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Case Pull Sport 1. A Pull Sport há muito tempo encerrou suas atividades. Mas no inicio da década de 60, estava muito bem, fazendo vestidos e malhas de alta moda, qualidade e bom gosto. Toda mulher se orgulhava de poder vestir a marca Pull Sport. O capital da empresa pertencia a quatro pessoas, mas o comando efetivo estava com o Sr. D.Z , homem de meia idade que havia anteriormente tido uma empresa fabricante de capas de chuva bem sucedida, que passou para um negócio maior. Os outros três sócios participavam também das atividades da empresa, mas principalmente nas questões de moda e de estética, não tendo qualquer atuação administrativa. Eles vinham quase todos os dias na empresa, mas não tinham horários previsíveis. O senhor DZ, o sócio com comando efetivo era administrador de tempo integral e não decidia nem opinava sobre moda e estética. 2. Esta história começa no dia em que os três sócios decidiram forçar a contratação de um consultor porque entendiam que a administração da Pull Sport era "Uma grande confusão". O sr DZ foi vencido nessa questão, possivelmente porque não conseguiu defender-se da alegada confusão. O grupo de três sócios escolheu um consultor através de recomendações de outros empresários amigos. 3. O consultor foi a uma reunião de sócios, onde o sr DZ visivelmente infeliz com a contratação estabeleceu suas condições para concordar com a contratação do consultor, que era os seguintes: I- O consultor deveria ir regularmente a empresa para fazer observações a seu critério, poderia ver e perguntar sobre tudo que quisesse, mas obrigatoriamente deveria estar presente em certas ocasiões a chamada dele, DZ. II- Não deveria fazer quaisquer comentários sobre a empresa, e nem mesmo a ele a outros acionistas, antes de ter visto a empresa durante toda a próxima estação de moda, o que representaria ficar na empresa mais de seis meses para poder presenciar toda a concepção, produção e venda de moda para o próximo inverno. O consultor aceitou essas condições, e evidentemente surpreso, uma vez que a situação típica é o consultor ter que dar seu diagnóstico o mais cedo possível. 4. Fisicamente a empresa ocupava dois prédios em um mesmo terreno. Um prédio ao fundo abrigava a fabricação de malhas. O outro prédio tinha quatro andares sendo o andar térreo para toda a administração e almoxarifado e cada andar equivalia a uma fábrica de confecção de roupas completas. Cada um dos três andares tinha a equipe de modelistas, os seus programadores da produção e as diversas seções de confecção. A costura era feita com costureiras de fora da empresa, mas cada andar tinha sua equipe exclusiva de costureiras autônomas. Os trabalhadores de cada andar não circulavam pelos outros andares, embora não houvesse nenhuma proibição explícita para isso. Era comum a todos os andares e à malharia, o setor de vendas e de expedição para os lojistas. No total a Pull Sport tinha cerca de 200 empregados e outro tanto de costureiras autônomas. Havia uma construção para ampliar o setor de malharia que receberia, daí a seis meses, uns teares circulares comandados por computador, que faria as partes das malhas diretamente na forma necessária, eliminando a operação de corte e desperdícios de tecido ao cortar. Na época esse tipo de máquina era tão moderno que não havia um nome para designá-la, como robô, "computer integrated manufacturing" etc. 5. O consultor, logo no primeiro dia, abriu no seu caderno de anotações, um espaço par analisar as economias e conveniências de unificar todos os setores com uma única modelagem, programação, corte etc. como era considerado nas teorias de administração da época. 6. No segundo dia o consultor procurou o Sr. Paulo, gerente administrativo para obter o organograma. Paulo foi muito solícito, mas disse que não havia organograma. Então foi pedida uma lista de chefes e essa foi feita na hora, porque também não existia. Aí o Sr. Paulo disse, "olha tem outras pessoas que as vezes mandam e não são chefes". Com a lista de chefes o consultor achou que iria ser esperto e solicitou, "agora indique quem é o chefe de quem?". O Sr Paulo quando não pode mais resistir disse: "eu tenho vergonha disso mas eu não sei dizer quem manda em quem. Nesse momento a porta se abriu e entrou o chefe da expedição, que disse diretamente ao Sr. Paulo: "Eu mandei fazer advertência à três pessoas do primeiro andar por não me entregarem uns modelos. Se até amanhã não entregarem, quero que sejam demitidos." Fechou a porta e foi embora. Sem que o consultor perguntasse o Sr. Paulo explicou. "Eu sei que isso está errado. Mas não posso impedir que nesse fim de estação ele faça tudo que for necessário para garantir as entregas aos lojistas. As vendas são poucos vestidos de seda para cada lojista e é preciso fazer numa entrega única, rápida, com toda a encomenda do lojista. O chefe da expedição briga nessa época para conseguir isso". No dia seguinte o consultor constatou que o chefe da expedição era de fato, o chefe geral das fábricas. 7. O Sr. DZ solicitou que o consultor estivesse na empresa, no dia seguinte às 15:00 horas. O consultor chegou e estava tudo normal na empresa. O chefe da expedição era o "big boss”. Às 16h00min o Sr DZ chamou o consultor e mandou que apenas sentasse ali por alguns momentos. Pegou o telefone e ligou para o almoxarifado mandando separar as malas, pois naquela noite dois sócios iriam para a Europa, evidentemente para trazer modelos de roupas do mercado europeu. Aí disse: "Agora vá ver o que começa a acontecer." Observação: as malas eram guardadas na empresa porque eram muitas. Uma caminhonete foi levá-los ao aeroporto. O consultor saiu da sala do Sr. DZ e viu uma empresa transformada. Todos pareciam ter tomado fortes estimulantes. Os corredores estavam cheios de gente. Nem o chefe da expedição estava trabalhando. Todos numa grande festa. 8. Nos dias que se seguiram à partida dos dois sócios para a Europa, o clima da empresa era letárgico. Havia muito silêncio. Um dia o consultor ouviu de um executivo de produção que todos só estavam pensando nos vestidos que estavam sendo comprados na Europa. Era difícil para todos considerar os últimos problemas da moda que estava terminando. Nem o chefe da expedição conseguia ativar as pessoas para as poucas entregas do fim da estação. O consultor, cultor da eficiência no trabalho, estava perplexo. Aquele nível de atividade ele só havia visto em empresas às vésperas da falência. O consultor decidiu que iria discutir essa "letargia" com o Sr. DZ e passou a semana toda procurando marcar uma conversa com ele. Na sexta feira à noite, o Sr DZ ligou para dizer: "lamento não ter lhe atendido, mas passei a semana toda dando prioridade total às negociações com vários banqueiros, pois logo mais a Pull Sport precisará de recursos dos bancos para o pico de despesas com os fornecedores de tecidos e as costureiras, em seguida virão os meses em que os recebimentos das vendas realizadas deixarão grande saldo. Isso não é usual nas empresas e por isso preciso negociar habilmente para viabilizar o próximo semestre pagando a menor taxa financeira possível". O consultor anotou no seu diário: "pelo menos o Sr DZ trabalha nessa semana". 9. O Sr Dz mandou um recado para o consultor: os sócios chagariam na manhã do dia seguinte e ele queria que estivesse presente para assistir a chegada. No dia seguinte o consultor chegou à empresa às 7:00 da manhã, antes do horário normal de início do expediente. Achava que seria o primeiro a chegar, mas constatou que era um dos últimos. O ambiente era de expectativa de festa. Será que os sócios são tão bem quistos assim? Mas todos sabiam que os sócios iam direto do aeroporto par suas casas. O que realmente chegaria eram as malas cheias. Uma Kombi lotada de malas. Quando a Kombi chegou, ela foi literalmente assaltada.As malas foram abertas nos corredores mesmo. Festa geral. As palavras que se ouviam eram "bonito", "nada a ver", "maravilha", "esse serve para o Brasil, esse não ", etc. 10. No meio da confusão circulava o Sr DZ. Ele não via vestidos. Nem olhava para eles. Tinha nas mãos amostras de tecidos, e perguntava para as pessoas "o que você acha desse tecido? E desse outro?" 11. Depois de vários dias nessa confusão, o Sr DZ reuniu todas as pessoas envolvidas direta e indiretamente com a modelagem a ser criada. Depois de um papinho de descontração, ele pegou umas amostras de tecidos e, mostrando uma a uma foi dizendo: desse eu encomendei 15000 metros, desse outro encomendei somente 3000, mas posso reforçar o pedido a qualquer momento etc. Quero que vocês analisem minhas encomendas iniciais até amanhã cedo e me sugiram modificações nos pedidos. 12. Na tarde seguinte a empresa toda eram três ateliers de moda. Quem nada tinha a ver com moda cuidava para não atrapalhar. O comportamento dos modistas mais extrovertidos era cinematográfico. Havia alguns que chegavam a ser inconvenientes. O consultor comentou isso com o Sr DZ, que só respondeu: "sabe, se esse pessoal lhe disser que a posição do bolso do vestido tem que mudar 1 cm, nós temos duas alternativas: mudar ou não vender. Entendeu?" Os três sócios que entendiam de moda, neste período de criação da nova coleção apareciam diariamente na empresa. Mas, de fato, decidiam pouco. Conversavam com todos sobre moda. Mostravam interesse basicamente. Não impunham suas opiniões e na maior parte das conversas nem davam suas opiniões. O consultor achou isso curioso e anotou em seu caderno: "será que eles ajudam ou atrapalham?" Cada um dos andares da empresa, passou a ter uma moça exclusivamente contratada para serem manequins falantes, muito falantes. Essas moças tinham como função básica mostrar em seu corpo, para todos da empresa, os modelos que estavam sendo concebidos. Elas vestiam os modelos e andavam pela empresa "se mostrando". Até para serem simpáticas as pessoas faziam muitos comentários sobre os modelos e sobre as manequins também. 13. O consultor estava na sala do Sr Paulo, gerente de pessoal também, quando entrou na sala a modelista chefe do segundo andar, que nem cumprimentou e foi dizendo: "Paulo, quero que o RJ seja demitido porque ele está me perturbando". O senhor Paulo ponderou que isso não era certo pois, o RJ não era seu subordinado e nem trabalhava no segundo andar. A modista não titubeou: "Paulo, se o Sr não demiti-lo eu vou falar com o Sr DZ. O Paulo respondeu: "não se incomode, eu vou já falar com o Sr Dz. " O consultor foi junto. O diálogo foi narrado sem qualquer distorção e o Sr DZ ao final disse: "Paulo, o que você está esperando?" 14. Estava chegando o dia em que os modelos da nova estação seriam apresentados aos clientes, que fariam encomendas. O Sr DZ decidiu os preços de cada vestido. Eram todos muito acima do custo direto, mas não seguiam uma porcentagem fixa. Havia modelos com preços estratosféricos e outros apenas uma boa margem de lucro. Perguntar qual era a racionalidade desses números seria uma demonstração de completa ignorância. O consultor achou que esse seria o dia de glória do pessoal da atividade de moda, mas curiosamente eles perdiam a alegria a cada dia. Nas vésperas já eram pessoas tristes. Foi impossível saber detalhes de como seria o desfile. O pessoal envolvido com moda não queria falar do assunto. O Sr DZ disse ao consultor ao telefone: "é bom você estar bem cedo 2º feira na empresa". Indagado porque, ele acrescentou "é que vamos ter o desfile na Sexta-feira a noite". 15. O gerente de vendas era um homem baixinho e magro. Parecia fraco e doente. Usualmente falava baixo e pouco, era o típico "tomador de pedidos". Naquela Segunda-feira ele estava mais elétrico do que cantor de rock. Havia mandado descarregar uma Kombi já pronta para fazer entregas aos clientes, que o chefe da expedição mandara carregar na sexta feira, e estava determinando que o funcionário do departamento de pessoal que controlava as costureiras autônomas, interrompesse seu trabalho e fosse, na Kombi, para Curitiba, procurar bordadeiras. Um modelo de vestido com bordado havia sido incluído no desfile para completar e enfeitar a linha de produtos e tinha muito mais do que era esperado. O consultor perguntou a ele: "Por que em Curitiba? "há outras cidades que têm mais bordadeiras, e por que não efetuar as entregas primeiro? A Resposta foi majestática: "eu não tenho tempo de otimizar minhas decisões. Já decidi e está decidido. Quem quiser reclame com o Sr DZ. Este caso, somado a outros do mesmo tipo, o consultor apenas comentou (só comentou por que não devia propor nada até o fim da estação de moda) com o Sr. DZ. A resposta foi tipicamente curta: "Sabe, quando ele se acalmar eu ficarei tranqüilo". Antes do fim daquela semana o gerente de vendas estava pouco falante, mas ainda com o olhar muito ativo, observando tudo. 16. Quando desapareceu a voz e a figura do gerente de vendas, começaram a aparecer o pessoal de produção, de cada um dos três andares e da malharia. Ficaram transformados. Andavam com coluna dorsal mais reta, "olhando alto", falavam e andavam mais rápidos. Eram muito objetivos nas suas ações. Estavam quase irreconhecíveis. O consultor estava com o Sr Paulo no departamento de pessoal, quando entrou na sala o chefe de produção da malharia. Foi direto ao assunto "Paulo lembro do RJ? Eu tenho um programa de produção muito grande e por isso preciso do RJ, quero que ele seja readmitido. Hoje Ok?" O Paulo gaguejou e disse: "Não dá. Não faz nenhum mês que ele foi demitido ". Aí veio uma frase já conhecida: "Se não readmiti-lo, vou falar com o Sr DZ". Lá foram todos e o Sr. DZ não titubeou nenhum segundo. "Paulo, o que é que você está esperando?" 17. Passados os primeiros dois meses daquela estação de moda, a atividade de produção se normalizou e foi evoluindo para mais calma. Outro mês decorrido e começou a aparecer nos corredores a figura do chefe da expedição. Andando cada vez mais depressa e mandando mais e mais. 18. O consultor dedicou-se a fazer um levantamento de despesas e receitas da estação. Ela não havia determinado ainda, mas já dava para ver que naqueles meses a empresa foi muito lucrativa. Foi a empresa mais lucrativa que ele havia conhecido até aquele momento. Fisicamente a empresa não havia crescido nesses últimos seis meses. A única modificação era uma extensão do prédio da malharia que seria destinado à instalação de teares robotizados, que produziriam, não peças de tecidos com largura uniforme, mas as partes para as malhas no formato e tamanho certo, prontos para serem costurados, sem desperdícios de retalhos. Desafortunadamente, uma carta do fabricante de computadores informou que, por várias razões tecnológicas haveria um atraso de um ano na entrega do computador que comandaria os teares. 19. O Sr DZ chamou o consultor e disse: "Olha, na semana que vem os dois sócios irão de novo para a Europa. Vai começar tudo de novo. Agora é hora de você dar sua opinião a respeito da empresa." 20. O consultor deu sua opinião – convenceu que todos estavam trabalhando com um esforço fora do normal. Mostrou gráficos de Fluxogramas de atividades – com cronogramas detalhando tempo de cada atividade – tudo isso em data-show que na época era novidade. Mostrou o aumento de produtividade que cada setor poderia ter. Convenceu que planejar e respeitar hierarquia conhecida era emergencial. 21. Mostrou projeção financeira com essa nova atuação – redução de custos – redução de quadro de funcionários – plano de qualificação dos mesmos. Plano de crescimento de marketing share. 22. Como resultado convenceu e venceu a todos – a empresa mudou drasticamente o jeito de ser – o jeito de trabalhar– o jeito de vender – de controlar vendas – de produzir – de liderança – o perfil dos funcionários. 23. Em fim – Era outra empresa – ou era mesmo o fim – pois a empresa não passou do próximo ano – Não sabiam mais o que era nem como era a empresa – não havia mais tesão em trabalhar nem em ter a empresa – os problemas foram tantos que resolveram fechar a empresa. Quebrou exatamente 11 meses depois. O que você diz a respeito???? Fazer relato apontando os seguintes pontos: 1. Descrever a atuação organizacional da empresa: 2. Falar de hierarquia, 3. Divisão de tarefas, 4. Princípios da administração, se estão presentes ou não, e quais princípios estão presentes, justificando cada um deles (pesquisem: Planejar - Organizar – Controlar e Direção) 5. Falar da gestão de material da empresa, compra de vestidos na Europa, forma de atuação dos funcionários na chegada do sócio, gestão de pessoas na cena em que busca bordadeira em outra cidade; 6. Falar do estilo de liderança existente na empresa; 7. Da relação de admissão e demissão; 8. Falar da cultura organizacional? 9. Da relação de poder na empresa; 10. Era uma boa empresa? Justifique. 11. O consultor errou? Qual foi o erro? 12. Aponte pontos positivos e negativos da empresa.
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