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- -1 PSICOLOGIA JURÍDICA A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA PARA O DIREITO E A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS DIVERSAS VARAS Paulo Roberto de Souza Junior - -2 Olá! Você está na unidade .A contribuição da psicologia para o direito e a atuação do psicólogo nas varas Conheça aqui a psicologia jurídica, que corresponde à área da psicologia que interage com o direito, no sentido de executar saberes psicológicos no contexto da justiça. Assim, os psicólogos jurídicos, dentro das equipes multidisciplinares, atuam nas demandas judiciais em auxílio aos juízes. Veja ao longo da unidade que esse auxílio é realizado através de laudos, pareceres e diagnósticos que servirão de base para que o(a) juiz(a) tenha como avaliar as questões comportamentais pautadas dentro do processo que está em curso, por exemplo. Sua atuação será nas Varas de Família, Infância e Juventude, Criminal, entre outras. Bons estudos! - -3 1 A Psicologia e o Direito: Psicologia Jurídica Os atores jurídicos deverão entender e conhecer as questões comportamentais na percepção da realidade social, assim, a entre o Direito e a Psicologia é de suma importância.ligação Nesse diálogo entre o Direito e a Psicologia, uma área será influenciada pela outra, já que ambos trabalham com o . Esse comportamento que é vivenciado pela psicologia deverá ser regulado pelocomportamento humano Direito, dirimindo condutas e conflitos. O indivíduo passa a receber a influência de vários fatores que interferem e contribuem para mudanças em seu comportamento. Esses fatores podem ser: Exógenos Ligados ao ambiente e a cultura. Endógenos Aqueles relacionados ao conteúdo físico e psiquismo do indivíduo, como valores, esquemas de pensamento, características da personalidade, entre outros. O comportamento humano é o resultado da interação complexa desses fatores. No entanto, nenhum deles pode ser indicado como determinante exclusivo da alteração do comportamento (FIORELLI, 2008, p. 140). Notamos que esses comportamentos poderão ser alvos de conflitos, necessitando assim de uma intervenção para conciliar ou indicar punição a estes. Tal intervenção poderá ocorrer via judicial, onde estará o psicólogo jurídico para auxiliar o juiz em suas decisões. - -4 1.1 Psicologia jurídica ou psicologia forense? O termo “forense” nos remete a todas as atividades nos foros e tribunais, e a Psicologia Forense foi uma área dedicada aos estudos dos . Aos poucos, ganhou novo olhar, a fim de entender o sercomportamentos criminais humano como o centro de estudo. Todavia, a evolução entre o Direito e a Psicologia faz nascer a Psicologia Jurídica, desenvolvida por psicólogos nomeados peritos e/ou assistentes técnicos, com finalidade de analisar os conflitos comportamentais. A psicologia jurídica é uma ramificação da Psicologia que estuda o comportamento humano com base nas normas legais e institucionais que o regulam. Tem como função humanizar o exercício do Direito através de sua atuação nas .demandas comportamentais Fatima França (2004) apresenta o conceito de psicologia jurídica em alguns países para, ao final, mencionar o mais adotado no Brasil: Psicologia Jurídica é uma das denominações para nomear essa área da Psicologia que se relaciona com o sistema de justiça. Na Argentina, denomina-se Psicologia Forense, embora haja muitos profissionais argentinos filiados à Associação Iíbero-Americana de Psicologia Jurídica, o que permite inferir a adoção do termo Psicologia Jurídica. De acordo com publicação do Colégio Oficial de Psicólogos de España Oficial de Espanha, o termo adotado naquele país é Psicologia Jurídica, no entanto, a Associação Europeia de Psicologia e Ley atribui a designação de Psicologia e Ley. No Brasil, o termo Psicologia Jurídica é o mais adotado (FRANÇA, 2004, p. 74). Nesse caminho, faz-se a compreensão de fenômenos e processos ligados à psicologia no ambiente forense, onde sua finalidade é estudar o comportamento dos atores à luz do Direito, sua singularidade e subjetividade de acordo com os casos. O profissional irá atuar na através de métodos e técnicas que visam daravaliação do comportamento humano um diagnóstico psicológico do perfil e do processo psicopatológico da pessoa que é parte da demanda judicial instaurada. Tais métodos e técnicas deverão ser realizados através de laudos, pareceres e relatórios que permitem auxiliar os magistrados na condução dos processos judiciais e a tomarem suas decisões de forma coerente e justa. - -5 Com o intuito de eliminar tais demandas judiciais, o psicólogo participa de uma equipe multidisciplinar para análise comportamental da(s) pessoa(s) envolvida(s), assessorando o juiz na decisão acerca da situação através da execução de políticas que visam aos direitos humanos, à cidadania, à orientação familiar e ao combate à violência. - -6 2 Conceito e evolução da psicologia jurídica A psicologia jurídica é um braço da psicologia que consiste em uma análise comportamental do ser humano com base em estudos psicológicos ligados aos ditames legais (Direito). 2.1 Conceito da psicologia jurídica O trabalho do psicólogo no campo jurídico – ainda que tenha se ampliado não somente no campo pericial – ainda carece de discussão e desenvolvimento curricular que lhe faça referência. Essa deficiência reflete-se, também, nos casos em que são necessárias intervenções dos Conselhos de Psicologia, principalmente dos Comitês de Ética, quando tratam sobre laudos e conteúdos afins, onde é possível observar a escassez de profissionais que trabalham com essa demanda e que apresentem competência técnica específica para compreender a natureza, limites e possibilidades do trabalho pericial (MACIEL; CRUZ, 2009, p. 46). As demandas da referida psicologia são enormes: envolvem diversas complexidades devido às transformações ocorridas na sociedade quando atuam nas relações familiares – quer entre casais, quer em relação a pais e filhos – marcadas por violência e questões raciais e de gênero. - -7 2.2 Detalhamento das atribuições Clique abaixo e acompanhe detalhadamente as atribuições do psicólogo jurídico (CFP, 2020). • 1 Assessora na formulação, revisão e execução de leis. • 2 Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos. • 3 Realiza pesquisa visando à construção e à ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do Direito. • 4 Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos. • 5 Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos. • 6 Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitada alguma providência ou que haja necessidade de comunicar-se com o juiz durante a execução da perícia. • 7 Eventualmente, participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico (juízes, curadores e advogados). • 8 • • • • • • • • - -8 Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação da personalidade desse indivíduo e fornecendo subsídios ao processo judicial quando solicitados por uma autoridade competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar dados considerados necessários para a elaboração do estudo psicológico. • 9 Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de questões. • 10 Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegamàs Instituições de Direito, visando à preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares. • 11 Participa da elaboração e execução de programas socioeducativos destinados a crianças de rua, abandonadas ou infratoras. • 12 Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista psicológico, quanto às tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais. • 13 Assessora autoridades judiciais no encaminhamento a terapias psicológicas, quando necessário. • 14 Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessora a administração dos estabelecimentos penais quanto à formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá- la. • 15 Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica. • • • • • • • - -9 2.3 Atuação dos psicólogos dentro dos ramos do Direito Clique abaixo e acompanhe detalhes sobre a atuação dos psicólogos nos ramos do Direito. Direito de família Ações de divórcio, disputa de guarda e regulamentação de visitas. Direito de criança e do adolescente Adoção, destituição do poder familiar e medidas socioeducativas aos adolescentes. Direito civil Ações de indenização em decorrência de danos psíquicos e nos casos de interdição judicial. Direito penal A análise da periculosidade, das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento. Direito do trabalho Perícias em processos trabalhistas. - -10 3 A Psicologia Jurídica: surgimento e evolução A ligação entre a Psicologia e o Direito, ou seja, o surgimento da deu-se no século XVIII,Psicologia Jurídica quando foram estabelecidas normas de convívio conforme normas legais de conduta. Em 1868, Prosper Despine, médico francês, publicou o livro , em que investiga oPsychologie Naturelle comportamento de grandes delinquentes da época, buscando avaliá-los em suas características psicológicas, auxiliando, assim, a justiça. Com base nesse estudo, fez nascer, em 1875, a , voltada aosPsicologia Criminal aspectos psicológicos do criminoso. Pitaval, na França (1734); Richer (1772) e Schaumann (1792) na Alemanha foram precursores da pré-história da Psicologia Criminal. No século XIX, os estudos sobre testemunhos das pessoas interessadas realizados pela psicologia despertaram o interesse da Justiça, conforme narrado por Vivian de Medeiros Lago . (2009, p. 484):et al Psicólogos da Alemanha e França desenvolveram trabalhos empírico experimentais sobre o testemunho e sua participação nos processos judiciais. Estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da então denominada Psicologia do Testemunho (GARRIDO, 1994). Atualmente, o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos, para encontrar respostas para solução de problemas. A testagem pode ser um passo importante do processo, mas constitui apenas um dos recursos de avaliação (CUNHA, 2000). Esse estudo experimental dos foi um dos marcos científicos de ligação entre aprocessos psicológicos psicologia e o Direito; procurava-se estudar hábitos, memórias e motivação das pessoas envolvidas. Flavia de Novaes Costa (2001) apresenta a Psicologia Jurídica e comenta algumas nomenclaturas diferentes, as quais variavam de acordo com a atividade e o local da prática: O trabalho de psicólogos em organizações de Justiça tem recebido distintas denominações, de acordo com a atividade e o local onde ocorre. O Colégio Oficial de Psicólogos de Madri denomina Psicologia Jurídica “um campo de trabalho e investigação psicológica especializada cujo objeto é o estudo do comportamento dos atores no âmbito do Direito da Lei e da Justiça, com distintas dimensões de estudo e interpretação: Psicologia aplicada aos Tribunais, Psicologia Penitenciária, Psicologia da Delinquência, Psicologia Judicial, Psicologia Policial e das Forças Armadas, Vitimologia e Mediação (COSTA, 2001, p. 23). - -11 No Brasil, os psicólogos adentraram de maneira informal e gradativa na área do Direito, inicialmente através da área criminal, com estudos sobre o comportamento. Somente em 1978 ocorreu o paraprimeiro concurso Psicólogo Jurídico, realizado pelo Instituto Oscar Freire, Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Nos anos 1970, psicólogos de maneira informal atuavam nos Juizados de Menores do Tribunal de Justiça de São Paulo, onde realizavam trabalhos voluntários com famílias em situação de social e econômica.vulnerabilidade Somente em 1985 foi realizado o primeiro concurso público para o cargo de perito de juiz. Com o processo de redemocratização do país, foram implantadas e implementadas nova políticas públicas e foi criada uma legislação que as ampara. Assim, novas demandas judiciais que necessitavam da intervenção desse profissional nasceram, as quais impulsionaram concurso para satisfazer tal situação. - -12 3.1 O Conselho Federal de Psicologia e a Psicologia Jurídica Clique nas abas e acompanhe marcos legais que foram fundamentais para a consolidação da Psicologia Jurídica. • 2000 A ligação da Psicologia com o Direito foi designada através da Resolução CFP n° 014/ 00 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) ao instituir o título profissional de especialista em Psicologia Jurídica e a delimitação das atividades descritas como relativas a essa especialidade. Entendemos o termo Psicologia Jurídica como uma denominação genérica das aplicações da Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto Psicologia Criminal, Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades dela, como se fossem ramificações da área (SACRAMENTO, 2012). • 2003 A Resolução CFP nº 007/2003 institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica, e revoga a Resolução CFP nº 17/2002, destacando que a avaliação psicológica é um processo técnico-científico de coleta de dados e interpretação a respeito de fenômenos psicológicos resultantes da relação indivíduo-sociedade. Dentre as diversas modalidades de avaliação psicológica, destacam-se o laudo e o parecer psicológico, conceituando-a e definindo suas estruturas. • 2007 A Resolução CFP nº 013/2007 menciona que o psicólogo especialista em Psicologia Jurídica atua no âmbito da Justiça. • 2010 Em 2010, o CFP emitiu três resoluções que se referiam ao trabalho nessa área, ou seja, as Resoluções n ° 008/2010 , n° 009/2010 e n° 010/2010 . A Resolução n° 008/2010 dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário (CFP, 2010). A Resolução n° 009/2010 define a atuação no sistema prisional, vedando a esses profissionais a realização do exame criminológico (CFP, 2010). • • • • - -13 A Resolução n° 10/2010 institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de violência, na Rede de Proteção, vedando ao psicólogo o papel de inquiridor daqueles que supostamente estariam nessa situação (CFP, 2010). • 2011 A Resolução CFP 012/2011 regulamenta a atuação da(o) psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional: "Art. 2º. Em relação à atuação com a população em privação de liberdade ou em medida de segurança, a (o) psicóloga(o) deverá: [...] Parágrafo Único: É vedado à(ao) psicóloga(o) participar de procedimentos que envolvam as práticas de caráter punitivo e disciplinar, notadamente os de apuração de faltas disciplinares. Art. 4º. Em relação à elaboração de documentos escritos para subsidiar a decisão judicial na execução das penas e das medidas de segurança: [...] b) A partir da decisão judicial fundamentadaque determina a elaboração do exame criminológico ou outros documentos escritos com a finalidade de instruir processo de execução penal, excetuadas as situações previstas na alínea 'a', caberá à(ao) psicóloga(o) somente realizar a perícia psicológica, a partir dos quesitos elaborados pelo demandante e dentro dos parâmetros técnico-científicos e éticos da profissão." • 2012 Em 2012, o CFP expediu nova resolução, Resolução CFP 017/2012, que dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito em seus diversos contextos e exige a autorização dos responsáveis legais quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito (art. 4º, parágrafo único da Resolução CFP nº017 /12). Todavia, quando há determinação judicial a fim de que os psicólogos forenses realizem a perícia, a necessidade de anuência dos responsáveis, ainda que seja do detentor da guarda, é suprida pela própria determinação judicial, não havendo, portanto, infrações éticas em face da ausência de consentimento (CFP, 2020). • 2018 A Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018, estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes • • • - -14 Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções nº 002/2003, nº 006/2004 e nº 005/2012 e Notas Técnicas nº 01/2017 e 02/2017. "Art. 1º Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas. § 1º Os testes psicológicos abarcam também os seguintes instrumentos: escalas, inventários, questionários e métodos projetivos/expressivos, para fins de padronização desta Resolução e do SATEPSI. § 2º A psicóloga e o psicólogo têm a prerrogativa de decidir quais são os métodos, técnicas e instrumentos empregados na Avaliação Psicológica, desde que devidamente fundamentados na literatura científica psicológica e nas normativas vigentes do Conselho Federal de Psicologia (RESOLUÇÃO CFP nº 9/2019)." O psicólogo jurídico observará as situações que norteiam a demanda judicial através de uma avaliação psicológica da situação para auxiliar o juiz em sua decisão acerca do processo. - -15 3.2 Atuação dos psicólogos jurídicos na área administrativa O psicólogo jurídico poderá atuar em orfanatos, nos Conselhos Tutelares e dentro da Administração Pública em geral. Um exemplo dessa atuação é avaliar os candidatos dentro do processo seletivo (concurso público) através de um ou , previsto em lei e em edital de concurso.exame psicológico psicotécnico Caso este seja declarado nulo, o(a) candidato(a) terá que refazê-lo para que possa dar continuidade à seleção. O tema foi abordado no Recurso Extraordinário (RE) 1133146, de relatoria do ministro Luiz Fux, que teve repercussão geral reconhecida e julgamento de mérito no Plenário Virtual. Vejamos na decisão a seguir como a Psicologia Jurídica é observada. Quadro 1 - Decisão de juiz baseada em laudo psicológico Fonte: Elaborado pelo autor com base em decisões judiciais, 2020 #PraCegoVer: O quadro reproduz a decisão de um juiz quanto a um recurso encaminhado por uma candidata diante de sua reprovação em exame psicológico. - -16 3.3 O psicólogo e o Tribunal de Justiça O processo judicial, quando aborda questões comportamentais, deverá garantir às partes e ao juiz, através de uma equipe interdisciplinar, a de uma demanda judicial existente, através da realização das períciasresposta técnicas, como um meio de prova. O psicólogo poderá para os conflitos comportamentais, entretanto, não poderá elaborarpropor soluções procedimentos jurídicos, já que essa atividade pertencerá ao juiz. Fique de olho O profissional psicólogo jurídico poderá atuar dentro do Poder Judiciário nas áreas de: • Execução Penal: sistema penitenciário • Varas de Família • Varas da Infância e da Juventude • Juizados Especiais (Cível e Criminal) • Varas de Penas Alternativas • Varas Cíveis em geral • • • • • • - -17 4 O psicólogo e sua atuação na Vara de Execução Penal e nos presídios A função dos psicólogos nos presídios é fazer o de presos e familiares que necessitam auxílio acompanhamento psicológico, bem como verificar se há possibilidade do apenado retornar ao convívio em sociedade através do laudo criminológico. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /dc342ebb2f5d3ec4c3df9651dba55982 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/dc342ebb2f5d3ec4c3df9651dba55982 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/dc342ebb2f5d3ec4c3df9651dba55982 - -18 4.1 Laudo criminológico O psicólogo jurídico deverá avaliar os elementos com vistas à , e buscar separar oindividualização da execução apenado potencialmente perigoso para a sociedade dos demais, identificando e analisando sua personalidade e periculosidade, eventual arrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes. A avaliação é feita através de um Exame Criminológico, que segundo Cezar Roberto Bitencourt (2007, p. 459) é: [...] é a pesquisa dos antecedentes pessoais, familiares, sociais, psíquicos, psicológicos do condenado, para obtenção de dados que possam revelar a sua personalidade [...] É uma perícia, embora a LEP não o diga, que busca descobrir a capacidade de adaptação do condenado ao regime de cumprimento da pena; a probabilidade de não delinquir; o grau de probabilidade de reinserção na sociedade, através de um exame genético, antropológico, social e psicológico. Esse exame deixou de ser obrigatório para a progressão de regime com a entrada em vigor da Lei nº 10.792, em dezembro de 2003, que alterou a Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84). Caso o magistrado ache-o necessário, poderá determinar que seja realizado. Figura 1 - Grupo de cientistas estuda o cérebro humano Fonte: Denyshutter, iStock, 2020 #PraCegoVer: A imagem mostra pessoas em jalecos brancos em volta de uma representação do cérebro humano. Os psicólogos estudam o comportamento humano com base nas leis para elaborar o exame criminológico. Todavia, em 2011 foi expedida a Resolução nº 12/2011, pelo Conselho Federal de Psicologia, que proibia o psicólogo que atuava nos estabelecimentos prisionais de: • Elaborar prognóstico criminológico de reincidência. • Aferir a periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a partir do binômio delito-delinquente. • Participar de ações e decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar. • • • - -19 • Aferir a periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a partir do binômio delito-delinquente. • Participar de ações e decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar. • Elaborar documentos com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do sentenciado. • Essa resolução foi suspensa e anulada por decisão judicial. Entretanto, apenas a do delito cometido não justifica a necessidade de exame criminológico paragravidade concessão de progressão de regime. Com esse entendimento, a ministra Laurita Vaz, presidente do Superior Tribunal de Justiça, concedeu liminar em para afastar a exigência do teste. Ela ainda determinouHabeas Corpus que o juízo de execuções penais examine os requisitos para a progressão de regime do condenado (CONJUR, 2018). Vejamos as decisões do STF/STJ no quadro abaixo. Quadro 2 - Decisões do STF/STJ Fonte: Elaborado pelo autor com base em decisões judiciais, 2020 • • • • - -20 #PraCegoVer: O quadro descreve decisões tomadas pelo STF/STJ. 4.2 Vitimologia A vitimologia objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo entender o perfil da vítima, o que poderá ensejar cumplicidade passiva ou ativa do criminoso. Esta se dedica à aplicação deàs vítimas e à danos produzidos pelo delito.medidas preventivas reparação - -21 5 O psicólogo e sua atuação na Vara de Família Os psicólogos jurídicos deverão resolver as demandas existentes sobre os conflitos familiares relacionados a separação/divórcio, disputas de guarda, regulamentação de visitas de pais e avós e interdições de pessoas que não têm capacidade de gerir seus bens. Clique nas abas abaixo e conheça os processos. Interdição A interdição é uma medida de amparo criada pela legislação civil, que é realizada através de processo judicial por meio do qual a pessoa é declarada civilmente incapaz (total ou parcialmente) para a prática dos atos da vida civil, tais como: vender, comprar, testar, casar, votar, entre outros. Para tanto, essa pessoa declarada civilmente deve ser representada ou assistida por uma outra pessoa civilmente capaz, denominada curadorincapaz (SILVA; DOBJENSKI, 2019). A interdição é uma medida em que a pessoa perderá sua capacidade civil, assim, o psicólogo irá avaliar se a pessoa possui capacidade mental para responder por seus atos na vida civil. Destituição do poder pátrio A destituição do pátrio poder retira do(a) genitor(a) tutela sobre o(a) filho(a), devido a situações extremas causados por aquele(a). Entre os casos mais comuns, estão abuso sexual na família, negligência, maus-tratos, e ntre outros. É função do psicólogo avaliar a situação e emitir um laudo para embasar a decisão judicial. Separação/divórcio Durante o processo de separação e divórcio, poderão aparecer certas situações geradas por conflitos, indecisões, sentimentos (positivos e negativos) que macularam a relação familiar existente, assim, o psicólogo deverá atuar na desses conflitos, auxiliando um possível acordo sobre as questões inerentes à demanda emmediação andamento. Durante a entrevista, deverá avaliar o do litígio e os conflitos existentes, podendo, inclusive, indicarmotivo tratamento psiquiátrico ou psicológico. Em seu laudo, poderá indicar a destituição do pátrio poder, caso verifique a necessidade dele. Caso a mediação não seja acordada, o(a) psicólogo(a) irá emitir um laudo informando tal situação ao juiz. Regulamentação de visitas - -22 O psicólogo jurídico irá contribuir através de avaliações com a família, objetivando mediar os conflitos e esclarecer ao magistrado como é a dinâmica da família e as sugestões indicadas durante a mediação no intuito da regulação das visitas. Figura 2 - Decisão judicial de interdição Fonte: Elaborado pelo autor com base em decisões judiciais, 2020 #PraCegoVer: O quadro reproduz uma decisão judicial de interdição. - -23 6 O psicólogo e sua atuação no Juizado da Infância e Juventude Os processos que tramitam nas Varas da Família distinguem-se dos que são processados perante a Vara de Infância e Adolescência, já que na primeira se estudam as questões de interesse da família e, na segunda, resguardam-se os direitos da criança/adolescente. A função do psicólogo jurídico dentro das Varas da Infância e Juventude visa mediar situações em que tanto a criança como o adolescente estão presentes. A criança deverá ser ouvida nos processos em que é envolvida. - -24 6.1 Adoção Nos casos de adoção, o psicólogo é responsável por desenvolver estudos psicossociais tanto da criança a ser adotada quanto para as famílias que pretendem adotá-la. Esses estudos são realizados por meio de entrevistas, visitas ao domicílio do casal e análise de dados coletados através de valores, atitudes e crenças dos envolvidos no processo de adoção. Figura 3 - Ícones de crimes Fonte: ArnaPhoto, iStock, 2020 #PraCegoVer: A figura mostra ícones que representam atitudes de crianças e adolescentes que podem levá-los a medidas socioeducativas. - -25 6.2 Medidas socioeducativas Entre os princípios que normatizam a execução das medidas socioeducativas, destacam-se outros aspectos de fundamentação do Paradigma Restaurativo, tais como o expresso favorecimento dos meios de autocomposição de conflitos e a priorização explícita de práticas restaurativas, atendendo, sempre que possível às necessidades das vítimas e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários (VASCONCELOS, 2017, p. 19). Figura 4 - Ação de regulamentação do direito de visitas Fonte: Elaborado pelo autor com base em decisões judiciais, 2020 #PraCegoVer: O quadro mostra uma ação de regulamentação do direito de visitas. - -26 6.3 Guarda e suas diversas modalidades A guarda produz uma série de relações jurídica entre o guardião/guardiã e o/a menor. Aquele/a, em regra, pertencerá ao/a genitor/a, todavia, por determinação judicial, decorrente de sua ausência poderá autorizada a um terceiro, com a intervenção e análise do psicólogo jurídico Assim, observando o perfil de cada situação poderemos ter inúmeras modalidades de guarda: Guarda Unilateral, Alternada, Compartilhada e Institucional. O Código Civil, alterado pela Lei nº11.698/2008 (BRASIL, 2008) determina que: Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores por alguém que o substitua (art.1.584, § 5º), e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivem sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. § A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores: afeto nas relações com o genitor e como o grupo familiar; saúde e segurança e educação (BRASIL, 2009).. A guarda dos filhos, em regra, pertencerá ao(à) genitor(a), todavia, por determinação judicial. No entanto, há casos (alienação parental) em que a criança ou o adolescente não poderá ficar sob o pátrio poder do(a) genitor (a), já que o(a) mesmo(a) poderá concorrer para tal situação através da violência ou abuso sexual (Síndrome de Alienação Parental – Lei nº 12.318 de 26 de agosto de 2010). A situação mais comum é a mãe ser a principal alienadora, mas a também pode ser exercida por avósalienação ou quaisquer outras pessoas que tenham responsabilidade sobre o menor (NÜSKE; GRIGORIEFF, 2015). Para entender toda essa dinâmica da família (pais e filhos), os psicólogos deverão do filhoavaliar o histórico através de uma entrevista com a criança ou com o(a) adolescente somada à análise das situações que lhes são expostas no contato com professores e profissionais que o cercam. O psicólogo deve avaliar as falsas acusações ocorridas durante o processo judicial e os traumas que poderão acontecer sobre tal situação. Assim, sempre que o profissional verificar a possibilidade, deverá propor a mediação, no âmbito familiar, através de uma com finalidade de analisar os aspectos objetivos e subjetivos envolvidos no caso.escuta diferenciada - -27 6.4 Escuta de crianças A Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017 (BRASIL, 2017) estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). A presente lei cria a de crianças e adolescentes, que é disciplinada pela Recomendação CNJ nºescuta protegida 33/2010 e pela Resolução CNJ nº 299/2019. A norma tem foco na prevenção da violência institucional e busca garantir condições especiais para crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. A lei determina que eles possam ser ouvidos em locais apropriados, devidamente assistidos por profissionais especializados. As regras também têm o objetivo de resguardar a intimidade do depoente e evitar a reiteração de depoimentos que aumentem o sofrimento (CNJ, 2019). Vejamos a Resolução o art. 10 do CNJ nº 299/2019: Art. 10. Os profissionais especializados que atuarão na tomada do depoimento especial (Lei no 13.431/2017, art. 12, I) deverão ser preferencialmente aqueles que integram o quadro de servidores da respectivaunidade da federação, que compõem as equipes técnicas interprofissionais, as quais deverão receber capacitação específica para essa atividade (CNJ, 2019). Esse profissional especializado deverá ser capacitado através de uma equipe interdisciplinar voltada ao procedimento do depoimento especial. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /17eec0e9da61c3eda9488a00fd2ba983 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/17eec0e9da61c3eda9488a00fd2ba983 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/17eec0e9da61c3eda9488a00fd2ba983 - -28 7 O psicólogo e sua atuação nas Varas do Trabalho O psicólogo irá atuar nas demandas trabalhistas, avaliando a relação entre as condições de trabalho e a repercussão da saúde mental do indivíduo, através de laudo sobre os processos psicológicos e suas consequências sob investigação. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /d73341c2109da49f2cb40096ee08313b é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • analisar a interface entre a Psicologia e o Direito, verificando o campo de atuação de cada ciência; • acompanhar o debate acerca da nomenclatura a ser utilizada dentro deste estudo: psicologia forense ou psicologia jurídica; • verificar a evolução da psicologia, no Brasil e no mundo; • entender onde o psicólogo jurídico poderá atuar; • discutir as funções do psicólogo dentro das Varas. Referências BITENCOURT, C. R. : parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.Tratado de Direito Penal BRASIL. Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). , Brasília, 2017. Disponível em: Diário Oficial da União http://www.planalto.gov.br . Acesso em: 4 jun. 2020./ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. , Brasília, 2010. Disponível em: Diário Oficial da União http://www.crpsp.org.br . Acesso em: 4 jun. 2020/interjustica/pdfs/Lei-12318_10-Alienacao-Parental.pdf • • • • • https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/d73341c2109da49f2cb40096ee08313b https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/d73341c2109da49f2cb40096ee08313b http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm http://www.crpsp.org.br/interjustica/pdfs/Lei-12318_10-Alienacao-Parental.pdf http://www.crpsp.org.br/interjustica/pdfs/Lei-12318_10-Alienacao-Parental.pdf - -29 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. , Brasília, 1990. Disponível em: Diário Oficial da União http://www.planalto.gov.br/ccivil/Leis . Acesso em: 4 jun. 2020./L8069.htm BRASIL Lei nº 11.698, de 13 Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de. de junho de 2008. o 2002 – Código Civil, para instituir e disciplinar a guarda compartilhada. , Brasília, 2008.Diário Oficial da União Disponível em: . Acesso em: 4 jun.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11698.htm 2020. BRASIL. Lei nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003 Altera a Lei nº 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de. Execução Penal e o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal e dá outras providências. , Brasília, 2003. Disponível em: Diário Oficial da União http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS . Acesso em: 4 jun. 2020./2003/L10.792.htm BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal. , Brasília, 1984.Diário Oficial da União Disponível em: . 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Avaliação psicológica em processos judiciais nos casos de determinação de guarda e regulamentação de visitas. : ROVINSKI, S. L. R.; CRUZ, R. M. In Psicologia jurídica: perspectivas teóricas e . São Paulo: Vetor, 2009.processos de intervenção FRANÇA, F. Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu panorama no Brasil , v. 6, n. 1,. Psicologia: Teoria e Prática 2004. NORONHA, A. P. P.; REPPOLD, C. T. Considerações sobre a avaliação psicológica no Brasil. Psicologia: Ciência e , v. 30 (Esp.), 2010. Disponível em: . 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Referências
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