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As cidades medievais

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HISTÓRIA DO 
URBANISMO 
Vanessa Guerini Scopell
As cidades medievais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar o contexto histórico.
  Distinguir as características das cidades medievais.
  Listar cidades marcadas pela arquitetura medieval.
Introdução
A Idade Média é um período da história do continente europeu, que 
compreende o tempo entre o século V até o XV. Esse momento iniciou 
após a queda do Império Romano e o fim da Idade Antiga, terminando a 
partir do surgimento da Idade Moderna. Durante esse tempo, as cidades, 
em um primeiro momento, decresceram, mas, aos poucos, foram se 
reconstituindo e se desenvolvendo, criando exemplares de urbanismo 
e de arquitetura medieval, que estão conservados até os dias atuais.
Neste capítulo, você vai compreender o contexto histórico do período 
medieval, entendendo como ocorreu o desaparecimento e o surgimento 
de novas cidades. Você também vai estudar sobre as características dessas 
cidades, seus traçados e sua infraestrutura, identificando ainda alguns 
centros urbanos, surgidos no período, que apresentam importantes 
exemplares da arquitetura. 
Contexto histórico da cidade medieval
A Idade Média é o nome dado ao momento da história que vem após a Idade 
Antiga ou Clássica, abrangendo, aproximadamente, mil anos, entre o século 
V e XV. Esse período pode ser dividido entre a alta Idade Média, ocorrida 
entre os séculos V e X, e a baixa Idade Média, que compreende o século 
X até o XV. Esse momento foi conhecido também como Idade da Fé, ou, 
pejorativamente, como Idade das Trevas, por ter sido uma fase de muitas 
turbulências (XAVIER; CHAGAS; REIS, 2017).
Dentre tantos fatos ocorridos, podemos citar: inúmeras invasões territoriais, 
guerras constantes, formação de vários reinos independentes, consolidação 
do sistema feudal com a economia baseada na agricultura, mão de obra servil 
com a relação de vassalagem entre servos e senhores, ruralização geral do 
continente, pouco uso de moedas, escassos contatos comerciais externos, 
fusão da cultura romana com a germânica, teocentrismo e enfraquecimento 
da cultura laica, fortalecimento do cristianismo e crescimento do poder inter-
ventivo da igreja católica com exacerbação de poderes (XAVIER; CHAGAS; 
REIS, 2017, documento on-line).
Esse período ocorreu após a queda do Império Romano do Ocidente e, 
em virtude desse acontecimento, muitas cidades decresceram e algumas até 
desapareceram. Essa decadência ocorreu de forma mais forte também pelas 
invasões bárbaras e pelo cristianismo, na medida em que a igreja passou a 
substituir a função do Império. Com isso, a sociedade precisou se reorganizar, 
tornando-se mais independente de alguns poderes centralizadores. 
O poder unificador e central deu espaço a uma organização descentralizada 
econômica e socialmente, denominada sistema feudal. Esse sistema era agrário, 
ou seja, voltado à agricultura e ao campo, e era rígido, com camadas sociais 
que não permitiam mudanças. Assim, existiam os nobres, que eram aqueles 
que lutavam e eram proprietários de terras, o clero, nome dado aos que tinham 
suas atividades ligadas à igreja, e, por fim, os servos, isto é, os trabalhadores 
das terras (ARRUDA, 1993). Sendo assim, a hierarquia da sociedade feudal era:
1. senhor feudal;
2. clero;
3. nobres e guerreiros;
4. servos.
O sistema feudal estava baseado na relação entre o senhor e o servo. O 
senhor detinha a posse do servo, a posse da terra e também o monopólio dos 
poderes judiciário, militar e político. Já o servo tinha uma posse útil da terra, 
ou seja, poderia utilizá-la, sendo protegido pelo seu senhor, mas, por outro 
lado, devia obrigações a ele (ARRUDA, 1993).
O autor ressalta que esse sistema é baseado na obrigação servil e ainda 
complementa que ele apresenta algumas características, como, por exemplo: 
uma produção voltada para o consumo e não para venda ou troca, denomi-
nada autossuficiente; uma sociedade chamada estamental, ou seja, em que 
a posição do indivíduo se dá pelo seu prestígio e cada um não pode mudar 
de classe social; um poder político descentralizado em relação ao rei, o qual 
As cidades medievais2
era monopolizado pelos senhores feudais. Esse sistema funcionou bem por 
algum tempo, porém, em virtude das invasões, ocorridas no século XV, 
a insegurança voltou a reinar, favorecendo a circulação de mercadorias 
pelo continente europeu, abrangendo todo o país. Essas trocas começaram 
a ocorrer também com os produtos da economia feudal, que passou a ser 
importante para abastecer o mercado consumidor, com o crescimento da 
população (ARRUDA, 1993).
Nesse contexto, ocorreu um crescimento demográfico e a cidade da Idade 
Média, que antes era reflexo do sistema feudal, caracterizada pela produção 
agrícola no campo, foi se transformando e se contrapondo ao feudalismo, prin-
cipalmente, pelo surgimento da burguesia. O crescimento fez com que novas 
classes sociais fossem surgindo na sociedade medieval. O desenvolvimento do 
comércio, especificamente nos séculos XI e XII, foi um dos principais motivos 
para o aparecimento de uma sociedade burguesa formada por cidadãos que 
se fixaram em pontos estratégicos das cidades para criar relações comerciais, 
como, por exemplo, nos portos, nos mercados e nas vilas. Com isso, as cidades 
passaram a ser locais atrativos e os servos perceberam que encontrar um 
ofício para exercer, nesses centros urbanos, era uma forma de se livrarem 
de seus senhores feudais e melhorarem suas condições de vida. É devido ao 
surgimento da burguesia que a cidade medieval começa a se recompor e se 
desenvolver (CHUECA GOITIA, 1992).
Pirenne (1982) destaca que existiam duas realidades divididas pelas mu-
ralhas dessas cidades. A realidade de quem morava dentro dela, regidos pelas 
leis da época, e a de quem morava fora dela, que tinha outras preocupações e 
regras diferenciadas. No início do período, a maioria das cidades era cercada 
por muralhas, formando núcleos urbanos, denominados burgos. Com o au-
mento da população, esses burgos foram ultrapassando os limites e passaram 
a ser chamados de burgueses. Conforme os burgueses foram se destacando, 
na sociedade medieval, ela começou a se reorganizar, desvinculando-se dos 
feudos. Os burgueses que tinham mais riqueza acabaram ocupando os cargos 
principais, controlando impostos, criando leis e tributos (BOLETA, 2007).
Por meio do desenvolvimento desses aspectos, nas cidades medievais, a 
população que vivia no campo se dispersou no espaço da cidade, misturando-
-se e formando diferentes culturas. Ainda, as cidades que apresentavam mais 
tipos de cultura eram aquelas formadas por burgueses. Portanto, pode-se dizer 
que a cidade medieval foi criada por essa classe, que acabou reorganizando a 
economia (PIRENNE, 1982).
3As cidades medievais
Feudalismo e mercantilismo
O feudalismo foi um sistema socioeconômico, que prevaleceu no período da Idade 
Média. Esse sistema era baseado na posse de terras, importante elemento de sobre-
vivência, já que, nesse momento, não eram realizadas vendas comerciais. Os servos, 
que trabalhavam nas terras dos seus senhores feudais, eram os responsáveis tanto pela 
produção de alimentos como de roupas, criação de animais, dentre outros serviços. A 
concentração do poder estava nas mãos da nobreza. Não havia um avanço tecnológico 
e as técnicas de produção eram ainda arcaicas. 
Por meio das mudanças na sociedade e do surgimento da classe burguesa, o sistema 
feudal passou a ser substituído, aos poucos, ao final da Idade Média, pelo mercantilismo, 
que foi uma tendência do mercado de condicionar as produções ao comércio e, 
consequentemente, ao lucro. Foi um momento de desenvolvimento comercial, no 
qual surgiu o trabalho assalariado e o início de uma expansão, por meio da compra e 
venda, do surgimento de indústrias e da utilização de um sistema monetário. Assim, a 
sociedade passou a ter um caráter mais aberto, oferecendo possibilidades de ascensão 
para todasas classes (BOLETA, 2007).
Características das cidades medievais
Considerando os avanços comerciais, as cidades medievais se tornaram pe-
quenas para acolher todos os burgueses. Nessas cidades, vão sendo formados 
subúrbios, que acabaram se tornando maiores do que a cidade original. Com 
isso, passa a ser necessário a criação de novos muros, além de incluir, nessas 
áreas, algumas instalações, como, por exemplo, castelos, igrejas e abadias 
(BENEVOLO, 1993).
A muralha continuou sendo necessária, no período da Idade Média, porque 
se tornou uma limitação da cidade. Aqueles que não contribuíssem com as 
finanças municipais, utilizadas para a manutenção das vias públicas, por 
exemplo, acabavam sendo expulsos da cidade, indo para fora da muralha, 
perdendo seus direitos. O autor ainda acrescenta que, a partir desse momento, 
a cidade se configurava como uma personalidade jurídica legal, que estava 
acima de sua população, sendo própria e independente (CHUECA GOITIA, 
1992). Benevolo (1993, p. 260) complementa que essa:
As cidades medievais4
[...] nova organização surge, num primeiro tempo, como associação priva-
da, depois se embate os bispos e os príncipes feudais, e se torna um poder 
público, nasce a comuna, isto é, um Estado com uma lei própria, superior 
às prerrogativas das pessoas e dos grupos, embora respeitando os privilé-
gios econômicos. Essa cidade-estado medieval depende do campo para o 
abastecimento de víveres, e controla de fato um território mais ou menos 
grande; mas, diferentemente da cidade grega, não concede paridade de 
direitos aos habitantes dos campos. Permanece uma “cidade fechada”: suas 
relações econômicas e políticas podem ser estendidas à escala nacional ou 
mundial, mas sua política permanece guiada pelos interesses restritos da 
população urbana. 
O crescimento das cidades-estado medievais e o surgimento de novas 
cidades só diminuiu a partir da metade do século XIV, em virtude do decres-
cimento da população, que sofreu uma série de epidemias, interrompendo o 
fluxo migratório (BENEVOLO, 1993).
As cidades medievais tiveram algumas características que as diferencia-
vam dos centros urbanos dos períodos anteriores. O traçado dessas cidades 
era predominantemente orgânico e, por necessidade de defesa, elas estavam 
localizadas em áreas de difícil acesso, como, por exemplo, ilhas, imediações 
de rios, colinas e sítios distantes. A preferência era por lotes em que houvesse 
sinuosidades e confluências, para que eles pudessem utilizar os leitos dos rios 
como um empecilho para seus inimigos. Ainda sobre o traçado, pode-se dizer 
que a fisionomia da cidade medieval foi condicionada porque, muitas vezes, 
ela teve que se adaptar à topografia irregular. Assim, foi necessário resolver as 
dificuldades do território por meio das ruas, que acabaram sendo tortuosas e 
irregulares. O autor ainda acrescenta que as vias mais importantes da cidade 
partiam de um centro em direção radial às portas. Já as secundárias, geralmente, 
eram aquelas que circundavam o centro, ligando-se às principais, tornando 
o traçado da cidade medieval caracteristicamente radiocêntrico (CHUECA 
GOITIA, 1992). Veja, na Figura 1, um exemplo de traçado orgânico da cidade 
medieval de Barcelona.
5As cidades medievais
Figura 1. Traçado orgânico da cidade medieval de Barcelona, 
com as muralhas dos séculos IV, XIII e XIV.
Fonte: Pereira (2010, p. 100).
Apesar de esse tipo de traçado prevalecer, dentre as cidades medievais, 
essas cidades apresentavam esquemas planialtimétricos variados, sem uma 
ordem ou padrão. Dentre eles, existiam alguns que se destacavam: traçados 
lineares, nos quais as cidades eram construídas ao longo dos caminhos; as 
cidades em cruz, que possuíam duas ruas básicas que cortavam de forma 
perpendicular uma a outra; as cidades nucleares, que se formavam ao redor de 
um ponto principal, como, por exemplo, igreja, castelo ou catedral; traçados 
em formato de espinha de peixe, caracterizados por uma rua principal com 
outras adjacentes, que derivavam paralelamente ou obliquamente dessa via; 
cidades acrópole, com um traçado definido pela topografia, além das cidades 
esquadria, que tinham um traçado semelhante às cidades em cruz (CHUECA 
GOITIA, 1992). Observe, na Figura 2, alguns exemplos de diferentes tipos de 
traçados de cidades medievais.
As cidades medievais6
Figura 2. Diferentes tipos de traçados das 
cidades medievais.
Fonte: Bardet (1990, p. 33).
Com relação à morfologia, mesmo que a forma radiocêntrica era a que 
mais prevalecia, existiam cidades com formas bastante irregulares ou também 
quadriculadas, como tabuleiros de xadrez. Essas últimas eram aquelas que 
haviam sido fundadas pelos romanos e, portanto, nasceram do cruzamento 
de duas vias perpendiculares, denominadas decumanus e cardo. 
Outra característica da cidade medieval, segundo Benevolo (1993), eram 
as suas ruas bastante irregulares, que apresentavam uma certa hierarquia. As 
principais tinham várias funções, como, por exemplo, o tráfego, o comércio 
e a reunião. Já as secundárias serviam apenas para passagens e acessos aos 
pontos da cidade. As vias, normalmente, iniciavam na praça central e iam em 
direção aos portões da cidade. 
Os caminhos externos e as vias internas são elementos caracterizadores da 
cidade medieval, uma vez que definem a rede viária. Esta é uma rede muitas 
vezes irregular, mas sempre organizada, formando um sistema unitário no qual 
as praças não são recintos independentes das ruas, mas extensões muito rela-
cionadas com elas, e onde o público e o privado não formam zonas separadas, 
mas se unem em um espaço comum, complexo e unitário, no qual surgem os 
edifícios, constituindo, tudo junto, uma trama orgânica (PEREIRA, 2010, p. 99).
7As cidades medievais
As residências desse período eram bastante estreitas e, na sua maioria, com 
muitos andares. Suas fachadas se abriam para a área pública e, segundo o autor, 
formavam o espaço da rua ou de uma praça. As cidades não possuíam redes de 
esgoto e a drenagem da água da chuva era feita pelas próprias ruas. A água era 
encontrada apenas na fonte principal da cidade e seus bairros não tinham uma uni-
dade, cada um apresentava suas características próprias, com símbolos específicos 
e até mesmo organização política particular. As cidades tinham uma estrutura:
[...] organizativa complexa, na qual se sobrepunham diversos poderes (epis-
copado, governo municipal, ordens religiosas, corporações), o que resultava 
em vários centros: o religioso (catedral e palácio episcopal), o civil (palácio 
municipal) e um ou mais comerciais (lojas e palácios das associações mer-
cantis). (CASTELNOU NETO, 2007, documento on-line).
Os monastérios eram um dos tipos de edificações que caracterizavam a 
cidade medieval. Essa edificação era uma forma de expressão e inspiração 
para realizar “a cidade de Deus sobre a terra” (PEREIRA, 2010, p. 96). Veja, 
na Figura 3, o Monastério de Cluny, construído na França.
Figura 3. Monastério de Cluny, na França, construído no ano 
de 1150.
Fonte: Pereira (2010, p. 97).
As cidades medievais8
Segundo Pereira (2010), as edificações religiosas foram importantes para 
o urbanismo medieval porque tinham uma função organizadora do espaço 
urbano. A relação entre as igrejas e as cidades estava ligada à criação de vias 
e às próprias tipologias das outras edificações, ressaltando o perfil da cidade 
e sendo um ponto de partida para o desenvolvimento urbano. Assim, pode-se 
identificar que as cidades medievais se caracterizam pelo traçado orgânico, 
por ruas tortuosas e pela inexistência de um padrão de traçado. 
Cidades marcadas pela arquitetura 
e urbanismo medieval
No período medieval, surgiram diversas cidades, sendo, grande parte dessas, 
ainda conhecidas nos dias de hoje. A maior delas, fundada no período da baixa 
Idade Média, foi Veneza. Com aproximadamente 600 hectares de área, ela 
teve sua forma urbana mantida até o fi nal do século XI. Localizada na Itália, 
Veneza surgiu em virtude da fuga dos habitantesda península, que, para se 
desvencilharem dos bárbaros, fi xaram-se entre o rio Pó e o Tagliamento, por 
ser um espaço protegido. 
A cidade, segundo Castelnou, tornou-se um centro comercial, que 
intermediava o mercado do Oriente e do Ocidente. Seu formato é defi-
nido pelo território que sobra entre os vários canais. O centro político da 
cidade é a Piazza San Marco, que fica localizada em sua foz. Já o centro 
comercial está localizado no meio do território (CASTELNOU NETO, 
2007). Conforme Benevolo (1993, p. 201), “toda a malha veneziana, que 
forma uma massa densa e compacta, é recortada por uma rede de canais 
secundários, sobre a qual se desenvolve o tráfego. A maioria de seus edi-
fícios, igrejas paroquiais e espaços abertos (campos), foi realizada entre o 
fim do século XI e início do XII”. Observe a planta da cidade de Veneza, 
a seguir, na Figura 4.
9As cidades medievais
Figura 4. Planta da Cidade de Veneza no período da Baixa Idade 
Média.
Fonte: Castelnou Neto (2007, documento on-line).
A Basílica de São Marcos, localizada na Praça, é um dos maiores exemplos 
de edificação medieval da cidade. Ela foi construída, entre 1060 e 1094, com 
uma planta em cruz grega, sendo uma imitação da Igreja dos Santos Apóstolos 
de Constantinopla, como pode ser observado, a seguir, na Figura 5.
Figura 5. Basílica de São Marcos – Veneza.
Fonte: Catarina Belova/Shutterstock.com.
As cidades medievais10
Bruges, na Bélgica, é outro exemplo de cidade que surgiu no período 
medieval. Essa cidade foi criada, ao final do século IX, desenvolvendo-se 
por meio de um castelo fortificado. Por estar bem localizada, o que facilitou 
seu comércio marítimo, cresceu de forma rápida, atingindo 10 mil habitantes 
e, aproximadamente, 86 hectares de área. A cidade apresentava um traçado 
aparentemente desorganizado, com ruas sinuosas, sem um padrão. No século 
XIII, pelo menos um terço da renda arrecadada era destinada ao melhoramento 
da cidade, incluindo pavimentação, abastecimento e construção de muros. 
Ainda, a construção de edificações devia respeitar diversos regulamentos, 
relacionados à altura e também à disposição dos telhados (CASTELNOU 
NETO, 2007). Veja, na Figura 6, o traçado urbano de Bruges, na Bélgica.
Figura 6. Traçado urbano da cidade de Bruges, na Bélgica.
Fonte: Castelnou Neto (2007, documento on-line).
Em Bruges, a arquitetura medieval que se destaca é a de seu centro histórico, 
que é considerado um Patrimônio Mundial pela UNESCO. O local apresenta 
canais artificiais, construídos no período, além da praça e das residências, 
como pode ser observado, a seguir, na Figura 7.
11As cidades medievais
Figura 7. Centro histórico de Burges.
Fonte: cge2010/Shutterstock.com.
Outra cidade localizada na Itália, que surgiu nesse período, foi Bolonha. 
Fundada no ano de 189 a.C., ainda na civilização romana, ela abrangia uma área 
que cresceu rapidamente de 50 para 80 hectares. Conforme ressalta Benevolo 
(1993), com a queda do Império Romano, a cidade entrou em ruínas, tendo apenas 
sua porção oriental protegida por um cinturão. Essa área se tornou o coração 
da cidade medieval e ali foram edificados os principais monumentos, como, 
por exemplo, a Catedral de San Petronio, que é ilustrada, a seguir, na Figura 8.
Figura 8. Catedral de San Petronio — Bolonha.
Fonte: Donati (2016, documento on-line).
As cidades medievais12
No início do século XI, Bolonha voltou a crescer. Esse desenvolvimento foi 
marcado pela catedral, que passou a estar dentro dos novos muros, e também 
pelo surgimento de uma universidade. Seus dois núcleos urbanos foram uni-
ficados e juntados por meio da construção de uma nova muralha. Conforme o 
desenvolvimento da cidade, novas muralhas foram sendo edificadas. Assim, 
nota-se que, por ser uma cidade iniciada pela civilização romana, o traçado 
de seu centro é mais regular. Porém, na medida em que ela foi crescendo, seu 
traçado passou a ficar menos ordenado (CASTELNOU NETO, 2007), como 
pode ser observado, a seguir, na Figura 9.
Figura 9. Traçado da cidade de Bolonha, na Itália.
Fonte: Castelnou Neto (2007, documento on-line).
As cidades medievais passaram por diversos períodos, com transfor-
mações severas, que foram desde a sua decadência, com a diminuição da 
população, até o seu ressurgimento, com o desenvolvimento comercial e 
populacional. Mesmo diante das transformações, elas perduraram na his-
tória e, ainda hoje, são importantes exemplares tanto do urbanismo quanto 
da arquitetura da época. Suas contribuições vão desde a valorização dos 
espaços ao ar livre até edificações imponentes, voltadas, principalmente, 
ao caráter religioso.
13As cidades medievais
ARRUDA, J. J. A. História antiga e medieval. 16. ed. São Paulo: Ática, 1993.
BARDET, G. O urbanismo. Campinas: Papirus, 1990.
BENEVOLO, L. História da cidade. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1993.
BOLETA, U. S. O nascimento do comércio e o ressurgimento das cidades na Idade 
Média produzindo uma nova forma do pensar. In: JORNADA DE ESTUDOS ANTIGOS 
E MEDIEVAIS, 6., 2007, Maringá. Anais [...]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 
2007. p. 1-16. Disponível em: http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2007/trabalhos/007.
pdf. Acesso em: 14 set. 2019.
CASTELNOU NETO, A. M. N. Teoria do urbanismo. Curitiba: Universidade Federal do Pa-
raná, 2007. Apostila, 2 v. Disponível em: https://arquitetonica.wordpress.com/2011/08/21/
apostila-de-urbanismo/. Acesso em: 14 set. 2019.
CHUECA GOITIA, F. C. Breve história do urbanismo. Lisboa: Presença, 1992.
DONATI, S. Oito things to know about Bologna's Basilica of San Petronio. 1 fotografia. 2016. 
Disponível em: https://bolognauncovered.com/2016/08/18/8-things-to-know-about-
-bolognas-basilica-of-san-petronio/. Acesso em: 14 set. 2019.
PEREIRA, J. R. A. Introdução à história da arquitetura: das origens ao século XXI. Porto 
Alegre: Bookman, 2010.
PIRENNE, H. História econômica e social da Idade Média. 6. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
XAVIER, A. R.; CHAGAS, E. F.; REIS, E. C. Cultura e educação na Idade Média: aspectos 
histórico-filosófico-teológicos. Revista Dialectus - Revista de Filosofia, Fortaleza, v. 4, n. 
11, p. 310-326, ago./dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.30611/2017n11id31016. Disponível 
em: http://www.periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/31016/71640. Acesso em: 14 
set. 2019.
As cidades medievais14

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