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Atividade 2 - Teoria Existencial Humanista Fenomenológica Infância 2020/2 Laura Pereira da Encarnação – 201557191 1. Escreva sobre o conceito de angústia em Kierkegaard. Segundo Kierkegaard, a angústia é onde o homem sempre esteve, está e estará, tudo gira ao redor dela, mesmo que na inocência ela esteja apenas latente. O estado de inocência é ao mesmo tempo a angústia, pois o homem vive na fluidez de seus atos, sem refletir sobre estes, tornando esse estado um nada que faz nascer a angústia. Não é possível saber antemão o que irá trazer a angústia ao homem, ela simplesmente aparece a partir de lugar alguma. Quando algo é proibido, a possibilidade de fazê-lo torna-se angústia, poder fazer o que não pode é a angustiante possibilidade de “ser-capaz-de”. Essa possibilidade de poder sim ou poder não, faz menção a própria liberdade do sujeito, a angústia é a realidade da liberdade como possibilidade de ser-capaz-de. A liberdade estimula possibilidades na realidade vivida, o caráter de liberdade nos deixa aberto aos possíveis. Em conclusão, sempre teremos possibilidades e seremos livres, mesmo que lidemos com estas como se não existissem. A liberdade está sempre oferecendo possibilidades, e esse espaço de possibilidades é um espaço de angústia pois nossa liberdade sobre nós mesmos é revelada. O espírito não se mostra desde sempre, ele se instala em um salto que diferencia um estado do outro, a determinação do espírito é imposta pelo sentimento de culpa, quando a inocência sai de cena. O homem sai da inocência e descobre si mesmo como culpado, seu caráter torna-se uma responsabilidade de existir. Não se sabe de onde surge esse movimento de salto e a culpa não se refere a lugar nenhum; a angústia surge exatamente dessa indeterminação, não saber de onde surge. A culpa e o espírito surgem a partir de um salto que não tem, e nem pode ter, um lugar determinado; o salto é possibilidade por meio do espaço aberto pela angústia. A culpa, enquanto determinação do espírito, se refere ao fato de que ninguém pode assumir a culpa por ninguém, não podemos viver a vida do outro, essa determinação recai na individualidade do ser. O espírito, segundo Kierkegaard, relaciona-se com corpo e alma, determinação e indeterminação, em constante tensão com a possibilidade e a culpa. A angústia é esta tensão, quando descobre a possibilidade de ser culpada e na descoberta já o é. A angústia é um lugar ambíguo, paradoxal, onde o espírito está sempre se relacionando consigo mesmo. Ele não consegue ser culpado o tempo todo, sempre encontra uma possibilidade de se redimir. Também não consegue ser totalmente livre, em meio as possibilidades, o espírito sempre se apega à uma. A existência angustiante se constitui nessa relação de amor e medo, de querer algo que não consegue alcançar. A existência do homem torna-se uma constante relação angustiante com algo tão imaterial. A angústia se mostra na própria existência, ela está sempre ali obscurecida e vivemos como se não fôssemos angústia. A angústia é só espaço, espaço de possibilidade, possibilidade de culpar-se uma vez mais, da mesma forma que ela pode nos tomar, ela pode nos dar. É exatamente porque ela tira o chão que um espaço se abre, um espaço de possibilidades e, por isso, podemos afirmar que ela é a atmosfera da possibilidade. A angústia procura, dentre as possibilidades da liberdade, algo que lhe traga estabilidade, mas aí já se encontra culpada, e a liberdade reaparece como arrependimento. REFERÊNCIA FEIJOO, Ana Maria Lopez Calvo de et al. Kierkegaard, a Escola da Angústia e a Psicoterapia. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 35, n. 2, p. 572-583, junho 2015. Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932015000200572&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 08 set. 2020. https://doi.org/10.1590/1982-370300912013. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000200572&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000200572&lng=en&nrm=iso
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