Buscar

Contato Geografia 2 Ensino M dio Componente curricular Geografi

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 390 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 390 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 390 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
#contato
Geografia
2
Ensino Médio
Componente curricular
Geografia
Rogério Martinez
Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR).
Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - campus Marília.
Atua como professor da rede pública no estado do Paraná.
Realiza palestras e assessorias para professores em escolas públicas e particulares.
Autor de livros didáticos para o Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Wanessa Pires Garcia Vidal
Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR).
Pós-graduada em Avaliação Educacional pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR).
Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR).
Atuou como professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental na rede particular no estado do Paraná.
Realiza palestras e assessorias para professores em escolas públicas e particulares.
Autora de livros didáticos para o Ensino Fundamental e Ensino Médio.
1ª edição
São Paulo
2016
2
Copyright © Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal, 2016
Diretor editorial: Lauri Cericato
Gerente editorial: Flávia Renata P. A. Fugita
Editora: Angela Carmela Di Cesare Margini Marques
Editora assistente: Teresa Cristina Guimarães
Assessoria: Teresa Cristina Guimarães
Gerente de produção editorial: Mariana Milani
Coordenador de produção editorial: Marcelo Henrique Ferreira Fontes
Coordenadora de arte: Daniela Máximo
Coordenadora de preparação e revisão: Lilian Semenichin
Supervisora de preparação e revisão: Viviam Moreira
Revisão: Iracema Fantaguci
Coordenador de iconografia e licenciamento de textos: Expedito Arantes
Supervisora de licenciamento de textos: Elaine Bueno
Iconografia: Priscila Pavane Massei Kibelkstis
Coordenadora de ilustrações e cartografia: Marcia Berne
Diretor de operações e produção gráfica: Reginaldo Soares Damasceno
Produção editorial: Scriba Projetos Editoriais
Assistência editorial: Kleyton Kamogawa, André W. Metz da Costa, Érika F. Rodrigues
Projeto gráfico: Laís Garbelini e Hatadani
Capa: Marcela Pialarissi
Imagem de capa: Hidehiko Sakashita/Getty Images
Edição de ilustrações: Rogério Casagrande
Diagramação: Leda Cristina Silva Teodorico
Tratamento de imagens: José Vitor Elorza Costa
Ilustrações: Angelo Shuman, Carlos Borin, Cássio Bittencourt, E. Cavalcante, Gilberto Alicio, Luciane Mori, Marcela Pialarissi, N. Akira, Paula Radi, Poliana Garcia, Rafael Luís Gaion, Renan Fonseca
Cartografia: E. Cavalcante, Gilberto Alicio, Leonardo Mari, Paula Radi
Revisão: Viviane Mendes e Shirley Gomes
Assistência de produção: Cristiano J. Silva, Daiana Melo e Tamires Azevedo
Autorização de recursos: Erick L. Almeida
Pesquisa iconográfica: André Silva Rodrigues
Editoração eletrônica: Luiz Roberto L. Correa (Beto)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Martinez, Rogério
#Contato geografia, 2º ano / Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. - 1ª ed. - São Paulo: Quinteto Editorial, 2016. - (Coleção #contato geografia)
"Componente curricular: geografia"
ISBN 978-85-8392-089-2 (aluno)
ISBN 978-85-8392-090-8 (professor)
1. Geografia (Ensino médio) I. Vidal, Wanessa Pires Garcia. II. Título. III. Série.
16-02544
CDD-910.712
Índices para catálogo sistemático:
1. Geografia: Ensino médio 910.712
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os direitos reservados à
QUINTETO EDITORIAL S.A.
Rua Rui Barbosa, 156 - Bela Vista - São Paulo - SP
CEP 01326-010 - Tel. (0-XX-11) 35 98-60 00
Caixa Postal 65149 - CEP da Caixa Postal 01390-970
Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A.
CNPJ 61.186.490/0016-3
Avenida Antonio Bardella, 300
Guarulhos - SP - CEP 07220-020
Tel. (11) 35 45-86 00 e Fax (11) 24 12-53 75
3
Para conhecer seu livro
Por que estudar Geografia?
Estudar Geografia tem um amplo significado, não se resume a ler e interpretar os mapas.
Os estudos sobre Geografia nos permitem aprender a olhar o mundo além do óbvio, das aparências. Significa desenvolver habilidades e elaborar conhecimentos que nos permitem compreender fenômenos naturais, sociais e suas inter-relações, realizar uma leitura analítica do mundo e questionar a realidade em que vivemos.
Portanto, por meio desses estudos podemos nos preparar para participar de maneira ativa, crítica e consciente na transformação da nossa sociedade, em busca de um futuro melhor.
Conheça, a seguir, a organização dessa coleção, de modo que você possa utilizá-la com dedicação e entusiasmo, aproveitando-a da melhor maneira possível em sua formação.
Abertura
As páginas de abertura de unidade marcam o momento inicial do estudo do tema proposto. Apresentam um recurso deflagrador, em geral, uma imagem, que traz uma mensagem ou informação sobre algo relacionado à unidade temática.
Também traz questionamentos que podem conduzi-lo a uma reflexão sobre o assunto ou à busca de conhecimentos sobre ele.
4
Explorando o tema
Para tornar as aulas mais dinâmicas e facilitar sua aprendizagem, alguns assuntos são abordados por meio de seções especiais.
A seção Explorando o tema aprofunda o estudo sobre um determinado tema e pode abordá-lo na forma de infográficos, nos quais você tem a oportunidade de ampliar suas habilidades de leitura e interpretação.
A seção Contexto geográfico apresenta a modalidade Ponto de vista, momento em que você é convidado a ler e interpretar textos que trazem críticas, entrevistas, opiniões de especialistas, sobre assuntos em questão e no qual você e seus colegas podem expressar opiniões sobre ele.
A seção Contexto geográfico também proporciona o Estudo de caso, no qual um exemplo relacionado ao tema é abordado e analisado, a fim de que você estude a realida de tal como se apresenta, tendo como base os estudos propostos.
Para auxiliar sua compreensão no decorrer dos textos, os termos técnicos são explicados na forma de vocabulários inseridos na página.
No decorrer das páginas de conteúdo,os boxes com textos e imagens apresentam informações teóricas ou exemplificações que complementam os estudos e ampliam sua compreensão sobre os assuntos em questão.
5
Atividades
As páginas de atividades apresentam a seguinte organização:
- a seção Sistematizando o conhecimento, composta de questões por meio das quais você poderá retomar os textos e revisar seus estudos;
- a seção Expandindo o conteúdo, que apresenta diferentes atividades de análise e interpretação de novos temas e recursos.
Ao final da unidade, após as atividades, a seção Ampliando seus conhecimentos traz informações complementares relacionadas aos conteúdos.
Ampliando seus conhecimentos
A seção A Geografia no cinema apresenta sugestões de filmes que podem auxiliá-lo em seus estudos de maneira ainda mais prazerosa.
A seção Para assistir, Para ler, Para navegar conta com sugestões de livros, filmes e sites por meio dos quais você poderá ampliar seus conhecimentos sobre os assuntos estudados por meio de diferentes mídias.
Geografia, ciência e cultura apresenta diferentes formas de expressão do conhecimento geográfico no campo das artes (telas, charges, fotografias etc.) e da literatura (poemas, textos literários, letras de músicas etc.).
No final de cada unidade há uma seção com Questões do Enem e Vestibular sobre os temas estudados nos capítulos à sua disposição com materiais selecionados para seus momentos de estudos complementares.
6
Sumário
unidade 1 - Natureza, sociedade e espaço geográfico, p. 10
Natureza e paisagem:
o espaço natural, p. 12
O tempo da natureza e as marcas nas paisagens, p. 14
Os fósseis e a reconstituição das mais antigas paisagens, p. 15
A vida na Terra - Infográfico, p. 16
A dinâmica natural e a transformação das paisagens, p. 18
Contexto geográfico, p. 20
Estudo de caso - Jardins suspensos no sertão
Sociedade, trabalho, técnica e espaço geográfico, p. 22
Atividades, p. 26
Ampliando seus conhecimentos, p. 28
Questões do Enem e Vestibular,p. 30
unidade 2 - Indústria e espaço geográfico, p. 34
A indústria e a produção do espaço geográfico, p. 36
Tipos de indústria, p. 38
As diferenças coexistem, p. 39
A indústria no mundo, p. 40
Os fatores da localização industrial, p. 42
A desconcentração industrial, p. 44
Explorando o tema, p. 45
A indústria globalizada
Atividades, p. 46
Ampliando seus conhecimentos, p. 48
Questões do Enem e Vestibular, p. 50
unidade 3 - Fontes de energia, p. 54
Matriz energética mundial, p. 56
Petróleo, p. 58
Petróleo no mundo: produção, consumo e fluxos, p. 59
A geopolítica do petróleo, p. 61
Os "choques" do petróleo, p. 62
Carvão mineral, p. 64
Gás natural, p. 65
Energia nuclear ou atômica, p. 66
Hidrelétricas, p. 67
Explorando o tema, p. 68
Energia e meio ambiente
Fontes de energia no Brasil, p. 71
Petróleo: da crise à autossuficiência, p. 72
A matriz energética brasileira, p. 73
Contexto geográfico, p. 75
Ponto de vista - Fontes alternativas e o futuro energético do Brasil
Energia eólica - Infográfico, p. 76
Atividades, p. 78
Ampliando seus conhecimentos, p. 80
Questões do Enem e Vestibular, p. 82
CRÉDITO: André Dib/Pulsar
7
unidade 4 - População mundial, p. 86
População e Geografia, p. 88
População absoluta e população relativa, p. 88
A distribuição da população mundial, p. 90
O crescimento da população, p. 92
A queda da natalidade e do crescimento natural, p. 93
As teorias demográficas, p. 94
Teoria malthusiana, p. 94
Teoria neomalthusiana, p. 95
Teoria reformista, p. 95
A transição demográfica, p. 96
A estrutura da população, p. 98
Pirâmide etária, p. 98
Populações predominantemente jovens, p. 99
Populações maduras ou em processo de envelhecimento, p. 100
Populações envelhecidas, p. 100
Contexto geográfico, p. 101
Ponto de vista - População mais velha... e mais pobre?
A estrutura econômica - PEA e PI, p. 102
A PEA nas economias desenvolvidas, p. 103
A PEA nas economias subdesenvolvidas, p. 103
Migrações: fluxos populacionais, p. 104
As migrações internacionais de trabalhadores, p. 105
Migração e xenofobia, p. 108
Os fluxos de refugiados, p. 108
A crise de refugiados na Europa - Infográfico, p. 110
Atividades, p. 112
Ampliando seus conhecimentos, p. 114
Questões do Enem e Vestibular, p. 116
unidade 5 - População brasileira, p. 120
A população brasileira e suas origens, p. 122
População e território no Brasil, p. 124
O crescimento da população brasileira, p. 125
A queda da mortalidade e o aumento do crescimento natural, p. 126
A queda da natalidade e a diminuição do crescimento natural, p. 127
A estrutura da população brasileira, p. 128
O envelhecimento da nossa população, p. 129
Contexto geográfico, p. 130
Ponto de vista - A mulher e o mercado de trabalho
Pobreza e renda no Brasil, p. 131
Os fluxos migratórios no Brasil, p. 132
O êxodo rural, p. 132
As migrações inter-regionais, p. 133
Uma nova dinâmica migratória, p. 134
Atividades, p. 136
Ampliando seus conhecimentos, p. 138
Questões do Enem e Vestibular, p. 140
CRÉDITO: Marco Antonio Sá/ Pulsar
8
unidade 6 - Urbanização, p. 144
A cidade, p. 146
A economia feudal e o retrocesso urbano, p. 147
O comércio e o ressurgimento das cidades, p. 147
Capitalismo, industrialização e urbanização, p. 148
O fenômeno desigual da urbanização, p. 150
Urbanização nos países desenvolvidos, p. 150
Urbanização nos países subdesenvolvidos, p. 152
Contexto geográfico, p. 153
Ponto de vista - Saturação das metrópoles
Problemas urbanos nos países subdesenvolvidos, p. 154
Rede e hierarquia urbana, p. 156
A hierarquia urbana, p. 157
Conurbação, metrópoles e megalópoles, p. 158
Cidades globais e megacidades, p. 158
Megacidades: formigueiros humanos - Infográfico, p. 160
Atividades, p. 162
Ampliando seus conhecimentos, p. 164
Questões do Enem e Vestibular, p. 166
unidade 7 - Urbanização e industrialização no Brasil, p. 170
O processo de urbanização do Brasil, p. 172
Urbanização e industrialização no Brasil, p. 172
A urbanização no território brasileiro, p. 174
Urbanização e metropolização no Brasil, p. 175
As regiões metropolitanas, p. 176
A desconcentração industrial e a interiorização urbana, p. 177
A rede urbana brasileira, p. 178
Brasil: país urbano e industrializado, p. 180
A crise do café e a indústria, p. 181
O Estado e o processo de industrialização, p. 182
A indústria e o capital estrangeiro, p. 182
A distribuição da indústria pelo território, p.183
Concentração e dispersão: a dinâmica espacial da indústria, p. 185
Atividades, p. 186
Ampliando seus conhecimentos, p. 188
Questões do Enem e Vestibular, p. 190
unidade 8 - A urbanização brasileira e seus problemas, p. 194
Urbanização excludente, p. 196
Cidades, desigualdades e segregação espacial, p. 197
A produção capitalista do espaço urbano, p. 198
A especulação imobiliária, p. 199
O problema do transporte urbano, p. 200
A violência urbana, p. 200
CRÉDITO: Leo Caldas/Pulsar
9
Contexto geográfico, p. 201
Estudo de caso - Singapura: uma cidade que anda na linha
As cidades e os problemas ambientais, p. 202
Poluição do ar, p. 202
Contexto geográfico, p. 203
Estudo de caso - A poluição do ar e a inversão térmica
Ilhas de calor, p. 204
Poluição hídrica, p. 205
Resíduos urbanos, p. 206
Atividades, p. 208
Ampliando seus conhecimentos, p. 210
Questões do Enem e Vestibular, p. 212
unidade 9 - A agricultura no mundo, p. 216
A atividade agrícola, p. 218
Agricultura, natureza e tecnologia, p. 218
A organização das atividades no espaço rural, p. 219
Os sistemas de produção agrícola, p. 220
Sistemas agrícolas tradicionais, p. 220
Sistemas agrícolas modernos, p. 223
Explorando o tema, p. 224
A Revolução Verde
A Revolução Verde e a fome no mundo, p. 224
Revolução Verde, concentração fundiária e impactos ambientais, p. 226
Explorando o tema, p. 227
Monoculturas e seus impactos ambientais
Alimentos transgênicos - Infográfico, p. 228
Sistemas agrícolas alternativos, p. 230
A produção agropecuária no mundo, p. 231
A agropecuária no mundo desenvolvido, p. 232
A agropecuária no mundo subdesenvolvido, p. 234
Reforma agrária: a reorganização das terras, p. 235
Atividades, p. 236
Ampliando seus conhecimentos, p. 238
Questões do Enem e Vestibular, p. 240
unidade 10 - O espaço agrário brasileiro, p. 244
A agropecuária no Brasil, p. 246
A produção agropecuária brasileira, p. 246
A modernização do campo brasileiro, p. 250
As relações de trabalho no campo, p. 251
Uma modernização desigual, p. 252
A concentração de terras no Brasil, p. 254
A formação dos latifúndios como modelo de exploração agrária, p. 254
Políticas agrícolas, latifúndios e monoculturas, p. 254
Questão da terra e conflitos no campo, p. 256
Reforma agrária no Brasil, p. 256
Atividades, p. 258
Ampliando seus conhecimentos, p. 260
Questões do Enem e Vestibular, p. 262
Respostas, p. 268
Bibliografia consultada, p. 270
Lista de siglas, p. 272
10
unidade 1 - Natureza, sociedade e espaço geográfico
LEGENDA: Menino contemplando a esplêndida obra humana da Muralha da China na província de Hebei, na China, em 2008.
CRÉDITO: Martin Puddy/Corbis/Latinstock
11
A Terra tem sido transformada por inúmeros fenômenos naturais desde que se formou, há 4,6 bilhões de anos. O mais antigo ancestral do ser humano, por sua vez, existe na Terra há apenas 4 milhões de anos, aproximadamente.
Desse modo, o tempo de existência do ser humano é considerado ínfimo se comparado ao tempo de formação e transformação do nosso planeta, até atingir suas características atuais. E, nesse tempo, o ser humano desenvolveu instrumentos, técnicas, máquinas e evoluiu de tal maneira que, atualmente, detém conhecimentos e equipamentos para intervir na dinâmica global, tanto ou mais do que os fenômenos da natureza.
- A presença da Muralha da China revela a capacidade do ser humano de atuar na transformação da superfície terrestre. Essa muralha, que tem aproximadamente 2,4 mil anos, pode ser considerada antiga para os seres humanos. Mas pode ser considerada recente em relação à idade da Terra? Que outras ações o ser humano tem realizado, interferindo na superfície terrestre?
12
Natureza e paisagem: o espaço natural
Desde que se formou,há cerca de 4,6 bilhões de anos, a Terra e suas paisagens, como a mostrada nas páginas de abertura, têm passado por grandes transformações desencadeadas pela ação conjunta de fenômenos e processos naturais, que agem continuamente ao longo do tempo geológico.
Como sabemos, foram necessários milhões de anos para que a superfície da Terra, extremamente quente em seus primórdios, esfriasse e enrijecesse, dando origem a uma crosta rochosa. Durante outros milhões de anos, os gases e vapores expelidos em grande quantidade pelos vulcões se acumularam ao redor do planeta e, assim, formaram uma atmosfera primitiva composta de gases como metano, amônia, hidrogênio e vapor de água, apresentando características muito diferentes das que possui atualmente. Com a condensação desses gases e vapores na atmosfera, chuvas torrenciais também caíram durante milhões de anos, dando origem aos primeiros oceanos.
Nesses oceanos, há cerca de 3,5 bilhões de anos, surgiram os primeiros organismos vivos (bactérias e algas unicelulares), base de toda a evolução da vida no nosso planeta. Ao longo dessa evolução biológica, muitas espécies animais e vegetais surgiram e evoluíram, enquanto muitas outras desapareceram, como os dinossauros, por exemplo.
As condições ambientais que em determinadas épocas asseguraram a existência de certas espécies de seres vivos modificaram-se completamente em outras épocas, provocando a extinção de algumas espécies e também o desenvolvimento de inúmeras outras, que se adaptaram às mudanças e existem até hoje.
Certos eventos naturais, como a ocorrência de atividades vulcânicas intensas ou a queda de grandes asteroides na superfície do planeta, também provocaram a extinção de muitas espécies antes mesmo da existência do ser humano. Segundo algumas teorias científicas aceitas atualmente, o ser humano evoluiu de hominídeos que viveram na África há cerca de 4 milhões de anos, tempo muito recente quando comparado à longa história geológica da Terra.
No decorrer dessa longa história geológica, as paisagens da superfície terrestre foram se modificando. Surgiram extensas florestas, enquanto outras deram lugar a grandes desertos. Muitos rios, lagos e mares se formaram e outros secaram. Enormes geleiras também se expandiram e se retraíram, ou até mesmo desapareceram, conforme as temperaturas na superfície do planeta oscilavam de uma época para outra, ora diminuindo, ora aumentando.
Glossário:
Hominídeo: família de animais que pertence à ordem dos primatas e que tem como características comuns: posição da coluna vertebral que facilita a postura ereta, crânio maior em relação ao tamanho do corpo, cérebro mais desenvolvido e mais complexo que o de qualquer outro animal, pernas longas em comparação aos braços e ausência de cauda.
Fim do glossário.
Boxe complementar:
O tempo geológico
Com base no desenvolvimento da vida no planeta, a história geológica da Terra foi dividida em quatro grandes eras, estabelecidas em ordem cronológica, da mais antiga para a mais recente, da seguinte maneira:
- Pré-Cambriana (primeiros sinais de vida)
- Paleozoica (vida antiga; paleo = antigo + zoico = vida)
- Mesozoica (vida intermediária; meso = meio + zoico = vida)
- Cenozoica (vida recente; ceno = recente, novo + zoico = vida)
Na ilustração da próxima página, podemos observar a duração relativa de cada era geológica. Observe que a Pré-Cambriana constitui a era mais antiga e também a mais longa da história geológica, que durou cerca de 4 bilhões de anos. Já a Cenozoica, a era na qual vivemos, é a mais recente e a mais breve dessa história, compreendendo apenas os últimos 66 milhões de anos. Juntas, as eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica formam o éon Fanerozoico, que significa "vida visível".
Fim do complemento.
13
Movimentos tectônicos ocorridos ao longo de milhões de anos soergueram grandes cadeias montanhosas, ao mesmo tempo que os agentes erosivos agiram, gradativa e continuamente, desgastando e aplainando as formas do modelado terrestre. O nível dos oceanos também sofreu variações, às vezes aumentando e cobrindo boa parte das terras continentais, outras vezes recuando e, assim, criando novos contornos e feições litorâneas.
- Na história geológica da Terra, o surgimento dos primeiros ancestrais humanos pode ser considerado um evento recente ou antigo? Justifique.
Tempo geológico
FONTE: Ilustração produzida com base em: WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de geologia. Tradução Harue O. Avritcher. São Paulo: Cengage Learning, 2009. p. 21. CRÉDITO: Imagem 1 - Richard Bizley/SPL/Latinstock; Imagem 2 - Christian Jegou Publiphoto Difusion/SPL/Latinstock; Imagem 3 - Lynette Cook/SPL/Latinstock; Imagem 4 - Walter Myers/SPL/Latinstock; Imagem 5 - Christian Jegou Publiphoto Difusion/SPL/Latinstock; Gráfico: Luciane Mori 
1 - Período do resfriamento da Terra e formação da crosta terrestre.
2 - Formação dos primeiros oceanos da Terra.
3 - Formação de bosques e plantas arbóreas no início da era Paleozoica.
4 - Os grandes répteis dominaram a Terra há cerca de 200 milhões de anos.
5 - Os primeiros ancestrais do ser humano surgiram entre 4 milhões e 1 milhão de anos atrás.
14
- O tempo da natureza e as marcas nas paisagens
As sucessivas transformações pelas quais a Terra passou ao longo de sua história geológica deixaram marcas nas paisagens, ou seja, registros do passado geológico que cientistas e pesquisadores, como os paleontólogos, procuram encontrar para compreender melhor a história natural da Terra.
Entre esses registros estão os achados fósseis, restos ou vestígios de animais e plantas que ficaram preservados naturalmente em meio às rochas ou outros materiais, ao longo de milhões de anos. Por meio desses fósseis, os cientistas identificam os tipos de animais e plantas já extintas, as condições climáticas da época em que essas espécies viveram e, assim, reconstituem as características ambientais das paisagens que existiram em épocas muito remotas.
Os fósseis marinhos encontrados atualmente em áreas continentais, por exemplo, comprovam que esses locais já estiveram cobertos pelas águas oceânicas. A ocorrência de fósseis de árvores e plantas (troncos, folhas, frutos, sementes etc.) revela o tipo de vegetação que existiu, há milhões de anos, em determinada região.
Para determinar a idade dos fósseis, são utilizadas técnicas de datação sofisticadas, com uso da radioatividade. Assim, a quantidade de determinados elementos químicos radioativos (carbono 14, urânio 238, entre outros) encontrada em amostras de rochas permite calcular com certa precisão a época em que essas rochas se formaram.
Boxe complementar:
A Paleontologia e os registros fósseis
Os paleontólogos são cientistas que se dedicam aos estudos de fósseis de animais e plantas, a fim de compreender melhor a vida e as paisagens ao longo da história geológica da Terra. Na foto abaixo, paleontólogo trabalha em escavações de um dinossauro em El Salvador, em 2013. Abaixo, alguns tipos de fósseis.
CRÉDITO: Ulises Rodriguez/Reuters/Latinstock
CRÉDITO: Wild Horizons/UIG/Getty Images
CRÉDITO: Thomas R. Taylor/Photoresearchers/Latinstock
LEGENDA DAS IMAGENS: Na foto A, vemos fósseis de plantas que datam de aproximadamente 250 milhões de anos; a foto B é de um peixe fossilizado que data de 60 milhões de anos; a foto C é de um inseto preso em âmbar que data de 45 milhões de anos.
CRÉDITO: Francois Gohier/ Photoresearchers/Latinstock
Glossário:
Paleontologia: ciência que estuda os seres vivos existentes em períodos geológicos passados por meio de registros fósseis, a fim de compreender as relações estabelecidas entre o ambiente e os organismos no período geológico em que existiram.
Fim do glossário.
Fim do complemento
15
- Os fósseis e a reconstituição das mais antigas paisagens
Com base nos registros fósseis de animais e plantas já encontrados em vários lugares do planeta, os cientistas puderam reconstituir com certa precisão algumas das paisagens naturais que já existiram na superfície terrestre ao longo de sua história geológica. A imagem apresentada abaixo ilustra a reconstituiçãode uma provável paleopaisagem que existiu na superfície da Terra em épocas geológicas passadas.
LEGENDA: Por meio de pegadas fossilizadas, como a mostrada acima, que datam do período Cretáceo, muitas descobertas sobre o passado geológico dos lugares são desvendadas.
CRÉDITO: Igor Karasi/Shutterstock.com
LEGENDA: A imagem acima retrata uma paleopaisagem, ou seja, uma paisagem que existiu em épocas geológicas passadas e foi reconstituída por meio de vestígios fósseis e outras informações do ambiente. Essa paisagem pertence à formação Crato, uma área do nordeste do Brasil localizada na região sul do estado do Ceará que data de aproximadamente 108 milhões de anos atrás (período Cretáceo).
CRÉDITO: Richard Bizley/SPL/Latinstock
Além dos fósseis, muitos dos processos e fenômenos naturais ocorridos ao longo do tempo geológico deixaram marcas nas paisagens, que, ao serem investigadas, também revelam parte das transformações ocorridas no nosso planeta.
Algumas formações rochosas da crosta, como as que são encontradas em partes do Sertão do Nordeste do Brasil, apresentam grandes estrias (ranhuras) expostas, marcas que teriam sido deixadas pelo movimento de gigantescas geleiras que cobriam a região há cerca de 300 milhões de anos, no final da era Paleozoica. Essas marcas comprovam, portanto, que as condições naturais do Sertão semiárido nordestino, dominado atualmente pelo clima quente e seco, já foram radicalmente diferentes em outras épocas do passado geológico (veja texto nas páginas 20 e 21).
Em boa parte do território brasileiro, como nas bacias dos rios Paraná, Parnaíba e Amazonas, também são encontrados sedimentos marinhos com fósseis que datam do período Devoniano (entre 408 milhões e 360 milhões de anos atrás), evidências de que essas áreas já estiveram cobertas pelas águas do mar decorrentes de transgressões marinhas ocorridas no passado geológico.
A existência de certos tipos de vegetação, hoje encontrados em domínios naturais totalmente diferentes, reflete as mudanças climáticas ocorridas nos últimos dois milhões de anos, no período Quaternário. Esse é o caso das áreas de Cerrado em trechos da Floresta Amazônica, de pequenas matas ilhadas nos vastos domínios dos cerrados e trechos de Caatinga encontrados em plena Mata Atlântica. Essas mudanças climáticas, ora com períodos mais frios e secos, ora com períodos mais quentes e úmidos, levaram à retração e à expansão dos biomas brasileiros.
Glossário:
Paleopaisagem: paisagem natural que existiu na superfície terrestre em um passado distante, ao longo da história geológica da Terra.
Transgressão marinha: processo oposto à regressão marinha, ou seja, é o avanço das águas oceânicas sobre os continentes, no qual ocorre a submersão das terras devido à elevação do nível dos mares. Pode ser decorrente de processos tectônicos, mudanças climáticas drásticas (glaciação), entre outros fenômenos.
Fim do glossário.
16
Infográfico - A vida na Terra
Após sua formação, há cerca de 4,6 bilhões de anos, a Terra foi se resfriando, formando as estruturas rochosas da superfície, os primeiros oceanos e a atmosfera primitiva. Depois, desenvolveram-se vários tipos de plantas que passaram a fornecer oxigênio para a atmosfera e permitiram, ainda, o desenvolvimento de outras formas de vida.
O tempo da Terra
Para sistematizar os acontecimentos desde a formação da Terra, o tempo geológico foi dividido em períodos de tempo denominados eras. As eras têm duração de milhões de anos.
CRÉDITO: Sol90 Images
17
A deriva continental
Vivemos sobre placas móveis, chamadas placas tectônicas, que se movem de forma gradual pela superfície da Terra. Esse fenômeno, chamado deriva continental, fez que os continentes, antes unidos em uma única massa de terras, fossem se separando ao longo do tempo.
CRÉDITO: Ilustração conforme: WICANDER, Reed; MONROE, James S. Fundamentos de geologia. Tradução Harue O. Avritcher. São Paulo: Cengage Learning, 2009. p. 388. PRESS, Frank et al. Para entender a Terra. Tradução Rualdo Menegat et al. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. p. 66-67.
18
A dinâmica natural e a transformação das paisagens
Em sua história geológica mais recente, nenhum cataclismo assolou o planeta Terra. As violentas e ininterruptas erupções vulcânicas cessaram, as mudanças climáticas ocorridas foram pouco significativas e nenhum grande asteroide, como o que pode ter provocado a extinção dos dinossauros entre 65 milhões e 70 milhões de anos atrás, chocou-se com o nosso planeta.
Desse modo, nesses últimos milhões de anos, as características das condições ambientais da Terra permaneceram praticamente as mesmas. Ainda assim, as paisagens da superfície terrestre, tanto as ocupadas pelos seres humanos como aquelas em que os elementos naturais se mantêm quase intactos, continuam sendo criadas e recriadas com constância pela ação dos mais variados fenômenos e processos naturais.
Alguns fenômenos naturais provocam transformações repentinas, deixando marcas muito visíveis nas paisagens terrestres. Uma violenta erupção vulcânica ou um terremoto, por exemplo, podem causar alterações profundas nas feições do modelado terrestre, criando novas formas de relevo e alterando completamente as características de uma região (veja foto A). A ocorrência de um intenso terremoto pode, em poucos segundos, sacudir com força a superfície da crosta terrestre e causar grande movimentação de massa, sobretudo em áreas montanhosas, e o desmoronamento de construções em áreas habitadas.
CRÉDITO: Zulkarnain Ginting/Anadolu Agency/Getty Images
As chuvas torrenciais também podem causar deslizamentos de terras em encostas de morros e em regiões montanhosas ou, ainda, provocar grandes inundações em vales e planícies fluviais (veja foto B).
CRÉDITO: Pedro Pardo/AFP Photo
A ação contínua dos ventos, por sua vez, pode provocar o deslocamento das dunas de regiões desérticas ou costeiras, sempre modificando a fisionomia dessas paisagens (veja foto C).
LEGENDA DAS IMAGENS: Área recoberta por fumaça e cinzas da erupção de um vulcão no Monte Sinabung, na Ilha de Sumatra, Indonésia, em 2015 (foto A); área onde ocorreu deslizamento de terras, soterrando casas, em La Pintada, México, em 2013 (foto B); casa encoberta por dunas trazidas pelo vento em Lüderitz, Namíbia, África, em 2014 (foto C).
CRÉDITO: Bill Gozansky/Alamy/Latinstock
Glossário:
Cataclismo: acontecimento ou acidente de grandes proporções que resulta em graves consequências naturais e/ou sociais (desastre, estrago, tragédia, calamidade).
Fim do glossário.
19
Outras modificações nas paisagens ocorrem de maneira muito lenta, até mesmo imperceptível, por meio de processos naturais que atuam continuamente ao longo de milhões e milhões de anos. Entre esses processos, estão:
- os movimentos tectônicos orogênicos, responsáveis pelo soerguimento e pela formação das grandes cadeias montanhosas da Terra, a exemplo do Himalaia (na Ásia, imagem abaixo), dos Alpes (na Europa) e dos Andes (na América do Sul);
- a ação erosiva das águas dos rios, que, de forma muito lenta, escavam o terreno, podendo formar cânions profundos, ou depositam sedimentos ao longo do seu curso, dando origem a vales e planícies fluviais;
- a ação prolongada dos ventos e das chuvas, que, lenta e gradativamente, desgastam e esculpem o relevo, criando novas formas no modelado da superfície terrestre.
LEGENDA: Na representação acima, observa-se o movimento da placa Indo-Australiana, que se moveu ao encontro da placa Euroasiática formando a cadeia do Himalaia, fenômeno ocorrido entre 70 e 10 milhões de anos atrás.
FONTE DA ILUSTRAÇÃO: REFERENCE atlas of the world. 9. ed. London: Dorling Kindersley, 2013. p. XV. CRÉDITO: Gary Hincks/SPL/Latinstock
Muitas outras transformações que ocorrem nas paisagens terrestres são provocadas por fenômenos ou processos naturais, que se manifestam em períodos sazonais ou cíclicos, como as estações do ano (primavera, verão, outono e inverno). As variações meteorológicas e climáticas provocadas pelas estações do ano interferem, por exemplo, no regime de cheias e vazantes dos rios, no crescimento,no ciclo reprodutivo e na florescência das plantas, no comportamento (acasalamento e movimentos migratórios) dos animais silvestres, entre outras mudanças que se repetem periodicamente conforme a época do ano. (Veja imagens abaixo.)
Primavera
Verão
Outono
Inverno
LEGENDA DAS IMAGENS: Paisagem da cidade de Preslav, na Bulgária, mostrando as quatro estações ocorridas em um ano.
CRÉDITO DAS IMAGENS: Stanimir G.Stoev/Shutterstock.com
20
Contexto geográfico 
Estudo de caso
Jardins suspensos no sertão
A maior parte do território brasileiro é composta por poucas áreas extensas e relativamente homogêneas do ponto de vista ecológico.
São os chamados domínios paisagísticos, como o da Mata Atlântica e o das caatingas, que também incluem áreas de contato e de transição entre os seus trechos mais típicos e contínuos. Mas, aqui e ali, é possível vislumbrar no interior dos domínios algumas áreas que destoam dessa relativa uniformidade e que chegam a representar um grande contraste com o que está à sua volta.
Essas paisagens de exceção, como são chamadas, espalham-se por todo o Brasil. Entre elas, destacam-se os enclaves de florestas úmidas do semiárido brasileiro, verdadeiras ilhas de Mata Atlântica em meio à caatinga, que só recentemente têm recebido atenção especial dos cientistas.
[...]
Para entender a dinâmica que rege esses fragmentos, é indispensável levar em conta o pano de fundo onde se inserem - o semiárido brasileiro. Ele ocupa uma área de aproximadamente 788 mil km2, ou 9,3% do território nacional, situando-se na sua quase totalidade na região Nordeste, abraçando, exceto o Maranhão, todos os outros estados da região e o norte de Minas Gerais. Apresenta médias anuais elevadas de temperatura (28 ºC) e evaporação (2.000 mm) e chuvas de total anual moderado (250-800 mm). Os solos são predominantemente rasos, muitas vezes pedregosos, com afloramentos localizados de rocha cristalina. Tudo isso se reflete em rios e riachos intermitentes.
[...]
Portanto, configura-se uma paisagem semiárida com enclaves espalhados de Mata Atlântica, de diferentes formas, tamanhos e graus de isolamento. Literalmente, são manchas de vegetação sempre verde em um "mar de caatinga", justificando a alcunha de ilhas de florestas úmidas. Entende-se por enclave ou encrave as formações vegetacionais estranhas, inseridas em comunidades naturalmente estabelecidas e em equilíbrio com o ambiente.
21
[...]
O que mantém até hoje o recobrimento florestal dessas elevações é a ação combinada da localização geográfica, altitude, disposição do relevo em relação ao deslocamento de ventos oriundos do litoral e do solo. A localização refere-se ao posicionamento das elevações em relação ao mar, que é de apenas algumas dezenas de quilômetros. Essa distância relativamente curta permite que ventos carregados de umidade as atinjam.
A altitude e a arrumação do relevo, por sua vez, agem juntas para formar um enorme muro que bloqueia esses ventos, condicionando a formação de chuvas na vertente exposta aos ventos e no topo das elevações - justamente onde a floresta se estabeleceu. Os solos participam desse processo por meio de suas propriedades adequadas ao suporte da floresta. [...]
Sabemos onde ocorrem essas ilhas de floresta úmida, quantas existem e como são essencialmente mantidas. Agora, é pertinente perguntar: de onde vieram? E por que, atualmente, estão pontuando o semiárido brasileiro na forma de enclaves florestais? As respostas aqui apresentadas ainda não são definitivas, mas certamente contêm algo mais do que uma simples aproximação da verdade.
Para entender a origem e evolução dessas ilhas, é preciso retornar ao Cretáceo Superior, intervalo de tempo entre 100 milhões e 65 milhões de anos atrás. Nessa época, em uma América do Sul isolada como enorme ilha, havia um manto contínuo de formação florestal no litoral leste. Tal manto era um fragmento comprido da antiga Floresta Gonduânica, que teria coberto trechos do supercontinente Gonduana no Jurássico, 180 milhões de anos antes do presente (veja figura abaixo).
[...]
Do Cretáceo Superior pulamos para o Pleistoceno (1,8 milhão até 10 mil anos atrás), quando modificações mais pronunciadas e definitivas ocorreram na vegetação, causadas por extremas variações climáticas. No Pleistoceno, o processo gradual de resfriamento e estiagem que o planeta já vinha enfrentando exacerbou-se. Nessa época, a Terra experimentou pelo menos cinco glaciações, e cada uma delas deu sua contribuição às mudanças. [...]
CAVALCANTE, Arnóbio. Jardins suspensos no sertão. Scientific American Brasil, São Paulo, n. 32, jan. 2005. Disponível em: www2.uol.com.br/sciam/reportagens/jardins_suspensos_no_sertao.html. Acesso em: 19 abr. 2016.
As imagens a seguir representam a transformação descrita no texto.
CRÉDITO: Luciane Mori
22
Sociedade, trabalho, técnica e espaço geográfico
LEGENDA: Ilustração de hominídeos que viveram há cerca de 1,8 milhão de anos, na porção sul do continente africano, disputando a caça com tigre-dentes-de-sabre; eles já utilizavam alguns instrumentos de madeira e pedra.
CRÉDITO: Mauricio Anton/SPL/Latinstock
Desde os primórdios de sua existência, os seres humanos passaram a se relacionar com a natureza como forma de satisfazer suas necessidades, ou seja, para obter alimento, construir abrigo, produzir roupas, garantindo, assim, as condições necessárias à sua sobrevivência.
No começo de sua história, no entanto, os seres humanos, organizados em pequenos grupos, viviam da caça, da coleta e da pesca, sendo obrigados a se deslocarem constantemente de um lugar para outro para obter alimentos. Vivendo de maneira nômade, abrigavam-se em pequenas cabanas erguidas com galhos de árvores, pedras, ossos e peles de animais. Com pedras, ossos de animais e pedaços de madeira também fabricavam instrumentos rudimentares, usados para caçar e cortar galhos, raízes e frutos.
Podemos dizer que eles viviam em um meio natural submetidos às condições impostas pela natureza, da qual se utilizavam sem provocar maiores transformações no espaço que habitavam. Desse modo, a configuração territorial do espaço terrestre existente até então se apresentava como o conjunto de paisagens naturais ainda pouco alteradas.
Mas, no decorrer de sua história, os seres humanos foram aprimorando e desenvolvendo novos instrumentos e ferramentas de trabalho, que melhoraram progressivamente suas técnicas, criando as condições necessárias para superar as limitações até então impostas pelo meio natural. Em sentido amplo, as técnicas podem ser definidas como o conjunto de conhecimentos e habilidades que se estendem a todos os domínios das atividades humanas. Em sentido mais restrito, elas se referem ao modo de se realizar determinada tarefa possuindo uma finalidade prática no desenvolvimento das atividades produtivas.
23
Assim, à medida que as técnicas foram aprimoradas, com o surgimento de máquinas e instrumentos mais avançados para a realização de tarefas produtivas, o trabalho humano também passou a intervir e a modificar a natureza, explorando com mais intensidade seus recursos, como o solo, os minerais, a flora e a fauna, as águas dos rios, lagos e oceanos etc.
Como consequência, a configuração das paisagens na superfície terrestre foi, ao longo da história, cada vez mais marcada pelas obras dos seres humanos: plantações, pastagens, cidades, fábricas, minas, estradas, portos, ferrovias etc.
A esse espaço humanizado, constituído por uma natureza socialmente modificada e produzida pelo trabalho do ser humano, damos o nome de espaço geográfico. Como não existem mais lugares na superfície do planeta que não tenham recebido direta ou mesmo indiretamente a interferência da ação humana, dizemos que o espaço geográfico abarca toda a superfície do globo.
A ação humana tende a transformar o meio natural em meio geográfico, isto é, em meio moldado pela intervenção do homem no decurso da história. [...] o papel do homem como agente de intervenção no espaço geográfico data apenas de há 6 500 ou 7 000 anos, com os primórdios da agricultura.[...] Contudo, a ação humanatem se manifestado de maneira cada vez mais intensa, graças aos efeitos conjugados do crescimento demográfico em todo o mundo e do progresso das técnicas. [...]
DOLFUSS, Olivier. O espaço geográfico. Tradução Heloysa de Lima Dantas. 3. ed. Rio de Janeiro: Difel, 1978. p. 29.
Boxe complementar:
As técnicas e a ampliação do horizonte geográfico
O aprimoramento de técnicas capazes de superar as adversidades e limitações impostas pelas condições do meio natural, combinado com os efeitos do crescimento demográfico (como estudaremos na unidade 4), permitiu que os seres humanos se dispersassem e se fixassem até mesmo nos meios mais inóspitos à sua sobrevivência. Hoje, os seres humanos podem ser encontrados tanto nas zonas extremamente geladas dos polos, como nas regiões secas e áridas dos grandes desertos e até mesmo no topo das mais altas montanhas do globo. Veja as imagens a seguir.
LEGENDA: Cidade de Reine, na Noruega, em 2015.
CRÉDITO: imageBROKER/Alamy/Latinstock
LEGENDA: Habitações no deserto na Namíbia, na África, em 2014.
CRÉDITO: meunierd/Shutterstock.com
Fim do complemento.
24
Técnica, cultura e identidade cultural
Ainda que o desenvolvimento das técnicas, acompanhado do expressivo avanço do conhecimento científico ocorrido nos últimos dois séculos, tenha se tornado uma característica marcante em diversos setores da sociedade em que vivemos, nem todas as sociedades avançaram da mesma forma no que diz respeito ao conhecimento técnico.
Atualmente, existem no mundo diversas sociedades tradicionais que garantem sua subsistência por meio de técnicas rudimentares e pouco elaboradas. Podemos citar o caso de sociedades que vivem da caça, da pesca e da coleta, de sociedades agrícolas tradicionais, que se dedicam quase exclusivamente ao cultivo de subsistência, e de sociedades que sobrevivem do pastoreio nômade.
Em geral, essas sociedades estão organizadas e estruturadas a partir de uma divisão social do trabalho que lhes garante a própria subsistência. Entre alguns povos caçadores e coletores, por exemplo, cabe aos homens a tarefa de caça e coleta de alimentos, enquanto as mulheres e as crianças ficam encarregadas do preparo dos alimentos. Já nas sociedades agrícolas tradicionais temos, em geral, uma divisão social do trabalho organizada com base nas tarefas a serem realizadas.
LEGENDA: Representantes do povo Hadzabe, que vive da coleta e da caça em áreas de floresta na Tanzânia, África, em 2013.
CRÉDITO: blickwinkel/Alamy/Latinstock
Boxe complementar:
Groenlândia, o cofre de ouro dos inuits
[...]
Em Aappilattoq, aldeia numa ilha da costa sudoeste, um coro de vozes inuits roucas canta hinos nostálgicos em sua língua materna.
[...] a luz brilhante e transparente ilumina as caras das mulheres e das crianças reunidas para um baile. Um teclado começa a tocar. Uma guitarra desafinada acompanha. Um rapaz do povoado filma tudo com sua câmera. O novo se choca com o antigo. A cultura que durante séculos sustentou os nativos da ilha está perdendo o sentido.
A cada ano a Groenlândia perde 240 km3 de gelo. O nível médio do mar já subiu 0,5 cm. O modo de vida dos inuits está ameaçado. O povoado é modesto. Umas 30 casas humildes de madeira, uma escola primária, uma igreja muito simples e um cemitério desproporcionalmente grande ocupam uma superfície rochosa junto a uma pequena baía. Ali vive esse povo solitário, cheio de sonhos de imigração para criar uma vida igual à das telenovelas dos países distantes.
Os inuits possuem antenas parabólicas, rádio, telefone, internet e sabem muito bem que aquele que parte nunca retorna para contar como a existência é diferente lá fora, a não ser raramente. Os que ficam admitem sua incapacidade para enfrentar uma existência destituída da paisagem a que estão acostumados. [...]
Como o urso-polar, o homem inuit sofre por causa das mudanças bruscas do clima e da política ambiental mundial. Hoje, para os nativos da Groenlândia, a maneira mais fácil de se alimentar é enchendo o carrinho no supermercado do vilarejo. Tudo o que nele se vende é importado da capital, Nuuk, ou de outros países.
Glossário:
Inuits: povos que habitam a região norte do Canadá, o Alasca e a Groenlândia.
Fim do glossário.
25
[...]
Os groenlandeses inuits recebem uma ajuda econômica da Dinamarca, país de onde vieram os primeiros colonizadores europeus. [...]
Esse não é, no entanto, um acordo ditado pelo altruísmo, e sim pela conveniência mútua. As duas nações pequenas precisam uma da outra. Os inuits não apenas são poucos, mas também lhes faltam mão de obra e competência para o desempenho de funções na sociedade moderna. Os dinamarqueses necessitam da riqueza dos mares da Groenlândia, que contribui para o gordo produto interno bruto da Dinamarca. [...]
As vozes de Aappilattoq cantam os hinos da sua nação inuit. O eco delas ressoa entre as montanhas. Como um todo, o país enfrenta um conflito humano de grandes proporções. Abrir seu cofre de ouro e repartir seus recursos naturais para serem explorados e desfrutar de proventos substanciais para criar uma nação moderna? Ou confiar que uma nova política ambiental mundial os deixará em paz com seus costumes e tradições, permitindo que eles evoluam do seu jeito e modo? [...]
PALMERS, Anne. Groenlândia, o cofre de ouro dos inuits. Revista Planeta, São Paulo, ed. 461, fev. 2011. p. 68. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/reportagens/groenlandia-o-cofre-de-ouro-dos-inuits. Acesso em: 28 out. 2015.
LEGENDA: Vilarejo de Aappilattoq, na Groenlândia, em 2014.
CRÉDITO: Magdalena Iordache/Alamy/Latinstock
Fim do complemento.
Uma época para o preparo da terra e o plantio das lavouras, outra para cuidado com as plantações e outra época destinada à colheita. Tais tarefas, geralmente, são realizadas de forma coletiva e com o uso de ferramentas rudimentares, como foices, enxadas, arados manuais de tração animal, entre outras.
Ainda que as sociedades tradicionais mantenham um modo de vida próprio e uma cultura singular, inúmeras dessas sociedades são culturalmente afetadas pela introdução de novos hábitos e costumes, gerados pelas inovações tecnológicas da sociedade moderna. Há casos em que essa interferência ocasiona intensa transformação cultural, resultando na perda da identidade cultural desses povos, com o abandono de hábitos e tradições seculares, até então transmitidos de geração a geração.
É o que já ocorreu, por exemplo, com muitos povos indígenas que vivem espalhados no território brasileiro, vítimas de um violento processo histórico de interferência cultural, que levou à assimilação de outras culturas e à perda sistemática e irreparável de seus costumes, tradições, hábitos e valores. O texto a seguir trata da situação dos povos inuits que vivem na Groenlândia.
LEGENDA: Grupo do povo pigmeu, que também vive da floresta e de pequenos cultivos, realizando dança típica de sua cultura em Uganda, na África, em 2012.
CRÉDITO: Palenque/Shutterstock.com
26
Atividades
Anote as respostas no caderno.
Sistematizando o conhecimento
1. Quais condições naturais contribuíram para o surgimento dos primeiros seres vivos?
2. Os fósseis podem trazer registros e informações do passado geológico da Terra. Explique.
3. Explique por que é possível encontrar fósseis marinhos em algumas áreas do território brasileiro, como no Nordeste, nas bacias dos rios Amazonas e Paraná.
4. Em qual era geológica ocorreram os seguintes acontecimentos:
a) surgimento dos seres multicelulares;
b) desenvolvimento da espécie humana;
c) extinção dos dinossauros;
d ) desenvolvimento dos répteis.
5. Defina o que são os movimentos tectônicos orogênicos.
6. Explique a influência das técnicas humanas na transformação do meio natural e dê exemplos.
Expandindo o conteúdo
7. Leia o texto a seguir.
Antropoceno: a época da humanidade?
[...]
Bem-vindos à 'época da humanidade'! Por séculos, a percepção do mundo, da vida social e dos meios de produção esteve (e está) centrada nos seres humanos. Chamamos essa visão de mundo de 'antropocêntrica'. Para as pessoas que vivem em sociedades com essa concepção, todos os recursosnaturais, e mesmo a própria história da Terra - e do cosmos -, converge para apenas um foco: a nossa espécie. Isso criou a ilusão de que a natureza existe para nos servir, e muitas sociedades orientaram suas ações por essa crença. Os humanos, segundo essa perspectiva, teriam regalias como possibilidade de expansão populacional ilimitada, usufruto contínuo de todos os recursos naturais e domínio cego sobre um planeta infinito.
No entanto, nosso planeta não é infinito. A Terra é um sistema aberto, de ciclos antiquíssimos, de variadas transformações ambientais - e podemos observar muitas delas por meio do registro geológico. Alterações atmosféricas, geológicas, químicas, biológicas, grandes erupções, grandes extinções e outros acontecimentos do passado podem ser 'lidos' nos chamados 'testemunhos geológicos' [...].
[...] em 2002, Paul Crutzen, químico holandês ganhador do prêmio Nobel (em 1995), publicou um artigo chamado Geologia da humanidade, onde sugeriu o termo 'antropoceno', reacendendo a polêmica na comunidade científica. Outras palavras, como 'tecnógeno' e 'tecnoceno', são ocasionalmente utilizadas para denominar esse tempo contemporâneo, que teria sucedido o Holoceno.
[...]
O que tornaria o Holoceno diferente da época em que estamos vivendo agora? O fato é que não esperamos encontrar, em uma camada estratigráfica do Holoceno anterior à Revolução Industrial, resíduos plásticos ou produtos orgânicos persistentes, como certos pesticidas (DDT e outros), policlorobifenilos (conhecidos como PCBs) e outros, além dos altos níveis atuais de radioatividade e de gases responsáveis pelo efeito estufa.
Glossário:
Camada estratigráfica: camada de rochas que se diferencia de outras camadas conforme o tipo de rochas, os conteúdos fósseis, entre outras características.
Fim do glossário.
27
A partir de meados do século 18, os humanos alteraram diretamente as paisagens em 40% a 50% do planeta, e marcas de sua influência afetam mais de 83% da superfície terrestre (é a chamada 'pegada antrópica'). A habilidade de rápida locomoção humana faz com que apenas 10% da superfície global seja considerada 'regiões remotas' (que ficam a mais de 48 horas de viagem, a partir de uma grande cidade).
[...] O termo Antropoceno ainda causa polêmica. Geólogos, paleontólogos e paleoclimatólogos, acostumados a grandes escalas de tempo, tendem a ser mais comedidos quanto ao estabelecimento dessa nova época geológica. [...]
Se não houver alguma grande catástrofe ambiental global, como o impacto de um meteoro, uma grande pandemia, uma guerra mundial ou outro evento que paralise o crescimento demográfico e/ou mude de direção o desenvolvimento tecnológico, a humanidade tende a continuar sendo uma poderosa força ambiental.
[...]
Reconhecendo isso, é preciso também admitir como são evidentes os sinais de que não mudamos o planeta apenas para o nosso bem. De fato, o tornamos mais hostil à presença de boa parte das formas de vida, inclusive a nossa. A humanidade - se conseguir se manter viva - precisará rever seu comportamento de força geológica e buscar formas de ocupar ambientes de modo menos agressivo e mais harmonioso, nem que seja apenas por pensar em benefício próprio. Extinções de antigas civilizações humanas por desastres ambientais não são novidade. O Homo sapiens sapiens, como esse nome indica, é uma espécie 'inteligente', que entende hoje as relações de causa e efeito: não temos, portanto, a desculpa da ignorância para repetir os mesmos erros.
MARTINI, Bruno. Antropoceno: a época da humanidade? Ciência Hoje, São Paulo, jul. 2011. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/283/pdf_aberto/antropoceno283.pdf/at_download/file. Acesso em: 28 out. 2015.
a) Você concorda que, na atualidade, os seres humanos têm vivido um período antropocêntrico, tal como é descrito no primeiro parágrafo? Justifique sua resposta.
b) Dê exemplos de testemunhos geológicos por meio dos quais muitos estudos obtiveram informações sobre a evolução da vida na Terra.
c) De acordo com o texto, como o Holoceno poderia se diferenciar do novo período, o Antropoceno?
d) O que o texto quer dizer com: "[...] a humanidade tende a continuar sendo uma poderosa força ambiental".
LEGENDA: Imagem noturna da Terra; as luzes marcam a presença humana.
CRÉDITO: NASA
28
Ampliando seus conhecimentos
Geografia, ciência e cultura
As telas e o registro das paisagens
Antes do invento da fotografia, as pinturas eram importantes registros das paisagens e, sobretudo, do modo de vida das pessoas no passado. Por meio das telas, artistas do mundo todo retrataram a configuração das mais variadas paisagens existentes na superfície terrestre e, principalmente, registraram as obras da humanidade, como plantações, pastagens, cidades, portos, entre outros, no espaço geográfico, em diferentes tempos passados. Atualmente, quando observamos essas obras de arte, podemos identificar hábitos, técnicas e ferramentas que caracterizaram diferentes modos de vida no passado. As imagens a seguir mostram algumas dessas telas.
LEGENDA: Jean-François Millet foi um dos grandes pintores franceses do século XIX. Por não apreciar a vida na cidade, François Millet viveu muitos anos no campo, tornando as paisagens rurais e o trabalho dos camponeses alguns dos temas centrais de suas obras. Acima, imagem da tela As Respigadeiras, de 1857.
CRÉDITO: Jean-Francois Millet. As Respigadeiras. 1857. Óleo sobre tela. Museu d'Orsay. Paris, França. Foto: Bridgeman Images/Easypix
LEGENDA: Muitos artistas retrataram paisagens brasileiras entre os séculos XVIII e XIX, entre eles, Iluchar Desmons. Nascido na França, Desmons chegou ao Brasil em 1840. Várias de suas obras retrataram paisagens da cidade do Rio de Janeiro. Acima, imagem da tela Barão de Mauá, produzida pelo artista em 1854.
CRÉDITO: Iluchar Desmons. 1854. Litografia sobre papel. 38,5 x 48 cm. Coleção particular
29
A Geografia no cinema
10.000 a.C.
CRÉDITO: Filme de Roland Emmerich. 10.000 a.C. EUA. 2008
Título: 10.000 a.C.
Diretor: Roland Emmerich
Principais atores: Steven Strait, Camilla Belle e Cliff Curtis
Ano: 2008
Duração: 109 minutos
Origem: Estados Unidos
O filme retrata a aventura de D'Leh, um jovem guerreiro que viaja por territórios desconhecidos em busca de Evolet, jovem sequestrada de seu povo por quem é apaixonado.
Por meio de cenas impressionantes, o filme mostra o conflito entre diferentes povos e, sobretudo, o domínio de técnicas desiguais.
Para assistir
- A GUERRA do fogo. Direção: Jean-Jacques Annaud. International Cinema Corporation, 1981.
O filme retrata a busca pelo domínio do fogo por um grupo humano da Pré-História.
- OS DEUSES devem estar loucos . Direção: Jamie Uys. 20th Century Fox, 1981.
Retratando o choque entre diferentes culturas, essa comédia mostra a história de um povo africano que acredita ter recebido um presente dos deuses. Tudo começa quando uma garrafa de refrigerante cai de um avião sobre a aldeia.
Para ler
- ANELLI, Luiz Eduardo. O guia completo dos dinossauros do Brasil. São Paulo: Peirópolis, 2010.
- KELLNER, Alexandre. Um fóssil espetacular. Ciência Hoje, São Paulo, 17 dez. 2014. Disponível em: http://tub.im/nz6qzm. Acesso em: 17 set. 2015.
- MCALESTER, A. Lee. História geológica da vida. São Paulo: Blucher, 1999.
- PALMER, Douglas. Evolução: a história da vida. Tradução Ana Catarina Nogueira. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.
- TORT, Patrick. Darwin e a ciência da evolução. Tradução Vera Lucia dos Reis. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
- ZIMMER, Carl. O livro de ouro da evolução. Tradução Jorge Luis Calife. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
Para navegar
- INSTITUTO Ciência Hoje. Disponível em: http://tub.im/qceb3p. Acesso em: 17 set. 2015.
- SOCIEDADE Brasileira de Geologia (SBG). Disponível em: http://tub.im/88tupa. Acesso em: 17 set. 2015.
- SOCIEDADE Brasileira de Paleontologia (SBP). Disponível em: http://tub.im/3z9j3x. Acesso em: 17 set. 2015.
30
Questões do Enem e Vestibular
Anote as respostas no caderno.
1. (UEM-PR) Sobre espaço geográfico, identifique a(s) alternativa(s) CORRETA(S).
(01) Para a Geografia,o espaço geográfico é aquele constituído pelas formas naturais e pelas formas criadas pelo trabalho humano, como produto das relações que ocorrem na vida em sociedade.
(02) Espaço é analisado levando em conta os lugares, as regiões, os territórios e as paisagens. Por isso, para a Geografia, espaço, região, território e paisagem têm exatamente o mesmo significado.
(04) Espaço geográfico abrange não apenas os objetos naturais e os artefatos humanos, mas também a rede de relações criada por fluxos de pessoas, mercadorias, capitais e informações.
(08) Para a Geografia, existem dois espaços bem definidos: o espaço físico e o espaço humano, sendo o primeiro entendido como natural, e o segundo como social. Os dois sempre são estudados isoladamente, e um não tem e nem sofre qualquer interferência do outro.
(16) O espaço geográfico é entendido apenas como espaço social, aquele em que as sociedades desenvolvem suas atividades econômicas. Nesse sentido, surgem as denominações de espaço agrícola, espaço industrial e espaço comercial.
2. (Fuvest-SP) Uma maneira de compreender a distribuição temporal de fenômenos ocorridos em longos períodos é situá-los em um ano de 365 dias. Por exemplo, ao transpor os 4,6 bilhões de anos da Terra para esse ano, a formação do planeta teria ocorrido em 1º de janeiro, o surgimento do oxigênio na atmosfera em 13 de junho, o aumento e a diversificação da vida macroscópica a partir de 15 de novembro e o início da separação da Pangeia em 13 de dezembro.
Considere os seguintes eventos:
Evento 1. Surgimento do Homo sapiens.
Evento 2. Revolução agrícola do Neolítico.
Evento 3. Declínio do Império Romano.
Evento 4. A colonização da América pelos europeus.
A partir das informações do texto, é CORRETO situar os referidos eventos no mês de dezembro desse ano no(s) dia(s):
Evento 1
a) 29.
b) 29.
c) 30.
d) 30.
e) 31.
Evento 2
a) 29.
b) 30.
c) 30.
d) 31.
e) 31.
Evento 3
a) 30.
b) 30.
c) 31.
d) 31.
e) 31.
Evento 4
a) 30.
b) 31.
c) 31.
d) 31.
e) 31.
3. (IFBA-BA) Considerando os referenciais teórico-metodológicos na construção do conhecimento geográfico e a análise e interpretação das transformações territoriais e espaciais ocorridas a partir do desenvolvimento da ciência e da tecnologia na dinâmica do modo de produção capitalista, é CORRETO afirmar:
a) O conhecimento geográfico sobre o espaço e a regionalização do sistema-mundo atual desconsidera os referenciais cartográficos utilizados no passado, uma vez que, com o processo de globalização e das tecnologias de comunicação mais avançadas, estes deixaram de ter sentido prático.
b) Com o desenvolvimento das tecnologias virtuais via computadores e redes sociais, as transformações socioterritoriais se apresentam no cotidiano reforçando a teoria determinista quando se trata de problemas ambientais e possibilista quando se trata de problemas históricos.
c) Sociedade e Natureza são as duas categorias conceituais que se articulam dialeticamente para a constituição da paisagem como objeto de estudo da geografia crítica.
d) Os veículos de comunicação de massa, entre eles a televisão, muitas vezes distorcem as informações geográficas, quando, vez por outra, apresentam a natureza como responsáveis por várias catástrofes naturais, desconsiderando os sujeitos que podem decidir os preços da renda da terra ou as formas de uso e ocupação do espaço.
31
4. (UEM-PR) Sobre o planeta Terra, sua idade e evolução, identifique o que for CORRETO.
(01) A Terra se originou há, aproximadamente, 9,6 bilhões de anos, juntamente com o início da formação do universo. As primeiras formas de vida na Terra surgiram na Era Mesozoica. Atualmente, nos encontramos na Era Paleozoica, no período Cretáceo.
(02) O método de datação realizado a partir do carbono quatorze (C14), que é um elemento radioativo absorvido pelos seres vivos, é muito utilizado para a investigação da idade de achados arqueológicos mais recentes, de origem orgânica, pois sua meia-vida é de 5.700 anos.
(04) O tempo geológico é dividido em Éons, Eras, Períodos e Épocas. A sua sistematização cronológica é conhecida como escala de tempo geológico. A partir dessa sistematização, foi possível estabelecer uma sucessão de eventos desde o presente até a formação da Terra.
(08) A deriva dos continentes se iniciou na Era Cenozoica, por volta de 100 mil anos atrás, quando só existia um único continente chamado de Gondwana. Posteriormente, no Holoceno, este continente se dividiu em cinco outros continentes, chegando à configuração atual.
(16) Geocronologia são as diferentes formas de investigação da escala de tempo das rochas, da evolução da vida e da própria Terra. O método de datação mais utilizado na Geocronologia envolve a medição da quantidade de energia emitida pelos elementos radioativos presentes nas rochas e minerais.
5. (UNESP-SP) As extinções em massa que marcaram a história da Terra aconteceram em diferentes períodos geológicos. Analise o texto e o quadro para responder à questão.
Texto
O sumiço de espécies é um fato da vida. Além das Big Five, como são conhecidas as cinco grandes extinções em massa do passado, nos dias de hoje é anunciada a Sexta Extinção, porque tem tudo para atingir dimensões comparáveis às das outras cinco grandes extinções em massa da história da Terra. Propício atentar a este problema, pois é o Ano Internacional da Biodiversidade.
As cinco primeiras
CRÉDITO: (Reinaldo José Lopes. Unespciência, ano 1, nº 7, abril de 2010. Texto e quadro adaptados.)
32
A partir do texto e do quadro, analise as afirmações.
I. Nas Big Five, os fatores que desencadearam a extinção em massa foram fenômenos astronômicos, geológicos com intensas erupções vulcânicas e a deriva dos continentes, associados a flutuações no nível do mar e mudanças climáticas.
II. Na Sexta Extinção, como é conhecido o atual momento, o principal fator que desencadeia este fenômeno é o aumento do número de terremotos e da atividade vulcânica no Círculo de Fogo do Pacífico.
III. Nas Big Five, as extinções em massa parecem não terem sido desencadeadas pela ação de seres vivos, principalmente por uma única espécie - o homem.
IV. A capacidade de recuperação da biodiversidade planetária é imensa. As Big Five ocorreram pela intervenção humana associada a eventos de impactos de meteoritos e intenso vulcanismo.
Estão CORRETAS as afirmações:
a) I, II e III, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) I, III e IV, apenas.
e) I e II, apenas.
6. (UFAM-AM) O texto abaixo é formado por trechos da obra de ficção científica, Viagem ao Centro da Terra (1864), do escritor francês Júlio Verne, que narra as aventuras e mistérios pelo interior do planeta.
Toda a história do período hulheiro estava inscrita naquelas paredes escuras, e um geólogo poderia acompanhar com facilidade as diversas fases. Os leitos de carvão eram separados por extratos de grés ou de argila compactos e como que esmagados pelas camadas superiores.
Nessa era do mundo que precedeu a era secundária, a Terra foi recoberta por uma vegetação compacta em virtude do calor tropical e da umidade persistente. Uma atmosfera de vapores envolvia todo o globo, escondendo ainda os raios do sol.
www.triplov.com/walkyria/viagem_centro_terra/capitulo_20.htm. Acesso em: 10 set. 2009.
O texto refere-se ao Período Carbonífero que aconteceu aproximadamente entre 360 a 286 milhões de anos durante a Era:
a) Mesozoica.
b) Cenozoica.
c) Proterozoica.
d) Paleozoica.
e) Pré-cambriana.
7. (UNIR-RO) Sobre as variações climáticas ao longo das eras geológicas, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
- O clima da terra sempre apresentou períodos glaciais e interglaciais.
- O homem apareceu na superfície da terra na era Cenozoica, no Quaternário, em um período interglacial.
- Os períodos glaciais são mais quentes que os interglaciais por apresentarem elevadas temperatura e umidade relativa.
- Na era Paleozoica, ocorreu o desenvolvimento dos peixes e da vegetação durante a glaciação.
- Antes do aparecimento do homem, a terra já apresentava mudanças climáticas naturais.
Identifique a sequênciaCORRETA.
a) V, F, F, F, V.
b) F, V, V, F, F.
c) V, F, F, V, V.
d) V, V, F, V, V.
e) V, F, V, V, V.
8. (FURG-RS) Relacione as eras geológicas com os eventos da coluna à direita.
Coluna da esquerda:
I Mesozoico.
II Cenozoico Terciário.
III Arqueozoico.
IV Paleozoico.
V Cenozoico-Quaternário
Coluna da direita:
1 - A formação das grandes bacias sedimentares brasileiras.
2 - Surgimento dos seres humanos.
3 - Origem da vida.
4 - Origem das Angiospermas.
5 - Surgimento dos desdobramentos modernos.
Aponte a alternativa que apresenta todas as relações CORRETAS.
a) I-3, II-1, III-4, IV-5 e V-2
b) I-1, II-2, III-3, IV-4 e V-5.
c) I-4, II-5, III-3, IV-1 e V-2.
d) I-5, II-2, III-4, IV-3 e V-1.
e) I-4, II-5, III-1, IV-2 e V-3.
33
9. (UFRR-RR) O planeta Terra em sua história passou por grandes mudanças, tanto geológicas como biológicas, sendo que um dos períodos mais marcantes foi a conhecida era dos grandes répteis que dominaram a Terra por milhões de anos.
Com base no texto acima indique a opção CORRETA:
a) A era dos grandes répteis é o Paleozoico.
b) A era dos grandes répteis é o Mesozoico.
c) A era dos grandes répteis é o Proterozoico.
d) A era dos grandes répteis é o Arqueozoico.
e) A era dos grandes répteis é o Cenozoico.
10. (ENEM-MEC) Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões de anos (4,5-109 anos), com a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42 anos. Ela só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o começar a plantar e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e, como denuncia uma ONG de defesa do meio ambiente, foi nesses últimos sessenta segundos que se produziu todo o lixo do planeta!
O texto permite concluir que a agricultura começou a ser praticada há cerca de:
a) 365 anos.
b) 460 anos.
c) 900 anos.
d ) 10.000 anos.
e) 460.000 anos.
11. (UEPB-PB)
"Toda paisagem que reflete uma porção do espaço ostenta marcas de um passado mais ou menos remoto, apagado ou modificado de maneira desigual, mas sempre presente".
(Olivier Dolfus, 1991)
De acordo com o texto, podemos afirmar:
a) A paisagem é um conjunto de formas heterogêneas de idades diferentes.
b) A paisagem é estática, ao passo que o espaço é dinâmico.
c) As formas antigas da paisagem são sempre suprimidas, devido a seu envelhecimento técnico e social.
d) As paisagens refletem, sempre, as marcas das desigualdades sociais, por serem produzidas sob o modo de produção capitalista.
e) A paisagem é uma representação do espaço, mas não é espaço, portanto, exibe as formas, mas esconde a essência de sua produção.
12. (UEL-PR)
"Na história primitiva, havia poucas formas criadas pelo homem, sendo bastante reduzido o número daquelas estabelecidas com um sentido de permanência ou de maior impacto. O espaço assemelhar-se-ia à tela proverbial esperando pela tinta da história humana. Neste aspecto, as alternativas eram infinitas. Entretanto, cada objeto permanece na paisagem, cada campo cultivado, cada caminho aberto, poço de mina ou represa constitui uma objetificação concreta de uma sociedade e de seus termos de existência. As gerações vindouras não podem deixar de levar em conta essas formas. As cidades e as redes de transportes dos tempos modernos testemunham tal herança, que se interpõe no curso do futuro."
(SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1992. p. 54.)
Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. Na paisagem produzida pelas sociedades, coexistem temporalidades distintas que se manifestam na diversidade de formas e de artefatos.
II. O aumento da densidade das paisagens faz com que as sociedades humanas percam a possibilidade de legar registros concretos de seus termos de existência.
III. Formas e objetos socialmente criados e dispostos no espaço têm papel ativo, pois facilitam ou inibem transformações sociais.
IV. Para as futuras gerações, a paisagem assemelhar-se-á a uma tela em branco esperando pela tinta da história humana.
Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
34
unidade 2 - Indústria e espaço geográfico
LEGENDA: Complexo petroquímico localizado na cidade de Edimburgo, na Escócia, em 2010.
CRÉDITO: Billy Currie Photography/Moment Select/Getty Images
35
Transformar matérias-primas em diferentes produtos: esse é o principal objetivo das indústrias. Ainda que pareça simples, esse processo envolve muitos fatores naturais, econômicos e sociais.
É necessário, portanto, desenvolver um olhar cada vez mais geográfico sobre a atividade industrial no mundo, com o intuito de compreender melhor e analisar mais criticamente essa atividade.
- O surgimento da indústria é um fato relativamente novo na história da humanidade, tendo se iniciado no século XVIII com a Revolução Industrial inglesa. O que você sabe sobre a Revolução Industrial? Em que a atividade industrial do presente difere daquela realizada no passado? Quais são atualmente os países mais industrializados do mundo? Qual é a importância da indústria para o desenvolvimento econômico de um país?
36
A indústria e a produção do espaço geográfico
As inovações técnicas ocorridas ao longo da história, conforme estudamos na unidade anterior, ampliaram a capacidade humana de intervir e de provocar modificações na natureza. Essas interferências, no entanto, se tornaram muito mais intensas a partir de meados do século XVIII, com o advento da indústria moderna. Com o surgimento da atividade industrial, a forma de produção, que até então se apoiava no trabalho manual e em pequena escala no artesanato e na manufatura (veja quadro abaixo), foi substituída pelo processo produtivo fabril, realizado no interior das fábricas.
Caracterizada pela introdução de máquinas movidas a energia, a princípio, pelo vapor gerado com a queima de carvão mineral e, posteriormente, pela eletricidade e pelo petróleo, a atividade industrial passou a transformar os recursos naturais em mercadorias produzidas em série, de maneira padronizada, mais rápida e em grande escala. Essa nova organização do processo produtivo, que historicamente ficou conhecida como Revolução Industrial, começou na Inglaterra no século XVIII e nos séculos seguintes se espalhou para outros países da Europa (França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Rússia) e do mundo (assunto que estudaremos mais detalhadamente no volume 3).
Boxe complementar:
Indústria
Conjunto de atividades produtivas que se caracterizam pela transformação de matérias-primas, de modo manual ou com auxílio de máquinas e ferramentas, no sentido de fabricar mercadorias. De uma maneira bem ampla, entende-se como indústria desde o artesanato voltado para o autoconsumo até a moderna produção de computadores e instrumentos eletrônicos. [...]
SANDRONI, Paulo. Novo dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p. 170.
Fim do complemento.
FONTE: Elaborado pelos autores.
37
Com o processo de industrialização em curso, o avanço da atividade industrial começou a transformar profundamente o espaço geográfico, a princípio nos países em que a indústria estava se desenvolvendo mais plenamente e, depois, em outras partes do mundo. Por isso, não é exagero dizer que a configuração do espaço geográfico contemporâneo resulta, em grande medida, do avanço da atividade industrial ao longo dos últimos dois séculos.
A expansão das áreas agrícolas, sobretudo das grandes monoculturas (veja foto A), assim como da exploração de recursos minerais (ambas atividades primárias), tornou-se necessária para sustentar o crescente aumento da produção industrial. Apoiada em processos produtivos (máquinas e formas de trabalho) cada vez mais eficientes, a atividade industrial ampliou intensamente a demanda por matérias-primas e fontes de energia, exigindo que mais e mais recursos naturais fossem explorados e transformados em bens materiais, como alimentos, roupas, moradias, combustíveis, ferramentas, meios de transporte, destinados ao consumo da população e ao abastecimento dasfábricas.
CRÉDITO: Daniel Acker/Bloomberg/Getty Images
A produção industrial em maior escala também ampliou o comércio interno e externo, intensificando a circulação de produtos e de matérias-primas entre diferentes regiões do espaço geográfico, o que acabou exigindo a ampliação e o desenvolvimento de redes e meios de transportes (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo) mais eficientes (veja foto B).
CRÉDITO: John Panella/Shutterstock.com
Nos países em que se desenvolveu mais, a indústria também levou ao crescimento acelerado das cidades, impulsionando o processo de urbanização (veja foto C). Isso porque um grande contingente de trabalhadores deixou o campo para ocupar os postos de trabalho gerados nas fábricas, enquanto outros foram expulsos pela mecanização da lavoura, uma vez que máquinas agrícolas eram fornecidas pelas próprias indústrias. Nos centros urbanos, a indústria também promoveu a expansão das atividades terciárias (comércio e serviços), que, por sua vez, estimularam ainda mais o aumento da produção industrial.
LEGENDA DAS IMAGENS: Monocultura em Nebraska, Estados Unidos, em 2015 (foto A); navio carregado de contêineres na ilha de Grand Bahamas, Bahamas, em 2015 (foto B); vista da cidade de Londres, Inglaterra, em 2015 (foto C).
CRÉDITO: IR Stone/Shutterstock.com
38
Tipos de indústria
As indústrias diferem umas das outras em aspectos como o tipo de bem produzido, a quantidade de matéria-prima utilizada, o nível tecnológico empregado na produção etc. Com base nessas diferenças, podemos classificar as indústrias de várias maneiras, sendo a mais comum a que se baseia na natureza dos bens produzidos. Nesse caso, temos:
CRÉDITO: JTB Photo/UIG/Getty Images
- Indústrias de bens de produção ou de base: transformam matérias-primas, principalmente minérios e recursos energéticos de origem fóssil, em matérias-primas essenciais para os demais segmentos industriais. Também são chamadas de indústrias pesadas pelo fato de utilizarem grande quantidade de matéria-prima e consumirem muita energia. Como forma de diminuir os custos de produção, essas indústrias tendem a se instalar próximas às fontes de matérias-primas e também de ferrovias e portos que facilitam o escoamento de sua volumosa produção. São exemplos: refinarias de petróleo (óleo diesel, gasolina, querosene, lubrificantes), siderúrgicas e mineradoras (ferro, aço, cimento), químicas e petroquímicas (tintas, vernizes, fertilizantes, adubos).
CRÉDITO: Paulo Fridman/Bloomberg/Getty Images
- Indústrias de bens intermediários ou de bens de capital: também chamadas indústrias de equipamentos, produzem máquinas e equipamentos para todos os segmentos industriais. Com o papel de equipar as demais indústrias, são essenciais para o desenvolvimento da atividade industrial. Elas tendem a se instalar em grandes regiões industriais, onde se concentram as empresas consumidoras de seus produtos. São exemplos: indústria de motores, máquinas, ferramentas, tratores, guindastes, materiais de transporte, autopeças.
LEGENDA DAS IMAGENS: Indústria siderúrgica no Japão, em 2013 (foto A); indústria de colheitadeiras agrícolas no Brasil, em 2013 (foto B); indústria de confecções no Vietnã, em 2014 (foto C).
CRÉDITO: Kham/Reuters/Latinstock
- Indústrias de bens de consumo: também chamadas indústrias leves, produzem bens que se destinam ao consumo da população. Como procuram se instalar perto de seus mercados consumidores, elas se encontram espacialmente mais espalhadas. Produzem bens duráveis e não duráveis. Como exemplos de bens duráveis temos automóveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, computadores e móveis; de bens não duráveis, alimentos, bebidas, vestuário, calçados, perfumes e medicamentos.
39
De acordo com o nível tecnológico empregado no processo produtivo, também podemos classificar a atividade industrial da seguinte maneira:
- indústrias tradicionais: caracterizam-se pelo baixo nível de automação no processo produtivo e, por isso, empregam mão de obra bastante numerosa e, em geral, com baixa qualificação. Entre essas indústrias, podemos citar as têxteis, de calçados e vestuário, de alimentos e bebidas, os frigoríficos e laticínios, as indústrias de móveis e as metalúrgicas. Abaixo, frigorífico em Jaguapitã, Paraná, em 2013.
CRÉDITO: Ernesto Reghran/Pulsar
- indústrias modernas: utilizam recursos tecnológicos mais avançados, apresentando maior nível de automação que o das indústrias tradicionais; por isso, empregam mão de obra menos numerosa, porém mais qualificada. Como exemplo, temos as petroquímicas, as montadoras de automóveis, as indústrias de eletrodomésticos e de aparelhos eletrônicos. Abaixo, indústria de computadores na China, em 2014.
CRÉDITO: Xu Xiaolin/Corbis/Latinstock
- indústrias de tecnologia de ponta: utilizam recursos tecnológicos altamente sofisticados, realizam grandes investimentos em pesquisas e empregam mão de obra bem reduzida e muito qualificada. Entre elas, estão as indústrias ligadas aos setores de informática, espacial, aeronáutica, química fina, robótica, biotecnologia. Abaixo, laboratório de pesquisa de alta tecnologia e suas aplicações industriais em Nova York, Estados Unidos, em 2013.
CRÉDITO: Brookhaven National Laboratory/SPL/Latinstock
- As diferenças coexistem
No território de um mesmo país, em uma mesma região ou em regiões diferentes, em uma mesma cidade ou em cidades diferentes, podem coexistir indústrias com níveis tecnológicos desiguais. Abaixo, podemos observar uma indústria de bens de consumo tradicional com reduzido nível tecnológico (foto A), instalada em Manaus, Amazonas, em 2013, e uma indústria moderna (foto B) também instalada na região Norte do Brasil, em Manaus, Amazonas, em 2014.
CRÉDITO: Paulo Fridman/Pulsar
LEGENDA DAS IMAGENS: Indústria de sacos de juta (foto A); indústria de motocicletas (foto B).
CRÉDITO: Paulo Fridman/Corbis/Latinstock
40
A indústria no mundo
Desde o surgimento das primeiras fábricas inglesas no século XVIII, o processo de desenvolvimento e expansão da atividade industrial pelo mundo apresentou forte tendência de se concentrar em determinadas áreas e regiões do globo devido às suas próprias características históricas.
Em virtude dessa tendência, o nível de industrialização entre os países do mundo difere muito. Assim, temos um grupo restrito de países altamente industrializados, que abrigam os maiores, mais complexos e mais sofisticados parques industriais do globo. São os países mais ricos e desenvolvidos do mundo, entre eles, Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Inglaterra e Canadá.
A atividade industrial se desenvolveu em outras partes do mundo, inclusive em países subdesenvolvidos, atualmente com maior expressão na China, além de Brasil, México, Argentina, África do Sul e Índia. Em outros países, porém, a atividade industrial é bastante incipiente e limitada tecnologicamente, se restringindo à produção de bens tradicionais (têxteis, calçados, bebidas, alimentos etc.). Há, ainda, os países que continuam sendo agrários e dependentes quase exclusivamente da produção e exportação de gêneros primários, ou seja, de matérias-primas de origem agrícola e mineral.
A intensa concentração da atividade industrial em algumas áreas não ocorre apenas em escala mundial: também pode ser observada no território de alguns países, mesmo naqueles mais industrializados. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, temos três grandes áreas industriais (nordeste, sul e oeste). No território japonês, as áreas de maior concentração industrial estão no sul do arquipélago. Na China, as maiores áreas industriais ficam na faixa litorânea do país. No Brasil, as principais áreas industriais se localizam na região Sudeste, sobretudo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O planisfério na página seguinte mostra a disparidade entre os países do mundo em relação ao nível de desenvolvimento industrial por eles alcançado. Neste mapa, podemos perceber a concentração industrial em cada país.
Boxe complementar:
Modelos de industrialização
Analisado do ponto de vista político-econômico, o

Continue navegando