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Prévia do material em texto

Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
 
Capítulo 3 – Estudo de processos de 
trabalho 
 
 Objetivos de aprendizagem 
Este capítulo inicialmente fornece o conceito de processos de trabalho e 
discute diversas ferramentas práticas, que permitem a descrição, mensuração, 
análise e proposição de melhorias desses processos. Em seguida, são aborda-
dos os aspectos ergonômicos, que devem ser observados nos locais e condições 
em que ocorrem os processos de trabalho. 
Após a leitura deste capítulo, o leitor estará apto a: 
Entender o conceito de organização e métodos em uma organização e 
o que são processos organizacionais. 
Elaborar uma detalhada descrição de processos de trabalho, utilizan-
do diagramas de fluxo e fluxogramas de processo, que permitam ana-
lisar e propor melhorias nas atividades da empresa. 
Conhecer os principais conceitos sobre ergonomia, referentes às con-
dições de trabalho, dentre os quais a função neuro-muscular, a inter-
ferência do metabolismo humano na execução do trabalho, os 
cuidados necessários com a coluna vertebral, a percepção visual e 
auditiva humanas e as bases antropométricas que precisam ser ob-
servadas nas estações e ambientes de trabalho. 
 
 Resumo 
Tudo o que acontece nas organizações pode ser considerado como uma 
forma de transformação. A seqüência de atividades, executadas sempre da 
mesma forma e ordem, para realizar um produto ou serviço é chamada de 
processo organizacional. 
3 
140 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
A correta identificação de um processo, por meio de ferramentas como o 
diagrama de processo e os fluxogramas, permite que ele seja analisado e mel-
horado. 
Os fluxogramas são formas de representar por meio de símbolos gráficos, 
a seqüência dos passos de um trabalho, para facilitar sua análise. 
A ergonomia teve sua origem na Segunda Guerra Mundial, com o intuito 
de desenvolver soluções para os problemas de operação de aparelhos militares. 
O resultado deste trabalho foi muito satisfatório e pôde ser aproveitado na ind-
ústria, posteriormente. 
Os domínios de especialização da ergonomia podem ser divididos em er-
gonomia física, que está relacionada às características da anatomia humana, 
ergonomia cognitiva, que se refere aos processos mentais como percepção, 
memória, raciocínio e resposta motora e ergonomia organizacional, que se ref-
ere à otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo suas estruturas organi-
zacionais, políticas e de processos. 
Este capítulo trata, basicamente, da ergonomia física, discutindo os se-
guintes aspectos: 
A função neuro-muscular, a qual estuda o tempo de duração e recu-
peração de um esforço muscular para aplicação em trabalhos físicos. 
Este tempo é influenciado pela idade e sexo do trabalhador. 
O metabolismo humano, o qual está relacionado à demanda energéti-
ca necessária para a realização de um trabalho físico qualquer. O rit-
mo circadiano representa o ritmo metabólico de cada organismo 
humano, explicando a diferença entre pessoas matutinas e pessoas 
vespertinas. 
A coluna vertebral, que pode ser prejudicada por hábitos de postura 
inadequados. Cuidados devem ser tomados quando se trabalha na 
posição em pé, sentada ou deitada. 
O sentido da visão, o qual chega a controlar 90% de todas as ativida-
des de um indivíduo. No ritmo de vida atual, as funções visuais são 
levadas ao limite de sua capacidade nos trabalhos industriais, na es-
cola, no trânsito intenso e até em casa. Trabalhos que exigem elevada 
acuidade visual precisam ser adequadamente administrados. 
A percepção auditiva, já que nenhum som chega sozinho ao ouvido. 
Sempre há um ruído de fundo, proveniente do ambiente. Quando exa-
cerbado, como pode acontecer em uma instalação industrial, o ruído é 
considerado poluição sonora, interferindo na produtividade e qualida-
de dos resultados do processo. 
O capítulo proporciona, ainda, uma discussão de bases antropométricas, 
ou seja, das medidas físicas do corpo humano. Sua aplicação é indispensável à 
ergonomia, pois permite a adequação dos produtos fabricados e dos postos de 
trabalho a aspectos fisiológicos do ser humano. 
Vale a pena conferir o conteúdo deste capítulo! 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 141 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
ORGANIZAÇÃO & MÉTODOS – O&M 
Há poucas décadas, praticamente todas as empresas de maior porte pos-
suíam em seus organogramas, um setor ou departamento denominado: Or-
ganização e Métodos (O&M) ou Organização de Sistemas e Métodos (OS&M). 
Praticamente todos os cursos de administração de empresas tinham em seus 
currículos uma disciplina também com esta nomenclatura. Hoje em dia, esta 
denominação para um setor, pode até parecer estranha para algum adminis-
trador de empresas mais jovem. 
Uma das principais atribuições do setor de Organização e Métodos era 
documentar, criticar e padronizar os inúmeros procedimentos de trabalho utili-
zados na empresa. As barreiras interdepartamentais existentes em qualquer 
organização parecem nunca ter permitido que o trabalho destes profissionais 
fosse levado a cabo. A presença de um estranho ao departamento para levantar, 
documentar e analisar processos não era bem aceita. Isto acontecia de forma 
declarada ou dedicando-se pouca importância ao trabalho do profissional de 
O&M. Em muitos casos, o setor de O&M foi se transformando, aos poucos, em 
uma área burocratizada, restrita ao controle dos formulários utilizados pela 
empresa. Ainda aí havia dificuldades mesmo que o presidente ou superinten-
dente da empresa desejasse que os procedimentos fossem documentados e pa-
dronizados, a resistência era grande e os gestores de área não acreditavam na 
importância da documentação dos processos. É importante lembrar que, até 
algum tempo, não existiam computadores pessoais e editores de texto para 
auxiliar nessa tarefa. O destaque: “Natureza e posição do órgão de O&M” ilus-
tra a situação de bloqueio enfrentada por este tipo de atividade nas organiza-
ções. 
A NATUREZA E POSIÇÃO DO ÓRGÃO DE O&M 
“De acordo com a sua posição hierárquica, o órgão de O&M é por vezes chamado de Assesso-
ria, de Consultoria, de Departamento, de Divisão, de Seção ou de Setor. Alguns autores re-
comendam sua subordinação ao departamento financeiro ou administrativo; outros advogam 
o seu posicionamento junto à cúpula da Organização; outros ainda não fazem qualquer refe-
rencia à função, considerando-a de pouca relevância. (...) O órgão de O&M deve estar situado 
nos níveis mais elevados da hierarquia organizacional, não como órgão de linha, mas sim, de 
assessoramento do Presidente. Essa posição elevada, e ao mesmo tempo neutra, permitir-
lhe-á a realização de trabalhos em qualquer unidade da Organização, propiciando-lhe uma 
visão panorâmica e sistêmica, garantindo-lhe prestígio e atenção”. 
Fonte: Chinelato (1991, p. 35). 
A CONTRIBUIÇÃO DA SÉRIE ISO-9000 
Na década de 90, quando as empresas brasileiras foram expostas aos 
efeitos da abertura do mercado e da globalização, e precisaram melhorar a 
qualidade dos seus produtos, foi necessário rever seus processos produtivos. 
Os esforços para a obtenção da certificação ISO 9000 trouxeram um novo 
alento à análise ou estudo dos processos de trabalho. Para a implantação dos 
sistemas da qualidade, requeridos pelas normas da série ISO 9000, é obri-
gatório que as empresas documentem todos os seus processos. Essas normas 
142 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
exigem procedimentos documentados. Durante a elaboração destes procedi-
mentos, grande número de empresas brasileiras percebeu que seus processos 
poderiam ser melhorados, e muito. 
Talvez a maior contribuição, no Brasil, para a análise de processos de 
trabalho nas organizações tenha sido o movimento provocado pela adoção 
mundial das normas da série ISO-9000. A imposição da revisão dos processos 
pelo ambiente externo à organizaçãoreafirma o trabalho de organização e 
métodos, não mais como atribuição de um setor específico, mas como dever de 
cada setor que passa a ser responsável pela descrição dos procedimentos de 
trabalho adotados pelos seus integrantes. Atualmente faz parte do trabalho de 
qualquer profissional a compreensão e obediência dos procedimentos docu-
mentados para a realização dos trabalhos. 
Apesar da imensa contribuição para o Brasil que o movimento em busca 
da certificação das normas da série ISO 9000 proporcionou, não é rara, mesmo 
nos dias de hoje, a existência de processos de trabalho improdutivos e que, 
naturalmente, podem ser melhorados. Talvez o mais grave seja o fato de a 
empresa não estar ciente desta situação. Ainda há empresas que não analisam, 
com o rigor necessário, como andam seus processos de trabalho. 
O QUE SÃO PROCESSOS ORGANIZACIONAIS? 
As atividades em uma organização existem como conseqüência de uma 
sucessão de eventos, que podem ser decorrentes de exigências do meio ambi-
ente no qual a empresa está inserida ou decorrentes de ações dos membros da 
própria organização. Cada um destes eventos pode ser visto como uma trans-
formação de uma coisa em outra. Na verdade, tudo que acontece nas organiza-
ções pode ser considerado como uma forma de transformação. 
Processo produtivo 
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O
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C
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IÇ
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O
 
À seqüência de atividades que, executadas sempre da mesma forma e na mesma or-
dem, resulta no produto ou serviço pretendido dá-se o nome de processo produtivo. 
A norma ISO 9000:2000 define processo como um conjunto de atividades inter-
relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos 
(saídas). 
 
Os processos podem variar bastante entre si. Alguns são extremamente 
elementares, outros, extremamente complexos. Um processo também pode ser 
dividido, ou quebrado, em outros processos menores que podem ser consider-
ados sub-processos. São exemplos de processos de uma organização: 
contratação de um novo funcionário: é o processo de selecionar, en-
trevistar, preparar a documentação, elaborar um contrato de experi-
ência, avaliar o funcionário durante o período do contrato de 
experiência, elaborar um contrato permanente etc. Este processo 
transforma o quadro de funcionários da organização; 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 143 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
recebimento de materiais: é um processo que transforma a dispo-
nibilidade de local e propriedade dos materiais que a empresa necessi-
ta para trabalhar; 
almoço ou jantar do refeitório: empresas que possuem refeitórios, 
terceirizados ou não, têm neste local a realização do processo de ali-
mentação dos funcionários, que também se trata de uma transfor-
mação de trabalhadores com fome em trabalhadores alimentados e 
prontos para suportar a jornada de trabalho. 
Como já mencionado pode-se dizer que tudo o que acontece em uma or-
ganização se dá por meio de processos. Um processo organizacional genérico é 
ilustrado na Figura 17. 
recursos 
transformadores
recursos para 
transformação 
processo de 
transformação 
produtos e 
serviços 
entradas 
saídas 
 
Modelo de processo organizacional genérico 
A atenção, neste capítulo, está direcionada aos processos sob responsa-
bilidade dos gestores de das atividades de produção e operações, naturalmente. 
CONCEITOS 
Estudo de processos de trabalho: a análise de métodos ou processos de 
trabalho aborda técnicas que submetem a um detalhado estudo cada operação 
de uma dada tarefa, com o objetivo de eliminar qualquer elemento desneces-
sário à operação e também conseguir determinar o melhor e mais eficiente 
método para executar cada operação da tarefa. 
Engenharia de fábrica: também denominada engenharia industrial ou 
engenharia de manufatura, é o setor que deve estabelecer o método de trabalho 
ou o processo mais eficiente, ou seja, que procura otimizar o local de trabalho 
com relação a ajustes de máquinas, manuseio e movimentação de materiais, 
leiaute, ferramentas e dispositivos específicos, medição de tempos e raciona-
lização de movimentos. 
Em tempos passados, era comum que estes setores fossem indepen-
dentes da área em estudo. Atualmente, as atividades inerentes à engenharia de 
fábrica não são mais vistas como de responsabilidade exclusiva de um setor à 
parte. O estudo dos processos de trabalho passou a ser de responsabilidade di-
reta das áreas de manufatura. 
Projeto de trabalho: projetar um trabalho consiste em definir uma 
forma padronizada para o desenvolvimento do trabalho. Define quais serão as 
144 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
tarefas e sua seqüência, os indicadores de medida e controle, os métodos de 
trabalho, a tecnologia, a autoridade e a responsabilidade da operação. Pre-
ocupa-se também com as atividades que influenciam o relacionamento entre 
pessoas. 
Registro de um processo industrial: procedimento documentado que 
define o projeto de trabalho. Registros de processos são aplicáveis tanto para 
tarefas mais simples e rotineiras, como a montagem de determinado compo-
nente, como para tarefas mais complexas, como o procedimento de recebi-
mento e conferência da qualidade de materiais. 
A utilização de procedimentos documentados traz várias vantagens para 
os gestores de produção. Dentre as mais expressivas pode-se mencionar: 
Treinamento de novos funcionários: os registros de processo industrial, na 
forma de procedimentos de trabalho, são verdadeiros manuais de execução das 
tarefas necessárias para se obter os produtos/serviços da empresa. O contato 
de um novo funcionário com estes procedimentos não somente facilita o tra-
balho de treinamento, como diminui o risco do funcionário aprender a tarefa de 
forma errada. 
Fonte de consulta às duvidas: se existe dúvida quanto à forma de realizar 
um determinado trabalho, os procedimentos escritos podem ser consultados, 
desde que eles existam na empresa, naturalmente. 
Descentralização do conhecimento: quando se escreve e registra a forma 
de execução dos trabalhos, o conhecimento se torna público, dentro da organi-
zação. Não é bom que o conhecimento e experiência estejam somente na ca-
beça das pessoas. Gestores de empresas passam por situações difíceis quando 
o único funcionário que conhece determinada tarefa deixa a empresa. Por in-
crível que possa parecer, na maioria das vezes, essas situações não dizem 
respeito a tarefas altamente complexas. A ausência ou demissão de um 
funcionário de uma empresa que não tem seus procedimentos documentados 
pode dificultar a realização de atividades simples como: colocar um pedido no 
sistema, dar entrada em uma nota fiscal, cadastrar determinado material, 
emitir uma nota fiscal de remessa para conserto etc. 
Facilidade de auditoria: pelo menos em empresas de maior porte, é 
prática comum que os proprietários, acionistas, membros do conselho ou dire-
tores promovam auditorias na empresa para verificar se os processos são segu-
ros, se não há possibilidade de fraudes, enfim, se a gestão está sendo bem feita. 
Tanto os auditores como os próprios auditados têm dificuldades e perdem 
tempo, um em entender e o outro em explicar o processo. Quando os processos 
são documentados, o trabalho do auditor é facilitado e o gestor da área trans-
mite confiabilidade e profissionalismo. Convém mencionar que estas auditorias 
podem ser internas, quando realizadas por funcionários da própria empresa, 
por exemplo, auditorias feitas pelo setor de controladoria, ou podem ser reali-
zadas por entidades externas à organização, especializadas em auditar os proc-
essos de terceiros. 
Definição de responsabilidades e criação de padrões de avaliação: em 
qualquer empresa do mundo, é importante que os papéis e responsabilidades 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 145 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
sejam claramente definidas. Um procedimento de trabalho é uma boa ferra-
menta para esclarecerquem ou qual área da empresa responde por qual proc-
esso, o que se espera dele, quais os indicadores de avaliação e assim por diante. 
ANÁLISE DE PROCESSOS DE TRABALHO 
A análise do processo utilizado para a realização de um trabalho pode ser 
feita para uma operação já existente ou para uma operação nova, ainda a ser 
implantada. Tanto é possível melhorar uma atividade que vem sendo realizada 
como projetar uma nova, com mais eficiência. É possível afirmar, seguramente, 
que não existe processo que não possa ser melhorado. 
Um grande número de empresas brasileiras aprendeu, ou vem apren-
dendo a duras penas, a dar mais atenção à análise de processos de trabalho. 
Nas últimas décadas, não mais amparadas por políticas governamentais prote-
cionistas, foram obrigadas a melhorar sua produtividade. Não é raro encontrar 
relatos de empresas que obtiveram reduções de custo de até 30%, apenas por 
meio da revisão de seus processos produtivos. A análise de um processo de 
trabalho deve seguir uma seqüência lógica de ações, conforme ilustrado na 
Figura 18. 
Passo 4 
Implementar 
novo processo 
Passo 3 
Registrar como 
deve ser feito 
Passo 3 
Criticar o 
processo atual 
Passo 2
Registrar como 
é feito 
Passo 1 
Selecionar 
processo 
Passo 5
Controlar novo 
processo 
 
Seqüência de ações para análise de processos de trabalho 
O diagrama da Figura 18 deve ser utilizado de maneira cíclica, o mesmo 
processo, após atingir o sexto passo, pode ser reiniciado, sempre haverá mel-
horia contínua. A seguir, são apresentadas em detalhes as ações utilizadas na 
análise de processos de trabalho. 
Selecionar um processo: devido ao imenso número de processos de 
execução de tarefas, é impraticável querer avaliar e melhorar todos os proces-
146 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
sos ao mesmo tempo. Por outro lado, não é necessário que se estude apenas 
um processo por vez. Vários processos podem ser melhorados simultanea-
mente, porém, a prática tem demonstrado ser desaconselhável alterar muitos 
processos e procedimentos de trabalho conjuntamente. Sempre vai existir uma 
curva de aprendizagem para os novos processos, que pode exigir atenção espe-
cial do administrador da produção, logo após a sua implantação. Antes de pro-
por mudanças em um processo, é necessário conhecer seu funcionamento com 
profundidade e as razões que levaram àquela forma de atuação no passado. Da 
mesma forma que, em alguns casos, as premissas adotadas na definição de um 
processo podem ter se alterado, ou deixado de existir, o que justificaria a sua 
revisão, levando em conta o novo contexto (ver destaque: Lição dos cinco 
macacos), em outras situações, os motivos que levaram um processo a ser de-
finido de uma dada maneira podem não estar evidentes, embora continuem 
presentes. A alteração do processo de forma pouco cuidadosa, sem atenção a 
esses motivos, pode levar a um novo processo deficiente. 
LIÇÃO DOS CINCO MACACOS 
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela 
um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato 
de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando 
um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. 
Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das ba-
nanas. Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. 
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surra-
ram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. 
Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto 
participado com entusiasmo na surra ao novato. 
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e afinal o último dos veteranos, foi 
substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca 
tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. 
Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a es-
cada, com certeza a resposta seria: 
"Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui". 
Fonte: autor desconhecido. 
Uma regra muito simples para se decidir que processo analisar primeiro 
é começar pelo processo mais fácil e de maior retorno. Assim, a vitória na mu-
dança do primeiro processo servirá como motivação e aprendizado para ser es-
tendida, naturalmente, aos processos restantes que possam ser aprimorados. 
Processos mais difíceis e de pouco retorno devem ficar para o final. Às vezes, o 
custo da mudança ou desgaste em alterá-los não se justifica. Dentre os proces-
sos com potencial de maior retorno na sua alteração estão aqueles que repre-
sentam gargalos, processos que freqüentemente param por alguma razão, 
processos com muitas operações ou intensivos em mão-de-obra, processos com 
excesso de retrabalho, processos com problemas da qualidade e processos dis-
pendiosos. Não é difícil para o profissional de produção distinguir estes proces-
sos dos demais. 
 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 147 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
UTILIZANDO QUICK WINS 
Muitos serviços de consultoria no Brasil utilizam o termo quick win, que poderia ser traduzi-
do literalmente como vitória rápida, para definir uma operação fácil de ser melhorada, de re-
torno imediato e que representa um grande incômodo à organização. Quando a consultoria 
contratada rapidamente remove uma “pedra no sapado” da organização, ela consegue a mo-
tivação e credibilidade para a continuação ou até ampliação do serviço contratado. 
Registrar como é feito: as empresas brasileiras não têm o hábito de 
escrever como as coisas são feitas. Em outras palavras, não têm o hábito de 
registrar seus procedimentos. É raro encontrar algum processo deficiente, ob-
jeto de um estudo de melhoria, que esteja documentado. O simples fato de se 
escrever um procedimento já faz com que ele seja analisado e questionado. 
Como o hábito de escrever procedimentos é pouco difundido, também é pe-
quena a freqüência da sua análise e revisão. Para processos industriais, a 
forma de registro mais comumente usada é, sem dúvida, o fluxograma. 
Pode parecer estranho registrar um processo que será mudado. Por que 
dedicar tempo e esforço a algo que será alterado? Não é aconselhável sair mu-
dando um processo de qualquer maneira. Mesmo que algumas melhorias pos-
sam parecer óbvias, registrar o método atual é uma excelente ferramenta de 
análise, além do mais, vai permitir a comparação entre o antes e o depois. 
Por que as empresas brasileiras não costumam registrar procedimentos? 
Além da falta de costume na área de produção, a cobrança dos níveis superi-
ores se dá principalmente em outros sentidos. A predominância de cultura e 
comando nas organizações brasileiras é da área comercial. É natural que 
outros tipos de cobranças sejam feitos à área de produção, cujo foco não está 
ligado a questões inerentes à própria operação produtiva. Assim, a existência 
de procedimentos operacionais de produção bem documentados, embora im-
portantes para a eficiência e eficácia da operação, muitas vezes não é enfati-
zada pela alta administração. A preocupação com a documentação dos 
processos produtivos acaba se restringindo aos gestores de produção, preocu-
pados com o bom desempenho da área. 
O URGENTE TIROU O TEMPO DO IMPORTANTE 
Se alguém perguntasse: o que é mais grave, uma doença cardíaca ou uma apendicite? Sem 
dúvida alguma responderíamos que uma doença no coração é muito mais grave que uma 
apendicite. Porém é a apendicite que deve ser tratada com urgência, sob risco de morte. Já a 
doença cardíaca mesmo sendo mais grave, acaba ficando em segundo plano. Nas empresas 
acontece o mesmo: ações de caráter urgente, como, por exemplo, iniciar a produção de um 
novo modelo o mais rapidamente possível, pois isto garante receitano curto prazo, toma o 
tempo de ações importantes como registrar os procedimentos de trabalho, que têm impacto 
de mais longo prazo. 
É natural a tendência de sobre-enfatização das questões do curto prazo. Mas é fundamental 
que as empresas consigam manter o foco nas questões de longo prazo porque, se as primei-
ras garantem a lucratividade momentânea, as últimas são responsáveis pela sustentabilida-
de do negócio. 
Criticar o processo atual: naturalmente este é o estagio mais importante. 
Se o processo a ser discutido foi bem selecionado e o procedimento foi regis-
trado, fica muito mais fácil propor melhorias. A proposta de melhorias pode ser 
feita por meio de um brainstorming com os envolvidos. A montagem de uma 
148 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
equipe no estilo kaizen de trabalho também tem demonstrado ser bastante efi-
ciente. Essas duas abordagens, em função de sua característica participativa 
apresentam a vantagem adicional de aumentar o comprometimento da equipe. 
A utilização de formulários é uma forma prática de garantir que esta fase 
do processo ocorra com o rigor necessário. 
Registrar como deve ser feito: é natural que o novo método desenvolvido 
a partir das críticas ao modelo estudado deva ser registrado e documentado. 
Os registros do antes e do depois permitem comparar as economias obtidas no 
trabalho. Se não for feito esse registro, toda economia obtida em um processo 
pode ser imediatamente consumida por outro desperdício. O gestor da pro-
dução precisa exigir o resultado das economias alcançadas. É muito comum 
reduzir o tempo de trabalho, sem redução na folha de pagamento ou sem au-
mento da produção. Neste caso há aumento de produtividade? Se sobrou mais 
tempo ao trabalhador, o que ele está fazendo deste tempo? A qualidade mel-
horou? De que forma? Quanto se economizou em retrabalho? Estas ações de-
vem servir para demonstrar ao conselho diretivo que a área de produção está 
fazendo sua parte da estratégia competitiva. 
ONDE VÃO PARAR AS ECONOMIAS DE PROCESSO? 
Pode parecer engraçado, mas economias de processo lembram algo que podemos chamar de 
“A parábola dos guarda-chuvas desaparecidos”. É a estória de um pesquisador que levantou 
que mais de 90% de seus entrevistados já haviam perdido um guarda-chuva na vida. Por ou-
tro lado, apenas 10% dos entrevistados haviam encontrado um guarda-chuva na vida. Eis a 
questão, onde foram parar os guarda-chuvas desaparecidos? Talvez tenham ido se encontrar 
com as chaves, as lapiseiras e os livros emprestados em alguma região próxima ao Triângulo 
das Bermudas. 
Brincadeiras à parte, o resultado final de melhorias contínuas custa a aparecer. Por um la-
do, existe uma tendência natural de compensação, em que novos desperdícios tomam lugar 
dos que foram eliminados. Por outro lado, os empresários brasileiros estão acostumados à 
nossa economia de ganhos elevados e rápidos e custam a sentir ou dar valor às pequenas 
melhorias trazidas pela revisão constante dos processos. 
Implementar o novo processo: a implementação do novo processo vai 
depender do grau de dificuldade envolvido. A principal delas diz respeito à ne-
cessidade de investimentos, uma vez que os recursos sempre são escassos. 
Uma boa forma de conseguir viabilizar o investimento necessário é provando o 
benefício que pode ser obtido, por meio da utilização de indicadores financeiros, 
como o payback. Tais indicadores devem ser levantados na fase anterior (regis-
tro de como deve ser feito). Outra dificuldade pode advir da resistência natural 
que as pessoas têm às mudanças. A própria cultura da empresa é um fator a 
ser considerado. Existem empresas com pouca ou nenhuma restrição às mu-
danças e existem empresas altamente resistentes a elas. Nesta fase, o trabalho 
do gestor é assegurar que o novo procedimento, cuja viabilidade foi esta-
belecida na etapa anterior, vai ser seguido. Não é raro que o responsável “vire 
as costas” e o processo volte a ser feito da forma anterior, desperdiçando todo o 
esforço realizado na análise para a proposição da mudança. 
Por isso, sugere-se que o responsável pela implementação de uma mu-
dança leve em consideração os possíveis focos de resistência, com o objetivo de 
eliminá-los ou neutralizá-los. Uma maneira de se preparar antecipadamente 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 149 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
para o enfrentamento da resistência é detectando suas possíveis origens, o que 
pode ser feito, preenchendo-se o Quadro 14. 
Quadro 14 Levantamento de opositores e aliados a um processo de mudança 
Indivíduo 
 
indivíduo A indivíduo B ... 
Vantagem percebida 
por ele 
 
Desvantagem perce-
bida por ele 
 
Poder de intervir 
com a mudança 
 nenhum 
 deixa acontecer ajuda a acontecer faz acontecer 
 nenhum 
 deixa acontecer ajuda a acontecer faz acontecer 
 nenhum 
 deixa acontecer ajuda a acontecer faz acontecer 
Esforço que se es-
pera dele 
 
Ação recomendada 
ao implementador 
 
 
Controlar o novo processo: controlar o novo processo significa ver se ele 
atendeu às expectativas, se a economias planejadas estão acontecendo e verifi-
car se o processo pode ainda ser melhorado dentro da filosofia de melhoria 
contínua. Na verdade, como ilustrado na Figura 18, o processo de análise e 
aprimoramento deve ser contínuo. É a prática da própria definição de adminis-
tração: planejar, organizar, liderar e controlar o trabalho das pessoas da or-
ganização e utilizar, da melhor forma possível, os recursos disponíveis a fim de 
realizar os objetivos estabelecidos. 
Período de Payback 
C
O
N
C
E
IT
O
 O
U
 
D
E
F
IN
IÇ
Ã
O
 
Segundo Gitman (2004) os períodos de payback são comumente utilizados na 
avaliação de um investimento qualquer. O payback corresponde ao tempo 
necessário para a recuperação do valor investido me um projeto ou na melhoria de 
um processo. Muitas empresas aceitam investimentos em melhoria de processos 
quando o valor do payback é inferior a um determi-nado período. O cálculo do pay-
back é simples de ser realizado, por exemplo: 
Suponha que um processo de produção de uma determinada peça possa ser revisto, 
e com um investimento de R$ 5.000,00 é possível que o custo de produção dessa 
peça ser reduza em R$ 200,00 por mês. Desta forma o tempo para se recuperar o 
capital investido será: 
meses 25
200
000.5 ==Payback 
Assim temos que o capital investido só será recuperado em dois anos. 
 
FLUXOGRAMAS 
Fluxogramas são formas de representar, por meio de símbolos gráficos, a 
seqüência dos passos de um trabalho para facilitar sua análise. Um 
fluxograma é um recurso visual utilizado pelos gerentes de produção para 
150 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
analisar sistemas produtivos, buscando identificar oportunidades de melhorar 
a eficiência dos processos. Talvez possa ser esclarecedor fazer uma analogia de 
um fluxograma com um gráfico que sintetiza as informações contidas em uma 
tabela de dados. Conferir números e tendências apresentados em uma tabela 
qualquer demanda certo trabalho e tempo. A visualização do que esta aconte-
cendo não é facilmente observada diretamente na tabela de dados. A utilização 
de um gráfico permite o rápido entendimento dos dados da tabela. Da mesma 
forma, analisar um procedimento, apenas descrevendo seus passos um a um, 
não permite visualização rápida do processo como um todo. O fluxograma 
permite rápida visualização e entendimento. Para explicar mostrar o poder de 
visualização de um processo que um fluxograma proporciona, será utilizado 
um exemplo de processo do cotidiano: 
Descrição do processo de convite para ir ao cinema 
Você deseja convidar sua namorada para assistir a um bom filme no cin-
ema. Como você está trabalhando, decide convidá-la por telefone. Na primeira 
oportunidade você liga para ela, mas ninguém atende. Pode ser que ela não es-
tejaem casa. Você decide ligar mais tarde. Na próxima tentativa, o telefone está 
ocupado. Pelo menos há alguém em casa, você pensa. Infelizmente, você é o-
brigado a tentar de novo. Na terceira tentativa consegue que alguém atenda ao 
telefone. O irmão informa que sua namorada não se encontra e pede para que 
você ligue mais tarde. Você não desiste do convite e liga de novo, agora ela a-
tende. Se não fosse ela você perguntaria se ela está em casa. Se não estivesse, 
você desistiria do convite, se estivesse pediria para chamá-la. Bem, você faz o 
convite. A princípio ela não aceita. Diz que está indisposta. Você insiste e con-
segue que ela aceite. Sem perder tempo, você combina hora e lugar. Aliviado 
você desliga o telefone. Não parecia que existiam tantas possibilidades e de-
cisões a serem tomadas para fazer um simples convite para ir ao cinema! 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 151 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
INICIO
TELEFONA PARA
ELA
TELEFONE
OCUPADO
5 MIN
ELA ATENDE
CONVIDA PARA
O CINEMA
ELA ACEITA
MARCA HORA E
LOCAL
FIM
TENTA
CONVENCER
ELA ACEITA
PERGUNTA SE
ESTÁ EM CASA
ESTÁ EM
CASA
MANDA CHAMAR
1
1
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
SIM
SIM
NÃO
NÃO
SIM
 
Fluxograma de um processo 
Sem dúvida, o fluxograma apresenta de forma mais simples e visível o 
processo utilizado para a realização de qualquer tarefa. Quase que invariável-
mente são utilizados fluxogramas nos registros de processos industriais. 
Os símbolos utilizados para processos industriais são, em geral, mais 
simples que os utilizados no exemplo do fluxograma acima. Normalmente são 
utilizados apenas cinco símbolos para descrever tais processos, conforme a 
Figura 20. 
SÍMBOLO DESCRIÇÃO EXEMPLO 
 Operação: ocorre quando se modifica 
intencionalmente um objeto em 
qualquer de suas características físi-
cas ou químicas, ou também quando 
se monta ou desmonta componentes e 
partes. 
Martelar um prego, colocar um para-
fuso, rebitar, dobrar, digitar, preen-
cher um formulário, escrever, 
misturar, ligar e operar máquina etc. 
 Transporte: ocorre quando um objeto 
ou matéria prima é transferido de um 
lugar para o outro, de uma seção para 
outra, de um prédio para outro. Obs: 
apenas o manuseio não representa 
atividade de transporte. 
Transportar manualmente ou com um 
carrinho, por meio de uma esteira, le-
var a carga de caminhão, levar docu-
mento de um setor a outro etc. 
152 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
 
Espera ou demora: Ocorre quando 
um objeto ou matéria prima é colo-
cado intencionalmente numa posição 
estática. O material permanece 
aguardando processamento ou en-
caminhamento 
Esperar pelo transporte, estoques em 
processo aguardando material ou 
processamento, papéis aguardando 
assinatura etc. 
 Inspeção: ocorre quando um objeto 
ou matéria-prima é examinado para 
sua identificação, quantidade ou 
condição de qualidade. 
Medir dimensões do produto, verificar 
pressão ou torque de parafusadeira, 
conferir quantidade de material, con-
ferir carga etc. 
 
Armazenagem: ocorre quando um 
objeto ou matéria-prima é mantido 
em área protegida específica na forma 
de estoque. 
Manter matéria-prima no almoxari-
fado, produto acabado no estoque, 
documentos arquivados, arquivos em 
computador etc. 
Simbologia de fluxogramas utilizados para processos industriais 
Atividades combinadas 
Ocorre quando duas atividades são executadas simultaneamente pela 
mesma pessoa, no mesmo local de trabalho e na mesma área produtiva. Nor-
malmente envolve atividades de operação junto com atividade de inspeção ou 
atividades de operação que ocorrem durante o transporte. 
Exemplo: Um grande fabricante de toldos por encomenda possui um se-
tor exclusivo para a fabricação de alguns componentes utilizados nos toldos. 
Um analista de processos acompanhou e anotou o seguinte processo realizado 
pelos funcionários deste setor de componentes para a produção de uma 
roldana plástica. O processo consiste em tornear a roda da roldana. 
Item Descrição Duração (min) 
1 Chefe do setor recebe pedido de fabricação da roldana específica 5 
2 Chefe emite requisição de matéria-prima (tarugo de plástico) 3 
3 Chefe entrega requisição ao operador 1 
4 Operador vai ao almoxarifado 3 
5 Operador retira tarugo plástico do almoxarifado 1 
6 Operador vai ao setor de torno com o tarugo plástico 2 
7 Operador inspeciona, no setor de torno, o plástico a ser usado na roldana 5 
8 Operador ajusta o torno 1 
9 Operador fabrica a roldana 10 
10 Operador pára o torno e inspeciona dimensões da roldana 3 
11 Operador retira a roldana do torno 1 
12 Operador encaminha roldana ao setor da qualidade 3 
13 Inspetor da qualidade inspeciona dimensões da roldana 5 
14 Inspetor emite etiqueta de inspeção 1 
15 Se a roldana for aprovada, inspetor envia roldana para expedição. 2 
16 Setor de expedição recebe roldana e coloca na embalagem 3 
17 Setor de expedição coloca roldana no estoque 3 
18 Se a roldana for recusada, inspetor envia roldana para o setor de torno, volta para o item 8 3 
19 Operador coloca roldana no torno e ajusta o seu dimensional 5 
20 Operador pára o torno e retira roldana 2 
21 Operador inspeciona roldana e recai para o item 8 5 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 153 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
 
De posse deste levantamento, o analista de processos deve: 
a. elaborar o fluxograma deste processo; 
b. elaborar o quadro resumo para a fabricação normal de uma roldana; 
c. elaborar o quadro resumo para a fabricação com rejeição de uma roldana; 
d. indicar o tempo de resultado produtivo para a fabricação deste componente. 
 
a. Elaborar o fluxograma do processo 
5 
8 9 10 11 
20 19 14
16
21
7 6 3 
15
 
12
4 
17
18 
13 
21
 
 
b. elaborar a tabela resumo para fabricação normal de uma roldana 
Atividade D ∇∇∇∇ Total 
Quantidade 10 2 4 0 1 17 
Itens 
% 58,9 11,7 23,6 0 5,8 100 
Valor 29’ 10’ 10’ 0 3’ 52’ 
Tempos 
% 55,8 19,2 19,2 0 5,8 100 
Tempo de resultado produtivo = 13 minutos (vide cálculo adiante). 
 
c. elaborar a tabela resumo para fabricação com rejeição de uma roldana 
Atividade D ∇∇∇∇ Total 
Quantidade 17 4 6 0 1 28 
Itens 
% 60,7 14,3 21,4 0 3,6 100 
Valor 52’ 20’ 16’ 0 3’ 91’ 
Tempos 
% 57,1 22,0 17,6 0 3,3 100 
 
154 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
d. indicar o tempo de resultado produtivo para a fabricação deste com-
ponente 
Tempo de resultado produtivo = 13 minutos 
 
A análise do processo permite responder algumas questões: 
Quais são os processos que realmente agregam valor nesta operação? 
Resposta: Apenas dois processos agregaram valor ao produto, o passo 
9 e o passo 16. Nenhum outro passo agregou valor, nem mesmo as 
inspeções agregam valor ao produto, do ponto de vista do cliente. 
Em quanto tempo é possível realizar esta operação? 
Resposta: Esta operação exige apenas 13 minutos para ser feita. Tal-
vez não seja possível eliminar todas as operações que não agreguem 
valor ao produto. Porém, o processo todo esta demorando de 50 a 91 
minutos o que demonstra que o processo está muito ineficiente. 
Qual o tempo de aproveitamento deste processo? 
Resposta: É fácil levantar um índice indicador de aproveitamento do 
processo. Basta medir o percentual produtivo do processo, dividindo o 
tempo em que existe agregação de valor ao produto pelo tempo total 
gasto no processo. 
Fórmula 3.1 – Índice de aproveitamento de tempo 
ssol do proceTempo tota
e valorgregação dTempo de a
entoaproveitamÍndice de =
 
 
Neste exemplo, o índice de aproveitamento de tempo é de 13 / 50 = 26%, 
quando a fabricação da roldana não necessita de retrabalho. Caso isto acon-
teça, o índice cai para 13 / 91 = 14,29%. O cálculo desses tempos e índices é 
importante para medir a melhora do processo quanto alguma alteração é reali-
zada. 
Tipos de fluxogramas 
Os fluxogramas industriais podem serdesenhados de várias formas. Na 
verdade, não existe norma rígida para sua elaboração, a Figura 21 apresenta 
alguns exemplos de formatos para fluxogramas. 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 155 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
1 - Fluxograma linear de operações
2 - Fluxograma setorial 
3 - Fluxograma de linhas de montagem
4 - Fluxograma de arranjo físico funcional 
PA MP 
Almoxarifado Prensa Pintura Montagem Expedição
MP 
PA 
Torno Montagem
Prensa Pintura 
MP MP MP 
MP 
PA 
PA 
MP = matéria prima 
PA = produto acabado 
 
Tipos de fluxogramas utilizados em operações industriais 
 
Formulários padronizados de fluxograma 
É muito comum se utilizar formulários impressos para a elaboração de 
fluxogramas. A Figura 22 apresenta um modelo comumente utilizado em proc-
essos industriais. 
 
156 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
 
DIAGRAMA DE FLUXO DE PROCESSO 
Processo: 
 
Local: 
Produto: 
 
Analista: 
No Descrição da atividade Duração Tipo de atividade 
Distância 
percorrida 
1 D ∇ 
2 D ∇ 
3 D ∇ 
4 D ∇ 
5 D ∇ 
6 D ∇ 
7 D ∇ 
8 D ∇ 
9 D ∇ 
10 D ∇ 
11 D ∇ 
12 D ∇ 
13 D ∇ 
14 D ∇ 
15 D ∇ 
16 D ∇ 
17 D ∇ 
18 D ∇ 
19 D ∇ 
20 D ∇ 
Resumo da operação: 
Atividade D ∇ Total Distância total: ______________ 
Quantidade 
Itens 
% 
Valor 
Tempos 
% 
Índice de 
aproveitamento: ___________ 
 
Data ____ / ____ / _____ 
Formulário padronizado para fluxo de processo 
Capítulo 3 – Estudo de processos de trabalho 157 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
QUESTÕES PARA REVISÃO E DISCUSSÃO 
1. De que forma a ISO 9000 auxiliou as empresas brasileiras no estudo de 
processos e operações? 
2. Quais as dificuldades enfrentadas pelos tradicionais setores de organiza-
ção e métodos? Por que suas tarefas acabaram sendo transferidas para as 
áreas fim a quem O&M antes servia? 
3. O que faz a engenharia de fábrica e o que é projeto de trabalho? 
4. Quais as vantagens de existirem procedimentos documentados na em-
presa? 
5. Por que as empresas brasileiras, em muitos casos, não têm procedimen-
tos documentados ou, quando os têm, estes se apresentam desatualizados? 
6. Um pesquisador entrevistou vários gerentes de produção de diversas 
empresas. A maioria deles, em algum ponto da entrevista, comentou que 
era necessário “apagar um incêndio por dia” ou então “matar um leão por 
dia”. Explique como isto pode influir no trabalho de análise de processos e 
operações. 
7. Qual a utilidade de um diagrama de fluxo de processo? 
8. Por que é importante acompanhar as economias obtidas no aprimora-
mento dos processos? 
9. Desenhe um diagrama de processo, utilizando o formulário, para as 
seguintes situações: 
trocar o pneu de um automóvel; 
apanhar uma peça de roupa da máquina de lavar e estendê-la no varal 
do quintal; 
trocar uma lâmpada do teto (com necessidade de escada); 
preparar e assar um bolo do tipo massa pronta (mistura-se o pó a duas 
xícaras de leite e três ovos). 
10. Um analista de processos foi incumbido de estudar a operação de recebi-
mento de materiais de uma empresa. Ele realizou um levantamento de 
atividades conforme mostrado abaixo: 
Descrição Tempo (seg) 
1 O caminhão chega à portaria 50 
2 O vigilante vai ao caminhoneiro e solicita a NF 35 
3 Vigilante verifica endereço da NF 15 
4 Se o endereço está incorreto informa o motorista e não recebe a NF 10 
5 Se o endereço está correto, o vigilante volta à portaria 35 
6 O vigilante verifica se tem pedido no sistema 100 
7 Se não tem pedido, o vigilante liga para o setor de compras 20 
8 O setor de compras não aceita pedido 40 
9 O vigilante assina termo de recusa na NF 10 
158 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) 
Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 
10 O vigilante vai ao motorista 36 
11 O vigilante informa o motorista e devolve a carga 45 
12 O setor de compras autoriza a entrega ou havia pedido no sistema: vigilante carimba a NF 
10 
13 O vigilante vai ao motorista e entrega a NF 35 
14 O motorista leva o caminhão ao setor de recebimento 190 
15 O motorista leva a NF para o escritório do recebimento 30 
16 O recebimento faz pré-recebimento no sistema e autoriza a descarga 40 
17 O motorista vai até o caminhão 40 
18 O motorista leva o caminhão até a doca 120 
19 O operador de empilhadeira faz a descarga 900 
Pede-se: 
a) Elaborar o fluxograma de operações; 
b) Calcular o tempo de recebimento total para a mercadoria; 
c) Elaborar o quadro resumo para a operação de recebimento; 
d) Indicar o tempo de resultado produtivo de recebimento; 
e) Calcular o índice de aproveitamento desta operação. 
LEITURA PARA REFLEXÃO 
MODERNIZAR É PRECISO 
Ao analisarmos a organização da maioria das empresas, observamos que suas estruturas 
tendem a ser verticalizadas, sustentadas por diversas camadas gerenciais. Seus sistemas de 
informação, por refletirem esta organização, são projetados para atender apenas a necessi-
dades de funções ou departamentos específicos. 
Por sua vez, processos de negócios e fluxos de valor da organização - que desenvolvem o tra-
balho que produz resultados e valor para os clientes - são horizontais, cruzando diversos de-
partamentos e funções, gerando inevitáveis problemas de interfaces. 
Esta estrutura organizacional e seus sistemas de informação não mais atendem às deman-
das do mercado. Precisam ser reorganizados. Mas realizar esta transformação não é fácil. E-
xige muito esforço e uma ruptura na maneira de pensar e agir da empresa e de seus 
funcionários. 
Os sistemas de informação devem ser reprojetados. Um exemplo: os ERP foram desenvolvi-
dos com o objetivo de integrar processos e propor uma visão horizontal que reflita o fluxo de 
valor da corporação. Infelizmente, muitas de suas implementações pecaram exatamente por 
implementar o pacote como tecnologia e não como fundamento para esta reorganização. 
Os pensamentos que criaram os processos eficientes por divisão de trabalho no século XX 
devem ser questionados na era da automação. A maneira e os processos de trabalho devem 
ser redesenhados. As tarefas repetitivas devem ser automatizadas, ficando a cargo de má-
quinas e sistemas de computação. 
Novos tempos, modelos antigos 
Uma grande dificuldade é mudar processos e métodos que estão arraigados no âmago das 
empresas. Processos de negócios, se não forem continuamente aprimorados e modernizados, 
tendem, com o tempo, à deterioração. 
Inúmeros formulários são preenchidos simplesmente porque, anos atrás, resolviam proble-
mas, que provavelmente não existem mais. Níveis de estoque são gerenciados com base em 
métodos criados antes do uso intensivo da TI. Procedimentos de controle, instituídos para 
impedir erros, quando o fluxo de informações pela corporação era lento, continuam a ser o-

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