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AVA 2 Direito Ambiental - Maura M B Ferreira

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O desastre de Mariana pode ser reconhecido como o pior da categoria 
na história do país. A tragédia, que envolveu as empresas Samarco 
(exploradora do minério de ferro), Vale e BHP Billiton (administradoras), 
impactou a curto, médio e longo prazos, não só a população local, mas todo 
um ecossistema. Além disso, o episódio deixou um grande marco na vida de 
milhares de pessoas e deixou uma mensagem de alerta às esferas 
responsáveis pela fiscalização. 
No dia 5 de novembro de 2015, o que parecia ser um cenário de filme de 
desastres naturais, como avalanche e erupção vulcânica, na verdade era uma 
“lava química”; rompia-se a barragem de Mariana. O artigo 225 da Constituição 
Federal estabelece que o poder público e a coletividade devem zelar pelo Meio 
Ambiente e mantê-lo equilibrado. Ao ocorrer uma situação desta proporção, 
entende-se que as medidas de prevenção não foram tomadas suficientemente 
e que princípios do direito ambiental foram violados, destacando-se, segundo 
Leite (2015), três deles: 1º - Princípio da prevenção (precaução ou cautela), 
que se dá em relação ao perigo concreto, enquanto, em se tratando do 
princípio da precaução, a prevenção é dirigida ao perigo abstrato. Esse 
princípio, por sua vez, decorre do princípio quinze da Conferência do Rio/92. 
Diz o citado princípio: “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da 
precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com 
suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a 
ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para 
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a 
degradação ambiental”; 2º - O princípio do equilíbrio “é o princípio pelo qual 
devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio 
ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado 
globalmente positivo; 3º - Princípios da vida sustentável consubstanciados em 
respeitar a comunidade dos seres vivos e cuidar dela; melhorar a qualidade da 
vida humana; conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra; 
minimizar o esgotamento de recursos não renováveis; permanecer nos limites 
da capacidade de suporte do planeta Terra; modificar atitudes e princípios do 
direito humano fundamental; permitir que as comunidades cuidem de seu 
próprio meio ambiente; gerar uma estrutura nacional para a integração de 
desenvolvimento e conservação; constituir uma aliança global. Os princípios 
supracitados exemplificam os pontos em que houve falhas, ao mesmo tempo 
indagando onde, como e por quê elas ocorreram; em que momento o processo 
falhou; se desde a obtenção da licença ou na manutenção do sistema 
operacional. 
Segundo CONAMA (1997), o licenciamento ambiental é um 
procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a 
localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e 
atividades utilizadoras de recursos ambientais. É um valioso instrumento de 
controle por parte do poder estatal dos potenciais riscos à degradação do meio 
ambiente seguindo o interesse da política ambiental brasileira, disciplinada pela 
Lei 6.938/81, objetivando o desenvolvimento econômico com sustentabilidade, 
para que novas gerações possam desfrutar de um meio ambiente sadio que 
lhes proporcione vida em equilíbrio com a natureza e o meio ambiente (Araujo 
e Filho). Criado pela Lei nº 8,876, em 1994, o DNPM tem por finalidade 
promover o planejamento e o fomento da exploração mineral e do 
aproveitamento dos recursos minerais e superintender as pesquisas 
geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e 
fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o Território 
Nacional, na forma do que dispõem o Código de Mineração; o Código de 
Águas Minerais; os respectivos regulamentos e a legislação que os 
complementam (Ministério de Minas e Energia). 
O artigo 14, §1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente 
(6.938/81), prevê que o poluidor é obrigado, independentemente da existência 
de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a 
terceiros, afetados por sua atividade. Quanto à teoria do risco, para 
responsabilidade civil ambiental a jurisprudência brasileira adota de forma 
majoritária, a teoria do risco integral, que não admite nem mesmo as 
excludentes de responsabilidade, de caso fortuito, força maior e culpa exclusiva 
de terceiro, como se evidencia no julgado em caso similar, do Tribunal de 
Justiça de Minas Gerais (Loures, 2015). 
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - 
ROMPIMENTO DE BARRAGEM - MINERAÇÃO RIO POMBA 
CATAGUASES - DANO AMBIENTAL - TEORIA DO RISCO INTEGRAL - 
MINORAÇÃO DO VALOR ARBITRADO - IMPOSSIBILIDADE - 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11331400/par%C3%A1grafo-1-artigo-14-da-lei-n-6938-de-31-de-agosto-de-1981
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104090/lei-da-pol%C3%ADtica-nacional-do-meio-ambiente-lei-6938-81
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104090/lei-da-pol%C3%ADtica-nacional-do-meio-ambiente-lei-6938-81
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104090/lei-da-pol%C3%ADtica-nacional-do-meio-ambiente-lei-6938-81
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO- MULTA- CARÁTER PROTELATÓRIO- 
NÃO CONFIGURAÇÃO- RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - Para 
o dano ambiental se aplica a teoria do risco integral, logo, é objetiva a 
responsabilidade e não se admite a incidência das excludentes de força 
maior, caso fortuito e fato de terceiro; - A indenização por dano moral 
deve ser fixada em valor suficiente para reparar o dano, como se extrai 
do art. 944, caput, do Código Civil;. 
 
Sirvinskas (2017) nos traz que o novo estatuto admitiu a teoria do risco 
integral, aplicando-se, restritivamente, a responsabilidade objetiva (parágrafo 
único do art. 927 do CC de 2002). Isso significa que o dano deve ser reparado 
integralmente, o mais aproximadamente possível, pela necessidade de uma 
compensação ampla da lesão sofrida. O agente é obrigado a reparar todo o 
dano, sob pena de redundar em impunidade. Risco criado pela conduta 
perigosa do agente, impondo-se ao mesmo um dever-agir preventivo, como 
meio de se eximir da reparabilidade integral do eventual dano causado. 
O art. 225, § 3o, da Constituição Federal previu a tríplice 
responsabilidade do poluidor (tanto pessoa física como jurídica) do meio 
ambiente: a sanção penal, por conta da chamada responsabilidade penal (ou 
responsabilidade criminal), a sanção administrativa, em decorrência da 
denominada responsabilidade administrativa, e a sanção civil, em razão da 
responsabilidade vinculada à obrigação de reparar danos causados ao meio 
ambiente (Figueiras e reis, 2018). 
A responsabilidade criminal da pessoa jurídica de direito privado no 
âmbito do direito ambiental brasileiro foi cabalmente reconhecida pela 5a 
Turma do STF, vide a ementa abaixo: “Criminal. Crime ambiental praticado por 
pessoa jurídica. Responsabilização penal do ente coletivo. Possibilidade. 
Previsão constitucional regulamentada por lei federal. Opção política do 
legislador. Forma de prevenção de danos ao meio ambiente. Capacidade de 
ação. Existência jurídica. Atuação dos administradores em nome e proveito da 
pessoa jurídica. Culpabilidade como responsabilidade social. 
Corresponsabilidade.” (Fiorilo, 2017). 
Já na esfera extrapatrimonial, é possível pleitear indenização por danos 
morais, pelo abalo psicológico causado as vítimas, ao perderem seus bens, 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676887/artigo-944-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
que representam não apenas bens, mas sua história e memória emocional, 
bem como as indenizações pelo sofrimento e desespero, da possibilidade de 
perder entes queridos, ou a própria vida, sofrimentos estes que ultrapassam 
em muito um mero aborrecimento, e devem ser indenizados. 
De acordocom Loures (2015), é possível pleitear indenização por dano 
moral, na esfera extrapatrimonial, além dos lucros cessantes, da esfera 
patrimonial. Importante explicar que o dano extrapatrimonial, não pretende 
indenizar por todo sofrimento, pois isto seria impossível, já que uma vida e o 
próprio sofrimento nas dimensões que ocorreu, não tem preço. Quanto aos 
trabalhadores da mineradora, também podem buscar as referidas 
indenizações, contudo, perante a justiça do trabalho. 
 
Referências 
ARAUJO, d. M. e FILHO, N. G. dos S. LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA 
MINERADORAS. Disponível em: 
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:NOSpjIUlCAMJ:pnla.mma.g
ov.br/teses-dissertacoes-e-artigos%3Fdownload%3D13:licenciamento-ambiental-para-
mineradoras+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 17 out. 2019. 
 
FIGUEIRAS, R. e REIS, D. A tríplice responsabilização ambiental. 2018. Disponível 
em: <https://www.verdeghaia.com.br/blog/triplice-responsabilizacao-ambiental/>. 
Acesso em: 20 out. 2019. 
 
FIORILLO, C. P. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 
2017. Disponível em: Minha Biblioteca. 
 
LEITE, J. R. M. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2015. Disponível 
em: Minha Biblioteca. 
 
LOURES, T. Responsabilidade civil ambiental da mineradora SAMARCO pelo 
rompimento das barragens de em Minas Gerais. 2015. Disponível em: 
<https://thiagoloures.jusbrasil.com.br/artigos/252980985/responsabilidade-civil-
ambiental-da-mineradora-samarco-pelo-rompimento-das-barragens-em-minas-gerais>. 
Acesso em: 19 out. 2019. 
 
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. DPNM. 2019. Disponível em: 
<http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-
mineral/entidades-vinculadas/dnpm>. Acesso em: 17 out. 2019. 
 
SIRVINSKAS, L. P. Manual de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 
Minha Biblioteca. 
 
Anexo 
 
Link disponibilizado pela NASA com antes e depois do local afetado pela lama: 
https://earthobservatory.nasa.gov/images/86990/flooding-in-brazil-after-dam-breach 
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:NOSpjIUlCAMJ:pnla.mma.gov.br/teses-dissertacoes-e-artigos%3Fdownload%3D13:licenciamento-ambiental-para-mineradoras+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:NOSpjIUlCAMJ:pnla.mma.gov.br/teses-dissertacoes-e-artigos%3Fdownload%3D13:licenciamento-ambiental-para-mineradoras+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:NOSpjIUlCAMJ:pnla.mma.gov.br/teses-dissertacoes-e-artigos%3Fdownload%3D13:licenciamento-ambiental-para-mineradoras+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
https://www.verdeghaia.com.br/blog/triplice-responsabilizacao-ambiental/
https://thiagoloures.jusbrasil.com.br/artigos/252980985/responsabilidade-civil-ambiental-da-mineradora-samarco-pelo-rompimento-das-barragens-em-minas-gerais
https://thiagoloures.jusbrasil.com.br/artigos/252980985/responsabilidade-civil-ambiental-da-mineradora-samarco-pelo-rompimento-das-barragens-em-minas-gerais
http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-mineral/entidades-vinculadas/dnpm
http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-mineral/entidades-vinculadas/dnpm
https://earthobservatory.nasa.gov/images/86990/flooding-in-brazil-after-dam-breach

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