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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Definição de vírus • À medida que o conhecimento foi avançando, os vírus foram definidos de formas diferentes. • São agentes infecciosos não visíveis ao microscópio óptico e filtráveis. Primeira definição. • Em 1957, os vírus foram definidos como entidades nucleoproteicas infecciosas, potencialmente patogênicas, que apresentam apenas um tipo de ácido nucleico, o qual é reproduzido de seu material genético; são incapazes de crescer ou fazer divisão binária, e são desprovidos de sistema de energia. • A maioria dos biólogos moleculares define vírus como parasitas genético-moleculares que usam os sistemas celulares para sua replicação. Contudo, trata-se de uma definição muito ampla, que engloba diversos tipos de elementos genéticos, tais como plasmídeos, transposons, viroides e virusoides. Não seria a melhor definição. • Definição correta: vírus são estruturas acelulares, com ciclo de replicação exclusivamente intracelular, sem metabolismo ativo fora da célula hospedeira. Ele necessita do maquinário biossintético de uma célula hospedeira, que pode ser eucariótica ou procariótica, para que ele consiga se propagar ou replicar. • O vírion: é uma partícula viral completa com: uma molécula de ácido nucléico circundado por uma capa proteica, podendo conter lipídeos e açúcares (capsídeo). Protege e carrega o genoma viral para dentro da célula a fim de ser replicado e amplificado. Ainda, tem ligantes de superfície e proteínas necessárias para sua replicação. • Os vírus possuem um arranjo molecular composto por proteínas e ácido nucléico, eventualmente um envelope lipídico cuja função é levar a informação genética para dentro da célula a ser infectada. Principais características dos vírus: • Não podem ser visualizados com microscopia óptica. É necessário microscopia eletrônica. • Requerem metabolismo celular ativo para sua replicação; • São incapazes de replicação fora da célula hospedeira; • Apresentam tropismo: o vírus possui tropismo por determinados tipos de células que sejam suscetíveis e permissíveis a eles. Infecção viral é um processo extremamente refinado. É preciso haver interação entre moléculas na partícula viral e moléculas na célula hospedeira. Essas moléculas da célula hospedeira são chamadas de receptores, ainda, para alguns vírus, há receptores e co-receptores. Para que haja essa interação, tem que haver uma parceria entre a célula que vai interagir e a partícula viral. Isso se reflete no fato de que não é qualquer vírus que vai conseguir infectar qualquer célula. Há grupos de células específicas que apresentam esses receptores para determinados tipos de vírus. Por isso, há vírus que vão se replicar em células de diferentes tecidos – pela necessidade desses receptores e co-receptores. • Genoma DNA ou RNA, nunca ambos; • Proteínas ou glicoproteínas – Glicolipoproteína, fazendo parte do capsídio e do envelope, quando presente. • Quando entram em uma célula hospedeira, possuem uma replicação logarítmica na base 10. • Proporção comparando o tamanho de partículas com os vírus. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Comparação de vários tipos de vírus com uma bactéria e uma célula humana. Composição das partículas virais • Capsídeo: é uma estrutura de natureza proteica, que envolve o genoma viral. Pode apresentar diferentes arquiteturas, a qual dará a morfologia do vírus. • Genoma viral: ácido nucléico que codifica a informação genética do vírus. • Core ou cerne viral: ácido nucléico viral mais as proteínas virais envolvidas na replicação e associadas a ele. • Matriz proteica: estrutura de proteínas não glicolisadas existente em alguns vírus, localizada entre o envelope e o capsídeo, que tem como principais funções sustentar o envelope viral e servir de ancoragem para as proteínas virais de superfície. • Envelope: bicamada lipídica proveniente da célula hospedeira – vírus envelopados. Tem ancoradas glicoproteínas conhecidas pelo nome de peplômeros ou espículas virais, as quais vão interagir com os receptores na célula hospedeira para começar o processo de infecção. Quando o vírus não é envelopado, as moléculas que serão reconhecidas por elementos na célula hospedeira estarão no capsídeo. Capsídeo • O capsídeo viral é proteico e pode ter diferentes arquiteturas: • Exemplos. • Diferentes morfologias dos vírus. Genoma viral • Há vírus cujo genoma é de DNA e vírus cujo genoma é de RNA. • Sendo de DNA, pode haver vírus com DNA de fita dupla; vírus de DNA fita dupla circular; vírus de DNA de fita simples e DNA de fita simples circular. • Uma parte importante dos vírus tem como ácido nucleio o RNA, que pode ser de fita simples, fita dupla, segmentado, linear ou circular. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Quando RNA de fita simples, pode ter uma polaridade + ou -. O de polaridade + vai funcionar com RNA mensageiro durante o ciclo de replicação viral. Já o de polaridade negativa não consegue fazer essa função. Ainda, há vírus com RNA segmentado que pode ter parte positiva e negativa. Core ou cerne • Associado ao genoma, a maioria dos vírus tem algumas proteínas que vão dar suporte para o processo de replicação quando o genoma for liberado dentro da célula. A associação do genoma a essas proteínas é chamada de core ou cerne viral. • Normalmente essas proteínas estão envolvidas no processo de replicação. Ex: HIV: - Essa é uma representação simples, pois existem bem mais proteínas no cerne do HIV. • Basicamente, genoma do vírus + proteínas envolvidas no processo de replicação. Matriz protéica/Tegumento • Também são proteínas, que estarão externamente ao capsídeo e internamente ao envelope. • Elas têm a função de sustentar o envelope e servir de ancoragem para as proteínas virais de superfície. Exemplo: Em azul estão as proteínas da matriz. Vírus não envelopados • Alguns vírus não apresentam essa estrutura do envelope. Exemplo: • Esses não envelopados tem basicamente o genoma, o capsídeo e algumas proteínas. Vírus envelopados • Muitos vírus importantes clinicamente são envelopados. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • O envelope é sempre adquirido por brotamento a partir da célula de uma membrana da célula hospedeira. Ancoradas a esse envelope há glicoproteínas que vão funcionar como moléculas de reconhecimento no receptor e co-receptor em uma célula hospedeira. Nomenclatura viral • Os vírus são organizados em famílias virais, não tantas, que possuem terminologia ales. • Há ordens (sufixo – virales); famílias (sufixo viridae), subfamílias (sufixo virinae), gêneros (sufixo vírus) e espécies virais. • Nas espécies sempre haverá um nome + sufixo vírus. Exemplos: - Vírus da raiva: Rabies virus; gênero: Lyssavirus; não tem subfamília; família: Rhabdoviridae; ordem: Monoegavirales. - Vírus do herpes tipo 2: espécie Human herpesvirus 2; gênero: Simplexvirus; subfamília: Alphaherpesvirinae; família: Herpesviridae; sem ordem. • Na rotina, utiliza-se a nomenclatura vernacular ou informal, na qual há família, subfamília, gênero e espécie, usando fonte Times New Roman, sem maiúsculo ou itálico. Fala-se por exemplo: a família picornaviridae, gênero enterovírus, vírus da raiva, vírus herper simplex tipo 2. Classificação de Baltimore • De acordo com o genoma do vírus e a estratégia de replicação, a classificação é feita em classes virais: - Classe I: vírus de DNA de fita dupla; - Classe II: vírus com DNA de fita simples; - Classe III: vírus de RNA de fita dupla; -Classe IV: vírus de RNA de fita simples com polaridade + ou -. - Classe V: vírus com RNA de polaridade negativa, muda a estratégia de replicação. - Classe VI: vírus de RNA de fita simples, mas que vão usar transcrição reversa para gerar RNA e DNA. - Classe VII: vírus que tem DNA dupla, mas que também vão utilizar uma estratégia de transcrição reversa. Etapas da Biossíntese Viral • Durante a infecção de uma célula, os vírus vão realizar algumas etapas importantes: - Reconhecimento e adsorção de uma célula; - Penetração ou internalização da partícula viral; - O genoma sofre desnudamento ou o chamado desencapsidação, ou seja, liberar esse genoma para que ele seja transcrito, traduzido... - Replicação; - Tendo as cópias do genoma, proteínas, observa-se o processo de morfogênese, que é a montagem das partículas virais e maturação. - Por fim, a liberação da progênie viral para que essas novas partículas encontrem novas células e reiniciem o processo de infecção. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Reconhecimento e adsorção viral • A infecção viral é um processo extremamente refinado, então tem que haver a interação/reconhecimento de uma molécula da partícula viral por moléculas de uma célula suscetível. • O início do processo de infecção envolve o reconhecimento de uma ou mais moléculas da partícula viral por uma ou mais de uma molécula na superfície da célula suscetível, para iniciar o processo de infecção. Alguns vírus fazem esse reconhecimento e adsorção em duas etapas (como exemplo o HIV). Nesses casos existe um receptor e co-receptor na célula hospedeira, para que haja o reconhecimento e adsorção. • A susceptibilidade de uma célula a infecção viral envolve a presença desses receptores e co- receptores para que aconteça o reconhecimento e adsorção, que vão culminar com a penetração da partícula viral. Então, para que a célula seja considera suscetível ao vírus, precisa apresentar os receptores específicos para a entrada desse vírus. • Permissividade de uma célula a infecção pelo vírus, é a condição que aquela célula tem de realizar todas as etapas para transcrição do genoma viral para replicação do vírus e montar uma progênie viral. • Nem toda célula suscetível, será permissível. Isso quer dizer que há células que tem os receptores, mas quando a partícula viral penetra, elas não conseguem produzir uma progênie viral capaz que depois de liberada possa infectar outras células. • E, por outro lado, nem toda célula permissiva é suscetível. Ou seja, tem células que possuem o maquinário biossintético para produzir uma progênie viral, mas carecem de receptores próprios para replicar determinados tipos de vírus. • Para que uma célula consiga replicar, produzir e liberar uma progênie viral, precisa ser suscetível e permissível. • Processo: Após o reconhecimento e adsorção de uma partícula viral, levando em conta o tropismo para a célula por parte desse vírus e a suscetibilidade e permissividade – podendo se replicar em diferentes células em espécies de animais diferentes ou em várias células em um mesmo animal, a próxima etapa é a penetração. Penetração • É a entrada do vírus ou de parte do vírus dentro de uma célula suscetível. Há alguns tipos de entrada ou de penetração: • Penetração direta: Acontece com vírus não- envelopados. Nesse processo, o vírus faz a adsorção, ocorre uma interação refinada com a qual ocorre a formação de um poro e o genoma será injetado. O vírus não entra totalmente. Essa penetração está acoplada ao desnudamento. • Endocitose mediada por receptor: vários tipos fazem esse processo. Isso pode acontecer com vírus envelopados e não envelopados. Logo depois do processo de adsorção, há indução da alteração do arcabouço da membrana celular, com a formação de uma vesícula endocítica. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Há uma sinalização para alteração da estrutura de actina da célula, formando a vesícula. • Fusão com a membrana celular: Só acontece com vírus envelopados. Logo após o reconhecimento e adsorção, acontece a fusão do envelope da partícula viral com a membrana dessa célula suscetível. O envelope fica do lado de fora e é liberado dentro da célula o genoma junto com as proteínas do capsídeo. Desnudamento/ Descapsidação do Genoma viral • É a liberação do genoma do vírus para dar continuação ao processo de replicação e produção de proteínas virais. Então, é a separação física entre as proteínas do capsídeo e o genoma viral. • Esse processo pode estar acoplado ao processo de entrada, como no caso da penetração direta, na qual a forma de penetração é a injeção do genoma direto no citoplasma da célula suscetível. • No caso de vírus com genoma de DNA: Depois de desnudado, precisa ser transferido para o núcleo, porque o processo de transcrição e de replicação tem que acontecer dentro do núcleo. Com exceção dos poxvírus. Logo, todos eles sofrem desnudamento próximo ao núcleo ou no citoplasma, mas precisa ser transferido para o núcleo. • Já nos casos de vírus com RNA, o desnudamento vai acontecer no citoplasma, porque o processo de replicação e tradução acontece nele mesmo (citoplasma). • Quando há a formação de uma vesícula endocítica, o desnudamento acontece por dois processos: - Acidificação do endossomo tardio: há fusão do envelope viral com a membrana endossomal e liberação do genoma no citoplasma. - Ação de proteases: a liberação do genoma viral acontece no endossomo tardio pela ação de proteases presentes dentro do endossomo, que vão culminar com a lise ou permeabilização desse endossomo tardio, liberando o genoma. Para falar da próxima etapa, é preciso lembrar de alguns conceitos importantes: • Dogma central da biologia molecular: DNA é transcrito em RNAm; o RNAm sendo traduzido em proteínas. Isso é a transcrição. E, o DNA sendo replicado de forma semiconservativa, em duas moléculas de DNA filhas. • Então, nas células, as enzimas responsáveis pelos processos de replicação e transcrição: - Replicação: DNA polimerase. Uma molécula mãe de DNA é aberta e uma fita serve de molde para a síntese da nova, e a outra fita tbm. Logo, há 2 moléculas de dupla fitas novas. A principal enzima envolvida nesse processo é uma DNA polimerase DNA dependente, já que precisa de uma fita molde, que serve para orientar qual nucleotídeo deve ser colocado na nova fita. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez - Transcrição: RNA polimerase, enzima que faz RNA com base no molde de DNA. Há a abertura da fita, com a RNA polimerase adicionando nucleotídeos de forma pareada, com a formação do RNA de fita simples, mensageiro, que vai levar a informação para os ribossomos para a síntese proteica. Essa RNA polimerase também é DNA dependente. • Não existe nas estruturas celulares RNA polimerase RNA dependentes – enzimas que fazem RNA a partir de RNA, nem DNA polimerases RNA dependentes – enzimas que fazem DNA a partir de RNA. • Existem vírus cujo genoma é de RNA. Então, como é que esses vírus fazem para se replicar? E existem vírus como os retrovírus, que tem um genoma de RNA, mas que tem uma etapa na qual produzem DNA, o qual se integra ao genoma da célula hospedeira. Como que esses vírus fazem para se replicar? • O vírus de RNA de polaridade positiva já entra na célula funcionando como RNA mensageiro. Assim, ele se associa aos ribossomos, produz a enzima RNA polimerase RNA dependente. • Quando o vírus é de RNA de polaridade negativa, precisa carregar na sua partícula viral a RNA polimerase RNA dependente vindo de outro ciclo de replicação viral, se não ele não vai conseguirse replicar. • No caso dos retrovírus, como também não há DNA polimerase RNA dependentes, ele também precisa carregar no seu vírion uma DNA polimerase RNA dependente, chamada de transcriptase reversa. Replicação viral • Vírus de DNA: Exemplo do herpes simplex 1, com DNA de fita dupla. Quando esse vírus entra na célula, seu genoma sofre o desnudamento próximo à membrana nuclear. Então, o DNA do vírus é liberado no núcleo. Como é um vírus de DNA, há RNA polimerase no núcleo, por ser um processo normal da célula eucariótica. A partir disso, haverá a transcrição de RNAs precoces – porque são inicialmente transcritos. Esses RNAs precoces vão sair do núcleo para o citoplasma e vão produzir proteínas precoces. Essas proteínas precoces estão envolvidas no processo de regulação da infecção viral e algumas delas são DNA polimerases. No caso do herpes simplex, ele não vai usar uma DNA polimerase da célula hospedeira. Ele codifica a sua própria. Essas DNAs polimerases que estão sendo produzidas no citoplasma, voltam para o núcleo, vão agir sobre o DNA da partícula viral e vão replicar – fazer novas cópias desse DNA de fita dupla. Essas novas cópias do DNA do herpes simplex vão ser transcritas em RNA mensageiros tardios. Esses RNAs mensageiros tardios vão para o citoplasma e são transcritos em proteínas tardias. Geralmente, as proteínas tardias são proteínas estruturais que estão envolvidas na formação do capsídeo e da matriz proteica (quando houver). Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez No caso do herpes simplex, a montagem vai começar dentro do núcleo. Então, essas subunidades proteicas tardias vão para dentro do núcleo, se reúnem e acontece a montagem. Em resumo: o genoma de DNA é liberado próximo ao núcleo e vai penetrar por poros dentro do núcleo da célula hospedeira. Ocorre a transcrição de RNAs e proteínas precoces; a replicação do genoma do vírus; a transcrição e tradução de proteínas tardias; e subsequentemente, o processo de montagem e liberação dos vírus. • Vírus de RNA de fita simples de polaridade +: esse RNA tem o funcionamento com RNA mensageiro. Exemplo do processo de replicação do genoma do vírus da hepatite A: Assim que esse genoma sofre desnudamento, ele vai entrar em contato com o maquinário biossintético da célula hospedeira e será traduzido, produzindo proteínas. Mas, ele também vai sofrer replicação, gerando uma fita molde de RNA de polaridade negativa – só se faz cópias do RNA de polaridade + a partir do RNA-. A fita de RNA+ serve de molde para uma fita de polaridade negativa, e essa fita de polaridade negativa vai ser replicada em várias outras de polaridade +. Esse RNA de polaridade + vai funcionar como genoma das novas partículas virais. Então, esse vírus ele já carrega sua RNA polímerase. No caso desse vírus, há a tradução de uma poliproteína, a qual é clivada em várias proteínas. Essas proteínas do capsídeo sofrem montagem e a morfogênese, que vai culminar com a liberação. Em resumo: os vírus de polaridade + já tem sua tradução garantida, porque esse RNA atua como RNA mensageiro. • Outro exemplo de vírus de RNA de fita simples com polaridade +: retrovírus do HIV: O HIV tem uma partícula viral extremamente complexa. Logo após o processo do desnudamento, a transcriptase reversa vai fazer um híbrido RNA/DNA e depois uma dupla fita de DNA. Esse DNA de fita dupla vai entrar no núcleo da célula hospedeira. Dentro do vírion, o HIV também carrega além da enzima transcriptase reversa, uma integrase. Então, esse DNA de fita dupla recém-sintetizado, por ação dessa intregrase, vai se integrar no genoma da célula hospedeira. E, uma vez integrado, será transcrito como os genes da célula hospedeira são naturalmente transcritos. Com isso, haverá RNAs mensageiros que vão sair do núcleo para o citoplasma, se ligar ao maquinário sintético da célula, produzem uma série de proteínas – tanto do core quanto estruturais. No núcleo haverá também a cópia dos RNAs mensageiros que também funcionam como genoma do HIV. A próxima etapa após isso será a montagem e liberação do HIV. Resumo: o HIV já carrega sua transcriptase reversa; o DNA de fita dupla se integra e passa a ser transcrito; o RNAm é traduzido como se fosse de genes da própria célula; há produção de proteínas do vírus do core, da matriz e do capsídeo; depois, o processo de montagem do HIV. Montagem • A etapa subsequente a replicação é a montagem. Nela, há o empacotamento do ácido nucléico e de Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez outras moléculas, quando presentes – core, matriz, no capsídeo. • Exemplo no herpes simplex: Quando há o genoma replicado e proteínas tardias do capsídeo, há a montagem inicial do núcleo capsídeo. • Exemplo da hepatite A: tem as réplicas do genoma do vírus; a síntese da poliproteína e sua clivagem; a montagem do pró-capsídeo, onde as proteínas se organizam sem associação com genoma; depois, o genoma é direcionado para o interior do capsídeo para montagem. • Exemplo do HIV: tem a replicação do genoma; a produção das proteínas estruturas; a montagem. • Alguns vírus passam por um processo de maturação, como é o caso do HIV. Isso porque uma das enzimas tem que sofrer clivagem para se tornar ativa. • No caso dos vírus envelopados, que vão adquirir seu envelope a partir de uma membrana da célula, muito importante é que: dentro das proteínas tardias, há proteínas que vão ficar ancoradas na parte interna da membrana (citoplasmática, nuclear ou vesicular), para que haja o endereçamento e que a partícula viral que está sendo montada se ancore ali e possa brotar. A partir dessas proteínas ancoradas é que começa a montagem. Liberação da progênie viral • Etapa final da biossíntese dos vírus. • Os vírus prontos ou quase prontos serão liberados no meio extracelular para infectar novas células. • Os vírus não envelopados, necessariamente, são liberados pela lise da célula hospedeira. Há um acúmulo de partículas virais no interior da célula hospedeira, e em um determinado momento essa célula hospedeira vai sofrer lise e liberar as partículas virais. O número de partículas virais é na escala de milhares. • No caso dos vírus envelopados, geralmente, os vírus vão adquirir o envelope a partir de uma das membranas celulares, pode ser a membrana citoplasmática, do núcleo, de alguma organela ou vesícula intracelular. O processo de aquisição do envelope é chamado de brotamento. Não há lise da célula. A célula se mantém intacta e vai liberando as partículas virais. • Outras dessas proteínas produzidas durante a biossíntese viral, vão ser sintetizadas e direcionadas para a membrana e vão se projetar para o meio extracelular, porque durante o brotamento, a partícula viral vai se ancorar e há o brotamento, então essas proteínas já devem estar endereçadas para a membrana e projetadas externamente. Isso para que quando o vírus brote, ele carrega o envelope com as espículas – essas proteínas membranares, essenciais para o reconhecimento e infecção de outras células. Por isso que a célula infectada pelo vírus se torna diferente: ela recebe várias proteínas codificadas pelo vírus que serão expressas na superfície. Esse também é um mecanismo para reconhecimento pelo sistema imune, tanto por anticorpos quanto pelas células do sistema imune, já que a superfície da célula ficará toda alterada. Fotografia de microscopia eletrônica do HIV: brotamento de partículas de HIVa partir da membrana citoplasmática. A partícula se associa à membrana e brota no meio extracelular sem que haja a lise da célula hospedeira.
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