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Discutir a Reforma do Estado brasileiro, dos anos 1990 e suas implicações 
nas políticas educacionais. 
Apresentar as políticas educacionais dos anos 1990. 
Apresentar as políticas educacionais dos anos 2000 até o momento atual. 
 
 
 
Após a leitura desta aula esperamos que você possa: 
Relacionar a Reforma do Estado brasileiro, dos anos 1990, com as políticas 
educacionais, daquele período. 
Analisar, em perspectiva comparada, as políticas educacionais dos anos 
1990 com aquelas implementadas a partir dos anos 2000. 
A REFORMA DO ESTADO E A 
POLÍTICA EDUCACIONAL 
BRASILEIRA NA DÉCA DE 
1990 E NA DÉCADA ATUAL 
META 
OBJETIVOS 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os temas centrais a serem tratados nessa aula são a Reforma do 
Estado e as Políticas Educacionais dos anos 1990 e da década 
atual. Sendo assim, o material didático encontra-se dividido em 
IV seções, além desta pequena Introdução. 
Na primeira seção trataremos da Reforma do Estado conduzida 
por Bresser Pereira, nos anos 1990. Uma reforma de caráter 
neoliberal, que objetiva a mudança do papel do Estado que de 
interventor deveria assumir apenas a função de regulador. Sua 
intervenção deveria se resumir a setores considerados 
prioritários e, portanto, de monopólio da ação estatal. 
Na segunda seção abordaremos as políticas educacionais nos 
anos 1990. Como opção didático-metodológica optamos por 
analisar, separadamente, as políticas educacionais adotadas em 
cada um dos governos daquele período, a saber: Collor de Mello, 
Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Isso porque a 
condução das políticas educacionais varia de um governo para 
outro. 
Na terceira seção abordaremos as políticas educacionais dos 
anos 2003, quando se inicia o governo Lula, até o final do 
governo Dilma, em 2016. Nesse caso, não há a necessidade de 
analisarmos as políticas educacionais para cada um dos 
governos, em separado, uma vez que o governo Dilma deu 
continuidade às ações implementadas pelo governo Lula. 
Na quarta seção, apresentamos as considerações finais, onde 
fazemos uma pequena alusão à condução das políticas 
educacionais do atual governo. 
Leia atentamente o material didático! Leia também os textos 
indicados para complementação do conteúdo desta aula! Tire 
suas dúvidas com as tutoras. 
Bons Estudos!!! 
 
 
 
2. A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO, DOS ANOS 1990 
Entre 1930 e meados dos anos 1980 tivemos, no Brasil, uma política 
nacional-desenvolvimentista. Durante todo aquele período vivenciamos, 
portanto, no plano econômico, social e empresarial, um Estado fortemente 
interventor, pressupondo-se que “O Estado tinha papel estratégico na 
promoção do progresso técnico e da acumulação de capital, além de lhe 
caber a responsabilidade principal pela garantia de uma razoável 
distribuição de renda” (BRESSER PEREIRA, 1998, p. 54). 
Entretanto, naquele período houve um considerável crescimento do Estado, 
o que se percebe facilmente pela observação da expansão de sua área de 
atuação, que não se restringiu ao plano econômico, mas abrangeu o plano 
social e empresarial e pelo aumento expressivo da contratação de 
funcionários públicos, professores, profissionais da saúde, assistentes 
sociais, artistas, dentre outros. 
Para sustentar seu próprio crescimento, o Estado se viu obrigado a 
aumentar a carga tributária. Mas tendo em vista o volume das 
transferências, associado à redução da capacidade de geração de poupança 
interna, por parte das empresas estatais, o Estado começou a apresentar 
sinais de esgotamento. Nas palavras de Bresser Pereira (1998, p.55): “na 
realização das atividades exclusivas [...] e principalmente no oferecimento 
dos serviços sociais de educação e saúde, a administração pública 
burocrática [...] demonstrava agora ser ineficiente e incapaz de atender com 
qualidade as demandas dos cidadãos-clientes”. 
Resultado de tamanha expansão da máquina pública: crise fiscal que, nos 
anos 80, se manifesta sob a forma da crise da dívida externa e através da 
hiperinflação. Além destes fatores endógenos, a globalização também teve 
papel importante na reforma do Estado conduzida nos anos 90. Naquele 
período, de agente viabilizador do desenvolvimento socioeconômico o 
Estado interventor passou a ser visto, por alguns políticos e pesquisadores, 
como um obstáculo para o mesmo, o que levou à reforma. 
No Brasil a reforma do Estado teve quatro pontos principais: 
1. A delimitação de suas funções e, portanto, do seu tamanho, através de 
programas de privatização, terceirização e publicização: 
Segundo Bresser Pereira (1998), aos poucos os governos foram 
percebendo que o Estado não deveria ser o responsável direto pela 
execução de algumas atividades, as quais seriam de competência do 
setor privado. Sua área de atuação deveria se limitar à realização de 
atividades exclusivas (como definir as leis internas, garantir a justiça; 
garantir a segurança da população e manter a ordem; defender e 
representar o país no exterior; arrecadar impostos; garantir a 
estabilidade da moeda e do sistema financeiro; regulamentar as 
atividades econômicas); à realização de serviços sociais e científicos e à 
produção de bens e serviços para o mercado. 
Compreendendo que o Estado interventor atuava em um campo 
bastante amplo, ultrapassando o de suas funções básicas, vieram, nos 
anos 80 a privatização, a terceirização e a publicização. 
 
DIFERENCIANDO CONCEITOS... 
PRIVATIZAÇÃO: Processo de transformar uma empresa estatal em 
privada. Consiste na venda das empresas públicas para o setor privado. 
TERCEIRIZAÇÃO: Consiste na transferência de algumas atividades 
antes exercidas pelo setor público para o setor privado. Através desta 
medida reduz-se custos operacionais e gera-se economia de recursos 
públicos e, ao mesmo tempo, desburocratiza-se a administração pública. 
PUBLICIZAÇÃO: Consiste na transferência da gestão de serviços e 
atividades não exclusivas do Estado, antes executadas pelo mesmo, para 
o setor público não estatal. O Estado passa de executor a regulador dos 
serviços. 
 
2. Redução da sua área de interferência, atuando como regulador da 
economia para garantir o bom funcionamento do mercado: Segundo 
Bresser Pereira (1998), o Estado estava atuando em áreas não-
exclusivas tais como escolas, universidades, centros de pesquisa 
científica e tecnológica, creches, ambulatórios, hospitais, entidades de 
assistência social, dentre outras. 
Tendo em vista o cenário de crise e admitindo-se que tais atividades 
não precisam, necessariamente, serem executadas pelo Estado recorreu-
se, nesses casos, à publicização - ou seja, a transferência de 
responsabilidade da execução de alguns destes serviços para o setor 
público não-estatal (entidades do terceiro setor, sem fins lucrativos; são 
organizações não governamentais e/ou voluntárias). Normalmente 
estabelecia-se um contrato entre a entidade pública de direito privado e 
o Estado, que financiava parcial ou integralmente a prestação do 
serviço. 
Outra estratégia para a redução da área de atuação do Estado foi a 
terceirização de alguns serviços auxiliares (tais como limpeza, 
vigilância, transporte, dentre outros) e atividades-meio (como serviços 
técnicos de informática e processamento de dados). 
 
Quadro 1: Instituições resultantes da Reforma do Estado 
Atividades 
Exclusivas do 
Estado
Serviços Sociais e 
Científicos
Produção de Bens e 
Serviços para o 
Mercado
Atividades Principais
ESTADO (enquanto 
pessoal)
Entidades Públicas 
Não Estatais
Empresas 
Privatizadas
Atividades Auxiliares
Empresas 
Terceirizadas
Empresas 
Terceirizadas
Empresas 
Terceirizadas
 
Fonte: Bresser Pereira, 1998, p. 71 
 
3. Aumentar sua capacidade de governança, através da substituição da 
administração pública burocrática pela gerencial: Bresser Pereira 
admitiu, ao pensar os termos da reforma, que a crise dosanos 1980 era 
também uma crise de governança que inicialmente se manifestou 
através da crise fiscal. Sendo assim, os parâmetros da reforma deveriam 
necessariamente extrapolar o plano econômico e alcançar, também, o 
plano administrativo. Reconhecia-se, então, a necessidade de uma 
reforma administrativa, que se consolidou, no Brasil, durante o governo 
Fernando Henrique Cardoso, com a aprovação do Plano Diretor da 
Reforma do Estado (1995). 
Nesse sentido a reforma administrativa do Estado brasileiro buscou 
reforçar os princípios da meritocracia para a seleção e progressão 
funcional no setor público; estruturar e fortalecer as carreiras típicas de 
Estado; informatizar e aperfeiçoar o aparato informacional para 
gerenciamento e tomada de decisões; e institucionalizar e incorporar de 
diversas formas a participação de entes públicos não estatais nas 
atividades de desenho, implementação, monitoramento e controle social 
de ações governamentais. 
Como principais características da reforma administrativa, destacam-
se a orientação da atuação do Estado para o cidadão usuário ou cidadão-
cliente; a ênfase no controle de resultados através dos contratos de 
gestão (ao invés de controle dos procedimentos) e o fortalecimento e 
aumento da autonomia da burocracia estatal; separação entre as 
instituições formuladoras e executoras das políticas públicas; 
reconhecimento e fortalecimento das agências reguladoras; distinção 
entre agências executivas, que executam atividades monopolísticas do 
Estado, das organizações sociais, que realizam serviços sociais e 
científicos; publicização dos serviços sociais e científicos competitivos; 
e terceirização das atividades auxiliares e de apoio. 
O objetivo com a reforma administrativa, era reduzir o tamanho do 
Estado mas, simultaneamente, torna-lo mais forte. Nas palavras do 
próprio Bresser Pereira (1998, p. 82): 
(a) Mais forte financeiramente, superando a crise fiscal que o abalou 
nos anos 80; 
(b) Mais forte estruturalmente, com uma clara delimitação de sua 
área de atuação e uma precisa distinção entre seu núcleo 
estratégico onde as decisões são tomadas e suas unidades 
descentralizadas; 
(c) Mais forte estrategicamente, dotado de elites políticas capazes de 
tomar as decisões políticas e econômicas necessárias e 
(d) Administrativamente forte, contando com uma alta burocracia 
tecnicamente capaz e motivada 
 
4. Aumentar sua capacidade de governabilidade, através do fortalecimento 
da democracia representativa e da prática do controle social: Além dos 
planos econômico e administrativo a reforma do Estado, dos anos 1990, 
deveria alcançar também o plano político, tendo em vista reconhecer 
que, naquele momento, o Estado enfrentava também uma crise de 
governabilidade. Era preciso, então, adotar medidas para aumentar a 
capacidade política de governar (governabilidade) o que é possível 
apenas através do aumento da legitimidade do Estado e do governo, 
perante a sociedade civil. 
Segundo Bresser Pereira (1998), a reforma política deveria caminhar, 
necessariamente, no sentido de tornar o Estado brasileiro mais 
democrático, criando instituições políticas que permitissem melhor 
intermediação entre os interesses conflitantes do Estado e da sociedade 
civil. Por isso julgava importante uma reforma no sentido de ter 
partidos políticos representativos das várias orientações ideológicas; 
critérios eleitorais que garantissem a formação de governos 
representativos; que garantisse espaço para a manifestação pública de 
oposição; a liberdade de imprensa; de um sistema judiciário que defenda 
a res pública; transparência dos atos e das contas públicas; obedeça o 
princípio da meritocracia e não o clientelismo/populismo; que 
garantisse a participação dos cidadãos nos processos decisórios; com um 
sistema transparente de financiamento das campanhas eleitorais e que 
desenvolvesse um sistema de responsabilização da classe política. 
Agora que compreendemos a reforma do Estado, da década de 1990, 
vamos analisar as políticas de educação no cenário brasileiro, naquela 
década, cujos governos foram fortemente marcados pela ideologia 
neoliberal. 
 
3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PRINCIPAIS 
PONTOS DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA NOS 
ANOS 1990 
Durante a década de 1990 o Brasil teve três Presidentes: Fernando 
Collor de Mello (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995) e Fernando 
Henrique Cardoso (1995-2003) e as políticas educacionais variaram 
significativamente entre um governo e outro. 
Segundo Veloso (1992) apud Yanaguita e Filho (2011, p.3), durante 
o governo Collor as políticas educacionais “foram marcadas por forte 
clientelismo, privatização e enfoques fragmentados”; ressaltando-se que 
para Arelaro (2000) e França (2005) apud Yanaguita e Filho (2011, p.3), 
aquele foi, no campo das políticas educacionais, “um período 
impregnado de muito discurso e pouca ação”. 
Collor lançou, em 1990, o Programa Nacional de Alfabetização e 
Cidadania, objetivando no prazo de 5 anos a redução, em 70%, do 
número de analfabetos no país. Mas, para o longo prazo, o documento 
explicita a intenção de erradicar o analfabetismo e universalizar o 
ensino fundamental, admitindo-se que “a formação da cidadania de um 
povo depende de processos educativos, dentre os quais o ensino 
fundamental - direito inalienável das crianças, jovens e adultos, e devido 
a todos pelo Estado” (PNAC, p. 14). 
Além do PNAC, foi lançado o “Programa Setorial de Ação do 
Governo Collor na área de Educação (1991-1995)”, documento no qual 
o governo explicitava sua política educacional, fixava metas para a 
educação e definia recursos para o seu financiamento. O objetivo 
principal deste Programa era inserir o país na revolução tecnológica, 
através da introdução, na área da educação, dos princípios de equidade, 
eficiência, qualidade e competitividade. Previa a gestão democrática da 
educação, através da implementação de política de descentralização dos 
processos decisórios e de responsabilização da sociedade em relação ao 
controle e avaliação das políticas implementadas bem como da 
utilização dos recursos públicos na educação. 
Collor, em seu Projeto de Reconstrução Nacional (1991), 
considerava que a educação era um dos elementos essenciais para a 
reestruturação competitiva da economia e viu a necessidade de adequar 
sua oferta à população brasileira. Para tanto previu 
“A criação de mecanismos de integração e compatibilização dos 
esforços financeiros da União e dos sistemas de ensino por meio da 
estruturação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FNDE) e do 
Salário-Educação Quota Federal, compartilhando as 
responsabilidades de sua gestão com o Conselho Nacional de 
Secretários Estaduais (CONSED) e a União Nacional dos Dirigentes 
Municipais (UNDIME)” (YANAGUITA e FILHO, 2011, p. 4). 
 
 
No governo Itamar Franco foi elaborado o Plano Decenal de 
Educação para Todos, para o decênio 1993-2003. Este documento, além 
de ser um diagnóstico da situação do ensino fundamental no Brasil, 
naquele momento, identificava os problemas da educação brasileira e 
apontava estratégias a serem implementadas visando a 
minimização/eliminação dos mesmos, assim como sugeria estratégias a 
serem adotadas para garantir a “universalização da educação 
fundamental e a erradicação do analfabetismo”, admitindo-se uma ação 
integrada entre as três esferas governamentais (SAVIANI, 1999). 
O Plano explicitava, também, uma visão descentralizadora para as 
políticas educacionais na medida em que previa a modernização da 
gestão, baseada na concessão de autonomia financeira, administrativa e 
pedagógica, visando o aumento da produtividade e da competitividade 
das instituições de ensino. 
Objetivando a universalização do ensino básico, a erradicação do 
analfabetismo e a melhoria da qualidade da educação, o Plano 
explicitava a intenção de aumentar os recursos financeirospara o 
financiamento e de definir “instrumentos para controle dos gastos 
públicos em educação de forma a evitar que os recursos, que legal e 
constitucionalmente eram destinados a essa área fossem aplicados em 
outros programas” (YANAGUITA e FILHO, 2011, p. 5). Infelizmente, 
segundo Saviani (1999), esse plano nunca chegou a ser implementado, 
limitando-se apenas a orientar algumas ações da esfera federal no 
âmbito da educação. 
Em 1995, o Presidente Fernando Henrique Cardoso assume a 
Presidência da República e, segundo Yanaguita e Filho (2011, p. 5), “os 
eixos da política educacional permearam o estabelecimento de um 
mecanismo objetivo e universalista de arrecadação e repasse de recursos 
mínimos para as escolas”, o que condiz com as propostas do Estado em 
reduzir sua área de atuação e transferir para o setor privado parte dos 
serviços que até então estavam, prioritariamente, sob a responsabilidade 
do setor público. Segundo Durham (2010), a maioria das políticas 
educacionais implementadas pelo governo FHC foram orientadas para a 
implementação das reformas no ensino, previstas pela LDB – Lei 
9394/96. 
 
No documento “Mãos a obra Brasil” a União redefine, com base no 
princípio da descentralização, as atribuições das três esferas de governo, 
na oferta dos serviços de educação: a União passou a ser responsável 
pela coordenação e gerenciamento das políticas educacionais; e Estados 
e Municípios se tornaram responsáveis por sua execução, desfrutando 
de certa flexibilidade e autonomia na implementação das ações. No 
entanto, segundo Pinto (2000), Arelaro (2004) e Rodriguez (2001) apud 
Yanaguita e Filho (2011, p.8), “esta descentralização foi feita de modo 
inadequado (sem planejamento nem prioridade claras), visto que boa 
parte dos municípios não se encontrava preparada administrativa e 
pedagogicamente” para assumir tal responsabilidade. 
 Durante o governo FHC foi criado o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do 
Magistério (FUNDEF)1; implementada a nova LDB - Lei 9496/1996... 
 
Segundo Durham (2010, p.156 )... 
“A LDB fortaleceu a tendência à descentralização normativa, 
executiva e financeira do sistema educacional e repartiu a competência 
 
1 O financiamento da educação brasileira e a avaliação do sistema educacional são temas da Aula 16. 
entre as instâncias do poder (federal, estadual e municipal), enfatizando 
a responsabilidade de estados e municípios para com a universalização 
do ensino fundamental, que passou a ser responsabilidade de ambos 
 
... e o novo sistema de avaliação da educação brasileira. 
Segundo Durham (2010, p. 163)... 
“O governo Fernando Henrique não foi marcado pelo início da 
queda da qualidade do ensino, mas pela possibilidade de medi-la. 
 
Uma crítica às políticas educacionais no período FHC diz respeito 
aos efeitos perversos da focalização das políticas – e, portanto, do 
investimento público - no ensino fundamental: redução do número de 
vagas e perda da qualidade do ensino infantil, médio e da Educação para 
Jovens e Adultos. 
A educação superior continuou sob a responsabilidade da União, 
muito embora, tenham surgido várias Universidades Estaduais, inclusive 
como uma tentativa dos governos estaduais de cobrirem as lacunas do 
ensino superior, tendo em vista seu relativo abandono/sucateamento, 
durante o governo FHC. Verificou-se também um aumento do número 
de Instituições privadas de Ensino Superior (DURHAM, 2010) as quais, 
segundo a autora, não foram beneficiadas com nenhuma política 
governamental. Durham afirma não ter havido, durante o governo FHC, 
nenhuma política de favorecimento para o ensino superior privado. Pelo 
contrário, considera que tais instituições perderam a vantagem da 
isenção fiscal e foram submetidas ao Provão, o que acirrou a 
competição entre elas. 
Em relação ao ensino técnico-profissionalizante, o governo FHC 
separou a formação técnica para o mercado de trabalho da formação 
propedêutica; em grande parte essa medida deveu-se ao fato de que os 
cursos oferecidos pelas Escolas Técnicas Federais, que além do curso 
técnico contavam com formação propedêutica de excelente qualidade, 
estavam sendo usados, por grande parte dos alunos, principalmente 
aqueles de classe social mais elevada, como um pré-vestibular para 
ingresso nas Universidades Federais. Ao implementar esta medida FHC 
afastou das Escolas Técnicas os alunos interessados no curso superior. 
Segundo Durham (2010, p. 171), 
A resistência das Escolas Técnicas foi enorme, porque se orgulhavam 
da excelência de seu ensino e da excelente formação dos que nela 
ingressavam. A reforma implicava deixarem de ser instituições de 
elite. Em face dessa resistência, a reforma foi iniciada, mas de forma 
parcial. 
 
 
4. PRINCIPAIS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
IMPLEMENTADAS NO BRASIL DOS ANOS 2000 AOS DIAS 
ATUAIS 
Durante os anos 2000 (2003 a 2016) o Brasil foi governado por 
Presidentes – Lula e Dilma – ligados ao Partido dos Trabalhadores. 
Diferentemente do que ocorreu nos governos anteriores – 
principalmente nos governos Collor e FHC – estes últimos governos 
caracterizaram-se por um maior intervencionismo, inclusive na área da 
educação. O foco das políticas educacionais durante estes governos foi o 
ensino técnico profissionalizante e o ensino superior. 
Em relação ao primeiro, chama a atenção a expansão da Rede 
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, em todo o 
território nacional: “entre 2003 e 2016, o Ministério da Educação 
concretizou a construção de mais de 500 novas unidades referentes ao 
plano de expansão da educação profissional, totalizando 644 campi em 
funcionamento” (BRASIL, MEC, 2017). 
 
FIGURA 1: BRASIL - Distribuição espacial, segundo a UF, das 
Instituições que formam a Rede Federal de Educação Profissional, 
Científica e Tecnológica (2017) 
 
Fonte: http://redefederal.mec.gov.br/instituicoes. Acesso dia 15/10/2017. 
 
Segundo Durham (2010), o governo Lula juntou, novamente, o 
ensino técnico profissionalizante e o propedêutico, nas escolas técnicas 
federais sendo que o aluno pode cursar o ensino médio integrado 
(oferecido somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, 
sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação 
profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, 
http://redefederal.mec.gov.br/instituicoes
contando com matrícula única para cada aluno)2, concomitante 
(oferecido somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou 
cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a 
educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio 
pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo 
ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as 
oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino 
distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou 
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de 
intercomplementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento 
de projetos pedagógicos unificados)3 ou subsequente ( oferecido 
somente a quem já tenha concluído o Ensino Médio)4. 
Além da expansão da rede federal, o governo federal implementou o 
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego 
(PRONATEC e PRONATEC-EJA), com o objetivo de expandir, 
interiorizar e democratizar a educação profissional e tecnológica no 
país. 
Em relação à educação superior, também verificou-se a expansão da 
rede federal com a criação de novas Universidades e inauguração de 
novos Campi, tendo havido, inclusive, uma forte política de 
 
2 Informações obtidas no site http://www.ifrr.edu.br/acessoainformacao/perguntas-frequentes. Acesso 
dia 15/10/2017. 
3 Idem 
4 Idem 
http://www.ifrr.edu.br/acessoainformacao/perguntas-frequentesinteriorização do ensino superior no Brasil. Assim como no caso do 
ensino profissionalizante, além da expansão de sua própria rede de 
ensino, o governo federal implementou o Programa Universidade Para 
Todos (PROUNI), com a finalidade de conceder bolsas de estudo 
integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais, em 
instituições de ensino superior privadas. Segundo o MEC (2017), o 
governo federal adotou, ainda, medidas – Bolsa Permanência, FIES e 
PNAES - para garantir a permanência dos estudantes no ensino superior. 
Ressalta-se que o orçamento federal destinado à educação superior 
aumentou de R$ 6,7 bilhões em 2003 para R$ 19,7 bilhões em 2010. 
No governo Lula o PROVÃO foi substituído pelo Sistema Nacional 
de Avaliação da Educação Superior (SINAES), um processo de 
avaliação que “leva em consideração aspectos como ensino, pesquisa, 
extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente. 
O Sinaes reúne informações do Exame Nacional de Desempenho de 
Estudantes (Enade) e das avaliações institucionais e dos cursos” 
(BRASIL, MEC, 2017). Ressalta-se que há críticas em relação a esta 
substituição, tendo em vista a complexidade desse novo sistema de 
avaliação; segundo Durham na prática a avaliação continua sendo feita 
apenas através do ENAD, prova bastante semelhante ao antigo 
PROVÃO. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
Buscamos mostrar para você a relação entre a relação entre a reforma 
– neoliberal - do Estado Brasileiro, dos anos 1990, com as políticas 
educacionais no Brasil. 
Perceba que durante os anos 1990 havia uma tendência para a 
redução da participação do Estado na economia e em setores, dentre eles 
a Educação (excluindo-se a educação fundamental), nos quais entende-
se não ser obrigatória sua participação. 
Durante os governos Collor e FHC é notória a redução da 
participação direta do Estado na Educação, excetuando-se a 
preocupação em universalizar o ensino fundamental e reduzir o 
analfabetismo no Brasil. 
Durante o governo FHC o ensino técnico-profissionalizante e 
superior ficaram relegados a segundo plano, havendo um interesse 
explícito, que felizmente não chegou a se concretizar, de privatizar as 
Universidades Federais. É importante ressaltar que a maioria, senão 
todas, as políticas educacionais durante o governo FHC foram 
orientadas para a implementação da reforma do ensino, prevista na LDB 
9394/96. 
Com os governos Lula e Dilma, momento em que o ensino 
fundamental já se encontrava praticamente universalizado, a 
preocupação maior voltou-se para o ensino técnico-profissionalizante e 
para o ensino superior. Naqueles anos houve não apenas expansão da 
rede federal de ensino – tanto técnico quanto superior – mas inclusive 
sua interiorização, medida de extrema importância sob o ponto de vista 
da inclusão social. 
No presente momento, sob o governo do Presidente Michel Temer, 
muitas políticas educacionais inclusivas adotadas no governo Lula e 
Dilma encontram-se ameaçadas, havendo, explicitamente, uma intenção 
de reduzir recursos para financiamento da educação tecnológica e 
superior e, inclusive, de privatizar as universidades federais. Ressalta-
se, ainda, que encontra-se em curso a Reforma do ensino médio. 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
BRASIL/MEC. Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania: Marcos 
de Referência. Brasília. 1991. 
 
DURHAM, Eunice Ribeiro. A Política Educacional do Governo Fernando 
Henrique Cardoso: Uma visão comparada. Novos Estudos – CEBRAP. Nº 
88. São Paulo. Dez.,2010. 
 
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A reforma, do Estado dos anos 90: Lógica 
e Mecanismos de Controle. Lua Nova. Nº 45. São Paulo. 1998. 
 
SAVIANI, Dermeval. Sistemas de ensino e planos de educação: O âmbito 
dos municípios. Educação e Sociedade, V.20, nº69, p.119-136.Campinas. 
Dez, 1999. 
 
YANAGUITA, Adriana Inácio e FILHO, Júlio de Mesquita. As políticas 
educacionais no Brasil nos anos 1990. XXV Simpósio Brasileiro e II 
Congresso Íbero-Americano de Política e Administração da Educação. 
Biblioteca Anpae – Série Cadernos. São Paulo, Nº11. 2011. 
 
 
 
7. Sites Consultados 
 
http://portal.mec.gov.br 
 
http://www.ifrr.edu.br 
 
http://redefederal.mec.gov.br/instituicoes 
 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_a
ction=&co_obra=18145 
 
 
8. ATIVIDADES PROPOSTAS 
1. Relacione as políticas educacionais dos anos 1990 com a Reforma do 
Estado que estava em curso, naquele período. 
2. Faça uma comparação entre as políticas educacionais dos anos 1990 
com aquelas implementadas a partir dos anos 2000. 
3. Em que sentido podemos afirmar que, no campo da Educação, nos 
anos 2000 o Estado brasileiro mostrou-se mais interventor, 
comparativamente à sua atuação na educação, nos anos 1990? 
http://portal.mec.gov.br/
http://www.ifrr.edu.br/
http://redefederal.mec.gov.br/instituicoes