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TEORIA GERAL DO PROCESSO CIVIL

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TEORIA GERAL DO PROCESSO CIVIL 
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Coordenação de 
Ensino FAMART 
 
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TEORIA GERAL DO 
PROCESSO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
Conceito de Direito Processual Civil ............................................................................ 5 
Evolução Histórica do Direito Processual Civil ............................................................ 5 
Direito Processual Civil Brasileiro ................................................................................ 7 
Fontes ....................................................................................................................... 10 
JURISDIÇÃO ............................................................................................................. 30 
Introdução e conceito ................................................................................................ 30 
Características........................................................................................................... 30 
Princípios da jurisdição .............................................................................................. 32 
Poderes da jurisdição ................................................................................................ 35 
Espécies de jurisdição ............................................................................................... 36 
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO PODER JUDICIÁRIO ........................... 37 
Conceito .................................................................................................................... 45 
Fixação da Competência (artigo 43, NCPC) ............................................................. 46 
Critérios para a distribuição de competência ............................................................. 46 
Competência relativa e absoluta ............................................................................... 48 
Prorrogação de competência .................................................................................... 50 
AÇÃO ........................................................................................................................ 51 
Conceito e Natureza jurídica ..................................................................................... 51 
Elementos (identificadores) da ação ......................................................................... 54 
PROCESSO .............................................................................................................. 58 
Natureza Jurídica e Conceito .................................................................................... 58 
Procedimento ............................................................................................................ 59 
Pressupostos processuais ......................................................................................... 60 
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Classificação dos pressupostos processuais ............................................................ 61 
Sujeitos do Processo ................................................................................................. 64 
Pluralidade de Partes (ou Litisconsórcio) .................................................................. 65 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conceito de Direito Processual Civil 
 
 A bem da verdade, Direito Processual é um só. A divisão em sub-ramos 
(Processo Civil, Processo Penal, Processo do Trabalho etc) e suas respectivas 
legislações são de ordem prática e didática, conforme a natureza da lide posta em 
juízo. 
 Todavia, se pudéssemos individuar e conceituar, diríamos, com auxílio da 
doutrina mais robusta nessa matéria, que Direito Processual Civil é “o complexo de 
normas e princípios que regem o exercício conjunto da jurisdição pelo Estado, da ação 
pelo demandante e da defesa pelo demandado” (CINTRA; GRINOVER; 
DINAMARCO). 
 Ou, ainda: “é o ramo da ciência jurídica que trata do complexo das normas 
reguladoras do exercício da jurisdição civil”. (AMARAL SANTOS). 
 Por fim, uma das melhores conceituações é a trazida pelo processualista 
italiano Chiovenda, para quem o Direito Processual Civil é “o ramo da ciência jurídica 
que trata do complexo das normas reguladoras do exercício da jurisdição civil” 
(CHIOVENDA). 
 É, portanto, ramo do direito público, não se confundindo com o direito 
material que instrumentaliza (este normalmente pertencente ao direito privado, p. ex., 
D. Civil), devendo, portanto, sempre ser afastada a denominação direito adjetivo, por 
aludir a uma relação de dependência do direito processual para com o direito material, 
o que, na verdade, não existe. 
 Enquanto o direito material cuida de estabelecer as normas que regulam as 
relações jurídicas entre os particulares, o direito processual visa regular uma das 
funções soberanas do Estado (função jurisdicional). Dessa forma, ainda que a lide 
seja eminentemente de interesse privado, há no processo sempre um interesse 
público, qual seja, a pacificação social e a manutenção da ordem jurídica. 
 
Evolução Histórica do Direito Processual Civil 
 
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 A história do Direito Processual Civil, assim como toda a Ciência Jurídica, 
encontra suas bases no Direito Romano, cujo processo se desenvolveu em 3 fases, 
que, em seu conjunto, denominou-se de IMANENTISTAS (direito processual 
imanente, dependente do direito material): 
 
a) Primitiva ou das legis actiones (das ações da lei) => havia 5 ações da 
lei, as quais deviam ser manejadas pelas partes com muito rigor e formalismo, sob 
pena de perder a demanda caso se equivocasse em uma palavra ou gesto (não havia 
advogados). 
b) Período formulário => com a expansão do Império, o manejo das 5 ações 
da lei ficou limitado. O magistrado, agora, examinava a pretensão do autor e a defesa 
do réu, e concedia uma fórmula de ação capaz de compor especificamente o conflito 
(ele fixava o objeto do conflito, cabendo ao árbitro, escolhido entre os cidadãos, o 
julgamento da causa – semelhante ao instituto do Júri Popular). Já havia advogados 
e princípios do livre convencimento do juiz e do contraditório. 
c) Fase da cognitivo extraordinária => desaparecem os árbitros, surgindo a 
figura do juiz como o único investido do poder jurisdicional. O procedimento passa a 
ser eminentemente ESCRITO, compreendendo desde o pedido do autor até a 
sentença e sua execução. 
 Porém, com a queda do Império, já no período medieval, o processo civil sofreu 
umretrocesso ao ser influenciado pelo direito do povo bárbaro-germânico, 
caracterizado pelo formalismo exacerbado, fanatismo religioso e misticismos. Foi 
nesse contexto que surgiram os chamados “juízos de Deus”, “duelos judiciais” e 
“ordálias”. 
 O processo era FORMAL, e as provas produzidas deviam ser interpretadas 
segundo regras legais, não possibilitando qualquer participação do juiz. Este só 
reconhecia o cumprimento/realização da “prova” e fixava a sentença segundo as 
regras do direito positivo. Não se buscava a verdade real, mas a formal, pois se 
acreditava na INTERFERENCIA DIVINA nos julgamentos (autênticos jogos de azar 
ou rituais de bruxaria). 
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 Entretanto, com o fim de preservar o direito romano, surge o Direito Canônico 
e o direito desenvolvido pelos glosadores nas Universidades, que, em conjunto com o 
direito germânico, formaram o chamado PROCESSO COMUM, que vigorou desde os 
séculos XI até XVI. 
O processo comum era escrito, lento e extremamente complicado. Mas, dele 
se extraíram as características que, aperfeiçoadas, inspiraram o processo moderno. 
Foram abolidas as ordálias e juízo de deus, mas a tortura continuou até o século 
passado, como meio de obtenção da verdade. Somente após a Revolução Francesa 
retomou-se o conceito de livre convencimento do juiz, relativamente às provas, 
eliminando a tarifa legal, primeiramente no processo penal, depois no civil. 
 Além dessas 3 fases, o Direito Processual Civil conheceu outras duas: 
CIENTÍFICA ou MODERNA (expoentes: Calamandrei, Chiovenda, Carnelutti, 
Liebman): emergida no século passado, com ela desenvolveu-se a teoria do processo 
como relação jurídica, e não mais como contrato; o direito processual passou a ser 
compreendido como ramo autônomo e público; as provas deixaram de ser tarifadas e 
passaram a ser valoradas pelo juiz segundo critérios próprios (deixando de atuar como 
expectador da vitória do mais hábil), tendo amplos poderes, inclusive, na sua 
produção; etc. 
 INSTRUMENTISTA ou ATUAL: processo passa a ser visto como instrumento 
não só de realização dos interesses particulares, como também de pacificação social 
e realização da lei. Mas, apesar de instrumental (meio para se atingir um fim – solução 
do litígio), exige-se que o processo seja efetivo, realizador de justiça, em tempo hábil 
e com o menor dispêndio possível. Pode-se dizer, resumidamente, que o processo 
de hoje e do futuro buscam: facilitação do acesso à justiça; duração razoável do 
processo; instrumentalidade; tutela de interesses coletivos e difusos; universalização; 
constitucionalização do direito processual; e efetividade do processo (GONÇALVES, 
2015, p. 44). 
 
Direito Processual Civil Brasileiro 
 
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Até a independência (1822), vigorou no Brasil a legislação portuguesa, 
consistente nas chamadas Ordenações do Reino (Ordenações Afonsinas, de D. 
Afonso V, de 1446; as Ordenações Manuelinas, de D. Manuel, de 1521; e as 
Ordenações Filipinas, de Filipe II, de 1603). Tinham por principais características: 
a) forma escrita, o juiz só podia apreciar o que estava nos autos (verdade 
formal); 
b) as partes não participavam da inquirição de testemunhas; 
c) princípio do dispositivo: autor e réu eram os donos do processo, cuja 
movimentação era privilégio das partes. 
 Em 1850, o Brasil editou o Regulamento n. 737, o primeiro Código Processual 
nacional, que visava regular apenas as causas comerciais. Já no período republicano, 
o referido regulamento alcançou também as causas cíveis, por força da alteração 
dada pelo Regulamento n. 763, de 1890. 
 Logo após, em 1891, a Constituição estabeleceu a divisão da Justiça Federal 
e Estadual, e, consequentemente, o poder de legislar sobre processo para cada esfera 
da federação, dando surgimento a um Código Federal e a vários Códigos estaduais, 
que acabaram por ser repetições do primeiro. 
Todavia, a Constituição de 1934 pôs fim aos códigos estaduais, atribuindo 
exclusivamente à União a competência para legislar sobre processo. Desta feita, uma 
comissão foi formada para a elaboração de um código unitário, o que redundou no 
surgimento de nosso primeiro CPC (Código de Processo Civil) em 1939. 
 Como bem nos ensina Sérgio Bermudes (apud THEODORO JR, 2007, p. 17), 
havia no CPC de 39 “uma parte geral moderna, fortemente inspirada nas legislações 
alemã, austríaca, portuguesa e nos trabalhos de revisão legislativa da Itália, e uma 
parte especial anacrônica, ora demasiadamente fiel ao velho processo lusitano, ora 
totalmente assistemática”. 
 Após 33 anos em vigor, o CPC foi totalmente reformado, com base no 
Anteprojeto do Ministro Alfredo Buzaid, destaque da Escola Paulista de Direito e 
discípulo direto do processualista italiano Enrico Tullio Liebman (radicado no Brasil no 
período da 2ª Guerra Mundial, viendo aqui falecer). Daí surgiu o nosso atual CPC, a 
Lei n. 5869, de 11.01.1973, que é composto de 5 Livros: 
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 Livro I: Do Processo de Conhecimento; 
 Livro II: Do Processo de Execução; 
 Livro III: Do Processo Cautelar; 
 Livro IV: Dos Procedimentos Especiais; 
 Livro V: Das disposições gerais e transitórias. 
 
 O CPC vigente sofreu, ao longo de sua vigência, diversas alterações e 
reformas, todas na tentativa de se alcançar, conforme prega os instrumentalistas, um 
processo mais efetivo possível. O propósito foi abandonar a preocupação exclusiva 
com conceitos e formas, tão nos bem ensinado pela tradição romana e lusitana, para 
dedicar-se à busca de um processo de resultados, prevendo, por exemplo, uma tutela 
antecipada generalizada nos processos de conhecimento; a execução das sentenças 
no mesmo processo de conhecimento; o procedimento monitório; o poder geral de 
efetivação; os poderes dados ao relator frente, em especial, da afronta aos 
precedentes jurisprudenciais etc. 
Todavia, tantas reformas e as mudanças próprias da sociedade tornaram 
recomendável a edição de um novo código. 
 Assim, por iniciativa de uma comissão de juristas, presidida pelo então Ministro 
do STF, Luiz Fux, foi levado ao conhecimento do Senado Federal, em 2010, o Projeto 
de Lei nº 166, que, depois de passar pelas 2 casas legislativas, foi aprovado em 
dezembro de 2014 e sancionado pela Presidente da República em março de 2015, 
convertendo-se na Lei n. 13.105/15 – o NOVO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL/NCPC, com vigência prevista para o dia 18/03/16. 
 Dentre as alterações, pode-se destacar tanto a de cunho organizacional, com 
a previsão inédita de uma parte geral e uma parte especial, quanto a de cunho 
material, com o maior rigor nas fundamentações judiciais; a unificação das tutelas 
cautelar e antecipada sob a rubrica “tutelas de urgência”; a consagração de um 
processo sincrético; a força dos precedentes judiciais; o fortalecimento dos meios de 
solução consensual dos conflitos; o fim do juízo de admissibilidade pelo juízo de 
origem nos recursos; a solução coletiva de ações e recursos repetitivos, evitando o 
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abarrotamento dos tribunais com causas que contém a mesma questão de direito; 
além da incorporação em seu textoentendimentos já consagrados na doutrina e na 
jurisprudência do STJ e do STF. 
 Assim, o NCPC tem a seguinte configuração: 
 PARTE GERAL (dedicada à formulação de regras sobre as Normas 
Processuais Civis. Contém princípios e regras gerais, aplicáveis a todos 
os tipos de processo): está dividida em 6 Livros, quais sejam: 
 Livro 1: trata das Normas Fundamentais do Processo Civil; 
 Livro 2: da Função Jurisdicional; 
 Livro 3: dos Sujeitos do Processo; 
 Livro 4: dos Atos Processuais; 
 Livro 5: da Tutela Provisória; 
 Livro 6: da Formação, Suspensão e Extinção do Processo. 
 
PARTE ESPECIAL: contém 3 Livros, a saber: 
 Livro 1: do Processo de Conhecimento (tanto procedimento comum, 
como procedimentos especiais, de jurisdição contenciosa e de jurisdição 
voluntária); 
 Livro 2: do Processo de Execução; 
 Livro 3: dos Processos nos Tribunais e os Meios de Impugnação das 
Decisões Judiciais. 
 
LIVRO COMPLEMENTAR: das Disposições Finais e Transitórias 
 
Fontes 
 O termo "fontes" provêm de fontos, expressão latina que significa "lugar de 
onde perenemente nasceu", "nascente de água". Em sentido figurado, fonte é a 
origem de algo, causa, motivação. 
 Fonte do Direito seria, portanto, a origem do Direito, o seu nascedouro. Trata-
se dos fatores reais que condicionaram o aparecimento da norma jurídica, seja elas 
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quais forem (princípios morais, políticos, pareceres, teorias etc), desde que 
influenciem na criação e aplicação do direito. 
 Fontes do Direito Processual são os lugares de onde provém este ramo do 
Direito, dentre os quais podemos destacar: 
 
a) Constituição Federal => nela se encontram as normas fundamentais 
aplicáveis ao processo, especialmente no rol do art. 5º, como, por exemplo, os 
princípios do devido processo legal (inc. LIV), do contraditório e da ampla defesa (LV), 
da acessibilidade ao Judiciário (XXXV), da proibição de obtenção de provas ilícitas 
(LVI), da celeridade ou da duração razoável do processo (LXXVIII), além de regras 
acerca da organização e competência de julgar processos, em única ou última 
instância, pelos juízes e tribunais (arts. 102 e ss). 
Destaque-se o fato de o NCPC ter incorporado praticamente todos estes 
princípios constitucionais, fortalecendo e consagrando um sub-ramo do Direito 
Processual: o Direito Processual Constitucional (consiste num conjunto de normas de 
índole processual que se encontram na Lei Maior, objetivando garantir a sua aplicação 
e a sua supremacia. Ex: previsão do mandado de segurança, mandado de injunção, 
recurso extraordinário). 
 Por fim, vale lembrar, ainda, das emendas constitucionais. À guisa de exemplo, 
podemos citar a EC 62/2009, que trata do novo regime dos precatórios, e a EC 
66/2010, que instituiu o divórcio direto, independentemente do prazo de separação. 
b) Leis Federais => a mais importante é a Lei n. 5.869/73, ou seja, o CPC, 
que está prestes a ser substituído pelo então NCPC, a Lei n. 13.105/2105. Mas há 
outras também relevantes como a Lei 6.515/77 (lei do divórcio), Lei n. 6.830/80 
(execução fiscal); Lei n. 8.245/91 (lei da locação/despejo); a Lei n. 9.099/95 (Juizados 
Especiais Cíveis); Lei 12.016/09 (novo mandado de segurança), etc. 
c) Leis Estaduais => as leis estaduais relativas ao processo são 
suplementares às federais, que são gerais, pois a competência para legislar sobre 
Direito Processual é de exclusividade da União. Sendo assim, cabem aos Estados 
legislar apenas sobre procedimentos administrativos de apoio ao processo, como, por 
exemplo, regras acerca da publicação dos atos processuais na imprensa oficial local. 
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 Todavia, calha lembrar que, no que se refere aos Juizados Especiais (art. 24, 
X, CF), têm os Estados e o DF competência concorrente com a União para legislar 
sobre processo, desde que não sejam contrárias às normas gerais (instituídas na Lei 
9.099), e, nessa hipótese, não há como se negar à lei estadual o caráter de fonte do 
Direito Processual. 
 
d) Regimentos Internos dos tribunais => são conjuntos de normas que 
regem o funcionamento interno dos tribunais. Tais atos normativos podem conter 
normas atinentes ao procedimento. Ex:. embargos de divergência (art. 1.043, NCPC), 
cujo procedimento é o estabelecido nos RI’s do STJ e do STF. 
 
e) Princípios Gerais do Direito => são regras não escritas que se encontram 
presentes em todo o sistema, informando-o. Exs:. ‘O Direito não socorre os que 
dormem’ – primado geral presente em institutos como os da prescrição, decadência, 
preclusão; ‘O que não está nos autos não existe no mundo jurídico’ ou ‘Alegado e não 
provado é como não alegado’ – deles derivando regras como a do ônus da prova (art. 
333), a do livre convencimento motivado (art. 131) etc. 
Obviamente, não se pode esquecer que dos princípios gerais derivam os 
específicos, aplicáveis a todo o Direito Processual, inclusive o Civil, tais como: devido 
processo legal, contraditório e ampla defesa, isonomia processual e paridade de 
armas, cooperação entre as partes, da duração razoável do processo etc. 
 
f) Costumes => conduta socialmente aceita e que é realizada para criar 
uma sensação de obrigatoriedade. Ex:. por força do disposto nos arts. 282, inc. VI e 
art. 300, do CPC/73, autor e demandado devem anunciar, de maneira específica, na 
petição inicial e na contestação, respectivamente, as provas que pretendem produzir. 
Há, porém, um hábito de muitos advogados de descumprir esse comando, anunciando 
apenas que pretendem produzir ‘todos os meios de prova admissíveis no direito’. Por 
conta dessas práxis (costume), os magistrados, após o encerramento da fase 
postulatória, têm determinado às partes que especifiquem as provas que pretendem 
produzir. 
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g) Doutrina => conjunto de lições ou obras dos jurisconsultos acerca do 
Direito Processual Civil, desde os mais tradicionais aos mais de vanguarda. Exemplos: 
Moacyr Amaral Santos; Ernane Fidélis dos Santos; Athos Gusmão Carneiro; José 
Frederico Marques; Ovídio Baptista da Silva; Humberto Theodoro Jr.; Nelson Nery Jr; 
Cândido Rangel Dinamarco; Ada Pelegrini Grinover; Arruda Alvim; Sérgio Scarpinella 
Bueno; Luiz Guilherme Marinoni; Eduardo Talamini; Elpídio Donizete; Luiz Rodrigues 
Wambier; ; Marcos Vinicius Rios Gonçalves; José Carlos Barbosa Moreira; Fredie 
Didier Júnior; Alexandre Freitas Câmara; Daniel Amorim; Luiz Fux; Thereza Arruda 
Alvim Wambier etc. 
 
h) Jurisprudência => decisões reiteradas dos pretórios nacionais sobre 
idêntica matéria. É inegável a força das súmulas da jurisprudência dominante dos 
tribunais, principalmente dos superiores, que, no nosso atual sistema, são capazes de 
fazer recursos fracassarem precocemente (não tendo o seu mérito sequer apreciado 
pelo tribunal- art 557) ou terem seus méritos julgados procedentes (providos) 
monocraticamente pelo relator (art. 557, §1º-A); ou, ainda, de considerar uma causa 
com repercussão geral, para fins de conhecimento de recurso extraordinário (art. 543-
A, §3º, CPC/73) etc. 
Aliás, convém registrar que, com o novo CPC, a força dos precedentes 
jurisprudenciais ganhou maior intensidade, vez que o próprio art. 557 foi 
profundamente alterado pelo art. 932 do NCPC, que confere maiores poderes ao 
relator. Agora, este, mais do que impedir queo recurso seja julgado, está autorizado 
a indeferi-lo (o correto é dizer: negar o seu provimento), definitivamente, caso o 
mesmo esteja contrário a súmulas do STJ ou do STF, ou a acórdão proferido em 
julgamento de recursos repetitivos. 
 
 
Princípios 
Como qualquer outra ciência jurídica, o Direito Processual Civil está sujeito a 
princípios norteadores de todo o desenvolvimento da disciplina e tais primados servem 
de orientação segura a interpretação dos institutos que integram o campo de atuação 
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da ciência, sendo certo que os mais importantes princípios processuais encontram-se 
consagrados na Lei Maior, por onde iniciaremos o nosso estudo. 
 
Princípios Constitucionais do Direito Processual 
 
a) Devido Processo Legal (Due Processo f Law) 
É o princípio dos princípios, pois dele irradiam os demais, estando prescrito no 
inciso LIV do art. 5º da CF/88. 
Tem origem no Direito Inglês, especificamente na Magna Carta de 1215, do Rei 
João Sem Terra, sob a cláusula due process of law, que, traduzida pela doutrina pátria, 
significa ‘devido processo legal’. 
Surgiu como garantia de índole exclusivamente processual, assegurando aos 
jurisdicionados o trâmite de um processo conforme as regras processuais vigentes 
(devido processo legal formal). 
Mas, depois, passou a ter um aspecto de direito material, o que levou a doutrina 
a considerar a existência de um devido processo legal substancial, que deve ser 
entendido como uma garantia ao trinômio ‘vida-liberdade-propriedade’, através do 
qual se assegura que os indivíduos só sejam submetidos a leis razoáveis, as quais 
devem atender aos anseios da sociedade. Tal vertente pode ser considerada como o 
próprio princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, onde se busca a 
prevalência da solução mais justa. 
Também, sob esta vertente, deve ser entendida como a garantia de acesso à 
ordem jurídica justa (KAZUO WATANABE), no sentido de que a todos aqueles que se 
encontram numa posição jurídica de vantagem deve ser assegurada uma verdadeira, 
efetiva e justa tutela jurídica. 
 
b) Isonomia => também conhecida como paridade de armas, a isonomia 
compreende dois aspectos: 
 Formal – todos devem ser tratados com igualdade, dando-se as mesmas 
oportunidades às partes. Ex:. art. 5º, CF, e art. 139, I, NCPC. 
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 Substancial – respeita-se as diversidades entre as partes para que a 
garantia da igualdade seja mais do que formal, mas seja real ou substancial. Para 
isso, lança-se mão de uma igualdade proporcional. Ex: prerrogativas da Fazenda 
Pública (art. 183 – prazo dobrado; art. 58, §3º - honorários proporcionais; art. 496 – 
remessa necessária) e do Ministério Público (art. 180); prioridade às causas de 
pessoas maiores de 60 anos (Lei 10.173). 
O NCPC trouxe duas novidades importantes que visam garantir maior 
efetividade ao princípio da isonomia: a ordem cronológica de conclusão para que os 
juízes e tribunais profiram sentenças ou acórdãos (art. 12); e a observância aos 
precedentes judiciais, impedindo que pessoas que estejam em situações iguais 
tenham soluções diferentes 
c) Contraditório e Ampla Defesa => estão previstos no art. 5º , inciso LV, da CF 
e art. 9º, NCPC. O contraditório também deve ser estudado sob dois enfoques ou 
aspectos: 
 Jurídico – garantir o contraditório implica em dar à parte oportunidade de 
participar do processo em igualdade de condições. Dessa forma, por exemplo, se a 
uma parte foi dado o direito de juntar um documento no processo, à outra deve ser 
garantido o direito de sobre ele manifestar-se. Ou, então, se à autora deu-se o direito 
de acionar o Estado-juiz formulando suas pretensões, ao respectivo requerido deve 
ser dada oportunidade de responder aos termos da ação. 
 Político – assim como se garante o direito de participação no exercício 
das outras funções estatais (p. ex., no Legislativo, por meio do plebiscito e do 
referendo; no Executivo, por meio do orçamento parcipativo etc), garante-se pelo 
contraditório o direito do jurisdicionado de participar no processo com o fim de legitimar 
o provimento jurisdicional (isso decorre do Estado Democrático de Direito). 
A exceção é a liminar (in limine – no início do processo, antes da citação do 
réu), onde o requerido só tem a chance de participar depois que o provimento judicial 
é proferido. Nesse caso, fala-se, na verdade, da existência de um contraditório 
postergado ou diferido, já que ele só será estabelecido num momento posterior do 
procedimento. 
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Já a Ampla Defesa consagra, junto com o contraditório, o binômio 
‘ciência+participação’, na medida em que a participação oportunizada se materializará 
pela prática de atos de defesas. Portanto, não basta à parte ser ouvida, é preciso que 
se lhe garanta o direito de provar a sua tese (antítese, na verdade) por todos os meios 
e recursos de defesa. Por isso é que é ampla! 
d) Dispositivo (da Ação ou da Demanda) e Inquisitivo (ou Impulso Oficial) 
 Para assegurar a imparcialidade do juiz, a iniciativa do processo e da maioria 
da prática dos atos processuais cumpre às partes, à sua disposição, sob pena de 
contumácia. Tem previsão legal no art. 2º, NCPC. Do princípio do dispositivo derivam-
se outros como o princípio da congruência ou da adstrição da sentença ao pedido 
(arts. 141 e 492). 
 As exceções estão consagradas nos arts. 139, IV, e 297 (poder geral de 
efetivação e de cautela); art. 370 (produção de provas de ofício = interesse 
público/busca da verdade real/juiz de mero expectador à posição ativa), do que se 
conclui que o princípio do dispositivo restringe-se à propositura da ação e aos limites 
objetivos da lide, mas não à efetivação e à instrução do processo. 
 Convive o princípio do dispositivo harmonicamente com o do inquisitivo, 
principalmente porque cabe ao juiz, provocada a jurisdição, promover o andamento 
do feito (art. 2º, 2ª parte), pois é interesse do Estado a rápida solução das causas, não 
podendo ficar à mercê das partes. 
 
e) Duplo Grau de Jurisdição 
 Consiste na possibilidade de provocar reapreciação e o julgamento de matéria 
já decidida, mediante recurso, por órgão hierarquicamente superior. É com base 
nesse princípio que se estruturou o atual sistema recursal previsto no CPC, garantindo 
uma dualidade da jurisdição, em nítida observância extensiva ao princípio da 
acessibilidade ao Judiciário. Tem por fundamento a falibilidade e a má-fé do julgador, 
associado, por outro lado, ao inconformismo natural da parte vencida. O fundamento 
político assenta-se no controle interno (pelo próprio Judiciário) sobre a legalidade e a 
justiça de suas decisões. 
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Malgrado tudo isso, certo é que o juiz de 1º grau se cerca de maiores cuidados 
ao decidir por saber que sua decisão é passível de reforma pelo órgão superior. 
Dessa forma, garante-se, mediante recurso, o reexame da matéria decidida 
pelo juízo de 1º grau por órgão hierarquicamente superior, que supostamente tenderá 
a errar menos, por ser composto de vários juízes mais experientes e, para isso, 
dotados de um maior saber jurídico.O princípio do duplo grau esteve previsto expressamente apenas na 
Constituição do Império. As demais constituições, inclusive a atual, vigente, cuidaram 
tão somente de prever a existência de tribunais, dando-lhes competência recursal, 
sem garantir de forma explícita o referido princípio. 
 Em virtude dessa omissão, permitiu-se a possibilidade de o legislador 
infraconstitucional vedar ou limitar o direito de recurso em alguns casos (Exemplo: não 
cabe apelação nas execuções fiscais de valor igual ou inferior a 50 OTN’s - art. 34 da 
Lei n. 
6.830/81; não cabe recurso de despachos – art. 1.001, NCPC). 
 Mas, embora o princípio do duplo grau de jurisdição não se encontre 
expressamente previsto na Constituição Federal de 1988, é ele consectário direto do 
princípio do devido processo legal (art. 5º, inc. LIV), segundo a doutrina mais balizada. 
Por outro lado, o Código de Processo Civil, as demais leis extravagantes e as leis de 
organização judiciária o adotam como regra geral. 
 José Frederico Marques (2000, p. 5-6) sustenta a existência não do duplo grau, 
mas da pluralidade dos graus de jurisdição face à previsão constitucional dos recursos 
especial e extraordinário, cujo julgamento compete ao STJ e STF, respectivamente, 
aludindo a um suposto 3º grau de jurisdição, o que, com a devida vênia, não existe. 
 São, na verdade, juízos extraordinários, pois não reapreciam matéria de fato, 
mas tão somente matéria de direito, com o fim de velar pelo direito objetivo, garantindo 
a ordem jurídica. 
 
f) Juiz Natural 
 Previsto no art. 5º, inc. XXXVII e LIII, da CF, pelo princípio do juiz natural se 
proíbe a existência de juízo ou tribunal de exceção (instaurado especificamente para 
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o julgamento de determinadas causas ou pessoas. Ex:. Tribunal de Nuremberg que 
julgou os nazistas), garantindo ainda que ninguém seja sentenciado senão pela 
autoridade competente, ou seja, aquela investida de jurisdição, a qual é exercida pelos 
juízos concursados. 
 Esta garantia está ligada a dois aspectos: 
 Associa-se ao órgão jurisdicional => as causas devem tramitar em 
juízos competentes. A competência é preestabelecida na Constituição Federal. Por 
isso, se proíbe juízos de exceção ou ad hoc. 
 Diz respeito à pessoa do juiz => exigência de imparcialidade (ausência 
de interesse pessoal; estranho às partes) para que se tenha um processo justo. 
 
g) Inafastabilidade jurisdicional/judicial 
 Está previsto no art. 5º, XXXV, CF/88. Garante a todos o acesso ao Poder 
Judiciário, que não pode deixar de atender a quem venha a juízo deduzir uma 
pretensão, pois a jurisdição é monopólio do Estado. A partir do momento que o Estado 
trouxe para si a responsabilidade, o poder de tão-somente ele dizer o direito ao caso 
concreto, na mesma medida atraiu para si o dever de assim o faze-lo, não podendo 
se eximir de julgar em qualquer situação. 
 Essa é a inteligência dos arts. 4º, LINDB, e art. 140, NCPC, os quais 
consagram um princípio derivado, denominado de princípio do non liquet. 
 A consequência da garantia da inafastabilidade é outra garantia: a do acesso 
à jurisdição a todos quantos a invoquem, sem restrição. Havendo lesão ou ameaça 
de lesão a direito, nasce para o seu titular a pretensão de vê-lo tutelado pelo Judiciário. 
 
h) Persuasão racional do juiz ou do Livre convencimento motivado 
 Previsão no art. 93, IX, CF/88, segundo o qual todas as decisões judiciais 
deverão ser fundamentadas, sob pena de nulidade, e no art. 371 do NCPC, para quem 
o juiz apreciará livremente a prova.....mas deverá indicar os motivos que lhe formaram 
o convencimento. 
 Quanto à apreciação da prova, o sistema do livre convencimento motivado 
coloca-se como intermediário a outros dois, a saber: 
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 Sistema da livre apreciação ou da convicção íntima => o juiz tem 
ampla liberdade para decidir, convencendo-se segundo critérios de valoração íntima, 
independentemente do que consta nos autos ou de uma fundamentação de seu 
convencimento. Ex: Tribunal do Júri. 
 Sistema da prova legal ou tarifada => é justamente o oposto do 
anterior. Cada prova tem seu peso e valor preestabelecidos pela lei, ficando o juiz 
vinculado dosimetricamente às provas apresentadas. Este sistema limitava a 
liberdade de o juiz convencer-se da verdade. Ex: no Direito Romano. 
O nosso sistema, do livre convencimento motivado, dá liberdade ao juiz para 
apreciar a prova segundo critérios íntimos, mas o obriga, em contrapartida, a motivar 
as suas decisões, sem se esquecer das regras legais porventura existentes e as 
máximas de experiência, previstas nos arts. 374, IV e 375, NCPC. 
 
i) Proibição de emprego de prova obtida ilicitamente (art. 5º, LVI, CF/88) 
 O ordenamento constitucional coíbe a utilização nos autos do processo das 
provas obtidas por meio ilícito, ou seja, em violação das normas jurídicas materiais 
(ex: documento obtido mediante vício de consentimento, como coação ou estado de 
perigo; confissão obtida mediante tortura). 
 Diferente é a chamada prova ilegítima, que é aquela produzida mediante 
violação de normas processuais (ex: no depoimento pessoal, uma parte ouvir o 
depoimento da outra – art. 385, §2º, NCPC; o testemunho das pessoas incapazes, 
impedidas ou suspeitas para tanto – art. 447, §§1º, 2º, e 3º, NCPC; o testemunho de 
quem não é obrigado a depor sobre certos fatos – art. 448, NCPC). 
 Desta feita, pode-se afirmar o seguinte: 
 PROVA ILÍCITA => a mácula, a ilegalidade ocorre no momento da 
OBTENÇÃO da prova. 
 PROVA ILEGÍTIMA => a ilegalidade se dá no momento de sua 
PRODUÇÃO. 
 
Ambas, as provas ilícitas e as provas ilegítimas, são espécies de um gênero 
maior, denominado prova ilegal. 
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Mas o que a Constituição Federal proíbe é a prova cuja OBTENÇÃO tenha 
violado norma material, especialmente se corresponder a uma garantia fundamental. 
Ex: inviolabilidade de domicílio; da intimidade; do sigilo da correspondência ou de 
comunicação telefônica (sem o conhecimento de ambos interlocutores. Importante 
frisar que, se um deles tinha esse conhecimento, para o STF, a prova é lícita); em 
violação ao princípio da presunção de inocência (ninguém é obrigado a produzir prova 
contra si mesmo – ex: bafômetro, coleta de material genético para exame de DNA...). 
 Isso porque a violação de um direito material é mais grave que a violação de 
uma regra processual. Todavia, se a violação for de uma norma processual que traduz 
um direito fundamental processual, como é o devido processo legal, o contraditório e 
a ampla defesa etc, tal prova será considerada tanto quanto ilícita, sem qualquer 
possibilidade de influir sobre o convencimento do juiz. 
Por fim, há de se ressaltar que, como toda garantia fundamental, a proibição 
das provas ilícitas não é absoluta, porque pode haver necessidade de conciliá-la com 
outras garantias fundamentais da mesma grandeza. Imagine a hipótese de uma 
associação de proteção ao meio ambiente que não tem outra alternativa para proteger 
o direito ambiental senão por meio de uma prova ilícita? 
Portanto, o uso da prova ilícita poderá excepcionalmente admitido, por força do 
princípio da proporcionalidade, quando houver colisão entre o direito fundamental 
material que se deseja ver tutelado através do processo e o direito fundamentalmaterial violado pela obtenção da prova ilícita, sendo ambos igualmente dignos de 
tutela. 
j) Celeridade ou Duração Razoável do Processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88; art. 4º, 
NCPC) 
 Trata-se do mais recente princípio constitucional aplicável ao processo inserido 
na Constituição Federal, repetido no NCPC, de forma também inédita, em seu art. 4º, 
para quem “as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa”. 
 A inserção constitucional se deu por meio da EC 45/04, que, em linha ao já 
consagrado princípio do devido processo legal e seus consectários, previu, no último 
inciso do extenso rol do art. 5º, a garantia da celeridade processual, ou, simplesmente, 
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na dicção da doutrina constitucional portuguesa (cf. J.J. Gomes CANOTILHO), da 
duração razoável do processo. 
 Com este princípio visa-se assegurar um processo, cuja duração seja o 
estritamente necessário para que se possa alcançar os resultados justos visados. 
Duração esta que não significa que será mínima, pois nem sempre conduzirá a um 
resultado justo, mas uma duração razoável para se alcançar o melhor, o mais 
adequado, o mais efetivo, enfim, o mais justo resultado possível ao processo. 
 Tal princípio está estampado em vários artigos do NCPC, tais como: 
 art. 80, VII => litigância de má-fé contra quem procrastina o feito; 
 art. 143, II => responsabilidade do juiz que injustificadamente retarda a 
prática do ato que deveria praticar. 
 art. 311, I => antecipação dos efeitos da tutela contra réu que abusa do 
direito de defesa. ➢ art. 1.026, §2º => multa contra o embargante de declaração o 
opõe com o intuito de tão somente de interromper o prazo para os demais recursos 
(intuito protelatório). 
 
k) Instrumentalidade das formas 
Consiste em dar validade a ato processual que atingiu seu fim, ainda que 
praticado em inobservância à forma legal. Está previsto no art. 277, NCPC, que assim 
afirma: “quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, 
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade”. Isso porque o processo é apenas 
um meio, um instrumento, e não um fim. 
 
l) Oralidade 
 Autoriza a prática dos atos processuais na forma oral, primando pela sua 
concentração, pela imediação e identidade física do juiz, entre outras consequências 
procedimentais. 
Não é aplicado na sua inteireza no Processo Civil, principalmente no rito 
comum, diante da complacência dos magistrados em permitir que se façam 
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inquirições sem a sua intervenção. A previsão legal da conversão das alegações orais 
por memoriais escritos é outro exemplo de sua mitigação (art. 364, §2º, NCPC). 
 Esperava-se um maior prestígio ao princípio com o advento do NCPC, mas 
não é isso o que se viu, mantendo-se um processo eminentemente escrito, com alguns 
elementos de oralidade (oralidade na conciliação e mediação; a identidade física do 
juiz; redução a termo de todos os atos judiciais orais; substituição de debates orais 
por memoriais; produção de provas em audiência como regra; oitiva de perito em 
audiência para prestar esclarecimentos; não interrupção da audiência como regra, 
bem como a sentença proferida em audiência). O rito sumaríssimo, previsto na Lei n. 
9.099/95 (Lei que instituiu os Juizados Especiais Cíveis Estaduais), é que adotou 
verdadeiramente tal princípio. 
 
m) Publicidade 
 
 Previsto no art. 93, IX, da CF, e no art. 189 do NCPC, consiste na garantia 
fundamental de tornar públicos todos os atos judiciais. 
 É, portanto, um instrumento de proteção das partes contra juízos arbitrários e 
secretos, bem como de fiscalização popular aos atos judiciais, tendo, assim, 2 
dimensões: uma interna – publicidade para as partes; e outra externa – publicidade 
para terceiros, salvo quando a defesa da intimidade ou o interesse social exigir a 
restrição da publicidade apenas à interna. 
 Tais exceções estão mais bem descritas nos incisos I a IV do art. 189 do 
NCPC, exigindo, portanto, que o processo corra em segredo de justiça nas seguintes 
situações: 
 processos que exigir interesse público ou social; 
 processos que dizem respeito a casamento, separação de corpos, 
divórcio, separação (acabou com a EC66/10), união estável, filiação, 
alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
 processos em que constem dados protegidos pelo direito constitucional 
à intimidade; - processos que versem sobre arbitragem, inclusive sobre 
cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada 
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na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Em tais casos, 
restringe-se às partes e seus procuradores o direito de consultar os 
autos e de pedir certidões (§1º), podendo o terceiro juridicamente 
interessado obter certidão do dispositivo da sentença mediante 
requerimento (§2º). 
n) Boa-fé processual 
 
 Previsto no art. 5º, NCPC, tal princípio impõe a todo aquele, que de qualquer 
forma participa do processo, o dever de comportar-se de acordo com a boa-fé. 
Portanto, trata-se, na verdade, de uma regra de conduta que se aplica não apenas às 
partes, mas aos seus advogados, e até ao juiz e aos auxiliares da justiça. 
 Apesar de não ter previsão constitucional, a maioria dos autores, com apoio 
do STF, vê no princípio do devido processo legal o seu fundamento constitucional, vez 
que esta cláusula geral exige um processo leal, ético e pautado na boa-fé (criou-se, 
inclusive, a expressão: devido processo leal). 
 O desrespeito ao princípio traduz-se em ilícito processual, combatido 
severamente pelo legislador com sanções do tipo condenação em litigância de má-fé 
(arts. 79 a 81); responsabilidade civil do juiz (art. 143, I), do escrivão e do oficial de 
justiça (art. 155), do intérprete (art. 164); do advogado (art. 32 do Estatuto da OAB); a 
condenação em ato atentatório à dignidade da justiça (ao devedor que pratica 
quaisquer atos previstos no art. 774; e às partes que não comparecem 
injustificadamente na audiência de conciliação ou mediação, cf. §4º do art. 334); a 
tutela de evidência quando o réu abusar do direito de defesa 
(art. 311, I); etc. 
 
o) Princípios inéditos no NCPC 
 
1) Princípio da Eficiência 
Corolário do devido processo legal (pois não se concebe como devido um 
processo ineficiente) e já previsto no art. 37 da CF, o qual também se dirige ao Poder 
Judiciário, este princípio foi inserido no NCPC, pelo legislador de 2015, no art. 8º, o 
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qual estabelece que o juiz, ao aplicar o ordenamento jurídico, deverá observar, dentre 
outros princípios, a eficiência. Ou seja, deve haver uma condução eficiente do 
processo pelo órgão jurisdicional, não só no sentido de que a prestação jurisdicional 
deve ser encarada como um serviço público, e, como tal, deve ser gerido e entregue 
com eficiência (consoante o art. 37 da CF), mas também segundo a velha ideia de um 
processo que prima pela economia processual, ou seja, deve-se dar o máximo 
resultado na atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades 
processuais. 
Dessa forma,o processo deve perseguir a justiça de modo satisfatório, 
utilizando-se, para tanto, dos meios mais rápidos, seguros e econômicos, evitando o 
dispêndio exagerado de tempo e dinheiro na prática dos atos processuais. 
Exemplos/aplicações do princípio: 
1) poder geral de efetivação => para entregar a tutela específica das 
obrigações de fazer e não fazer, o juiz pode aplicar a medida de efetivação que julgar 
mais adequada para satisfazer o direito do autor (art. 536, §1º); 
2) limite de prazo para a suspensão do processo (art. 313, §4º); 
3) reunião de causas conexas ou não (art. 55, §§1º e 3º); 
4) litisconsórcio => mais de uma pessoa litigando contra o mesmo autor ou 
réu (art. 113); 5) nulidades processuais => possibilidade de sanar vício suprível (art. 
288). 
 
2) Princípio da Efetividade 
 Também decorrente do devido processo legal, o princípio da efetividade 
garante o direito fundamental à tutela executiva, ou seja, à satisfação de um direito já 
reconhecido. Afinal, não basta “ganhar”; para o processo ser devido, é preciso 
também “levar”. 
 Todavia, não pode ser confundido com o princípio anterior (da eficiência), pois 
“efetivo é o processo que realiza o direito afirmado e reconhecido judicialmente; 
eficiente é o processo que atingiu esse resultado de modo satisfatório” (DIDIER JR, 
2015, p. 103). 
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 O princípio da efetividade está previsto no NCPC, em seu art. 4º, para quem 
“as partes têm o direito (...) a atividade satisfativa”. Tal entendimento já era reforçado 
pelo conhecido princípio da inafastabilidade jurisdicional, que garante não apenas, 
formalmente, o acesso à justiça, mas também a obtenção de uma tutela jurisdicional 
tempestiva, adequada, eficiente e efetiva. 
 
3) Princípio da Adequação 
Corolário dos princípios do devido processo legal, da inafastabilidade 
jurisdicional e até da efetividade, o princípio da adequação exige que tanto o 
legislador, ao prever as regras processuais (in abstrato), quanto o juiz, ao entregar a 
tutela jurisdicional (in concreto), deverão adotar o procedimento, a técnica mais 
adequada para a realização do direito material. 
A doutrina leciona que tal princípio revela-se em 3 aspectos: 
 Subjetivo => o processo deve ser adequado aos sujeitos processuais. 
Exemplos: intervenção obrigatória do MP em processos que envolvam 
interesse de incapaz – art. 178, II; diferenciação de regras de 
competência em razão do pessoal, como a regra do domicílio do 
alimentando para as ações de alimentos, ou da previsão de uma Justiça 
Federal para as causas que envolvem entes públicos federais – art. 53, 
II, NCPC e art. 109, I, CF, respectivamente; prazos processuais 
especiais para entes públicos – art. 183; etc. 
 Objetivo => adéqua-se o processo a um tipo ou outro de procedimento 
de acordo com a natureza do direito litigioso (ações possessórias; ação 
de alimentos; busca e apreensão em alienação fiduciária etc), com a 
evidência do direito litigioso (mandado de segurança; ação monitória; 
tutela de evidência do art. 311), ou com a sua urgência (tutelas de 
urgência – arts. 300 a 310). 
 Teleológico => a adequação se faz a depender dos objetivos que se 
quer, com o processo, alcançar. Exemplos: um tipo de processo ou de 
procedimento a depender da tutela pretendida (de conhecimento, de 
execução ou cautelar); procedimento sumaríssimo para alcançar os 
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propósitos de duração razoável do processo e efetividade que impõe a 
lei nos Juizados. Especificamente quanto à aplicação do princípio pelo 
juiz no caso concreto, também conhecido como princípio da 
adaptabilidade ou da elasticidade, são exemplos: 
 art. 139, VI => o juiz pode dilatar prazos processuais e alterar a ordem 
de produção de provas de acordo com as peculiaridades do caso; 
 art. 373, §1º => redistribuição judicial do ônus da prova; 
 arts. 355 e 356 => encurtamento do rito com o julgamento antecipado do 
mérito; 
 art. 334, §4º, II => não realização da audiência de conciliação ou 
mediação se a causa não admitir a autocomposição; etc. 
 
Portanto, desde que o juiz garanta sempre o contraditório, evitando surpresas 
às partes com a alteração do procedimento, certo é que a flexibilidade procedimental 
às exigências da causa é fundamental para que mais facilmente o processo alcance 
os seus fins (DIDIER JR, 2015, p. 119). 
 
4) Princípio da Cooperação 
Embora já tenhamos visto os princípios do dispositivo e do inquisitivo 
separadamente, certo é que estes estão diretamente relacionados com o que o Novo 
Código de Processo Civil chama de princípio da cooperação. 
Isso porque sempre convivemos, no mundo ocidental, com dois tipos de 
modelos de processo: o modelo dispositivo, intimamente ligado à atribuição de 
poderes às partes; e o modelo inquisitivo, o qual confere poderes ao juiz. 
Todavia, tem sido cada vez mais difícil identificar, principalmente no Brasil, qual 
dos dois modelos é adotado, uma vez que ora a lei confere poderes às partes, como, 
por exemplo, de instaurar o processo e fixar o seu objeto, ora ao juiz, ao investi-lo de 
poderes instrutórios. Em razão disso, tem-se falado que o direito processual brasileiro 
adota o modelo cooperativo, segundo o qual se espera que todos os sujeitos do 
processo, tanto as partes quanto o juiz, devem cooperar entre si para que se obtenha, 
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em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Estas são as palavras descritas 
no art. 6º, do NCPC. 
Percebe-se que não há uma condução do processo só a cargo das partes, 
tampouco só do juiz, que, tendo o contraditório, a boa fé e o devido processo legal 
como bases, comparticipam de todos os atos praticados do processo. 
Vê-se que o Estado-juiz adota dupla posição no processo: paritária, com 
diálogo e equilíbrio na condução e cognição do processo (modelo dispositivo); e 
assimétrico e imparcial no momento da decisão do processo (modelo inquisitivo). 
O princípio aplica-se às partes no que se refere aos seus deveres de 
esclarecimento (os demandantes devem redigir suas demandas com clareza e 
coerência, sob pena de inépcia), de lealdade e de proteção (não pode a parte causar 
danos à outra). Já quanto ao juiz o princípio se revela, por exemplo, no dever também 
de ser claro e preciso ao fundamentar suas decisões, ou, antes de indeferir um ato, 
tirar dúvidas ou buscar esclarecimentos junto à parte; agir com lealdade e boa-fé; e 
até o dever de consulta, de informar as partes antes de decidir (art. 10); e de 
prevenção, apontando deficiências nas postulações às partes, para que possam ser 
supridas (ex: arts. 76; 321; 932, par. único; 1.017, §3º; 1.029, §3º). 
 
5) Princípio do Respeito ao Autorregramento da Vontade no Processo 
 
Originado no direito fundamental à liberdade e à dignidade da pessoa humana, 
o direito ao autorregramento da vontade (ou simplesmente, a autonomia da vontade) 
consiste no direito que todo indivíduo possui de regular juridicamente os seus 
interesses, de fazer as próprias escolhas. 
Obviamente que este princípio não tem a mesma dimensão e extensão no 
direito processual civil como tem no direito civil, uma vez que naquele há a presença 
pública do Estado nas relações, o que significa que a negociação processual é mais 
regulada e o seu objeto mais restrito. 
A liberdadeou a autonomia da vontade no processo tem sido cada vez mais 
difundida pois a liberdade é um dos alicerces do Estado Democrático de Direito, não 
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se concebendo um processo devido em que a liberdade da vontade de seus 
participantes é hostilizada, prevalecendo a arbitrariedade. 
É possível a convivência harmoniosa entre processo e liberdade, sem que com 
isso se admita a adoção de um modelo predominantemente dispositivo (ampla 
liberdade às partes para dispor dos atos processuais, figurando o juiz como mero 
expectador). Existe a liberdade de negociar acerca do processo, porém limitada. A 
própria lei cuida de estabelecer os seus limites, como, por exemplo, no art. 190 do 
NCPC, que prevê tal iniciativa apenas às partes plenamente capazes e que estejam 
discutindo direitos que admitam autocomposição. 
São exemplos de aplicação deste princípio: 
 a autocomposição, sobre a qual hoje se estrutura o sistema processual 
civil brasileiro (arts. 3º, §§2º e 3º; arts. 165 a 175; arts. 334 e 335); 
 delimitação do objeto do processo (art. 141 e 490) e do recurso (arts. 
1.002 e 1.013) pela vontade da parte; 
 negócios processuais típicos, como eleição de foro (art. 63), negócio 
tácito de que a causa tramita em juízo relativamente incompetente (art. 65); calendário 
processual (art. 191); acordo para a suspensão do processo (art. 313, II); adiamento 
negociado da audiência (art. 362, I); etc. 
 cláusula geral de negociação processual do art. 190 (subprincípio da 
atipicidade da negociação processual) – as partes, desde que capazes e o direito 
admitir autocomposição, poderão negociar mudanças no procedimento para ajustá-lo 
às especificidades da causa; 
 consagração do princípio da cooperação (art. 6º); 
 o prestígio à arbitragem, cujo processo é totalmente negociado. 
 
6) Princípio da Primazia da Decisão de Mérito 
 
 Segundo este princípio, o juiz deve priorizar a entrega da decisão de mérito. 
Nos termos do art. 4º do NCPC, a parte tem o direito à solução integral do mérito, seja 
da demanda principal, incidental ou da demanda recursal. 
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 São exemplos: 
 art. 6º, que diz que todos os sujeitos devem cooperar para que se 
obtenha decisão de mérito justa e efetiva; 
 art. 139, IX: o juiz tem o dever de determinar o suprimento dos 
pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; 
 art. 282, §2º: o juiz deverá ignorar os defeitos processuais, se a decisão 
de mérito não prejudicar aquele que se beneficiaria com o 
reconhecimento da nulidade; 
 art. 321: quando a petição inicial contiver defeitos corrigíveis, não deverá 
o juiz indeferí-la sem antes dar oportunidade ao autor de corrigí-la em 
15 dias; etc. 
 
7) Princípio da Proteção da Confiança 
Trata-se da versão subjetiva do princípio da segurança jurídica, ou seja, o 
direito que a parte tem de poder confiar nos atos jurisdicionais, sob a premissa de 
estes são praticados segundo um devido processo legal, não podendo o Estado trair 
tal confiança. 
Exemplos: 
 o dever de o tribunal uniformizar a sua própria jurisprudência; 
 o dever de o tribunal modular os efeitos de decisão que altera 
jurisprudência consolidada, resguardando posições jurídicas de quem 
havia confiado no entendimento que até então prevalecia; 
 sistema de invalidades processuais, que dificulta a decretação de 
invalidades ou limita temporariamente os seus efeitos, preservando 
alguns efeitos do ato invalidado; 
 o órgão jurisdicional adotar “regras de transição” para minimizar o 
impacto da quebra da confiança (exemplo clássico aconteceu no 
julgamento do RE n. 631.240 MG, que o STF regulou a transição para 
aqueles que não haviam requerido administrativamente benefício 
previdenciário antes do julgamento desta matéria); etc. 
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JURISDIÇÃO 
 
Introdução e conceito 
 
 Sabe-se que o Estado, com o fim da monarquia absolutista, em pleno 
Iluminismo, se estruturou e se modernizou, consagrando a já aristotélica tripartição 
dos poderes, por meio dos quais o Estado exerce as funções legislativa (responsável 
pela estruturação da ordem jurídica pela elaboração das leis), administrativa (cujo 
papel é o de aplicar a lei na busca do bem comum/coletivo) e jurisdicional (a qual faz 
atuar a vontade da lei no caso concreto, solucionando as lides). 
 A função jurisdicional difere da legislativa, na medida em que esta é anterior 
ao caso concreto, sendo exercida para prever casos ou situações gerais e abstratas; 
também difere da função administrativa em que pese esta última não ser substitutiva 
à vontade das partes, mas sim de iniciativa do próprio Estado na tutela do bem estar 
social mediante a aplicação de programas e ações de governo. 
 Jurisdição, etimologicamente, significa dizer o direito. É, portanto, “a função 
pela qual o direito é aplicável ao caso concreto”. Não obstante tal conceituação, há 
quem também a identifique à atividade ou ao próprio poder estatal de decidir os litígios 
(Poder Judiciário). Neste último aspecto, a jurisdição, por ser um monopólio estatal, 
equivale também a um dever, já que o Estado não pode se eximir de solucionar ou de 
compor as lides que porventura os indivíduos da sociedade, os quais estão proibidos 
de exercer a autotutela ou a justiça privada, possam estar envolvidos. 
 
Características 
 
A jurisdição caracteriza-se pela: 
 
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a) substitutividade => o Estado substitui as partes e soluciona o conflito, 
por conta do monopólio da atividade jurisdicional. Ou seja, o Estado cumpre a lei no 
lugar das partes, que não a observaram espontaneamente. 
 
b) definitividade ou imutabilidade => em nome da segurança jurídica, as 
decisões judiciais tendem, em regra, a se tornarem imutáveis, passíveis apenas de 
ação rescisória. Já as decisões administrativas, em regra, são modificáveis, podendo 
ser revistas pelo Judiciário, exceto aquelas fundadas em juízo de conveniência e 
oportunidade (mérito administrativo). 
c) inércia => a atividade jurisdicional deve ser provocada pela parte, pois 
se trata de uma atividade desinteressada, imparcial e equidistante dos interesses das 
partes. Apesar de o art. 2º confirmar esse entendimento ao dizer que “o processo civil 
começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções 
previstas em lei”, há exceções ao princípio do dispositivo ou da inércia jurisdicional, 
como na a execução da sentença que condena em obrigação de fazer, não fazer ou 
entrega de coisa distinta de dinheiro (arts. 536 e 538); na arrecadação dos bens do 
ausente (art. 744) e na arrecadação dos bens do falecido no caso de herança jacente 
(art. 738); em alguns incidentes processuais, como o incidente de resolução de 
demandas repetitivas (art. 976), conflito de competência (art. 951) e incidente de 
arguição de inconstitucionalidade (art. 948). 
 
d) instrumentalidade => através da atividade jurisdicional é possível impor 
os comandos legais violados, ou seja, é um instrumento da sanção. 
 
e) presença da lide => a existência de uma lide pressupõe a existênciada 
jurisdição, pois que seu objetivo é justamente por fim aos conflitos de interesses 
surgidos entre as partes. Hélio Tornaghi e Alexandre Câmara entendem que a lide 
não é elemento essencial à jurisdição, mas sim a pretensão, pois que há casos em 
que o Estado é chamado a atuar sem que tenha havido litígio. Exemplo clássico é a 
ação de divórcio consensual, feito no Judiciário, quando há filhos menores. 
 
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Princípios da jurisdição 
 
A jurisdição é também informada por alguns princípios, dentre os quais se 
destacam: 
 
a) investidura => a jurisdição só pode ser exercida por quem o Estado 
investiu de poder para tanto (os juízes concursados). 
 
b) aderência ao território ou territorialidade => o juiz deve exercer a função 
jurisdicional dentro de certo território definido pela lei (tem a ver com competência, ou 
seja, com limites da jurisdição, que estudaremos mais adiante). 
 
c) indelegabilidade => as atribuições jurisdicionais só podem ser exercidas 
pelos órgãos judiciais, não podendo ser delegadas a outrem. 
IMPORTANTE: a carta de ordem (ato de comunicação de uma parte, que esteja 
fora dos limites da jurisdição onde se processa o feito, dirigida a um juiz ou tribunal 
subordinado àquele de que ela emanar) ou a carta precatória (endereçada a outro 
órgão judiciário do país, entre os quais não há relação hierárquica) não contraria este 
princípio, pois que não se trata de delegação de jurisdição, mas, sim, de competência. 
 
Parte da doutrina entende que a arbitragem configura uma espécie de 
delegação do exercício da jurisdição estatal a particulares (árbitros) pela vontade das 
partes e autorização legisltativa. 
No entanto, há entendimento no sentido de que a arbitragem se enquadra no 
que Carnelutti chamou de equivalentes jurisdicionais (expressão utilizada na doutrina 
pátria por Alexandre Câmara, Dinamarco etc), pois, apesar de ser proferida uma 
sentença, compondo o litígio entre as partes, o árbitro não tem o poder jurisdicional 
de executá-la, tarefa esta exclusiva do Estado. 
 São considerados equivalentes jurisdicionais todos os outros meios 
alternativos de solução dos litígios fora da jurisdição estatal, como: 
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 autotutela => é a solução do litígio pela força (justiça privada) por um dos 
litigantes. A princípio, é proibida, mas há resquícios da autotutela no nosso atual 
ordenamento jurídico (desforço imediato, legítima defesa e a greve). 
 
 autocomposição => solução dada pelos próprios litigantes que abrem 
mão total ou parcialmente de seu direito em favor do outro (e não pela força). 
Pode haver ou não interferência de terceiros. Se houver, como no caso da 
mediação ou da conciliação, o terceiro (mediador, conciliador ou juiz) apenas sugere 
a solução, que continua sendo dada pelas partes. A autocomposição se subdivide em 
2 espécies: 
 transação ou acordo => a solução é dada pela partes que estabelecem 
concessões mútuas ou recíprocas, cada qual abrindo mão de parte do seu direito a 
favor da outra. Pode ser dentro ou fora do juízo (judicial ou extrajudicial); 
 submissão => há verdadeira abdicação espontânea do direito, o qual 
poderá ser feita em juízo (renúncia, se autor; ou reconhecimento do pedido, se réu). 
 
 tribunal administrativo => solução dada por um terceiro, mas de caráter 
administrativo, sem cunho jurisdicional (não opera coisa julgada, passíveis de controle 
externo). Ex: Tribunal Marítimo; Tribunal de Contas; Agências Reguladores; CADE 
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 
 
 arbitragem => diferentemente da mediação, o terceiro escolhido pelas 
partes, conhecido como árbitro, soluciona o litígio, proferindo uma decisão a que as 
partes deverão se sujeitar. 
 
A arbitragem foi adotada no Brasil pela Lei n. 9.307/96, recentemente alterada 
pela Lei n. 13.129/15, e é constituída pela chamada convenção de arbitragem, onde 
as partes pactuam, por força da previsão em contrato da cláusula compromissória, a 
arbitragem como meio de solução de conflitos que porventura sobrevierem sobre o 
negócio jurídico ali avençado, abrindo mão da jurisdição estatal (há quem defenda a 
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inconstitucionalidade desta lei por ferir os princípios do acesso ao Judiciário e do juiz 
natural – art. 5º, incisos XXXIV e LIII, CF/88). Caso o conflito de fato ocorra, tais partes 
firmarão o compromisso arbitral. 
Segundo a Lei 9.307, a decisão do árbitro é uma sentença, contra a qual não 
cabe qualquer recurso (salvo ação anulatória, num prazo de até 90 dias após sua 
publicação, caso tenha sido dada com vício), e nem pode ser rediscutida no Judiciário, 
a quem cabe tão somente executá-la, já que ao árbitro carece apenas do poder 
executar suas próprias decisões. 
Por fim, convém lembrar também que o árbitro deverá ser pessoa física e 
capaz; e que a arbitragem só se dá entre pessoas capazes que estejam litigando 
direito disponível. 
Para a maioria da doutrina, a arbitragem é jurisdição, porém não delegada pelo 
Estado, mas escolhida pelas partes e autorizada pela lei, e não equivalente 
jurisdicional. 
 
d) inevitabilidade => independentemente da vontade das partes, a 
jurisdição deve alcançar o seu fim, qual seja, o de compor o litígio, sujeitando-as à 
decisão. A autoridade das decisões se impõem, independentemente da aceitação dos 
seus destinatários, pois se trata de um ato emitido por um poder soberano do Estado. 
 
e) indeclinabilidade => com o monopólio estatal da jurisdição, os órgãos 
judiciais têm a obrigação de prestar a tutela jurisdicional quando invocada, não lhe 
sendo mera faculdade. O juiz não pode deixar de julgar alegando omissão na lei (art. 
5º, XXXV, CF – princípio da inafastabilidade da jurisdição; e art. 140, NCPC - princípio 
do non liquet). Para tanto, ele dispõe dos meios integrativos (costumes, analogia e 
princípios gerais do direito – art. 4º, LINDB). 
 
f) improrrogabilidade => a função jurisdicional, delimitada segundo a 
organização judiciária brasileira, não pode ser alterada pelo legislador ordinário. 
 
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Poderes da jurisdição 
 
Por outro lado, são poderes da jurisdição: 
 
a) conhecimento (notio, cognitio) => implica no poder de conhecer, 
investigar, instruir. Ou seja, compreende o poder atribuído aos órgãos jurisdicionais 
de conhecer dos litígios, de prover a regularidade do processo, de investigar a 
presença de pressupostos de existência e de validade da relação processual, das 
condições da ação e de recolher o material probatório. 
 
b) chamamento (vocatio) => consiste no poder de convocar, de fazer 
comparecer em juízo todos aqueles cuja presença seja necessária ao regular 
desenvolvimento do processo. Faz-se mediante os atos de comunicação (citação, 
intimação etc). 
 
c) coerção (coertio, coercitio) => também conhecido como poder de polícia, 
abrange o poder de utilização de medidas coercitivas a fim de que se observe o regular 
desenvolvimento do processo. Ex: aplicação de multas (astreintes) por atraso no 
cumprimento da decisão; retirar alguém da sala de audiência etc. 
 
d) julgamento(juditio) => engloba o poder de julgar, o poder de concretizar 
a vontade da lei diante de um conflito de interesse ou de definir o direito a partir de 
uma situação de controvérsia. Ao decidir, o juiz deve observar as seguintes regras: 
d.1) o juiz é obrigado a decidir, ainda que a lei for omissa – art. 140, NCPC e 
art. 4º, LINDB (princípios da inafastabilidade da jurisdição e do non liquet; e princípios 
da indeclinabilidade da jurisdição); 
d.2) o juiz deve, a princípio, observar a lei – interpretação a contrário do art. 
4º, LINDB; 
d.3) excepcionalmente, apenas nos casos previstos em lei, o juiz julgará com 
equidade – parágrafo único do art. 140. Exemplos: art. 85, §8º (valor dos honorários 
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por apreciação equitativa); art. 723, parágrafo único (o juiz não é obrigado observar a 
legalidade estrita nos feitos de jurisdição voluntária); 
d.4) o juiz decidirá a lide nos limites do pedido do autor (a sentença tem que 
ser congruente, adstrita ao pedido) – arts. 141 e 490; 
d.5) o juiz pode decidir prejudicando as partes quando estas agem com 
fraude – art. 142; 
d.6) o juiz decide de acordo com o seu livre convencimento, mas deve 
motivá-lo – art. 371. 
 
e) execução (executio) => consiste no poder de cumprir o definido em 
decisão judicial e realizar/concretizar no mundo dos fatos o comando judicial. A melhor 
e mais moderna doutrina tem lembrado do chamado poder geral de efetivação do juiz, 
que poderá, de ofício, determinar medidas coercitivas (astreintes, por exemplo) em 
nome do princípio da efetividade processual. 
f) poder geral de cautela (nem sempre lembrado pela doutrina) => poder 
de adotar medidas de cautela sobre o bem, objeto da demanda, quando houver 
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação pela demora do processo 
(arts. 297 e 301). 
 
Espécies de jurisdição 
 
Por fim, calha lembrar que a jurisdição pode ser voluntária, cujo procedimento 
está previsto nos arts. 719 a 770, NCPC; ou contenciosa. 
A jurisdição voluntária, também conhecida como jurisdição graciosa ou 
administrativa, é aquela exercida inter volentes, isto é, entre pessoas que não estão 
litigando, mas que têm interesses comuns. 
Segundo a doutrina majoritária, que se filia à teoria clássica ou administrativista, 
a jurisdição voluntária não é jurisdição, mas apenas uma administração judicial de 
interesses privados, já que a autoridade judicial intervém não para compor um litígio, 
pois que este nem sequer existe, mas, sim, para dar validade, chancelar, homologar 
um ato ou negócio jurídico firmado pelas partes. 
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Já a jurisdição contenciosa, ou jurisdição propriamente dita, pressupõe um 
litígio (contenda) a ser resolvido pelo Estado. 
Todavia, convém notar que pequena parcela da doutrina (como Dinamarco, 
Ovídio Baptista, entre outros) filia-se a teoria revisionista, segundo a qual será 
considerada jurisdição sempre que o juiz aprecia um caso concreto, decidindo-o 
(aplicando a lei) ou simplesmente homologando-o. 
Apesar das divergências, pode-se resumir as diferenças entre jurisdição 
contenciosa e jurisdição voluntária através do seguinte paralelo: 
 
CONTENCIOSA VOLUNTÁRIA 
Lide Interesses comuns 
Ação Requerimento 
Partes Interessados 
Contraditório Sem contraditório 
Processo Procedimento 
Sentença Decisão homologatória 
Coisa julgada Sem Coisa julgada 
Atividade Jurisdicional Atividade administrativa 
 
Daí, conclui-se que atividade judicial é o gênero, das quais são espécies as 
atividades jurisdicional, exercida no âmbito da jurisdição contenciosa, e administrativa, 
exercida no âmbito da jurisdição voluntária. 
 
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO PODER JUDICIÁRIO 
 
O Poder Judiciário do Brasil é o conjunto dos órgãos públicos ao qual a 
Constituição Federal brasileira atribui a função jurisdicional, ou seja, de solucionar as 
lides que lhes são encaminhadas. 
O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 96 a 
126. 
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Em geral, os órgãos judiciários brasileiros exercem dois papéis. O primeiro, do 
ponto de vista histórico, é a função jurisdicional, também chamada jurisdição. Trata-
se da obrigação e da prerrogativa de compor os conflitos de interesses em cada caso 
concreto, através de um processo judicial, com a aplicação de normas gerais e 
abstratas. O segundo papel é o controle de constitucionalidade. 
O exercício da jurisdição, assegurado constitucionalmente, é disciplinado por 
vários princípios, balizas doutrinárias, conexões com a principiologia processual, 
ligações com a Teoria do Estado, mas também deve ser regrado de ponderações de 
ordem mais praticista, fundadas na ordem jurídica constitucional vigente. 
É com este escopo que se organiza uma espécie de “esquema” de 
apresentação do exercício da jurisdição no Brasil, indo do STF até o juiz estadual de 
primeira instância. 
Os órgãos judiciários brasileiros podem ser classificados quanto ao número de 
julgadores (órgãos singulares e colegiados), quanto à matéria (órgãos da justiça 
comum e da justiça especial) e do ponto de vista federativo (órgãos estaduais e 
federais). 
Um Tribunal Regional Federal é órgão colegiado, enquanto que um Juiz 
Federal é considerado órgão singular. Da mesma maneira, o Tribunal de Justiça de 
um estado é órgão colegiado, sendo o Juiz de Direito um órgão singular. 
Os Tribunais e Juízes estaduais, os Tribunais Regionais Federais e os Juízes 
Federais são considerados órgãos de justiça comum. Já os Tribunais e Juízes do 
Trabalho, Eleitorais e Militares formam a justiça especial, por decidirem sobre matérias 
específicas de cada área de atuação. 
Por fim, os juízes de 1º grau estão distribuídos em comarcas (de diferentes 
entrâncias – aqui em Goiás, as maiores são de 3ª entrância; as médias são de 2ª; e 
as menores são de 1ª; havendo aquelas, ainda, que de tão pequenas são respondidas 
por outra, por região), se tratar de justiça estadual; ou seções judiciárias, se justiça 
federal, os quais costumam coincidir com as comarcas. 
Segue abaixo um organograma para ilustrar melhor a estrutura do Poder 
Judiciário brasileiro: 
 
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Supremo Tribunal Federal (STF) 
 
Trata-se do tribunal eminentemente “constitucional” na sistemática jurisdicional 
pátria, responsável pelo julgamento dos casos mais notórios de eventuais ofensas à 
Constituição Federal. 
O STF não é uma Corte só de controle e guarda da Constituição, uma vez que, 
na estrutura pátria, também se vê às voltas com o julgamento de recursos 
extraordinários (controle constitucional difuso), conflitos de competência entre 
tribunais, conflito entre Estado estrangeiro e a União, a revisão criminal de seus 
julgados, dentre outras matérias nas quais o foco não é um julgamento apenas de 
ordem constitucionalista mas que são abordadas matérias constitucionais. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) é o guardião da Constituição Federal. 
Competelhe, dentre outras tarefas, julgar as causas em que esteja em jogo uma 
alegada violação da Constituição Federal, o que ele faz ao apreciar uma

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