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DROGAS DE ABUSO NEUROCIÊNCIA E COMPORTAMENTO NATÁLIA ARTHUSO INSTA: @NATALIARTHUSO • Etanol, inalantes, cannabis, alucinógenos, opiáceos e opioides e estimulantes do sistema nervoso central ESTIMULANTES DO SNC • Cocaína, anfetaminas e análogos • Drogas que vão estimular o sistema nervoso simpático COCAÍNA • Alcaloide de sabor amargo • Aceleração dos batimentos cardíacos • Com propriedades anestésicas e vasoconstritores • Extraído das folhas Erithoxylon coca, conhecida como coca ou epadu • Nome químico: benzoilmetilecgonina • a cocaína pode ser utilizada de diversas maneiras • folhas de coca: amassadas juntos com substância alcalinizante ou sob forma de chá → 0,5 a ,5% • cloridrato de cocaína: pó fino e branco, podendo ser utilizado por via venosa ou aspirado (via nasal) → 15 a 75% • crack: em forma em pedra, volatiliza quando aquecida → 40 a 70% • merla: pasta da cocaína, pode ser fumada → 40 a 71% • bazuko: pasta obtida das primeiras fases de separação da cocaína das folhas da planta quando estas são tratadas com álcalis, solventes orgânicos e ácido sulfúrico → 40 a 90% TOXICIDADE • doses tóxicas são muito variáveis • dependem principalmente: o tolerância individual o via de administração (aspirada, fumada, injetada, etc) o uso concomitante de outros fármacos: interações com álcool, heroína (droga depressora) e outros agentes • doses letais podem variar de 20 mg IV até doses de 1400mg VO • Uma “carreira” tem entre 30 a 40 mg • Um “papelote” de pedra tem entre 100 e 150 mg ABSORÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, BIOTRANSFORMAÇÃO E EXCREÇÃO • Bem absorvida por todas as vias → origem lipídica • Meia-vida: 30-60 minutos • Bioransformada no fígado e pelas esterases plasmáticas • Excretada na urina sob forma de 4 subprodutos identificáveis: ecgonina, ecgonina-metilester (sem atividade vaso-constritora), norcaina (potente vasoconstritor) e o principal metabólito benzoilecgonina (detectável até 30 dias após o uso) MECANISMO DE AÇÃO COMPLEXO • 1 - Inibição da recaptura e aumento da liberação de catecolaminas no SNC e periférico → efeito sistêmico → hiperativação do neurônio pós- sináptico • 2 - Bloqueio dos canais de sódio o Anestesia das membranas axonais o Vasoconstrição o Ação quinidina-like no coração, em altas doses ▪ Bradicardia e hipotensão • OBS: Ação sinérgica 1 + 2 = efeitos cardiotóxicos • Acúmulo de catecolaminas (dopamina, noradrenalina, adrenalina e serotonina) nas terminações sinápticas pós-ganglionares INTOXICAÇÃO AGUDA → QUADRO CLÍNICO COM 3 FASES • 1. Estimulação inicial o Midríase, cefaléia, náuseas, vômitos o Vertigem, tremores não intencionais (face, dedos), tiques o Palidez, diaforese (sudorese excessiva) o Bradicardia transitória, hipertensão arterial, taquicardia, dor torácica o Hipertermia o Euforia, agitação, apreensão, instabilidade emocional, inquietude, pseudo- alucinações • 2.estimulação avançada o Hipertensão arterial, taquicardia, arritmias ventriculares e, as vezes, hipotensão arterial o Encefalopatia maligna, convulsões, estatus epileticus o Dor abdominal o Taquipneia, dispneia o Pode ocorrer hipertermia • 3. Depressão o Coma arrefleivo, arreponsivo o Midríase fixa o Paralisia flácida o Instabilidade hemodinâmica o Insuficiência renal o Fibrilação ventricular ou assistolia o IR, edema pulmonar o Cianose, respiração agônica, parada cardio-respiratória TRATAMENTO PARA OVERDOSE • Adm de algum fármaco com efeitos antagônicos a essa droga DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Paciente adulto jovem que desenvolve síndrome adrenérgica de curta duração • Agitação psicomotora • Movimentos estereotipados • Dor torácica • Lesões de mucosa e de septo nasal o A aspiração do pó resseca o nariz, causa fissuras... • O uso concomitante do álcool com a cocaína aumenta a toxicidade da cocaína, uma vez que tem uma meia vida mais longa • Associação com fluoxetina pode resultar em síndrome serotoninérgica DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ESPECÍFICO • CCD → cromatografia de camada delgada o Positiva para metabólitos da cocaína na urina, mais especificamente benzoilecgonia até 60 horas da exposição (única) e até 30 dias (uso crônico) o Falsos positivos: lidocaína (passagem de sonda vesical, naso-gastrica,p ex) TRATAMENTO • Casos menos graves o Geralmente são de curta duração o Respondem bem ao uso de benzodiazepínicos • Casos moderados/severos o Suporte vital o Agitação/convulsão: benzodiazepínicos/barbitúricos o Hipertermia: medidas físicas: compressas frias... o Rabdomiólise: administrar SF 0,9% para manter volume urinário de 2 a 3 mL/kg/h. Monitorar eletrólitos, CK e função renal o Hipotensão/choque: infusão de aminas vasoativas (preferir dopamina e, se não houver resposta, norepinefrina) ANFETAMINAS E ANÁLOGOS ANFETAMINAS • Metilfenidato (Ritalina) • Anorexígenos (anfepromona, femproporex) METANFETAMINAS • Speed, Ice, “Pervertin” • Poder de vício maior do que a da cocaína • MDMA • Ecstasy → pode causar morte súbita VIA DE USO • Geralmente de uso oral • IV ou fumada, pura, misturada a outras drogas MECANISMO DE AÇÃO • Bloqueio da recaptação das catecolaminas QUADRO CLÍNICO • Síndrome adrenérgica prolongada o Ilusões, paranoias o Taquicardias, hipertensão o Hipertermia, diaforese o Hiper-reflexia, midríase, convulsões, coma o Pode ocorrer rabdomiólise DIAGNÓSTICO • História e exame físico • Exame toxicológico (CD) positivo • TRATAMENTO • Medidas de descontaminação do TGI quando indicado • Tratamento sintomático e suportivo: similar ao da intoxicação pela cocaína • A acidificação urinária pode ser útil, mas está contra-indicada em presença de rabdomiólise • Atenção para: hipertermia, rabdomiólise e aparelho cardiovascular (acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio) DEPRESSORES OPIÁCEOS E OPIÓIDES CLASSIFICAÇÃO: • 1. Opiáceos naturais: derivados do ópio que não sofreram nenhuma modificação (ópio, pó de ópio, morfina, codeína) • 2. Opiáceos semi-sintéticos:> resultantes de modificações parciais das substâncias naturais (heroína) • 3. Opiáceos sintéticos ou opioides: totalmente sintéticos, são fabricados em laboratório e tem ação semelhante à dos opiáceos (zipeprol, metadona, fentanil) TOXICOCINÉTICA • Inicio de ação: 10 minutos via venosa, 10-15 minutos após uso nasal, 30-45 min via IM • Metabolismo: essencialmente pelo fígado • Armazenamento: alguns opioides são mais lipossolúveis e podem ficar armazenados no tecido gorduroso • Excreção: renal QUADRO CLÍNICO • Tríade clássica: miose, depressão respiratória e coma • Hipotensão • Hipo ou hipertermia • Bradicardia, edema pulmonar • Crises epilépticas (proproxifeno) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Cromatografia em camada delgada (CCD) TRATAMENTO • Descontaminação gastrintestinal, quando cabível • Assistência respiratória e suporte hemodinâmico • Caso depressão do sistema nervoso central e/ou insuficiência respiratória, utilizar naloxona • síndrome de abstinência QUADRO CLINICO SEMELHANTE A UMA GRIPE SEVERA • dilatação pupilar, lacrimejamento, rinorreia, espirros • piloereção, bocejos, anorexia, vômitos, diarreia • não causa convulsões, nem delirium • inicio depende da ½ vida da droga o heroína – pico em 36-72 horas, até 7-10 dias o metadona – pico em 72-96h, até 14 dias TRATAMENTO → DESMAME GRADUAL o opioide de longa duração (buprenorfina ou metadona) com diminuição gradativa da dose o clonidina ETANOL TOXICIDADE • Doses tóxicas muito variáveis, dependendo: o Da tolerância individual o Do uso concomitante de outros fármacos TOXICOCINÉTICA • Absorção: 20% no estômago; 80% no intestinodelgado • Pico plasmático: em 30-90 minutos • Atravessa a BHE e placentária • Metabolizado elo fígado → formação de acetaldeído o Desidrogenase alcoólica o Catalase e o sistema oxidativo mitocondrial QUADRO CLÍNICO • Depende do nível sérico e da tolerância do paciente ALCOOLEMIA • 50 a 150 mg/dl: verborragia, reflexos diminuídos, visão borrada, excitação ou depressão mental • 150 a 300mg/dl: ataxia, confusão mental, hipoglicemia (principalmente em crianças), logorréia • 300 a 500 mg/dl: incoordenação acentuada, torpor, hipotermia, hipoglicemia (convulsões), distúrbios hidreletrolíticos • > 500 mg/dl: coma, falência respiratória, falência circulatória DIAGNÓSTICO LABORATORIAL INESPECÍFICO • Hemograma, ionograma, Ca, Mg • Glicemia (hipoglicemia), uréia, creatinina • Gasometria + pH (acidose) • RX de tórax (verificar broncoaspiraçaõ) • ECG (arritmias) • Transaminases (TGO, TGP) o TGO: dano tecidual → muito mais liberado pelo dano tecidual hepático o TGP: dano hepático DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ESPECÍFICO • Dosagem sérica de etanol e metanol: 5 ml de sangue em tubo com heparina, tendo o cuidado de fazer a assepsia com água e sabão DIAGNOSTICO DIFERENCIAL • Outras intoxicações (metanol, polietilenoglicol, outros depressores do SNC), hipoglicemia, encefalopatia hepática, AVC, estado pós- convulsivo, síndrome de abstinência • Intoxicações por metanol → sintomas iniciais muito semelhantes o Náuseas, vômitos, cefaleia, tontura, sonolência o Melhora temporária por um período de 12 a 24 horas o Retorno dos vômitos, com mal estar, epigastralgia, diplopia → campos visuais, midríase hiporreativa o Evolução para agitação, acidose metabólica grave, hiperpnéia, choque, insuficiência renal, convulsões e coma TRATAMENTO • Assistência respiratória e O2, se necessário • Lavagem gástrica em caso de ingestão recente (30- 45 min) e de grande quantidade • Carvão ativado: não é eficiente; pode ser útil no caso de associação com outros agentes tóxicos • Não induzir vômitos (risco de broncoaspiração) • Em crianças: prevenir hipoglicemia com soro glicosado 25% - 2ml/kg • tiamina – 100 mg/l de SF/SG ou 100 mg VO 3x/dia – previne a encefalopatia de WERNICKE • hipoglicemia: glicose a 50% em IV (nunca antes da tiamina → pode precipitar S. Wernicke) • convulsão → Diazepam ou lorazepam • choque, desidratação e acidose: soluções isotônicas de cloreto ou bicarbonato de sódio SINDROME DE ABSTINÊNCIA • similar à dos outros sedativos-hipnóticos • 12 a 72 hora após modificação do consumo (redução da quantidade ou frequência) • Com níveis mínimos de dependência o Náuseas o Debilidade o Ansiedade o Transtornos do sono o Tremores discretos (menos um dia) • Em grandes dependentes o Vômitos, astenia, sudorese, câimbras, hiperreflexia o Tremores (máximo em 24-48 horas), ansiedade o Alucinações visuais, crises convulsivas • Em fase mais avançada o Agitação psico-motora, perda da consciência o Delírio tremens por volta do terceiro dia, com hipertermia e falência cardiovascular o Auto-limitada, ocorrendo recuperação em aproximadamento 5-7 dias, caso não ocorra óbito o Em recém-nascidos: déficits neurológicos permanentes e outras anomalias de desenvolvimento SUBSTÂNCIAS VOLÁTES DE ABUSO (INALANTES E SOLVENTES) CLASSIFICAÇÃO • Hidrocarbonetos: tolueno, xill, benzeno, n-hexano, presentes em colas, tintas, thiners, removedores • Cheirinho de loló: clorofórmio e éter • Lança-perfume: cloreto de etila • Toxicocinética • Absorção: 60 – 80% de clorofórmio inalada é absorvido • Distribuição: rápida para o sangue, tecido adiposo, fígado, rins, pulmão e SNC; CRUZA A ABRREIRA PLACENTÁRIA PERTURBADORES DA ATIVIDADE DO SNC MACONHA • Substância: Delta 9 THC (tetrahidrocanabinol) • Indicação terapêutica aprovada: Delta 9 THC sintético, como alternativa ao tratamento antiemético (MarinolR) MECANISMO DE AÇÃO • Receptor canabinóide especifico (família proteína G) • SNC: gratificação (cerebelo, hipocampo, córtex) • Efeito psíquicos muito variáveis dependendo de expectativas individuais, do estado de espírito, etc • Não provoca efeitos cardiovasculares ou respiratórios graves em exposição a doses excessivas TOXICOCINÉTICA • Absorção: via respiratória, minutos; via oral: 1 a 4 horas • Meia-vida: 28 horas – 57 horas • Armazenamento em tecido adiposo • Subproduto principal: 11-hidroxi-THC • Quadro clínico • Taquicardia, hiperemia da conjuntiva ocular, hipotensão postural • Redução da ansiedade, euforia, hilaridade espontânea, aumento do apetite, prejuízo da memória de curto prazo, alteração na percepção espaço-tempo, exacerbação de transtornos “neuróticos” e “psicóticos” pré-existentes TRATAMENTO • Medidas de descontaminação, sintomático e suporte • Sintomas melhoram em torno de 8 horas (exceto concentrados) • Risco de overdose letal é mínimo, não há registro de óbitos por maconha e derivados, exclusivamente ANTICOLINÉRGICOS • Várias substâncias com ação anticolinérgica • Medicamentos: antiespasmódicos, antiparkinsoniansos (Biperideno) • Plantas: lírio (trombeteira, zabumba, datura sp) QUADRO CLÍNICO • Típica síndrome anticolinérgica o Mucosas secas, rubor facial, hipertermia o Hipertensão, delírios e alucinações, midríase o Arritmias cardíacas, convulsões TRATAMENTO • Descontaminação G.I. quando cabível • Sintomático e de suporte • Fisostigmia (i-AChE) • Não desenvolvem tolerância no organismo e não há descrição de Síndrome de Abstinência
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