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HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GESTAÇÃO terça-feira, 4 de maio de 2021 20:59 • Hipertensão arterial associada à gravidez é relevante por ser a principal causa de gestação de alto risco e mortalidade materna no Brasil. → Em países desenvolvidos, HA aumenta 5x risco de óbito materno. No Brasil, risco se multiplica por 10x. • Hipertensão na gravidez é definida por níveis pressóricos iguais ou superiores a 140 mmHg na pressão sistólica e/ou 90 mmHg na pressão diastólica em 2 medidas com intervalo mínimo de 4 horas → Aferição deve ser padronizada – precedida de repouso, realizada com paciente sentada, usando aparelho com manguito apropriado à circunferência do braço, braço elevado na altura do coração, levemente fletido e com palma da mão para cima • Hipertensão arterial como intercorrência na gravidez, independentemente de sua etiologia, leva a expressiva elevação de riscos maternos e perinatais – pode limitar desenvolvimento fetal, implicar altas taxas de prematuridade, além de riscos elevados de morte ou limitações orgânicas maternas definitivas • De acordo com NHBPEP, hipertensão na gestação pode ser dividida em tipos clínicos → Hipertensão gestacional: identificação de HA após 20ª semana, sem outro comprometimento clínico ou laboratorial, definida como transitória se há normalização após o parto. → Pré-eclâmpsia: HA identificada após 20ª semana classicamente associada com proteinúria, que pode estar presente no máximo até 12ª semana do puerpério - critérios diagnósticos estão mais abaixo → Hipertensão arterial crônica: condição identificada antes da gestação ou definida antes da 20ª semana da gestação ou que permaneça além da 12ª semana do puerpério - mais de 25% evoluem como pré-eclâmpsia → Pré-eclâmpsia superposta à HAC: identificação de pré-eclâmpsia em paciente portadora de HAC HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA • Caracterizada por → Elevação dos níveis tensionais preexistentes à gravidez; ou → Diagnosticada durante primeira metade (até 20 semanas); ou → Pelo uso de medicação anti-hipertensiva antes da gravidez; ou → Níveis pressóricos se mantiverem elevados após 12 semanas de puerpério • Incide em cerca de 1 a 5% das gestantes e tem como fatores de risco a idade materna avançada, a história familiar, etnia negra, o sedentarismo, obesidade e o tabagismo → Tabagismo aumenta risco de hipertensão crônica, porém protege contra o aparecimento da pré-eclâmpsia - pela ação da nicotina inibindo a ciclo-oxigenase na produção de prostaglandinas (PGI2) • Classificação: → Leve a moderada: PAS entre 140-159 ou PAD entre 90-109 → Grave: PAS acima de 159 ou PAD acima de 109 • Há uma redução fisiológica dos níveis pressóricos no 2º tri, com nadir entre 16 e 18 semanas, e com retorno aos níveis pré-gravídicos no 3º trimestre → Atenção com pacientes que iniciaram tardiamente pré-natal para que não sejam classificadas de forma errônea como HAG • Pode ser classificada quanto ao risco levando em consideração etiologia da hipertensão, gravidade da doença, história obstétrica e lesão de órgão-alvo → Alto risco: hipertensão grave, hipertensão leve/moderada com lesão de órgão alvo, hipertensão secundária, história de morte perinatal e pré-eclâmpsia sobreposta • Gravidez em pacientes com HAC pode apresentar aumento significativo das complicações maternas, fetais e neonatais. → Maternas: mortalidade materna, AVC, edema agudo de pulmão, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, hemorragia retiniana → Fetais: mortalidade fetal, sofrimento fetal, restrição de crescimento, prematuridade, descolamento prematuro de placenta, hemorragia pós-parto • Nas gestantes com HAC, risco de sobreposição de pré-eclâmpsia é de 50% - sendo diagnóstico pelo surgimento de proteinúria (acima de 300 mg/24hrs) após 20 semanas - suspeita deve ser levantada quando há aumento súbito de níveis pressóricos previamente bem controlados e que demandem aumento das doses de anti-hipertensivos para controle → Relação prot/crea é usada como triagem - valores entre 0,15 e 0,3 indicam necessidade de coletar urina de 24 horas • Investigar lesões de órgãos alvo: função renal (creatinina sérica, ureia, proteinúria 24 horas, relação prot/crea e clearance de creatinina), ecocardio, eletro e avaliação oftalmológica → Mulheres com hipertrofia do ventrículo esquerdo têm mais chances de descompensar no decorrer da gravidez por conta de aumento do volume intravascular e da sobrecarga cardíaca • Suspeitar de hipertensão secundária na presença de hipertensão resistente, hipocalemia (potássio < 3 mEq/L), creatinina sérica elevada (> 1,1 mg/dL) e história familiar de doença renal. • Proteinúria (acima de 300 mg/24hrs): → Na 1ª metade (até 20 semanas), é fator de risco para parto prematuro e restrição de crescimento fetal, independente de PE sobreposta → Na 2ª metade (a partir de 20 semanas), revela sobreposição de PE • Medicações mais utilizadas no controle da HAC na gravidez são metildopa, o nifedipino e o labetalol, podendo ainda se utilizar hidralazina oral e hidroclorotiazida • Metildopa (750-3.000 mg/dia) é um fármaco seguro, sendo medicação de escolha para tratamento da HAC. Pode ter como efeito colateral, sedação materna, astenia, hipotensão ortostática, secura bucal, congestão nasal e positivação do Coombs (20%). Feto pode apresentar compressão da oscilação da linha de base no cardiotoco. → Nos casos em que foi optado pelo uso de metildopa durante a gravidez, é interessante voltar ao esquema terapêutico prévio à gravidez 2 dias após o parto - atenção a concentração de medicações anti-hipertensivas no leite materno • Hidralazina (50-300 mg/dia), quando administrada VO, necessita de associação com bloqueador beta-adrenérgico, pois atua causando vasodilatação de arteríolas levando a taquicardia reflexa. Pouco efetivo no controle da pressão arterial. No entanto, hidralazina é muito eficaz VE, sendo uma das drogas de escolha em crise hipertensiva → Na crise hipertensiva, dose de 5mg EV podendo repetir a cada 20-40 min • Nifedipino (30-120 mg/dia) é um antagonista de canal de cálcio usado nas crises hipertensivas de gestantes → Na crise hipertensiva, 10-30 mg VO, repetindo em 45 min se preciso • Uso de inibidores da ECA, como captopril e enalapril, devem ser evitados em mulheres com idade reprodutiva, pois seu uso na gravidez está associado a óbito fetal, oligoidramnia, hipoplasia pulmonar e anemia neonatal → Captopril é uma boa opção para tratamento da crise hipertensiva no período puerperal • Hidroclorotiazida (12,5-50 mg/dia) pode ser continuada nas pacientes com HAC, mas contraindicada se houver pré-eclâmpsia sobreposta – nessa situação, ocorre uma hemoconcentração pela perda de líquido para o 3º espaço e que pode ser agravada pelo uso do diurético. Na pré-eclâmpsia, remédio com uso restrito no edema agudo de pulmão e na insuficiência cardíaca. • Na gravidez, utiliza-se droga até a dose máxima antes de inserir a próxima • Sulfato de magnésio tem uso restrito à prevenção de eclâmpsia e à neuroproteção fetal em prematuros, não devendo ser utilizada de rotina nos descontroles pressóricos da HAC. Em caso de dúvida da sobreposição de pré-eclâmpsia ou indicação de antecipação de parto (<32 sem) na HAC, medicação deve ser feita em dose de ataque de 4-6 g via EV • Pré-natal da gestante com HAC não complicadas ou com bom controle pressórico deve ter consultas em intervalos de 15 dias até as 34 semanas e semanais após 34 semanas. Já as pacientes complicadas ou com mau controle pressórico, a critério clínico, podem ter acompanhamento hospitalar → Além dos exames de rotina, investigar presença de lesões em órgãos alvo → Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) tem papel importante na seleção da paciente de risco para desenvolver pré-eclâmpsia sobreposta - quando não ocorre a queda fisiológica dos níveis tensionais à noite • Gestação com HAC na forma leve/moderada, sempre que houver bom controle, podeevoluir a termo. Via de parto é vaginal, sendo cesárea realizada mediante indicação obstétrica. Nos casos complicados, frequentemente, há alterações na avaliação materna e/ou fetal, sendo o parto antecipado pela via abdominal. → Controle dos níveis pressóricos devem continuar durante o parto • Nos casos de pré-eclâmpsia sobreposta, conduta é norteada pela pré-eclâmpsia PRÉ-ECLÂMPSIA • 22 de maio - Dia mundial da pré-eclâmpsia: prepare-se antes que o raio caia → Diagnóstico oportuno é essencial • Pré eclampsia afeta 8-10% das gestações em todo o mundo, sendo a principal causa de morte e morbidade materna e de crianças → Responsável por 1 em cada 4 das mortes maternas na América Latina e 1 em cada 10 das mortes maternas na África e Ásia → Mais de 99% das mortes ocorrem em países pobres ou em desenvolvimento → A cada 20 minutos morre 1 gestante no mundo por pré-eclâmpsia - é uma causa evitável • Principal foco de atenção para identificação e interceptação de formas graves de PE está na assistência pré-natal competente. Não existem métodos preditivos efetivos para identificar as gestantes, mas algumas informações epidemiológicas podem alertar no início do pré-natal sobre necessidade de seguimento diferenciado • Fatores de risco para pré-eclâmpsia → Alto risco: PE prévia (7x), gestação múltipla (3x), doença renal crônica, doença autoimune (sd.de anticorpo antifosfolípide 10x), diabetes melito preexistente (3,5x), HAC → Risco moderado: nuliparidade (3x), idade acima de 35 anos (1,7x), obesidade (2,1x) , história familiar de PE, antecedentes obstétricos adversos (DPP e insuficiência placentária) • Sintomas de alerta: dor de cabeça forte que não desaparece com medicação, dificuldade para respirar ou se sentir ofegante, edema em mãos e rosto, ganho de peso de 1kg ou mais em 1 semana, náusea ou vômito após 3 primeiros meses de gestação, alterações na visão e dor no abdome na região direita próximo ao estômago • Riscos da pré-eclâmpsia → Para a mãe ❖ Curto prazo: convulsões e morte ❖ Longo prazo: recorrência em gestações futuras, hipertensão ao longo da vida, doença cardiovascular e doença renal → Para o bebê: ❖ Curto prazo: nascimento prematuro e morte ❖ Longo prazo: sequelas da prematuridade e risco futuro de morbidade (hipertensão, obesidade, doença cardiovascular e metabólica) • Pré eclampsia é uma doença multifatorial - imunológica, genética, ambiental - que gera acometimento placentário, que leva a produção de fatores pró e anti angiogênicos - desbalanço desses fatores gera acometimento multissistêmico → Afeta vasos (hipertensão), rins (proteinúria), SNC e fígado • Pré-eclâmpsia não tem causas bem estabelecidas, mas a placentação inadequada e a falta de remodelação das arteríolas espiraladas estão associadas à sua origem, ainda que essas condições não sejam específicas, podendo ocorrer na RCIU, sem presença de PE • Há uma quebra de tolerância imunológica materna ao trofoblasto, que desencadeia a ativação leucocitária e a produção de citocinas que tornam a decídua um ambiente inóspito ao desenvolvimento embrionário. As dificuldades para placentação acarretam vários fenômenos, que poderiam ser resumidos em estresse ao sinciciotrofoblasto, gerando uma série de respostas, incluindo ativação inflamatória, produção de espécies reativas de oxigênio e de vias metabólicas que incluem a aceleração de apoptose, necrose, problemas na síntese de proteínas e alterações na membrana celular. → Estresse oxidativo leva à produção placentária anormal de fatores antiangiogênicos, como sFlt1 e a S-endoglina. Essas moléculas circulantes ligam-se ao VEGF (vascular endotelial growth factor) e PLGF (placental growth factor), impedindo que esses fatores angiogênicos se liguem aos receptores de membrana celular, acarretando disfunção endotelial - vasoconstrição, aumento da resistência periférica, alterações na permeabilidade capilar responsável pelo edema e ativação do sistema de coagulação • Pré-eclâmpsia apresenta amplo espectro clínico, podendo apresentar-se apenas com quadros leves de hipertensão e edema ou evoluir para grave hipertensão, edema generalizado, proteinúria, coagulopatia, insuficiência hepática, convulsões (eclâmpsia) e coma → Cada paciente pode abrir quadro de uma maneira diferente, por isso é importante o diagnóstico oportuno • Paciente com PE está em situação de disfunção orgânica universal → Rim: glomeruloendoteliose e esclerose focal - proteinúria e redução do ritmo de filtração → Fígado: isquemia em intensidade variável - elevação níveis de transaminases ❖ Edema e/ou hemorragia subcapsular focal ou confluente distendem cápsula acarretando dor epigástrica ou em hipocôndrio direito, podendo evoluir para ruptura hepática com hemorragia maciça → Coagulação: ativação e consumo de plaquetas - plaquetopenia (< 100.000) → Hemólise microangiopática: DHL (desidrogenase lática) aumentado --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- PLACENTA • Sinciciotrofoblasto invade o endométrio. Invasão progride até que capilar materno se rompe extravasando sangue para o interior da lacuna do sinciciotrofoblasto. Aparecem lacunas no sinciciotrofoblasto que se enchem de sangue e produtos glandulares maternos importantes para a nutrição do embrião • Trofoblasto extraviloso tem papel fundamental na placentação. Na 1ª metade da gravidez, invade musculatura lisa da artéria espiralada conseguindo ampliar o lúmen do vaso facilitando as trocas → Na pré-eclâmpsia precoce, há um defeito nessa invasão, fazendo com que a arteríola não se modifique de forma adequada • 1º estágio: não há clínica, mas há alteração placentária • 2º estágio: sinais e sintomas clínicos • Placenta é capaz de produzir, pelo sinciciotrofoblasto, proteínas que levam a homeostase do vaso. Na pré-eclâmpsia há excesso de algumas proteínas pró coagulantes e vasoconstritoras que levam a disfunção da célula endotelial. → sFlt1 aumenta, PFGF diminui - no futuro, esses biomarcadores poderão ser utilizados para pesquisa • Placenta é formada por projeções (vilos). Vasos sanguíneos vindos do embrião via cordão umbilical se projetam nas vilosidades. Nos vilos, uma membrana fina separa o sangue materno do fetal, mas permite trocas • Etapas de formação da placenta → 1ª etapa: pré-lacunar (7°-8° dia) - formada a partir do trofoblasto → 2ª etapa: lacunar (9°-12° dia) - formam-se lacunas trofoblásticas entre as vilosidades do trofoblasto → 3ª etapa: vilosa (13ºdia-4º mês) - aparecimento de vilosidades primárias que irão se transformar em vilosidades secundárias e terciárias --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- • Critério diagnóstico: após 20 semanas de gestação - PA > 140/90 mmHg (2 medidas em intervalo de 4h) E proteinúria acima de 300 mg/24h OU prot/crea > 0,3 → Na ausência de proteinúria, é considerada pré-eclâmpsia surgimento de HÁ com qualquer das alterações abaixo: plaquetas < 100.000, creatinina > 1,1, elevação de transaminases 2x normal, edema pulmonar, sintomas de SNC e visuais • Proteinúria é um fator importante para diagnóstico de PE e sua presença deve ser interpretada como marcador de dano renal • Uma vez estabelecido o diagnóstico, em vista da imprevisibilidade e instabilidade do quadro clínico, internação da paciente deve ser considerada, principalmente quando quadro ocorre antes das 34 semanas → Casos de pré-eclâmpsia precoce (abaixo de 34 semanas) tem maior acometimento placentário, maior gravidade e maior risco de recorrência futura • Sinais de gravidade da pré eclampsia: sintomas de acometimento de SNC (cefaleia, alterações visuais, alteração estado mental), alteração da função hepática, hipertensão severa (PA > 160/110), trombocitopenia, alteração de função renal (Cr > 1,1) e edemaagudo de pulmão → Proteinúria maciça e restrição de crescimento fetal não são mais critérios de gravidade - não são fatores isolados que indicam resolução da gravidez • Diagnóstico é fundamentalmente clínico e deve ser considerado diante de sinais ou sintomas suspeitos de PE. Elevação da PA e instalação do edema são sinais clínicos frequentes, mas o comprometimento universal exige avaliação da intensidade → Exames: prot/crea ou proteinúria de 24 horas, DHL, ALT/AST, plaquetas, hemograma • Manejo clínico da pré-eclâmpsia envolve identificação das mulheres de risco, diagnóstico precoce pelo reconhecimento de sinais e sintomas clínicos e decisão do momento de parto → Acompanhamento das mulheres é fundamental • Atenção com hidratação na PE, pois gestante pode formar edema agudo de pulmão - iatrogenia • Para investigação diagnóstica e avaliação de gravidade ou deterioração clínica. Exames fundamentais: → Hemograma - avaliar hematócrito e hemoglobina, plaquetas - paciente geralmente hemoconcentrada e plaquetopenia → DHL - desidrogenase láctica → Bilirrubinas totais ou haptoglobina - padrão ouro de anemia microangiopática → Creatinina → AST - transaminases elevadas (2x valor de referência) → Biomarcadores são usados somente em pesquisas atualmente • Não existem formas efetivas de prevenção primária da pré-eclâmpsia. Intervenções tem evidência para aplicação prática: → AAS 1 mg/kg dia (60-100 mg/dia) - reduz cerca de 10% do risco relativo de PE - 12 às 36 sem. → Parto com menos de 34 semanas → Cálcio: 1-2g/dia - 500mg (1,5 g dia - 8/8h) • Como não existem métodos eficientes para prevenção de PE, pode-se considerar que a prevenção secundária é o seguimento pré-natal cuidadoso, no qual fatores de risco são considerados e monitorados com cautela. • Qualquer proposta de tratamento deve sempre levar em conta a idade gestacional e a gravidade do quadro clínico • Segundo a idade gestacional: → 37 semanas ou mais: antecipação do parto, pela forma mais segura, sendo possível investir no parto vaginal. Via preferencial é a natural, utilizando misoprostol 25 mcg, via vaginal, a cada 6 horas → 34 a 37 semanas: estratégia de seguimento próximo, avaliando riscos e benefícios da continuidade da gestação - repouso em decúbito lateral esquerdo, afastamento profissional, redução do excesso de sal, controle diário da pressão, controle diário do peso, hipotensores por VO para reduzir risco de crises hipertensivas (não altera curso da PE), avaliação laboratorial a cada 72 horas, avaliação de condições fetais ❖ Tratamento obstétrico diante do agravamento clínico e/ou laboratorial ou quando atingir 37 semanas → 34 semanas ou menos: quanto mais precoce a instalação da PE, pior é sua condição clínica/laboratorial. Assim, conduta expectante justifica-se apenas para aplicação do ciclo de corticosteroides. Nesse seguimento, internação hospitalar é mandatória • Segundo a condição clínica: conduta será sempre norteada pelas condições maternas → Situações clínicas estáveis permitem a adoção de conduta expectante → PE grave deve resultar em antecipação do parto, e a conduta expectante só se justificaria para a capacitação fetal. • Tratamento da HA grave é importante, pois paciente pode ter AVCH durante pico pressórico - deve controlar a PA de forma adequada para não comprometer fluxo placentário - hidralazina 5mg ou nifedipino • Tratamento definitivo é o parto • Uso de sulfato de magnésio deve ser administrado em todas as situações de quadros graves em que ocorrência de eclâmpsia não pode ser descartada → Esquema: dose de ataque com 4g EV em 20 minutos + dose de manutenção com 1-2g EV a cada hora → Gluconato de cálcio é o antídoto e deve ser administrado EV diante de sinais de desconforto respiratório • Ao administras MgSO4 realizar pesquisa de reflexo patelar, avaliação da frequência respiratória e diurese • Após instalação de esquema de manutenção com sulfato de magnésio, caso a PAD se mantenha igual ou maior que 110 mmHg, adicionar hipotensores de ação rápida, sendo a alternativa preferencial a hidralazina com dose de ataque 5mg EV a cada 30 min → Nitroprussiato de sódio deve ser usado diante edema agudo de pulmão ou instabilidade hemodinâmica - 0,25 mcg/kg/min EV contínuo • Pré-eclâmpsia não termina com o parto, pois essa mulher tem risco aumentado de hipertensão no futuro - primeiros dias são o de maior risco, controle de PA por 3-10 dias • Todas as pacientes que apresentaram PE devem ser orientadas quanto aos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e renais. Assim, o potencial impacto negativo ao longo da vida da mulher, confere a necessidade de melhor acompanhamento multidisciplinar, com observância do controle da pressão arterial, da função renal, dos perfis lipídico e glicêmico • Síndrome HELLP surge em 0,2-0,6% de todas as gestações e em cerca de 10% das pacientes com PE grave/eclâmpsia, caracterizada por alterações laboratoriais do acrônimo (Hemolysis, Elevated Liver function e Low Platelets) - todas as mulheres com PE instalada podem apresentar o problema → Diagnóstico pode ser difícil. Cerca de 90% das pacientes apresentaram mal-estar generalizado ou sintomas inespecíficos semelhantes a uma virose e dor em quadrante superior direito ou epigástrica • Síndrome HELLP acomete cerca de 2-10% das mulheres com pré-eclâmpsia e gravidade - 15 a 20% dos casos de HELLP não abrem o quadro com hipertensão e proteinúria → H: hemoconcentração (diminuição da relação hematócrito/Hb), LDH acima de 600, bilirrubina total acima de 1,2, esquisócitos no sangue periférico → EL: AST/ALT acima de 70 → LP: plaquetas abaixo de 100.000 • Diagnóstico diferencial de HELLP é a trombocitopenia trombótica purpúrica e síndrome urêmica trombótica - se paciente não melhora pós-parto, pensar nessas condições e levar para início imediato de plasmaferese • Evolução da síndrome HELLP pode levar a complicações maternas e perinatais graves como coagulação intravascular disseminada, descolamento prematuro de placenta, insuficiência renal aguda, edema agudo de pulmão, hematoma hepático e eclâmpsia. Assim sendo, da mesma forma que nos casos de PE grave, conduta expectante só é justificada para realização de corticoterapia abaixo de 34 semanas • Tratamento nos casos de HELLP é sintomático. Levando em conta que instalação de coagulopatia é frequente, reserva de sangues e hemoderivados é essencial para reduzir risco materno → Uso de plaquetas em pacientes com plaquetopenia < 50.000 - dose de 1 unidade para cada 10kg de peso - plaquetas devem estar acima de 50.000 para cesárea e acima de 30.000 para parto vaginal ECLÂMPSIA • É considerada o evento grave da pré-eclâmpsia. É a forma convulsiva da PE, representada pelo desenvolvimento de convulsões generalizadas em gestantes, com os sinais e sintomas de pré- eclâmpsia • Estima-se que 5% das mulheres eclâmpticas evoluem para óbito e mortalidade perinatal oscilar em torno de 30%. • Ocorrência de 1 ou mais convulsões generalizadas e/ou coma na presença de pré-eclâmpsia e na ausência de outra condição neurológica → 59% anteparto, 20% intraparto e 21% pós-parto (até 48 horas) • Atenção para sinais e sintomas - 75% hipertensão, 66% cefaleia, 25% dor epigástrica ou em quadrante superior direito, 27% alteração visual - até 27% são assintomáticas • Em gestante, qualquer convulsão é eclâmpsia até que se prove o contrário - independente da PA • Evolução clínica do desenvolvimento da eclâmpsia é geralmente caracterizada por um processo gradual crônico, que se inicia com o ganho de peso, seguido por evolução da pressão arterial, presença da proteinúria e finalmente o desencadeamento das convulsões ou coma • Etiologia da pré-eclâmpsia ainda é desconhecida e os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da convulsão são pouco esclarecidos, sendo apontados o edema cerebral, a isquemia, a hemorragia ou o vasoespasmo. • Achados laboratoriais comuns sãoa hemoconcentração e a redução do volume plasmático • Classificação prognóstica: → Não complicada: convulsão sem outras intercorrências → Complicada: coagulopatia clínica, insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, icterícia, insuficiência renal aguda, PAS > 120 mmHg, temperatura igual ou maior a 38ºC → Descompensada: choque, coma, hemorragia cerebral, necessidade de assistência ventilatória • Tratamento: é uma convulsão autolimitada, para evitar novos eventos realizar sulfato de magnésio, controlar pressão arterial, avaliar/tratar complicações (exames laboratoriais), avaliar vitalidade fetal e resolução da gestação → SEMPRE proteger via aérea (oxigenação), decúbito lateral esquerdo e contenção (evitar trauma) • Dose de ataque de sulfato de magnésio é de 4g EV em 20 minutos, para manutenção 1g EV por hora - necessário controle clínico rigoroso pelo risco de intoxicação - diurese de pelo menos 25 mL/h → Dose terapêutica entre 4 e 7 - abolição do reflexo patelar entre 9 e 12, paralisia muscular entre 15 e 17, parada cardíaca entre 30 e 35 → É uma droga muito segura, mas se necessário pode ser usado o antídoto - gluconato de cálcio • Síndrome da leucoencefalopatia posterior (potencialmente) reversível (PRES): cefaleia, náuseas e vômitos, confusão mental, convulsão, distúrbios visuais, achado radiológico de edema vasogênico cerebral focal reversível (região posterior por maior vulnerabilidade secundária a maior inervação simpática) → Também encontrada em doentes renais, na sepse e no uso de imunossupressores • Se recorrência de crises convulsivas se administra mais 2g do sulfato de magnésio por via endovenosa em bôlus (metade da dose de ataque) e utiliza-se como manutenção dose de 2 g/h • Se 2 bôlus de sulfato de magnésio não controlarem as convulsões, a droga de escolha será a fenilhidantoína e recomenda-se investigação de outros motivos e complicações cerebrais, principalmente hemorragias intracranianas. • Mesmo nos casos mais graves, como eclâmpsia e síndrome HELLP, cesárea não é indicação obrigatória. • Antes do parto, estabilizar a paciente
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