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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA COMPONENTE CURRICULAR: BIOQUÍMICA II DOCENTE: Alessandra Texeira DISCENTE: Erisson Leite Lemos Matrícula: 172130182 Caso clínico 01 a) Situe o papel do piruvato no metabolismo celular e explique o defeito que o paciente apresenta. O papel do piruvato é ser oxidado a Acetil-CoA, molécula precursora do ciclo de Krebs. A descarboxilação do piruvato leva a formação de Acetil-CoA, que por sua vez inicia o ciclo de Krebs produzindo as moléculas reduzidas NADH E FADH2, que fornecem elétrons para a cadeia respiratória com a redução do oxigênio molecular na forma de água e síntese de ATP; tem como vias alternativas a formação de lactato, na ausência de oxigênio, e alanina. O paciente apresenta deficiência da enzima piruvato descaborxilase, responsável por converter piruvato em Acetil-CoA. Como há deficiência na formação de Acetil-CoA, o organismo começa a produzir Alanina, e Lactato como via alternativa para produção energética, dessa forma, ocorre acúmulo de lactato no organismo, causando acidose metabólica, além de redução no fornecimento de energia. Como o cérebro é bastante dependente do fornecimento de ATP oriundo do ciclo de Krebs, a deficiência da enzima também causa alterações no Sistema Nervoso Central. b) Por que foi instituída dieta pobre em carboidratos e proteínas e ricas em ácidos graxos (dieta cetogênica)? Pois pacientes com esse tipo de defeito enzimático não oxidam carboidratos eficientemente e a maioria do piruvato produzido é convertido à lactato através da via anaeróbica. Dessa forma a dieta cetogênica induz produção alternativa de Acetil-CoA através dos corpos cetônicos, reduzindo a acidose metabólica, proveniente da formação do ácido lático, e aumentando a produção energética. c) Por que ocorre acidose? Devido à ocorrência de grandes quantidades de ácido lático proveniente da glicólise anaeróbica, na tentativa de suprir o déficit energético, o que leva ao acúmulo de lactato no organismo, diminuindo o pH sanguíneo e causando acidose. d) Qual a razão de administrar tiamina e biotina? Pois ambas as vitaminas vão atuar como cofatores obrigatórios ou coenzimas no processo de oxidação do piruvato. A deficiência dessas vitaminas como coenzimas e cofatores obrigatórios podem causar doenças que afetam o sistema nervoso central, como Beribéri. Caso clínico 02 a) Comente resumidamente sobre o metabolismo dos carboidratos (glicólise, gliconeogênese, glicogênese e glicogenólise) e sua importância na produção de energia. Glicólise é a via central do catabolismo da glicose e que ocorre no citosol de todas as células humanas. Cada molécula de glicose é convertida em duas moléculas de piruvato, cada uma com três átomos de carbonos em um processo no qual vários átomos de carbono são oxidados. Parte da energia livre liberada da glicólise é conservada na forma de ATP e de NADH. A glicólise compreende dois estágios: 1º estágio (fase preparatória): Compreende cinco reações nas quais a glicose é fosforilada por dois ATP e convertida em duas moléculas de gliceraldeído−3−fosfato. 2º estágio (fase de pagamento): As duas moléculas de gliceraldeído−3−fosfato são oxidadas pelo NAD+ e fosforiladas em reação que emprega o fosfato inorgânico. O resultado do processo total da glicólise é a formação de 2 ATP, 2 NADH e 2 piruvato, às custas de uma molécula de glicose. Em condições de baixo suprimento de oxigênio (hipóxia) ou em células sem mitocôndrias, o produto final da glicólise é o lactato e não o piruvato, em processo denominado glicólise anaeróbica Quando o suprimento de oxigênio é adequado, o piruvato é transformado em acetil−CoA nas mitocôndrias. O grupo acetil da acetil−CoA é totalmente oxidado no ciclo do ácido cítrico com a formação de duas moléculas de CO2. ✔ Reações da Glicólise: Todas as reações da glicólise com formação de piruvato (ou lactato) são catalisadas por enzimas presentes no citoplasma. Para cada molécula de glicose são consumidas duas moléculas de ATP no primeiro estágio e no segundo estágio são produzidas quatro ATP e 2 NADH. Os elétrons oriundos da reoxidação do NADH em NAD+ em condições aeróbicas são transferidos para o oxigênio molecular na cadeia mitocondrial transportadora de elétrons que libera a energia livre para a síntese de ATP pela fosforilação oxidativa. Gliconeogênese ou neoglicogênese ("formação de novo açúcar") é a rota pela qual é produzida glicose a partir de compostos aglicanos (não-carboidratos), sendo a maior parte deste processo realizado no fígado (principalmente sob condições de jejum) e uma menor parte no córtex dos rins. Em humanos, os principais precursores são: lactatos, glicerol e aminoácidos, principalmente a alanina. Exceto por três sequências específicas (Piruvato para PEP, Frutose 1,6-bifosfato para frutose-6-p, Glicose-6-p para glicose), as reações da gliconeogênese são inversas às da glicólise. O processo de gliconeogênese superpõe-se ao da glicólise, sendo que, iniciando pelo piruvato, a maioria das reações de síntese de glicose é no sentido inverso aos da glicólise. As enzimas envolvidas na catalisação desses passos são reguladas para que, ou glicólise, ou gliconeogênese predomine, dependendo das condições fisiológicas. A maioria das etapas da gliconeogênese usa as mesmas enzimas que catalisam o processo da glicólise, porém, o fluxo de carbonos, é claro, é na direção reversa. Entretanto, em três pontos as reações da glicólise são irreversíveis in vivo(por liberarem energia livre em forma de calor): conversão de glicose em glicose 6-fosfato pela hexoquinase, a fosforilação da frutose 6-fosfato em frutose 1,6-bisfosfato pela fosfofrutoquinase-1 e a conversão de fosfoenolpiruvato em piruvato pela piruvato quinase. Para contornar essas barreiras energéticas, reações e enzimas especiais são necessárias. ✔ 1° desvio: Dentro da mitocôndria, a piruvato-carboxilase catalisa a formação de oxalacetato a partir de ATP e CO2, liberando ADP + Pi. A partir daí, pode-se tomar 2 caminhos: a) Ação da PEP-carboxilase (PEPCK) mitocondrial, formando fosfoenolpiruvato a partir de GTP, e liberando GDP + CO2. b) Redução do oxalacetato para produção de malato, ganhando dois H. O malato, por sua vez, irá sair da mitocôndria e será oxidado, perdendo 2 H e voltando a ser oxalacetato. Este oxalacetato sofrerá ação da PEP-carboxilase citosólica, que o transformará em fosfoenolpiruvato. O caminho a ser tomado depende da concentração de NADH citosólico. Se for alta, a via b é inibida, pois causa acúmulo de produtos (malato e oxalacetato). O piruvato então toma a via a, transformando-se em fosfoenolpiruvato ainda dentro da mitocôndria. Caso a concentração de NADH no citosol seja baixa, acontece o contrário, e a via b é estimulada por falta de produtos. ✔ 2º desvio: No citosol, a frutose-1,6-bifosfato é hidrolisada pela frutose-1,6-bifosfatase, liberando um Pi e formando frutose-6-fosfato, que logo em seguida será isomerizada a glicose-6-fosfato pela fosfoglicose-isomerase. ✔ 3º desvio: Nesta etapa faz-se a conversão de glicose-6-fosfato em glicose. O grupo fosfato ligado ao carbono 6 da glicose-6-fosfato sofre hidrólise catalisada pela glicose-6-fosfatase. O produto dessa reação é a glicose não fosforilada que, assim, pode atravessar a membrana plasmática. A enzima glicose-6-fosfatase só ocorre no fígado e rins. Glicogênese corresponde ao processo de síntese de glicogênio no fígado e músculos, no qual moléculas de glicose são adicionadas à cadeia do glicogênio. Este processo é ativado pela insulina em resposta aos altos níveis de glicose sanguínea. Glicogenólise é a degradação de glicogênio realizada através da retirada sucessiva de moléculas de glicose. ✔ Primeira parte: A glicogênio fosforilase catalisa a reação em que uma ligação glicosídica, reunindo dois resíduos de glicose no glicogênio, sofre o ataque por fosfato inorgânico (Pi), removendo o resíduo terminal não-redutor de glucose como glicose 1-fosfato. Na fosforólise, parte da energia da ligaçãoglicosídica é preservada na forma de éster fosfórico glicose 1-fosfato. A fosforilase age repetitivamente nas extremidades não-redutoras das ramificações do glicogênio, até que seja atingido num ponto distante quatro resíduos de uma ramificação. Aqui cessa a ação da fosforilase. A continuação da degradação pode ocorrer apenas depois da ação da α(1→6)glicosidase, que catalisa as duas reações sucessivas que removem as ramificações. ✔ Segunda parte: A glicose 1-fosfato é convertida em glicose 6-fosfato pela ação da enzima fosfoglicomutase. ✔ Terceira parte: A última etapa, catalisada pela enzima glicose 6-fosfatase, é a hidrólise da glicose 6-fosfato a glicose. b) Cite possíveis causas de hipoglicemia neonatal. A hipoglicemia neonatal é um quadro clínico caracterizado por baixos índices de açúcar no sangue do recém-nascido. Estes possuem riscos maiores de hipoglicemia em relação aos adultos, devido à elevada taxa de utilização de glicose em função de possuírem uma massa cerebral proporcionalmente maior em relação ao tamanho de seu corpo, sendo assim ocorre um consumo maior da glicose circulante pelo cérebro. Em geral, as causas mais comuns estão relacionadas à mãe, como a ingestão de álcool, drogas e certos medicamentos durante a gestação. Também se relaciona a recém-nascidos grandes ou pequenos para a idade gestacional, em bebês nascidos de mães com quadro de diabetes, à produção exagerada de insulina (hiperinsulinismo), mecanismo contrarregulador da liberação hormonal deficiente (hormônio do crescimento, glucagon, corticoides, catecolaminas), substrato inadequado (por exemplo, glicogênio), imaturidade da função enzimática (ocasionando o armazenamento deficiente do glicogênio) além de distúrbios hereditários do metabolismo (por exemplo, glicogenoses, disfunções da gliconeogênese, alterações da oxidação dos ácidos graxos). Mais raramente, pode ter causas de hipoglicemia neonatal relacionadas ao bebê como, por exemplo, tumor de pâncreas ou hiperplasia de ilhotas pancreáticas produtoras de insulina, deficiência do hormônio do crescimento ou de hormônio da tireoide ou da glândula adrenal, asfixia, galactosemia (quando o corpo não consegue metabolizar a galactose em glicose), policitemia (superprodução de glóbulos vermelhos) etc. c) Neste caso, como se encontraria a atividade das vias elevadas de glicogenólise, gliconeogênese e lipólise? Explique o mecanismo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidr%C3%B3lise Em relação à glicogenólise: A glicose é o substrato fundamental no metabolismo das células do sistema neurológico, como o oxigênio é essencial ao adequado funcionamento cerebral. No período de gestação, 60% a 70% das necessidades energéticas fetais são fornecidas. Os neonatos a termo, adequados à idade gestacional (AIG) desenvolvem mecanismos homeostáticos de preservação dos substratos de energia ao cérebro e a certos órgãos vitais. A hipoglicemia neonatal transitória acomete o recém-nascido nas primeiras horas de vida, sendo um dos problemas metabólicos mais prevalentes. No ambiente intrauterino, a glicose fetal é proveniente da circulação materna, pela difusão transplacentária facilitada que mantém a concentração de glicose fetal, aproximadamente, dois terços da glicemia materna. Ao nascimento, após a ligadura do cordão umbilical, a fonte de glicose materna é interrompida. Para manter os níveis adequados de glicose, o organismo do recém-nascido mobiliza o processo de glicogenólise das reservas hepáticas, induzindo à gliconeogênese, utilizando nutrientes provenientes da dieta. O levantamento do histórico familiar, dos dados do pré-natal e a avaliação clínica materna e neonatal são elementos fundamentais para a identificação de fatores maternos e neonatais associados à ocorrência de hipoglicemia. Aspectos importantes da história do recém-nascido incluem as doenças maternas como o distúrbio de regulação da glicose, uso de hipoglicemiantes orais, insulina, terapia tocolítica ß-agonista (terbutalina, propranolol), obesidade, doença hipertensiva específica da gestação ou hipertensão essencial, história familiar de hipoglicemia, infusão endovenosa de glicose anteparto e durante o parto, histórias prévias de RN macrossômico, com hipoglicemia ou morte inexplicada de filhos na infância; idade gestacional e informações que indiquem a possibilidade de hipoxia perinatal e/ou isquemia. Fatores de risco relacionados ao exame físico do recém-nascido incluem a determinação da idade gestacional e a classificação da idade gestacional associada ao peso da criança, defeitos faciais que podem comprometer o sistema nervoso central, disfunção pituitária e hepatomegalia, além das manifestações clínicas de hipoglicemia que devem ser consideradas. Esses fatores indicam o monitoramento dos níveis plasmáticos de glicemia neonatal, particularmente, na primeira semana de vida, visto que na transição neonatal, profundas alterações orgânicas ocorrem, havendo um aumento metabólico substancial com maior consumo de glicose.
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