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AD2 História da África _Adolfo (2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Licenciatura em História - EAD
UNIRIO/CEDERJ
AD 2 - 2020.2
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ÁFRICA
	Nome: Adolfo Augusto Carmona Righi
	Matrícula: 17116090241
	Polo: Cantagalo
	Trata-se de produção de texto acerca dos aspectos do tráfico atlântico de escravos, as principais regiões que forneceram os cativos do continente africano e os efeitos que as sociedades africanas sofreram em detrimento desse comércio.
Contextualizando com o que foi solicitado, salienta-se, antes de adentrar ao questionamento solicitado, que a escravidão no continente africano era um aspecto comum entre os povos, tribos e sociedades africanas antes mesmo da chegada dos europeus (apesar da ausência de uma classe de escravos claramente definida). Em alguns casos era uma política estatal, ou seja, isso significa que para alguns reinos africanos os escravos eram uma propriedade do Estado e não de indivíduos particulares, sendo que esses cativos possuíam funções dentro da administração pública. Outras vezes, a existência de escravos no continente africano era basicamente resultado do conflito entre tribos, grupos e povos rivais que entravam em guerra. 
	Mas a escravidão interna do continente africano foi muito diferente do comércio de escravos que passou a vigorar depois das conquistas de territórios africanos por portugueses e demais povos europeus a partir do século XV e XVI. A principal diferença era que a escravidão na África não tinha o caráter comercial adotado após o desenvolvimento do tráfico de escravos através do oceano Atlântico.
	O comércio de cativos do Atlântico, apesar de sua importância central na história econômica e social do imperialismo ocidental e de seu profundo impacto sobre a sociedade africana, permaneceu como uma das áreas menos estudadas na moderna historiografia ocidental até as ultimas décadas deste século. O tardio interesse não foi por falta de fontes, pois o material disponível para seu estudo sempre foi abundante desde o começo. Muito pelo contrário, foi ignorado por sua associação com o imperialismo europeu resultando falta de interesse por um problema moralmente difícil, a falta de instrumental metodológico que permitisse analisar os complexos dados quantitativos. 
	Nos primeiros contatos com a África subsaariana, a real intenção dos portugueses era contornar a costa da África Ocidental para chegar às minas de ouro que seriam localizadas onde atualmente é o Estado de Gana. Mas quando notaram que havia escravidão entre os africanos e facilidade de comércio interno, passaram a traficar de um porto para o outro dentro do continente em troca de ouro. Algum tempo depois estenderam o comércio para as ilhas atlânticas Madeira, Açores e Cabo Verde ainda no século XV e no seguinte para a ilha de São Tomé.
	Ressalta-se que a prática de comércio de comércio de escravos dependia da aceitação e do controle dos reis e elites africanas. As tentativas de evangelização e penetração no continente, nunca conseguiram distanciar-se dos modelos de feitorias fortificadas no litoral, das regras tributárias de comerciantes instalados e muito menos das autoridades africanas. Para alguns estudiosos, a ideia de que o modelo de feitorias era fruto dos objetivos dos europeus confronta a vontade dos africanos de se beneficiar ao máximo do comércio europeu, recusando, com isso, interferências em suas organizações políticas e sociais locais.
	O controle sobre os comerciantes europeus exercido pelas elites africanas tem evidência na história dos chamados “lançados” (portugueses que se dirigiam aos arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé fugindo de punições por crimes cometidos ou perseguições religiosas). Os “lançados” passaram a importar escravos para o seu serviço, e posteriormente, no comércio de cativos para as Américas, fugindo ao controle da Coroa portuguesa que tentou reverter essa situação, sem sucesso. Nessa conjuntura, ao longo do século XVI, o plantio da cana-de-açúcar partiu das ilhas Madeira e Açores deslocando-se para o arquipélago de São Tomé, de onde foi exportado para a costa brasileira e as Antilhas, no século XVIII. 
Infelizmente, o tráfico negreiro configurava-se como um excelente negócio e a questão econômica a ele intrínseca explicava, em parte, o maior fenômeno de migração forçada da história da humanidade. Estima-se que, ao longo de 350 anos, tenham sido retirados da África mais de 12 milhões de pessoas. O Caribe e a América do Sul receberam 95% dos escravos que chegaram às Américas. Menos de 4% desembarcaram na América do Norte e apenas pouco mais de 10 mil na Europa.
Em complemento ao parágrafo acima, o Brasil foi o centro do comércio de escravos no Império português, Os portos do Rio de Janeiro e da Bahia enviaram mais viagens de escravos do que qualquer outro porto da Europa. Já a América do Norte teve um papel menor no comércio atlântico de cativos. Seus portos enviaram menos de 5% de todas as viagens e seu mercado absorveu menos do que 5% de todos os escravos trazidos da África. 
	Os principais comerciantes de escravos do Atlântico, ordenados por volume de comércio, foram: os impérios Português, Britânico, Francês, Espanhol e Neerlandês, além dos Estados Unidos (especialmente a região sul). Eles estabeleceram postos avançados na costa africana onde adquiriram escravos (conforme descrito no começo do texto) de líderes africanos locais. 
	A maioria dos cativos que saiu do continente africano em direção ao Atlântico era proveniente da África Ocidental e Centro-Ocidental. Apenas uma parcela dos cativos vendidos para as Américas eram advindos da costa oriental. A costa oriental foi inserida nas rotas do comércio escravagista em decorrência dos sucessivos acordos que proibiram, ao longo da primeira metade do século XIX, o comércio de cativos africanos ao norte da linha do equador.
	As primeiras microrregiões que forneceram escravos na rota atlântica foram a Senegâmbia e a Alta Guiné, perdendo a importância comercial somente no século XVIII. Entretanto, a maior área fornecedora de escravos para as Américas até o final do século XVII foi a África Centro-Ocidental, especialmente o “reino” do Congo. Após a metade do século do século XVII, foi a costa da Mina a grande provedora de cativos para as Américas. Porém, levando em conta todo o período vigente do tráfico, conclui-se região Centro-Ocidental da África foi a que mais forneceu escravos com regularidade para o mercado atlântico.
	Os efeitos sofridos pela sociedade africana em detrimento do tráfico atlântico de escravos. Muitos historiadores defendem que o subdesenvolvimento da África é decorrência de anos de comércio escravo. Além de paralisar o crescimento demográfico de várias regiões do continente prejudicando o crescimento econômico e tecnológico. A expansão do sistema escravista  na África alterou profundamente as relações entre diferentes áreas e regiões do continente, bem como interferiu substancialmente em todos os campos da vida dos povos que as habitavam. Um dos primeiros impactos do crescimento da escravidão foi a mudança dos significados e da importância do “ser escravo” nas sociedades africanas.
	Por outro lado, no final do século XVI, o comércio de escravos capitaneado pelos europeus colocou à disposição das sociedades africanas diversos produtos novos, influenciando a economia, as formas de organização social e políticas locais. Além de colocar a escravidão no centro das relações entre os grupos, houve a transferência de disputa de mercados e a restituição de uma desigualdade social em maior escala.
	O comércio atlântico de cativos impactou também na fragmentação e na deterioração de reinos e comunidades por invasões e guerras civis, muitas vezes incitadas pelos europeus, com o objetivo e ganância de terem a disposição uma oferta considerável de escravos, causando nesse caso, irreparáveis estragos geopolíticos. 	Outra consequência foi o surgimento de reinos africanos intimamente ligados ao tráfico de escravos, especializados em capturar homens a fim de vendê-los aos europeus. Foi o caso dos imbangalase das disputas em torno da liderança do Reino de Matamba.
	Conforme comentado anteriormente, o aumento da diferenciação social entre os grupos africanos, estariam interligados às mercadorias trazidas pelos europeus como objeto de troca na compra de escravos. Elas transformaram-se em símbolos de status, e as armas passaram a ser fundamentais nas disputas militares entre os reinos, cuja força centrava-se em sua capacidade de controlar rotas comerciais de escravos e de proteger sua população da escravização por outros reinos.
Destarte, que o suprimento de escravos para o tráfico atlântico, depois do século XVI, reestruturou a organização das sociedades africanas, modificando o estilo da escravidão doméstica, transformando-a em escravidão de larga escala. A partir de então se difundiu a prática de ataques a vilarejos e raptos de pessoas, com o incremento de sistemas internos de comercialização para um mercado externo emergente. Pode-se afirmar, portanto, que o impacto demográfico na áfrica é uma das principais consequências do comércio de escravos.
	De acordo com os parágrafos supracitados, conclui-se, portanto, que toda a dinâmica do comércio atlântico negreiro envolvendo uma gama de intermediários, onerava, sobretudo, os preços de cada escravo no mercado transatlântico; a alta desses preços fazia crescer a economia em solo africano, centrada no tráfico de escravos. Evidentemente que aprisionar e transportar milhares de africanos nas rotas atlânticas só era possível graças à existência de condições às empresas “exportadoras” no próprio continente Africano.
	Por fim, é óbvio que o comércio negreiro expandiu-se na África em resposta à demanda do capitalismo que tornou a mercadoria humana um produto altamente valorizado no mercado mundial. Ou seja, o contato entre africanos e europeus em lugares diversos da África criou uma nova dinâmica social, permitindo a consolidação do tráfico como negócio legítimo e socialmente aceito, embora nunca isenta de conflitos e contestações.
Referencial Bibliográfico:
ALVES, Alexandre & OLIVEIRA, Letícia Fagundes de. Conexões com a História. São Paulo: Moderna, 2013. P.26
CARVALHO, Leandro. "Comércio de escravos na África"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/comercio-escravos-na-Africa.htm. Acesso em 20 de out. de 2020.
História Geral da África, I: Metodologia e pré-história da África / editado por JosephKi-Zerbo. – 2. Ed. Ver. – Brasília : UNESCO. 2010.
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000100021 Acesso em 18 out. 2020.
MARZANO, Andrea. História da África – v. único / Andrea Marzano, Marcelo Bittencourt – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2013.
RODRIGUES, Jaime. De costa à costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780 – 1860). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
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