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AVA 2 - Organização do Estado e Poderes - Maura M B Ferreira

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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E PODERES AVA 2 
Maura Manuella Balthazar Ferreira 02 novembro 2020 
 
Como visto no decorrer do semestre, a Constituição Brasileira adotou o federalismo, ou 
seja, tem-se a repartição de poderes entre os entes federados e esses são autônomos 
e possuem suas competências definidas constitucionalmente objetivando, assim, 
equilíbrio entre esses. 
Os Municípios, assim como os Estados e o Distrito Federal, possuem a capacidade de 
auto-organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração. No que se refere 
especificamente aos municípios, a Constituição, em seu art. 29, determina que serão 
regidos por Lei Orgânica elaborada pelas Câmaras Municipais (JÚNIOR e CARVALHO, 
2019). Embora haja autonomia entre os entes, esta não pode ser confundida com 
soberania, estando todos submetidos ao que rege a Carta Magna. 
No capítulo II da Constituição, artigos 22 a 24, são abordadas as competências material 
e legislativa. A primeira se divide em: a) exclusiva – o que fica a cargo da União-, e b) 
em comum – o que fica a cargo dos entes federados (art. 23) -; ao passo que a segunda 
se divide em: a) privativa – permissão da União aos Estados e ao DF para legislarem 
assuntos exclusivos através de Lei Complementar -, b) concorrente – competência 
compartilhada entre entes -, c) suplementar – Estado legisla na ausência de posição da 
União -, e d) reservada – competência dos Estados sem interferência da união -. 
O Ministro Edson Fachin trouxe no Recurso Extraordinário 194.704 o seguinte 
entendimento: 
Nos casos em que a dúvida sobre a competência legislativa recai sobre 
norma que abrange mais de um tema, deve o intérprete acolher 
interpretação que não tolha a competência que detêm os entes menores 
para dispor sobre determinada matéria (presumption against 
preemption). Porque o federalismo é um instrumento de 
descentralização política que visa realizar direitos fundamentais, se a lei 
federal ou estadual claramente indicar, de forma adequada, necessária 
e razoável, que os efeitos de sua aplicação excluem o poder de 
complementação que detêm os entes menores (clear statement rule), é 
possível afastar a presunção de que, no âmbito regional, determinado 
tema deve ser disciplinado pelo ente menor. Na ausência de norma 
federal que, de forma nítida (clear statement rule), retire a presunção de 
que gozam os entes menores para, nos assuntos de interesse comum e 
concorrente, exercerem plenamente sua autonomia, detêm Estados e 
Municípios, nos seus respectivos âmbitos de atuação, competência 
normativa. 
O controle de constitucionalidade visa manter o equilíbrio entre as leis municipais e 
estaduais frente à CRFB/88 pelo Poder Judiciário e pode ser difuso ou concentrado. O 
primeiro se caracteriza por declaração incidental de lei municipal, estadual ou federal 
por juízes e tribunais estaduais; o segundo, de acordo com CUNHA JR, 2015, afere-
se, abstratamente, a validade de uma lei ou ato normativo municipal ou estadual em 
face de qualquer norma da Constituição estadual, quando do julgamento das ações 
diretas (ADI, ADO, ADC e ADPF). Complementa-se a isso que no controle difuso a 
repercussão é inter partes e pode passar a ser erga omnes com efeito ex nunc, e no 
controle concentrado seu efeito pode se ex tunc. 
Sobre o caso concreto, refere-se a direito de propriedade (Direito Civil) de competência 
legislativa exclusiva, ou seja, cabe somente à União legislar sobre. Alguns ministros do 
STF entenderam que se tratava de competência concorrente – o que daria respaldo à 
criação da lei -, mas ainda assim materialmente inconstitucional pois viola o princípio 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADO E PODERES AVA 2 
constitucional da livre iniciativa previsto no artigo 170. Ainda que o entendimento de 
competência tenha sido divergente, a decisão foi pela inconstitucionalidade da lei. 
Através das ADIs 451, 4.008 e 4.862, por exemplo, o STF firma o entendimento sobre 
a inconstitucionalidade das leis que ferem os artigos 1º e 170 da Constituição. 
Abaixo, a ADI 4.008, em 2017, para sustentar um caso concreto: 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL QUE REGULOU PREÇO COBRADO 
POR ESTACIONAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL. 
1. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a regulação de 
preço de estacionamento é matéria de direito civil, inserindo-se na competência privativa 
da União para legislar (CF/88, art. 22, I). Inconstitucionalidade formal. Precedentes: ADI 
4.862, rel. Min. Gilmar Mendes; AgR-RE 730.856, rel. Min. Marco Aurélio; ADI 1.623, 
rel. Min. Joaquim Barbosa. 2. Ressalva de entendimento pessoal do relator, no sentido 
de que a regulação de preço na hipótese configura violação ao princípio da livre iniciativa 
(CF/88, art. 170). Inconstitucionalidade material. 3. Ação julgada procedente para 
declarar a inconstitucionalidade da norma. 
1. A Lei Distrital 4.067/2007 estabelece critério de precificação do serviço de 
estacionamento proporcionalmente ao tempo de serviço, prevê sanções para seu 
descumprimento e assegura gratuidade para pessoas idosas e portadoras de 
necessidades especiais, pelo período de duas horas. A requerente alega: (i) violação à 
competência privativa da União para legislar sobre de direito civil (art. 22, I, CF), bem 
como (ii) ofensa aos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência 
(arts. 1º, IV e 170, IV, CF) e ao direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF). 2. Esta Corte 
já se pronunciou sobre tal controvérsia, tendo assentado que a regulação da cobrança 
pela utilização dos serviços de estacionamento privado constitui matéria de direito civil, 
de competência legislativa privativa da União, nos termos do art. 22, inciso I, da 
Constituição Federal. Com base nesse entendimento, o STF invalidou diversas normas 
locais que dispuseram sobre o tema. Confiram-se trechos de alguns julgados: 
“1. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Lei 16.785, de 11 de janeiro de 2011, 
do Estado do Paraná. 3. Cobrança proporcional ao tempo efetivamente utilizado 
por serviços de estacionamento privado. Inconstitucionalidade configurada. 4. 
Ação direta julgada procedente. [...] Nesses termos, verifica-se a usurpação da 
competência legislativa privativa da União, uma vez que a matéria regulada pela 
referida Lei (cobrança proporcional ao tempo efetivamente utilizado pelos 
serviços de estacionamentos privados) dispõe sobre Direito Civil.” (ADI 4.862, 
rel. Min. Gilmar Mendes, grifou-se). 
No exemplo acima, além dos aludidos na disciplina, percebe-se que muitas foram as 
tentativas de beneficiar algum público específico, fosse esse idoso, um enfermo, um 
consumidor de local público, enfim. Como pôde ser visto, as leis não foram proibidas de 
serem criadas, mas serão ineficazes por terem diretrizes que ferem a legislação maior, 
nossa CRFB/88. Ainda que se permitisse Lei Complementar para que Estados e 
Municípios tivessem respaldo jurídico para a criação e efetivação dessas leis, o ideal 
seria que os próprios estabelecimentos já possuíssem esses entendimentos e 
trabalhassem em prol de cada público-alvo, juntamente com seus parceiros (Abrapark 
ou outro), para que se crie e se renove o sistema de cobrança citado em cada exemplo, 
em que muitas vezes é realmente abusivo. 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADO E PODERES AVA 2 
Um outro fator que seria de suma importância para que se pudesse alcançar os objetivos 
das propostas, seria a forte atuação popular, uma vez que no art. 1º da Constituição 
Brasileira de 1988, inciso III, está presente o fundamento da dignidade humana (que 
tange também a qualidade e valorização da vida humana) e no parágrafo único do 
mesmo referido artigo tem a emblemática frase “Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição.”. 
 
Referências 
ADVOGADA, Flávia.STF decide: é inconstitucional lei estadual que estabelece regras de 
cobrnça em estacionamento de veículos. Jusbrasil, 2016. Disponível em: 
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/382251106/stf-decide-e-inconstitucional-lei-
estadual-que-estabelece-regras-de-cobranca-em-estacionamento-de-veiculos. Acesso em: 29 
out. 2020. 
 
CUNHA JR, Dirley. O Controle de Constitucionalidade no plano estadual e a problemática das 
normas constitucionais federais repetidas. Jusbrasil, 2015. Disponível em: 
https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/208196508/o-controle-de-
constitucionalidade-no-plano-estadual-e-a-problematica-das-normas-constitucionais-federais-
repetidas. Acesso em: 27 out. 2020. 
 
DIREITONET. https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/115/Controle-de-
constitucionalidade-Geral. Acesso em: 31 out. 2020. 
 
JUNIOR, Luís Carlos; CARVALHO, Pedro de Menezes. Controle de constitucionalidade em 
nível estadual e municipal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 
5794, 13 maio 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/73371. Acesso em: 29 out. 2020. 
 
NASCIMENTO, Renato. Repartição Constitucional de Competência. Jusbrasil, 2016. Disponível 
em: https://renatonasci.jusbrasil.com.br/artigos/444135670/reparticao-constitucional-de-
competencia . Acesso em: 27 out. 2020. 
 
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/382251106/stf-decide-e-inconstitucional-lei-estadual-que-estabelece-regras-de-cobranca-em-estacionamento-de-veiculos
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/382251106/stf-decide-e-inconstitucional-lei-estadual-que-estabelece-regras-de-cobranca-em-estacionamento-de-veiculos
https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/208196508/o-controle-de-constitucionalidade-no-plano-estadual-e-a-problematica-das-normas-constitucionais-federais-repetidas
https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/208196508/o-controle-de-constitucionalidade-no-plano-estadual-e-a-problematica-das-normas-constitucionais-federais-repetidas
https://dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/208196508/o-controle-de-constitucionalidade-no-plano-estadual-e-a-problematica-das-normas-constitucionais-federais-repetidas
https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/115/Controle-de-constitucionalidade-Geral
https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/115/Controle-de-constitucionalidade-Geral
https://jus.com.br/artigos/73371/controle-de-constitucionalidade-em-nivel-estadual-e-municipal
https://jus.com.br/artigos/73371/controle-de-constitucionalidade-em-nivel-estadual-e-municipal
https://jus.com.br/revista/edicoes/2019
https://jus.com.br/revista/edicoes/2019/5/13
https://jus.com.br/revista/edicoes/2019/5/13
https://jus.com.br/revista/edicoes/2019/5/13
https://jus.com.br/revista/edicoes/2019/5
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