Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Parte 1: Sistema Cardiovascular 1. Introdução: Fisiologia do Sistema Cardiovascular aplicada à semiologia Em linhas gerais, ao se analisar a fisiologia de funcionamento do coração, se conclui que este opera como se duas bombas fosse. A primeira se constitui do coração direito, cuja função é receber o fluxo sanguíneo advindo do corpo e enviá-lo para a pequena circulação para a troca gasosa nos pulmões (veias cavas superior e inferior → AD → válvula atrioventricular tricúspide → VD → valva pulmonar → artéria pulmonar). A segunda bomba seria o coração esquerdo, que recebe o sangue já oxigenado e o bombeia para a periferia do corpo (veias pulmonares esquerda/direita superior/inferior → AE → valva atrioventricular mitral → VE → valva aórtica → aorta). Como foi possível observar, cada uma dessas bombas se divide em duas câmeras musculares: o átrio (primer pump, tem como função propelir o sangue para o interior dos ventrículos) e o ventrículo (que gera a força de bombeamento principal para que o sangue se distribua na circulação pulmonar e sistêmica). 1.1. O coração como duplo sincício A musculatura cardíaca se divide em três tipos: músculo atrial, músculo ventricular e as fibras especializadas excitatórias/condutoras. Essas últimas possuem poucas fibras contráteis - uma vez que sua principal função é a de conduzir ou de gerar descargas elétricas rítmicas e automáticas (potenciais de ação) que tornam a sístole e a diástole cardíacas possíveis a partir do estabelecimento de um sistema excitatório intrínseco à musculatura. Em análise da organização tecidual, observa-se que a musculatura cardíaca é estriada (como todos os músculos esqueléticos são), que se dispõe em malha (as fibras se dividem, se recombinam e se separam de novo) e que é composta por miofibrilas típicas (agregando filamentos de actina e de miosina que deslizam uns contra os outros no momento da contração). As fibras musculares do coração se constituem, na realidade, de muitas células individuais que se conectam em série e em paralelo umas com as outras. Isto é o que chamamos de sincício, uma massa multinucleada de citoplasma formada pela fusão de células originalmente separadas. Mas afinal, como é que esta massa de muitas células se unem funcionalmente? A resposta para isso está no diferencial principal deste tecido, os discos intercalares. Esses discos são pontos de fusão entre as membranas celulares que separam as células miocárdicas. Em cada um deles, as membranas se fundem e se interconectam, formando junções comunicantes fundamentais para que seja possível uma rápida difusão iônica e, portanto, uma ágil propagação dos potenciais de ação. Dessa forma, as células estão tão interconectadas que, quando uma recebe um impulso excitatório, este se propaga para todas as outras. O coração é composto por dois sincícios - o atrial e o ventricular. Estes dois se separam por um tecido fibroso que circunda as aberturas das valvas atrioventriculares. Assim, é importante compreender que o coração antes dividido em duas bombas, uma direita e uma esquerda, destoa dessa divisão prévia quando se analisa o funcionamento da musculatura: os átrios agem simultaneamente (basicamente), e os ventrículos se contraem/relaxam em concordância entre si. 1 Essa divisão funcional se deve ao fato de que os impulsos elétricos que coordenam a contração atrial não atravessam a barreira fibrosa que segrega os dois sincícios. Em vez disso, esses potenciais de ação são conduzidos por um sistema especializado de condução, o feixe atrioventricular. Tudo isso permite com que os átrios se contraiam um pouco antes da musculatura ventricular - mantendo a lógica de fluxo sanguíneo. 1.2. Potenciais de ação e a contração cardíaca Assim como na musculatura estriada esquelética, os potenciais de ação que estimulam a contração atrial têm curta duração, pois a pressão necessária para que se dê a função atrial é menor que a requerida no caso dos ventrículos, que devem impulsionar o sangue para a pequena e a grande circulação. Dessa forma, os potenciais de ação que determinam a sístole e a diástole ventriculares são mais longos, pois após o spike inicial de despolarização, a milivoltagem se mantém por um período aproximado de 0,2-0,3s. Esse platô é de suma importância, pois permite com que as contrações dos ventrículos durem cerca de 15x mais que as da musculatura esquelética, por exemplo. A possibilidade que as células cardíacas ventriculares têm de estabelecer um período de platô na despolarização das suas membranas e de condicionar contrações mais longas se deve a, justamente, diferenças nos canais iônicos presentes nessa membrana. Para compreender isso, é preciso traçar um paralelo: ● As células da musculatura estriada esquelética apresentam somente canais rápidos de sódio, que se abrem e se fecham abruptamente, promovendo a despolarização a partir da entrada de Na+ e a repolarização logo após o fecho das entradas. ● As células do miocárdio dispõem de canais rápidos de sódio e de canais cálcio-sódio lentos. Este segundo grupo de canais iônicos possui um período para abertura mais longo e, concomitantemente, permanecem abertos por mais tempo. Nesse período, dá-se a entrada de íons de cálcio e de sódio que contribuem para o mantimento do platô. Ademais, no momento em que se dá a despolarização da membrana de uma célula cardíaca, a permeabilidade dessa ao íon potássio reduz drasticamente (cerca de 5x). Isso minimiza a possibilidade de que esse íon, saindo da célula, contribua para a repolarização. 2 1.3. Acoplamento excitação-contração O acoplamento excitação-contração é o nome que se dá ao processo fisiológico pelo qual a despolarização da membrana condiciona, sincronicamente, a contração muscular - e este está intrinsecamente ligado à estrutura dos túbulos transversos. Estes túbulos são invaginações profundas da fina camada de tecido conjuntivo que envolve a fibra muscular (sarcolema) e permitem que a despolarização em curso na membrana penetre a célula rapidamente. Assim, como se pode observar na imagem abaixo, o potencial de ação (do qual decorre a despolarização) que se propaga pela membrana da célula chega, por através de um túbulo T, à membrana do retículo sarcoplasmático. A partir disso, esse retículo libera íons de cálcio que se dispersam até as miofibrilas. Nessas, estes íons catalisam reações químicas que determinam o deslizamento dos filamentos de miosina e de actina uns contra os outros - efetuando, assim, a contração. Nesse mecanismo básico, os músculos esquelético e cardíaco possuem o mesmo sistema de acoplamento excitação-contração. Contudo, quando se trata do miocárdio, é importante verificar que além dos íons de cálcio liberados pelo retículo sarcoplasmático, há a entrada de mais íons por através da membrana dos túbulos T, onde há canais de cálcio voltagem-dependentes. Não obstante, a entrada desses íons a partir do líquido extracelular promove uma liberação ainda maior do cálcio por parte do retículo. Sem esse cálcio adicional, as fibras celulares do miocárdio não seriam capazes de contração plena - uma vez que os retículos sarcoplasmáticos dessas são menos desenvolvidos e, portanto, não armazenam o íon em quantidade suficiente para catalisar as reações já comentadas. Por isso, os túbulos T do músculo cardíaco possuem um diâmetro 5x maior que o normal e dispõem, ainda, de uma grande quantidade de mucopolissacarídeos eletronegativos em sua superfície de invaginação (estes se ligam ao cálcio, fazendo com que o íon esteja sempre disponível para a perfusão por através da membrana). Após o fim do platô do potencial de ação (quando se dá a repolarização da membrana pela evasão dos íons de sódio e de cálcio), o influxo de cálcio é interrompido abruptamente e os íons que se dispõem difusos pelo sarcoplasma são rapidamente bombeados para dentro do retículo sarcoplasmático (bomba de cálcio-ATPase) ou para fora da célula por através de trocadores sódio-cálcio presentes na membrana da célula (posteriormente, este sódio que penetrou a célula é enviado parafora por meio de uma bomba sódio-potássio-ATPase). Nesse contexto, contudo, é importante sempre ter em mente que a atividade elétrica cardíaca não só precede a ação mecânica, como a comanda. 3 1.4. Excitação rítmica do coração O coração conta com um sistema próprio de geração de impulsos elétricos para garantir a ritmicidade de suas contrações. Quando esse sistema funciona normalmente, os átrios se contraem 0.1 segundo antes dos ventrículos - o que permite que as câmaras ventriculares recebam os 20% de sangue remanescentes, antes da sístole e do bombeamento desse sangue para as circulações sistêmica e pulmonar. Em decorrência também desse sistema, todas as porções dos ventrículos se contraem sincronicamente, fator essencial para o correto bombeamento sanguíneo. Esse sistema rítmico de geração e de condução dos impulsos elétricos está suscetível a doenças que acabam ocasionando ritmos anormais de funcionamento e sequências de contração sem sentido - podendo estes quadros, inclusive, causar a morte. Muitos deles decorrem de isquemia de tecidos em função da circulação coronária deficiente. 1.5. Ciclo cardíaco Como explicado na seção acima, o ciclo cardíaco se inicia com a produção espontânea de um potencial de ação no nodo sinusal (o marca-passo cardíaco). Deste ponto, o potencial se dissemina pelos dois átrios e viaja até o nodo atrioventricular (que é responsável por retardar o estímulo, para que o sangue impulsionado pela contração atrial chegue, em tempo hábil, à câmara ventricular). A partir desse nodo, é encaminhado ao feixe atrioventricular, onde se divide para as porções condutoras direita e esquerda e finda com a sua propagação pela musculatura ventricular - que promove a sístole dos ventrículos. Por razão dessa configuração de condução do potencial de ação, há um atraso de cerca de 0.1 segundo entre os momentos de contração dos átrios e dos ventrículos. Isso é um fato relevante porque, normalmente, somente cerca de 80% do sangue que chega aos átrios flui diretamente por através das valvas atrioventriculares. Os demais 20% dependem da contração atrial para que sejam propelidos à câmara ventricular (considere como justificativa para tal os gradientes de pressão em alteração). Por essa razão, dizemos que os átrios são bombas de escova (primer pumps), pois são capazes de melhorar a eficácia do bombeamento ventricular em no máximo 20%. Em situação de repouso e na maior parte das situações, o coração pode operar mesmo sem esses 20% de eficiência - a diferença será notada, contudo, caso a pessoa se exercite. Enfim, tem-se por ciclo cardíaco esses dois momentos principais: diástole, período de relaxamento da musculatura no qual o coração se preenche de sangue; e sístole, que se refere à contração do miocárdio para ejeção do sangue às circulações. A duração do ciclo é recíproca à frequência - ou seja, se a frequência é de 72 batimentos cardíacos por minuto, o período do ciclo é de 0.833 segundos (60s/72b=0.833spb). Assim, é lógico que quando a frequência cardíaca aumenta, a duração do ciclo diminui. Nesse contexto, é importante conhecer a correlação clínica de que, quando a frequência aumenta muito, o coração passa mais tempo em sístole do que o normal: em uma frequência cardíaca de 72 batimentos por minuto, o momento de sístole corresponde a 40% do ciclo; quando essa frequência aumenta para 216 batimentos por minuto, o coração passa 65% da duração do ciclo contraído. Em termos práticos, isso significa que, quando a frequência cardíaca aumenta muito, o coração não passa tempo o suficiente em relaxamento para que as câmaras se encham por completo antes da próxima contração. 4 1.6. O eletrocardiograma Alterações do traçado típico de um ECG podem indicar condições clínicas relevantes. Contudo, observa-se como normal a possibilidade de que o desenho típico do ECG seja achatado (em eixo latitudinal) pelo aumento da FC (reduzindo-se em maior proporção o tempo dedicado ao relaxamento da musculatura do que o que corresponde à sístole - razão pela qual, em alta frequência, as câmaras cardíacas não se enchem completamente); ● Onda P → Provocada pelo Nodo Sinoatrial/Sinusal (que produz o potencial de ação em propagação), é a ordem elétrica de despolarização atrial (que provocará, por conseguinte, a contração dessa musculatura). ● Complexo QRS → O potencial de ação chega ao nodo atrioventricular, onde é efetuado o retardo de sua condução (P~Q) e, depois, é comandada a despolarização ventricular. A onda de repolarização atrial está camuflada neste complexo. ● S~T → Período em que o ventrículo, em contração, ejeta sangue. ● T → Repolarização ventricular (e consequente relaxamento dessa musculatura). *Obs: Uma vez tendo vencido a pressão na aorta, o ventrículo esquerdo ejeta o sangue armazenado em seu interior à circulação sistêmica, pois o gradiente de pressão entre os dois meios estabelece um fluxo anterógrado. Contudo, é importante ter em mente que a Aorta sofre, nesse processo, uma distensão significativa de suas paredes musculares lisas e, assim, como resposta reflexa ocorre a contração do tubo aórtico. Dessa maneira, se estabelece um fluxo retrógrado que é, justamente, o responsável pelo fechamento da valva semilunar aórtica. 1.7. Considerações pontuais: ● A pressão sanguínea está associada ao fluido em si, mas também às paredes vasculares. ● O maior valor de pressão arterial registrado no ciclo cardíaco é uma consequência da sístole ventricular; contudo, o menor valor de PA, apesar de coincidir com a diástole, não é diretamente influenciada por essa etapa (estará associada à quantidade de sangue em fluxo nos vasos e com as propriedades específicas destes). ● O objetivo das valvas é permitir exclusivamente o fluxo anterógrado e evitar o refluxo; ● O 1º som da ausculta cardíaca é provocado pelo fechamento das válvulas atrioventriculares; a 2ª bulha cardíaca, por sua vez, será ocasionado pelo encerramento das valvas semilunares. ● A PA deve ser diminuída a nível de capilar para evitar o rompimento de vasos; contudo, deve ser superior à pressão venosa de modo a manter o fluxo anterógrado. Assim, as arteríolas são responsáveis por impor resistência de modo a reduzir a pressão do fluxo que chega aos capilares sanguíneos. Por essa razão, havendo déficits desse processo, estes são os dois principais sítios de rompimento vascular. ● As veias são os vasos mais complacentes (mais sujeitos à distensão), sendo a porção do sistema circulatório em que se encontra o maior percentual do sangue em circulação; ● Somados, os capilares representam o maior diâmetro vascular total, razão pela qual a velocidade de fluxo sanguíneo diminui quando o fluido chega a estes vasos (favorecendo a troca de substâncias, gases e metabólitos). Encerrado esse intercâmbio entre vaso e LEC, o sangue segue para a porção venosa do sistema (que soma um diâmetro total menor) havendo, assim, novamente um aumento da velocidade do fluxo. 5 6 Parte 2: Sistema Renal 1. Introdução: Fisiologia do Sistema Renal aplicada à Semiologia 1.1. Funções do rim Diferentemente do que se tem por senso comum, a função principal dos rins não é de filtração sanguínea, mas sim de permeabilidade seletiva dos seus componentes. Assim, é responsável pelo balanço hídrico do organismo (entre o que há de aporte e de eliminação) e pela volemia (razão pela qual controla, mesmo que indiretamente, a PA ) - definindo um ponto harmônico1 de concentração de água no organismo que suporta, ainda, variações pequenas da osmolaridade plasmática (1-2%). Para oscilações que superem esse valor, iniciam-se processos de ajuste homeostático. Ademais, a quantidade de água que permeia a estrutura glomerular e é eliminada pela micção está, também, associada ao montante de solutos que devem ser excretados (homeostasia dos eletrólitos). Indiretamente, os rins também estão associados ao processo de metabolismo ósseo - uma vez que são capazes de regular a quantidade de cálcio que é excretada/retida pelo organismo (mediante estimulações hormonais específicas). Manejandoa quantidade de substâncias ácidas/básicas que são eliminadas ou retidas, os rins também participam da manutenção do equilíbrio ácido-base. Por fim, tem-se que os rins são responsáveis pela produção do hormônio indutor da produção de hemácias e que, em situações muito específicas, pode ser atuante no processo de gliconeogênese. 1No processo de bombeamento cardíaco, desencadeado pelo sistema intrínseco de excitação/condução e do esquema de acoplamento excitação-contração, o coração se prepara para bombear o mesmo volume de sangue que recebeu em suas câmaras atriais. Assim, é importante compreender que, mesmo que indiretamente, a volemia se relaciona com a pressão arterial. Assim, um dos papéis dos rins é o controle da PA. 7 ● A unidade anatômico-funcional básica dos rins é o néfron. Este se constitui por um capilar de filtração comum ao sistema vascular, o glomérulo, e os túbulos renais; ● O fluxo de sangue aferente ao rim se distribui pela sua região cortical; passando, pois, pelo seguinte esquema de fluxo: Artérias renais D/E (saídas diretamente da aorta) → Artérias Interlobares → Artérias Arqueadas → Artérias interlobulares → Capilar Glomerular (estrutura comum ao sistema renal). ● O filtrado renal passa, então, dos túbulos renais que se dispõem no córtex do órgão para um tubo coletor que o atravessa e desemboca no cálice, alocado na região mais medular. Em sequência, despeja a urina produzida no ureter para que seja conduzida à bexiga e, por fim, à uretra. ○ Chegando ao cálice, o filtrado não mais sofre alterações de composição - já sendo, portanto, urina. ● O néfron é composto por unidades de origens embriológicas distintas que se congregam de modo a garantir a sua funcionalidade: os glomérulos e os túbulos proximais e distais compartilham um mesmo tecido de procedência; a partir da estrutura do túbulo coletor, contudo, a embriogênese é distinta. ● O glomérulo (envolvido pela Cápsula de Bowman) consta de duas arteríolas: uma aferente (que traz o sangue ao órgão) e uma eferente, sendo este um fator fundamental para a regulação de fluxos e de pressão na estrutura por ação direta da musculatura lisa em resposta a estímulos nervosos (principalmente simpáticos) e de uma série de substâncias (hormônios, por exemplo). Nesse sentido, a pressão vigente no glomérulo está diretamente relacionada às forças de Starling - que definem quanto líquido passa através do capilar glomerular para a cápsula de Bowman e, por conseguinte, para os túbulos do néfron. O fluxo tubular, inclusive, é definido por esse gradiente de pressão. ● A urina é, portanto, resultado dos processos de “filtração” glomerular e de absorção/secreção tubular; 8 ● Capilar glomerular → Cápsula de Bowman → Túbulo contorcido proximal → Segmento grosso descendente → Segmento fino descendente → Alça de Henle → Segmento fino ascendente → Segmento grosso ascendente → Túbulo contorcido distal → Túbulo coletor. ● Após glomérulo, há um segundo leito capilar formado por múltiplos vasos: os capilares peritubulares, que efetuam trocas com o interstício renal (o que entra no rim é igual aquilo que sairá dele, menos o que é excretado pela urina). A partir desse ponto, forma-se vênulas, veias e, em sequência, o sangue segue para a grande circulação. ● Para que se verifique a função renal, pode se solicitar exame de urina para verificação dos níveis de creatinina. Em complemento à imagem acima, detalha-se: ● O túbulo distal, seccionado transversalmente, está em íntimo contato com as arteríolas aferente e eferente. Nessa região, se dispõe o aparelho justaglomerular (composto pelas células da mácula densa). ● As terminações simpáticas que inervam o território; ● Para ambas as arteríolas, há múltiplas substâncias que podem agir como vasoconstritoras ou vasodilatadoras. Exemplo disso é o vasodilatador NO, óxido nítrico. ● As células mesangiais são capazes de produzir substâncias vasoativas que alteram o coeficiente de ultrafiltração, pois afetam o comprimento e o diâmetro glomerulares, alterando, pois, a capacidade biofísica do vaso de promover passagem de substâncias da sua luz para Cápsula de Bowman. ● A parede do glomérulo renal é composta por 3 estratos de permeabilidade seletiva (capacidade que pode ser lesada; levando, por exemplo, à proteinúria à redução da volemia) (interno→externo): ○ Endotélio capilar ○ Membrana basal (fenestrada) ○ Parede interna da Cápsula de Bowman (podócitos) 9 1.2. Forças de Starling *Em situação fisiológica, a 4ª força (pressão coloidosmótica do líquido intersticial) não deve ser considerada. *Hematúria → Perda de sangue na urina, com alteração do formato da hemácia. 10 *A presença de microvilosidades indica função absortiva 11 Parte 3: Sistema Respiratório 1. Introdução: Fisiologia Respiratória aplicada à Semiologia ● A porção faríngea da via respiratória é comum à cavidade oral. Contudo, só se respira pela boca, em situações normais, em situações de exercício físico (devido à menor resistência para a entrada do ar, a inspiração/expiração é facilitada); ● Nariz → Faringe → Laringe → Traqueia → Brônquios Principais (D/E) → Brônquios secundários → Brônquios terciários → Bronquíolos (<1mm de calibre) → Sacos alveolares; ● Os movimentos de inspiração e de expiração não promovem a renovação completa do ar que preenche os pulmões. Isso porque, à medida em que nem todo o ar contido na luz pulmonar é expulso pela ação expiratória, aquele que é recém introduzido se mesclará com o que antes restou. Isso, contudo, não compromete o mecanismo de trocas gasosas, uma vez que este se baseia no princípio homeostático de equilíbrio de concentração. ● A parede alveolar (em contato íntimo com a parede do capilar, também fina) é o segmento que oferece menor resistência à difusão, se comparada às demais porções do sistema respiratório; ● O contato entre elementos estranhos (agentes infecciosos ou partículas de poeira, por exemplo) e a parede alveolar promove respostas imunológicas que têm como objetivo a destruição destes agentes. Dependendo da intensidade da resposta, o tecido alveolar pode ser lesionado em maior ou menor grau, sendo posteriormente substituído por um tecido cicatricial cuja capacidade de permitir a difusão é muito menor; ● A permanência de uma quantidade mínima de ar no interior dos alvéolos ocorre de maneira à diminuir a resistência da via à próxima inspiração (e a necessidade de um trabalho mecânico de muito maior esforço), uma vez que o esvaziamento total do órgão poderia levar as paredes destes sítios ao colabamento; ademais, o não colabamento dessa estrutura se deve também a produção de surfactantes pelos pneumócitos do tipo 2 (que reduz a tensão superficial das moléculas de água) e pela presença de poros entre estes; ● A passagem do ar pela via respiratória ocorrerá em diferentes ‘fluxos’ dependendo da região - podendo, pois, ser um fluxo laminar (no qual as partículas centrais se deslocam com maior velocidade), turbulento ou transicional. O importante é reconhecer que os diferentes padrões 12 de passagem do ar definem, também, diferentes sons que, em determinadas regiões, decorrem dos movimentos inspiratório e expiratório. Esses sons podem, ainda, ser alterados pela obstrução ou pela redução da luz dos canais devido à condições patológicas. ● Na via aérea inferior, era de se esperar que os bronquíolos oferecessem maior resistência à passagem do ar, uma vez que apresentam canais de menor calibre; contudo, ao se associar em paralelo todos os diâmetros desses bronquíolos, constata-se que a maior resistência é oferecida pela porção brônquica (entre 2ª e 4ª ordem); ● A caixa torácica é uma cavidade fechada - limitada anterior, lateral, posterior e superiormente por um arcabouço ósseo-muscular; e inferiormente pela musculatura diafragmática. Na inspiração, a caixa é expandida: para cima, para frente e para baixo. Na expiração (retração), o oposto. À medida em que a musculatura promove o avolumamento do compartimento, a sua área total se expande- diminuindo, pois, a pressão interna(uma vez que P=F/A). Dessa maneira, estabelece-se um gradiente de pressão entre a pressão interna pulmonar e a pressão atmosférica que introduz o ar à luz dos pulmões. ● Não há qualquer estrutura anatômica que ligue as pleuras parietal e visceral; assim, quando a estrutura ósseo-articular-muscular da caixa torácica se expande, o deslocamento mútuo de ambas as pleuras é gerado por gradientes de pressão. Para compreender essa dinâmica, é preciso raciocinar que o desenvolvimento embriológico da cavidade torácica se deu, basicamente, pela expansão de um compartimento já fechado. Havendo uma pressão existente entre os componentes dessa caixa, o avolumamento resultou em uma pressão negativa, uma pressão que 13 “suga”. Assim, entende-se por que razão as pleuras parietal e visceral movimentam-se em concordância. O pulmão, de constituição tecidual elástica, acompanhará este movimento - promovendo, pois, a entra de ar. O oposto ocorre com a retração muscular e a expiração. ○ A pressão pleural é sempre negativa (devido às origens embriológicas; por mais que, na inspiração, esse valor fique ainda mais negativo); a pressão alveolar, contudo, será negativa para a inspiração e positiva para a expiração. ○ Na ausculta da caixa torácica, o derramamento pleural altera o som parâmetro de normalidade do exame; ademais, ferimentos que atingem a cavidade e laceram o pulmão podem provocar a entrada de ar para este espaço interpleural - comprometendo a normalidade do gradiente de pressão (pneumotórax); ● Alvéolos e vasos sanguíneos ‘disputam’ o mesmo volume pulmonar; por essa razão, entende-se que o fluxo sanguíneo é mais intenso na base pulmonar, devido à força da gravidade. Dessa maneira, os alvéolos da região pulmonar inferior são mais retraídos - se expandindo a partir da contração diafragmática. De maneira semelhante, os capilares mais retraídos que se dispõem na porção apical dos pulmões se expandem com o avolumamento da cavidade. Trocas gasosas ● O transporte de oxigênio no sangue é feito a partir da ligação das moléculas do gás à hemoglobina, proteína presente nas hemácias (composição de ferro). Associado à este está a variável de saturação do oxigênio (SaO2), que indica a porcentagem de porcentagem de oxigênio que seu sangue está transportando, comparada com o máximo da sua capacidade de transporte. Idealmente, mais de 89% das suas células vermelhas devem estar transportando oxigênio. Assim, a mensura dessa variável pela utilização do oxímetro é importante pois níveis baixos de SaO2 podem estar associados à doenças pulmonares - e a indisponibilidade do gás nas concentrações adequadas pode sobrecarregar o coração e o cérebro. ● Efeito Bohr: a hemácia e as células estabelecem uma interatividade que garante que as células de maior metabolismo (e de maior necessidade, portanto, de oxigenação) receba maior quantidade do gás; 14 ● O gás carbônico, que age como uma substância ácida quando livre no sangue, entra na hemácia e: 5% deste fica dissolvido, 21% se congrega à hemoglobina e, por fim, 63% se junta à água (reação reversível; empreendida pela anidrase carbônica; obedece à lei de ação das massas). ○ CO2 + H20 → H2CO3 → H+ + HCO3- Este hidrogênio também tem propriedades ácidas. Contudo, é imediatamente tamponado ou pela hemoglobina, ou pelas proteínas de sítio aniônico do plasma; O bicarbonato possui propriedades básicas. Assim, busca-se manter um equilíbrio ácido-básico. ● As pressões parciais de O2 e de CO2 e o pH plasmático são percebidos pelos quimiorreceptores periféricos - elementos estes que, interpretando a composição sanguínea, serão capazes de regular a frequência e a amplitude respiratória. Estes receptores de dispõem em locais extremamente estratégicos: no arco aórtico e próximo a região de bifurcação carotídea. A partir desses sítios, enviam sinais nervosos ao bulbo e à ponte (no tronco encefálico), que são responsáveis pelo controle da ventilação. ● O HCO3- não atravessa membrana com facilidade, diferentemente do O2 e do CO2. Assim, transportado o gás aos alvéolos, a reação se inverte: H+ + HCO3- → H2CO3 → CO2 + H2O; 15 Parte 4: Sistema Endócrino Aspectos gerais abordados em aula ● As funções endócrinas do organismo estão intimamente ligadas aos estímulos advindos do Sistema Nervoso - sendo essa interação sistêmica intensamente mútua; ● Os hormônios se dividem em: peptídicos/protéicos (GH, insulina, prolactina), lipídicos (testosterona, progesterona, cortisol e vitamina D) ou derivados de aminoácidos; ○ As células endócrinas cuja produção é de hormônios proteicos, utilizam o seu maquinário metabólico para a produção deste substrato. A informação advinda do material genético (encerrado no núcleo celular) é levada aos ribossomos, para tradução. Na organela, em geral se produz uma pró-molécula maior que, a medida em que é transferida a outras estruturas citoplasmáticas (RE → CG), sofre clivagens e modificações significativas em sua estrutura - até que se origine o produto final, o hormônio. Assim, este é armazenado em vesículas de secreção que serão, eventualmente, liberadas mediante o recebimento de um estímulo. Os hormônios peptídeos/proteicos são solúveis em meios aquosos. Nesse sentido, assim que liberados pela célula produtora, eles circulam livremente pelo sangue e pelos demais líquidos corporais. Em relação à célula alvo desse tipo de hormônio, tem-se que esta deve possuir receptores de membrana que introduzam o substrato em seu citoplasma - uma vez que a composição da membrana plasmática é lipídica e que, portanto, o produto hormonal não pode atravessá-la livremente. A ligação específica entre o hormônio e o seu respectivo receptor provoca uma alteração conformacional deste último; ativando, assim, mecanismos de segundos mensageiros intracelulares responsáveis por estimular a resposta biológica ao hormônio. Assim, o substrato hormonal não penetra a célula - mas promove a resposta de mecanismos de resposta já existentes na célula. Por isso, a resposta a esse tipo de hormônios é rápida e, em geral, de curta duração (meia-vida curta). ■ Hormônio se liga ao seu receptor (disposto na membrana) → Alteração conformacional do receptor → Ativação de vias de segundos mensageiro. Por exemplo: a via da Adenilato ciclase promove a conversão do ATP em AMP → fosforilação de proteínas e a resposta celular; outra via comum é a de ativação ou inativação das Proteínas G. ○ Os hormônios lipídicos são, em geral, derivados do Colesterol. Por razão da sua composição, assim que produzidos são liberados pela célula e, na circulação, se ligam a proteínas transportadoras específicas (albumina, por exemplo), só se desassociando dessas no momento em que, atingindo as células-alvo, apresentam maior afinidade com os seus receptores específicos (dispostos ou no citoplasma ou no núcleo celular). A formação do complexo hormônio-receptor estimula a transcrição de seções específicas do DNA e, por conseguinte, a produção de proteínas específicas. Dessa forma, compreende-se que os substratos hormonais lipídicos apresentam resposta mais demorada (uma vez que envolve todo o processo 16 de transcrição e tradução) e meia-vida mais longa (uma vez que podem permanecer em circulação, ligados às proteínas transportadoras, por longos períodos de tempo). ○ Os hormônios derivados de AA são formados a partir da Tirosina e se dividem em dois grupos: catecolaminas (solubilidade maior em meio aquoso; dopamina, noradrenalina e adrenalina) e hormônios da tireóide (dois AA de tirosina se unem e, assim, a partir da junção em uma mesma molécula de dois grupamentos fenólicos, produz-se um substrato final solúvel em lipídios). Depreende-se, pois, que a diferença substancial entre as catecolaminas e os hormônios da tireoide é o meio se solubilização. Dessa forma, a via de ação destes é consoante com a que se identifica para os hormônios proteicos (no caso das catecolaminas) ou para os lipídicos (no caso dos hormônios da Tireóide). ● A relação entre o local de produção e de resposta varia de acordo com os diferenteshormônios; ● A majoritária parte dos hormônios é secretada de acordo com a evolução do ciclo circadiano; ademais, são capazes de regular a afinidade/sensibilidade dos seus receptores (up and down regulation), de maneira a manter a homeostasia de resposta; ● Normalmente, a regulação da secreção hormonal é feita por retroalimentação negativa - que tem como objetivo manter um nível constante do hormônio no organismo. Contudo, é possível observar, também, mecanismos de retroalimentação positiva - cujo propósito é, justamente, provocar um desequilíbrio pontual de forma a provocar ruptura em uma situação fisiológica específica. ● Sistema Hipotálamo-Hipófise: a glândula hipófise, localizada na base do encéfalo, está conectada ao hipotálamo pela sua eminência média. Ademais, se divide em duas porções: neurohipófise (mais posterior) e adenohipófise (anteriorizada). No geral, os substratos produzidos pela hipófise são resposta a estímulos advindos do hipotálamo. A hipófise posterior possui uma conexão direta com o hipotálamos, e a anterior se liga a este por meio do sistema hipotálamo-porta-hipofisário. ○ Hipotálamo: importante centro nervoso (recebendo estímulos de quase todas as partes do SNC), é responsável pela regulação de uma série de funções fisiológicas (PA, FC, balanço energético, fome e saciedade, sede, temperatura, etc.); envia múltiplos sinais para ambas as porções hipofisárias, anterior e posterior; ademais, alguns hormônios, como a ocitocina e o ADH, são produzidos nos próprios núcleos do hipotálamo (supra-óptico e paraventricular), mas são armazenados na hipófise posterior e, dali, são liberados na circulação - os prolongamentos axonais desses núcleos, inclusive, são as partes constituintes da hipófise posterior; ○ Hipófise: se localiza na depressão óssea do osso esfenóide, a sela túrcica; liga-se ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário; as porções hipofisárias possuem origens embriológicas distintas - a adenohipófisis se forma a partir de células epiteliais que 17 migram do epitélio oral, enquanto a neurohipófise, como já referido, se forma a partir de prolongamentos axonais dos núcleos hipotalâmicos; hiperplasias hipofisárias tendem a se projetar superiormente e comprimir o quiasma óptico; na neuro hipófise, os hormônios produzidos pelos neurônios hipotalâmicos dos núcleos supraóptico e paraventricular serão liberados na circulação sanguínea a partir da perfusão para a vascularização local; já os neurônios produtores de hormônios tróficos secreta seus substratos ainda na iminência imédia, onde os produto hormonal se perfundirá pela circulação que viaja até a adeno-hipófise, estimulando, por fim, a produção hormonal hipofisária (sistema hipotálamo-porta-hipofisário); ■ Neuro-hipófise: os núcleos hipotalâmicos (paraventricular e supraóptico) produzem hormônios peptídicos que, descendo as projeções axonais dos neurônios produtores, são armazenados na terminação nervosa, que se aloja na hipófise posterior. Mediante estímulos, dá-se a secreção hormonal. Ex: ocitocina e ADH. ● ADH - Vasopressina - Antidiurético: age sobre as células epiteliais dos túbulos contorcido distal e coletor (sistema renal), promovendo a reabsorção de água. O principal estímulo para a sua secreção é o aumento da osmolaridade por perda hídrica. Como efeito, observa-se a redução da diurese e aumento da concentração de água no LEC. ● Ocitocina: age sobre as células do miométrio (músculo uterino) e sobre as cél. mioepiteliais dos alvéolos mamários (promovendo a ejeção do leite materno). Também está relacionada a aspectos comportamentais de empatia e sensação de pertencimento. O estímulo para a produção e para a secreção do hormônio se dá a partir de um reflexo neuroendócrino incitado pela ativação de receptores de estiramento (sucção da mama, por ex.). ■ Adeno-Hipófise: ● Prolactina: produzido pelos lactotrofos; age sobre as células epiteliais da gl. mamária estimulando a produção do leite materno (e de suas proteínas). Normalmente, a secreção deste hormônio está inibida pela liberação de dopamina. Assim, alguns moduladores de humor que inibem a dopamina podem, como efeito contralateral, estimular a produção e a liberação de prolactina. ● GH: produzido pelos somatotrofos; age principalmente sobre os hepatócitos (↑ IGF-I), as células musculares (↑ transporte de AA e de glicose) e adiposas (↑ lipólise). O estímulo e a inibição da sua síntese e secreção é feito por dois hormônios hipotalâmicos, o GHRH (somatoliberina), e a GHIH (somatostatina). ● TSH - Hormônios estimulante da Tireoide - produzido pelos tireotrofos; atua sobre as cél. da glândula tireóide, estimulando a produção de T3 e T4. Sua síntese e secreção são estimuladas pelo hormônio TRH. ● ACTH - Hormônio estimulante do córtex da adrenal - produzido nos corticotrofos; age sobre as células corticais da suprarrenal, onde promove a secreção de cortisol, de aldosterona e de androgênios. É estimulado pelo CRH do hipotálamo (hormônio estimulador da corticotrofina). ● LH e FSH - Gonadotrofinas - produzidos nos gonadotrofos; agem sobre as cél de Leydig, de Sertoli e foliculares; promovem a 18 secreção dos hormônios gonadais e o desenvolvimento dos gametas. Parte 5: Sistema Digestório ● Características gerais do trato digestório: tudo o que está no interior do tubo digestório é considerado como estando em meio extracorpóreo; ● Perfurações das paredes intestinais são muito perigosas, pois estas regiões são intensamente vascularizadas (de modo a promover a absorção de nutrientes). Assim, esses episódios podem translocar entes da microbiota para a circulação, por exemplo. ● Glândulas anexas do tubo digestório: salivares (parótidas, sublinguais, submandibulares e orais), fígado e vesícula biliar (armazena a bile, componente produzido pelo fígado e essencial para a digestão de gorduras) e o pâncreas (produtor de enzimas e de insulina). ● Serosa → Musculatura lisa: circular externa e longitudinal interna (movimentos peristálticos) → Submucosa (ricamente vascularizada, onde se dispõem glândulas) → Camada muscular → Mucosa propriamente dita (em contato com a luz do tubo digestório); ● Sistema nervoso entérico: se localiza ao longo de toda a parede do trato gastrointestinal; se divide em plexo submucoso (ao longo da camada submucosa) e plexo mioentérico; controla, as funções motoras e de secreção; mesma quantidade de neurônios que na medula espinhal. ● Regulação da atividade gastrointestinal: síntese de peptídeos gastrointestinais (endócrinos, parácrinos ou neurócrinos), regulação nervosa e coordenação pela atividade do músculo liso. ○ Controle Intrínseco (atividade motora e secretora) → SN Entérico: Plexo Mioentérico/de Auerbach e Plexo Submucoso) ○ Controle Extrínseco → SN Vegetativo ■ Parassimpático: ação estimulatória (ACh) ■ Simpático: ação inibitória (Noradrenalina) 19 20 Parte 6: Receptores Sensoriais e Vias de Transmissão da Sensibilidade a partir da Medula Espinal Controle, percepção e transmissão longitudinal da sensibilidade somática ● Os receptores sensoriais se dividem de acordo com o tipo de estímulo a que respondem, podendo ser fotorreceptores, quimiorreceptores (olfato, audição, paladar) ou mecanorreceptores (tato). Para a propagação da informação, estes se conectam a uma via de transmissão neuronal, ou então são a porção terminal e especializada desta. Ademais, são transdutores de informação, pois captam estímulos e os convertem em alterações de voltagem. ○ Lei da energia nervosa específica: cada receptor transmite potenciais de ação exclusivamente em resposta ao tipo de energia ao qual é sensível; ○ Limiar de estimulação e de adaptação: é necessário um limiar mínimo de estímulo para que se gere uma despolarização suficiente a ponto de produzir um potencial de ação que se propague pela via receptiva. Além disso, estes receptores apresentam potenciais graduados - quanto maior a intensidade do estímulo, maior a despolarização. Em relação à percepção sensorial, são importantes dois fatores: 1. Se o estímulo é suficiente parapromover o potencial de ação; 2. Sendo a alteração de voltagem bastante, a intensidade do estímulo define a quantidade de potenciais de ação gerados e propagados pela via. ● Se o receptor não integra a via nervosa de transmissão da sensibilidade, o potencial de ação se traduz por meio da liberação de neurotransmissores e, portanto, pela ocorrência de uma sinapse química. Contudo, se a porção receptora for a especialização da terminação do neurônio, o estímulo sensorial será recebido, interpretado e transmitido por através da estrutura da sua própria membrana - com a propagação do potencial de ação sendo efetuada a partir da abertura dos canais de sódio voltagem-dependentes. ● Quanto à sensibilidade humana, tem-se que o limiar de estímulo da dor, por exemplo, é o mesmo para todos (invariável em relação à idade, etnia, sexo, etc.). Contudo, a resposta de cada organismo a este mesmo estímulo é extremamente variável. ● Alguns receptores, depois de uma estimulação inicial, se adaptam e interrompem a estimulação da via de sensibilidade. Por exemplo: a sensibilidade dos pés ao se colocar os sapatos e a percepção olfativa dos odores do ambiente. Alguns outros estímulos, contudo, não permitem esta capacidade adaptativa - como a nocicepção. ● Classificação dos receptores quanto à fonte da informação e o tipo de sensibilidade percebida: ○ Fonte: exteroceptiva, interoceptiva (referente às vísceras) e proprioceptiva (grau de: contração ou relaxamento da musculatura esquelética, de angulação das articulações e de tensão nos tendões → é o que permite ao indivíduo ter uma concepção espacial do seu próprio corpo) AS VIAS DE TRANSMISSÃO DA SENSIBILIDADE ● A sensibilidade é aferente à parte posterior da medula espinhal; a motricidade, por outro lado, eferente da porção anterior. 21 22 ● Os receptores Nociceptores são polimodais, isto é, podem ser excitados por três tipos de estímulos não moderados (térmicos, mecânicos e químicos ) e se distribuem de maneira2 diferente - mais na superfície que nas vísceras. Assim, digamos que um sujeito coloque a sua mão direita sobre uma chapa quente (T>45°) e que, com isso, sofra uma queimadura. Para esse estímulo, apesar de haver, sim, a condução da informação sensível pelos termorreceptores ( → via espinotalâmica, pelo trato espinotalâmico anterolateral), o funcionamento dos nociceptores é sobressalente. ○ Fibras mielinizadas do tipo AΔ → Estímulos mecânicos ou térmicos que são percebidos rapidamente ○ Fibras amielínicas finas do tipo C → sensibilidade de percepção mais lenta dos três tipos Os potenciais de ação conduzidos por fibras mielinizadas (AΔ) e não mielinizadas (C) são diferentes. Os potenciais de ação que se propagam pelas fibras do tipo C têm menor amplitude, mas maior duração - configurando a via amielínica como uma via lenta. Para a mielínica se considera o oposto - classificando-se esta como uma via de rápida transmissão. À medida em que o potencial de ação se propaga pelo axônio do neurônio nociceptivo, em direção à raiz dorsal do gânglio neuronal, dele derivam ramos colaterais. Estes são capazes de liberar substâncias que podem alterar vasos sanguíneos e ativar mastócitos (CGRP e substância P). A frequência de potenciais de ação que chegam ao corno dorsal da medula é que define se haverá somente a liberação de neurotransmissores excitatórios para a transmissão do estímulo (glutamato), ou se haverá também a liberação de um peptídeo neuromodulador que aumentará a resposta dessa região da medula à sensibilidade nociceptiva. É dessa maneira que se forma a “memória” da dor. Por essa razão, a dor é um aspecto individual. - Não há uma quantidade expressiva de nociceptores nas vísceras. Por essa razão, a sensibilidade não é precisa, mas difusa. - Assim, devido ao desenvolvimento embrionário, estímulos sensíveis de algumas vísceras podem ser sentidas na superfície, denominadas “dores referidas”. Por exemplo: a nocicepção do tecido cardíaco afere à medula no mesmo nível que a sensibilidade superficial da porção interna do braço. Assim, o corpo interpreta a dor proveniente do coração a partir de um parâmetro de maior normalidade - confundindo-a, pois, como se uma dor no braço fosse. 2 Exemplo de um estímulo químico é a liberação do íon K+ a partir da lise celular (induzida por uma queimadura, por exemplo. O aumento súbito da concentração desse íon no LEC promove a interpretação de que ocorreu uma lesão do tecido (uma vez que, na normalidade, a [K+] intracelular é maior que a extracelular. Os receptores químicos também respondem a bradicinina, serotonina 5-HT, prostaglandina, entre outros. 23 Parte 7: Contração muscular esquelética ● Denomina-se fascículo o grupo/feixe de fibras musculares adjacentes envolto por tecido conectivo; entre diferentes fascículos se dispõem fibras colágenas, nervos e vasos sanguíneos (manutenção metabólica e sustentação); ● Tríade: o Túbulo T se relaciona intimamente com duas cisternas terminais adjacentes do retículo sarcoplasmático; dessa forma, o lúmen do RS se faz contínuo ao LEC e o potencial de ação que percorre a membrana pode chegar facilmente à organela, provocando a liberação de cálcio (íon que dá início ao processo de contração muscular). ○ Os túbulos T conduzem rapidamente os potenciais de ação da superfície celular para o interior da fibra. ● A propagação do potencial de ação através dos túbulos T provoca a liberação de cálcio pelo RS a partir da interação entre dois receptores acoplados: o receptor de di-hidropiridina e o receptor canal de rianodina. Em síntese, o que ocorre é que a despolarização da membrana desses túbulos provoca uma alteração conformacional do receptor de di-hidropiridina que, assumindo sua nova forma, abre o canal de liberação de cálcio por modificação do receptor de rianodina. Com a repolarização do sarcolema e da membrana dos túbulos T e a alteração conformacional consequente dos receptores, fecham-se os canais de liberação de cálcio do RS. Em sequência, os íons de cálcio são transportador para o interior da organela por bombas de cálcio dependentes de ATP. 24 ● Cada célula muscular contém milhares de miofibrilas, que se constituem por proteínas contráteis (actina e miosina), regulatórias (troponina e tropomiosina) e acessórias gigantes (titina e nebulina) ○ Filamento de miosina: formado por 200 cadeias de miosina
Compartilhar