Buscar

DIREITO CIVIL NJ

Prévia do material em texto

Negócios jurídicos
NEGOCIOS JURIDICOS
(Prof. patrícia Russi de Luca) 
· CONCEITO;
· Fatos jurídicos acontecimentos que produzem efeitos jurídicos, causando o nascimento, a modificação ou a extensão de relações jurídicas e seus efeitos; 
 “FRANCISCO AMARAL”
· “Fatos jurídicos é o fato capaz de produzir ou que tem potencialmente de produzir efeitos jurídicos” 
 “DANIEL CACHACCHIANI”
· Teve consequência jurídica, é um fato jurídico;
· CLASSIFICACAO;
· Diversos cada doutrinador altera a nomenclatura ou categoria de fato jurídico; 
· Para Pablo stolze Galliano/ Rodolfo Pamplona 
 Originário 
 Fato jurídico sentido escrito 
 Extraordinário 
 
 
 
FATO JURIDICO Ato jurídico (1264 CC) (1722 CC)
 
 Ato jurídico estrito 
 Licita 
 Ação humana Negocio jurídicos 
 
 Ilícita (ato ilícito)
- Para Cristiano chaves de farias/ Nelson Rosinaldo
 Fatos naturais 
 Fato lícito Ato-fato
 Fatos humanos
 Ato jurídico 
 Amplo
FATO JURIDICO
 Ato jurídico Negócios
 Sentido estrito Jurídicos 
 Fato ilícito 
· FATO JURIDICO
· É aquele que cria, modifica e estingue direitos; 
· FATO JURIDICO SENTIDO ESTRITO (fatos jurídicos naturais) 
· São os acontecimentos previstos em normas jurídicas, independente da vontade humana;
· Sem intervenção humana, não possuiu NENHUMA vontade humana; 
· É dividido em;
· Ordinário: São fatos naturais previstos ou comuns;
· Nascimento, maioridade, decurso do tempo; 
· Art. 2 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro 
· Extraordinário- Casos fortuitos ou coisa maior, são relevantes para o direito quando causam prejuízo grandes; 
· Terremoto, maremoto, raio E tempestades; 
I- Perda total do veiculo pela enchente 
II- Casa foi destelhada pelo vendaval; 
II- Desvio do curso de um rio 
- Decorrente a passagem de tempo; 
· Art. 393 O devedor não reponde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou foça maior, se expressamente não se houver por eles responsabilidade; 
Paragrafo único: O caso fortuito ou de forca maior verificando-se no fato necessário, cujos não era possível evitar ou impedir; 
- USUCAPIAO: 1.238 ate 1.247; 
· ATO-FATO JURIDICO;
· Ato fato jurídico que qualifica por uma vontade não relevante em um primeiro momento; 
· Por conta do acontecimento do seu ato, ele se torna relevante, 
· Mas se revela relevante por seus efeitos 
· Art. 1264 O deposito antigo de coisas preciosas, ocultos e de cujo dono não haja memoria, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente; 
· ATO JURIDICO SENTIDO AMPLO (atos jurídicos sentido humano) 
· São acontecimentos que depende da ação humana; 
· Tem sua origem na vontade humana; 
· Todo Ato é de ação humana; 
· FATOS JURIDICOS SENTIDO LÍCITO; 
· São os que a lei defere os efeitos pelo agente praticado conforme o ordenamento jurídico; 
· Art. 185 Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do titulo anterior 
· São divididos em; 
· ATO JURIDICO SENTIDO ESTRITO 
· Apenas quando uma pessoa manifesta a sua vontade 
· Unilateral; 
· Como reconhecimento de paternidade 
· Tudo que vem com o ato, tem que ser comprido; 
· NEGOCIO JURIDICO
· Os negócios são manifestações de vontade, geralmente bilateral, como os contratos, como testamento instituição de fundamentação, renuncia a herança 
· Os negócios jurídicos são atos humanos que demonstram a intenção (vontade) de produzir efeitos jurídicos; 
I- Contrato de compra e venda; 
II- Contrato de locação; 
III- Contrato de financiamento; 
IV- Contrato de permuta;
· Principio da autonomia da vontade, com definições das partes; 
· Artigos de 104 ate 184; 
· Art. 104 a validade do negocio jurídico requer;
I- Agente capaz;
II- Objeto licito, possível, determinado ou determinável
III- Forma prescrita ou não defesa em lei 
· ATOS ILÍCITOS;
· Art. 186 aqueles que por sua ação ou omissão voluntaria, negligencia ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito;
· Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exerce-lo excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes; 
Efeitos dos fatos jurídicos 
EFEITOS DOS FATOS JURIDICOS 
· Constitutivos;
· Modificativos; 
· Extensivos;
· CONSTITUTIVOS OU AQUISITIVOS
· Aquisição é a incorporação de um direito ao patrimônio de seu titular 
 “PABLO STOLZE” 
PODER SE DAR DE FORMA 
· Originaria; 
· Art. 1.264 quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquirir a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei; 
· Derivada; 
· Art. 481 pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro;
· Gratuita; (538, 1784, 579) 
· Art. 538 Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberdade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra; 
· Art. 579 O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis com a tradição do objeto; 
· Onerosa; (481, 575) 
· Art. 575 Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito.
Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade.
· Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
· A título universal; 
· Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
· A título singular; (1912)
· Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
PODE SE DAR
· Fato natural; (1250)
· Por ato próprio; 
· Por ato intermediado; 
MODIFICATIVOS;
· É possível pratica de atos ou a ocorrência de fatos que impliquem em modificadas de direito;
 “PABLO STOLZE”
MODIFICADAS PODEM SER 
· Objetiva;
· Quantitativa; quando ele aumenta diminui, quando um terreno tem tantos metros quadrados, e por conta da natureza acaba tirando um pedaço do terreno e ele acaba diminuindo 
· Art.1.251 Quando, por forca natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o doo deste adquira a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização,se em um ano, ninguém houver reclamado; 
· Qualitativa; ação e pagamento, comprei um 
Uma compra de celular porem antes uns dias antes da entrega o celular estragou, e a pessoa me ofereceu a bicicleta no mesmo preço 
· Art. 356 O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida; 
· Subjetiva;
· Ativa (credor), o credor tem que consentir as mudanças do pagamento; 
· Art. 286 O credor pode ceder o seu credito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a clausula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação;
· Passiva (devedor)
· Art. 299 É facultativo a terceira assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele tempo da assunção era insolvente e o credor o ignorava; 
EXTINTIVOS PODEM SER 
· As relações jurídicas podem ser extintas por fatos jurídicos; 
· Pelo perecimento do objeto; 
· Art. 1.410 V pela destruição da coisa, guardada as disposições dos art. 1.407, 1.408, 2 parte e 1.409
· Alienação; 
· Art. 481 Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro; 
· Renuncia; 
· Art. 1.410 O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no cartório de registro de imóveis 
I- Pela renuncia ou morte usufrutuário; 
· Art. 1.806 a renuncia da herança deve constar expressamente de instrumentos ou termo judicial;
· Falecimento de titular 
· Art. 1.410 O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no cartório de registro de imóveis 
I- Pela renuncia ou morte usufrutuário; 
· Prescrição;
· Art. 189 Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os art. 205 e 206; 
· Decadência; 
· Art. 441 a coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tronem impropria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor; 
Paragrafo único; É aplicável a disposição deste artigo as doações onerosas; 
· Escoamento do prazo; 
· Art. 1.410 O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no cartório de registro de imóveis;
II- Pelo termo de sua duração; 
· Implemento de condição resolutiva;
· Art. 212 considera-se condição a clausula que, derivado exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negocio jurídico a evento futuro e incerto; 
Negocio jurídico 
Conceito Classificação
· Conceito: 
· “Negócio jurídico é todo fato jurídico consistente na declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide. “
 “Antônio Junqueira de Azevedo”
· “Negócio Jurídico é o acordo de vontades que surge da participação humana e projeta efeitos desejados e criados por ela, tendo por fim a aquisição, modificação, transferência ou extinção de direitos. “
 “Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosinaldo”:
· “Negócio Jurídico é o regulamento de interesses estipulado pela autonomia privada. “
 “Gustavo Tepedino”
· Negocio jurídico é encontro de vontade entre duas ou mais pessoas, que modificam extingue um direito e obrigações para abas as partes; 
· As consequências dos negócios jurídicos podem ser acordadas entre as partes;
· Todo negocio jurídico é contrato, mas nem todo contrato é um negocio jurídico; 
· Como testamento, testamento é um contrato unilateral, só tem uma pessoa ali, então por isso ele não é um negocio jurídico; 
· Existem diversas classificações para os Negócios Jurídicos, dependendo do critério adotado. As principais são:
· QUANTO AO NUMERO DE DECLARANTE (ou quanto a declaração de vontade das partes o Negocio jurídico pode ser)
· Unilateral – se aperfeiçoa com apenas uma declaração de vontade.
· Negocio jurídico unilateral pode ser 
· Não receptício -são aqueles em que o conhecimento por parte de outras pessoas é irrelevante, como se dá no testamento, na confissão de dívida etc. 
· Art. 1.857 toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois sua morte 
· Receptício - são aqueles em que a declaração de vontade tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos, como sucede na revogação ou renúncia de mandato etc. (preciso que essa vontade seja conhecida da outra parte)
· Art. 686 A renovação do mandato, notificada somente ao mandatório, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a de boa fé com ele tratarem; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no caso lhe possam caber contra os procurados; 
· Art. 688 A renuncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for; 
· Bilateral – se aperfeiçoa com a declaração de duas vontades, por consentimento mútuo, como os contratos em geral. (Ex: Artigos 481, 565, 579 CC).
· Plurilateral - são os contratos que envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade com mais de dois sócios. 
· Todos devem manifestar sua vontade;
· Ex: sociedade de advogados – atos constitutivos levados a registro no Conselho Seccional competente
· QUANTO AOS BENEFICIOS PATRIMONIAIS (reconhecidos para as partes ou quanto as vantagens patrimoniais, o NJ pode ser)
· ONEROSOS;
· Quando há vantagens patrimoniais para as partes envolvidas. Para Carlos Roberto 
· “Os contratantes auferem vantagens, as quais, porém, corresponde um sacrifício ou uma contraprestação. São dessa espécie quando impõem ônus e ao mesmo tempo acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. “ 
· Vantagens para os dois, um recebe a propriedade, e outro é o dinheiro;
· Art. 481 Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transmitir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo peço em dinheiro; 
· Art. 565 Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição 
· GRATUITOS; 
· Apenas uma das partes tem vantagens, não há contraprestação.
· Um só tem vantagem, vantagem em ambas as partes, quando resolvo doar meu terreno para alguém; 
· Sem encargo;
· Art. 538 Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberdade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra; 
· Art. 579 O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição de objeto;
· BIFRONTES; 
· “São os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes, como o mandato e o depósito. “
· Guarda no deposito de alguma pessoa, ela pode cobrar aí seria oneroso; 
· Art. 628 O contrato de deposito é gratuito, exceto se houver convenção em contrario, se resultado de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão; 
· Paragrafo único- Se o deposito for oneroso e a retribuição de depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na destes, por arbitramento 
· Art. 653 Opera-se o mandato quando alguém receber de outrem poder para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato;
· NEUTROS; 
· Espécie desprovida de conteúdo econômico como a instituição de bem de família;
· É aquele que não tem conteúdo patrimonial; 
· Art. 1.711Podem os conjugues, ou a entidade familiar, mediante escritura publica ou testamento, destinar de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço de patrimônio liquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial; 
· Lei 8009/90 – Lei do bem de família legal (ver as diferenças e semelhanças). 
· Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, éimpenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
· Vale para todos; 
· RESPOSTA DO FORUM, COLOCAR AQ 
QUANTO A FORMA SO NEGOCIOS JURIDICOS PODEM SER 
· Formais ou solenes: 
· Devem obedecer a uma forma especial. 
· Art. 108 l`Não dispondo a lei em contrario, a escritura é essencial a validade dos negócios jurídicos que visem a constituição, transferência, modificação ou renuncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salario mínimo vigente no pais; 
· Art. 1.864 São requisitos essenciais do testamento públicos 
· Ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com suas declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; 
ETC.…
· Art. 1.534 A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, noutro edifício publico ou particular; 
· Informais ou de forma livre: 
· Revestimento exterior livremente pactuado. Ex: artigos.
· Art. 107 Validade da declaração de vontade não dependera de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir; 
· Art. 541§ Único A doação far-se-á será por escritura publica ou instrumento particular 
· Paragrafo único- A doação verbal será validade, se, versando sobre bens moveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição; 
· Quanto ao modo de existência ou quanto a importância, os Negócios Jurídicos podem ser:
-Principais: 
· São os que têm existência própria e não dependem, pois, da existência de qualquer outro, como a compra e venda e a locação; 
· Art. 481 pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certas coisas, e o outro, a pagar-lhe certos preços; 
· Art. 565 na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição; 
· Acessórios: 
· São os que têm sua existência subordinada à do contrato principal, como se dá com a fiança
· Art. 818 pelo contrario de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso não a cumpra 
· QUANTO AO MOMENTO DE PRODUÇÃO de efeitos os Negócios jurídicos podem ser:
-INTER VIVOS 
· “Os negócios celebrados Inter vivos destinam-se a produzir efeitos desde logo, isto é, estando as partes ainda vivas, como a promessa de venda e compra, a locação, a permuta, o mandato, o casamento etc. “
· Art. 481 pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro; 
· Art. 565 Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não é gozo de coisas não fungíveis, mediante certas retribuições; 
· Art. 533 Aplicam-se a troca as disposições a compra e venda, com as seguintes modificações 
I - Salvo disposição em contrario, cada um dos contratantes pagara por metade as despesas com instrumento da troca; 
II – É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros e do cônjuge do alienante; 
· Art. 653 opere-se o mandato quando alguém recebe de outrem para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato; 
· Art. 1.533 Celebrar-se a o casamento no dia hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato mediante petição dos contratantes, que se mostrem habilitados com certidão do art. 1.531
· MORTIS CAUSA 
· “São os negócios destinados a produzir efeitos após a morte do agente, como ocorre com o testamento, o codicilo e a doação estipulada em pacto antenupcial para depois da morte do doador. O evento morte nesses casos é pressuposto necessário de sua eficácia. “
Interpretação do negocio jurídico
TEORIA E REGRAS DE INTERPRETACAO 
PLANOS DO NEGOCIO JURIDO 
· “Interpretar o negócio jurídico é determinar o sentido que ele deve ter; é estabelecer o conteúdo voluntário do negócio”
· A declaração de vontade é constituída por dois elementos: 
· Elemento externo (a declaração propriamente dita) 
· Elemento interno (o substrato da declaração; a vontade real). 
· Ideal é que haja coincidência entre a vontade interna e a declaração, aspecto externo. 
· Pode ocorrer, porém, divergência ou equívoco entre a vontade real e a declarada, por falta ou desvio dos elementos em que se desdobra a primeira. 
· Nesse caso, impõe-se a interpretação, isto é, a busca do sentido que trará efeitos jurídicos. Essa interpretação, em princípio, cabe ao juiz que, ao defrontar-se com o caso concreto, deverá interpretar a vontade dos declarantes para aplicar o Direito. 
· Por isso é dito que o problema da interpretação do negócio jurídico é fenômeno psíquico, porque se cogita de adentrar no psiquismo do declarante; bem como jurídico-processual, pois cabe ao juiz fixar o “verdadeiro sentido” da declaração de vontade, em sua atividade jurisdicional. 
· Geralmente, a interpretação do negócio jurídico é exigida quando se torne necessário deslindar uma controvérsia em ação judicial. 
· No entanto, o primeiro intérprete será sempre o interessado, envolvido no negócio, ou o advogado que o aconselha. “
· Existem duas teorias a respeito da interpretação do Negócio Jurídico: 
· A da vontade (ou voluntarista, ou subjetivista)
· A da declaração (ou objetivista)
· Pela posição subjetivista, que equivale à corrente voluntarista da manifestação da vontade, deve o hermeneuta investigar o sentido da efetiva vontade do declarante.
· O negócio jurídico valerá tal como foi desejado. Por essa posição, a vontade real pode e deve ser investigada por meio de todos os elementos ou circunstâncias que a tal respeito possam elucidar o intérprete. 
· Nos contratos, que são negócios jurídicos bilaterais, procurar-se-á a vontade comum dos contratantes.
· Pela posição objetivista, que corresponde à teoria da declaração, não é investigada a vontade interna, mas o intérprete se atém à vontade manifestada. 
· Abstrai-se, pois, a vontade real. Procuramos o sentido das palavras por meio de circunstâncias exclusivamente materiais”
· Em síntese: 
· A teoria da vontade 
Busca interpretar o negócio jurídico de acordo com a vontade interna do agente, a chamada vontade real. 
· Já a teoria da declaração 
Defende a interpretação com base na vontade declarada ou exteriorizada, não a mera vontade intencionada.
· Existem partidários das duas teorias: 
· “Os negócios jurídicos constituem-se pela conjunção de dois elementos – a vontade interna e a declaração de vontade, que devem ser, portanto, coincidentes. A vontade interna não é apenas o suporte da declaração, mas a força criadora dos efeitos do negócio jurídico, não passando esta de meio pelo qual chega aquela ao conhecimento dos outros. [...] havendo divergência entre a vontade e a declaração, decide-se em favor da vontade. “
 “Orlando Gomes”
· “Os partidários da teoria da declaração defendem a desnecessidade de se cogitar o querer íntimo do agente, sendo o bastante deter-se a declaração por ele exteriorizada. O fundamento desta teoria é o princípio da boa-fé objetiva e a confiança depositada pelo destinatário na vontade exteriorizada pelo declarante. “
 “Daniel Carnacchioni” 
· Cristiano Chaves de Farias traz uma terceira possibilidade – a teoria da confiança! (Texto)
· Qual a teoria adotada pelo CC/2002? Artigo 112CC 
· Existem divergências! 
· “Pelo primeiro comando legal – art. 112 do CC, nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção das partes do que ao sentido literal da linguagem. 
· Desse modo, o aplicador do direito deve sempre buscaro que as partes queriam de fato, quando celebraram o negócio, até desprezando, em certos casos, o teor do instrumento negocial. 
· Esse art. 112 do CC relativiza a força obrigatória das convenções, o pacta sunt servanda. Traz ainda, em seu conteúdo, a teoria subjetiva de interpretação dos contratos e negócios jurídicos, em que há a busca da real intenção das partes no negócio celebrado. “
 “Flavio Tartuce”
· “Segundo o artigo 112 do CC nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadas, ou seja, é nas declarações de vontade, no momento da interpretação do negócio jurídico, que se buscará a intenção, mas não a intenção psíquica ou psicológica, e sim a intenção consubstanciada na declaração. “
 “Daniel Carnacchioni”
· “ O atual art. 112, mostra que se deve atender à intenção manifestada no contrato, e não ao pensamento íntimo do declarante.
 “Carlos Roberto Gonçalves”
· Além do artigo 112 do CC, existem outros artigos que trazem regras interpretativas do negócio jurídico.
· O primeiro é o artigo 110 do CC: “. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. “
· A reserva mental 
· Embasa a teoria da declaração, reforçando a proteção do destinatário da mesma: “O sujeito reserva em sua mente um desejo e acaba exteriorizando vontade que não retrata, na aparência, a sua intenção, mas busca, com a vontade exteriorizada, atingir o resultado reservado em sua mente. “
· A reserva mental pode ser – com o conhecimento do destinatário (NJ inexistente/ é como se não tivesse havido declaração de vontade)
· Sem o conhecimento do destinatário (NJ válido e que subsiste). Exemplos na aula!
· O silêncio - Artigo 111 do CC: “O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. “
· Para Flávio Tartuce: “O consentimento pode ser expresso – escrito ou verbal, de forma pública e explícita – ou tácito – quando resulta de um comportamento implícito do negociante, que importe em concordância ou anuência.
 “Para Flávio Tartuce”
· Nesse sentido, enuncia o art. 111 do CC/2002 que o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
· Desse modo, por regra, quem cala não consente, eis que, para que seja válida a vontade tácita, devem estar preenchidos os requisitos apontados. “
· A boa-fé! Artigo 113 do CC: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. “
· Com a publicação da Lei 13874/2019 que (Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica; estabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 12.682, de 9 de julho de 2012, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522, de 19 de julho de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966; e dá outras providências), foram acrescentados dois parágrafos a este artigo:
· Artigo 113 do CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
I - For confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; 
II - Corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; 
III - corresponder à boa-fé;
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. 
§ 2º  As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.
· Primeiro sobre a boa-fé: Existem duas espécies de boa-fé: a subjetiva e a objetiva.
· A boa-fé subjetiva: “[...] é a crença de que se procede com lealdade, com certeza da existência do próprio direito, donde a convicção da licitude do ato ou da situação jurídica. É um estado de consciência, uma crença de agir conforme o direito 
· A boa-fé objetiva é a que está positivada no artigo 113 do CC.
· “Na boa-fé objetiva, não se analisam os elementos psicológicos (internos), mas sim o comportamento objetivamente considerado, o modo de proceder, a conduta do sujeito em relação à determinado negócio jurídico. “
· A parte final do artigo 113 do CC indica que a interpretação deve levar em conta as peculiaridades do local e as características da comunidade aonde o negócio é realizado. O objetivo é apurar se o comportamento dos contratantes é legitimado pela boa-fé. 
· O parágrafo 2 do artigo 113 do CC abre a possibilidade para as partes estipularem as regras de interpretação e integração para seu negócio. 
· “Note que essas previsões não são frequentes no cenário e nas negociações brasileiras. “
 
· Para uma leitura mais aprofundada sobre as alterações que a Declaração de direitos de liberdade econômica trouxe para o artigo 113 do CC: https://www.migalhas.com.br/depeso/314101/interpretacao-dos-negocios-juridicos-e-a-liberdade-economica
Planos do Negócio Jurídico.
PLANOS DE NEGOCIO JURIDICO
· Para melhor compreensão do fenômeno jurídico é necessário conhecer seus três planos –
· Existência 
· Validade 
· Eficácia. 
· A análise destes planos serve para verificar se o negócio obtém a plena realização.
· Precursor desta divisão – Pontes de Miranda (chamada por alguns de escala ponteana).
· O plano da existência tem pressupostos. 
· A doutrina não é unânime com relação a estes pressupostos. 
· Para Cristiano Chaves e Pablo Stolze os elementos essenciais do Nj são – agente, objeto, forma e contade exteriorizada consciente (ou declaração de vontade).
· Presentes os pressupostos, existente o NJ.
· O plano de validade tem requisitos. Eles qualificam os pressupostos de existência e são – agente capaz e legitimado, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei e vontade exteriorizada de forma livre e de boa-fé.
· O plano da eficácia trata do momento de produção de efeitos do NJ. 
· Podem, as partes negociantes, colocar fatores que suspendem ou limitam a produção de efeitos do NJ. É uma liberalidade. 
· Os fatores de eficácia são - a condição, o termo e o encargo.
Planos da exigência e da validade
DO NEGOCIO JURIDCO 
· Vimos, na última aula, que o negócio jurídico, para sua melhor compreensão, deve ser analisado, observando seus três planos (de acordo com a escala ponteana): 
· Plano da Existência, com seus pressupostos 
· Plano da Validade, com seus requisitos 
· Plano da Eficácia, com seus fatores.
· “Com efeito, para apreender sistematicamente o tema – e não simplesmente reproduzir regras positivadas – faz-se mister analisá-lo sob os três planos em que pode ser visualizado:
a) Existência – um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se, para que seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos; 
b) Validade – o fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer dizer que ele seja considerado perfeito, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos; 
c) Eficácia – ainda que um negócio jurídico existente seja consideradoválido, ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da declaração. “
· Plano da existência: Pressupostos básicos que devem estar presentes para que o negócio jurídico seja admitido, considerado. Segundo a doutrina seriam: agente, objeto, forma e declaração de vontade (vontade exteriorizada de forma consciente).
· No plano da validade, os pressupostos de existência são qualificados, e se tornam requisitos de validade: agente capaz, e legitimado; objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei e declaração de vontade livre e de boa-fé.
· O Código Civil, no artigo 104, elenca os requisitos de validade do NJ:
· Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - Agente capaz;
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - Forma prescrita ou não defesa em lei.
· “Entende-se que a lei não é posta para definir, classificar ou sistematizar institutos jurídicos, por ser este o labor da doutrina, mas não se pode deixar de reconhecer, por outro lado, que este rol legal é insuficiente, senão lacunoso e impreciso”. 
 “Pablo Stolze”
· “Essa enumeração legal, como se vê, é insuficiente, incompleta, porque não menciona todas as causas de invalidade, deixando-se de referir-se, explicitamente, à possibilidade do objeto e sua compatibilidade com a moral (cuja falta implica nulidade – código civil, art. 145, ii CC/16), como também à inexistência de deficiência de negócios jurídicos, dentre os quais se incluem os vícios que afetam a manifestação da vontade e outros que comprometem a perfeição e causam a invalidade, por anulabilidade, do ato jurídico (código civil, art. 147 CC/16), além da anuência de outras pessoas, que, em certas situações, é exigida”
 “Marcos Bernardes”
· Assim, para a doutrina os requisitos de validade dos 
· Negócios Jurídicos são:
· Agente capaz e legitimado – capaz (maior de 18 anos) ou, se for incapaz, deve ser representado (os menores de 16 anos) ou assistido (os elencados no rol do artigo 4º do CC):
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - Os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
V - Os pródigos.
· Além da capacidade, o agente deve ter legitimidade para praticar determinados atos: 
· “A legitimidade é a capacidade para a prática de determinados atos. Assim, além da capacidade geral para os atos da vida civil, também é necessária a ausência de impedimento ou restrição (legitimação para determinado ato
· Para determinados negócios, exige-se a capacidade especial para certos atos, denominada legitimação. 
· Como exemplo, repise-se o caso de uma pessoa maior e casada que é plenamente capaz, podendo dispor sobre seus bens imóveis sem representação. 
· Mas ela não poderá vender um imóvel sem a outorga de seu cônjuge ou o suprimento judicial deste, salvo se casado for sob o regime de separação absoluta de bens. 
· Essa regra consta dos art. 1.647 e 1.648 do CC/2002. A pena para o ato assim celebrado é a sua anulabilidade conforme o art. 1.649 da mesma norma codificada, desde que proposta ação pelo outro cônjuge ou pelo seu herdeiro no prazo decadencial de dois anos, contados da dissolução da sociedade conjugal. “
· Objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
· “Somente será considerado válido o negócio jurídico que tenha como conteúdo um objeto lícito, nos limites impostos pela lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé e à função social ou econômica de um instituto. [...] 
· Além disso, o objeto deve ser possível no plano fático. Tal impossibilidade pode ser física ou jurídica. A impossibilidade física está presente quando o objeto não pode ser apropriado por alguém ou quando a prestação não puder ser cumprida por alguma razão. 
· Por outra via, a impossibilidade jurídica está presente quando a lei vedar o seu conteúdo. [...] O objeto do negócio deve ser determinado ou, pelo menos, determinável. 
· O Código Civil de 2002 reconhece falha da codificação anterior, afastando o rigor da certeza quanto ao objeto. 
· Pertinente apontar que, na obrigação de dar coisa incerta, o objeto é ainda pendente de determinação (art. 243 e 244 do CC), que se dá pela escolha, também denominada concentração. “ 
· Forma prescrita ou não defesa em lei:
· A regra é a liberdade de forma, descrita no artigo 107 do CC, porém, quando a lei exigir uma forma pré-determinada, esta deve ser obedecida sob pena de gerar a invalidação do negócio entabulado.
· Declaração de vontade livre e de boa-fé:
· A manifestação de vontade deve ser fornecida de forma livre, sem embaraços, não podendo estar impregnada de malícia ou vícios.
· Sofrendo, a declaração, algum vício, haverá defeito no NJ que poderá gerar a sua invalidade.
· Existem dois tipos de vício – os vícios de vontade ( a vontade não é declarada de forma livre); e os vícios sociais ( a vontade é declarada de forma livre, porém, não é de boa-fé).
· “Os vícios do negócio jurídico, previstos pela legislação em vigor, atacam a liberdade de manifestação da vontade ou a boa-fé, levando o ordenamento jurídico a reagir, cominando pena de nulidade ou anulabilidade para os negócios portadores destes defeitos.”
· Os vícios de consentimento são – o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão.
· Os vícios sociais são – a fraude contra credores e a simulação.
· “A invalidade do negócio jurídico é uma sanção civil pela falta de observação, pelas partes, dos requisitos legais. 
· O objetivo é estancar os efeitos jurídicos decorrentes do ato.” 
· Se os requisitos de validade, previamente estudados, não forem observados, teremos a invalidade do NJ.
· Existem duas espécies de invalidade do Negócio Jurídico – a nulidade e a anulabilidade.
· Nulidade 
Decorre da violação de interesse público, cujo proteção interessa a todos, à própria pacificação social 
· Anulabilidade 
Decorre da violação de interesses privados, particulares, não sendo considerada tão grave.
· Quem decide o que gera a nulidade ou a anulabilidade do NJ? O legislador, com base na violação de interesse público ou privado.
a) Nulidade: Esta, via de regra, decorre da violação de um dos requisitos do artigo 104 do CC. Ela está elencada nos incisos do artigo 166 e no artigo 167 do CC.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - Não revestir a forma prescrita em lei;
V - For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - Tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
· Os incisos em vermelho são os que violam os requisitos do artigo 104 do CC. Além destes, são causa de nulidade do negócio jurídico:
· Inciso III – motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito 
· O negócio, em si, não tem objeto ilícito, mas a nulidade é determinada porque, no caso concreto, houve conluio das partes para alcançar um fim ilegítimo e, eventualmente, criminoso. 
· Por exemplo: vende-se um automóvel para que seja utilizado num sequestro; empresta-se uma arma para matar alguém; aluga-se uma casa para a exploração de lenocínio. 
· A venda, o comodato e o aluguel não são negócios que contrariem o Direito, muito ao contrário, mas são fulminados de nulidade, nos exemplos dados, porque o motivo determinante deles, comum a ambas as partes, era ilícito’
· Inciso VI – fraudar lei imperativa – Havendo fraude a lei, pouco interessa se o declarante tinha ou não propósito fraudatório. Existemdivergências sobre este inciso. Os doutrinadores dizem que ele seria uma cláusula aberta, já que tudo que já foi citado nos incisos anteriores, seria fraude a lei. Um exemplo prático colocado pelos doutrinadores seria o artigo 549 CC: “Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. “
· Inciso VII – a lei taxativamente declarar nulo – “Nulo será o negócio quando a lei expressamente o declarar (nulidade expressa ou textual) ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção (nulidade implícita ou virtual). 
· Ambas as hipóteses constam do art. 166, VII, do CC. Como caso de nulidade textual, exemplifica-se com a vedação da doação universal de todos os bens, sem a reserva do mínimo para a sobrevivência do doador (art. 548 do CC). 
· Como exemplo de nulidade implícita ou virtual, vale citar a previsão do art. 426 do CC/2002, pelo qual não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva (vedação do pacto sucessório ou pacta corvina). 
· O comando legal, no último caso, apenas veda o ato, não prevendo a sanção, que, no caso, é a nulidade absoluta virtual;
· O artigo 167 também apresenta outra causa de nulidade do NJ – a Simulação. 
· “O sujeito no momento da exteriorização da vontade, possui plena ciência do ato ou negócio jurídico a ser realizado. Entretanto, para lesar interesses de terceiros, declara uma vontade que na realidade não existe”
· Artigo 167 do CC: É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. (Exemplos em aula)
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
· O artigo 168 do CC dispõe: “As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. “
· O artigo 169 do CC coloca: “O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. “
· Sobre a confirmação:
· Figure-se o seguinte exemplo: caio e tício celebram um contrato, não obstante seja o primeiro absolutamente incapaz, não tendo havido intervenção do seu representante. 
· O negócio, como se sabe, é absolutamente nulo. Superada a incapacidade, as partes não podem simplesmente confirmá-lo, por meio de um termo aditivo. Deverão renová-lo, repetindo-o em novo instrumento contratual, e com a observância de todos os requisitos formais de validade. “ 
· Sobre a prescrição da Ação Declaratória de Nulidade:
· Por fim, é perpétua, no sentido de que, em princípio, se não extingue por efeito da prescrição.
· O decurso do tempo não convalida o que nasceu inválido. Se nenhum efeito produz desde o nascimento, nenhum produzirá para todo o sempre. 
· A qualquer tempo, é alegável”
Das invalidades do negocio jurídico
DAS INVALIDADES DO NEGOCIO JURIDICO
· Na última aula iniciamos os estudos sobre as invalidades do Negócio Jurídico.
· O gênero invalidade comporta duas espécies 
· Nulidade 
· Anulabilidade.
· A nulidade:
· Viola interesses públicos, e suas causas estão elencadas nos artigos 166 e 167 do CC.
· Anulabilidade;
· Considerada mais branda, viola interesses privados, e suas causas estão dispostas no artigo 171 do CC.
· Continuando os estudos sobre as invalidades dos negócios jurídicos, hoje falaremos sobre a invalidade do tipo anulabilidade.
· “Anulabilidade é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados por pessoa relativamente incapaz ou eivados de algum vício do consentimento ou vício social. “
· São duas as causas de anulabilidade do NJ:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - Por incapacidade relativa do agente;
II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
· O inciso I coloca que é anulável o negócio jurídico realizado por relativamente incapaz sem a devida assistência.
· O inciso II elenca causas de anulabilidade decorrentes de uma manifestação de vontade viciada, defeituosa.
· Esse vício, como já vimos, pode ser de consentimento (quando a vontade não é declarada de forma livre), ou pode ser social (quando a declaração é livre porém, o declarante não está de boa-fé).
· Os negócios jurídicos que estão eivados de vícios na declaração de vontade, sejam de consentimento, seja social (exceto a simulação, que é causa de nulidade do NJ), estão dispostos no inciso II do artigo 171 do CC.
· São eles: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. Os cinco primeiros são vícios de consentimento, o último, vício social.
· Vejamos cada um deles:
· Erro – Art. 138.CC: São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
· “O erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico.
· De acordo com o art. 138 do CC/2002, os negócios jurídicos celebrados com erro são anuláveis, desde que o erro seja substancial, podendo ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias em que o negócio foi celebrado. “
· No erro a pessoa se engana sozinha. Se não tivesse se enganado, não faria aquela declaração de vontade.
· Importante colocar duas questões, a primeira que, para caracterizar o erro, é necessário que ele seja substancial, ou seja, se eu não tivesse me enganado não teria feito aquela declaração de vontade; e, a segunda, sobre a parte final do dispositivo legal “que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. “
· “A redação do referido art. 138 levou alguns autores à interpretação equivocada do correquisito, entendendo que “a pessoa de diligência normal” 
· Se refere à pessoa que errou, quando na realidade, como assinalamos, trata-se do agente que participou do ato com a pessoa que errou. 
· Tal dispositivo se inspirou no art. 1.428 do Código Civil italiano, que dispõe: “O erro é causa de anulação do contrato quando for essencial e reconhecível pelo outro contraente”. 
· O erro possa ser proveitosamente alegado, mister se faz a demonstração de que a pessoa que contratou com a vítima do engano estava à corrente de tal circunstância, ou poderia, com diligência normal, ter-se posto à corrente do erro”. 
· “O negócio só será anulado se presumível ou possível o reconhecimento do erro pelo outro contratante. 
· Uma das partes não pode beneficiar-se com o erro de outra. 
· Deve ser real, palpável e reconhecível pela outra parte, importando efetivo prejuízo para o interessado”
· Erro substancial, em seu art. 139. [...]Cuidamos de relacionar a espécie de erro ao correspondente inciso do art. 139 do código civil de 2002:
· Error in negotio (art. 139, i, do cc/2002) – é o erro que incide sobre a natureza do negócio que se leva a efeito, como ocorre quando se troca uma causa jurídica por outra (a enfiteuse com a locação, o comodato com a doação)
· Error in corpore (art. 139, i, do cc/2002) – aquele que versa sobre a identidade do objeto, é o que ocorre quando, por exemplo, declara-se querer comprar o animal que está diante de si, mas acaba-se levando outro, trocado;
· Error in substantia (art. 139, i, do cc/2002) – é o que versa sobre a essência da coisa ou as propriedades essenciais dedeterminado objeto. é o erro sobre a qualidade do objeto. é o caso do sujeito que compra um anel imaginando ser de ouro, não sabendo que se trata de cobre; 
· Error in persona (art. 139, ii, do cc/2002) – é o que versa sobre a identidade ou as qualidades de determinada pessoa. é o caso de o sujeito doar uma quantia a caio, imaginando-o ser o salvador de seu filho, quando, em verdade, o herói foi tício. a importância desta modalidade de erro avulta no campo do direito de Família, uma vez que o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge é causa de anulação do casamento (arts. 1.556 e 1.557 do cc/2002).
· Além destes ainda temos o erro de direito ou error iuris: “desde que não se pretenda descumprir preceito de lei, se o agente, de boa-fé, pratica o ato incorrendo em erro substancial e escusável, há que reconhecer, por imperativo de equidade, a ocorrência do erro de direito.
· É o caso, por exemplo, de alguém que eventualmente celebra um contrato de importação de uma determinada mercadoria, sem saber que, recentemente, foi expedido decreto proibindo a entrada de tal produto no território nacional. ” 
· Dolo: “O dolo pode ser conceituado como o artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com intuito de benefício próprio” 
· Para ser causa de anulabilidade ele deve ser essencial e malus.
· No dolo essencial, “uma das partes do negócio utiliza artifícios maliciosos, para levar a outra a praticar um ato que não praticaria normalmente, visando a obter vantagem, geralmente com vistas ao enriquecimento sem causa 
· “O dolo capaz de invalidar o negócio jurídico é o malus, que se reveste de gravidade, pois o agente não se limita a valorizar o seu produto ou serviço, mas desenvolve argumentações, dissimula, vale-se de informações não verdadeiras e às vezes de sutilezas para surpreender o incauto, levando-o a participar de um ato negocial que, em circunstâncias normais, não o praticaria
· OBS: quando se fala em vício resultante de dolo, além da anulação do negócio, a parte que foi enganada ainda pode pedir todas as perdas e danos decorrentes do contrato que celebrou e que não celebraria se não fosse o dolo praticado pela parte contrária.
· No artigo 148 do CC temos o dolo de terceiro:
· “ Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.”
· O dolo de terceiro só invalida o NJ se a parte que se beneficiou do dolo do terceiro sabia ou devesse saber do dolo deste.
· Se a parte beneficiada pelo dolo do terceiro não sabia ou não devesse saber do dolo exercido, o NJ não é anulável, mas cabe perdas e danos contra o terceiro que enganou.
· Obs.: Art. 402 CC. “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”
· Dolo de representante Art. 149 CC. “O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.”
· Representante legal – pais, tutor.
· Representante voluntário – convencional (contrato de mandato artigo 653-692 do CC).
· Dolo recíproco Art. 150 CC. “Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
· “Se ambas as partes procederam com dolo, há empate, igualdade na torpeza. A lei pune a conduta de ambas, não permitindo a anulação do ato. “
· Coação: 
· “Coação é pressão de ordem moral, psicológica, que se faz mediante ameaça de mal sério e grave, que poderá atingir o agente, a membro da família ou à pessoa a ele ligada ou, ainda, ao patrimônio, para que a pessoa pratique determinado negócio jurídico. 
· A coação prevista como vício de consentimento é a moral, vis compulsivas, e não a coação física ou vis absoluta, pois esta simplesmente anula a vontade e um ato praticado nesta última circunstância é ato inexistente. Se alguém, por exemplo, manu militari, apõe a impressão digital de uma pessoa em termo de contrato ou segurando a sua mão a faz assinar, ter-se-á coação física. 
· Entre os artigos 151 e 155 o Código Civil dispôs sobre a coação moral como vício de consentimento. “ 
· Os requisitos da coação são: 
· Violência psicológica; 
· Declaração de vontade viciada; 
· Receio sério e fundado de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou aos bens do paciente. “
· Art. 153 CC. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
· “Quem age nos limites de seus direitos subjetivos não pratica coação moral. Assim, para induzir o devedor a lhe pagar, o credor ameaça-o de levar o título a protesto. Premido pelo receio de ver abalado o seu crédito na praça, o devedor efetua o pagamento. 
· O credor não exerceu ato algum de coação moral, apenas exercitou o seu direito. 
· Se, todavia, extrapolou nas ameaças, poderá responder criminalmente pela prática do crime de ameaça (art. 147 do CP) e civilmente por danos morais. “ 
· Temor reverencial – “entende-se o receio de desgostar o pai, a mãe ou outras pessoas, a quem se deve obediência e respeito” 
· A ideia principal é o desejo de não desagradar, de não prejudicar a afeição e o respeito do descendente para com o ascendente. 
· Mas não é só. Reverencial é o temor de ocasionar desprazer a pessoas 
· Coação exercida por terceiro Artigos 154 e 155 CC:
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
· Estado de perigo – 
· Artigo 156 do CC:  “Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. “
· “Tratamento médico de emergência e exigência de garantia 
· Caução; o sujeito que, assaltado por ladrões, oferece recompensa vultuosa para quem lhe salve da violência; sujeito que, se encontrando em um barco que está afundando, igualmente se compromete a pagar quantia ao seu salvador; o doente que, no auge da moléstia, acorda com o médico cobrando honorários exorbitantes, ...” 
· Requisitos para configuração do estado de perigo:
· Obrigação excessivamente onerosa para salvar a si ou a pessoa a quem se liga afetivamente;
· Situação de inferioridade da vítima diante do perigo;
· O dolo de aproveitamento daquele que conhecia a situação de perigo.
· Importante destacar que tanto a situação de perigo quanto a onerosidade excessiva serão analisadas caso a caso.
· Outra questão é o dolo de aproveitamento da parte que se beneficia com a declaração de vontade viciada:
· “Para invalidação do negócio, é indispensável que o beneficiário conheça a circunstância fática que leva a vítima a emitir uma declaração de vontade, ou seja, tenha pleno conhecimento do estado de perigo. “ 
· Obs.: Preservação do negócio entabulado em estado de perigo: “ Ao contrário da lesão, o artigo 156, o qual regula o estado de perigo, não traz previsão, nem mesmo excepcional, para a preservação do negócio. No entanto, é consenso na doutrina a aplicação analógica do art. 157 §2º do CC.” 
· Lesão – artigo 157 CC:  “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. “
· A lesão constante do artigo 157 do CC é a chamada lesão civil. 
· “ A lesão civil pode ser definida como o institutoem que se busca tutelar e proteger o sujeito ou agente que, no momento da formação do negócio jurídico, está inferiorizado por ser inexperiente ou por estar em uma situação de necessidade premente e, em razão de um destes fatores pessoais, acaba se obrigando a uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação da outra parte, com o que estará violando o princípio da função social do negócio. “
· Requisitos para a caracterização da lesão:
· Objetivo – desproporção manifesta entre as prestações. “A lei exige uma desproporção manifesta e não um desequilíbrio qualquer 
· O que se busca é coibir o lucro anormal, exorbitante, fora de qualquer propósito e que não encontra justificativa plausível. Faz-se um juízo de razoabilidade no caso concreto. “ 
· Subjetivo – inexperiência ou premente necessidade de quem se obriga. “São fatores pessoais que dizem respeito e tão somente à pessoa prejudicada pela lesão (lesado). 
· A lesão ocorrerá quando o lesado estiver numa condição de inferioridade, conhecida ou não da outra parte, cuja inferioridade se caracteriza pela inexperiência ou por uma premente necessidade, seno ela a causa determinante da exteriorização da vontade. “ 
A inexperiência é um requisito altamente subjetivo. Deverá ser alvo de prova em juízo e de análise pelo juiz no caso concreto.
 “A inexperiência seria a falta de habilidade ´para um negócio jurídico específico, mas não há a necessidade de que a pessoa seja especialista no assunto. Basta a pessoa ter noções básicas sobre o negócio jurídico para não ser inexperiente.
A premente necessidade: “O lesado deve se encontrar em uma situação na qual não se permita outra atitude, para que a lesão seja caracterizada. 
Tal situação fática o impede de rechaçar o negócio jurídico amplamente desfavorável em termos econômicos e financeiros. “ 
a) A lesão só é admissível nos contratos comutativos, porquanto nestes há uma presunção de equivalência entre as prestações; por conseguinte, ela não se compreende nos ajustes aleatórios onde, por definição mesmo, as prestações podem apresentar considerável desequilíbrio. 
b) A desproporção entre as prestações deve se verificar no momento do contrato e não posteriormente. Pois, se naquele instante não houver disparidade entre os valores, incorreu lesão. 
c) A desproporção deve ser considerável. “ 
· Obs: Artigo 157 § 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
· § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
· Fraude contra credores: 
· “Constitui fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência ou na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento anterior à transmissão. “ 
· Requisitos: 
· Objetivo – prejuízo causado aos credores em decorrência da insolvência, subjetivo – “Para que o negócio seja anulado, portanto e em regra, necessária a presença da colusão, conluio fraudulento entre aquele que dispõe o bem e aquele que o adquire. 
· O prejuízo causado ao credor (eventos damni) também é apontado como elemento objetivo da fraude. 
· Não havendo tais requisitos, não há que falar em anulabilidade do ato celebrado, para os casos de negócios onerosos, como na compra e venda efetivada com objetivo de prejudicar eventuais credores. 
· Entretanto, para os casos de disposição gratuita de bens, ou de remissão de dívidas (perdão de dívidas), o art. 158 do CC/2002 dispensa a presença do elemento subjetivo (consilium fraudis), bastando o evento danoso ao credor. 
· Isso porque o dispositivo em comento prevê que, nesses casos, tais negócios podem ser anulados ainda quando o adquirente ignore o estado de insolvência. “ 
Os negócios jurídicos passíveis de anulabilidade podem ser confirmados (172 CC) e tem prazo para serem discutidos judicialmente.
· O prazo é de 4 (quatro) anos conforme o artigo 178 do CC:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - No caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - No de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
· Artigo 177 do CC: “diferentemente da nulidade absoluta, a relativa (anulabilidade), que não tem efeito antes de julgada por sentença, não poderá ser pronunciada de ofício, exigindo, pois, para o seu reconhecimento, alegação dos legítimos interessados. “
· Existe uma regra subsidiária no artigo 179 do CC que diz: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. “
· “Na hipótese, por exemplo, de anulação da venda de ascendente a descendente, realizada sem o consentimento dos demais herdeiros necessários, a lei cuida, apenas, de prever a anulabilidade do negócio sem estabelecer prazo para a sua invalidação (art. 496 do cc/2002). nesse caso, o prazo será de dois anos, aplicando-se o referido art. 179
Princípios da conservação dos negócios jurídicos 
CONFIRMACAO, REDUCAO E CONVERSAO SUBSTANCIAL
· Princípio da conservação
– Em virtude do qual deve-se tentar ao máximo aproveitar o negócio jurídico viciado –, a doutrina civilista reconheceu existirem medidas sanatórias do ato nulo ou anulável, consistentes em “instrumentos jurídicos destinados a salvaguardar a manifestação de vontade das partes, preservando-a da deficiência que inquina o ato”
· O princípio da conservação dos negócios jurídicos está positivado no CC em três artigos:
Artigo 172: “O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.” (confirmação)
Artigo 184: “Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.” (redução)
E artigo 170: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.” (conversão substancial)
Dois estão relacionados aos negócios jurídicos eivados de anulabilidade – 172 e 184, e um, o 170, está relacionado aos negócios jurídicos nulos.
1. Confirmação. A confirmação está disposta no artigo 172 CC. Para Venosa: “Ratificar ou confirmar é dar validade a ato ou negócio que poderia ser desfeito por decisão judicial. Por meio da ratificação, há renúncia à faculdade de anulação.”
· Quando eu tenha realizado um negocio jurídico privado, com vicio de anulabilidade, ou seja, negociei com um relativamente incapaz sem a devida assistência, ou negociei minha declaração vontade, esse negocio jurídico pode ser salvo, pode ser confirmado pela acao de confirmação pelas partes 
· De acordo com o art. 172 do CC, o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro, valorização, mais uma vez, da boa-fé objetiva. Trata-se da chamada convalidação livre da anulabilidade.
· Expressa: é quando eu estou satisfeita com aquele negocio mesmo ele tendo sido feito por dolo, então eu vou lá e faço um documento dizendo que sim quero manter o negocio jurídico 
· Mas esse ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo, elementos objetivo e subjetivo da convalidação, respectivamente – denominada confirmação expressa (art. 173 do CC). O Código Civil, em seu art. 174, dispensa (“é escusada”) a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o atingia. 
· A confirmação, assim, dar-se-á de forma tácita ou presumida, por meio de conduta do sujeitopassivo obrigacional. Mais uma vez, denota-se o intuito de conservação do contrato e do negócio jurídico. 
· O art. 175 do CC trata da irrevogabilidade da confirmação, seja ela expressa ou tácita. Dessa forma, com a confirmação, extinguem-se todas as ações ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. 
· Não caberá mais, portanto, qualquer requerimento posterior de anulabilidade do negócio anterior, o que está de acordo com a máxima que veda o comportamento contraditório e que tem relação com a boa-fé objetiva (venire contra factum proprium non potest). 
· Segundo o art. 176 da atual codificação, “quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente”. 
· Esse artigo constitui novidade e faz com que o negócio celebrado por menor púbere, sem a autorização do pai ou do tutor, seja validado se a autorização ocorrer posteriormente. Trata-se de outra hipótese de convalidação. Também quanto ao menor púbere (de 16 a 18 anos), não pode o mesmo valer-se da própria torpeza, beneficiando-se de ato malicioso (a malícia supre a idade). 
· Não pode, portanto, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
· O negócio jurídico reputa-se válido e gera efeitos, afastando-se qualquer anulabilidade (art. 180 do CC).
2. Redução – artigo 184 CC:
· Sob outro prisma, respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável, mais um reconhecimento da conservação do negócio (art. 184 do CC). O que se percebe é o tratamento da invalidade parcial, que pode ser absoluta ou relativa. 
· Assim sendo, ocorrerá a redução do negócio jurídico para a parte válida, o que também está sintonizado com a sua conservação. Mas, por esse mesmo comando, a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a anulabilidade destas não induz a da obrigação principal. 
· Aplica-se a regra de que o acessório segue o principal, não sendo a recíproca verdadeira. 
· Esse art. 184 do CC/2002 foi objeto de estudo pelo jurista Marcos Jorge Catalan. 
· O doutrinador ressalta que a redução do negócio jurídico está fundada no conceito relativo à máxima utile per inutile non vitiatur, “um dos tantos fundidos ao longo do tempo pelo direito romano, autoriza a purificação do negócio com a supressão de partes viciadas deste, desde que o mesmo possa manter sua essência, permitindo desse modo que sejam aproveitados alguns de seus efeitos”.
· Em suma, a redução do negócio jurídico consiste “no mecanismo que impõe ao juiz o dever de afastar os vícios contidos no negócio jurídico, atribuindo-lhe a obrigação de separar do todo eventual que não possa ser recepcionado pelo sistema” (CATALAN, Marcos Jorge. Uma leitura inicial da redução do negócio..., 2007, p. 482-483). 
· A título de exemplo, pense-se o caso de um negócio jurídico cuja multa ou cláusula penal tenha sido celebrada com lesão (art. 157 do CC). 
· Nesse caso, somente a multa é anulável, permanecendo o restante do negócio como válido. Ocorre a redução do negócio, pois se retira a parte viciada. 
3. Conversão substancial – 170 CC
O art. 169 do atual Código Civil, que não constava do anterior, proclama que “o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo”. Mas admite-se a sua conversão, por força do também novo art. 170, que prescreve: “
Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”
Introduz-se, assim, a conversão do negócio nulo em um outro, de natureza diversa, desde que se possa inferir que a vontade das partes era realizar o negócio subjacente.
O instituto da conversão permite que, observados certos requisitos, se transforme um negócio jurídico, em princípio nulo, em outro, para propiciar a consecução do resultado prático que as partes visavam com ele alcançar. 
Assim, por exemplo, poder-se-á transformar um contrato de compra e venda, nulo por defeito de forma, em compromisso de compra e venda
Artigo 1881 codicilo 
Plano de eficácia do negocio jurídico e seus fatores 
PLANO DE EFICACIA DO NEOGOCIO JURIDICO E SEUS EFEITOS
CONDICAO, TERMOS E ENCARGO 
Direito Civil- Negocíos juridícos

Continue navegando