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Indaial – 2021 Resistência dos MateRiais Profª. Mariana Bamberg Amaral 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Mariana Bamberg Amaral Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: A485r Amaral, Mariana Bamberg Resistência dos materiais. / Mariana Bamberg Amaral. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 168 p.; il. ISBN 978-65-5663-506-4 ISBN Digital 978-65-5663-505-7 1. Resistência de materiais. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 620.112 apResentação Caro acadêmico! Convidamos você a conhecer e aprender com o Li- vro Didático de Resistência dos Materiais, onde conhecerá os principais con- ceitos e fundamentos da mecânica, reações de apoio e carregamentos em um corpo rígido. Estes conceitos são fundamentais para o bom entendimento inicial a respeito do cálculo das estruturas ou cálculo de equipamentos e má- quinas. O livro está dividido em três unidades, abordando no mínimo três tópicos em cada, dividindo didaticamente os conteúdos que serão aborda- dos ao longo do curso. Cada unidade é escrita baseada em grandes obras de Resistência dos Materiais, sendo que além dos conceitos, há dicas de leituras e questões de autoatividade no final de cada tópico. Vamos começar? Na Unidade 1, você aprenderá os principais conceitos e introdução à Resistência dos Materiais, onde serão apresentados inicialmente conceitos a respeito de esforços mecânicos, tipos de apoios e tipos de carregamentos. Abordando ainda, a tensão resultante em um ponto do corpo (material) cau- sada por carregamentos externos e como esse corpo reage a essas forças (de- formação). Você também vai aprender as Leis de Hooke e Poisson, que estão diretamente interligadas à tensão e deformação. Ao final da Unidade 1, você terá adquirido os conhecimentos básicos das propriedades mecânicas, para utilização em análises e projetos de máquinas e estruturas, através de concei- tos e resoluções de questões de autoatividade. Na Unidade 2, você compreenderá mais sobre as forças axiais atuantes num corpo rígido e a realizar o diagrama de esforço normal axial de uma estru- tura. Vamos estudar também os elementos de uma ponte de treliça e de torres de transmissão determinando cada elemento de sua estrutura. E por fim, abordare- mos a respeito do cisalhamento, que é quando a magnitude do esforço normal, momento fletor e torçor, são desprezíveis em relação ao esforço cortante. Na Unidade 3 serão abordados os assuntos de transformação de ten- são, envolvendo o Círculo de Mohr que é uma forma gráfica de resolver um estado de tensões. Você também vai aprender a respeito do giro de uma barra reta carregada por momentos, chamada de torção de um elemento e a deformação em que esse momento torçor pode resultar. Por fim, será apre- sentado o estudo de flexão, que é um esforço físico aplicado no meio de uma viga, onde causa deformação perpendicular ao seu eixo. Ao final deste livro didático, nós esperamos que você seja capaz de iden- tificar e compreender os esforços atuantes sobre uma estrutura, calcular seu carre- gamento resultante e as reações dos apoios que estão submetidos. Bons estudos! Profª. Mariana Bamberg Amaral Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMáRio UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ................................ 1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS .......................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 FUNDAMENTOS DA MECÂNICA ................................................................................................ 3 2.1 HIPÓTESES SIMPLIFICADAS ..................................................................................................... 4 2.1.1 Quanto aos materiais ............................................................................................................. 4 2.1.2 Quanto à geometria dos elementos estruturais ................................................................. 5 2.1.3 Quanto aos carregamentos ................................................................................................... 7 2.1.4 Quanto aos vínculos .............................................................................................................. 8 2.1.5 Estaticidade e estabilidade ................................................................................................. 10 2.2 ESFORÇOS INTERNOS E RESULTANTES – MÉTODO DAS SEÇÕES ............................... 14 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO ..................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23 2 TENSÃO .............................................................................................................................................. 23 3 DEFORMAÇÕES ............................................................................................................................... 27 3.1 DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA LONGITUDINAL (Ε) ............................................................ 27 3.2 DEFORMAÇÃO TANGENCIAL ................................................................................................ 28 4 LEI DE HOOKE .................................................................................................................................. 28 5 LEI DE POISSON...............................................................................................................................30 6 LEI DE HOOKE GENERALIZADA ............................................................................................... 31 6.1 TENSÕES ADMISSÍVEIS E COEFICIENTE DE SEGURANÇA ............................................ 33 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 37 TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS....................................... 41 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 41 2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO .................................................................................. 41 3 ENSAIO DE TRAÇÃO ...................................................................................................................... 43 4 ENSAIO DE COMPRESSÃO .......................................................................................................... 45 5 COMPORTAMENTO ELÁSTICO E PLÁSTICO DOS MATERIAIS ...................................... 46 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 53 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 54 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 58 UNIDADE 2 — FORÇAS AXIAIS, TRELIÇAS E CISALHAMENTO DOS MATERIAIS ..... 61 TÓPICO 1 — ESFORÇO NORMAL AXIAL .................................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 FORÇAS INTERNAS E FORÇAS AXIAIS ................................................................................... 63 3 PRINCÍPIO DE SAINT VENANT .................................................................................................. 65 4 DETERMINAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES ................................................................................. 66 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 70 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 71 TÓPICO 2 — TRELIÇAS ..................................................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75 2 INTRODUZINDO AS TRELIÇAS ................................................................................................. 75 3 ESTATICIDADE ................................................................................................................................. 76 4 MÉTODO DOS NÓS ........................................................................................................................ 78 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 84 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 85 TÓPICO 3 — CISALHAMENTO ....................................................................................................... 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89 2 CISALHAMENTO CONVENCIONAL ......................................................................................... 89 3 DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES ............................................................................................... 90 4 TENSÃO DE ESMAGAMENTO .................................................................................................... 93 5 RUPTURA POR TRAÇÃO NAS PLACAS ................................................................................... 97 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 99 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 102 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 105 UNIDADE 3 — ESFORÇOS ESTRUTURAIS DE TORÇÃO, FLEXÃO E TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO ................................ 107 TÓPICO 1 — TORÇÃO ..................................................................................................................... 109 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109 2 ESFORÇO DE TORÇÃO ............................................................................................................... 109 3 DIAGRAMA MOMENTO TORÇOR .......................................................................................... 110 4 TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM EIXO CIRCULAR ............................................................. 114 5 ÂNGULO DE TORÇÃO ................................................................................................................ 117 6 TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA ................................................................................................. 119 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122 TÓPICO 2 — FLEXÃO ....................................................................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 2 ESFORÇO DE FLEXÃO .................................................................................................................. 125 3 DIAGRAMAS DE FORÇA NORMAL, ESFORÇO CORTANTE E MOMENTOS ............ 126 4 RELAÇÕES ENTRE CARGA, ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR ............... 129 5 TENSÃO DE FLEXÃO .................................................................................................................... 134 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 141 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 142 TÓPICO 3 — TRANSFORMAÇÃO DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES ................................ 145 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145 2 TRANSFORMAÇÃO DE TENSÕES ........................................................................................... 145 3 TENSÕES PRINCIPAIS E TENSÃO MÁXIMA DE CISALHAMENTO NO PLANO ....... 150 4 CÍRCULO DE MOHR – ESTADO PLANO DAS TENSÕES ................................................... 152 5 TRANSFORMAÇÃO DE DEFORMAÇÃO ................................................................................155 6 CÍRCULO DE MOHR – ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES ........................................ 158 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 167 1 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender os fundamentos da mecânica em relação ao tipo de ma- terial, diferentes geometrias, carregamentos e vínculos; • compreender o método das seções e como encontramos os esfor- ços internos resultantes de um corpo rígido sujeito a uma força; • calcular a tensão e deformação de um corpo rígido; • compreender o diagrama de tensão X deformação de um corpo e o seu comportamento em relação ao estado elástico e plástico. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS TÓPICO 2 – TENSÃO E DEFORMAÇÃO TÓPICO 3 – PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, nós vamos aprender os fundamentos iniciais da mecânica e com eles, as forças que atuam em um corpo rígido, a característica dos materiais, os tipos de carregamento e os tipos de vínculos. Ainda falaremos sobre estatici- dade e estabilidade, conhecendo as condições de equilíbrio de um corpo rígido e os três graus de estaticidade em que são divididos. Para finalizar estudaremos o método das seções, em que serão calculadas as tensões e reações de um corpo rígido, quando ele está sujeito a um conjunto de forças em equilíbrio. O corpo é separado em uma seção para que, através dela seja possível decompor dois componentes e obter forças e momentos perpendiculares a ela (esforços simples ou esforços internos resultantes). Bons estudos! 2 FUNDAMENTOS DA MECÂNICA O estudo dos fundamentos da mecânica dos sólidos abrange a combinação entre diversas forças que atuam em um corpo rígido considerando os efeitos inter- nos e baseando-se no equilíbrio estático. Este equilíbrio estático é a determinação das reações vinculares externas (equilíbrio externo) e a definição das solicitações (equilíbrio interno). Em outras palavras, sempre que você aplicar uma força sobre um corpo sólido, ele vai responder de forma a equilibrar esta força, gerando uma reação contrária, assim como Newton já nos ensinou na sua lei da “ação e reação”. Na mecânica, há o estudo dos corpos rígidos, dos corpos deformáveis e dos fluidos. Nós vamos nos concentrar no estudo dos corpos rígidos, em que há uma subdivisão: estática, cinemática e dinâmica. Para compreender melhor este equilíbrio, a Resistência dos Materiais for- nece uma explicação satisfatória do comportamento dos sólidos entre as solicita- ções externas e os efeitos causados em seu interior, abordando ainda as deforma- ções resultantes neste meio, por menores que sejam elas. UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 4 A compreensão dos conceitos abordados na mecânica dos sólidos está di- retamente ligada às grandezas físicas de tensão e deformação, grandezas funda- mentais para realizar o cálculo de uma estrutura. 2.1 HIPÓTESES SIMPLIFICADAS Segundo Hallack et al. (2012) para avaliar um cálculo estrutural e tornar a aná- lise dos problemas praticável e viável, foram criados hipóteses e esquemas de cálculos que simplificassem sua compreensão. Estas hipóteses simplificadas são definidas: • Quanto aos materiais; • Quanto à geometria dos elementos estruturais; • Quanto ao carregamento; • Quanto aos vínculos. 2.1.1 Quanto aos materiais Quanto aos materiais são aplicadas hipóteses em que suas características sejam: contínua, homogênea, isótropos e elásticos. Isto nos permite utilizar técnicas elementares de cálculos infinitesimal para solucionar os problemas estruturais. Em relação à continuidade do material leva-se em conta materiais com ausência de imperfeições e bolhas, para materiais homogêneos utiliza-se iguais propriedades em todos os pontos e quando se fala em materiais isótropos con- sidera-se que o material tenha características e propriedades iguais em todas as direções. Por fim, emprega-se ainda o conceito de que estes materiais sejam elás- ticos, ou seja, que sofrem deformações proporcionais ao esforço que estão sendo submetidos e quando estes são cessados, voltam a sua forma inicial. Entretanto, materiais como concreto, madeira e granito, tem características diferentes, sendo materiais heterogêneos e anisotrópicos. Estes requerem cálculos com maior cau- tela, pois chegariam a resultados aproximados e não exatos. Pode-se observar na Figura 1 as diferentes propriedades heterogêneas e anisotrópicas dos materiais de concreto e madeira, onde ambos contêm imperfei- ções no seu interior. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 5 FIGURA 1 – PROPRIEDADES HETEROGÊNEAS EM MATERIAIS DISTINTOS. (A) CORPO DE PROVA CILÍNDRICO DE CONCRETO APRESENTANDO AS DIFERENTES PROPRIEDADES E CARACTERÍS- TICAS DO MATERIAL E (B) MATERIAL EM MADEIRA COM DIFERENTES PROPRIEDADES (a) (b) FONTE: (a) <https://bit.ly/3mwBN4d>. (b) <https://bit.ly/3mvUghf>. Acesso em: 15 out. 2020. Na imagem acima no item (a) pode-se verificar um corpo de prova em concreto, cortado ao meio, onde as características e propriedades heterogêneas deste material ficam visíveis, sendo possível identificar a presença de brita em seu interior e de bolhas de ar. Já o item da figura (b) apresenta um pedaço de madeira, também com características e propriedades heterogêneas, onde em seu interior é possível verificar uma grande variabilidade na textura e cor. 2.1.2 Quanto à geometria dos elementos estruturais • Blocos: Materiais com dimensões principais iguais, ou seja, mesma ordem de grandeza (a=b=c). Na Figura 2, pode-se observar este material de mesmas di- mensões no item (a) e no item (b) temos um exemplo prático de elemento estrutural de bloco de fundação. UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 6 FIGURA 2 – MATERIAL COM MESMA ORDEM DE GRANDEZA EM SUAS DIMENSÕES. (A) GEOME- TRIA DE UM BLOCO E (B) ELEMENTO ESTRUTURAL DE BLOCO EM FUNDAÇÃO FONTE: (a) <https://bit.ly/3uz89OK>. Acesso em: 10 out. 2020; (b) <https://bit.ly/2PEtmrP>. Acesso em: 20 out. 2020. (a) (b) • Folhas: Elementos que tenham uma das dimensões (espessura) de menor ta- manho (e<<a=b) e são denominadas de placas e chapas, além de poder en- contrar as “placas” curvas que são denominadas de cascas, como pode ser verificado na Figura 3. Já a Figura 4 apresenta situações reais de elementos estruturais onde se aplicam estas geometrias. FIGURA 3 – ELEMENTOS COM ESPESSURAS DIFERENTES: PLACAS, CHAPAS E PLACAS EM FOR- MATO DE CURVA FONTE: <https://bit.ly/3uz89OK>. Acesso em: 10 out. 2020. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 7 FIGURA 4 – EXEMPLOS REAIS DE APLICAÇÃO DAS PLACAS E CHAPAS. (A) LAJES MACIÇAS; E (B) NAVIO (a) (b) FONTE: <https://bit.ly/2Q6ilzl>. Acesso em: 22 out. 2020; (b) <https://bit.ly/31XT0ds>. Acesso em: 30 out. 2020. • Barras: elementos estruturais onde duas das dimensões (largura e altura) são muito menores que a terceira (comprimento). Como se pode visualizar na Fi- gura 5 do item (a) estes elementos são retas (vigas, pilares, tirantes e escoras)ou curvas (arcos), já no item (b) apresenta-se um exemplo de aplicação do tipo barra e viga em um projeto estrutural de um edifício. FIGURA 5 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS EM BARRAS. (A) BARRA RETA, VIGA E ARCO; (B) PROJE- TO ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO (a) (b) FONTE: <https://bit.ly/3uz89OK>. Acesso em: 10 out. 2020. 2.1.3 Quanto aos carregamentos Os carregamentos encontrados em uma estrutura, nada mais são que as forças solicitantes. O conceito de forças é estudado em Mecânica0, que são os pesos próprios dos elementos estruturais (sentido vertical para baixo), como por exem- plo, o peso próprio de uma viga ou o peso de uma laje sobre esta mesma viga. Estas forças podem ser concentradas ou distribuídas, e serão detalhadas a seguir: UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 8 • Forças concentradas: são forças que se concentram em uma pequena extensão (Figura 6), comparadas a dimensão do elemento que recebe o carregamento. Este conceito é mais abstrato, sendo que se um material recebesse uma força pontual, provavelmente ocorreria um rompimento neste ponto da estrutura. FIGURA 6 – FORÇAS CONCENTRADAS FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 479) • Forças distribuídas: são forças que atuam ao longo de um trecho (Figura 7), como em barragens, comportas, tanques, entre outros. Podem ser em volu- mes (como a ação gravitacional, como as forças de inércia nos corpos acelera- dos), em superfícies (como a ação de esforços sobre placas, a ação da pressão de fluidos, Equação 1) e em linha (como a ação ao longo de vigas, Equação 2). FIGURA 7 – FORÇAS DISTRIBUÍDAS FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 479) (Eq. 1)p = dF/dA (Eq. 2)q = dF/dx 2.1.4 Quanto aos vínculos São estabelecidos três vínculos distintos de apoio em uma estrutura, para diferenciá-los são utilizados símbolos que representam cada apoio e o tipo de reação que exerce sobre o elemento que está em seu contato. Tipos de apoios: • Apoio Simples ou Móvel: resulta na reação de uma força perpendicular à su- perfície de um ponto de contato, onde possui apenas uma incógnita. É capaz de impedir o movimento do ponto do corpo numa direção pré-determinada. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 9 • Apoio Duplo ou Articulado: resulta na reação de dois componentes de uma força paralela e perpendicular à superfície de um ponto de contato, onde pos- sui duas incógnitas. É capaz de impedir qualquer movimento do ponto do corpo em todas as direções. • Apoio Fixo ou engaste: resulta na reação de dois componentes de uma força paralela e perpendicular à superfície de um ponto de contato e um momento, onde possui três incógnitas. É capaz de impedir qualquer movimento do pon- to do corpo em todas as direções, além do movimento de rotação do corpo em relação a esse corpo. Estes apoios e suas forças resultantes estão identificados na Figura 8. FIGURA 8 – TIPOS DE APOIO FONTE: Adaptado de Hibbeler (2004, p. 3) Na Figura 9 apresentam-se exemplos aplicados em situações reais de cada apoio comentado acima. UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 10 FIGURA 9 – TIPOS DE APOIOS: (A) APOIO SIMPLES, (B) APOIO DUPLO E (C) APOIO FIXO (a) (b) (c) FONTE: <https://bit.ly/3uIr49D>. Acesso em: 15 nov. 2020; (b) e (c) Rodrigues (2013) No item (a) da imagem acima o apoio simples utilizado impede o movimento do corpo em apenas uma dimensão, este exemplo é encontrado em algumas pontes. No item (b) já se limita o movimento do corpo em duas dimensões e estes apoios são vistos principalmente em pontes estaiadas. Por fim, o item c é utilizado quando pre- cisa impedir o movimento do corpo, estes são encontrados especialmente em vigas e pilares de um edifício ou de uma estrutura metálica conforme apresentado na figura. 2.1.5 Estaticidade e estabilidade Para falarmos sobre estaticidade e estabilidade você precisa antes conhe- cer as condições de equilíbrio de um corpo, que são condições que garantem o equilíbrio estático de qualquer porção isolada da estrutura ou da estrutura como um todo, ou seja, quando o corpo não possui movimento. Desta forma, para que o corpo não tenha movimento, em todos os seus pontos, a resultante dos esforços deve ser nula, isto é, a resultante das forças e a resultante dos momentos sejam iguais a zero. Conforme apresentado nas Equações 3 e 4: (Eq. 3)∑ F = 0 (Eq. 4)∑ M = 0 O ∑ F é a soma de todas as forças que atuam sobre o corpo e o ∑ M é a soma dos momentos deste corpo ou até mesmo fora dele, em um ponto qualquer. Compreendendo o conceito de estaticidade e as reações de apoio que atu- am sobre em um corpo, você pode classificar as estruturas segundo o grau de estaticidade, que está dividido em três tipos: • Estruturas Isostáticas Estruturas isostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio é igual ao número de equações de equilíbrio estático, ocorrendo uma situação de equilí- brio estável, como é apresentada na Figura 10, onde se encontram três incógnitas para cada uma das situações, VA, VB e HR ou VC, HC e MC. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 11 FIGURA 10 – EXEMPLO DE ESTRUTURA ISOSTÁTICA FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) Número de reações = Número de equações de equilíbrio Equações de equilíbrio de acordo com a figura acima: Exemplo 1 Para a viga AB temos a reação em A que é a força VA e as reações em B que são as for- ças VB e HB. Como já vimos anteriormente, as equações de equilíbrio são três, em Fx, em Fy e em MA ou MB. Desta forma, pode-se calcular as equações da seguinte forma: Em Fx realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo x, ou seja: ∑ FX = 0 HR = 0 Em Fy realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo y, ou seja: ∑ FY = 0 VA + VB = 0 Como em Fy temos duas incógnitas, utilizamos o somatório dos momentos em A ou em B (neste caso utilizou-se em A) para encontrar uma das incógnitas acima e poder encontrar o valor em ambas equações. ∑ MA = 0 + VB . x = 0 Desta forma, pode-se identificar as três reações de apoio e três equações de equi- líbrio, identificando uma estrutura isostática conforme descrito anteriormente. Exemplo 2 Para o exemplo 2 foi analisado da mesma forma que o exemplo 1, apenas alterando o tipo de apoio da viga, ou seja, avaliando uma viga engastada, onde as três in- cógnitas estão no engaste da estrutura. Desta forma, serão avaliadas as reações de apoio no ponto C em relação as equações de equilíbrio em Fx, em Fy e em MC. Em Fx realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo x, ou seja: ∑ FX = 0 HC = 0 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 12 Em Fy realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo y, ou seja: ∑ FY = 0 VC = 0 Em MC realiza-se o somatório dos momentos atuantes no ponto C, ou seja: ∑ MC = 0 - MC = 0 Desta forma, pode-se identificar, como no exemplo 1, as três reações de apoio e as três equações de equilíbrio, identificando uma estrutura isostática conforme descrito anteriormente. • Estruturas hipostáticas Estruturas hipostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio é menor que o número de equações de equilíbrio estático, ocorrendo uma situação indesejável de equilíbrio instável, como é apresentada na Figura 11 as incógnitas são duas, VA e VB ou VC e HC. Esta estrutura não possui restrição a movimentos horizontais. FIGURA 11 – EXEMPLO DE ESTRUTURA HIPOSTÁTICA FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) Equações de equilíbrio de acordo com a figura acima: Exemplo 1 Para a viga AB temos a reação em A que é a força VA e a reação em B que são as for- ças VB e HB. Como já vimos anteriormente, as equações de equilíbrio são três, em Fx, em Fy e em MA ou MB. Desta forma, pode-se calcular as equações da seguinte forma: Em Fx não tem nenhuma força atuante no eixo x. Em Fy realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo y, ou seja: ∑ FY = 0 VA + VB = 0 Como em Fy temos duas incógnitas, utilizamos o somatório dos momentos em A ou em B (neste caso utilizou-se em A) para encontrar uma dasincógnitas acima e poder encontrar o valor na equação do somatório de Fy. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 13 ∑ MA = 0 + VB . x = 0 Desta forma, pode-se identificar a duas reações de apoio e três equações de equi- líbrio, identificando uma estrutura hipostática conforme descrito anteriormente. Exemplo 2 Neste segundo exemplo, temos uma viga com apoio duplo, com duas reações de apoio no ponto C, HC e VC. Estes são calculados conforme descrito a seguir. Em Fx realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo x, ou seja: ∑ FX = 0 HC = 0 Em Fy realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo y, ou seja: ∑ FY = 0 VC = 0 Desta forma, pode-se identificar a duas reações de apoio e três equações de equi- líbrio, identificando uma estrutura hipostática conforme descrito anteriormente. • Estruturas hiperestáticas Estruturas hipostáticas são aquelas cujo número de reações de apoio é superior ao número de equações de equilíbrio estático, ocorrendo uma situação indesejável de equilíbrio estável. Nesse caso, as equações da Estática não são suficientes para a determinação das reações de apoio, sendo necessárias equações adicionais de compatibilidade de deformações, conforme apresentado na Figura 12 onde as incógnitas são quatro, VA, VB, HA e HB ou HC, VC, MC e HD. FIGURA 12 – EXEMPLO DE ESTRUTURA HIPERESTÁTICA FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) Equações de equilíbrio de acordo com a figura acima: Exemplo 1 Nesta situação, temos mais incógnitas do que equações de equilíbrio, onde na viga AB temos apoio duplo nos pontos A e B resultando em quatro reações de apoio. Como já vimos anteriormente, as equações de equilíbrio são três, em Fx, em Fy e em UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 14 MA ou MB. Desta forma, pode-se calcular as equações conforme descrito a seguir. Em Fx realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo x, ou seja: ∑ FX = 0 HA + HB = 0 Em Fy realiza-se o somatório das forças atuantes no eixo y, ou seja: ∑ FY = 0 VA + VB = 0 Desta forma, temos mais incógnitas do que equações de equilíbrio, identificando a estrutura como estrutura hiperestática. 2.2 ESFORÇOS INTERNOS E RESULTANTES – MÉTODO DAS SEÇÕES De acordo com Hibbeler (2004), os esforços internos solicitantes são os que atuam no corpo de uma estrutura no seu ponto interno. A melhor forma de você compreender as forças atuantes de um corpo é desenhar o diagrama de cor- po livre conforme a Figura 13. FIGURA 13 – SEÇÃO DE UM CORPO FONTE: Adaptado de Hibbeler (2004, p. 4) Ainda, a aplicação da estática na análise dos problemas de resistência dos materiais, é de suma importância para determinar a força resultante e o momento que atuam no interior de um corpo, para que este se mantenha unido quando o mesmo estiver submetido a forças externas. Para realizar esse cálculo devemos utilizar o método das seções, onde requer que seja realizado uma seção na região interna do corpo onde as cargas internas devem ser determinadas. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 15 Você vai perceber que o termo “momento” será bastante utilizado em todo estudo da Resistência dos materiais. O termo “momento” sempre vai se referir à reação resultante de uma força multiplicada pela distância até o ponto de apoio ou reação. Pode ser momento fletor ou momento torçor, dependendo das condições do carregamento. IMPORTANT E Considerando que o corpo rígido da figura acima está submetido a um conjunto de forças em equilíbrio, seccionamos o corpo por um plano P que o intercepta por uma seção S e dividimos a seção em duas partes, por exemplo, ponto D e E. Desta forma, as duas partes do corpo estão separadas e o diagrama do corpo livre é apresentado (Figura 14). FIGURA 14 – DIAGRAMA DO CORPO LIVRE FONTE: Hibbeler (2004, p. 4) Nesta área exposta da seção, pode-se verificar a presença de uma distribuição de força interna atuando para a área externa, isso nada mais é, do que os materiais da parte superior do corpo, atuando sobre o material adjacente da parte inferior. Para ser possível essa divisão, preservando o equilíbrio das duas partes, de- ve-se aplicar na seção S da parte E um sistema estático equivalente ao das forças que ficaram na parte da direita, e da mesma forma, para a parte D, um sistema estático equivalente ao das forças na parte da esquerda. Para obter os esquemas estáticos equi- valentes, reduz-se as forças a esquerda e a direita da seção S, até o centroide da seção. Desta forma, a resultante FR da parte esquerda é obtida pelas forças da direita e vice-versa e o mesmo acontece para o momento MR (Figura 15), ou seja, a seção de um corpo que está em equilíbrio é submetida a uma parte de forças FR e (-FR ) e a um par de momentos MR e (-MR) aplicados no seu centro de gravidade e resultantes da redução, a este centro de gravidade, das forças atuantes, respec- tivamente, à esquerda e à direita da seção S. UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 16 FIGURA 15 – FORÇA RESULTANTE E MOMENTO FONTE: Hibbeler (2004, p. 4) Decompondo as forças FR e MR no ponto 0 em duas componentes, uma perpendicular à seção S e outra no próprio plano da seção S, obtemos as forças N (força normal) e V (força de cisalhamento) e os momentos M (momento fletor) e T (momento de torção), conforme pode ser visualizado na Figura 16. Estas resul- tantes são chamadas de esforços simples ou esforços internos resultantes. FIGURA 16 – DECOMPOSIÇÃO DAS FORÇAS FONTE: Hibbeler (2004, p. 4) Estas forças e momentos são separados em quatro cargas resultantes, que serão descritos nos itens a seguir. Esforço Normal (N): Força que atua perpendicular ao plano da seção, ou seja, promove separa- ção das seções, permanecendo paralelas uma a outra. Em relação ao sinal, o esforço normalmente será positivo quando a força for de tração (quando separa duas se- ções) e negativo quando a força for de compressão (quando aproxima duas seções). TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 17 Força de cisalhamento – esforço cortante (V): Força que está contida no plano da seção, ou seja, tende de realizar o mo- vimento de deslizamento entre uma seção e outra. Neste caso, o sinal será positivo quando calculado pelo lado esquerdo da seção tendo o sentido positivo do eixo Y e para o lado direito da seção tiver o sentido oposto da seção do eixo. Momento fletor (M): Tende a realizar uma rotação na seção de um eixo no seu próprio plano, ou seja, momento contido em um plano perpendicular ao plano de ação. Momento torçor (T): Momento contido no plano de ação, ou seja, promove uma rotação entre duas seções próximas em um eixo perpendicular a elas. Para melhor compreensão dos sinais para cada uma das situações descri- tas acima, é apresentada Figura 17. FIGURA 17 – CONDIÇÕES DE SINAIS PARA CADA SITUAÇÃO DAS CARGAS RESULTANTES FONTE: Morilla (2012, p. 20) Sugestão para leitura adicional são os Capítulos 1, 2 e 3 da Apostila de Resis- tência dos Materiais. Disponível para download no link: https://bit.ly/3mEaTHC. DICAS 18 Neste tópico, você aprendeu que: RESUMO DO TÓPICO 1 • Os fundamentos da mecânica, em que se encontra a resistência dos materiais, que é o estudo da mecânica dos corpos deformáveis, ou seja, relação entre as so- licitações externas dos materiais e os efeitos provocados no interior dos sólidos. • A influência das características dos materiais quando estão submetidos a al- gum esforço externo, sendo que tanto o tipo, quanto a geometria e as vincula- ções são importantes na análise final, utilizando, assim, hipóteses simplifica- das que permitem com que as análises dos problemas sejam praticáveis. • O conceito de estaticidade e as reações de apoio que atuam sobre em um cor- po, podendo classificar as estruturas segundo o grau de estaticidade. • O método das seções para calcular as tensões e reações, em que um corpo rígido é submetido a um conjunto de forças em equilíbrio e através da divisão do corpo em duas partes (preservando o equilíbrioentre elas). Desta forma, você decompõe as duas componentes resultantes da divisão das partes, ob- tendo forças e momentos perpendiculares e pertencentes da seção, que são chamados de esforços simples ou esforços internos resultantes. 19 1 A figura a seguir representa uma viga carregada: AUTOATIVIDADE PÓRTICO FONTE: <https://bit.ly/3uN4vB1>. É correto afirmar que o momento fletor máximo será: a) ( ) No ponto B. b) ( ) A ¼ da distância entre A e B mais próximo do ponto B. c) ( ) Na metade da distância entre A e B. d) ( ) A ¼ da distância entre A e B mais próximo do ponto A. e) ( ) No ponto A. 2 Como é classificada uma estrutura segundo o grau de estaticidade e quan- tos tipos está dividida? 3 Determine os esforços solicitantes internos no ponto C da seção transversal da viga, conforme figura a seguir. VIGA COM CARREGAMENTOS COM UMA SEÇÃO FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) 20 4 Determinar os esforços solicitantes internos nos pontos C e D da seção transversal da viga, conforme a figura a seguir. Considerar no ponto B um apoio de rolete. VIGA COM CARREGAMENTOS E DUAS SEÇÕES FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) 5 Determinar os esforços solicitantes internos nos pontos C e D da seção transversal da viga, conforme a figura a seguir. VIGA COM CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDO E DUAS SEÇÕES FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) 6 A viga da figura a seguir tem peso uniforme de 80 N/m e se encontra presa na parede, considerando que a viga suporte um peso de 1.500 N/m, quais os esforços internos resultantes que atuam nos pontos da seção transversal C e D. 21 VIGA COM CARREGAMENTOS DE SUPORTE COM PESO DE 1500 N E DUAS SEÇÕES FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) 7 Uma viga engastada de seção DF tem uma carga na região de EF, sendo que a distribuição da carga sobre essa viga DF está representada na figura a seguir, sabendo ainda, que uma pessoa exerce uma força inclinada de 100 kN no ponto F da viga e que os esforços cortantes encontrados nos pontos D, E, e F são: VD = 30 kN VE = 30 kN VF = - 50 kN Descubra qual o valor do parâmetro C. VIGA ENGASTADA FONTE: <https://bit.ly/3t2Lwlm>. Acesso em: 8 nov. 2020. 8 Considere a viga de esforço cortante na figura a seguir e calcule a força P, o momento fletor M e o carregamento distribuído q. Além de determinar as reações nos pontos E e G. 22 VIGA COM CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO FONTE: <https://bit.ly/3t2Lwlm>. Acesso em: 8 nov. 2020. 23 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 TENSÃO E DEFORMAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, você vai aprender as relações existentes entre as forças apli- cadas sobre um corpo e a maneira como ele se deforma. De certa maneira po- demos dizer que todos os corpos rígidos sofrem deformação quando aplicada alguma força sobre eles, porém, muitas vezes, esta deformação é tão pequena que não conseguimos perceber e nem medir. Você também será apresentado a Robert Hooke e Poisson, dois cientis- tas matemáticos e físicos experimentais que contribuíram muito para o enten- dimento das propriedades dos materiais sólidos que utilizamos no nosso dia a dia. Hooke era inglês e desenvolveu uma equação que relaciona a carga aplica- da sobre um sólido e a sua deformação proporcional. Mais tarde, o Poisson, um francês, complementou os estudos de Hooke, concluindo que as deformações são compensadas nos eixos axiais dos sólidos. Assim, como você já deve ter estudado as leis de Newton, agora você vai poder estudar também as leis de Hooke e de Poisson, que serão apresentadas nesta unidade. 2 TENSÃO Tensão é uma grandeza vetorial, definida como a resistência interna de um corpo qualquer, onde uma força externa é aplicada por uma unidade de área, ou simplesmente, uma força aplicada por unidade de área da seção de um corpo. Para que possamos estudar a tensão de um ponto no interior do corpo, passamos uma seção quadrada pelo ponto intermédio de um plano paralelo xy. No momento em que se realiza o corte na seção do corpo, considera-se que a seção desta área está subdividida em várias áreas menores. Ao selecionar uma destas áreas, pode-se notar uma força ∆F atuando sobre ela que está associada a uma área ∆A. Esta força tem uma única direção, mas conforme aprendemos até aqui, vamos substi- tuí-la por três componentes (normal e tangencial), que igual ao ∆A tendem a 0 (zero). A relação entre força e área é chamada de tensão e a sua divisão tende a um elemento finito, conforme equações a seguir: , e (Eq. 5) 24 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Pode-se definir a tensão em dois tipos: Tensão Normal e Tensão Tangencial. Tensão Normal σ (sigma): quando a direção da força é perpendicular à área, ou seja, quando a força empurra o elemento da área é chamada de tensão de tração, já ao contrário, quando a força puxa o elemento da área é chamada de tensão de compressão. Equação para determinar a tensão normal: (Eq. 6) σ = N/mm²/MPa F = N/kN A = mm²/m² 1 Determine a tensão normal de uma barra de seção circular que está tracionada por uma força de carga normal de 36 kN, conforme a figura a seguir. Sua seção tem 50 mm de diâmetro. AUTOATIVIDADE BARRA TRACIONADA FONTE: Dutra (2015, p. 19) Força normal F = 36000 N Cálculo da área da seção circular A = π.r² = 3,1415 . (25 mm) ² = 1963,5 mm² Tensão normal: TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 25 Tensão Tangencial τ (tau): quando a direção da força é contida na área. Quando a intensidade da força por unidade de área atuar na tangente é chamada de tensão de cisalhamento. (Eq. 7) τ = N/mm² = MPa F = N ou kN A = mm² ou m² 1 Na figura a seguir apresenta-se uma barra com seção transversal quadrada de 40 mm de profundidade e largura. Nela é aplicada uma força axial de 800 N no centroide de seu eixo. Determine a tensão média e a tensão de cisalha- mento média que atuam sobre o material na seção a-a e também na seção b-b. AUTOATIVIDADE BARRA COM SEÇÃO TRANSVERSAL QUADRADA FONTE: Hibbeler (2004, p. 27) Seção a-a: A barra está seccionada e a carga interna dela é a força axial P = 800 N Calculando assim a tensão média: 26 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS DISTRIBUIÇÃO DA SEÇÃO MÉDIA TRANSVERSAL NA BARRA FONTE: Hibbeler (2004, p. 27) Seção b-b: Caso a barra será seccionada na área b-b o diagrama do corpo livre é igual ao apresentado na imagem acima, sendo assim as duas forças N e V, normal e cisalhamento, respectivamente, atuarão sobre a área seccionada. Visto que a força de cisalhamento é nula, o cálculo da tensão de cisalhamento resulta em zero, conforme a seguir: τ = 0 Mostra-se na a seguir a distribuição da seção média transversal na barra. Desta forma a área seccionada tem largura e comprimento de 40 mm e de 40 mm / sem 60º = 46,19 mm. Calculando assim a tensão média: Primeiro calcula-se as forças resultantes em x e y: ∑Fx = 0; - 800 N + N sen 60º + V cos 60º = 0 ∑Fy = 0; V sen 60º - N cos 60º = 0 Ou utilizando x’ e y’: ∑Fx = 0; N – 800 N cos 30º = 0 ∑Fy = 0; V – 800 N sen 30º = 0 Resultando em: N = 692,8 N V = 400 N TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 27 DISTRIBUIÇÃO DA TENSÃO FONTE: Hibbeler (2004, p. 28) E a tensão de cisalhamento média: Enfim, a figura a seguir mostra a distribuição da tensão. 3 DEFORMAÇÕES Deformação é definida como modificação da forma ou tamanho de um corpo quando nele é aplicado uma força. Estas forças podem ser percebidas atra- vés de equipamentos que medem deformações dos materiais ou são imperceptí- veis sem a utilização destes meios. A deformação pode ser tanto longitudinal quanto tangencia, que serão abordados nos itens a seguir. 3.1 DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA LONGITUDINAL (Ε) Deformações normais provocam mudança de volume na estrutura. Esta mudança de volume provoca uma deformação por unidade de comprimento, como exemplo, uma barra com um comprimento L sujeita a uma força axial F. Com a aplicação da carga, a barra provoca o alongamento ou encurtamento dela, que é definido pelo sinal resultanteda equação, onde para encontrar o ∆L resultante, utiliza-se a seguinte equação: (Eq. 8)∆L = LF – L 28 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Desta forma, pode-se definir a deformação específica longitudinal como a razão entre a deformação total ∆L (alongamento ou encurtamento) sofrido pela barra e o comprimento inicial dela, que é medido na direção da deformação. Temos assim a equação a seguir: (Eq. 9) 3.2 DEFORMAÇÃO TANGENCIAL As deformações por cisalhamento ou tangenciais provocam mudanças no for- mato da estrutura. Ao contrário da deformação longitudinal, a transversal não altera o comprimento do material mas resulta numa variação na sua forma (FIGURA 18). FIGURA 18 – VARIAÇÃO NA FORMA DA ESTRUTURA FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) Desta forma, quando sujeito a tensões tangenciais, ocorre uma distorção nas faces elemento envolvendo variações desprezíveis de volume. Com isso, a distorção específica pode ser definida como o deslocamento produzido e o comprimento res- pectivo, medido na direção normal a este deslocamento, conforme equação a seguir: (Eq. 10) 4 LEI DE HOOKE A Lei de Hooke foi criada em 1676 pelo cientista inglês Sr. Robert Hooke, que através de um experimento com molas, descobriu que o aumento da tensão causa um aumento na deformação proporcionalmente, até certos limites. Mate- maticamente essa Lei é expressa pela equação abaixo: (Eq. 11) TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 29 Na equação acima, consta o item E que representa o módulo de elasticidade ou módulo de Young. Thomas Young em 1807 introduziu a expressão matemática da Lei de Hooke E, sendo uma constante de proporcionalidade a qual nomeou de módulo de Young e que mais tarde ficou mais conhecida como módulo de elasticidade (E). O módulo de elasticidade indica quanto um material resiste à deformação, ou seja, a sua rigidez. Pode-se expressar a Lei de Hooke em duas equações: Módulo de elasticidade longitudinal: (Eq. 12) Módulo de elasticidade transversal: (Eq. 13) 1 De acordo com o gráfico de tensão-deformação de uma liga de aço (figura a seguir), que foi obtido através do ensaio de tração, calcule o módulo de elasticidade. AUTOATIVIDADE GRÁFICO DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE UMA LIGA DE AÇO FONTE: Hibbeler (2004, p. 74) 30 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Pode-se perceber através do gráfico que uma reta se estende do ponto O ao ponto A, com coordenadas aproximadas de 0,0016 pol/pol e 50 ksi. Desta forma o módulo de elasticidade é: 5 LEI DE POISSON Quando se aplica uma força axial de tração em um corpo deformável, ele sofre um alongamento na estrutura e também uma contração nas suas laterais. Caso a força seja de compressão, resulta em uma contração do corpo em direção à força e uma expansão lateral. No ano de 1811, o cientista francês Poisson definiu que a relação entre as de- formações unitárias entre duas direções é constante, dentro do limite de proporciona- lidade. Estas definições foram realizadas após observações de experimentos em que se verificou a deformação transversal em elementos submetidos a esforços normais. O Coeficiente de Poisson é representado pela sigla ν. A equação que a define: (Eq. 14) Pode-se concluir ainda, que as deformações longitudinais e transversais são sempre de sinais contrários e, que numa mesma seção transversal, a deforma- ção específica transversal é constante. 1 A barra da figura a seguir é feita com material homogêneo e isotrópico tem 500 mm de comprimento e 16 mm de diâmetro. Sob uma força axial de 12 kN, sendo que seu comprimento aumenta 300 µm e seu diâmetro reduz 2,4 µm. Determine o módulo de elasticidade da barra e o coeficiente de Poisson. AUTOATIVIDADE TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 31 BARRA DE MATERIAL ISOTRÓPICO FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 127) Calculando o coeficiente de Poisson temos: Área da seção transversal da barra é: A = π . r² = π . (8 . 10-3 m)² = 201 . 10-6 m² Consideramos que o eixo x coincidente com o eixo da barra para escrever então: Da Lei de Hooke: 6 LEI DE HOOKE GENERALIZADA Até o momento estudamos elementos submetidos a cargas normais, ou seja, em uma direção do eixo, onde somente é empregue um estado simples de tensão. A lei de Hooke generalizada aborda elementos estruturais sujeitos a carregamentos que atuam em três direções, gerando tensões normais nos três eixos, x, y e z (FIGURA 19). 32 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS FIGURA 19 – PRISMA SUJEITO A CARREGAMENTOS ATUANDO EM TRÊS DIREÇÕES FONTE: Rodrigues (2013, s.p.) Quando um corpo homogêneo e isótropo tiver atingido sobre ele um estado múltiplo de tensões, resulta em um alongamento em seu corpo e em duas contrações. Desta forma, deseja-se encontrar a deformação em cada um dos eixos através das tensões que estão sujeitos. Por meio de uma dedução de fórmulas, a Lei de Hooke generalizada apresenta a seguinte forma para calcular a deformação em cada eixo, através das tensões que o corpo sofre. A equação a seguir permite-nos encontrar estes valores: (Eq. 15) (Eq. 16) (Eq. 17) 1 A figura a seguir representa um bloco de aço submetido à ação de pressão uniforme em todas as faces. Mediu-se a variação do comprimento AB, que foi de -24µm. Determinar: (a) a variação de comprimento das outras duas arestas; (b) a pressão p aplicada às faces do bloco. Adotar E = 200 GPa e v = 0,29. AUTOATIVIDADE TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 33 BLOCO DE AÇO SUBMETIDO À AÇÃO DE PRESSÃO UNIFORME FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 130) A alteração no comprimento das outras arestas. Substituindo σX = σY = σZ = -P nas Equações apresentadas acima verificamos que os três componentes de deformação específica têm um valor comum: 6.1 TENSÕES ADMISSÍVEIS E COEFICIENTE DE SEGURANÇA Ao realizar projetos estruturais ou mecânicos deve-se considerar a carga limite do material maior que o carregamento receberá em situações normais de utilização. Este carregamento é conhecido como tensão admissível. Seguindo assim: δy = εy (BC) = (-300μ)(40mm) = -12 μm δz = εz (BD) = (-300μ)(60mm) = -18 μm Da equação anterior, determinamos a pressão p: Como: Teremos: εx = εy = εz = -300 µm 34 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Um exemplo disso, é o cálculo realizado para guindastes e cabos, que devem ser considerados fatores de segurança adequados, pois precisarão suportar cargas pesadas durante o trabalho. Desta forma, para garantir a segurança da máquina, uti- liza-se uma tensão admissível menor que a carga que o elemento possa suportar. A tensão admissível deve ser mantida dentro da região de deformação elástica do material. Como já observamos anteriormente, se esta tensão ultrapas- sar a região da deformação elástica, pode romper. Alguns casos, como na cons- trução de aviões e foguetes, essa condição não é válida, pois é precisa obter um peso muito menor do material, que se enquadra na região de deformação plástica. Também é utilizado para obter uma maior segurança no cálculo dos ele- mentos da construção um coeficiente de segurança. Este cálculo é denominado conforme a experiência do projetista, tipo de material a ser utilizado, tipo de car- regamento, ambiente de atuação, entre outros. 1 Uma barra engastada submetida a uma força normal de tração de 75 kN, com seção transversal quadrada de 20 mm de lado, calcule o coeficiente de seguran- ça utilizado no projeto. Considerando: AUTOATIVIDADE σlr - t = 250 MPa σlr - c = 200 Mpa De acordo com o enunciado a barra está tracionada, desta forma, iremos uti- lizar a tensão da barra tracionada para encontrar o coeficiente de segurança. Em primeiro lugar descobre-se a área desta barra: A = 20 . 20 = 400 mm² Após encontra-se a tensão: TÓPICO 2 — TENSÃO E DEFORMAÇÃO 35 Dica de leitura adicional são os Capítulos 1 e 2 do livro de “Resistência dos Materiais”, de R. C. Hibbeler. Disponível na biblioteca virtual Pearson. DICAS A tensão encontrada deve ser sempre menor ou igual a tensão máxima em projeto, desta forma, pode-seencontrar o coeficiente de segurança conforme descrito a seguir: 36 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A tensão que um elemento sofre quando aplicada uma força em uma deter- minada área pode ser separada por dois tipos, tensão normal onde a direção da força é perpendicular à área e tensão tangencial quando a direção da força é contida na área. • A deformação de um elemento, que modifica a forma ou o tamanho do mes- mo, quando nele é aplicada uma força. Essas deformações também são sepa- radas em dois tipos, uma é a deformação longitudinal, onde há uma mudança no volume da estrutura e outra é a deformação tangencial onde há uma mu- dança na forma da estrutura. • A Lei de Hooke e a Lei de Poisson são definidas respectivamente como: o aumento da tensão é proporcional a deformação da peça e a relação das de- formações unitárias entre duas direções é constante. Além disso, Hooke tem uma lei generalizada, onde explica como calcular a deformação de cada eixo de uma peça, quando ela está sujeita a várias tensões. • A tensão admissível de um material, que deve ser levada em conta sempre que uma estrutura for projetada e deve estar relacionada com o coeficiente de segurança do cálculo. 37 1 Determinar a tensão normal média máxima da barra submetida ao carrega- mento apresentado na figura a seguir. Ela tem largura constante de 35 mm e espessura de 10 mm. AUTOATIVIDADE BARRA SUBMETIDA A CARREGAMENTOS FONTE: Hibbeler (2004, p. 20) 2 Determine a tensão normal média em cada haste da luminária da figura a seguir, sendo que a haste AB tem diâmetro de 10 mm e a BC com diâmetro de 8 mm. O peso da luminária é de 80 Kg. LUMINÁRIA FONTE: Hibbeler, 2004, p. 21) 3 O material apresentado na figura a seguir tem uma haste com área transversal de 400 mm² e área no contato do ponto C de 650 mm². Este material está carregado com uma força vertical de 3 kN. Desta forma, defina a posição x de aplicação da força, de modo que o esforço de compressão médio no ponto C seja igual ao esforço de tração no tirante AB. 38 MATERIAL COM CARREGAMENTO DE 3 KN FONTE: Hibbeler (2004, p. 23) 3 Calcule a tensão da barra feita de aço em AB e latão em BC, onde, respectivamente, obtém módulo de elasticidade de E = 200 GPa e E = 105 GPa. Lembrando que as barras são unidas em B e carregadas conforme a figura a seguir. BARRAS DE AÇO E LATÃO FONTE: <https://bit.ly/3t2Lwlm>. Acesso em: 8 nov. 2020. 4 Com os dados da questão 7 calcule as deformações específicas nos trechos AB e BC. 5 Na figura a seguir, calcule as forças normais atuantes em AB, BC e DE. AB é uma barra com seção quadrada de lado a, BC é uma barra com seção re- tangular com largura de 2b e altura b e a seção DE é um fio com diâmetro d. Ainda, temos as seguintes características do material para que possamos realizar o cálculo das forças: 39 σ lr -t = 400 MPa σ lr -c = 200 MPa E aço = 210 GPa ν aço = 0,25 C.S.Tração = 2,5 C.S.Compres. = 1,6 P = 50 kN BARRA RÍGIDA FONTE: <https://bit.ly/3t2Lwlm>. Acesso em: 8 nov. 2020. 4 Ainda, com os mesmos dados da questão 9, calcule o dimensionamento das barras AB, BC e DE e os deslocamentos verticais na barra AE. 5 A fotoelasticidade é uma técnica experimental utilizada para a análise de tensões e deformações em peças com formas complexas. A passagem de luz polarizada através de um modelo de material fotoelástico sob tensão forma franjas luminosas escuras e claras. O espaçamento apresentado entre as franjas caracteriza a distribuição das tensões: espaçamento regular indica distribuição linear de tensões, redução do espaçamento indica concentra- ção de tensões. Uma peça curva de seção transversal constante (Figura a se- guir), com concordância circular e prolongamento, é apresentada na figura ao lado. O elemento está equilibrado por duas cargas momento M, e tem seu estado de tensões apresentado por fotoelasticidade. 40 ELEMENTO EQUILIBRADO POR DUAS CARGAS FONTE: Adaptado de ENADE (2008, p. 15) Em relação ao estado de tensões nas seções PQ e RS, o módulo de tensão nor- mal no ponto: a) ( ) P é maior que o módulo da tensão normal no ponto R. b) ( ) Q é maior que o módulo da tensão normal no ponto R. c) ( ) Q é menor que o módulo da tensão normal no ponto S. d) ( ) R é maior que o módulo da tensão normal no ponto S. e) ( ) S é menor que o módulo da tensão normal no ponto P. 6 A lei de Hooke: a) ( ) É a relação não linear entre a carga e o alongamento, no caso de uma barra em tração. b) ( ) É a relação linear entre a tensão e o alongamento, no caso de uma barra em tração. c) ( ) É a relação não linear entre tensão e deformação, no caso de uma barra em tração. d) ( ) É a relação linear entre a carga e a deformação, no caso de uma barra em tração. e) ( ) É a relação linear entre tensão e deformação, no caso de uma barra em tração. 41 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 1 INTRODUÇÃO Neste terceiro tópico, nós vamos aplicar os conhecimentos adquiridos nas unidades anteriores para entender aos efeitos da aplicação de tensões nos ma- teriais, assim como, avaliar as consequentes deformações. Estas avaliações são facilitadas pelos gráficos e diagramas que nos permitem entender de forma mais direta os comportamentos dos materiais sob tensão. Grande parte dos conhecimentos que você vai adquirir neste tópico é im- prescindível para o entendimento, interpretação e avaliação de laudos técnicos referentes às propriedades mecânicas de materiais, assim como, a interpretação de ensaios e testes de laboratório. A capacidade de interpretação e avaliação des- tas informações é necessária para a tomada de decisões em projetos e a correta escolha dos materiais adequados ao desempenho exigido. Bons estudos! 2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO Para avaliar as propriedades de um material em relação a tensão e deforma- ção, é realizado um ensaio de tração ou compressão em um corpo de prova. Este corpo de prova é medido sua seção transversal e seu comprimento, depois disso é inserido em um equipamento e submetido a carregamentos até sua ruptura. A partir da medição da variação destas grandezas, feito pelo equipamento de ensaio, é obtido o diagrama de tensão x deformação, utilizando ε como abscis- sa e σ como ordenada. Este diagrama varia conforme o material utilizado ou ob- ter resultados diferentes para um mesmo material, dependendo da temperatura do corpo de prova ou da velocidade do carregamento. Na Figura 20, a seguir, apresenta-se o gráfico de tensão x deformação do material dúctil aço, material utilizado para elementos estruturais e mecânicos. Com ele, vamos avaliar o comportamento deste material, quando ele está sujeito a uma força de carregamento. 42 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Logo no começo do carregamento, o comportamento do material é elásti- co, nesta faixa a curva é praticamente igual a uma reta, sendo que o resultado da tensão e da deformação é muito semelhante. Resumindo, o material é linearmen- te elástico. Após exceder um pouco o limite de elasticidade, o material continua se comportando como elástico, mas com um pequeno achatamento da curva, até alcançar o limite elástico. No limite elástico, se retirar a força que o material está recebendo, ele ainda retorna a sua forma inicial. Se continuar a receber a força e o material passar do limite de elasticidade, ele resulta em um colapso do material e em uma deformação permanente. Esta deformação é denominada como deformação plástica. FIGURA 20 – DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO (AÇO) FONTE: Hibbeler (2004, p. 64) Após o escoamento, aplica-se uma carga adicional ao corpo de prova, resultando em uma curva crescente até que alcance a tensão máxima, ou seja, o limite de resistência. Enfim, ao continuar com o carregamento o material chega à estricção, onde a área da seção transversal diminuiu em uma região localizada. Este fenômeno é provocado por planos de deslizamento encontrados no meio do material e as deformaçõesproduzidas são por tensão de cisalhamento. A curva começa a decair, pois a área da seção transversal está decrescendo, curvando cada vez mais a curva do material até chegar à ruptura. • Tensão de escoamento σe: tensão crítica correspondente ao início de escoamento; • Tensão última σU: tensão correspondente a máxima carga aplicada. • Tensão de ruptura σR: tensão correspondente ao ponto de ruptura. TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 43 3 ENSAIO DE TRAÇÃO O ensaio de tração é realizado com um corpo de prova típico de uma barra de material homogêneo e formato circular. Antes de iniciar o ensaio anota-se o valor da seção transversal e dois pontos na barra. O equipamento que mede os resultados desse ensaio, submete a barra a uma força que vai aumentando gradativamente. Para cada valor de P aplicado é anotado o valor de L e o valor de ∆L = Lf – L. E para cada valor de F é anotado o valor da tensão e da deformação, pois conforme aumenta a força, aumenta a tensão e consequentemente a deformação. E por fim, realiza-se o diagrama de tensão x deformação do material ensaiado. Podemos separar os materiais em dois tipos: • Materiais dúcteis: materiais que apresentam grandes deformações antes da ruptura. • Materiais frágeis: materiais que não apresentam deformações grandes, apenas antes de romper. Observação: em materiais frágeis não ocorre estricção. 1 Uma estrutura composta por duas barras distintas, conforme figura a seguir, uma de alumínio com diâmetro AB 30 mm e outra de aço com diâmetro BC de 20 mm. Na união rígida e desprezível de ambas, atua uma força P = 20 kN para a direita. Calcule as forças normais nas barras AB e BC. AUTOATIVIDADE ESTRUTURA EM DUAS BARRAS DISTINTAS FONTE: <https://bit.ly/3t2Lwlm>. Acesso em: 16 nov. 2020. Primeiramente, precisamos construir o diagrama de forças na união destas barras, definindo as hipóteses iniciais do problema. Consideramos então, como se as forças fossem contrárias às forças externas, ou seja, AB sob tração e BC sob compressão: 44 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Equacionando o equilíbrio das forças temos: NAB + NBC = P NAB + NBC = 20 Substituindo esse valor na primeira equação, temos: 0,525 NBC + NBC = 20 NBC = 13,11 kN NAB = 13,11 = 20 NAB = 6,89 kN A força na barra AB é de 6,89 kN (em tração) e a força na barra BC é de 13,11 kN (em compressão). Como temos uma equação e duas incógnitas, vamos precisar de outra equação para poder calcular. Pensando no deslocamento da barra podemos: Temos deslocamentos em B em ambas as barras: TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 45 4 ENSAIO DE COMPRESSÃO Os ensaios de resistência à compressão são executados conforme preconiza a norma NBR 13279 (2005) e obtêm-se os resultados na idade de 28 dias. Da mesma forma que o ensaio de tração, inicia-se o ensaio anotando o valor da seção transversal do corpo de prova. O equipamento mede os resultados desse ensaio, submete uma força no corpo de prova que vai aumentando gradativamente. E por fim, realiza-se o diagrama de ten- são x deformação do material ensaiado, conforme demonstrado na Figura 21. FIGURA 21 – EVOLUÇÃO DA FISSURAÇÃO NA INTERFACE ENTRE A PASTA E O AGREGADO PARA CONCRETO SOB COMPRESSÃO UNIAXIAL FONTE: Mehta e Monteiro (1994, p. 69) • Materiais dúcteis: o ensaio de compressão poderia ser utilizado até a tensão última, mas a partir daí não, pois na compressão não ocorre a estricção (dimi- nuição) do diâmetro da barra. • Materiais frágeis: o ensaio de compressão não poderia ser utilizado, pois a tensão última de compressão é muito maior do que a tensão última de tração (os materiais são mais resistentes ao esforço de compressão do que de tração), o que, provavelmente, causaria imperfeições nos resultados. Para você entender melhor as aplicações deste ensaio, vou usar como exem- plo prático o ensaio de compressão que é realizado em corpos de prova de con- creto. O concreto que é utilizado para construção das estruturas deve atingir certa resistência para ser capaz de suportar as cargas da edificação. Para verificação desta resistência, são realizados controles estatísticos da resistência do concreto, quando são moldados corpos de prova cilíndricos durante a concretagem. Estes corpos de prova são então rompidos em uma prensa para a verificação de sua resistência po- tencial, que deve ser igual ou maior que a resistência especificada no projeto. 46 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 5 COMPORTAMENTO ELÁSTICO E PLÁSTICO DOS MATERIAIS De acordo com Beer e Johnston (1995) é chamado de comportamento elás- tico um material que recebe um carregamento que resulta em uma deformação, mas que quando é retirada essa carga o material retorna ao seu estado inicial. O máximo valor de tensão que este material suporta retornando ao seu estado ini- cial após o descarregamento é nomeado como limite de elasticidade. Com início de descarregamento bem definido, o limite de elasticidade e limite de proporcionalidade coincidem com a tensão de escoamento do material, mantendo-se elástico com as tensões abaixo do valor de escoamento. Se o material atingir o escoamento e a carga for retirada, resultando em um gráfico de tensão x deformação decrescente de uma forma linear (figura a seguir), quer dizer que o ma- terial resultou em uma deformação durante a solicitação. Esta deformação, quando o ε não volta ao ponto zero é chamada de deformação permanente ou plástica. FIGURA 22 – A RETA CD SIGNIFICA A DEFORMAÇÃO PERMANENTE DO MATERIAL SUBMETIDO AO PRIMEIRO CARREGAMENTO FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 78) Esta deformação permanente, não depende apenas da tensão a que o ma- terial foi submetido, mas sim do tempo que essa tensão permaneceu no material até o descarregamento. Quando o material recebe um segundo carregamento, resulta em uma cur- va quase igual a primeira, até um pouco antes de atingir o ponto C, onde haverá uma quebra na reta, comparada a anterior, como pode ser visualizado na Figura 23. Desta forma, o limite de elasticidade resultou em um aumento de seus valores, devido à recuperação da resistência que ocorreu no primeiro carregamento. TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 47 FIGURA 23 – A RETA CD NO SEGUNDO CARREGAMENTO DO MATERIAL FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 78) Este segundo carregamento, resulta em uma mesma deformação específi- ca que o primeiro, mas em uma ductilidade do material menor. Sendo que os dois carregamentos foram de tração do corpo de prova do material. Segundo Hibbeler (2004), quando o material é submetido a uma carga exter- na, ele acumula energia em seu interior, essa energia é conhecida como energia de deformação. Essa energia pode ser expressa pela unidade de volume do material, ou seja, densidade de energia de deformação, que é representada pela equação a seguir: (Eq. 18) Caso o material for linear-elástico, se aplica a lei de Hooke, podendo ex- pressar a equação da densidade em termos da tensão uniaxial como: (Eq. 19) Quando a tensão atinge o limite de proporcionalidade calculamos a defor- mação através do módulo de resiliência, que está representado na figura a seguir, ou seja, pela região elástica do diagrama tensão-deformação onde é representada pela área triangular que absorve energia sem sofrer qualquer dano permanente. A equação para esta situação é representada a seguir: (Eq. 20) 48 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Outra situação é o módulo de tenacidade, que representa toda a área do diagrama de tensão-deformação antes da ruptura do material, conforme apresen- tado na figura a seguir. Esta propriedade é importante quando se projetam elemen- tos carregados acidentalmente, sendo que quando o módulo de tenacidade é alto, o material distorce muito devido à sobrecarga. Mesmo assim, é preferível materiais com módulo de tenacidade alta do que as com valores baixos, pois o material nesta situação pode romper imediatamente, sem nenhum sinal de ruptura iminente.FIGURA 25 – DIGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO REPRESENTANDO O MÓDULO DE TENACIDADE FONTE: Hibbeler (2004, p. 72) FIGURA 24 – DIGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO REPRESENTANDO O MÓDULO DE RESILIÊNCIA FONTE: Hibbeler (2004, p. 72) TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 49 Na figura a seguir é apresentado o diagrama tensão-deformação de uma liga de alumínio. Este foi submetido a uma carga de tração em seu corpo de prova de 600 MPa, se esta carga for removida, calcule a deformação permanente neste corpo de prova e o módulo de resiliência antes e depois da aplicação da carga. AUTOATIVIDADE DIGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO LIDA DE ALUMÍNIO FONTE: Hibbeler (2004, p. 75) Ao ser submetido a carga, o corpo de prova deforma até atingir o ponto B do diagrama, com uma deformação de 0,023 mm/mm. Quando a carga é retirada, o material retorna pela reta BC paralela à reta OA. O declive da reta OA é o módulo de elasticidade: Pelo triângulo CBD requer-se: CD = 0,008 mm/mm A deformação calculada representa a deformação elástica recuperada. A deformação permanente é calculada abaixo: 50 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Para o módulo de resiliência inicial e final, calculamos da seguinte forma: Dica de leitura adicional é o Capítulo 3 do livro de Resistência dos Materiais de R.C. Hibbeler. Disponível na Biblioteca Virtual Pearson. DICAS TÓPICO 3 — PROPRIEDADES DA MECÂNICA DOS MATERIAIS 51 LEITURA COMPLEMENTAR COMPARATIVO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO PINUS CIPRESTI ENTRE MADEIRA TRATADA E SEM TRATAMENTO Francine Bardini Márcio Vito A madeira é um material comumente utilizado tanto para construção, quan- to para confecção de diversos produtos no nosso dia a dia, como móveis e utensílios domésticos. Para diversas destas aplicações, é necessário o conhecimento das pro- priedades mecânicas da madeira, que por se tratar de um material natural, apresenta maiores variações do que materiais industrializados como o aço e polímeros. As variações das propriedades mecânicas nas madeiras podem ocorrer devido o teor de umidade, deterioração por fungos, bactérias e cupins, além de anomalias naturais como falhas e fissuras internas. Uma das principais maneiras de reduzir estas variações de desempenho é o tratamento em autoclaves com impregnação de produtos capazes de preservar as características da madeira ao longo do tempo, aumentando a sua durabilidade. Foram realizados comparativos de propriedades mecânicas de amostras de madeira do tipo Pinus Ciprestis com e sem o tratamento de autoclave para verificar quais alterações podem ser observadas nas características da madeira, considerando que esta seja utilizada para construção de estruturas. Foram avalia- das as resistências à compressão e à tração e também foram gerados gráficos de tensão X deformação para avaliar o comportamento da madeira até a sua ruptura. GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO OBTIDO NO ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO FONTE: Bardini e Vito (2017) 52 UNIDADE 1 — FUNDAMENTOS DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Conforme podemos observar nos gráficos anteriores o tratamento em au- toclaves altera as características mecânicas da madeira, aumentando sua capaci- dade de resistência tanto à compressão quanto à tração. Além disso, é uma ótima oportunidade para avaliarmos na prática os gráficos de tensão x deformação ge- rados durante os ensaios. O gráfico gerado pelo ensaio de resistência à compressão não foi plotado até a ruptura total, porém, podemos evidenciar que tanto a madeira tratada quanto a madeira natural apresentam o mesmo comportamento de deformação. Também podemos observar que até a tensão de 16MPa, ambas amostras estão apresentando os mesmos valores de tensão e deformação, e acima desta tensão, a amostra natu- ral apresentou deformações maiores enquanto a amostra tratada ainda manteve a mesma proporção entre tensão e deformação até aproximadamente os 23MPa. Já para o ensaio de resistência à tração, o gráfico gerado com os valo- res de tensão e deformação apresentam comportamentos diferentes para as duas amostras, sendo que a amostra com tratamento apresenta uma inclinação da reta menor que a amostra natural. Conforme já aprendemos nesta unidade, a razão entre tensão e deformação no regime linear é o valor do módulo de elasticidade do material. No caso das duas amostras, podemos perceber que a amostra com tratamento apresenta um módulo de elasticidade menor que a amostra natural, no entanto, a sua resistência à tração foi maior. A partir dos resultados que visualizamos nos gráficos fica claro que o tra- tamento de autoclave na madeira altera as características mecânicas alterando o módulo de elasticidade e aumentando a resistência à tração à compressão. FONTE: BARDINI, Francine; VITO, Márcio. Comparativo das propriedades mecânicas do pinus cipresti entre madeira tratada e sem tratamento. UNESC 2017. Disponível em: https://bit.ly/2P- SaTIm. Acesso em: 11 dez. 2020. 53 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • O diagrama tensão-deformação dos materiais é obtido através de ensaios onde os materiais são submetidos a um carregamento que pode ser de tração ou compressão. Este carregamento vai gerar uma deformação no material, que pode ser elástica ou plástica. • Os materiais podem responder de duas formas aos ensaios de tração e com- pressão: comportamento dúctil ou comportamento frágil. • Comportamento elástico e plástico dos materiais, sendo a deformação plástica do material, quando ocorre o descarregamento da força, o material retorna ao seu estado inicial. Já para a deformação elástica, o material não retorna ao pon- to 0 da deformação, ou seja, é criada uma deformação residual e permanente. • A respeito da densidade da deformação em cada uma das situações mencio- nadas acima e suas respectivas equações. 54 1 As propriedades dos materiais compósitos complexos, como o concreto, não precisam ser iguais à soma das propriedades de seus componentes. O gráfico, a seguir, apresenta as curvas tensão x deformação da pasta de cimento, do agregado e do concreto endurecido. AUTOATIVIDADE DIGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO FONTE: ENADE (2008, p. 21) Assinale a alternativa em que se refere à curva do material de concreto e sua justificativa. a) ( ) C1 - o concreto apresenta módulo de elasticidade superior aos módulos de elasticidade dos seus elementos constituintes. b) ( ) C2 - ao atingir aproximadamente 50% da tensão última, a fissuração da matriz argamassa se propaga, provocando uma diminuição mais acen- tuada no módulo de elasticidade tangencial. c) ( ) C2 - o módulo de elasticidade secante é superior aos módulos de elasti- cidade dos seus elementos constituintes. d) ( ) C3 - o concreto apresenta módulo de elasticidade inferior aos módulos de elasticidade dos seus elementos constituintes. e) ( ) C3 - as microfissuras na zona de transição entre a matriz da argamassa e do agregado graúdo induzem a um aumento na relação deformação/tensão. 2 Para diferentes materiais poliméricos, é apresentado na figura a seguir o gráfi- co de tensão-deformação. Assinale a opção em que o material apresenta o mó- dulo de elasticidade e o nível de deformação de uma das curvas do diagrama. 55 GRÁFICO COM OS DADOS DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS FONTE: Adaptado de ENADE (2017, p. 16) a) ( ) Curva I – Alto e grande. b) ( ) Curva II – Baixo e grande. c) ( ) Curva III – Baixo e pequeno. d) ( ) Curva IV – Alto e grande. e) ( ) Curva V – Baixo e pequeno. 3 Determine o alongamento e a tensão normal de uma haste de comprimento 300 mm e com diâmetro de 25,4 mm, que foi submetida a uma força de tra- ção de 35,60 kN. Considere E = 3,10 GPa. 4 Construa o diagrama tensão-deformação e determine o módulo de tena- cidade de uma cerâmica se a tensão de ruptura
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