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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA DISCIPLINA DE LEGISLAÇÃO E ÉTICA Através deste texto vamos começar a trabalhar a discussão teórica sobre Moral e Ética. ÉTICA E MORAL Qual a diferença entre moral e ética? Em primeiro lugar, observe a origem das palavras: - Ética vem do grego ethos, e significa hábito, modo, ser ou carácter. - Moral vem do latim mores e significa hábito, costumes. Ou seja, do ponto de vista puramente filosófico não haveria motivo para se distinguir as duas expressões (a não ser, é claro, que se faça estudos muito precisos e se estude a diferença entre o significado de ethos para gregos e morus para os latinos). Fato é que mesmo no mundo filosófico existe um certo caos terminológico neste respeito. Isto ocorre especialmente na tradição teológica: o que os protestantes chamam de ética, os católicos chamam de moral. Em geral, procura-se seguir a seguinte distinção: enquanto a moral é uma ciência descritiva (descreve como os seres humanos de uma determinada cultura de fato agem) a ética é normativa (determina como eles deveriam agir). Dando um exemplo: sair nu pela Rua da Praia (RUA MOVIMENTADA EM PORTO ALEGRE). Em geral não se faz isso, mas não é antiético, afinal, não se está fazendo mal a ninguém! Mas observe: nem todos os filósofos fazem tal distinção: o grande Kant, por exemplo, tende a usar a moral no sentido como aqui explico como ética! Portanto: sempre observe de quem se está a falar. Além disso, as coisas não são tão fáceis como na distinção proposta: o que em geral não se faz numa sociedade pode ser prejudicial e assim talvez automaticamente antiético (a nudez na Rua da Praia poderia estar pervertendo adolescentes, levando-os para um mau caminho, por exemplo, e isto já seria antiético). Além disso, chama-se ética, em geral, diferindo novamente da moral, a ciência que trata apenas do conhecimento natural (não aquele revelado por Deus na Bíblia) sobre o Bem e o Mal. Ou seja, um ateu deveria por si só, sem crer na Bíblia, saber o que é Bem e o que é Mal. A ética se basearia, portanto apenas na capacidade individual e natural da razão. Por conceito: moral é um conjunto de regras, valores, proibições e tabus, impostos de fora (pela política, costumes sociais, religião e as ideologias); de acordo com o dicionário Aurélio (2005,p.604), moral é o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada, baseadas na noção de bem e de mal. Dando um exemplo: um ato Moral - celebração de casamento; parar na faixa de pedestres; a Moral está diretamente ligada aos costumes. Além da Moral, temos também ato Amoral e Imoral. - Amoral – fato neutro que não afeta a vida de outras pessoas. Dando um exemplo: o ato de tomar banho; andar na rua; ir ao supermercado. - Imoral – têm-se o conhecimento da moral, mas faz-se o contrário. Dando um exemplo: relação incestuosa; andar sem roupa na rua; desviar dinheiro público. Por conceito: a ética implica sempre uma reflexão teórica sobre qualquer moral, uma revisão racional e crítica sobre a validade da conduta humana. Assim, a ética faz com que os ideais e valores provenham da deliberação própria do homem. É a ciência que estuda os juízos morais referentes à conduta humana, virtude caracterizada pela orientação dos atos pessoais segundo os valores do bem e da decência pública; é o conjunto de normas no qual o ser humano deve seguir para ser respeitado na sociedade. Relação Indivíduo Sociedade É preciso haver o comportamento moral para se chegar à Ética, pois a Ética não cria a moral, nem estabelece seus princípios, ela já encontra a realidade moral vigente. O comportamento moral, muda com o passar dos anos, com a sociedade. O que é aceito hoje, pode não ter sido há 30 anos, ou no século passado. Dando um exemplo de Importância da percepção Ética: quando se classifica um sujeito ou organização como “Ética”, significa dizer que possui qualidades como: integridade e seriedade. E o que é ser integro? É um sujeito de bem, de caráter, confiável, uma pessoa de “boa vontade”. Isso vai qualificar a essa pessoa/organização a ter maior credibilidade, respeito e confiança por parte da sociedade. Da mesma forma se houver uma classificação de “falta de ética, antiético”? Falta de credibilidade, distanciamento, repúdio, desconfiança. O que são normas morais? As normas morais são regras de convivência social e obedecem sempre três princípios: auto-obrigação, universalidade, incondicionalidade; Estas são sempre importantes, mesmo que não efetivamente cumpridas. As normas morais são regras de convivência social ou guias de ação, porque nos dizem o que devemos ou não fazer e como o fazer. As normas morais obedecem sempre ao três princípios: São sempre caracterizadas por uma auto-obrigação, ou seja, valem por si mesmas independentemente do exterior, são essenciais do ponto de vista de cada um. Também são universais, e são universais porque são válidas para toda a Humanidade, ninguém está fora delas e todos são abrangidos por elas. Por último, as normas morais são também incondicionais, visto que não estão sujeitas a prémios ou penalizações, são praticadas sem outra intenção, finalidade. Mesmo que não sejam cumpridas, as normas morais existem sempre, na medida em que o Homem é um ser em sociedade, e nas suas decisões, tenta fazer o bem e não o mal. E por vezes, mesmo que as desrespeite, o Homem reconhece sempre a sua importância e o poder que elas têm sobre ele. Mais uma vez pergunta-se então qual a diferença entre a moral e a ética? A moral tem um carácter: Prático imediato Restrito Histórico Relativo Já a ética caracteriza-se por apresentar: Reflexão filosófica sobre a moral Procura justificar a moral O seu objeto é o que guia a ação O objetivo é guiar e orientar racionalmente a vida humana Apesar de terem o fim semelhante de “ajudar o Homem a construir um bom carácter para ser humanamente íntegro”, a ética e a moral são muito distintas. A moral tem um carácter prático imediato, visto que faz parte integrante da vida cotidiana da sociedade e dos indivíduos, não só por ser um conjunto de regras e normas que regem a nossa existência, dizendo-nos o que devemos ou não fazer, mas também porque está presente no nosso discurso e influencia os nossos juízos e opiniões. A noção do imediato vem do fato de a usarmos continuamente. A ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente racional, sobre a moral. Assim, procura justificá-la e fundamentá-la, encontrando as regras que, efetivamente, são importantes e podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de carácter universalista, por oposto ao carácter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objeto de estudo da ética é, portanto, o que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações. A moral também se apresenta como histórica, porque evolui ao longo do tempo e difere no espaço, assim como as próprias sociedades e os costumes. No entanto, uma norma moral não pode ser considerada uma lei, apesar da semelhança, porque não está escrita, mas sim como base das leis, pois a grande maioria das leis é feita tendo em conta normas morais. Outra importante característica da moral (e esta sim a difere da lei) é o fato desta ser relativa, porque algo só é considerado moral ou imoral segundoum determinado código moral, sendo este diferente de indivíduo para indivíduo. Finalmente, a ética tem como objetivo fundamental levar a modificações na moral, com aplicação universal, guiando, orientando, racionalmente e do melhor modo a vida humana. Por que a ética é necessária e importante? A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários fundamentais comuns a todos os povos, nações, religiões etc, a humanidade já teria se despedaçado até à autodestruição. Também é verdade que a ética não garante o progresso moral da humanidade. O fato de que os seres humanos são capazes de concordar minimamente entre si sobre princípios como justiça, igualdade de direitos, dignidade da pessoa humana, cidadania plena, solidariedade etc, cria chances para que esses princípios possam vir a ser postos em prática, mas não garante o seu cumprimento. As nações do mundo já entraram em acordo em torno de muitos desses princípios. A "Declaração Universal dos Direitos Humanos", pela ONU (1948), é uma demonstração de o quanto a ética é necessária e importante. Mas a ética não basta como teoria, nem como princípios gerais acordados pelas nações, povos, religiões etc. Nem basta que as Constituições dos países reproduzam esses princípios (como a Constituição Brasileira o fez, em 1988). É preciso que cada cidadão incorpore esses princípios como uma atitude prática diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu comportamento. Isso traz uma consequência inevitável: frequentemente o exercício pleno da cidadania (ética) entra em colisão frontal com a moral vigente... Até porque a moral vigente, sob pressão dos interesses econômicos e de mercado, está sujeita a frequentes e graves degenerações. Atualmente, não só no Brasil que se fala muito em ética. Porém, temos motivos de sobra para nos preocuparmos com a ética no Brasil. O fato é que em nosso país assistimos a uma degradação moral acelerada, principalmente na política. Ou será que essa baixeza moral sempre existiu? Será que hoje ela está apenas vindo a público? Uma ou outra razão, ou ambas combinadas, são motivos suficientes para uma reação ética dos cidadãos conscientes de sua cidadania. O tipo de desenvolvimento econômico vigente no Brasil tem gerado estruturalmente e sistematicamente situações práticas contrárias aos princípios éticos: gera desigualdades crescentes, gera injustiças, rompe laços de solidariedade, reduz ou extingue direitos, lança populações inteiras a condições de vida cada vez mais indignas. E tudo isso convive com situações escandalosas, como o enriquecimento ilícito de alguns, a impunidade de outros, a prosperidade da hipocrisia política de muitos etc. Afinal, a hipocrisia será de todos se todos não reagirem eticamente para fazer valer plenamente os direitos civis, políticos e sociais proclamados por nossa Constituição: "Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (Art. 3º da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988). A Falta de Ética A falta de ética mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder econômico, cultural, político). A transgressão aos princípios éticos acontece sempre que há desigualdade e injustiças na forma de exercer o poder. Isso acentua ainda mais a desigualdade e a injustiça. A falta ou a quebra da ética significa a vitória da injustiça, da desigualdade, da indignidade, da discriminação. Os mais prejudicados são os mais pobres, os excluídos. A falta de ética prejudica o doente que compra remédios caros e falsos; prejudica a mulher, o idoso, o negro, o índio, recusados no mercado de trabalho ou nas oportunidades culturais; prejudica o trabalhador que tentar a vida política; prejudica os analfabetos no acesso aos bens econômicos e culturais; prejudica as pessoas com necessidades especiais (físicas ou mentais) a usufruir da vida social; prejudica com a discriminação e a humilhação os que não fazem a opção sexual esperada e induzida pela moral dominante etc. A atitude ética, ao contrário, é includente, tolerante e solidária: não apenas aceita, mas também valoriza e reforça a pluralidade e a diversidade, porque plural e diversa é a condição humana. A falta de ética instaura um estado de guerra e de desagregação, pela exclusão.
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