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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 2 A SEGURANÇA PRIVADA .................................................................. 4 2.1 Vigilantes....................................................................................... 8 3 A SEGURANÇA EM AEROPORTOS ................................................ 14 3.1 O terrorismo na aviação .............................................................. 17 3.2 A segurança privada em aeroportos ........................................... 23 3.3 Regulamentação da segurança nos aeroportos do Brasil ........... 26 4 A SEGURANÇA EM HÓTEIS ............................................................ 32 4.1 O serviço de segurança na hotelaria ........................................... 33 4.2 A segurança como critério para classificação hoteleira .............. 36 4.3 Prevenção de Riscos e Perdas ................................................... 38 4.4 O âmbito de atuação ................................................................... 40 5 A SEGURANÇA EM FERROVIAS ..................................................... 41 5.1 Capacitação para a função ......................................................... 44 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 45 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 A SEGURANÇA PRIVADA Embora não haja consenso em relação à definição de segurança privada, é fácil perceber que as diferentes definições tendem a fazer referência aos seus serviços e funções, à distinção entre a modalidade de segurança privada que presta serviços a terceiros e a que desempenha funções para proveito próprio, à sua ligação contratual e orientação para o lucro. A dimensão dos atores da segurança privada varia de operações e serviços oferecidos por pessoas, individualmente, até grandes empresas transnacionais como a Group 4 Securicor, que tem mais de 530.000 funcionários por todo o mundo, e a Securitas, que emprega à volta de 250.000 pessoas em mais de trinta países (Zedner, 2006, 2009). Fonte: http://www.centraldevigilancia.com.br A segurança privada atende uma clientela vasta e diversificada. Segundo alguns autores, podemos citar: (1) o setor comercial – designadamente os centros comerciais, grandes lojas e cadeias de lojas, hipermercados (2) o setor industrial; 3) o setor público e público-privado - ministérios, municípios, hospitais, museus; (4) o ensino - universidades, colégios, escolas; (5) instituições financeiras - bancos, companhias de seguros; (6) o setor das comunicações e transportes - comboios, metropolitanos, aeroportos, portos; (7) complexos residenciais e administrativos - 5 edifícios de escritórios, edifícios de habitação e condomínios; (8) hotelaria - hotéis, motéis, bares, discotecas (Bayley & Shearing, 2001; Cusson, 1994). O setor de segurança oferece uma variedade de produtos e serviços que vão desde, equipamentos de vigilância e tecnologia informática, até avançado armamento militar e pessoal de combate, que pouco têm em comum (Waard, 1999). Sobre isso, o autor Cusson (1994) afirma que a gama de produtos e serviços oferecidos pela segurança privada pode ser decomposta em cinco categorias: (1) vigilância e controlo de acessos - vigilância, rondas, patrulhas, sistemas de alarmes, sistemas de videovigilância, detetores, CCTV1; (2) investigação - investigação de roubos, fraudes e abusos de confiança no interior das organizações, detetives privados, agentes encobertos; (3) consultoria - análises de segurança, estudos de risco, auditoria e inspeção de segurança, conceção de programas personalizados de prevenção de perdas e do crime; (4) gestão e intervenção em crise; (5) transporte de dinheiro e guarda-costas (p. 2). Segundo Zedner (2009), “a natureza dispersa e altamente diferenciada da segurança privada não deve surpreender. A segurança privada é, por natureza, empreendedora e brota onde surge uma oportunidade” (p. 105). As empresas de segurança, comenta o autor Johnston (2006), oferecem serviços que vão desde os mais convencionais (vigilância, transporte de dinheiro) até os mais especializados (segurança aérea, testes de drogas, serviços de informações). Os autores Bayley e Shearing (1996) comentam sobre o crescimento do setor nos últimos anos, segundo os mesmos: “no final do Século XX, não foi só o monopólio da segurança do Estado que foi destronado, o mesmo aconteceu com monopólio da polícia na perícia e especialização dentro da sua esfera de atividade” (p. 591). De acordo com diversos autores da área, a prevenção do crime é apontada como uma das principais funções da segurança privada (Bayley & Shearing, 2001; Cusson, 1994; Wakefield, 2005). Os autores defendem ainda que a segurança 6 privada enfatiza a desistência ao invés da punição por preocupar-se mais com os resultados preventivos do que com a aplicação das leis (Bayley & Shearing, 2001). É prevenindo a situação do crime que a segurança privada assume um papel relevante. A prevenção da situação do crime reduz drasticamente as oportunidades para delinquir. A prevenção é alcançada por meio de medidas que alteram as características situacionais ou ambientais dos locais, de forma a tornar a prática do crime mais difícil, aumentando a sua probabilidade de descoberta ou reduzir as recompensas inerentes (Crawford, 1998; Cusson, 2007). Além do mais, seguindo essa mesma linha, Clarke (1997), comenta que a prevenção situacional compreende as medidas para reduzir oportunidades que: “(1) são dirigidas a formas muito específicas de crime; (2) envolvem a gestão, o design ou a manipulação do ambiente imediato de uma forma tão sistemática e permanente quanto possível; (3) aumentem a dificuldade e os riscos do cometimento do crime, ou reduzam as recompensas esperadas por um vasto leque de ofensores” (p. 4). Conforme podemos encontrar em alguns autores especialistas (Clarke, 1997; Crawford, 1998; Molina, 2007), as técnicas de prevenção situacional podem ser classificadas em três grandes grupos, que estão inter-relacionados e que por vezes se sobrepõe: As orientadas para aumentar o esforço ou dificuldade no cometimento do crime - envolvem a introdução de barreiras físicas ou obstáculos (fechaduras, grades, materiais reforçados, etc.) de forma a dificultar o cometimento de crimes específicos; As que procuram aumentar o risco de descoberta do crime – consistem na introdução de formas de vigilância e monitorização, tal pode incluir o controlo de entradas e saídas, vigilância, alarmes ou iluminação; As direcionadas para reduzir as recompensas ou benefícios do crime - podem envolver, por exemplo, a substituição do dinheiro como meio de pagamento por fichas ou cartões, a identificaçãoda propriedade nos objetos, o que facilita a 7 sua recuperação e, dificulta a sua venda no “mercado negro”, a inutilização do produto quando retirado de forma indevida, como, por exemplo, inutilização do dinheiro através de tinta em caixas eletrônicos. Segundo Cusson (2007), “a prevenção situacional envia uma mensagem aos potenciais delinquentes: o cometimento do crime será difícil, arriscado e pouco rentável” (p. 49). As empresas de segurança privada oferecem os serviços e materiais que englobam todo este tipo de estratégias e técnicas (realização de patrulhas, vigilância através de sistemas CCTV, instalação de alarmes, instalação de cofres, grades ou materiais reforçados, implementação de sistemas de códigos ou PIN´s, identificação da propriedade no produto) (Clarke, 1997; Crawford, 1998). Cusson (1994) defende que uma das principais contribuições da segurança privada, neste sentido, realiza-se pela redução do número de alvos interessantes e vulneráveis para os delinquentes potenciais. Estes cometerão menos delitos porque terão menos oportunidades criminais. Faltando alvos interessantes e fáceis, esses criminosos em potencial serão desencorajados e abandonarão a prática do crime. Existe alguns pilares teóricos que sustentam os pressupostos acerca da prevenção situacional do crime. A teoria da escolha racional e a teoria das atividades de rotina são dois desses principais pilares. Vejamos na sequência um pouco mais sobre cada uma delas. A teoria da escolha racional visa explicar o processo de tomada de decisão dos ofensores. O seu ponto de partida é a premissa de que o ser humano se comporta, de uma maneira ou de outra, dependendo da associação de expectativas que faz, em termos de custos e benefícios, relativamente à sua conduta. A racionalidade da opção para o delito rege-se pelos mesmos padrões de qualquer outra decisão humana: os seus custos e benefícios. Nesta abordagem o ofensor é visto como alguém que procura as oportunidades que lhe permitem aumentar o seu prazer individual ou obter benefícios e que evita as situações que lhe possam causar dor ou acarretem custos. A prevenção do crime deve, assim, ser orientada para 8 alterar o processo de tomada de decisão do ofensor, através do aumento dos riscos ou esforço envolvidos no cometimento do crime e da redução as recompensas associadas a este (Clarke, 1997; Felson & Clarke, 1998). Quanto a teoria das atividades de rotina, esta procura explicar a provisão das oportunidades criminais. Segundo esta teoria, para que o crime ocorra, três elementos precisam estar presentes simultaneamente no tempo e no espaço: um delinquente motivado; um alvo atraente; e a ausência de guardiães eficazes. Diante do que foi exposto acima, o aumento dos níveis de criminalidade a partir da Segunda Guerra Mundial tem relação com as maiores e melhores oportunidades para delinquir com êxito a partir dessa altura devido à nova organização social, estilos de vida e atividades cotidianas. Nas sociedades modernas os contatos sociais tornaram-se anônimos e superficiais, multiplicam-se os contatos interpessoais em lugares públicos e a sociedade passou a exibir toda a sorte objetos e bens valiosos. Todas estas alterações sociais resultaram num aumento da probabilidade de convergirem no tempo e no espaço um ofensor motivado, um alvo atraente e a ausência de um guardião ou elemento de proteção (COHEN & FELSON, 1979). 2.1 Vigilantes Aqui no Brasil os agentes de segurança autorizados a atuar oficialmente no setor da segurança privada são designados “vigilantes”. Segundo Zanetic, os vigilantes “são os profissionais capacitados pelos cursos de formação, empregados das empresas especializadas e das que possuem serviço orgânico de segurança, registrados no Departamento da Polícia Federal – DPF, responsáveis pela execução das atividades de segurança privada”. (ZANETIC, 2009) Conforme o artigo 109 da Portaria 387/2006-DG/DPF, para o exercício da profissão, o vigilante deverá preencher os seguintes requisitos, comprovados documentalmente: 9 I – ser brasileiro, nato ou naturalizado; II – ter idade mínima de vinte e um anos; III – ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; IV – ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado por empresa de curso de formação devidamente autorizada; V – ter sido aprovado em exames de saúde e de aptidão psicológica; VI – ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter sido condenado em processo criminal; VII – estar quite com as obrigações eleitorais e militares; VIII – possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas. Fonte: https://www.acritica.com Ainda que inicialmente o perfil dos profissionais da vigilância tenha sido marcado pela baixa profissionalização do setor, com um nível de qualificação, escolaridade e renda bastante inferior ao dos policiais, este quadro tem sido 10 revertido consideravelmente ao longo do tempo. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar – PNAD/IBGE, ocorreram importantes mudanças no perfil socioeconômico e profissional da população empregada tanto na segurança pública quanto na atividade de vigilância e guarda, nas diferentes regiões do Brasil. O nível de escolaridade dos vigilantes privados é, ainda hoje, consideravelmente menor do que o dos policiais, porém vem melhorando aceleradamente, assim como entre os profissionais das forças públicas. Zanetic (2009) nos oferece informações importantes sobre isso: Em 1985, 10,3% possuíam escolaridade equivalente ao ensino médio (completo ou incompleto), passando para 18,8% em 1995 e para 31,3% em 2001. Na segurança pública, essas proporções eram de 31%, 48,7% e 59%, nos três anos mencionados. Além disso, há uma melhora em termos de profissionais do setor frequentando o ensino superior: de 1985 para 2005, o percentual passou de 0,9% para 2,7% (na segurança pública esse número é muito superior, sendo 14,3% em 1985 e 30% em 2001). (ZANETIC, 2009) Verificamos que a melhora da escolaridade entre os profissionais do setor de segurança privada é significativamente superior àquela verificada para a população em geral: enquanto em 1985 a proporção de indivíduos com nível de ensino médio da população em geral era de 16,2% e a dos profissionais da segurança pública correspondia a 10,3%, em 2001 estes últimos passaram a possuir uma proporção (31,3%) muito acima do total da população (21%) com este nível de escolaridade. Zanetic (2009) comenta que esse aumento na escolaridade pode estar refletindo um crescimento da demanda por profissionais mais qualificados na área de segurança, sobretudo em função da necessidade de atualização e capacitação para operação de equipamentos mais sofisticados cada vez mais em uso no setor. Se o nível de escolaridade vem crescendo em ambos os setores, com relação à renda essa melhora é nítida apenas para a segurança privada. Ainda de acordo com as informações da PNAD, enquanto os salários se mantiveram estáveis na segurança pública durante o período de 1985 a 1995, a renda média dos 11 vigilantes cresceu consideravelmente. Em 1985, a maior parcela dos profissionais do setor concentrava-se na faixa de renda entre 1 e 2 salários mínimos (42%), proporção que diminuiu para 24% em 1995, enquanto entre os profissionais da segurança pública esse percentual praticamente não se alterou. Ainda assim, quase 80% dos vigilantes particulares recebiam até quatro salários mínimos em 1995 (o que, na época, equivalia a R$ 400,00), enquanto na segurança pública essa faixa se reduzia para 44,8%. Em 2001, a média salarial de um vigilante no país era de R$ 726,94, maior do que a de um policial civil (R$ 658,48), mas aindamenor do que a de um policial militar (R$ 996,00). (MUSUMECI, 1998) Zanetic (2009) comenta que durante o período em que está em serviço, o vigilante não só é obrigado a usar um uniforme específico, como este uniforme deve possuir características que garantam a sua ostensividade, de acordo com o artigo 103 da Portaria 387/2006-DG/DPF. Sobre o uniforme, o mesmo deverá obrigatoriamente conter, além do emblema da empresa, um apito com cordão e uma plaqueta de identificação autenticada pela empresa, constando o nome, o número da Carteira Nacional de Vigilante e a fotografia colorida em tamanho 3 x 4. Além dos uniformes, os vigilantes que atuam pelas empresas de vigilância patrimonial, quando em serviço, podem portar revólver calibre 32 ou 38, além de cassetete de madeira ou de borracha e algemas. É importante esclarecer que são vedados o uso de qualquer outro objeto não autorizado pela Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada. Os vigilantes que atuam no setor da vigilância patrimonial também poderão utilizar armas e munições não-letais, assim como outros produtos controlados que são classificados como de uso restrito, para utilização em suas funções, desde que de acordo com as atividades de segurança privada exercidas. As armas e munições não-letais permitidas para uso nas atividades de vigilância patrimonial (assim como nas atividades de segurança pessoal), que dizem respeito aos armamentos considerados de “curta distância” (ou seja, cujo alcance seja de no máximo dez metros), são os borrifadores de gás pimenta (spray) e a arma de choque elétrico (air taser). (ZANETIC, 2009) 12 De acordo com o mesmo autor (2009), o vigilante deve possuir treinamento específico que o capacite à utilização adequada para fazer uso dessas armas e munições não-letais. A vigilância patrimonial exercida pelas empresas que possuem serviço de segurança orgânica, de acordo com o ordenamento jurídico do setor, segue as mesmas normas vigentes para as empresas que prestam serviços terceirizados de vigilância patrimonial. Sobre o conteúdo estudado nos cursos de Formação dos Vigilantes, a Portaria 387/2006-DG/DPF descreve detalhadamente quais disciplinas que devem ser cursadas pelos vigilantes, as quais ajudam a delinear o perfil e as características das atividades desempenhadas por esses profissionais. Os cursos que compõem a grade curricular focalizam desde a compreensão das noções básicas de segurança, da legislação e dos direitos e relações do trabalho até os aspectos técnicos de armamento, tiro e vigilância, passando por defesa pessoal e utilização de equipamentos eletrônicos utilizados na prevenção. Os conhecimentos, técnicas, atitudes e habilidades esperadas destes profissionais ao término do curso correspondem a uma gama considerável de funções, às quais se espera que eles estejam adaptados a cumprir. Essas funções vão desde a execução da vigilância e a prevenção de ocorrências inerentes às suas atribuições até a proteção do meio ambiente e adoção de medidas iniciais de prevenção e de combate a incêndios. (ZANETIC, 2009) Dentre os diversos conhecimentos e práticas que devem ser apreendidas pelos vigilantes, algumas chamam atenção por dois aspectos particulares: a especificidade do vigilante enquanto agente de segurança e as relações desses profissionais com a polícia. Sem esgotar o conjunto de informações sobre formação dos vigilantes, que compõem o documento que regula o setor, entre os tipos de aprendizados que diferenciam e particularizam o vigilante em relação à polícia, podem ser destacadas algumas características relacionadas ao perfil de sua atividade. Entre elas, está o desenvolvimento de habilidades voltadas para a vigilância geral e sobre as áreas de vigilância especializadas, como vigilância em 13 banco, shopping, hospital, escola, indústria, etc., assim como o aprendizado sobre medidas específicas a serem tomadas no desenvolvimento de suas funções, como a “proteção de entradas não permitidas”, o “controle de entradas permitidas” e o “controle de entradas e saídas de materiais e pessoas”. Também específicos aos vigilantes são os aprendizados referentes ao desenvolvimento de conhecimentos sobre os sistemas de telecomunicações e computadorizados utilizados pelas empresas de segurança e a respeito dos sistemas de alarmes e outros meios de alerta (aprendidos no curso de Radiocomunicação e Alarmes). (ZANETIC, 2009) O curso de Sistema de Segurança Pública e Crime Organizado, em especial, visa tornar o vigilante um profissional apto para acionar a Polícia Militar e a Guarda Municipal em caso de ocorrência policial gerada no estabelecimento por ele vigiado. O módulo de Criminalística e Técnica de Entrevista também objetiva a cooperação com o trabalho policial, visando familiarizar o vigilante com noções básicas de reconhecimento contextual das situações observadas (como evidências, vestígios e local do crime). Sobre esse curso, Zanetic (2009) comenta que o mesmo pretende-se instrumentalizar o vigilante com uma série de técnicas específicas para sua atuação diante da ocorrência de um crime, tais como: isolamento do local do crime; preservação de vestígios até a chegada da polícia técnica; coleta de evidências iniciais que possam desaparecer antes da chegada da polícia e que importem na apuração policial; busca de provas e autoria; observação e descrição de pessoas, objetos e locais; além de outras iniciativas que lhe competem na prevenção e repressão de ocorrências delituosas. (ZANETIC, 2009) E não apenas isso, pois o curso proporciona o aprendizado de técnicas específicas de entrevista que possam ajudar o vigilante a coletar dados relevantes às investigações policiais, bem como instruções para elaboração de relatórios para serem entregues à polícia. Assim, ao menos em teoria, a colaboração com as forças públicas é uma preocupação expressa no ordenamento jurídico que regula as condutas do setor. Porém, ainda que não poucas vezes os proprietários tenham interesse na atuação da polícia para a resolução de conflitos em seu estabelecimento, nem sempre sua presença é desejável, mesmo quando ela 14 deveria estar presente. A seguir, são explicitados mais detidamente os aspectos problemáticos que se referem à inter-relação entre as forças públicas de segurança e a segurança privada. (ZANETIC, 2009) 3 A SEGURANÇA EM AEROPORTOS A quem pertence o aeroporto de um país? As áreas de trânsito nos aeroportos pertencem ao Estado em que se encontram? Por vezes, somos surpreendidos por casos estarrecedores de solicitantes de asilo e refúgio, situação de expulsão, devolução ou saída, e até mesmo casos de retenção nos aeroportos, em que pessoas são obrigadas a permanecerem durante dias em um ambiente aeroportuário. (CAVALCANTI, 2018) O episódio envolvendo o iraniano Viktor Navorski, ilustra bem a situação acima explicitada. O iraniano viveu durante dias no aeroporto americano porque seu país de origem havia entrado em golpe de estado e, pela legislação americana, não foi autorizado a adentrar nos EUA por não possuir passaporte válido. Este famoso caso foi retratado nos cinemas pelo filme “O terminal”, em que o indivíduo não pode voltar nem mesmo ao seu país de origem, porque as fronteiras estavam fechadas. Cavalcanti (2018) cita outro caso mundialmente conhecido, ocorrido no ano de 2013: Edward Snowden, ficou quase 3 meses na área de trânsito do aeroporto internacional de Moscou (moscovita de Sheremetievo), sem poder entrar ou sair do país à espera de asilo, para fugir das retaliações dos Estados Unidos contra a divulgações de informações da NSA. 15 Fonte: https://revistasegurancaeletronica.com.br Em nosso país, a CF, em seu Art. 21, XII, “c”, dispõe que é competência da União explorar, direta ou indiretamente, a infraestrutura aeroportuária. O aeroporto, por sua vez, éterritório do Estado onde está situado, e exerce sua soberania dentro dos limites definidos pelo Direito Internacional. A noção de território é jurídica, não é geográfica, pois visa ser o domínio de validade da ordem jurídica de um determinado Estado soberano. A zona aeroportuária é composta por um grande complexo de atividades específicas (embarque, desembarque, transporte de cargas, de animais, comércio, correios, entre outros), aonde diariamente são realizados procedimentos operacionais com a finalidade de atender aos passageiros, aeronaves e demais usuários do transporte aéreo. Em conformidade com os procedimentos de segurança que o sector requer. (CAVALCANTI, 2018) 16 A fim de melhorar a segurança no complexo dos aeroportos, e para melhor compreensão técnica das nomenclaturas utilizadas no ramo da aviação, oferecemos a seguir alguns dos principais termos relacionados à Infraestrutura Aeroportuária de segurança (Cartilha da CNMP — ANAC): Aeródromo: toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves; ARS: área do lado ar de um aeroporto, identificada como área prioritária de risco, onde é realizado o controlo de acesso. Tal área normalmente inclui as áreas da aviação comercial, de embarque de passageiros entre o ponto de inspeção e a aeronave, rampa, áreas de bagagens. Canal de inspeção: ponto de controlo de acesso à ARS, constituído de um ou mais módulos de inspeção de segurança. Lado Ar: área de movimento do aeródromo, terrenos adjacentes e edificações, cujo acesso é controlado. Lado terra: todas as áreas dentro do perímetro do aeródromo, os terrenos e edifícios adjacentes, ou parte destes, não incluídos no lado ar. 17 Fonte: https://www.aeroflap.com.br 3.1 O terrorismo na aviação Desde o alvorecer da aviação comercial, terroristas usam o transporte aéreo para cometer ataques terroristas (DUCHESNEAU & LANGLOIS, 2017). Devido ao aumento da atividade terrorista no setor aeroportuário, os sistemas de segurança bem como o rastreio de bagagens foram significativamente melhorados. Em contrapartida causaram filas de espera nos pontos de triagem e insatisfação dos clientes. A preocupação com os cruéis ataques terroristas colocou a segurança da aviação no topo da agenda política mundial, dissipando o medo generalizado na sociedade (Sakano, Obeng, & Fuller, 2016). Foram então criadas organizações internacionais responsáveis em proteger a aviação civil, visto que a garantia da segurança é impossível de ser alcançada por um Estado isoladamente (DUQUE, 2015). 18 São diretrizes internacionais: a Convenção de Chicago (1944); de Tóquio (1963) referente a infracções e outros actos cometidos a bordo de aeronaves; de Haia (1970) coibir a apropriação ilícita de aeronaves; e de Montreal (1971 e 1999) repressão de atos ilícitos contra a segurança da aviação civil, bem como o Protocolo Complementar à Convenção de Montreal (1988) repressão de atos ilícitos de violência contra aeroportos internacionais (GOUVEIA, 2004). Em 07 de dezembro de 1944, por meio da assinatura da Convenção de Chicago, foi criada a OACI, uma agência especializada das Nações Unidas, que tem por objetivo definir os parâmetros de segurança para a aviação civil internacional. Constituída atualmente por 191 Estados Signatários da Convenção com sede em Montreal, Canadá. O Processo normativo da OACI: A Convenção de Chicago (1944), constitui- se como um tratado internacional juridicamente vinculante aos Estados que o ratificam. Além de estabelecer a OACI, a Convenção de Chicago também dispõe em seu texto algumas provisões importantes voltadas à harmonização regulatória das operações aéreas entre os Estados contratantes. (CAVALCANTI, 2018) A diferença entre padrão e práticas recomendada está na necessidade da demonstração pelos Estados do cumprimento dos requisitos. Os padrões são reconhecidos como necessários para a regularidade e eficiência da navegação aérea, para a segurança operacional e segurança da aviação, e, por isso, são auditados pela OACI. Caso as SARPS não sejam adotadas nos regulamentos nacionais, os Estados devem notificar à OACI e publicar essas diferenças no AIP. O objetivo é dar conhecimento a todos os atores acerca de quais são as diferenças nas operações e navegações aéreas que operam naquele país, em relação aos padrões estabelecidos pela OACI. No Brasil, a Convenção foi aprovado por meio do Decreto nº 21.713, de 27 de agosto de 1946. Conforme o Plano de Atuação Internacional de 2018 da ANAC, existem ao todo 19 Anexos na OACI. No entanto, abordaremos apenas os Anexos 6 (Operatio 19 of Aircraft), 9 (Facilitation), 17 (Security – Safeguarding International Civil Aviation Against Acts of Unlawful Interference) e o Anexo 19 (Safety Management): A) Anexo 6: é dividido em 3 partes: Parte I – aviação comercial; Parte II – aviação geral; e Parte III – helicóptero. O Anexo trata de inúmeros temas, dentre o qual, o de maior importância para o tema proposto: a segurança da aeronave contra atos de interferência ilícita e auxilia a segurança dos Estados e facilita as passagens sobre territórios de aeronaves comerciais oriundas de outros países. B) Anexo 9: prevê os limites máximos de obrigações que são postas as indústrias que servem de referência para os administradores de aeroportos internacionais. O ponto focal do Anexo tem sido “(i) o desenvolvimento de técnicas de inspeção baseada no gerenciamento de riscos, com o objetivo de aumentar a eficiência, reduzir a congestão nos aeroportos e aprimorar o nível de segurança”. A estratégia da ICAO, hoje em dia, reconhece três áreas de atuação: i) Padronização de documentos de viagem; ii) Racionalização de procedimentos e sistemas de controlo de fronteira; e iii) Cooperação internacional em temas de segurança contra interferência ilícita. C) Anexo 17: estabelece bases para o programa da OACI para segurança da aviação civil contra atos de interferência ilícita. Trata de medidas administrativas e de coordenação entre os diversos atores envolvidos na garantia de níveis aceitáveis de segurança, atribuindo aos operadores aéreos a responsabilidade primária pela proteção de passageiros. D) Anexo 19: apoia os Estados na gerência de riscos da segurança operacional da aviação, dada a complexidade do sistema de transporte aéreo, apoia ainda, a evolução continua de uma estratégia proativa para melhorar o desempenho da segurança operacional. Essa abordagem está baseada, principalmente, na implementação dos programas de segurança operacional do Estado SSP. O Anexo consolida material existentes nos demais anexos relacionados ao SSP e aos 20 sistemas de gerenciamento da segurança operacional SMS, incluindo aspectos que tratam de coleta e uso dos dados de segurança operacional e atividades de vigilância da segurança operacional do Estado. A grande vantagem em assentar essas provisões em um único anexo é realçar a relevância da junção das atividades de gerenciamento da segurança operacional. De acordo com alguns autores, existem algumas razões que explicam por que os terroristas têm como alvo a aviação civil: 1. projetar um alcance global, mesmo que local; 2. gerar a transmissão rápida de informação, aumentando a audiência e impacto; 3. depreciar a incorporação do poder estatal que as companhias aéreas e os aeroportos simbolizam; 4. levar a consequências econômicas poderosas além da aviação civil; 5. ter um alto potencial letal, e uma alta probabilidade de afectar nacionais de muitos países; 6. impedir a interconectividade, interrompendo o transporte aéreo; e 7. gerar a capacidade de fazer instantaneamente, poderosas declarações aos líderes mundiais. (DUCHESNEAU e LANGLOIS, 2017) Segundo Cavalcanti (2018), “o terrorismo é um acontecimento para ser noticiado, do contrário perde a sua dimensão,não porque necessite de publicidade para atrair novos membros, mas porque tem por objetivo espargir choque, terror e o pânico”. Em Raquel Duque (2015) somos informados que os ataques terroristas aéreos estão sumarizados em três alvos, a saber: “as aeronaves e as companhias aéreas; as infraestruturas como os aeroportos; e as pessoas a bordo”. Devido algumas infraestruturas da aviação serem públicas, verifica-se uma representação estatal, a explicar um ataque a esse tipo de alvo, de modo a tratar-se de um ataque ao governo. Pelo fato de o transporte aéreo ser muito suscetível a ameaças terroristas, a gestão do aeroporto tem sido forçada a tomar medidas eficazes para garantir a segurança dos passageiros e do pessoal. Estes envolvem despesas consideráveis, e representa um desafio organizacional sério (SKORUPSKIA & PIOTR, 2018). 21 Como exemplo disso podemos citar que o gasto da segurança no setor aéreo, tornou-se progressivo nos orçamentos dos intervenientes ao longo dos anos, e sobretudo após a crescente escalada de atentados terroristas ocorridos desde 2001. Foi solicitado aos peritos do setor da aviação civil que indicassem as maiores vulnerabilidades no setor, podendo ser exploradas por terroristas, e que mencionassem o tipo de respostas que poderão ser projetadas para reduzir essas vulnerabilidades. O quadro a seguir apresentada o resultado (DUQUE, 2015): VULNERABILIDADES RESPOSTAS a implantação mundial da aviação; elaboração de manuais sobre aspectos de segurança da aviação; concentração de pessoas em locais confinados do sector aéreo; maior sensibilização e divulgação da segurança para o público e promoção de debates públicos para captar a atenção de gestores e empresários; o rastreio pouco assertivo às tripulações e aeronaves; realização de exercícios temáticos para identificar pontos a melhorar; correio diplomático; investir na selecção rigorosa dos recursos humanos, reforçar a formação inicial e providenciar formação permanente ao nível operativo, de supervisão, de política e de gestão e aumentar o número de recursos humanos; os ciberataques; dar uma resposta flexível para afectar o mínimo possível a vida das pessoas; nível insatisfatório de partilha de informações; tornar mais fluída a partilha de informações entre Estados, organizações e entidades nacionais; a falta de medidas preventivas; implementar medidas activas e reactivas com factor de imprevisibilidade em favor da segurança; a carga; incentivar comportamentos adequados dos funcionários para protecção de informação, de dados e de software; 22 o abastecimento das aeronaves; controlo a 100% de tudo, sem excepções; apostar no CCTV elevada dependência do factor humano; utilizar cães pisteiros e forças conjuntas de Polícia e F.A.; limitação tecnológica que impede processos completamente automáticos e infalíveis; o desenvolvimento de um sistema que permitisse comandar o avião a partir do chão ou que cumprisse um procedimento de aproximação e aterragem definidos; a fragilidade dos sistemas fixos de detecção; aumentar o número de inspecções de autoridades autorizadas; rede exterior que protege as pistas e placas é insuficiente para assegurar a sua inviolabilidade; adaptação das instalações de carga a requisitos estabelecidos. recrutamento de staff pode ser um meio de aproveitamento dos terroristas para obter informação relevante ou introduzir artigos proibidos; escassez de recursos humanos e a falta de formação; ineficácia dos sistemas de videovigilância; a utilização limitada de cães pisteiros; incumprimento (por fadiga) dos procedimentos de segurança; e ausência das Forças Armadas para fazer a vigilância nos aeroportos. Sobre as novas tecnologias, destacamos a introdução de dados biométricos em passaportes e documentos de viagem. A mesma postura foi assumida no âmbito da política externa, na promoção da cooperação internacional com países terceiros e em organizações internacionais e regionais para um combate ao terrorismo eficaz, denotando que o terrorismo é um desafio global e de longo prazo. (DUQUE, 2015) O Conselho de Segurança adotou por unanimidade a Resolução nº 2.309 de 2016 sobre a segurança da aviação. Órgão da ONU pediu aos governos que trabalhem em conformidade com a ICAO, para garantir que as normas de segurança 23 internacionais sejam revistas e adaptadas, a fim de enfrentar com eficácia a ameaça representada pelo terrorismo neste setor. (CAVALCANTI, 2018) 3.2 A segurança privada em aeroportos Duque (2015) nos lembra que durante várias décadas a regulação internacional da segurança aérea esteve sempre atrelada às recomendações não vinculativas de organismos internacionais, cuja implementação restava a cargo das instituições nacionais de aviação civil, que trabalhavam em colaboração com os atores de segurança internos e externos, públicos e privados. Na Europa, os assuntos relacionados à segurança da aviação civil estavam confinados à responsabilidade individual de cada Estado-membro. O marco regulatório europeu referente a legislação sobre o setor da segurança da aviação civil, surge apenas após os eventos de 11 de setembro de 2001, momento em que a União Europeia cria o Regulamento (CE) nº 2320/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, que além de ampliar os poderes de execução da ECAC, estabeleceu normas de base comuns ao domínio da segurança da aviação civil, introduzindo mecanismos adequados de vigilância da conformidade, seguindo recomendações da norma 30 da ECAC. (CAVALCANTI, 2018) Duque (2014, p .130) comenta que após o atentado terrorista surge na UE a importância de constituir um conjunto de instrumentos institucionais, jurídicos e operacionais, coordenados e implementados por todos os Estados-membros, permitindo resposta efetiva as ameaças emergentes. “O quadro normativo europeu sobre segurança aérea foi assim alargado com novos documentos vinculativos no sentido de um compromisso comum de todos os Estados-membros na aplicação daquelas medidas”. Segundo Duque (2014), para a convergência e harmonização da legislação europeia à ser integrada e aplicada pelos Estados-membros foram editados diversos regulamentos da ECAC, do Parlamento Europeu e do Conselho, acarretando nas perdas significativas de soberania dos Estados, que foram assim 24 transpostos à UE, que acumulou competências de regulação e gestão da aviação civil europeia. Sobre os regulamentos de segurança para o setor, Cavalcanti afirma o seguinte: O Regulamento nº 2320, revogado posteriormente pelo Regulamento (CE) nº 300/2008 (atualmente em vigor), foi responsável por implementar as medidas comunitárias adequadas, obrigando os Estados-membros a adotar o PNCQSAC, PNSAC, e implementar programa nacional de formação no domínio da segurança da aviação. Após o Regulamento nº 300/2008, concretizando as medidas e procedimentos previstos, foram criados outros regulamentos como o Regulamento (CE) n.º 272/2009, e o Regulamento de Execução (UE) n.º 1998/2015, responsável por consolidar as alterações efetuadas ao anterior Regulamento n.º 185/2010. (CAVALCANTI, 2018) Aqui no Brasil, durante décadas o transporte aéreo foi intensamente regulado pelo governo, através de concessões para a operação de rotas e da organização e fiscalização dos serviços. Na década de 1960, o papel regulador do governo foi ampliado após a realização das Conferências Nacionais de Aviação Comercial. No entanto, o início da regulamentação do setor de aviação aponta para 1931, quando foi criado o DAC, ligado ao Ministério de Viação e Obras Públicas. Com a criação do Ministério da Defesa, em meados da década 90, que passou a englobar os antigos Ministérios da Aeronáutica, Marinha e Exército, o DAC passou a se subordinar ao Comando da Aeronáutica. Cavalcanti (2018) lembra que o Brasil foi signatárioda Convenção de Montreal, em 1971, para repressão aos atos ilícitos contra a segurança da aviação civil, e consecutivamente aderiu ao protocolo para a repressão de atos ilícitos de violência em aeroportos que prestem serviços à aviação civil internacional, de 1988, promulgada pelo Decreto nº 2.611/1998, obtendo mais um instrumento normativo ao ordenado funcionamento da aviação civil mundial. De acordo com alguns historiadores, em 1973 foi criada a INFRAERO, responsável pela construção, manutenção e exploração dos aeroportos. Em março de 1990, diante do ambiente de liberalização e privatização, foi instituído o 25 Programa Federal de Desregulamentação, iniciando-se período de flexibilização da regulação do setor aéreo no Brasil, buscando a diminuição dos preços e a elevação da oferta de voos. (GUIMARÃES & SALGADO, 2003). Em 2003, após a criação do CONAC, foi que houve uma inversão das políticas do setor em prol de novo período de regulação, justificado pelo governo pela crise financeira enfrentada pelas companhias aéreas (PASIN e LACERDA, 2003). Somente em 2006, após a fusão do DAC há vários órgãos atuantes na aviação civil brasileira, todos pertencentes ao Comando da Aeronáutica, foi criada a ANAC, atualmente vinculada ao Ministério da Defesa, com atribuições para regular e fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária (GUIMARÃES & SALGADO, 2003). Atualmente estão vigentes como normas essenciais à segurança aeroviária: o Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei n.º 7.565/1986), a Lei n.º 11.182/2005 (criação da ANAC), o PNAVSEC, aprovado pelo Decreto n.º 7.168/2010, os RBAC n.ºs 107, 108 e 110, aprovados respectivamente pelas Resoluções n.º 362/2015, n.º 254/2012, e n.º 361/2015 PNIAVSEC, além da DAVSEC, n.º 01/2015 (revisão G de 12/2017) e n.º 02/2016 (revisão A de 06/2016). Em matéria de segurança privada da aviação civil, o PNAVSEC define atribuições e responsabilidades distintas para a ANAC, Administração Aeroportuária, Empresas Aéreas, Comando da Aeronáutica e Órgãos de Segurança Pública, sobretudo a PF, dentre outros atores, possuindo como objetivo, nos termos do art. 2º, “disciplinar a aplicação de medidas de segurança destinadas a garantir a integridade de passageiros, tripulantes, pessoal da terra, público em geral, aeronaves e instalações de aeroportos brasileiros, a fim de proteger as operações da aviação civil contra atos de interferência ilícita cometidas no solo ou em voo”. (CAVALCANTI, 2018) 26 3.3 Regulamentação da segurança nos aeroportos do Brasil No Brasil, de acordo com a Resolução nº 207 da ANAC, de 22 de novembro de 2011, alterada pela Resolução n.º 278, de 10 de julho de 2013 que apenas modificou os incisos XIII (os PF não estarão sujeitos à inspeção pessoal de segurança ao entrar nas ARS dos aeroportos) e XIV (os funcionários do aeroporto passam a ter prioridade no momento da inspeção de segurança para adentrar à ARS) e incluiu o § 3º no art. 3º daquela Resolução. (CAVALCANTI, 2018) Acerca da inspeção de segurança nos aeroportos brasileiros, será conduzida por APAC, contratado pelo operador do aeródromo, sob supervisão da PF ou, na sua ausência, do órgão de segurança pública responsável pelas atividades de polícia no aeroporto. Portanto, não se trata de servidor da ANAC. A contratação desses funcionários pode ocorrer de forma direta ou por meio de terceirização, a critério do contratante. Destacamos, no entanto, que, para desempenhar as atividades relacionadas à Segurança da Aviação Civil contra Atos de Interferência Ilícita, referidos funcionários são capacitados em instituições de ensino homologadas pela ANAC. 27 Fonte: https://www.phbemnota.com Destaca-se que o APAC, funcionário responsável pela operação do canal de inspeção de passageiros e bagagem de mão, pode determinar que um item que não conste expressamente na lista seja proibido, desde que se enquadre nas definições de uma das categorias descritas, representando um risco para a saúde, segurança ou propriedade quando transportados por via aérea. (CAVALCANTI, 2018) Na legislação brasileira sobre as revistas pessoais de prevenção nos aeroportos, destacamos o Decreto nº 7.168, de 5 de maio de 2010, que dispõe sobre o PNAVSEC. 28 Cavalcanti (2018) esclarece que o PNAVSEC busca garantir a integridade de passageiros, tripulantes, pessoal de terra, público em geral, aeronaves e instalações de aeroportos, a fim de proteger as operações da aviação civil contra atos de interferência ilícita cometidos no solo ou em voo. O PNAVSEC está em conformidade com as diretrizes internacionais da Convenção de Chicago de (1944), Tóquio de 1963, de Haia (1970) e de Montreal (1971 e 1999), bem como o Protocolo Complementar à Convenção de Montreal (1988) detalhados no subitem “O impacto do terrorismo” no Capítulo 2. A realização da inspeção de segurança da aviação civil, nos passageiros e em suas bagagens de mão, é de responsabilidade da administração aeroportuária, sob supervisão da PF. O propósito da inspeção de passageiros e suas bagagens de mão é prevenir que armas, explosivos, artefatos QBRN ou substâncias e materiais proibidos sejam introduzidos a bordo de aeronave na tentativa de evitar o acometimento de danos aos passageiros e tripulantes. (CAVALCANTI, 2018) Destacamos algumas definições feitas pela ANAC, por meio do mencionado Decreto, segundo pontuado por Cavalcanti (2018): ARS: área do lado ar de um aeroporto, identificada como área prioritária de risco, onde é realizado o controlo de acesso. Tal área normalmente inclui as áreas da aviação comercial, de embarque de passageiros entre o ponto de inspeção e a aeronave, rampa, áreas de bagagens. Os setores por onde ingressam passageiros inspecionados e que aguardem embarque serão considerados ARS, cujos pontos de acesso serão controlados ou trancados. O acesso de passageiros às ARS, somente será permitido após identificação e inspeção de segurança. Busca pessoal: revista do corpo de uma pessoa, suas vestes e demais acessórios, realizada por autoridade policial ou por agente de proteção da aviação civil, com consentimento do inspecionado, quando houver suspeita de que haja 29 arma ou algum objeto proibido ou, ainda, quando não seja possível a inspeção por outro método. É importante esclarecermos ainda que a busca pessoal dos passageiros e a inspeção manual de suas respectivas bagagens, como processo alternativo de inspeção de segurança da aviação civil, devem ser realizadas aleatoriamente quando os equipamentos de segurança não estiverem disponíveis ou não estiverem em boas condições de uso, conforme atos normativos da ANAC, ou quando a PF julgar necessário para o desempenho de sua missão institucional. Além disso, a busca pessoal deve ser realizada com o propósito de identificar qualquer item de natureza suspeita em passageiros sobre os quais, após os procedimentos de inspeção de segurança, permaneça a suspeição. Quanto a inspeção manual de bagagem, esta deverá ser realizada com o objetivo de identificar qualquer item de natureza suspeita, detectado durante a inspeção de bagagem de mão, por equipamento de RX ou ETD. Outra informação importante: o procedimento de inspeção como as revistas físicas de segurança, serão realizadas nos passageiros em local público, em todos os aeroportos brasileiros. O APAC deve conduzir a inspeção manual de bagagem e a busca pessoal, com consentimento do passageiro e observância dos seguintes procedimentos adotado pelo Art. 119: I - deve-se realizar a inspeção manual de bagagem, após o passageiro apresentar voluntariamente seus objetos e sua bagagem de mão; e II - na busca pessoal, o APAC de mesmo sexo deve inspecionar o passageiro, em sala reservada, com discrição e na presença de testemunha. Cavalcanti (2018)faz uma importante observação acerca dos casos em que passageiros oferecem resistência à inspeção de segurança: 30 A PF ou, na sua ausência, o órgão de segurança pública responsável pelas atividades de polícia no aeroporto, realizará a inspeção manual de bagagem e a busca pessoal quando o passageiro não consentir, ou oferecer resistência à inspeção de segurança da aviação civil ou apresentar indícios de portar objetos, materiais e substâncias cuja posse, em tese, constitua crime (Art. 120). A recusa do passageiro quanto à abertura da bagagem de mão ensejará na proibição de acesso à área de embarque. O indivíduo ao ser solicitado a submeter- se a revista, tem o direito de não atender o pedido, porém será impedido de adentrar à ARS do aeroporto. Os raros casos de recusa por parte dos passageiros ocasionam um sinal de alerta por parte dos profissionais de segurança aeroportuária. A PF, deverá ser acionada quando o passageiro tiver acesso impedido às ARS ou embarque negado (Art. 126), ou por qualquer outra razão de segurança. Qualquer pessoa pode ser submetida à revista física, incluindo autoridades, sendo esta uma medida de segurança em que não há distinção entre passageiros. De acordo com Cavalcanti (2018), caso seja localizado objeto suspeito o APAC irá solicitar a verificação detalhada do objeto suspeito. Caso necessário, o passageiro será encaminhado a prestar esclarecimentos junto à PF. Esta regra está em vigor no Brasil desde 18 de julho de 2016. É importante, esclarecer que em qualquer situação que o profissional de segurança privado extrapole suas funções, como por exemplo proceder a uma detenção privada, estará sujeito as penalidades como falso aprisionamento ou agressão. (CAVALCANTI, 2018) A Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012 (Alterada pela Portaria n.º 3.258/2013 – DG/DPF, publicada no D.O.U em 14/01/2013) (Alterada pela Portaria n.º 3.559, publicada no D.O.U. em 10/06//2013), dispõe no inciso II, Art. 2º que as empresa possuidora de serviço orgânico de segurança estão autorizadas a constituir um setor próprio de vigilância patrimonial ou de transporte de valores, nos termos do art. 10, § 4º da Lei n.º 7.102, de 20 de junho de 1983. 31 Estas empresas possuidoras de serviço orgânico de segurança são empresas não especializadas, mas que estão autorizadas a constituir um serviço próprio de vigilância patrimonial ou de transporte de valores (BRASIL, 2017). Vigilante: profissional capacitado, empregado de empresa especializada ou que possua serviço orgânico de segurança, devidamente registrado na PF, responsável pela execução da atividade de segurança privada. A legislação brasileira delimita essa atividade às pessoas jurídicas de direito privado, são serviços executados no âmbito interno da empresa ou por empresas terceirizadas no ramo da segurança privada. São responsabilidades da ANAC: I - regular e fiscalizar a segurança da aviação civil; II - definir em coordenação com os órgãos competentes, os equipamentos de controlo de segurança a serem utilizados nas atividades de AVSEC, bem como seus parâmetros de detecção, calibração e manutenção; e III - prover recursos humanos treinados na atividade de proteção da aviação civil, para a realização de inspeções de segurança nos passageiros e suas bagagens de mão. São considerados equipamentos de segurança: dispositivo de natureza especializada para uso individual ou como parte de um sistema, na detecção de intrusos, armas, substâncias, objetos ou dispositivos perigosos ou proibidos para prevenção de ato de interferência ilícita contra a aviação civil, suas instalações e serviços. (CAVALCANTI, 2018) Segundo Cavalcanti (2018), “Os passageiros e suas bagagens de mão devem ser inspecionados de forma manual ou com o uso de equipamentos de segurança (detector de metais, RX, ETD e outros), ou por meio de combinação de ambas as técnicas”. O Estatuto do Desarmamento Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, limita em 25 anos de idade a possibilidade de compra de arma de fogo. Contudo, o sector de segurança privada regulamenta que indivíduos a partir de 21 anos podem 32 exercer a profissão de vigilante e, portanto, portar arma em serviço. Apenas as empresas de segurança são autorizadas a comprar as armas de fogo. 4 A SEGURANÇA EM HÓTEIS De acordo com Ary Amazonas (2008), a história dos meios de hospedagem é bastante antiga e começou com as viagens dos homens de negócios, que ao se deslocarem, necessitavam de um local para descanso, onde se sentissem seguros e protegidos das intempéries, de furtos e/ou de outros animais. Fonte: https://www.revistahoteis.com.br 33 Apesar de certa uniformidade em relação aos princípios básicos, cada meio de hospedagem tem suas próprias características de acordo com o padrão de serviço, políticas, mercado visado, localização geográfica entre outros, porém em todos eles existe uma coisa bem singular que é a íntima relação entre os hóspedes, funcionários e instalações. (FARIA et al., 2008) Uma das mais antigas funções dos meios de hospedagem é a responsabilidade de garantir a integridade física e emocional dos hóspedes. Brotherton (1999), em uma perspectiva histórica afirma que o anfitrião provê ao hóspede segurança e conforto, tanto fisiológico como psicológico. 4.1 O serviço de segurança na hotelaria Faria et al. (2008) comentam que “na hotelaria, a segurança e a manutenção são atividades gerenciais muitas vezes relegadas à segundo plano. Tal descaso já desencadeou vários desastres e tragédias que abalaram a opinião pública”. Esse é motivo de o setor hoteleiro ter buscado melhorar a segurança das instalações, aproveitando-se das inovações tecnológicas, de forma a garantir ao hóspede uma estadia segura e tranquila. Sobre o serviço de segurança no setor de hotelaria, Gil (1995), comenta que, Vão desde a definição do perímetro de proteção e os bens a serem protegidos; a simulação das ameaças e o estabelecimento de medidas de proteção correspondentes; avaliação da relação custo benefício a cada cenário simulado via discussão em grupo das situações de insegurança estudadas; estabelecimentos de padrões de segurança em função das experiências estudadas; até a documentação das simulações praticadas. No que diz respeito à hotelaria, o fator segurança deve ser considerada como uma política fundamental de um hotel. Sua aplicação deve alcançar a segurança dos hóspedes e de seus pertences, segurança dos funcionários do hotel, segurança física da instalação, proteção e controle da propriedade, levando em 34 consideração a localização do hotel e os possíveis riscos incontroláveis como guerras, desordens civis, desastres naturais, entre outros. (FARIA et al., 2008) Destacamos, porém, que, ainda que nos livros e manuais utiliza-se normalmente apenas o termo segurança, em operações hoteleiras há uma distinção entre os termos “proteção” e “segurança”. Faria et al (2008) explicam muito bem essa distinção: Segurança se refere aos desastres, prevenção de incêndio, dispositivo contra incêndio e condições de defesa de risco e prejuízo para o patrimônio. Já proteção está relacionada à necessidade de se sentir livre do medo, da ansiedade, de dúvidas envolvendo a si próprio, assim como a defesa contra perda ou furtos de hóspedes, funcionários e patrimônio da empresa. Contudo apesar de diferentes definições os dois termos são complementares. Tanto a segurança quanto a proteção se inter- relacionam com o bom funcionamento e a imagem do hotel. (FARIA et al., 2008) Cavassa (2001) afirma que “várias tipologias abrangem o termo segurança: seguranças física, biológica, contra incêndios, da instalação, externa, nos serviços, de acidentes; e também proteção dos pertences dos usuários, tranquilidade e ordem, entre outros”. Entretanto, neste tópicoserá abordado apenas as tipologias relacionadas à segurança física – englobando aqui a segurança da instalação, interna e externa, bem como segurança contra incêndio, e à segurança do trabalho e capacitação do pessoal. A segurança física de um hotel diz respeito aos cuidados em evitar qualquer acidente físico dentro da instalação, que possa ocorrer com um hóspede ou funcionário. Ela deve ser pensada desde a concepção do edifício, visando eliminar possíveis riscos que atinjam a integridade da instalação, dos hóspedes e funcionários. (FARIA et al., 2008). Além disso, também está relacionada a segurança interna e externa, que se refere ao monitoramento dos corredores, recepção, sala de estar e demais ambientes, além da vigia de atividades suspeitas de funcionários e turistas. Abrange também assegurar os hóspedes de possíveis assaltos, invasão ou roubos – situações alheias ao hotel, relativas ao entorno, mas 35 que contribuem na construção da imagem do mesmo e na sensação de proteção do usuário. A proteção contra incêndio faz parte da proteção física, visando proteger o pessoal contra o perigo do fogo. No entanto, essa proteção não se limita apenas a apagar o fogo, mas começa com a conscientização de hóspedes e funcionários para que o fogo não aconteça, com uma estrutura de equipamentos de segurança e uma equipe preparada para o caso de evacuação. (FARIA et al., 2008) De acordo com Faria et al. (2008) são necessários alguns itens e procedimentos fundamentais para garantir a segurança: Para garantir essa segurança, alguns equipamentos e procedimentos são necessários. Os itens de segurança mais comuns e que devem estar presente em todo estabelecimento hoteleiro são: extintores de incêndio, que devem estar no prazo de validade e em local adequado segundo a legislação; mangueiras de incêndio que também devem estar dentro do prazo de validade e em local de fácil acesso, conectadas permanentemente a registros de água de alta pressão; os sistemas de alarme; as saídas de emergência devidamente sinalizadas; o controle de entrada e saída de hóspedes através de portas com fechamento automático, de forma que ao retornar ao quarto o hóspede necessite utilizar um cartão ou chave. Câmeras de segurança e pessoal especializado de segurança também são itens importantes para o monitoramento do hotel e o controle da normalidade. (FARIA et al., 2008) A capacitação de pessoal também compõe os itens de segurança, pois conscientiza os funcionários a não roubarem os hóspedes, por exemplo. Ressalta- se que a segurança de pessoal também engloba a segurança do trabalho que trata de minimizar os possíveis riscos que os funcionários correm ao desempenhar suas atividades cotidianas referentes ao trabalho. A segurança de um hotel pode ser feita pela própria organização ou através da terceirização, que representa uma alternativa comum no ramo hoteleiro. A segurança terceirizada apresenta vantagens no que tange a presença de pessoal especializado, garantia de recursos e economia. No entanto as desvantagens são percebidas no fato de o pessoal contratado não conhecer bem a política da empresa podendo quebrar o espírito de grupo com o restante da equipe. Outro fato é que, mesmo terceirizando o serviço de segurança o hotel não deverá ficar isento de responsabilidade. (FARIA et al., 2008) 36 Para Cavassa (2001) a “segurança hoteleira é o conjunto de medidas destinadas a proporcionar bem-estar e segurança aos hóspedes, eliminar dentro do possível os procedimentos inseguros provocados por funcionários do hotel, e minimizar os riscos decorrentes de instalações inseguras”. Diante do que foi exposto até aqui, concluímos que a segurança é considerada uma tarefa importantíssima dentro do sistema hoteleiro, pois se inter- relaciona com o bom funcionamento e a imagem do empreendimento, representando para o cliente confiança e vontade de retornar, e para o hotel, a melhora da imagem do estabelecimento, crescimento da produtividade e aumento da rentabilidade. (FARIA et al., 2008) 4.2 A segurança como critério para classificação hoteleira A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - ABIH - é um órgão técnico e consultivo que atua no estudo e solução de problemas do setor hoteleiro, e seu principal objetivo é elaborar regimentos para classe, com vista defender os seus interesses. No quesito segurança, a ABIH apresenta alguns critérios que devem ser seguidos por todos os meios de hospedagem. O que vai diferenciar a categoria entre um e outro é a variação dos itens, em função da aplicabilidade ou não de determinada condição. Segundo encontramos em Faria et al. (2008), os itens de segurança abordados pela ABIH começam a serem exigidos a partir dos meios de hospedagem de três estrelas, sendo que os critérios direcionados aos meios de hospedagem de uma à três estrelas é apenas o treinamento geral do pessoal em caso de situação de incêndio e pânico, e a existência de um porteiro. Têm-se então uma diferença em relação as Normas de Segurança do Ministério de Trabalho que impõem esse tipo de treinamento em função do número de empregados e não em relação à qualidade do serviço. É importante esclarecer ainda que é responsabilidade do 37 corpo de bombeiro da região aprovar o plano de combate e prevenção à incêndio, bem como fiscalizar as condições do edifício, sendo que em alguns lugares é obrigatório a apresentação do referido laudo para obtenção de licença de funcionamento. Em hotéis de três e quatro estrelas os itens de segurança necessários são os seguintes, segundo Farias et al (2008): O treinamento geral dos funcionários para lidar com situações de incêndio e pânico (assalto, explosão, inundação e outros). Cobertura contra roubos, furtos e responsabilidade civil, devendo existir uma apólice que cubra estes acontecimentos, ou ainda, o estabelecimento responsabilizar-se até um limite pré-determinado. Além disso, é necessário que exista rotas de fugas sinalizadas nas áreas sociais e restaurantes, em local visível. Para os meios de hospedagem de quatro estrelas ou superior é necessário a existência de circuito interno de TV ou equipamento de segurança similar, cobrindo as áreas de portaria e recepção, rota de fuga sinalizada, cobertura contra roubo, equipes treinadas (brigadas) para lidar com situações de pânico e incêndio (assalto, explosão, inundação, outros), serviço de segurança do hotel feito por pelo menos um porteiro, e na utilização dos cofres o controle deve ser feito através de fichas, chaves ou códigos individuais, sendo que o hotel e o hóspede devem assinar um termo definindo as responsabilidades e garantias, assim como as normas de utilização. Para essa questão não fica claro na legislação se o hotel pode ou não cobrar pelo serviço de cofre, ou seja, poderá o hotel cobrar uma taxa pelo uso do cofre durante o período de hospedagem. (FARIA et al., 2008) Quanto aos hotéis Cinco Estrelas ou Super Luxo, estes devem contar com um gerador de emergência com partida automática, assegurando abastecimento de energia quando necessário. Devem ainda ter um serviço de segurança com pessoal adequado, contratado e com dedicação exclusiva. Faria et al (2008) esclarece que apenas para categoria Super Luxo é necessário que o estabelecimento disponibilize, se solicitado pelo hospede, o serviço de segurança particular, com pessoal treinado e credenciado para o serviço de segurança privativa (guarda-costas), e possuir sistema eletrônico de detecção de presença do hóspede em todas as áreas do hotel. 38 De acordo com as definições de proteção que se relaciona a necessidade de se sentir livre do medo, e da definição de segurança baseada na prevenção de incêndios e desastres, na defesa de riscos e prejuízos; pode –se classificar os itens presentes na matriz da ABIH como proteção e/ou segurança segundo sua característica primordial. (FARIAet al., 2008) Figura - Matriz Comparativa entre Segurança e Proteção ÍTEM DE SEGURANÇA SEGURANÇA PROTEÇÃO Controle de uso de cofre X X Circuito interno de TV ou equipamento similar X X Gerador de emergência X Rota de fuga sinalizada X Serviço de segurança no estabelecimento X Preparo para lidar com situações de incêndio X Cobertura contra roubos/ furtos X Serviço de segurança particular X Sistema eletrônico de detecção de presença. X 4.3 Prevenção de Riscos e Perdas Borges (2010) afirma que “a definição mais básica de segurança é proteger bens e pessoas. A primeira imagem que as pessoas têm quando é necessário o aumento de medidas para melhorar sua segurança é a perda de privacidade”. Especialmente em hotéis de alto nível, a perda da privacidade precisa ser levada muito a sério, pois da mesma forma que não ter medidas de proteção podem ser prejudiciais, a ostensividade das mesmas pode vir a causar constrangimentos desnecessários aos hóspedes e, consequentemente, a perda de negócios. Sendo assim a segurança deve ser parte do negócio para agregar valor e ser um diferencial dentre outros concorrentes. (BORGES, 2010) Em razão de seus serviços, hotéis e cadeias hoteleiras estão sempre muito expostos a riscos antissociais, tais como crimes contra pessoas (hóspedes, normalmente), roubos e furtos de objetos, fraudes com moedas estrangeiras, etc. A 39 sua população flutuante apresenta desafios ainda maiores para os executivos dos hotéis, especialmente para os executivos responsáveis pela prevenção de riscos e perdas. Diante disso é necessário planejar a segurança de um hotel sem privar o hóspede de sua privacidade e para isso é fundamental a conscientização das necessidades de medidas preventivas. Outra coisa: além dos avanços tecnológicos e de gestão, o hotel deixou de possuir somente espaços destinados a hospedar pessoas, para integrar-se ao seu entorno e oferecer espaços multifuncionais, voltando-se também, para eventos empresariais e acontecimentos sociais. Isso trouxe maiores preocupações com perdas, visto que seu público aumenta, consideravelmente, por ocasião de um evento. Roubos de qualquer tipo aumentam significativamente o custo de operação de um estabelecimento hoteleiro. (CHON & SPARROWE, 2003) Sobre esse assunto, Borges (2010) faz um comentário interessante: É importante frisar que qualquer tipo de risco avaliado e concretizado gera perda e a situação é pior quando hóspedes são envolvidos. Não apenas os riscos antissociais são dignos de atenção, mas todo e qualquer risco, como os riscos da natureza, riscos do trabalho, riscos no desenho e arquitetura, riscos provocados por falhas de manutenção, riscos alimentares, entre muitos outros que podem ser citados. (BORGES, 2010) Petrocchi (2002) descreve os objetivos estratégicos da função de segurança na hoteleira como sendo: Buscar soluções para a organização da segurança; Promover a participação de todo empregado na segurança preventiva; Promover a integração das atividades de prevenção de perdas com as outras atividades do hotel; Assessorar diretamente a direção do hotel, para que ações preventivas e de proteção possam ter mais êxito; Organizar as atividades de prevenção e proteção de forma tal que cada setor do hotel possa atuar dentro de sua esfera de responsabilidade; Promover o treinamento em segurança de todos os empregados do hotel e não apenas os do setor de segurança. 40 Elaborar critérios para o tratamento dos riscos, conforme o caso singular que se apresentar, podendo ser: transferir; distribuir; eliminar; reduzir; aceitar ou assumir. As consequências negativas tendem a ser menores, quando os riscos são previstos e recebem os cuidados adequados. Pois sempre que o fator surpresa diminui, as providências para a solução dos problemas costumam ser mais efetivas e duradouras. 4.4 O âmbito de atuação O serviço de segurança do hotel deve estar voltado não somente para os aspectos internos, mas para os aspectos externos da organização, pois estes estão diretamente ligados àqueles. De acordo com Borges (2010), como aspectos internos, podem-se citar: Segurança das áreas internas do hotel e das pessoas que nele transitam. Segurança contra incêndio. Controle adequado de produtos. Colaboração com demais setores do hotel, como governança, alimentos e bebidas, recursos humanos, recepção, controles administrativos operacionais, etc. Já os aspectos externos incluem segurança aos hóspedes e clientes, em especial turistas, no perímetro externo do hotel, ou mais precisamente, na faixa do entorno do mesmo. Para Churchill e Peter (2000), é preciso examinar todas as dimensões do ambiente externo para que se possam identificar ameaças à capacidade de uma organização em manter sua vantagem competitiva, sobreviver e prosperar. 41 5 A SEGURANÇA EM FERROVIAS Os agentes ficam postados nas plataformas de acesso aos trens e fazem ronda nas transferências destes. De acordo com Lima et al. (2015), os agentes de segurança trabalham por trechos, iniciando sua jornada com a informação sobre os problemas e eventos das jornadas anteriores e se dirigem aos postos de trabalho em estações de acordo com orientação superior. Sobre as atividades desenvolvidas pelos agentes de segurança, encontramos as seguintes informações: Conforme o prescrito na descrição de cargos, os agentes de segurança identificam e atendem ocorrências de natureza social e que contrariam a legislação, bem como as normas e os procedimentos da empresa; tratam e encaminham ocorrências, informações e documentos sobre segurança; devem preservar o patrimônio e a utilização correta de instalações/equipamentos; operam equipamentos de fluxo e auxiliam no embarque e desembarque, além de acompanharem e conduzirem usuários com necessidades especiais. (LIMA et al., 2015) Fonte: https://alertaconcursos.com.br 42 Existem diversas atribuições e responsabilidade por trás dessa descrição, por exemplo: Segurança pública (no que diz respeito aos usuários); Segurança patrimonial (quando, por exemplo, devem atuar na preservação das instalações e dos equipamentos do Metrô); Atuação como agentes sociais e educativos (quando devem abordar usuários com comportamentos inadequados) Atuação como agentes de acessibilidade e mobilidade (ao auxiliar o deslocamento de pessoas com deficiências físicas e sensoriais). É importante destacar aqui que as aglomerações e a proximidade física com os usuários são constantes. Por ter que intervir em conflitos sociais e lidar com pessoas em situação de instabilidade emocional, a carga cognitiva e emocional nessa função é muito alta. Lima et al (2015) afirmam que ouviram alguns agentes que atuam na cidade de São Paulo e descobriu algumas coisas, conforme apresentamos a seguir: Um dos principais aspectos levantados pelos trabalhadores foi o subdimensionamento do contingente diante de suas atribuições previstas e das características de uma cidade como São Paulo, permeada pela desigualdade social, com numerosa população marginalizada e usuária de drogas. Algumas estações são conhecidas como aquelas em que cotidianamente são registradas ocorrências de violência e confrontos, e os agentes de segurança se sentem fragilizados diante de situações em que o único recurso para proteger o patrimônio e a integridade dos usuários do metrô, diante das condições de trabalho apresentadas, é a capacidade pessoal de persuasão. Tampouco pensam que o uso da força seria a solução. Porém, duas das medidas que poderiam diminuir as tentativas de vandalismo, roubos ou mesmo de incômodos seriam o aumento do número de agentes de segurança e uma política de respaldo e apoio ao trabalhador no desenvolvimento de sua atividade. (FUNDACENTRO, 2015) Normalmente cada estação tem suas particularidades ediferentes rotinas gerenciadas por um supervisor. Dessa forma, tanto o trabalho como os postos dos agentes de segurança não têm homogeneidade quanto ao conteúdo das atividades e suas dificuldades. 43 A título de ilustração podemos citar o seguinte exemplo: a estação Sé do Metrô, no centro da cidade de São Paulo, por ser muito grande e movimentada, é dividida em setores. Há muitos agentes e cada um tem um setor, um posto na própria estação. Já nas estações de pouco movimento, os agentes de segurança cobrem várias atribuições ao mesmo tempo. Há, inclusive, posições que atendem a mais de uma estação (os chamados trechos), por serem estações menores e de pouco movimento. (LIMA et al., 2015) Fonte: https://www.mobilize.org.br Acerca dos equipamentos utilizados pelos agentes, normalmente, os agentes de segurança trabalham com coletes à prova de bala que pesam de 4 (quatro) a 6 (seis) kg e um cinturão no qual se acoplam o bastão, as algemas, as luvas, as lanternas e o rádio transceptor. (LIMA et al., 2015) 44 5.1 Capacitação para a função Devido as demandas da atividade, é realizada uma avaliação psicológica no concurso de admissão, que inclui teste palográfico, bastante utilizado em processos seletivos, e não há mais reprovação no teste físico. Todo trimestre é realizado reciclagem técnica, na qual são discutidos temas que, em geral, são gerados por reclamações de usuários. Nessas oportunidades, chamadas de “treinamentos”, as orientações têm sido sempre no sentido do que não pode ser feito. Por exemplo, quanto ao uso das algemas, instrumento de trabalho fornecido pela empresa, existe a ordem de, quando for preciso usá-las, não o fazer sem a autorização do supervisor ou sem a presença de testemunhas. (LIMA et al., 2015) Os agentes de segurança são orientados a não colocar as mãos no usuário, o que entra em conflito com a orientação do uso de algemas, mesmo que de maneira condicionada. 45 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AMAZONAS, Eny. História da Hotelaria. Disponível em <http://www.revistahoteis.com.br/portal/historia/historia.htm> Acesso em 15 jan. 2008 BAYLEY, D., & SHEARING, C. (2001). The new structure of policing: description, conceptualization and research agenda. (Report No. 98–IJ–CX–0017). Washington, D.C.: National Institute of Justice. BORGES, M. F. M. Cultura Organizacional e a Prevenção de Riscos e Perdas em Hotelaria. 2010. Disponível em: <https://portal.estacio.br/media/2817/monica- ferretti-macieira-borges-completa.pdf> Acesso em: 31 de julho de 2020. BRASIL, P. 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