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Introdução à Inteligência de Negócios Cristiane Kessler de Oliveira Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o papel de estratégias e planos organizacionais. Descrever os tipos de inteligência nos negócios. Identificar a relação entre estratégia organizacional e inteligência nos negócios. Introdução Em um ambiente de negócios, a habilidade de tomar decisões acertadas é, em muitos casos, uma questão de sobrevivência. Na maioria das vezes, não há tempo para muitas ponderações e, se a decisão tomada não for correta, as consequências podem ser desastrosas e envolver muitas pessoas e fatores. Nos dias atuais, em que a situação organizacional e o próprio mercado podem sofrer mudanças cada vez mais bruscas e radicais, essa capacidade para tomar decisões é posta à prova como nunca. Muitas vezes, o gestor não conhece a situação em que se encontra, ou o que o espera, e precisa decidir o futuro da empresa e dos seus colaboradores. Isso envolve, além das pessoas, muito dinheiro. Para que essas decisões sejam o mais acertadas possível e para diminuir ao máximo a possibilidade de algo dar errado, os gestores precisam estar munidos da ferramenta mais impor- tante na sociedade atual: a informação. Informação de qualidade pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso em uma decisão de negócios. Neste capítulo, você vai compreender quais informações são essas e qual é o seu impacto para o ambiente de negócios. Também, vai entender o papel das estratégias e planos organizacionais para o futuro das empresas e dos seus negócios, conferir os principais tipos de inteligência nos negócios e compreen- der a relação entre as estratégias organizacionais e a inteligência nos negócios. Estratégias e planos organizacionais O ambiente em que as organizações atuam está cada vez mais competitivo, o que exige dos gestores uma boa dose de planejamento para poder realizar ações que superem a concorrência e garantam um diferencial para os seus negócios. O planejamento organizacional tem um papel importante para o alcance desse diferencial. Planejar não é algo que as empresas são obrigadas a fazer. Na verdade, é possível que muitas ações sejam colocadas em prática sem qualquer planeja- mento. No entanto, ao planejar, o gestor antecipa problemas que possam vir a ocorrer e prejudicar a ação proposta. O planejamento reduz a chance de algo dar errado, o que faz com que as organizações possam otimizar tempo e dinheiro, dois fatores fundamentais nos dias de hoje. Segundo Albuquerque (1981, p. 7), o processo de planejamento no âmbito organizacional: [...] consiste no conjunto de estudos, pesquisas, levantamentos, projetos, programas, que visam possibilitar uma intervenção sobre a realidade que se quer modificar. Visto deste ângulo, o planejamento é, portanto, um processo auxiliar das decisões, devendo ser um dos insumos básicos do decisor o co- nhecimento acumulado pelos planejadores para a solução do problema dado. Empresas que fazem planejamento deixam de agir de modo reativo em relação aos acontecimentos à sua volta. Elas identificam o que pode acontecer e se preparam para esses acontecimentos, podendo extrair o melhor de cada situação e, inclusive, obter vantagens a partir de acontecimentos externos ou demandas que sejam identificadas. Stoner e Freeman (1995, p. 5) afirmam que “[...] administradores pensam antecipadamente em seus objetivos e ações, e que seus atos são baseados em algum método, plano ou lógica, e não em palpites. São os planos que dão à organização seus objetivos e que definem o melhor procedimento para alcançá- -los”. O plano, portanto, é a formalização do planejamento. É o documento que resulta de toda a preparação realizada pela organização. Para Oliveira (2007, p. 152), o plano é o “[...] documento formal que se constitui na consolidação das informações e atividades desenvolvidas no processo de planejamento”. Existem três níveis de planejamento, normalmente relacionados à amplitude e ao prazo do que se planeja implementar. O planejamento operacional, por exemplo, está relacionado a ações de curto prazo e abrange uma tarefa ou ação Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence2 específica, como decidir que compras precisam ser feitas para que não falte nada no estoque no próximo período. Normalmente, as ações nesse nível de planejamento ficam sob a responsabilidade dos gestores operacionais, como os supervisores. Por sua vez, o planejamento tático se relaciona a ações de médio prazo e com uma amplitude intermediária dentro da organização: nem tão micro quanto o operacional, nem tão macro quanto o estratégico. Pode abranger, por exemplo, uma área ou um departamento da empresa, como o departamento de comunicação, planejando as ações necessárias para a estruturação do endomarketing. Os responsáveis pelo planejamento tático são normalmente os gerentes de nível médio da organização. O planejamento estratégico, por sua vez, está relacionado a decisões e ações de longo prazo e que abrangem a empresa como um todo. Pode estar relacionado, por exemplo, a decisões de posicionamento estratégico ou de segmentação de mercado, as quais impactam todas as outras decisões da empresa e todos os departamentos. As decisões do planejamento estratégico normalmente ficam a cargo da direção da empresa. A Figura 1 ilustra os níveis de planejamento e a sua abrangência na organização. Figura 1. Níveis de planejamento. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2010). 3Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence Como parte do plano de uma organização para se manter competitiva no mercado e ter um diferencial na mente do consumidor, é fundamental que a direção saiba onde quer chegar com as ações propostas. Um dos principais elementos do planejamento é a definição dos objetivos organizacionais. So- mente a partir da definição desses objetivos é que a empresa poderá planejar e elaborar ações e projetos para atingir esses objetivos. Estratégias organizacionais As estratégias organizacionais consistem em um elemento bastante importante para o posicionamento da empresa no mercado e, consequentemente, para atingir os objetivos defi nidos no planejamento. A defi nição da estratégia a ser adotada pela empresa para o mercado precisa estar profundamente alinhada com o planejamento estratégico, sob pena de trazer resultados confl ituosos e uma percepção confusa por parte do cliente, o que poderia, inclusive, impactar nas vendas dos produtos ou serviços. As ações e decisões estratégicas representam elementos fundamentais para o sucesso dos negócios. Tudo é estratégia: desde a definição do público- -alvo, por meio de estratégias de segmentação de mercado, até a definição do posicionamento que a empresa pretende buscar junto ao seu público, como forma de ser lembrada em comparação com a concorrência. A estratégia é, segundo Campos Falconi (2013), o meio utilizado pela empresa para atingir as metas e os objetivos globais elaborados pela alta administração. Segundo o autor, essas estratégias podem ser classificadas em estratégias de sobrevivência, de manutenção, de desenvolvimento e de crescimento, de acordo com a situação em que a empresa se encontra e com os objetivos organizacionais. As estratégias de crescimento são estratégias voltadas para o aumento dos lucros da empresa, a partir dos resultados das vendas, da margem de lucro ou da participação de mercado. Esse tipo de estratégia tem como resultado o aumento do valor da empresa. As estratégias de crescimento têm o objetivo de, por meio de ações efetivas, alcançar o crescimento a partir da diversificação de negócios, da integração vertical, horizontal, das fusões e das parcerias estratégicas. Segundo Aaker (2007), esse tipo de estratégia não apenas fornece o potencial para uma maior lucratividade, como também introduz vitalidade auma organização, ao oferecer desafios e recompensas. Oliveira (2007) aponta algumas ações que normalmente estão relacionadas às estratégias de crescimento, descritas no Quadro 1. Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence4 Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). Ações Descrição Inovação Especialmente utilizada quando o mercado de atuação da empresa tem mudanças tecnológicas muito abruptas. Nesses casos, é de extrema importância antecipar-se aos concorrentes por meio do desenvolvimento frequente de novos produtos e serviços. Para isso, é fundamental o acesso rápido e direto a todas as informações necessárias. Joint venture Ocorre quando duas empresas se unem para produzir um produto e, juntas, buscar um novo mercado. Expansão Esse tipo de processo requer um planejamento deta- lhado, para ser feito na hora certa e da melhor forma possível, otimizando o investimento. Internacionalização A empresa estende as suas operações para fora do seu país de origem. Quadro 1. Ações comumente relacionadas às estratégias de crescimento As estratégias de sobrevivência, por sua vez, são adotadas somente quando é estritamente necessário, ou seja, quando a viabilidade de a empresa se man- ter no mercado estiver realimente ameaçada. As estratégias de sobrevivência normalmente tendem a diminuir o tamanho da empresa, no intuito de otimizar custos. Algumas ações comuns desse tipo de estratégia são descritas no Quadro 2. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). Ações Descrição Redução de custos Custos são reduzidos por meio de corte de pessoal, equipamentos e estoque, ou mesmo com o uso de matéria-prima mais barata. Desinvestimento Ocorre pela eliminação de linhas de produtos que tenham pouca rotatividade ou vendas de negócios para empresas concorrentes. Liquidação ou venda de unidades de negócios Acontece quando encerram as suas operações e vendem os seus ativos — essa é a opção mais drástica e definitiva. Quadro 2. Ações comumente relacionadas às estratégias de sobrevivência 5Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence Já as estratégias de manutenção são estratégias de estabilidade, que visam manter o que está trazendo resultados positivos para a organização. Esse tipo de estratégia busca a manutenção do equilíbrio da organização no mercado. Uma das situações em que a estratégia de manutenção é utilizada é quando a organização está em um patamar em que o investimento para a sua expansão pode representar um custo maior do que os benefícios a serem obtidos. Nesse caso, não vale a pena expandir buscando melhores resultados, pois eles não serão maiores do que o investimento. Dessa forma, a melhor decisão é investir menos, o suficiente para se manter na posição atual e não perder mercado para a concorrência, por exemplo. Por fim, as estratégias de desenvolvimento são utilizadas em situações em que a empresa deseja levar seus produtos a novos mercados, almejando atender um novo segmento de público. A empresa, nesses casos, expande o domínio de um produto cuja fabricação ela domina para, assim, ingressar em outro mercado. Pode, também, crescer no mesmo mercado, por meio da introdução de novos produtos, que atendam a necessidades e ramos diferentes. A estratégia de desenvolvimento ocorre das formas previstas no Quadro 3. Fonte: Adaptado de Oliveira (2007). Ações Descrição Desenvolvimento de produtos e serviços A empresa visa aumentar as vendas desenvolvendo produtos e serviços melhores para o segmento que já atende. Desenvolvimento de mercado A empresa busca novos segmentos de mercado para seus produtos e serviços. Desenvolvimento financeiro Quando duas empresas com dificuldades financeiras se fundem, buscando obter melhor situação no mercado. Desenvolvimento de capacidades Fusão de duas empresas, buscando unir suas forças e equilibrar pontos fortes e fracos. Quadro 3. Ações comumente relacionadas às estratégias de desenvolvimento Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence6 Uma estratégia competitiva, por sua vez, é a forma como a empresa decide se posicionar no mercado em relação aos concorrentes. É o modo como pre- tende competir, respondendo às estratégias e posições de seus competidores, visando obter uma vantagem competitiva sustentável. Cada tipo de estratégia é adequado para um determinado perfil de empresa, em uma situação específica de mercado. Desse modo, para que possa optar pelo plano ou estratégia que traga melhores resultados para a sua organização, o gestor precisa conhecer profundamente a situação da sua empresa, dos concorrentes e do mercado como um todo. Tipos de inteligência em negócios e suas ferramentas Para que o gestor possa tomar decisões estratégias seguras e efi cazes, ele precisa ter um conhecimento profundo de tudo o que envolve o seu negócio e o mercado em que atua. Isso envolve um elemento fundamental nos dias de hoje: a informação. A chamada inteligência em negócios, ou business intelligence (BI), tem oferecido aos gestores uma solução importante nesse sentido. Trata-se de um conjunto de ferramentas tecnológicas e técnicas e de métodos que possibilitam coletar e analisar dados, transformando-os em informações importantes para a tomada de decisão organizacional. As ferramentas e métodos utilizados em BI garantem a qualidade e a confiabilidade de dados e análises, fornecendo segurança a empresas e gestores na hora de tomar uma decisão, seja ela estratégica, tática ou operacional. 7Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence A tecnologia trouxe como avanço para as organizações a oportunidade de coletar dados que antes não estavam ao alcance, bem como a facilidade do cruzamento e da análise das informações obtidas. Se bem utilizadas, tais práticas podem trazer diferenciação, sucesso e valorização à organização que investir nelas. As informações que a tecnologia possibilita às organizações podem ajudá-las a compreender melhor o comportamento do mercado e pensar ações para criar condições internas e externas favoráveis ao seu sucesso. Para isso, a inteligência em negócios se utiliza de alguns sistemas, os quais estão tradicionalmente associados a quatro categorias: 1. relatório; 2. análise; 3. monitoramento; 4. predição. A Figura 2 ilustra algumas das ferramentas de BI mais conhecidas e uti- lizadas pelos gestores. Figura 2. Tipos de ferramentas de business intelligence. Fonte: Turban (2009, p. 28). Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence8 Na sequência, você vai conhecer um pouco mais acerca de cada uma das categorias propostas e as suas ferramentas mais conhecidas. Relatório Relatório é um tipo de BI cujo objetivo é fornecer ao gestor documentos que contenham informações úteis para a tomada de decisão, provendo um pano- rama da situação interna e externa à empresa e o seu histórico, por exemplo. Os relatórios podem estar relacionados a determinado intervalo de tempo sobre o qual o gestor precise de informações e podem incluir dados sobre as atividades de toda a empresa ou de determinado setor. Um relatório também pode ser algo simples, como a análise da abrangência das publicações do perfi l da empresa em uma rede social; isso pode determinar se as atividades de relacionamento no meio digital estão atingindo os objetivos propostos ou se necessitam de adequação. Enquanto os relatórios ad-hoc são feitos sob demanda e utilizados em situações específicas, os relatórios operacionais são aqueles que permitem o acompanhamento diário das tarefas operacionais da organização. Esses rela- tórios permitem o acompanhamento e monitoramento dos eventos cotidianos da empresa, possibilitando a identificação de algum problema ou a realização de um diagnóstico de problemas futuros, sem esperar que algo aconteça para que possa ser resolvido. A expressão latina ad hoc significa "para isto”, o que se refere à ideia de um relatório que tenha sido encomendado para uma finalidade específica. Análise A análisecompreende as ferramentas que analisam os dados disponíveis das mais diversas fontes. Trata-se de uma parte fundamental da BI, uma vez que os dados sozinhos, sem análise, têm pouca ou nenhuma utilidade para a empresa. Existem três tipos comuns de análise, descritos a seguir. 9Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence 1. Análise de planilha — essa análise se dá com base em dados con- tidos em planilhas, com o intuito de avaliar uma situação ou mesmo antecipar o desempenho da empresa em algum período específico. Um bom exemplo é a utilização de uma planilha de Excel para analisar as vendas de um setor no ano anterior ou os custos de um novo produto. 2. Ferramentas de visualização — trata-se da utilização de um software que coleta dados brutos e cria uma visualização que os usuários podem ler e entender. Um exemplo é um gráfico que ilustre o desempenho de vendas de um determinado produto, permitindo ver claramente se o movimento é ascendente ou descendente, ou mesmo um gráfico em pizza que demonstre os métodos pelos quais os clientes de uma determinada empresa a contataram no último mês. 3. Consulta ad-hoc — trata-se do uso de um software que permite aos usuários desenvolverem suas próprias consultas de dados específicas. Pode ser que a necessidade seja atendida por meio da adaptação do conteúdo de um relatório já existente, mas, algumas vezes, é necessá- rio desenvolver um novo filtro, estruturando uma nova consulta para levantar uma informação solicitada. No caso de uma instituição de ensino, por exemplo, pode existir a necessidade de levantar o número de alunos matriculados que ainda não cursou uma disciplina específica e que já tenha condições de fazê-lo. Essa informação poderá ser utilizada para analisar a potencial demanda de alunos para tal disciplina no próximo semestre, fornecendo dados para a tomada de decisão relacionada à disponibilização ou não dessa disciplina para matrícula, ou mesmo à necessidade de se oferecer mais de uma turma da mesma disciplina, se a demanda for muito alta. As análises e relatórios ad-hoc possibilitam que a resposta para um ques- tionamento específico seja obtida, auxiliando a resolução de pendências e situações que demandam ação imediata. As ferramentas de BI mais populares e mais utilizadas pelas empresas normalmente oferecem esse tipo de fun- cionalidade. Algumas vezes, é possível até que um usuário não especialista construa e gere os seus próprios relatórios, sem necessidade de envolver outros profissionais. Isso agiliza e facilita a tomada de decisão, que, muitas vezes, é urgente. Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence10 Já a ferramenta denominada on-line analytical processing (OLAP) consiste em um sistema que analisa e processa os dados obtidos pela organização e armazenados no data warehouse, por exemplo. O OLAP possibilita ao usuário a manipulação instantânea de informação de modo ilimitado. Além disso, viabiliza a interpretação e a revisão dos dados por diversas perspectivas, de acordo com a necessidade da empresa. É a ferramenta utilizada pela empresa para poder acessar e trabalhar os dados do data warehouse ou de outro sistema de base de dados semelhante. Monitoramento O monitoramento de dados é um dos aspectos que mais atrai os gestores nas ferramentas de BI. Poder acompanhar o que ocorre na empresa ou os aspec- tos relacionados a ela em tempo real é um importante diferencial, podendo garantir à empresa o pioneirismo nas suas decisões. Os três principais tipos de monitoramento são: 1. painel; 2. gerenciamento de desempenho comercial; 3. data warehouse. O painel consiste em um local central que contém todas as métricas e dados úteis e acionáveis da organização. Esses dados são normalmente representados grafi camente para facilitar a leitura pelo usuário. Um exemplo são os dashboards de gestão, que disponibilizam a implantação de painéis que permitem o monitoramento dos indicadores mais importantes para a organização (os indicadores-chave de desempenho, ou KPIs, medem o desempenho de uma ação ou projeto específico). Dessa forma, os principais indicadores de desempenho e métricas críticas são mostrados e atualizados em tempo real, de forma bastante visual. Assim, o gestor pode ter uma ideia do status geral do seu negócio ou mesmo do mercado, o que agiliza as decisões mais urgentes. O monitoramento denominado gerenciamento de desempenho comercial consiste em sistemas que possuem como objetivo garantir o atingimento de metas da organização, bem como a entrega dos resultados planejados. Um dos 11Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence mais utilizados é o balanced scorecard. Por fi m, o data warehouse, também conhecido como depósito de dados, é usado para armazenar as informações obtidas pela empresa em um banco de dados, de modo que possam ser poste- riormente analisadas e utilizadas. Segundo Jamil (2000, documento on-line): Os data warehouses podem ser compreendidos, numa abordagem superficial, como um conjunto de componentes tecnológicos que permitem o agrupamento de dados de diversas fontes — usualmente dos sistemas transacionais clássicos, como faturamento, atendimento a clientes e contas a pagar e a receber —, a fim de que possam ser usados para análises. O data warehouse é, portanto, uma tecnologia de gestão e análise de dados, um processo de preparar os dados de um sistema de informação para posterior análise. Essas análises, no entanto, exigirão que os dados sejam trabalhados de forma correta, que tenham sido bem coletados e preparados para que possam fornecer uma informação precisa e útil para a tomada de decisão. No entanto, confundir os data warehouses com simples bancos de dados é um erro que pode custar o fracasso do investimento. Enquanto um sistema de banco de dados forneceria informações simples, o data warehouse traz séries históricas e estudos de tendências. As informações que alimentam o banco de dados do data warehouse podem ser obtidas por meio de sistemas de enterprise resource planning (ERP) e customer relationship management (CRM), ou por meio de coleta de dados externos. Turban (2009, p. 22) afirma que o “[...] data warehouse é um repositório central de dados históricos, organizado de forma que o acesso seja fácil (usando um navegador da Web) e a manupilação para o suporte a decisões é conveniente”. Dessa forma, trata-se de um meio de armazenamento e dis- ponibilização de dados para análise utilizando uma ferramenta específica, como a OLAP. Já as ferramentas do tipo customer intelligence possibilitam que a empresa tenha uma visão mais clara e completa sobre o cliente. Isso se dá a partir de dados armazenados sobre as ações desses clientes em relação à empresa. São dados internos, como relatórios de vendas e informações de call center, e externos, como idade, sexo e localização geográfica, que permitem à empresa compreender o que move o seu cliente em relação às suas interações com a marca. A partir dessas informações, é possível entender melhor as necessidades do cliente e realizar ações que possibilitem a sua fidelização, contribuindo para a sustentabilidade da empresa. Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence12 Em alguns casos, as redes sociais podem ser uma fonte importante para a obtenção dos dados de customer intelligence. Elas fornecem informações importantes sobre gostos e hábitos e podem ser, também, uma boa ferramenta de mineração de dados do cliente. No entanto, é importante que as informações sejam armazenadas corretamente, para que possam ser posteriormente analisadas e gerem relatórios eficazes. Isso otimiza tempo e recursos, além de fornecer segurança para a tomada de decisão. Predição Muitas empresas optam por investir em BI com o intuito de prever aconte- cimentos futuros e identifi car tendências por meio da sua base de dados. A análise preditiva pode ser altamente complexa, e muitas vezes as empresas utilizam programasde software que automatizam grande parte do processo. Uma das principais ferramentas de previsão é o data mining, também conhecido como mineração de dados. Esse tipo de ferramenta permite que o gestor, ou o usuário, explorando um universo enorme de informações coletadas e dis- ponibilizadas, possa fi ltrar aquilo que lhe interessa em determinada situação. Tais ferramentas podem ser utilizadas, por exemplo, para descobrir padrões e tendências, o que, olhando para o todo, seria difícil identificar, especialmente em função do volume de informações. As ferramentas de mineração de dados possibilitam ao gestor identificar, por exemplo, as tendências de mercado no seu segmento de atuação, ou mesmo quais produtos possuem maior probabilidade de serem vendidos juntos. Relação entre estratégias organizacionais e inteligência nos negócios A tomada de decisão requer informação, e a informação signifi ca, nos dias de hoje, uma das formas mais importantes de exercer poder. No entanto, não basta ter acesso às informações: é preciso saber utilizá-las e, ao fazê-lo, tomar as melhores decisões para a organização. Para atuar em uma posição de destaque no mercado, obtendo alguma vantagem em relação aos concorrentes, o que forneceria certa sustentabilidade à empresa, é necessário, principalmente, inovação a agilidade. A inovação 13Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence garante à empresa uma diferenciação, a garantia de oferecer aos seus clientes algo único, que a concorrência não é capaz de oferecer. Por outro lado, para se manter inovadora, a empresa precisa demonstrar agilidade na identificação de demandas e oportunidades e na resposta aos desejos identificados no mercado. De outro modo, a concorrência poderia superar essa diferenciação, fazendo com que a estratégia adotada pela empresa ficasse comprometida. Um exemplo de empresa que se mantém líder de mercado dessa forma há anos é a Apple. Para muitos clientes, a empresa é sinônimo de design, tecnologia e inovação, tendo sido pioneira em uma série de produtos que os consumidores sequer imaginavam que precisavam e que, hoje, podem não ser capazes de viver sem. No entanto, como para quase tudo no mercado, há um preço para esse pioneirismo. É preciso estar atento a tudo, desde o comportamento de compra dos consumidores e a forma de uso dos produtos até os lançamentos dos concorrentes, passando por avanços tecnológicos do mercado, sazonalidades e outros acontecimentos que podem parecer banais. Tudo interessa a empresas que querem permanecer no topo. Para isso, saber onde obter a informação e de que forma a utilizar para a tomada de decisão é fundamental. Para Penna e Reis Júnior (2003), o conhecimento que resulta do bom uso da informação obtida tem papel preponderante na tomada de decisão organi- zacional, em nível tanto tático quanto estratégico. Quanto mais a gestão souber lidar com as informações obtidas, mais eficiente será, tanto na definição da estratégia quanto no seu posicionamento. Dados sobre mercado, atuação dos concorrentes e resultados financeiros, de vendas e de lucratividade da empresa são informações importantes para decidir o caminho que se deseja seguir como organização, possibilitando identificar tendências, verificar problemas e fazer previsões. É possível que, por meio dessas informações, a direção identifique uma demanda latente em um novo mercado e, a partir daí, opte por uma estratégia de desenvolvimento para atendê-lo. No entanto, para que isso seja possível, é necessário que os dados coleta- dos sejam trabalhados de modo a gerar uma informação de qualidade e com Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence14 confiabilidade suficiente para pautar a tomada de decisão organizacional. Com isso, faz-se necessário, em muitos casos, a adoção de sistemas informa- tizados de apoio a essas decisões. São ferramentas que armazenam grandes quantidades de dados e que são capazes de transformá-los em informação executiva, auxiliando, inclusive, na formulação ou adequação de estratégias, a partir do modo como agrupam as informações e permitem análises sob várias perspectivas. Desse modo, as ferramentas de BI se tornam fundamentais tanto para a formulação quanto para a manutenção das estratégias empresariais. Alguns autores afirmam, inclusive, que tais ferramentais viabilizam a implementa- ção de estratégias que não poderiam ser postas em prática sem esse suporte, conforme destacam Penna e Reis Júnior (2003). As ferramentas de BI têm o intuito de fornecer suporte para a tomada de decisão organizacional, trazendo valor para a empresa como um todo. A sua contribuição para a definição das estratégias de negócios é indiscutível. Penna e Reis Júnior (2003, p. 8) afirmam que: [...] frequentemente a primeira geração de implementação de data warehouse é destinada a duas finalidades extremas: esforços puramente estratégicos, como o estudo de tendências dos negócios no longo prazo, ou com a finali- dade de um departamento individual executar atividades específicas, como segmentação de clientes. Desse modo, ao fornecer dados do mercado e do comportamento de compra dos clientes, ferramentas como o data warehouse podem auxiliar a empresa na definição ou mesmo na redefinição do segmento de mercado que pretende atender. Da mesma forma, esses sistemas auxiliam a empresa na manutenção da sua estratégia e na identificação de um possível problema relacionado a ela. Por meio das informações coletadas e do acompanhamento sistemático, é possível identificar, por exemplo, uma rejeição por parte de algum segmento de mercado a um determinado produto ou mesmo à marca da empresa. Dessa forma, é possível realizar ações em tempo hábil, de modo a reduzir os danos e minimizar os prejuízos dessa rejeição, ou mesmo buscar reverter esse quadro. Todas as fontes de informação são importantes para a formulação de uma estratégia de negócio. E, no BI, por se tratar de um elemento que tem como intuito instrumentalizar as decisões em qualquer esfera da organização, a sua vinculação com esse processo é fundamental. 15Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence Um exemplo de fracasso na formulação da estratégia de negócios em função da utilização de informações inadequadas é o da Motorola, na ocasião do lançamento do projeto Iridium, de telefonia via satélite. Na época, em 1987, a meta da empresa era operar em grande escala em um prazo de 10 anos. Para isso, a empresa pretendia colocar em órbita 77 satélites a 700 quilômetros da superfície da terra, o que foi feito com bastante atraso, já em função de erros na captação de informações de negócios. A empresa pretendia, no primeiro ano de operação, conquistar de 200 a 300 mil clientes, sendo 10% desse volume no Brasil. No entanto, em função de um produto que foi considerado caro e de falhas na infraestrutura, após o prazo de 10 anos, o Iridium tinha apenas 24 mil clientes, 2.400 no Brasil. A empresa só contabilizou as experiências aprendidas na ocasião muito após o fracasso do projeto, que teve raiz na falta de informações sobre o mercado, as necessidades dos clientes e a própria empresa. Dessa forma, a obtenção de dados, bem como a forma com que a empresa transforma esses dados em informação de qualidade, pode ser a diferença entre uma empresa de sucesso e outra que não consegue decolar. Do mesmo modo, é preciso saber utilizar essas informações para tomar as melhores de- cisões, considerando o potencial da empresa e do mercado e onde os gestores pretendem chegar com a organização. A ferramenta é de suma importância para o sucesso da estratégia, mas não substitui a gestão na sua definição. AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. ALBUQUERQUE, A. E. Planejamento das relações públicas. Porto Alegre: Acadêmica, 1981. CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. 5. ed. São Paulo: Falconi Brasil, 2013. JAMIL, G. L. Business intelligence: informaçõespara a inteligência nos negócios. Revista de Administração Faces, v. 1, n. 1, p. 48-53, 2000. Disponível em: http://www.fumec.br/ revistas/facesp/article/view/5/5. Acesso em: 23 out. 2019. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico. São Paulo: Atlas, 2007. PENNA, R. A. C.; REIS JÚNIOR, A. S. O data warehouse como suporte à inteligência de negócio. In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 6., 2003, São Paulo. Anais [...]. São Paulo, 2003. Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence16 STONER, J. A.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1995. TURBAN, E. Business intelligence: um enfoque gerencial para a inteligência do negócio. Porto Alegre: Bookman, 2009. Leituras recomendadas CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010. MINTZBERG, H. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000. 17Estratégia de negócios e o mercado de business intelligence
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