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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO GEOGRAFIA HUMANA E ECOLOGIA SOCIAL 2 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. miSSÃo Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. ViSÃo Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO BiBlioTeca mulTiViX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com eDiTorial faculDaDe caPiXaBa Da Serra • mulTiViX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Palhares, Ricardo Henrique. Ricardo Henrique Palhares, Juliane Escola (revisora). – Serra : Multivix, 2017. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Felix Soares Multivix Educação à Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EAD 4 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor executivo do Grupo multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Bem-vindo (a) à disciplina de Geografia Humana e Ecologia Social. Nela estudaremos a sociedade a partir da análise das transformações que provocam no espaço geográfico. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em 6 unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, são subdivididos em seções (tópi- cos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. De modo geral, na disciplina de Geografia Humana e Ecologia Social, que trata da relação das sociedades com meio em que vivem, procuraremos compreender os processos de transformação do espaço e consequentemente as suas influências na organização social. Conheceremos os conceitos chave da Geografia Humana. Analisaremos as relações entre a organização da economia, a distribuição espacial e a dinâmica da estrutura ocupacional da população. Ao longo da disciplina refletiremos sobre o funcionamento e os principais problemas das atividades produtivas. Além disso, promoveremos uma discussão para comparti- lhar nossas ponderações acerca do crescimento econômico e desenvolvimento. Esperamos que, até o final da disciplina, você possa: • conhecer os conceitos chave da Geografia Humana e Ecologia Social. • estabelecer relações entre os conceitos estudados e a realidade social. • refletir sobre os impactos sociais e ambientais decorrentes do processo de desenvol- vimento econômico e tecnológico. • compreender a importância da aplicação dos vários conceitos da Geografia no con- texto da atuação do profissional de serviço social. Antes de iniciar sua leitura, gostaria que você parasse um instante para refletir: 6 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Qual é a contribuição da Geografia Humana e Ecologia social para a formação do profissional de Serviço Social? Não se preocupe, até o final da disciplina, você terá respostas e, também, outras per- guntas formuladas. Enfim, esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e bons estudos. 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO SumÁrio 2UNIDADE 1UNIDADE 1 conceiToS cHaVe Da GeoGrafia 11 1.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 11 1.2 A GEOGRAFIA SERVE PARA…? 11 1.2.1 CIÊNCIA GEOGRÁFICA 121.2.2 OBJETO DA GEOGRAFIA HUMANA E ECOLOGIA SOCIAL 14 2 Homem X meio amBienTe 17 2.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 17 2.2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO 17 2.3 SER HUMANO: AGENTE CONSUMIDORE TRANSFORMADOR DO ESPAÇO 18 2.4 O ESPAÇO GEOGRÁFICO 20 2.4.1 A SOCIALIZAÇÃO DO ESPAÇO 21 3 orGaniZaÇÃo Do eSPaÇo 24 3.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 24 3.2 ESPAÇO E SOCIEDADE: PROBLEMATIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 24 3.3 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL 25 3.3.1 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL GLOBAL CAPITALISTA 26 3.4 O ESPAÇO URBANO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS 27 4 o eSPaÇo urBano conTemPorÂneo 30 4.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 30 4.2 A URBANIZAÇÃO NOS GRANDES CENTROS URBANOS 30 4.3 DESIGUALDADE E SEGREGAÇÃO ESPACIAL 31 4.4 AS CIDADES BRASILEIRAS 32 5 caracTeriSTicaS e orGaniZaÇÃo Da PoPulaÇÃo 37 5.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 37 5.2 POPULAÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 37 5.3 CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO 42 5.4 MOVIMENTOS POPULACIONAIS 43 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 8 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6 relaÇÕeS De GÊnero, raÇa e a QueSTÃo Social 46 6.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 46 6.2 REFLEXÕES SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL 46 6.3 DEBATES SOBRE NOÇÕES DE GÊNERO E RAÇA 47 6.3.1 RELAÇÕES DE GÊNERO E RAÇA: IDENTIDADES SOCIAIS 49 6.4 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SOCIEDADE ATUAL 51 6.4.1 BREVE HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL 52 6.4.2 O PROFISSIONAL E AS IMPLICAÇÕES SOCIAIS 53 referÊnciaS 55 6UNIDADE 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO iconoGrafia ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 10 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Compreender a função do estudo da Geografia para a análise das relações sociais. UNIDADE 1 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO 1 CONCEITOS CHAVE DA GEOGRAFIA 1.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade conheceremos um pouco da evolução do pensamento geográfico e sua importância como ferramenta de compreensão da realidade social. 1.2 A GEOGRAFIA SERVE PARA…? Desde a pré-história o homem tem se adaptado ao espaço natural e ao mesmo tem- po provocado mudanças no meio em que vive. Ao longo do tempo essa relação es- culpiu no espaço natural grandes mudanças. Quando a espécie humana era nômade e caçadora, as condições de vida eram hostis, apenas os fortes sobreviviam. Portanto, a população não era numerosa. Para garantir alimento e sobrevivência era necessário mudar de lugar, e se proteger das mudanças climáticas e dos outros animais predadores. Com o tempo os humanos desenvolveram técnicas agrícolas e ferramentas para caça. Os grupos deixaram de migrar constantemente, e se fixaram em territórios. A maior disponibilidade de alimentos e abrigo possibilitou o crescimento da população. As relações sociais se tornaram cada vez mais complexas até chegarem na configuração que conhecemos hoje. Durante a evolução, além de se adaptar ao meio natural, os humanos também mo- dificaram o espaço. Derrubaram vegetação, criaram represas, construíram acampa- mentos, cidades e etc. Paralelamente, as relações sociais também mudaram: tribos foram transformadas em monarquias e repúblicas; e o sistema de troca de mercado- rias foi substituído pelo capitalismo. 12 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Então, a Geografia Humana se dedica a compreender essas relações, homem-meio, a partir da análise do espaço. A ciência geográfica não é uma disciplina simplesmente escolar com a finalidade de representar cartograficamente e descrever o mundo. A Geografia possui utilidade prática, pois a partir de seu método é possível compreendermos o mundo, organizar o espaço, e planejar diversas políticas sociais. 1.2.1 CIÊNCIA GEOGRÁFICA A Geografia foi considerada ciência somente a partir do século XIX. Mas, antes disso o conhecimento geográfico já estava em processo de construção. Os humanos pri- mitivos, movidos pela necessidade, ao escolherem os lugares mais adequados para sobreviver transformaram o meio em que habitavam. Por esse motivo alguns estudio- sos consideram que o espaço geográfico surgiu junto com a história da humanidade. Todas as civilizações praticaram, a sua maneira, a Geografia. Os gregos há mais de dois mil anos faziam questionamentos sobre o cosmos, as porções de terras, e ocea- nos. Possivelmente antes dos europeus, chineses e árabes navegavam pelos mares e expandiram seus territórios. Contudo, devido a escassez de documentos históricos e a influência da colonização européia em nossa sociedade, a ciência geográfica que atualmente conhecemos é altamente influenciada pela visão eurocêntrica . Todo o processo de evolução da espécie humana e sociedade foi muito mais com- plexo do que o descrito aqui. Se você quiser conhecer mais sobre esse assunto, as- sista ao documentário “A Evolução da Humanidade - Armas, Germes e Aço” basea- do no livro homônimo de Jared Diamond produzido pela National Geographic. 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Foi na Europa que a Geografia passou a ser reconhecida como ciência. Um marco histó- rico foi o primeiro Congresso Internacional de Geografia realizado na Bélgica em 1871. Os geógrafos estavam focados em desenvolver os estudos nas áreas econômica, po- lítica, física (expansão colonial e militar). Esse foco estava diretamente relacionado a necessidade de formar cidadãos alinhados com os ideais nacionalistas. Essa aborda- gem recebeu o nome de Geografia Clássica ou Tradicional. Neste período, a Cartogra- fia evoluiu muito, foram publicados Atlas da França, Reino Unido e Alemanha. Na década de 1960, o foco da produção científica em Geografia mudou. Dizemos que houve uma mudança de paradigmas. A “Nova Geografia” foi criada por intelec- tuais que criticavam a Geografia Tradicional. A principal característica dessa corrente de pensamento era a busca pela quantificação, sistematização, e criação de modelos para a análise do espaço. A Geografia Teorético- -Quantitativa se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, na Suécia, e na Grã- -Bretanha. Fortemente influenciada pelo positivismo, essa abordagem foi favorecida pelo grande desenvolvimento da informática e cartografia no período da Guerra Fria. Após o fim da Segunda Guerra mundial, os países estavam sob a influência de dois blocos econômicos: comunista soviético e o americano capitalista. As disputas políti- cas e o imperialismo agravaram a desigualdade na distribuição de riquezas. Ainda na década de 1960 a sociedade vivenciava a divisão entre nações desenvolvi- das e subdesenvolvidas, o intenso crescimento populacional, e conflitos raciais. A Nova Geografia por estar voltada para o planejamento e distante da realidade cheia de pro- blemas sociais, passou a ser criticada por um grupo de pensadores que não acredita- vam que esse modelo científico pudesse fornecer auxílio aos problemas vividos. Esses questionamentos deram origem a uma nova abordagem: A Geografia Crítica. eurocentrismo é uma idéia que coloca os interesses e a cultura Européia como sendo as mais importantes e avançadas do mundo. Este conceito foi muito utili- zado no período das Grandes Navegações eDescobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI). Atualmente é um conceito que não é mais aplicado, pois sabemos que não há uma cultura superior a outra, elas são apenas diferentes e devem ser respeitadas como tal. 14 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Ela surgiu na França, e posteriormente, se desenvolveu na Bélgica e nos Estados Uni- dos. Em contraposição à Geografia Teorética-Quantitativa, os geógrafos críticos de- fendiam que a ciência deveria ser um instrumento de transformação da realidade vigente em busca de justiça social para minimizar a pobreza e incluir as minorias. Outra abordagem que se opunha ao objetivismo positivista foi a Geografia Fenome- nológica. Ela focava na análise da atitude e comportamento da sociedade no espaço em que viviam. Por fim, na década de 1970, A Geografia Humanista que foca seu estudos no compor- tamento humano surgiu como contraste as Geografia Crítica e Teorética-Quantitativa. 1.2.2 OBJETO DA GEOGRAFIA HUMANA E ECOLOGIA SOCIAL Vimos anteriormente que a relação entre o espaço geográfico e os humanos é o obje- to de estudo principal da Geografia. Por se tratar de uma ciência, ela possui métodos e técnicas de análise, e muitas vezes, para facilitar a produção do conhecimento ela é subdividida em áreas. Na Geografia Física se estuda a Terra (litosfera, hidrosfera, atmosfera, biosfera) e a in- tervenção humana sobre ela. Seus estudiosos se dedicam à criação de sistemas de planejamento ambiental, agrário, e urbano. Por sua vez, a Geografia Humana busca a compreensão das atividades humanas so- bre o espaço. Geralmente, os temas abordados são a demografia, urbanização, indus- trialização, política, economia entre outros. Bom, chegamos ao final desta unidade, tendo dois objetivos básicos: explicar os assuntos, evitando simples descrições, e claro, motivar os alunos discutindo temas como a ciência geográfica, evolução, divisões e sua relação com a realidade social. As sugestões de atividade seguem os mesmos objetivos: estimular os alunos a ler, discutir, refletir e opinar. Assim, eles desenvolverão seu senso crítico e sua capacidade de raciocinar. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Documentário: “A Evolução da Humanidade - Armas, Germes e Aço” - Jared Dia- mond. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lHme2Kmii0A&list=PLP- COBUaPEzy-ip8V9dfIv_QlFnRcZPkMd https://www.youtube.com/watch?v=lHme2Kmii0A&list=PLPCOBUaPEzy-ip8V9dfIv_QlFnRcZPkMd https://www.youtube.com/watch?v=lHme2Kmii0A&list=PLPCOBUaPEzy-ip8V9dfIv_QlFnRcZPkMd 16 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Compreender a concepção de geografia como ciência humana, e do espaço geográfico como espaço social, resultado da progressiva humanização da natureza. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO 2 HOMEM X MEIO AMBIENTE 2.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade iremos, em primeiro lugar, incluir novos temas e conceitos, mais ade- quados à compreensão do mundo atual e também motivadores para o profissional de Serviço Social. Em segundo lugar, tentar integrar os diversos temas, especialmen- te os itens da geografia humana e da geografia física, evitando não homogeneizá-los, evitando que tais assuntos apareçam como temáticas isoladas. 2.2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO No mundo contemporâneo, onde o capitalismo industrial e monopolista é o sistema internacional hegemônico, a natureza tornou-se mercadoria. Nesse sistema, o meio ambiente não é determinado pelos elementos naturais, como ocorre nas sociedades pré-industriais, mas sim pelas relações e contradições entre pessoas e grupos, que são simultaneamente políticas, econômicas e culturais (VESENTINI, 2004, p.2) Verificada essa realidade, não seremos capazes de compreender a sociedade moder- na a partir do espaço natural. Seguindo o caminho inverso, é a partir da sociedade de consumo, do subdesenvolvimento, e dos sistemas socioeconômicos, é que iremos compreender as modificações que ocorrem nas paisagens naturais do planeta. Trata-se de uma nova maneira de olhar fixamente o ambiente em que vive o ho- mem, que passa a ser analisada como recurso, como um elemento da dinâmica so- cial. Lembrando que a natureza apresenta também sua própria dinâmica, disposição e equilíbrio, transformados de modo constante pela ação humana. Para Vesentini (2004, p.3), os elementos naturais são recursos para a sociedade mo- derna, reelaborados pela ação humana num processo histórico em que os conflitos e as discrepâncias sociais assumem um papel relevante. 18 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.3 SER HUMANO: AGENTE CONSUMIDOR E TRANSFORMADOR DO ESPAÇO A natureza, ao longo do tempo foi sendo transformada pela ação humana, que pas- sou a produzir um espaço com o intuito de garantir sua subsistência. O processo de humanização gerou uma natureza mais artificializada, devido em grande parte ao surgimento e desenvolvimento de novas técnicas. A natureza torna-se o cenário para as atividades humanas, pois o seu conhecimento influencia ações de planejamento e reconstrução de espaços geográficos, vegetais, animais e outras manifestações externas. As cidades e as indústrias se desenvolvem, áreas agrícolas expandem-se, constroem-se estradas, ou seja, cada vez mais novas técnicas são incorporadas ao espaço geográfico, transformando-o. Importante perceber que muitos dos elementos que constituem o meio ambiente, como os solos, os recursos hídricos, a cobertura vegetal, etc. são produzidos direta- mente pela natureza. Outras como a agricultura, barragens, viadutos, etc. são decor- rentes da atividade humana. Assim, podemos dividir o meio ambiente humano em meio natural ou paisagem natural e meio social ou cultural. Essa divisão é feita exclusivamente para fins didáticos, visto que, atualmente é difícil encontrarmos lugares na superfície terrestre que ainda não sofreram transformações. Independentemente disso, estes lugares estão sujeitos a intervenções políticas que neles atuam visando garantir sua preservação aos que desejam explorá-lo de forma predatória. Mesmo em um meio natural, aparentemente intacto, há relações econô- micas, políticas, culturais e ambientais que não são visíveis na paisagem. Para Moreira e Sene (2007), a paisagem é somente um aspecto da realidade, o que a nossa percepção consegue captar. Embora as paisagens estejam impregnadas das relações sociais, econômicas e políticas criadas entre os homens, essas relações não são tão perceptíveis, sendo necessário que sejam descobertas para que o espaço geo- gráfico possa ser apreendido em sua essência. Desde a Antiguidade muitos autores elaboraram estudos que podem ser con- siderados geográficos, embora o conhecimento fosse disperso, desarticulado, associado à matemática, à filosofia e às ciências da natureza. Na Grécia Anti- ga, Heródoto, Aristóteles e Hipócrates, analisaram a dinâmica dos fenômenos 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO naturais, descrições da paisagem e estudaram a relação homem-natureza. Na Idade Média, Ptolomeu fez importantes estudos geográficos e cartográficos. A expansão marítima européia também proporcionou grandes avanços aos estudos geográficos (MOREIRAe SENE, 2007, p.11). Assim, o ser humano é o principal agente modificador do espaço, adaptando-se rapi- damente e transformando-o para atender às suas exigências e para satisfazer as suas necessidades primárias. À medida que as sociedades ampliam seu desenvolvimento técnico, menor é a dependência do meio natural. Nas sociedades com grande avanço tecnológico, industriais e urbanizadas, o meio cultural tende a prevalecer na formação da paisagem geográfica, tendo os elementos naturais, nesse caso, pequena influência, sendo modificados e controlados gradual- mente pela ação humana. Torna-se oportuno salientar que o ser humano vive socialmente em grandes centros urbanos, áreas isoladas e até mesmo como nômades. Estando presente em quase todos os ambientes do planeta (dos pólos gélidos às regiões desérticas), ao contrário de alguns que preferem o isolamento (eremitas), a grande maioria prefere o convívio social, em comunidades, principalmente dos centros comerciais, ou seja, das cidades. Portanto, o ser humano contemporâneo está vinculado a um sistema que engloba economia, política, cultura, religião, ciência e tecnologia. Como organismo social é a única espécie que compete entre si, não pela necessidade de sobrevivência (acasala- mento, alimento, território), como outros animais, mas pela luta e ascensão socioeco- nômica, perante o grupo social na qual está inserido (VERNIER, 1994). No final do séc. XIX e início do séc. XX duas correntes analisaram a influência que as condições naturais exercem sobre os seres humanos. O “determinismo” de origem alemã, e o “possibilismo” de origem francesa. Ao contrário do determinismo, mais descritivo, o possiblilismo defendia que na relação sociedade-natureza, além dos seres humanos sofrerem influência do meio, eles agiam sobre ele também, trans- formando-o. (MORAES, Antônio Carlos. Geografia: pequena história crítica, 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1988, p.55). 20 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.4 O ESPAÇO GEOGRÁFICO Aprendemos nos itens anteriores que este termo está relacionado ao espaço cons- truído e alterado pelo homem; e pode ser definido como sendo o cenário das realiza- ções humanas e suas interrelações com a natureza. As diferentes atividades exercidas de modo contínuo pelas sociedades impulsionaram a transformação do espaço geográfico. A Revolução Industrial exerceu forte impacto sobre a natureza, onde a retirada de recursos naturais alimentaram as indústrias de matéria-prima, item essencial nas atividades humanas. Somado a isso, o crescimento da população exigiu um maior consumo por alimentos e por bens de consumo. O avanço tecnológico desenvolveu uma série de mecanismos para facilitar a mani- pulação dos recursos naturais. Maquinários e equipamentos modernos facilitaram a vida do homem e dinamizaram o processo de exploração de recursos, como os mi- nerais, além do desenvolvimento de toda produção agropecuária com a inserção de tecnologias, como tratores, plantadeiras, colheitadeiras e muitos outros. São nítidas as modificações criadas, principalmente no setor agropecuário, onde o meio é bastante alterado com a retirada da cobertura vegetal original, substituída por pastagens e lavouras. Estas atividades acarretam impactos como a erosão, a poluição e a contaminação do solo e dos mananciais. Outros setores, como na extração mineral, os impactos sofridos modificam consideravelmente o arranjo espacial do lugar explorado. Assim como nas áreas rurais, as transformações também são nítidas nas áreas ur- banas. As cidades apresentam inúmeras construções, áreas cada vez mais loteadas. Espaços que anteriormente eram desabitados passam a abrigar construções residen- ciais, comércios e indústrias, modificando completamente a paisagem. Podemos afirmar que o espaço geográfico não é estático, e tão pouco imutável. As mudanças são contínuas e dinâmicas. O espaço geográfico é produto do trabalho humano sobre a natureza e todas as relações sociais ao longo da história. No entanto, ações antrópicas ininterruptas sobre o espaço acarretam inúmeros pro- cessos de degradação no ambiente. Muita delas, principalmente no último século, vem acarretando profundas alterações no planeta, como os desmatamentos, a escas- sez de água, o aquecimento global, o efeito estufa, e claro, a poluição. Alguns desses 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO impactos ocorrem em escala local, ou seja, na própria cidade; outros em escala regio- nal e global, extrapolando os limites da cidade que lhes dá origem. Diante destas assertivas, torna-se claro que o homem necessita do meio ambiente para garantir seu sustento, entretanto, vem caminhando no sentido oposto, promo- vendo uma exploração irracional dos recursos. Esta atitude vem acarretando sérios problemas para todos os seres vivos, em específico o próprio homem, e toda a sua geração futura. 2.4.1 A SOCIALIZAÇÃO DO ESPAÇO Além de uma dinâmica natural, o espaço geográfico apresenta uma dinâmica social, desempenhada pelas formações sociais que ali vivem e atuam. O homem, ao apode- rar-se do ambiente na qual vive tende a transformá-lo, utilizando as técnicas de que dispõem, segundo o momento histórico e segundo seus valores, crenças e interesses políticos e econômicos. Em relação à valorização econômica, o espaço geográfico é visto como um bem imo- biliário, que pode ser visto como fator de produção ou produto comercializável. Para alguns setores da sociedade, o espaço só é considerado natural quando ainda não sofreu transformações ou investimentos de capital ou tecnologia. Desta forma, o es- paço passa a ter um valor econômico, podendo ser apropriado, explorado e comer- cializado (SANTOS, 1997). Sendo assim, quando podemos sustentar que um espaço natural possa ser con- siderado um espaço geográfico? Qual o limite entre o coletivo e o individual, o público e o privado? As relações que marcam o espaço são permeadas por diversidades, desigualdades, lutas e conflitos. Podemos citar, por exemplo, a invasão de reservas indígenas por garimpeiros em busca de recursos, ou pela agropecuária em busca de novas terras para cultivo e criação de animais. Ou mesmo, conflitos no campo entre latifundiários e trabalhadores rurais sem terra, onde o primeiro apropria-se inicialmente do que antes era um espaço natural, e o segundo reivindica o direito a posse das mesmas. 22 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Esta situação é vivenciada também nos centros urbanos, onde o acelerado cresci- mento da população urbana exige cada vez mais espaço, seja para moradia, trabalho, circulação viária e lazer. Estas condições acarretam uma enorme disputa pelo espaço urbano, principalmente quando observamos o grande número de áreas invadidas pela população de baixa renda, sejam em loteamentos ilegais, margens de rodovia ou áreas ribeirinhas. Ainda em relação à apropriação dos espaços públicos da cidade, outros estratos da sociedade acabam invadindo os espaços das calçadas com o intuito de ampliarem áreas de onde residem. Ou mesmo, fecharem trechos de ruas, criando vias particu- lares. É comum também perceber áreas, ou mesmo bairros, onde residem uma po- pulação privilegiada desfrutar de melhores serviços de infraestrutura, do que bairros mais populares. Por fim, os conflitos entre diferentes grupos que compõem uma população sempre estarão perceptíveis no espaço geográfico. É no espaço geográfico que a sociedade se organiza, seguindo padrões ou modelos convencionados. É no espaço geográfico que os processos sociais, políticos e econômicos ocorrem,dentre eles, as desigualdades sociais, a distribuição do poder e as divisões e pressões entre grupos e classes sobre o Estado. É isso, chegamos ao final de mais uma unidade! Esperamos que o conteúdo transmi- tido tenha sido esclarecedor e que as atividades sugeridas possam complementar o seu aprendizado. Bom trabalho! 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Compreender a organização do espaço e a sua construção. > Perceber que existem diferentes percepções acerca do que é espaço e as dinâmicas sociais presente no mesmo. 24 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO 3.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Na unidade anterior estudamos que o espaço geográfico apresenta também uma dinâmica social, exercida pelas formações sociais ali existentes. Assim, nesta unidade buscaremos aprofundar sobre a questão da sociedade, visto que, sua compreensão não pode ser feita através de uma única ciência social concreta. 3.2 ESPAÇO E SOCIEDADE: PROBLEMATIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO A antropologia, a geografia, a história, a economia e a sociologia, dentre outras ciências sociais, debruçaram-se a estudarem a sociedade. Sabemos que esta é extremamente complexa, multifacetada, e composta por elementos como as classes sociais, as artes, a cidade, o campo, o Estado, os partidos políticos, as religiões etc. (CORRÊA, 2000). Assim, torna-se tarefa árdua fazer uma análise individualizada da sociedade, dos seus elementos e articulações, por uma única ciência social, visto que, a mesma pode ser feira através de diferentes ângulos. A Geografia Humana, por exemplo, ao contrário das outras ciências sociais que apre- sentam outras objetivações, estuda a sociedade sob a ótica da organização espacial, apresentando um modo particular de interpretar a sociedade. A formação estrutural da sociedade ao longo dos anos e sua reorganização se deram simultaneamente às atividades humanas, transformando o meio natural primitivo em grandes manchas urbanas, eixos viários e ferroviários, parques urbanos, diferentes empreendimentos comerciais, etc. Tais elementos constituem padrões de localiza- ção que são inerentes a cada sociedade. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Segundo Bittencourt (2008, p.2), a globalização exigiu das sociedades modernas e das relações sociais um território mais amplo. As fronteiras não mais existem, impon- do a coletividade, a expansão do conhecimento, o avanço da tecnologia, e do desen- volvimento (in) sustentável. Os diferentes grupos sociais, ou comunidades locais, cada uma a sua maneira, irá apropriar-se de suas redes sociais de identidades coletivas. Os grupos sociais tendem a adquirir um sentimento de pertencimento à comunida- de na qual estão inseridos, e sua organização se faz ao redor de objetivos comuns, di- vidindo não somente o mesmo território, mas também as afinidades e conveniências. Para Santos (2002), as ambições ou propósitos de um grupo de pessoas constituem- -se como um processo de formação de redes individuais e coletivas. Desse modo, a relação redes sociais e território exibem uma relação contrária: de um lado, a rede é fator de coesão, de solidariedade e homogeneização; por outro lado, ela infringe os territórios, opondo às malhas institucionais suas lógicas funcionais (BIT- TENCOURT, 2008). 3.3 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Estudamos que os elementos constituintes do espaço e que foram originados pela ação humana, como as estradas, os cultivos, os centros urbanos, etc. formam o que denominamos de segunda natureza, ou seja, a natureza primitiva transformada pelo trabalho social. Estes elementos estão dispostos e organizados espacialmente sobre a superfície terrestre, seguindo certa lógica. Para Corrêa (2000), a expressão organização espacial possui sinônimos variados: es- trutura territorial, configuração espacial, formação espacial, arranjo espacial, espaço geográfico, espaço social, espaço socialmente produzido ou, simplesmente, espaço. Considerar que cada um destes conceitos representa visões distintas e uma verdade absoluta seria criar assertivas falsas. Independentemente do conceito, a organização espacial se constitui pelo trabalho social. O espaço geográfico é definido pela sociedade, que nele se realiza e se repro- duz. Para que ela própria possa se repetir, a sociedade cria formas fixas sobre a super- fície terrestre, pois, do contrário, ela não conseguiria permanecer viva. 26 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.3.1 ORGANIZAÇÃO ESPACIAL GLOBAL CAPITALISTA A organização espacial global capitalista resulta da sistematização de uma cadeia de relações entre objetos, atividades, elemento material, representação e organizações espaciais específicas (CORRÊA, 2000). Para facilitar o entendimento, Corrêa (2000), ilustra tais informações na forma de um organograma, onde o mesmo insere os objetivos (acumulação de capital e reprodu- ção social). Estes objetos relacionam-se com certas atividades e elementos materiais, por exemplo: na atividade “produção” destaca-se os elementos materiais (fábrica, mina, campos, etc.); na atividade “circulação” (depósitos, canais, dutos, rodovias, etc.); na atividade “controle e decisão” (banco, escolas, igrejas, etc.); e na atividade “consu- mo” (lojas, hospital, cinema, habitações, etc.). Para cada elemento material existe uma representação espacial (ponto, linha ou área), que procuram identificar cada um dos aspectos da totalidade social. Desse modo, surgem organizações espaciais específicas, como da localização industrial – indústrias dispersas ou concentradas (ponto); do uso agrícola – áreas rurais especiali- zadas (área); das localidades centrais (ponto); ou da evolução da rede de transportes (linha) e áreas urbanas (área). Se pudéssemos fazer uma analogia da organização espacial global capitalista, com uma quadra de esportes, a quadra seria a superfície da Terra, os esportes seriam as atividades, e as áreas ou zoneamentos da quadra (regiões) seriam os limites a serem respeitados. Cada esporte teria uma regra específica (leis, códigos) e um juiz (apa- relho repressor). Os agentes das atividades (jogadores) teriam funções claras dentro de quadra (localização da atividade), com caminhos bem definidos, e a bola (fluxos materiais ou não). Assim, para cada esporte há uma organização espacial específica (MOREIRA, 1982). Podemos perceber que na quadra de esportes, entretanto, cada esporte é treinado de uma vez, não permitindo modalidades concomitantes. Na organização espacial global, de forma oposta, ocorrem simultaneidades específicas. Para que isto ocorra, é essencial certo nível de compatibilidade entre os agentes modeladores da organi- zação espacial. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Segundo Corrêa (2000), este processo ocorre quando há uma ação coordenadora e repressora do Estado, via planejamento territorial, ou através da aliança de interesses das grandes corporações capitalistas, que são capazes de organizar o espaço, ao me- nos parcialmente, segundo seus interesses. 3.4 O ESPAÇO URBANO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS Entendemos por movimentos sociais no espaço urbano a percepção de uma orga- nização espacial desigual, assinalada por uma complexa divisão técnica e social do espaço, ligada a uma grande diferençanas condições de vida dos diversos grupos sociais da cidade. Assim, os movimentos sociais estão geralmente correlacionados a uma problemática urbana, relacionada às vezes ao uso, a distribuição e a apropriação do espaço urbano. Portanto, são movimentos sociais urbanos as manifestações que dizem respeito à habitação, ao uso do solo, aos serviços e equipamentos coletivos de consumo, como transporte, segurança, saúde, educação e cultura. Os dilemas sociais estão relacionados também, por um lado, ao mercado de traba- lho, e de outro, pela lógica capitalista, que torna pouco rentável a produção destes equipamentos pelo capital privado. É papel do Estado assumir a obrigação de dar auxílio aos equipamentos de consumo coletivo para todo o espaço urbano, porém, o que se observa é que sua atuação não se realiza de modo uniforme. Para Rodrigues (2007, p.74), a presença e aparente ausência do Estado aprofundam contradições inerentes ao modo de produção capitalista. A presença, dentre outras As relações entre as organizações espaciais específicas e a globalidade destas po- dem ser vistas também em Ruy Moreira “Repensando a geografia”, outro artigo importante para a compreensão da organização espacial. In: SANTOS, M. (org.). No- vos rumos da geografia brasileira. São Paulo, HUCITEC, 1982. 28 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO dinâmicas, está condicionada a definição de salários, legislações pertinentes ao uso da terra e edificações, normas jurídicas e implantação de infraestrutura e equipa- mentos de uso coletivo. As dificuldades do Estado parecem persistir em salários in- satisfatórios para a reprodução da vida, auxílio aos meios e equipamentos de uso e consumo coletivo. Atualmente, as cidades refletem um espaço de produção cultural e do trabalho hu- mano em permanente processo de transformação das relações sociais, nitidamente desfavoráveis ao conjunto da classe trabalhadora que, em seu enfrentamento, busca ter acesso aos direitos sociais e a melhores condições de vida. Para os distintos grupos societários, a produção do espaço é algo distante, pois não faz parte de algo concebido. A segregação espacial, por exemplo, é tida como um desvio de um modelo de urbanização, cujo pressuposto principal é uma cidade ideal (RODRIGUES, 2007, p.75). Para muitos a cidade concebida não existiria dilemas de moradia, falta de escolas, hospitais, transporte, poluição, e tão pouco trabalhadores descontentes. Na verdade, a realidade é outra, na cidade não imaginária, os trabalhadores não são invisíveis, e os problemas não desaparecem, pelo contrário, são visíveis e para ignorar as causas são tidos como causadores dos problemas a que estão submetidos . Finalmente, torna-se imprescindível que a organização social mude para que, em seus aspectos mais essenciais, a organização espacial possa também mudar. Trans- formar a partir da prática daquele que assumirá o papel de agente de seu próprio destino e modelador de seu espaço: o homem novo, de uma sociedade sem classes sociais (CORRÊA, 2000). Assim, chegamos ao final de mais uma unidade! Esperamos que o conteúdo transmi- tido tenha sido esclarecedor e que as atividades sugeridas possam complementar o seu aprendizado. Bom trabalho! 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Entender sobre o espaço urbano contemporâneo para a análise das relações sociais. 30 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 O ESPAÇO URBANO CONTEMPORÂNEO 4.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade conheceremos um pouco sobre o espaço urbano contemporâneo e as consequências na estrutura social. 4.2 A URBANIZAÇÃO NOS GRANDES CENTROS URBANOS A urbanização é o resultado da transferência do homem do campo para a cidade, caracterizando o êxodo rural. Existem dois fatores que impulsionam o êxodo rural e associam a urbanização. • Fator Atrativo: ocorre quando o homem do campo é atraído por melhores sa- lários, maior oferta de emprego, educação, melhoria na condição de vida e na oferta de serviços públicos; • Fator Repulsivo: em decorrência da substituição da mão de obra pela meca- nização, concentração fundiária, baixos salários, falta de serviços públicos para garantir qualidade de vida. Segundo Carlos (1990), o espaço geográfico é o local onde o homem constrói e reproduz as relações sociais, ligados ao trabalho e a natureza. Que além de ser um produto é ainda condição e meio do processo de reprodução geral da sociedade. Entendendo que o pro- cesso de urbanização é resultante da transferência do homem do campo para a cidade. Através desta relação o espaço urbano é construído, que de acordo com Corrêa (1995), este espaço é capitalista e produz um conjunto de usos da terra. Sendo elas áreas re- sidenciais, comerciais, de lazer e as aéreas para futuras expansões. O espaço urbano é fragmentado e articulado, que reflete nas desigualdades sociais. Segundo o autor os agentes sociais são os responsáveis pela reprodução deste espaço, sendo: 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO • Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais: em razão das suas atividades, necessitam de grandes áreas de baixo custo para a sua produção e de fácil acesso rodoviário; • Os proprietários fundiários: tem interesse na obtenção no maior valor das pro- priedades e não o do uso, que podem ser empreendimentos comercial ou residencial. Alguns destes fundiários com mais influência, obtém maior valor pelas suas terras, pois exercem pressão no Estado ou no município, para inter- ferir no uso e ocupação do solo; • Os promotores imobiliários: são os agentes que realizam, parcialmente ou to- talmente, as seguintes operações: incorporação; financiamento; estudo técni- co; construção ou produção física do imóvel; e comercialização ou transforma- ção do capital-mercadoria em capital-dinheiro, agora acrescido de lucro; • O Estado: também na organização espacial da cidade. Sua atuação tem sido complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte. O Estado possui instrumentos que pode empregar em relação ao espaço urbano, entre eles estão a tributação e a reorganização espacial, e outros; • Os grupos sociais excluídos: são os menos favorecidos, não possuem fonte de renda que possibilite alugar ou comprar um imóvel. Conseguindo como mo- radia, cortiços (autoconstrução), conjuntos habitacionais fornecidos pelo Esta- do, favelas, estas moradias se localizam nas periferias das cidades, provocando uma grande exclusão social. Segundo Carlos (2012), “a “produção” e, consequentemente a “reprodução do espa- ço”, atualmente, repousa no fato de que o desempenho capitalista se expandiu. 4.3 DESIGUALDADE E SEGREGAÇÃO ESPACIAL No tópico anterior foi apresentado como espaço urbano contemporâneo, pode pro- vocar e intensificar a desigualdade e a segregação espacial. O conceito de segregação apareceu com a Escola de Chicago, segundo Corrêa (1995), sendo definido como um processo ecológico resultante da competição impessoal que geraria espaços de dominação dos diferentes grupos sociais. Assim a segregação socioespacial acontece em diferentes áreas do território urbano. 32 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O termo segregação social e exclusãosocial é discutida por várias disciplinarias, entre elas a geografia, a sociologia, serviço sociais entre outras, porque é um importante processo do espaço urbano e que constitui na existência de vários grupos sociais dis- tintos (PASSOS; ARAUJO, 2014). Para Rocha (2011), a segregação é mais evidente no processo de urbanização, ou seja, o simples fato de residir demonstra como ocorreu o processo de segregação. Necessário salientar, de acordo com Liberato (2007), que a segregação socioespa- cial origina-se da exclusão social que por sua vez impõe o confinamento espacial. A segregação social apresenta vários tipos que podem ser: política, social, psicológica, cultural, etc, e com variação de intensidade (maior ou menor) e que podem superpor. E consequentemente promove a desigualdade social e no desigual acesso aos servi- ços públicos (saúde, educação, moradia e mobilidade urbana). 4.4 AS CIDADES BRASILEIRAS > o SurGimenTo DaS ciDaDeS > As cidades surgiram a partir do desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios, fator econômico decisivo na fundação das primei- ras cidades no Oriente Próximo. O principal progresso técnico que a acom- panhou foi à descoberta e uso do bronze, substituindo a utilização da pedra na manufatura. O processo sobre urbanização nos centros urbanos, desigualdade e segregação foi apresentado. Mas você pode conhecer mais sobre este assunto, assistindo o vídeo sobre “A história das coisas”, no canal do Youtube - https://www.youtube.com/wat- ch?v=7qFiGMSnNjw - para perceber melhor como a produção dos produtos que todos usam, afeta a todos. https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO > As primeiras cidades surgiram entre 3.500 e 3.000 a. C., nos vales dos rios Nilo, no Egito e Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; posteriormente, mais ou menos em 2 500 a.C., no vale do rio Indo, na Índia e por volta de 1.500 a. C., na China. > As cidades europeias - e a vida urbana destas cidades - não haviam mudado muito com a chegada do Renascimento; > No século XVIII, a Revolução Industrial teve início, com a invenção da máqui- na a vapor, e de outros equipamentos industriais, esta revolução durou até o final do século XIX nos atuais países desenvolvidos mudando drasticamente os grandes centros industriais, outras cidades começaram a se industrializar a partir do séc. XX; > A industrialização das cidades causou grandes mudanças na vida urbana; > Produtos que artesãos levavam horas para fazer eram produzidos em série, em grande quantidade, e a preços mais baixos, dificultando a venda dos pro- dutos dos artesãos altos pelos custos, inviabilizando a continuação de seus negócios; > A população das cidades industrializadas cresceu bastante, isto ocorreu por cau- sa das altas taxas de crescimento populacional da época, e pelo forte êxodo rural, por causa dos avanços tecnológicos na agropecuária; outros agricultores mudaram para cidades em busca de vida melhor ou para trabalhar nas fábricas; > As condições sanitárias da cidade industrial típica da década de 1830 eram péssimas, não dispunham de abastecimento de água e esgoto - nem mesmo nos bairros onde as casas e apartamentos da burguesia e da elite estavam localizados, somente ao longo do séc. XIX as condições sanitárias foram me- lhoradas nos bairros das elites e da burguesia e somente no séc. XX a classe trabalhadora começou a receber esses serviços; > A poluição tornou-se um grande problema nas cidades industrializadas, de- vido à falta de instalações sanitárias adequadas, tornando as taxas de morta- lidade das cidades elevadas; > A industrialização da grande maioria das cidades ocorreu sem nenhum pla- nejamento, sendo construídas junto aos bairros residenciais; > Durante o final do século XIX, leis trabalhistas foram aprovadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, com o intuito de proteger os trabalhadores, estas leis proibiam o uso do trabalho infantil nas fábricas, melhorias na assistência mé- 34 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO dica e hospitalar para a classe trabalhista, fornecimento de abrigos e comida aos desempregados; > Adoção de políticas de planejamento urbano, como leis antipoluição, cons- trução de estradas e a implementação de um sistema de transporte público e zoneamento; > A indústria tornou-se a principal fonte de renda das grandes cidades do sécu- lo XVIII e do século XIX, o comércio interurbano tornara-se mais forte; > O imenso custo da construção e manutenção das fábricas, e da obtenção de matéria-prima, foram um dos motivos da ascensão do capitalismo; > 1.900 – TemPoS aTuaiS > As cidades cresceram mais no século XX, mesmo com crises como a Grande Depressão da década de 1930; > As principais razões deste grande crescimento populacional, foi a queda nas ta- xas de mortalidade, gerada após inovações na área da medicina e de leis contra indústrias poluentes, bem como maior reorganização da cidade através da im- plementação de leis de zoneamento e de planejamento urbano e a grande mi- gração da população rural (êxodo rural) para as cidades, provocada por avanços tecnológicos na agropecuária e pela diversificação da economia urbana; > O grande crescimento populacional das cidades foram as causas principais do aparecimento das regiões metropolitanas, mas que, economicamente, demo- graficamente, socialmente e culturalmente, formam uma única área urbana; > A qualidade de vida, da maioria dos habitantes das grandes cidades dos países desenvolvidos desfruta de um alto padrão de qualidade, de leis trabalhistas, políticas de planejamento urbano, serviços públicos de qualidade e da eco- nomia em crescimento destes países, mas ainda enfrentam problemas como pobreza e péssimas condições de vida, além de altas taxas de criminalidade. A cidade–campo está na origem das sociedades humanas, e como tal subjugou o campo e implantou a divisão entre trabalho intelectual e o trabalho do campo. A ci- dade pós-entrada da produção industrial se transforma, subornando o campo a sua dominação para atender a sua produção, que posteriormente agregava valores aos produtos do campo. Milton Santos (1994, 34p.) salienta que “o urbano é frequentemente o abstraio, o geral, o externo. A cidade é o particular, o concreto, o interno”, que não devemos confundir. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO A cidade passa ser o espaço de vida coletiva e de produção industrial, com esta trans- formação a cidade passou a dominar a divisão socioespacial do trabalho em uma comunidade, passando assim a controlar o excedente de produção, ou seja, a classe dominante controla, com a política ou com a força, tornando o campo dependente da cidade para a sua própria produção (MONTE-MÓR, 2006). Maricato (2003) aponta que o processo de urbanização brasileiro iniciou praticamen- te no século XX, e mesmo após a Proclamação da República e a abolição da escrava- tura, continuava a ser agrário-exportadora. Na década de 1930 ocorreram mudanças políticas, com a regulamentação do trabalho urbano, mas que não era extensivo ao trabalhador rural, promovendo assim a industrialização, construção da infraestrutura urbana, que reforçaram a êxodo rural e consequentemente às cidades não estava preparada para esta transformação, apresentando a falta de uma infraestrutura bási- ca, como falta de emprego, de água, de rede de esgotamento sanitário, de habitação, de educação, de saúde, de transporte, dentre outros. A partir da década 1960 o Brasilinicia-se a tradição em pensar a cidade e a questão urbana (LIBERATO, 2007). Contudo, o padrão adotado do “primeiro mundo”, aplicados a uma parte da cidade (ou da sociedade) contribuiu para que a cidade brasileira fosse marcada pela moder- nização incompleta ou excludente (MARICATO, 2000, p.123). Provendo a segregação urbana e a desigualdade social, como resultado da dificuldade de acesso aos serviços e infraestrutura urbana. Segundo Corrêa (1995, p.9), “a cidade é também o local de diversas classes sociais, que vivem e se reproduzem, o espaço da cidade é também, o cenário e o objeto das lutas sociais”. Desse modo, chegamos ao final de mais uma unidade! Esperamos que o conteúdo transmitido tenha sido esclarecedor e que as atividades sugeridas possam comple- mentar o seu aprendizado. Bom trabalho! 36 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Ao final dessa unidade você será capaz de entender os conceitos básicos sobre população, o crescimento e os movimentos populacionais. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO 5 CARACTERISTICAS E ORGANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO 5.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade conheceremos um pouco sobre as características, o crescimento de uma população e como ela se organiza no espaço geográfico e a sua relação com os recursos naturais existentes. 5.2 POPULAÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS População significa um conjunto de pessoas que vivem em um espaço ou área de- mográfica comum. O retorno aos antigos teóricos tem o intuito de promover o entendimento como foi o processo de crescimento da população. Para isso vamos mencionar os seguintes teóricos, Thomas Robert Malthus e Karl Max. A teoria demográfica feita por Malthus, criada no final do século XVIII em decorrên- cia da dificuldade na Primeira Revolução Industrial, como aumento do êxodo rural, acarretou em um aumento da população em um curto período, promovendo assim a escassez de alimento. Segundo Damiani (2002), a teoria estaria fundamentada em duas idéias de crescimento. A população tinha um crescimento geométrico e os pro- dutos alimentícios tinha um crescimento aritmético, ou seja, a população sofreu com a escassez de alimento neste período. A teoria Neomalthusiana, construída através dos ideais de Malthus, recomendava me- didas para o controle do crescimento populacional, os métodos anticoncepcionais. Como forma de diminuir o crescimento da população, em contra partida poderia oferecer uma melhor qualidade de vida a população. 38 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A teoria de Marx, a população excedente ou a sobre população não é em decorrência do crescimento da população e a diminuição do meio de subsistência. Para Marx a pobreza não era somente provocada pela falta de alimentos, mas sim porque os tra- balhadores não tinham condições de adquirir produtos com os seus salários. “Assim as necessidades dos trabalhadores dependiam sempre da necessidade que o capitalista - quem o emprega – tem de seu trabalho” DAMIANI (2002, p.16-17). Porque a preocupação do capitalista é somente com o seu lucro e não com a ne- cessidade da população. A teoria Reformista foi um contraponto em relação a teoria Neomalthusiana, da qual uma população jovem e numerosa decorre das altas taxas de natalidade, sendo uma consequência do subsenvolvimento. A Teoria da Transição Demográfica foi proposta por Warren Robert Thompson foi para contestar a teoria malthusiana. mundo educação, gráfico adaptado de lucci (2005), 2018 Segundo Kieling (2009, p.23) a teoria de Thompson “parte do princípio que a taxa de nascimento e de mortalidade nunca foram constantes no tempo e que há leis ou regras gerais que se aplicam a todas as populações, que seriam as fases da transição”. O processo de transição demográfica foi divido em 4 fases sendo: 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO 1. Fase pré-moderna ocorre altas taxas de natalidade e de mortalidade, predomi- nantemente em sociedades rurais; 2. Fase moderna com a melhoria no desenvolvimento agrícola, econômico e social, a taxa de mortalidade decresce, mas taxa de natalidade demora a decrescer; 3. Fase industrial madura acontece, verifica-se o desenvolvimento urbano, melho- ria na qualidade de vida, redução da agricultura de subsistência, e acesso a con- tracepção, melhor posicionamento da mulher na sociedade, consequentemen- te a taxa de natalidade decresce; 4. Fase pós-industrial os índices referentes à taxa de natalidade e de mortalidade se estabilizam, criando um baixo crescimento populacional. Um exemplo da transição demográfica seria a geração baby-boom ou baby-boo- mers, após a II Guerra Mundial ocorreu uma alta taxa de natalidade. O significado de Demografia (demos = população, graphein = estudo), para compreen- dermos melhor o crescimento demográfico, que é um campo específico que dedica ao estudo estatístico da população, abordaremos conceitos fundamentais que estão relacionados com a analise do crescimento da população. Esta análise é muito im- portante para entendermos as transformações que ocorrem no espaço geográfico em decorrência da relação do homem e o meio. De acordo com Monteiro e Amaral (2016) existem dois tipos de variáveis demográ- ficas. A primeira variável descreve as características da população – referentes a um espaço geográfico e um tempo específico. Para a Análise Estatística da População são necessárias as seguintes variáveis: Tamanho, Distribuição, Estrutura ou compo- sição. A segunda variável se refere aos aspectos dinâmicos das populações, ou seja, das mudanças e inter-relações entre as variáveis demográficas básicas – fecundidade, mortalidade e migração. O tamanho e a composição da população são considerados os aspectos estáticos de uma população, são compreendidos com o número de pessoas que residem em um determinado espaço geográfico. Para entendermos, quando dizemos que deter- minados países possuem uma elevada população absoluta e uma baixa densidade demográfica, precisaremos conceituá-lo. População absoluta (populoso): é o numero total de habitante de um determinado espaço geográfico. 40 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO População relativa (Densidade Demográfica): é o número de habitante por quilome- tro quadrado (Km²), ou seja, este número é obtido através da divisão do número da população absoluta pela área de ocupação no espaço. Superpovoamento ou superpopulação: esta situação ocorre quando a área ocupada está em descompasso com as condições socioeconômicas da população em relação aos recursos disponíveis para a sua manutenção. A diferença entre o local superpovoado de um local populoso (densamente ocupado): o local superpovoado não oferece recursos suficientes para abastecimento da popula- ção e o local populoso tem grande número de população em termos absolutos. A distribuição da população não é uniforme, e apresenta fatores favoráveis e desfavo- ráveis para a ocupação. As áreas favoráveis à ocupação são áreas ecúmenas, são es- paços de fácil fixação e ocupação humana, possibilitando a sua habitação como, por exemplo: os centros urbanos, regiões litorâneas, etc. E as áreas anecúmenas, que cor- respondem às áreas de difícil fixação do homem, apresentando o vazio demográfico como, por exemplo: principalmente as áreas naturais, florestas,condições climáticas rigorosas, etc. Estrutura da população inclui características étnicas (estrutura étnica), idade e sexo (estrutura etária), econômicos (setor das atividades). A estrutura da população étnica é a classificação dos indivíduos em relação a sua cor através da classificação das raças, podendo ser branca, negra, amarela e mestiça, sendo muito polêmico. A população brasileira apresenta uma grande miscigenação com a seguinte com- posição: brancos, negros, indígenas, pardos (junção dos brancos, negros e indígenas), mulatos (junção branco com negro), caboclos (junção dos brancos com indígenas) e os cafuzos (junção de negros e indígenas). A estrutura etária da população tem como referência a sua distribuição por faixas de idades (jovem, adulto e terceira idade) e sexos (masculino e feminino) podendo ser representada através da pirâmide etária como o modelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2013 abaixo: 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO A pirâmide etária é formada pela: Base (parte inferior, representando a população jovem), Corpo (parte central representando os jovens e adultos) ou ápice (parte supe- rior/ representando a população idosa), Ordenada (grupos ou faixas de idade), Abcis- sa (quantidade de pessoas em valor absoluto ou porcentagem). A importância da pirâmide etária para os estudos de demografia é por que elas re- fletem a estrutura da população de um determinado país, estado, cidade, município, auxiliando assim nas decisões dos governos para politicas públicas, melhora nas in- fraestruturas como, por exemplo: educação, saúde, segurança, etc. A estrutura econômica corresponde ao setor das atividades primário, secundário e terciário. O setor primário está relacionado com a exploração dos recursos naturais, as atividades são: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. Responsável por fornecer a matéria prima para indústria de transformação. O setor secundário é responsável em produzir bens de consumo industrializados através da matéria prima. O setor terciário é o setor de serviços, ou seja, os serviços são ativida- des prestadas por terceiros ao setor econômico como, por exemplo, comércio, saúde, educação, transporte, etc. 42 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO De acordo com o IBGE, o PEA (População Economicamente Ativa) corresponde à parcela da população empregada ou que possui condições de trabalhar e realizar algum esforço para isso. E a população não economicamente ativa são as pessoas que não tem idade, interesse ou condições para exercer algum ofício. 5.3 CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO O crescimento demográfico ou o crescimento populacional se refere ao aumento e as dinâmicas da população. Os estudos demográficos ou econômicos permitem co- nhecer a população quantitativamente e qualitativamente, podendo assim planejar e adequar ações que promovam a qualidade de vida da população. São dois processos que provocam o crescimento da população, crescimento vegeta- tivo ou natural e o crescimento horizontal ou migração liquida. O crescimento vegetativo ou natural se refere à diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. Quando maior for a taxa de natalidade maior será o cresci- mento populacional. O que significa taxa de natalidade e taxa de mortalidade? A taxa de natalidade indica o número de nascimento ocorrido para cada grupo de mil habitantes no período de um ano. Sendo a seguinte fórmula: número de nascimentos/ População absoluta x 1000 O processo sobe a transição demográfica e as consequências para a desigualdade social. Você pode conhecer mais sobre este assunto, lendo o artigo do autor Profº. Fausto Brito, com o tema “Transição demográfica e desigualdades sociais no Brasil”, acessando o site: <http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v25n1/v25n1a02.pdf>. Acesso: mar. 2018. http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v25n1/v25n1a02.pdf 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO A taxa de mortalidade indica o número de mortes ocorrido para cada grupo de mil habitantes no período de um ano. Sendo a seguinte formula: número de Óbitos/ População absoluta x 1000 O crescimento horizontal ou migração liquida se refere à diferença entre o número de imigrantes e os emigrantes. A diferença entre os imigrantes, emigrantes e migran- tes serão abordados nos movimentos populacionais. 5.4 MOVIMENTOS POPULACIONAIS Os movimentos populacionais são os processos migratórios e eles podem ser migra- ção, emigração e imigração. • As migrações podem ser internas (dentro do próprio país) ou externas (de um país para outro, legalmente ou ilegalmente); • As emigrações é quando ocorre a mudança do seu país de origem para morar em outro país; • As imigrações é o movimento de pessoas entrando em outro país para morar. As migrações podem ser motivadas por fatores econômicos (emprego), políticos (guerras internas e externas ou abertura politica), culturais (conflitos étnicos e religio- sos) e naturais (catástrofes ambientais). Segundo Damiani (2002, p.39) “a discussão da migração tem caráter estratégico no desvendamento da relação entre a dinâmica populacional e o processo de acumu- lação de capital, para além da concepção de crescimento natural – a do excesso de nascimentos sobre mortes”. Esta dinâmica está vinculada ao tempo de permanência deste migrante que pode ser definitiva quando imigrante se estabelece de forma definitiva, criando vínculos, podem ser circulares quando o imigrante é atraído pelos avanços tecnológicos, mas que não cria vínculo muda sempre que julgar necessário, e os temporais o imigrante permanece por certo tempo, podendo ser diárias ou sazonais. 44 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO As migrações podem apresentar outros tipos, como por exemplo, • Migração pendular: caracteriza pelo movimento pendular, ou seja, do desloca- mento diário para estudar ou trabalhar; • Transumância: caracteriza pela mudança de um grupo de pessoas, para outra cidade, estado ou pais por tempo determinado; • Êxodo rural: é o deslocamento de pessoas do campo para as cidades, permanente; • Êxodo urbano: quando as pessoas da cidade mudam para áreas rurais; • Nomadismo: as pessoas não têm fixação permanente, não criando moradia fixa; • Diáspora: é uma migração involuntária ou forçada. Damiani (2002, p.41) enfatiza que “tanto as migrações internacionais, como as mi- grações internas rural-urbana, rural-rural, comprovam o processo de expropriação (a concentração da propriedade), e de exploração, que marcam o desenvolvimento do capitalismo em países como o Brasil”. E principalmente possuem um papel prepon- derante na organização do espaço geográfico. Assim, chegamos ao final desta unidade! Esperamos que o conteúdo transmitido tenha sido esclarecedor e que as atividades sugeridas possam complementar o seu aprendizado. Bom trabalho! Sessão de vídeo: “o homem que virou suco” – Direção: João Batista de Andrade. Brasil, 1980. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=FF70tq8QSS4. O filme retrata os conflitos psicológicos e a crítica social à imigração nordestina para São Paulo. Importante ressaltar o fato de que o maior transtorno e as maiores dificuldades não são enfrentadas pelos cidadãos que moram na cidade que rece- bem os migrantes, mas pelas pessoas que foram obrigadas, por fatores econômi- cos, a abandonar a região de origem. https://www.youtube.com/watch?v=FF70tq8QSS4 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EADCredenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIOSUMÁRIO OBJETIVO Ao final dessa unidade você será capaz de: > Evidenciar uma melhor compreensão sobre as noções de gênero e raça, visto que são processos sociais articulados a partir de relações que se organizam social, política, cultural e economicamente em um determinado tempo e espaço. > Perceber que estes assuntos constituem-se em temas pertinentes à formação profissional da (o) assistente social, responsável pelo planejamento e a execução de políticas públicas e de programas voltados para o bem-estar e a integração do indivíduo na sociedade. 46 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6 RELAÇÕES DE GÊNERO, RAÇA E A QUESTÃO SOCIAL 6.1 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade abordaremos as relações de gênero, étnico-raciais e de identidade social, pois entendemos que estas temáticas apresentam grande visibilidade à reali- dade social no Brasil e fazem parte daquilo que hoje é considerado tema premente da contemporaneidade. 6.2 REFLEXÕES SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL Entendemos por diversidade cultural um conjunto de características próprias de um grupo de pessoas que habitam em um determinado espaço. Estas particularidades estão relacionadas ao tipo de linguagem, a culinária, as tradições, a religião, o modelo familiar, político, bem como os processos de diferenciação entre as várias culturas. As variadas culturas do planeta formam o que denominamos de identidade cultural dos indivíduos ou de uma sociedade. Um registro que personaliza e diferencia os in- divíduos de determinado lugar do restante dos seres humanos. O Brasil é bastante conhecido pela sua diversidade cultural. Devido a sua extensão territorial e os processos históricos de colonizações, o território brasileiro é marcado por diferentes influências culturais, que são perceptíveis em todas as regiões do país. Destacam-se as tradições e influências indígenas no Norte e Centro-Oeste; africanas no Nordeste; e costumes de origem européia: portuguesa, alemã, italiana e espanho- la, que estão enraizadas até hoje no Sul e Sudeste do país. Porém, nossa história é estigmatizada por processos de negação do “outro”, ocorren- do muitas vezes no plano das representações e do imaginário social quando estabe- lecemos os conceitos do que é padrão, ou mesmo do que é ser brasileiro. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO De um lado, criamos o discurso de povo único, resultado de um longo pro- cesso de miscigenação, originando uma nação distinta com indivíduos cul- turalmente diversificados. Por outro lado, vivenciamos em nossas relações cotidianas inúmeras práticas preconceituosas, discriminatórias e racistas em relação a alguns segmentos da população, como, as mulheres, os indígenas e os afro-descendentes (ABRAMOWICZ, 2006). Assim, temas antes negligenciados estão cada vez mais na pauta dos debates. Para Fer- reira (2014), a cultura, a sexualidade, o racismo, o feminismo, o trabalho, dentre outros, são temáticas contemporâneas, e isto significa dizer que são de certa complexidade teórica e prática, pois fazem parte do presente e da vida cotidiana de cada um. Nesse campo de atividades e interesses, tais categorias emergem como elementos essenciais para a compreensão e construção das relações sociais de gênero e raça na atualidade. 6.3 DEBATES SOBRE NOÇÕES DE GÊNERO E RAÇA Por muito tempo a nossa sociedade sinalizou o propósito de uma cultura branca, duramente combatida por uma resistência negra e indígena, que fez originar o que denominamos de cultura brasileira. Assim, estão presentes no país manifestações culturais de brancos, negros e índios – criadores das expressões e características for- madoras dessa sociedade. Torna-se, portanto, algo impensável a superioridade de algum grupo, em detrimento de outro, uma vez que vivemos uma efervescência cultural. Mudanças vêm ocorren- do, mas ainda a muito por fazer, o que exige dos novos gerentes públicos, privados e administradores uma postura de mudança organizacional. Temas como gênero, raça e identidade social, enquanto categorias de análise tor- nam-se recorrentes quando reportamos a inclusão dos sujeitos excluídos, sendo assi- nalados, dentre outros fatores, as desigualdades de poder (FERREIRA, 2014). Assim sendo, ainda segundo Ferreira (2014), gênero é um conceito que não pode ser assimilado se não for associado com questões de cunho étnico-racial. A noção de gênero está relacionada a contextos distintos e suas particularidades. A distinção de cunho biológico serve apenas como ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher. A noção de gênero aponta para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino (BRAGA, 2007). 48 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A noção de raça humana foi utilizada como abordagem científica até a segunda me- tade do século XX, e era objeto de estudo da biologia e da antropologia física. O ter- mo é bastante discutível, pois considera com mais relevância a proximidade cultural do que o aspecto racial. No dicionário, o termo refere-se ao “conjunto de indivíduos que pertencem a cada um dos grupos humanos, descendentes de uma família, de uma tribo ou de um povo, originário de um tronco comum”. Apesar de ainda ser usada em contextos ge- rais, a palavra raça têm sido muitas vezes substituída por outras palavras que são me- nos ambíguas e emocionalmente carregadas, como populações, povos, grupos étni- cos ou comunidades, dependendo do contexto. O senso comum tende a relacionar os termos raça e etnia como sinônimos. Na ver- dade, grupos étnicos são indivíduos que dividem uma mesma cultura e até mesmo características físicas, enquanto raça é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma espécie, e a espécie humana não tem subgrupos. O fundamental na etnia é o sentimento de identificação, tanto do próprio grupo como do restante da sociedade nacional. Pouco importa se a base para isso é a cor da pele, o idioma original, um sentimento comum de discriminação ou de proble- mas semelhantes (VESENTINI, 2004). Entretanto, o termo etnia por não ser muito categórico não possui conotação racista, sendo muito utilizada atualmente nas li- teraturas que abordam sobre o tema. Na contramão, o termo raça, tende a ser em- pregado de forma preconceituosa, principalmente ao ser relacionado ao contexto de classe social. Os principais mecanismos de raciação (ou seja, a formação de raças) são o isola- mento, as mutações, a seleção natural e a seleção social. Para maiores informa- ções sobre cada um destes mecanismos ver: “VESENTINI, J. W. Sociedade e Es- paço. Geografia Geral e do Brasil. Editora Afiliada, 2004”. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GeoGrafia Humana e ecoloGia Social SUMÁRIO Desse modo, enquanto instrumento de análise na sociologia, as percepções e julga- mentos acerca da noção de raça podem afetar e organizar a vida social das pessoas, respondendo principalmente pela criação e manutenção de um sistema de desi- gualdade social. Para Santos (2008), semelhantemente as questões de gênero e raça, as relações de classe são compreendidas dentro de seu caráter relacional, ou seja, não se pode fa- lar em classes sociais sem pontuar a existência de relações desiguais entre elas. A sociedade apresenta distâncias sociais significativas na sociedade, onde indivíduos e grupos diferentes ocupam lugares distintos.
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