização para doação. Ademais, é válido ressaltar que a equipe de captação e transplante não podem participar do diagnóstico de morte encefálica, em razão do interesse nos órgãos, podendo a família trazer um médico de sua confiança para acompanhar os exames. Por sua vez, o art. 6º da lei 9434/97 informa que é proibida a remoção post mortem de órgãos e partes do corpo de pessoas não identificadas. Os receptores dos órgãos compõem uma fila única, por ordem de chegada, considerando- se também a compatibilidade mínima necessária. Atualmente, para transplante de fígado, estão sendo critérios objetivos de gravidade. 4.9.2 Doador vivo O indivíduo vivo também pode doar um órgão, desde que este seja duplo, ou partes de outros órgãos, sem que a integridade física ou a saúde fiquem comprometidas, respondendo as equipes de transplante por lesão corporal, caso isso aconteça. O doador vivo deve dar sua autorização por escrito, na presença de testemunhas. Se este for incapaz, a autorização dos pais ou responsáveis será admitida amenas para medula óssea. A gestante pode doar medula óssea, desde que não prejudique a sua saúde ou a do feto. Ademais, o art. 9º informa que os receptores de órgão de doador vido sejam parentes consanguíneos até quarto grau, para evitar a comercialização, dependendo outros casos de autorização judicial, dispensada somente nos casos de doação de medula óssea. 40 4.10 Interferência no processo de morte 4.10.1 Eutanásia Ainda não há previsão legal para o procedimento de eutanásia no ordenamento jurídico, enquadrando-se nos casos que exibam seus requisitos como homicídio privilegiado, por relevante valor moral. A eutanásia pressupõe que: O autor tenha agido por piedade ou compaixão, e não por próprio interesse; O paciente seja imputável e maior; O paciente não mais suporte o sofrimento físico; O paciente esteja em fase terminal de doença grave; O paciente pela para morrer e esteja apto para consentir. A legalização da eutanásia estabelece uma perigosa ligação da figura do médico à morte, quem além de gerar desconfiança da população na atuação do profissional, pode quebrar a barreira psicológica entre matar e morrer. 4.10.2 Distanásia É uma consequência da luta contra a morte. É a obstinação terapêutica responsável pelo prolongamento do processo de morte. O autor somente pode ser o médico e não há qualquer implicação penal. 4.10.3 Ortotanásia Não havendo outra alternativa terapêutica aplicável, restaria amenizar a dor, dar conforto material e psicológico, e aceitar a evolução da doença já controle. Não é o médico que resolve parar, mas é a doença que ficou fora de controle e passou a dominar a situação. Resta-lhe estabelecer, de forma objetiva, que chegou o momento de parar o tratamento do paciente porque os medicamentos específicos para o caso se esgotaram. 41 4.10.4 Mistanásia É a morte miserável, antes do tempo, sem que haja patologia que a justifique naquele momento, por falta de atendimento, nas filas de ambulatórios ou nas portas de hospitais, cujas vagas para internação se esgotaram, ainda mais quando se trata de pacientes saudáveis. É considerada uma eutanásia social. 4.10.5 Suicídio assistido Aqui é o próprio paciente que põe fim à sua vida, com a participação de outra pessoa, que não precisa ser médico, e que responderá pelo crime de auxilio material ao suicídio. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar- lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) II - se a vítima é menorou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 42 § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Essa modalidade de interferência no processo de morte não exige fase terminal da doença, nem intenso sofrimento físico. Assim, caso o ato acabe sendo executado pela pessoa que está prestando auxílio material, jamais será caracterizado como eutanásia. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13968.htm#art2 43 QUADRO SINÓPTICO TÍTULO TANATOLOGIA FORENSE É o estudo dos sinais que se relacionam com a morte. Conceitos básicos: ANTROPOLOGIA FÍSICA: É o estudo do ser humano em seus aspectos biológicos e comportamentais. PERINECROSCOPIA: Trata-se da perícia realizada no local em que há o cadáver. Normalmente realizada pelos peritos criminais, atendendo ao art. 6º, I do CPP. CRONOTANATOGNOSE:É o estudo da hora aproximada da morte a partir dos fenômenos cadavéricos. TAFONOMIA: Estudo das alterações biológicas e geológicas dos materiais orgânicos após a morte até a fossilização. Está ligada a Paleontologia e aos fenômenos transformativos conservadores. TANATOGNOSE:É a parte da tanatologia forense que estuda o diagnóstico da realidade da morte e os fenômenos correlatos. NECROSE:É a morte de um tecido, ou seja, morte celular em grupo. APOPTOSE:É a morte isolada de uma célula (“morte programada”), que se separa das demais, tem seu tamanho reduzido. SOMBRA CADAVÉRICA: Mancha escura que permanece sob o cadáver durante e após a decomposição. Pode conter resíduos que permitam a identificação de tóxicos. Importante nas exumações para a análise e pesquisa de eventuais substâncias venenosas e a consequente constatação de morte por envenenamento. MORTE: É um fenômeno complexo de difícil conceituação. Mas, em linhas gerais, podemos conceituá-la como a cessação dos fenômenos vitais pela parada das funções cerebral, respiratória e circulatória. TIPOS DE MORTE i) Morte anatômica: a cessação total e permanente das grandes funções do organismo; j) Morte histológica: células e sistemas do organismo morrem gradativamente; k) Morte aparente: redução das funções vitais momentaneamente. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; 44 l) Morte relativa: parada cardíaca associada à perda da consciência, diagnosticada pela ausência de pulso. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; m) Morte intermédia ou intermediária: admitida por alguns autores, seria o estágio inicial da morte definitiva. Estágio intermediário entre a morte relativa e a morte absoluta. O indivíduo, se socorrido adequadamente, pode se recuperar; n) Morte real ou absoluta: é o ato de cessar tudo, a personalidade humana e suas funções. o) Morte súbita: morte inesperada, brusca e repentina, não tendo causa externa ou violenta, sendo, portanto, sempre de causa interna ou patológica. Quanto à sobrevivência, a morte súbita é aquela de efeito imediato e instantâneo e, em razão de durar alguns minutos, impossibilita o atendimento médico eficiente. p) Morte agônica: é aquela que, depois da manifestação de sua causa, seu processo perdura por dias até que o indivíduo venha efetivamente a óbito. CRITÉRIOS PARA DISGNÓSTICO DA MORTE ENCEFÁLICA O art. 1º da Resolução 1.480/97 dispõe que a morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias, a saber: De 7 dias a 2 meses incompletos – 48 horas; De 2 meses a 1 ano incompleto – 24 horas; De 1 ano a 2 anos incompletos – 12 horas; Acima de 2 anos – 6 horas; Devem ser observados alguns parâmetros clínicos: III) Coma aperceptivo – com ausência de atividade motora supra-espinhal; IV) Apneia – parada respiratória; Os exames complementares a serem realizados para a constatação de morte encefálica deverão demonstrar de forma inequívoca: Ausência de atividade elétrica cerebral; 45 Ausência de atividade metabólica cerebral; Ausência de perfusão sanguínea cerebral; DESTINAÇÃO DO CADÁVER Após o evento letal, a depender do tipo de morte ocorrida, o cadáver poderá ser levado a diferentes locais para a determinação da causa da morte e demais procedimentos até que seja sepultado. III) Sistema de verificação de óbito (SVO): local para onde é encaminhado o cadáver nos casos de morte natural sem assistência médica. IV) Instituto médico-legal (IML): é obrigatório o encaminhamento do cadáver nos casos de morte suspeita ou violenta. Destinação final: h) Inumação: é o sepultamento na terra, enterro. Destino final mais comum do cadáver. i) Exumação: é o ato de desenterrar o cadáver ou os restos dele (art. 163 ao 166 do CPP). j) Imersão: é o sepultamento na água. k) Cremação: o cadáver é submetido a altíssimas temperaturas para ser reduzido às cinzas. Para mortes naturais, não há necessidade de autorização judicial, basta que dois médicos assinem a declaração de óbito ou então, se o cadáver foi para o Instituto Médico Legal, basta a assinatura de um médico legista. No entanto, se a morte for violenta, serão necessárias a assinatura de um médico legista e também da autorização judicial. l) Destruição: o professor Genival Veloso de França cita que alguns seguidores de uma seita indiana deixavam os cadáveres no alto de uma torre para serem consumidos por abutres e pela faunacadavérica. 46 m) Liquefação: é a cremação ecológica. É um método novo, no qual o cadáver é submerso em solução aquecida e pressurizada de hidróxido de potássio, depois os ossos são cremados. n) Embalsamento: soluções antissépticas e conservadoras são injetadas no cadáver para retardar a putrefação. Não se confunde com a formolização, em que as vísceras são substituídas por algodão embebidos de formol. TANATOGNOSE É a parte da tanatologia forense que estuda o diagnóstico da realidade da morte e os fenômenos correlatos. Classificação dos fenômenos abióticos: Imediatos/incerteza/prováveis; Mediato/certeza/tardios/reais; Transformativos – destrutivos e conservadores; Fenômenos de ordem física: hipóstases, desidratação, resfriamento. Fenômenos de ordem química: rigidez, autólise, putrefação etc. FENÔMENOS ABIÓTICOS IMEDIATOS São sinais que aparecem imediatamente após a morte ou quando o indivíduo ainda está morrendo. Não são considerados sinais de certeza de morte. São eles: X) Embalsamento: soluções antissépticas e conservadoras são injetadas no cadáver para retardar a putrefação; XI) Insensibilidade: estados de coma; XII) Relaxamento dos esfíncteres (flacidez muscular difusa): ânus, pupila, uretra etc; XIII) Cessação da respiração; XIV) Cessação de batimentos cardíacos; XV) Facies hipocrática (máscara da morte); XVI) Imobilidade e abolição do tônus muscular; XVII) Inexcitabilidade elétrica; Dilatação das pupilas; FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS São sinais que sugerem morte absoluta. São os seguintes: X) Desidratação e Evaporação tegumentar; XI) Perda de peso; XII) Dessecação das mucosas; XIII) Apergaminhamento da pele; 47 XIV) Fenômenos oculares; XV) Resfriamento cadavérico (Algor mortis); XVI) Livores cadavéricos ou Hipóstases (Livor mortis); XVII) Rigidez cadavérica (Rigor mortis); Sinal de Kossu ou Espasmo Cadavérico; FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS a) Destrutivos: IV) Autólise (químico)– é um processo de destruição celular em decorrência das próprias enzimas. Os lisossomos liberam enzimas que destroem a própria célula. Sem o oxigênio, a respiração aeróbica não é realizada, de modo que ocorre um aumento da acidez celular, um desvio metabólico. V) Putrefação (químico) – é um processo de decomposição da matéria orgânica, que sofre acidificação e ação das bactérias. Depende de fatores como tipo de morte, temperatura, umidade, nutrição etc. Divide-se em quatro etapas: coloração, gaseificação, coliquação e esqueletização. VI) Maceração: é um fenômeno destrutivo que ocorre em corpos decompostos em meios líquidos. A ação do líquido vai destruindo os tecidos orgânicos, causando lesões na pele que se assemelham a queimaduras de 3º grau.A maceração pode ser:séptica ou acéptica. b) Conservadores: Mumificação – processo químico processo em que o cadáver perde líquidos rapidamente, tornando-se ressecado. A putrefação é suspensa. Ocorre normalmente em ambiente secos, quentes e bem arejados. A desidratação é intensa e o cadáver fica ressecado e escuro. Saponificação ou Adipocera - é um fenômeno químico conservador em que o cadáver fica com consistência similar a cera ou sabão, esbranquiçado e quebradiço. Acontece em lugar quente, úmido e pode ser em solo ou água pouco corrente. Há formação de ácidos graxos com hidrólise de gordura pelas bactérias. Posteriormente, os ácidos reagem com algumas bases do solo. Em terrenos argilosos o processo é facilitado, bem como em indivíduos gordos. 48 Corificação - é uma petrificação ou calcificação que pode acontecer nos fetos mortos e retidos no útero. Em alguns casos o feto fica calcificado por muitos anos. Também se trata de corificação o fenômeno químico que consiste na transformação dos tecidos do cadáver em um tipo de couro duro e ressecado. Para esse fenômeno acontecer, o corpo deve estar em urnas fechadas forradas com zinco. CRONOTANATOGNOSE É o estudo da hora aproximada da morte a partir dos fenômenos cadavéricos. Os fenômenos cadavéricos, sejam destrutivos ou conservadores (conforme o caso e as condições do ambiente), demoram um certo lapso de tempo para se manifestarem, fazendo com que o cadáver avance pelos estágios/fases da putrefação. É a partir da constatação desses eventos que a perícia consegue, a partir de uma estimativa, determinar o momento da morte com relativa precisão. Até 2 horas depois da morte – corpo flácido e quente; ausência de livores cadavéricos; Entre 2 e 8 horas - Rigidez de membros superiores, nuca e mandíbula; livores cadavéricos; alterações oculares (fundo de olho); Entre 8 e 16 horas - Rigidez generalizada; manchas de hipóstases; alterações oculares (fundo de olho); Entre 16 e 24 horas - Rigidez generalizada; início da mancha verde abdominal; alterações oculares (fundo de olho); Entre 48 e 72 horas - Disseminação da mancha verde; fase gasosa; alterações oculares (fundo de olho); Entre 72 e 96 horas - Fundo de olho irreconhecível. Cadáver flutuando nas águas; Após 3 semanas – Fase coliquativa; Entre 1 e 3 anos – Desaparecimento das partes moles e presença de insetos; Após 3 anos – Esqueletização completa; DIAGNOSE DIFERENCIAL DAS LESÕES INTRA VITAM E POST MORTEM Os intervalos muito próximos da morte (antes ou depois) são chamados de período de incerteza. O diagnóstico que busca diferenciar as lesões produzidas em face da vítima viva ou depois da morte possibilita a elucidação da dinâmica do evento, da causa jurídicae causa da morte. As lesões produzidas durante a vida apresentam: h) Reação inflamatória, 49 i) Retração dos tecidos, j) Crosta das escoriações, k) Espectroequimótico, l) Equimose, m) Coagulação sanguínea bem aderente n) Outras reações vitais em geral. Se produzidas após a morte, não há infiltração hemorrágica, os tecidos não se retraem, não há formação de crostas de escoriações, sangue não coagulado (lesões brancas), entre outros. PERÍODO DE INCERTEZA DE TOURDES É um lapso temporal quantificado em cerca de seis horas antes e seis horas depois do óbito do indivíduo, no qual há uma incerteza do diagnóstico das lesões, não se podendo se estas tiveram causa anterior ou posterior à morte. DADOS QUE PODEM SER UTILIZADOS PARA AUZILIAR O DIAGNÓSTICO DE MORTE • Perda de peso do indivíduo. • Mancha verde abdominal. • Presença de cristais no sangue; • Presença de gases nos vasos sanguíneos e demais tecidos do corpo; • O crescimento de pelos do corpo; • O conteúdo estomacal e visceral; • Fauna cadavérica; • Flora cadavérica PREMORIÊNCIA E COMORIÊNCIA/ CAUSA MÉDICA E CAUSA JURÍDICA DA MORTE A comoriência ocorrerá quando duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo determinar quem faleceu primeiro. Por sua vez, a premoriência ocorrerá quando em virtude das circunstâncias há condições de se provar que uma dessas pessoas faleceu em momento anterior As causas médicas são verificadas por meio da análise do tipo de doença/evento lesivo que acometeu o indivíduo. Por sua vez, as causas jurídicas buscam estabelecer se o óbito foi natural ou não. EXAMES DE LOCAIS DE MORTE VIOLENTA OU SUSPEITA – ATITUDE DO DELEGADO DE POLÍCIA E DOS PERITOS CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 50 III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
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