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Neurobiologia da Aprendizagem

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1.1.1.1 
NEUROBIOLOGIA NA APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
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RESUMO DA UNIDADE 
 
Nesta unidade serão discutidos aspectos ligados à neurobiologia da aprendizagem, 
focando especificamente: a) a neurobiologia da aprendizagem, b) a genética da 
aprendizagem, c) semiologia neuropsiquiátrica. Trata-se, aqui, de um trabalho que 
apresenta os fenômenos envolvidos no processo de assimilação de dados, a sua 
elaboração cognitiva para compor informações e, finalmente, apresentar as 
estruturas mentais da capacidade de aprendizagem dos conceitos mais elaborados 
e a formação da inteligência. Muito já se discute sobre os aspectos genéticos no 
desenvolvimento humano e sua prevalência sobre o comportamento normal ou 
patológico, o entendimento das questões semiológicas – estudo dos sinais – 
possibilitam ao profissional ampliar sua percepção dos inúmeros processos que o 
sistema nervoso utiliza para realizar a função primordial para o homem, garantir a 
adaptação adequada aos contextos, à sobrevivência e à reprodução da espécie. 
Mesmo que os processos de leitura e escrita não tenham relação direta com a 
sobrevivência humana, existe uma importante ligação delas com as atuais 
exigências sociais. Portanto, a avaliação dessas habilidades, bem como dos 
quadros patológicos, é relevante para o estabelecimento das intervenções mais 
adequadas, a fim de tornar as crianças adaptadas a lidar com as variadas 
demandas, e poderem executar comportamentos promotores de interação, 
desenvolvimento e aprendizagem. 
 
Palavras-chave: neurobiologia da aprendizagem; neurônios, genética e semiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
RESUMO DA UNIDADE ............................................................................................. 2 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPITULO 1 - NEUROBIOLOGIA DA APRENDIZAGEM ......................................... 6 
1.1 ANATOMIA DA APRENDIZAGEM ................................................................. 6 
1.2 AS CÉLULAS DO APRENDIZADO ................................................................ 8 
1.2.1 Células da Glía ............................................................................................... 9 
1.2.2 Passos da evolução das células nervosas ................................................... 12 
1.3 NEURÔNIOS ............................................................................................... 13 
1.4 NEUROTRANSMISSORES ......................................................................... 17 
1.5 O CUSTO DO NÃO CONHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO.............. 20 
CAPUTULO 2 - GENÉTICA DA APRENDIZAGEM .................................................. 22 
2.1 A GENÉTICA E APRENDIZAGEM ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ........... 22 
2.1.1 O movimento Eugênico ................................................................................ 24 
2.2 FUNÇÕES EXECUTIVAS E ESTRUTURAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO 
PROCESSO DE APRENDIZAGEM .......................................................................... 32 
2.2.1 Funções executivas e aspectos anatômicos ................................................ 36 
CAPITULO 3 – PRINCÍPIOS GERAIS E DOMÍNIOS ESPECÍFICOS DA 
APRENDIZAGEM ..................................................................................................... 39 
3.1 APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA: DIFICULDADES 
ESPECÍFICAS ........................................................................................................... 39 
3.1.1 Modelo do déficit fonológico ......................................................................... 41 
3.1.2 Aspectos neurobiológicos da dislexia do desenvolvimento .......................... 43 
3.2 EPILEPSIA E APRENDIZAGEM .................................................................. 45 
3.3 DEFICIÊNCIA MENTAL E APRENDIZAGEM .............................................. 51 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 56 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Os aspectos que envolvem o processo da aprendizagem no ser humano são 
ricos em detalhes, em desdobramentos de perspectivas nas áreas científicas que, 
ao se juntarem, principiam a criação de um esboço para o entendimento a respeito 
de como se dá tais processos de extrema importância para o desenvolvimento 
humano. 
Conhecer os componentes estruturantes dos fenômenos cognitivos que 
promovem a “tradução” dos estímulos nas mais variadas formas e magnitudes, abre 
uma importante janela para que os profissionais envolvidos com o processo de 
ensino-aprendizagem dominem os pressupostos que embasam as ferramentas que 
o sistema nervoso central lança mão para construir a ideia de ser humano. 
Nesse processo de busca por compreender o mundo e suas particularidades, 
conhecer a ação das moléculas mensageiras, que são responsáveis pela ativação 
do sistema nervoso em sua constante tentativa de vincular estímulos, gerar 
comunicação com os mundos externos e interno do homem, permitir a interação 
social e o aprendizado, são muito importantes. 
Ter noções sobre como a circuitaria neuronal é ativada quando palavras, 
signos, conceitos e ideias são processadas em um córtex infantil com inúmeras 
possibilidades para aprendizado, é importante para que as capacidades cognitivas 
sejam empregadas da forma mais adequada ao desenvolvimento cortical infantil. 
Entretanto, é preciso manter em mente que, infelizmente, o funcionamento dos 
processos cognitivos permanecem um grande mistério para a ciência, o que torna 
mais complexa a compreensão das disfunções ligadas à aprendizagem. 
Com isso, não se pretende desanimar o pesquisador, mas sim, despertá-lo 
para a necessidade de se debruçar sobre esse desconhecido, utilizando os códigos 
científicos, para somar forças com várias outras áreas do saber que estão voltadas 
para compreender o homem. Por certo, entender as questões neuronais envolve um 
grande custo financeiro, todavia, o preço da ignorância quanto ao funcionamento 
cerebral é muito mais alto e com consequências muito danosas; pois profissionais 
podem estar, mesmo que de forma não intencional, dificultando o processo de 
aprendizagem. 
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Os homens da ciência que estudam o próprio ser humano, têm uma dívida, 
talvez impagável, com os seus pacientes com patologias,
que foram os norteadores 
nessa jornada de exploração e entendimento do cérebro e da mente humana. Eles 
ensinaram por meio de suas incapacidades, limitações e distúrbios, como algumas 
partes cerebrais funcionam. 
Dessa forma, ao lapidar o olhar dos profissionais para a investigação do 
processo desenvolvimental infantil, permite aguçar sua sensibilidade para perceber 
sutilezas e alterações cognitivas, que emergem constantemente nos ambientes que 
abrigam as “máquinas” de aprendizado mais extraordinários do universo, as 
crianças. 
 
 
 
 
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CAPITULO 1 - NEUROBIOLOGIA DA APRENDIZAGEM 
 
1.1 ANATOMIA DA APRENDIZAGEM 
 
No homem, o aprendizado ocorre por meio do sistema nervoso central, mais 
precisamente, no cérebro. Partindo de um ponto de vista neurológico – ramo da 
medicina que estuda os sistema nervoso –, será colocado em destaque o período 
infantil, mais especificamente, sobre os aspectos neurodesenvolvimentais na 
infância, o que abriu, mais recentemente, espaço para o desenvolvimento da 
especialidade neuropediatria. 
Por certo, existem outros atores envolvidos no processo do entendimento da 
relação entre sistema nervoso e ensino-aprendizagem infantil, bem como, a 
presença de aspectos que contribuem ou interferem no funcionamento geral do 
organismo, na manutenção, na adaptação e na garantia da sobrevivência do ser 
humano. Dentre outros fatores que mobilizam o sistema nervoso, podemos citar o 
ambiente social, o professor, o aprendiz e estados emocionais, entre outros. 
Todavia, é convencional entender que o aprendizado ocorre no Sistema 
Nervoso Central – SNC – da criança que engloba: cérebro, cerebelo e medula 
espinhal. Portanto, conhecer a neuroanatomia é importante para que se entenda a 
neurobiologia da aprendizagem (Riesgo, 2015). 
Na tentativa de definir aprendizagem e suas relações com a inteligência, 
Ohlweiler (2015) traz uma interessante contribuição para o entendimento desse 
fenômeno, pois segundo ele: 
 
A aprendizagem consiste em um processo de aquisição, conservação e 
evocação do conhecimento e ocorre a partir de modificações do SNC mais 
ou menos permanentes quando o indivíduo é submetido a estímulos e ou 
experiências que se traduzem por modificações cerebrais. A memória é 
essencial para que a aprendizagem ocorra; é a habilidade de reter e evocar 
informações. A compreensão da natureza das mudanças estruturais do 
encéfalo no processo da aprendizagem passa pelo conhecimento das 
características bioquímicas e funcionais dos neurônios, das sinapses e dos 
circuitos formados por eles. 
 
Ao apresentar a temática sobre competência/inteligência, por certo, nos remete 
a conceitos estruturantes, como citado anteriormente, a memória e o aprendizado 
que, como bem aponta Riesgo (2015), quando um estímulo é captado ele: 
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[...] chega ao SNC uma informação conhecida, essa gera uma lembrança, 
que nada mais é do que uma memória; quando chega ao SNC uma 
informação inteiramente nova, ela nada evoca, mas produz uma mudança 
na estrutura e/ou na função do SNC – isto é aprendizado (grifo nosso), do 
ponto de vista estritamente neurobiológico. 
 
Ao ter em mente a neurobiologia do aprendizado é possível traçar uma 
interface entre duas importantes áreas de atuação profissional, as áreas da Saúde 
(pediatras, neurologistas, neuropediatras, psicólogos, psiquiatras da infância e 
adolescência, fonoaudiólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas e terapeutas 
ocupacionais) e da Educação (educadores, orientadores educacionais, pedagogos, 
psicopedagogos) onde, cada um tem uma parcela de contribuição importante para 
compor o todo da aprendizagem. Vendo esse contingente enorme de profissionais, 
pode-se concluir que não apenas os profissionais da área da saúde precisam ter 
noções básicas do funcionamento normal e patológico do SNC (Riesgo, 2015). 
De acordo com Riesgo (2015), o entendimento do SNC pode se dar por 
diferentes formas e níveis, começando do aspecto macro (nível anatômico) para o 
micro, passando pela organização dos tecidos (nível histológico), das células até 
estruturas bem menores como as moléculas (molecular e bioquímico). Ou seja, é 
importante abordar o SNC de um modo holístico e multinível sem predeterminar uma 
hierarquização entre as partes. 
Para entender sobre o processo de aprendizagem é necessário ter em mente 
os aspectos multifocais de desenvolvimento, principalmente em relação ao processo 
de desenvolvimento cognitivo, quando se trata de lidar com o SNC, o nível 
maturacional ou ontogenético do córtex. Sendo assim, ter noções sobre maturação 
neuronal é fundamental para quem trabalha com crianças e, portanto, com cérebros 
em evolução e ricos em possibilidades. Uma das áreas que mais tem revolucionado 
a ciência neuronal é a Neuropediatria (Riesgo, 2015). 
O profissional da neuropediatria tem em seu processo de formação um contato 
sólido com os processos maturacionais da criança. Conforme Riesgo (2015) 
ressalta: 
Para que se entenda o processo do aprendizado, é também imprescindível 
dominar a sequência em que ocorrem os eventos neuromaturacionais da 
criança enquanto ela cresce, se desenvolve e também aprende. 
 
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A seguir serão descritas as bases anatômicas gerais do SNC e sua relação 
com a aprendizagem normal. Partindo da apresentação das células neurais e 
passando pelas questões de embriologia para, posteriormente, seguir uma ordem 
lógica, focar em aspectos neuroanatômicos e nas suas relações com a 
aprendizagem das crianças (Riego, 2015). 
 
IMPORTANTE 
A aprendizagem consiste em um processo de aquisição, conservação e 
evocação do conhecimento e ocorre a partir de modificações do SNC mais 
ou menos permanentes quando o indivíduo é submetido a estímulos e ou 
experiências que se traduzem por modificações cerebrais. A memória é 
essencial para que a aprendizagem ocorra; é a habilidade de reter e evocar 
informações. A compreensão da natureza das mudanças estruturais do 
encéfalo no processo da aprendizagem passa pelo conhecimento das 
características bioquímicas e funcionais dos neurônios, das sinapses e dos 
circuitos formados por eles. 
 
1.2 AS CÉLULAS DO APRENDIZADO 
 
Não é uma estratégia interessante estudar a aprendizagem partindo dos dados 
macroscópicos do sistema nervoso, para compreensão da organização do SNC, por 
isso, faz-se necessário estudar a neuro-histologia. Estudos nessa área foram 
realizados com maior rigor em meados do séc. XIX. Nessa época, foram descritos 
dois tipos de células nervosas que compõem a unidade estrutural e funcional do 
SNC, que são os neurônios e as células da Glia ou neuróglia (Riesgo,2015). 
A princípio, apenas o neurônio era considerado como unidade funcional no 
SNC, enquanto que as células da glía desempenhavam um papel de células 
suporte. Dessa forma, entendia-se que apenas o neurônio
era capaz de assimilar e 
transmitir informação cortical. Entretanto, essa não é mais uma informação 
totalmente correta. A atual ciência sobre a estrutura funcional do SNC tem novas 
proposições, entendendo o processo de neurotransmissão como uma abordagem 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
também “neuroglial”, ou seja as células da glía também interagem no cérebro para 
permitir a assimilação de estímulos e sua compreensão (Riesgo, 2015). 
 
1.2.1 Células da Glía 
 
Em relação as células da Glía é importante ressaltar que elas estão envolvidas 
em diversas funcionalidades no SN. Conhecê-la em profundidade é de extrema 
importância para que o profissional que lida com ensino-aprendizagem, possa 
compreender como é constituído o SNC. De acordo com Riesgo (2015) as células 
da Glia tem função de: 
 
orientação do crescimento e ajuda na migração dos neurônios durante o 
desenvolvimento, de comunicação neural, de defesa e reconhecimento na 
vigência de situações patológicas e de limitação das descargas neurais 
anormais, principalmente nos casos de epilepsia. 
 
O termo célula glía tem origem do ingês glue (cola). No início das pesquisas 
para desvendar o SNC, essas células recebiam pouca atenção, pois acreditava-se 
que já era compreendida completamente a sua funcionalidade no SNC. Até então, 
acreditava-se que elas tinham a única função de colar os neurônios e manter sua 
sustentação. No entanto, agora abriu-se um grande leque de novas possibilidades 
de assimilação de dados via SNC. 
As células glía são de 10 a 15 vezes mais numerosas que os neurônios; podem 
modificar-se com a entrada de novas informações no SNC; também participam da 
neurotransmissão e dos mecanismos celulares de aprendizado. 
Atualmente entende-se que as conexões entre os neurônios (sinapses) 
ocorrem em três partes que envolvem neurônios: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 01- Comunicação sináptica 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: nosso, 2019 
 
SAIBA MAIS 
Comunicação entre células nervosas. Disponível em: 
http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitt
ers2_p.html 
Acesso em: 25/02/2019 
 
De acordo com Lopes et al (1999) um neurônio pode ser ativado, 
simultaneamente, por estímulos excitatórios ou inibitórios de axônios de vários 
neurônios. De certa forma, cada neurônio é como um computador individual que faz 
um média, dentre todas as ativações elétricas ou químicas que recebe nas sinapses 
e promove o disparo e ativação neuronal ou inibição de ativações. 
A transmissão química entre neurônios engloba dois tipos distintos de 
especializações neuronais: os terminais pré e pós sináptico. Boa parte dos 
mecanismos de liberação pré-sináptica dos neurotransmissores ainda existem 
muitos pontos a serem esclarecidos. De forma bem rudimentar o processo acontece 
da seguinte maneira: no final do neurônio, existem os terminais axonais que, ao 
fazer contato com outros neurônios promove a liberação de neurotransmissores no 
terminal pré-sináptico e que, uma vez liberados na fenda sináptica, será captado 
pelo dendrito, o axônio, corpo celular ou células glandulares nos terminais pós-
sinápticos. 
A área de contato entre as membranas dendríticas ou axônais foi denominada 
de sinapse; ele é, na verdade, um espaço vazio que deixa os neurônios 
PRÉ-SINÁPTICO PÓS-SINAPTICO 
ASTRÓCITOS 
Cel. Glia 
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independentes. Existe sinapse entre neurônios / neurônios e entre neurônios / 
tecidos. As sinapses podem ser elétricas ou químicas (ver neurônios) 
 
Figura 02 – Tipos de Células da Glia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Lovo (2015) 
 
Existem vários tipos de células da Glía (Fig 02), cada uma com sua função e 
com particularidades. Veja abaixo: 
 
ASTRÓCITOS (Gomes, Tortelli, Diniz, 2013): 
- são as células mais abundantes do SNC, corresponde à metade das células do 
cérebro; 
- tem o nome pelo formato de um astro; 
- está envolvimento com a migração celular; 
- são essenciais para a manutenção da homeostase (estado de equilíbrio do SNC; 
- fazem captação e liberação de diversos neurotransmissores; tem papel crítico no 
metabolismo do glutamato e do GABA; 
- no hipocampo (ligado a memória) contribui com a gênese celular no SN, atua 
como célula tronco. 
OLIGODENDRÓCITOS (Schimitt et al, 2013) 
- são as células construtores da mielina no cérebro; 
- realizam a sinalização trófica e neurônios adjacentes; 
- realiza a síntese de fatores de crescimento, desenvolvimento e sobrevivência 
neuronal. 
MICRÓGLIA (Riesgo, 2015): 
- Atua na neuroplasticidade ao realizar a digestão de células sem função. 
 
 
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1.2.2 Passos da evolução das células nervosas 
Estudar embriologia das células e dos tecidos é um tema altamente complexo. 
Durante o desenvolvimento das células nervosas, acontecem fenômenos do tipo: 
progressivos (os mais frequentes) e regressivos (ligado a morte neuronal 
programada), que são importantes para o processo de neuromaturação no SNC. As 
maiores alterações morfogenéticas do SNC nos humanos, ocorrem entre o terceiro e 
o quarto mês de gestação, devido a constante proliferação e deslocamentos 
celulares nas estruturas embrionárias. Assim sendo, é no primeiro trimestre de 
gravidez que ocorre a organização genética do SN, de modo que, a presença de 
insultos orgânicos nessa fase, podem gerar como consequência graves a má 
formações no feto (Riesco, 2015). 
Um importante aspecto relacionado ao desenvolvimento embrionário durante o 
desenvolvimento do SNC é a chamada clivagem; processo pelo qual o número de 
células vai aumentar e promover a diminuição do tamanho de cada célula; pois o 
aumento celular se diferencia e permite que haja uma especialização de cada célula. 
Em todo o SNC ocorrem segundo Riesco (2015) “sete etapas” para o 
desenvolvimento embrionário, que são: 
1. neurulação 
2. proliferação celular controlada 
3. migração das células percussoras (a seus alvos determinados 
geneticamente) 
4. diferenciação celular para a forma e as propriedades maduras 
5. sinaptogênese (formação dos circuitos neurais) 
6. apoptose (eliminação de células e circuitos redundantes) 
7. mielinização. 
 
A proliferação celular é considerada um dos fenômenos mais extraordinários, 
pois nesse processo, as células vão adquirindo suas especializações e compondo 
funções que visam a homeostase do corpo. No ser humano todos os neurônios 
podem ser classificados em três grandes grupos: 
a) neurônio aferente (neurônio sensitivo), ele recebe as informações; 
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b) neurônio eferente (neurônio motor), responsável por enviar informações ao 
meio externo; 
c) neurônio de associação , fica dentro do SNC. 
 
Riesco (2015) ressalta que, de forma bem simplificada, as informações 
sensitivas entram pelos gânglios sensitivos, e são decodificadas (por exemplo, dor, 
sabor, calor) na parte posterior do SNC. Essas informações são processadas pelos 
neurônios de associação e saem do SNC pela parte anterior (área motora). Durante 
a filogênese houve uma maior tendência por centralizar neurônios aferentes, para 
proteção, e permanecer com os neurônios eferentes e de associação no interior do 
SNC (Riesco,2015). 
 
1.3 NEURÔNIOS 
 
Os neurônios (Fig. 02) foram, durante muito tempo, como falamos 
anteriormente, o ponto mais importante e estruturante do SNC. Estimava-se que 
existiam cerca de 100 bilhões de neurônios no cérebro, com diferentes funções e 
formas. Eles eram dotados, como aponta Riesgo (2015) de “uma capacidade 
especial e específica, quase que exclusiva dos neurônios: a capacidade de 
‘aprender’”. Estimativas mais atuais apontam que, na realidade, o número neurônios 
pode ser ligeiramente menor do que 100 bilhões, novas estimativas giram em torno 
de 80 bilhões de neurônios. 
De acordo com Ohlweiler (2015) “o neurônio, em si, tem pouca capacidade de 
divisão”, possuindo características semelhantes a outras células do corpo humano, 
exceto pela presença de prolongamentos denominadas de dendritos e axônios (Fig. 
03). 
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Figura 03 – Neurônio 
 
Fonte: MARTINS (s/d) 
De acordo com Ohlweiler (2015), a maioria dos neurônios possui três regiões 
responsáveis por funções bem caracterizadas que são: 
- corpo celular (soma) responsável pela manutenção do neurônio. 
- dendritos (do grego dendron árvore) que possui os terminais de recepção. 
- axônio (do grego axon eixo) que possui os terminais de transmissão. 
O axônio é encontrado apenas nos neurônios, eles são altamente 
especializados para fazer a transferência de informação entre pontos distantes do 
SN. O comprimento de um axônio é bem variável e depende do tipo de neurônio, 
alguns podem ter milímetros até metros de distância. Na parte final do axônio 
existem os terminais axonais ou botão terminal, neste local é que ocorre o contato 
com outros neurônios para fazer a sinapse (Ohlweiler, 2015). 
 
IMPORTANTE 
O axônio é encontrado apenas nos neurônios, eles são altamente 
especializados para fazer a transferência de informação entre pontos 
distantes do SN. O comprimento de um axônio é bem variável e depende do 
tipo de neurônio, pode ter milímetros até metros de distância. 
 
No prolongamento do axônio, alguns possuem um envoltório lipídico, tipos de 
gordura, de proteínas, que funcionam como um isolante elétrico – chamado de 
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bainha de mielina –, e que promovem uma maior rapidez na passagem de 
informação até os terminais axonais. Essas informações são realizadas como que 
de forma “saltatória” nos axônios e passam entre os Nódulos de Ranvier, chegando 
até os terminais axonais. De forma, em uma fibra do axônio com bainha de mielina, 
a velocidade de transmissão é muito superior as fibras sem mielinização (Ohlweiler, 
2015). 
Os dendritos geralmente são mais curtos. Eles são especializados em receber 
estímulos, traduzidos em potencial de ação para o corpo do neurônio (Ohlweiler, 
2015). 
 
SAIBA MAIS 
POTENCIAL DE AÇÃO NEURONAL 
Segundo Krueger-Beck et al. (2017) as fibras nervosas são classificadas segundo 
seu diâmetro e velocidade. Ou seja, quanto maior o diâmetro da fibra nervosa, 
maior é a velocidade de condução das informações. Essa condução se dá por meio 
da ativação do potencial de ação celular. O potencial de ação pode propagar em 
dois sentidos: para fora do SNC em direção ao SNC (aferente) e vice-versa 
(eferente) via membrana celular. As membranas celulares são semipermeáveis, o 
que possibilita a passagem de algumas substâncias como o sódio (Na), potássio 
(K), cálcio (Ca). Cada uma dessas substâncias apresenta uma diferença de 
potencial graças a concentração entre os meios positivos e negativos na membrana 
celular. 
Fonte: KRUEGER-BECK, Eddy et al. Potencial de ação: do estímulo à adaptação 
neural. Fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 3, 2017 
 
Um destaque importante que Riego (2015) apresenta, diz respeito a questão da 
noção de individualidade neuronal. Partindo da observação das novas pesquisas 
envolvendo os neurônios e com suas capacidades. A ciência aponta que: 
 
cada neurônio tem potencial para fazer em torno de 60 mil sinapses. Por 
seu turno, cada sinapse pode receber até́ 100 mil impulsos por segundo, o 
que dá́ uma ideia da complexidade da estrutura e do funcionamento das 
redes neurais. A partir dessas informações, fica fácil entender por que não 
há a menor possibilidade de haver dois cérebros absolutamente iguais, nem 
do ponto de vista neuroanatômico, nem do ponto de vista neurofuncional. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Ainda segundo Riesgo (2015), vale ressaltar que no SNC também está incluído 
o cerebelo (cérebro pequeno), que em tese, deveria ter as mesmas capacidades de 
recepção e envio de mensagem que o cérebro. Todavia, isso não ocorre, pois 
algumas diferenças importantes são percebidas. Leia a descrição abaixo: 
 
IMPORTANTE 
- a citoarquitetura da célula cerebelar é bem mais simplificada que a cerebral; 
- a capacidade do cerebelo de fazer conexões é ligeiramente diferente no 
SN. 
- a sinaptogênese é muito mais intensa que a do cérebro [geração de novas 
conexões com simultâneo crescimento dos dendritos e das terminações 
axonais, em conjunto com maior mielinização na substância branca 
subcortical (Black et al., 1999)] 
- neurônios cerebelares podem fazer até 150 mil sinapses cada um, portanto 
mais que o dobro que o neurônio córtex cerebral. 
- cerebelo é portanto muito mais neuroplástico que o cérebro. 
Fonte: Riego, 2015 
 
 Riesco (2015) aponta que a comunicação entre neurônios é basicamente feita 
utilizando uma forma de linguagem elétrica, devido a ativação do potencial de ação 
dentro da membrana da célula. Na realidade, existem dois tipos de formas de 
neurotransmissão de informações no SNC: a elétrica e a química. Ambas atuam ao 
mesmo tempo, praticamente, mas apresentam sutilezas em relação a sua 
constituição: 
- elétrica: está ligada mais no processo de desenvolvimento neuropsicomotor – 
DNPM. 
- química: mais ligada ao aprendizado em si. 
De acordo com Krueger-Beck et al (2017), as primeiras descobertas
sobre o 
Potencial de Ação – PA –, efetivamente se deram pela pesquisa de Luigi Galvani, 
que demonstrou a propagação do PA por ativação elétrica observadas em patas 
traseiras de rãs abatidas. Estudos revelaram que o PA se move no sentido do corpo 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
(soma) do neurônio para a extremidade do axônio (terminal-pré-sinaptico), presente 
na ativação eferente de fibras motoras e das glândulas. 
Porém, ao analisarmos mais profundamente o PA, entende que ele pode 
acontecer em dois sentidos: para fora do SNC em direção a ele (aferente) e vice 
versa (eferente). Existem vários estímulos que podem produzir PA, captados por 
células de vários tipos, que irão levar a informação, por exemplo, auditiva, tátil, 
gustativa e visual ao SNC. 
Para Riesgo (2015) a neurotransmissão elétrica é muito importante para os 
primeiros processo de neuromaturação; pois é em virtude dela que: 
 
grandes populações neuronais entram em atividade concomitante, o que 
fornece o suporte neurobiológico para cada um dos degraus do DNPM, que 
são pré-programados e inexoráveis, como se fossem timers prontos para 
ligar e desligar certas redes neurais, a menos que surja um insulto ao SNC 
da criança. A neurotransmissão elétrica também pode explicar a enorme 
semelhança na sequência temporal dos marcos maturacionais, quando o 
desenvolvimento de criança de diferentes origens e etnias é comparado. 
 
Já na neurotransmissão química, dentro da visão ontogenética é unidirecional, 
sendo bem mais lenta que a elétrica. Ela, como dissemos anteriormente, está mais 
relacionada com o aprendizado e abarca vários eventos, além de diversos 
neurotransmissores (Riesgo, 2015). 
Cada neurônio comporta como se fosse uma bateria elétrica envolta em uma 
membrana celular. Essa membrana delimita cada neurônio e tem a importante 
função de manter o funcionamento adequado do neurônio. Portanto, é considerado 
um grande desafio separar a neuroanatomia dos eventos químicos e fisiológicos 
envolvidos no processo de sinapses que irão resultar na aprendizagem. Entender o 
conceito de transmissão sináptica é fundamental para entender as bases neurais da 
memória e do aprendizado. Esses fenômenos, se dão por modificações nas 
sinapses químicas do encéfalo, no caso pela liberação de neurotransmissores 
(Ohlweiler, 2015; Riesgo, 2015). 
 
1.4 NEUROTRANSMISSORES 
 
De acordo com Martins (2014), as informações processadas ao longo dos 
neurônios ocorrem da seguinte forma, os dendritos e o corpo celular recebem e 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
assimilam informações sensitivas que são transmitidas ao longo dos axônios até as 
terminações axonais e liberados na fenda sináptica. Para enviar uma mensagem 
entre neurônios, o neurônio pré-ganglionar libera neurotransmissores na fenda 
sináptica. 
Os neurotransmissores se formam a partir de substâncias metabolizadas como, 
glicose, aminoácidos essenciais, ácidos graxos dentre outros. Elas, após serem 
criadas, ficam armazenadas nas vesículas neuronais nos terminais axonais e uma 
vez que ocorre a liberação na fenda sináptica, causam uma reação na membrana do 
neurônio seguinte. Após essa liberação, parte dos neurotransmissores podem ser 
receptados pelo próprio neurônio que o liberou; ser captado pelo neurônio pós-
sináptico, ou metabolizado na fenda sináptica. Os neurônios carecem de sempre ter 
a disposição os neurotransmissores para que a comunicação neuronal possa se 
processar. Alterações no metabolismo dos neurotransmissores são a causa de 
vários transtornos neurológicos, psicológicos, psiquiátricos, entre outros (De 
Andrade, 2003; Ohlweiler, 2015). 
Cientistas já catalogaram mais de 50 tipos de neurotransmissores; fisiologias, 
psicólogos e neurocientistas trabalham arduamente no entendimento e no 
esclarecimento de suas relações com drogas, com o humor, com habilidades e com 
a percepção; todas competências diretamente ligadas ao aprendizado (Sternberg, 
2008). 
O processo de neurotransmissão, de acordo com Sternberg (2008) ocorre por 
três tipos de substâncias: 
a) monoaminas: são substâncias bioquímicas derivadas de aminoácidos e 
sintetizado pelo SN por ações enzimáticas; 
b) aminoácidos: substâncias orgânicas obtidas diretamente da alimentação 
sem nenhuma síntese. 
c) neuropeptídeos: peptídeos usados na comunicação intercelular, eles podem 
funcionar tanto como neurotransmissores quanto como hormônios. 
 
Sternberg (2008) apresenta alguns neurotransmissores, bem como suas 
funções, no SN e seu impacto no funcionamento cognitivo, veja quadro abaixo: 
 
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Quadro 01- Neurotransmissores 
Neurotransmissor Descrição Função Geral 
Exemplo 
específico 
Acetilcolina (Ach) Monoamina 
sintetizado a partir da 
colina 
Excitatório no 
cérebro e na 
musculatura 
esquelética. 
Relacionado com 
memória 
Dopamina (DA) Monoamina 
sintetizado da 
tirosina 
Relacionada ao 
movimento, na 
atenção e 
aprendizado. Na 
maioria das vezes é 
inibitório. 
Escassez DA está 
ligado ao Mal 
Parkinson. 
Excesso de DA 
está ligado à 
Esquizofrenia. 
Serotonina Monoamina 
sintetizado do 
triptofano 
Estado de alerta, 
sono e humor 
Efeito luta ou fuga 
GABA aminoácido Neuromodulatório 
geral 
Atua mecanismos 
aprendizagem e 
memória 
neuropeptídeo neurotrasnmissor Neuromodulatório 
geral 
Endorfinas para 
alívio da dor 
Fonte: Sternberg, 2008 
 
Segundo Ohlweiler (2015), “o glutamato, o GABA, a dopamina, a 
noradrenalina, a serotonina e a acetilcolina são os principais NT envolvidos com a 
aprendizagem e a memória”. 
Segundo Bear (2017) os neurônios cerebrais quase nunca se regeneram, desta 
forma, cada neurônio que perde sua funcionalidade é um recurso a menos que 
temos para processar informações. Uma fascinante ironia da vida diz respeito à 
morte de neurônios; o glutamato é o mais abundante do SN e também o principal 
neurotransmissor no SNC. Todavia, ele é um potente indutor de morte neuronal. Um 
grande número de sinapses liberam o glutamato que é estocado em grande 
quantidade na célula. 
Assim sendo, um excesso de glutamato liberado no lado externo de neurônios, 
causa sua morte em poucos minutos. Mae West como citado por Bear (2017), certa 
vez disse que “muito de uma coisa boa pode ser maravilhoso”, mas ela 
provavelmente não tinha ciência do impacto do glutamato nos neurônios. Estados 
patológicos, como a parada cardiorrespiratória, acidentes vasculares cerebral, 
trauma cerebral, convulsões e deficiência de oxigênio, podem iniciar um ciclo vicioso 
de liberação excessiva de glutamato e gerar graves comprometimentos no SNC. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de
dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Bear (2017) apresenta um extraordinário ensaio sobre o impacto do glutamato 
e suas concentrações, de acordo com ele: 
 
O glutamato promove morte neuronal por superexcitação, um processo 
chamado de excito toxicidade. O glutamato simplesmente ativa seus 
diferentes tipos de receptores, permitindo, assim, o fluxo de grandes 
quantidades de Na+, K+ e Ca2+ através da membrana. [...]. O dano ou a 
morte neuronal ocorrem devido ao inchaço resultante da absorção de água 
e pela estimulação pelo Ca²+ de enzimas intracelulares que degradam 
proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos. Os neurônios literalmente se auto 
digerem. A excito toxicidade tem sido relacionada com várias doenças 
humanas neurodegenerativas progressivas, como a esclerose lateral 
amiotrófica (ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig), em que 
os neurônios motores espinhais morrem lentamente, e a doença de 
Alzheimer, em que os neurônios do encéfalo morrem lentamente. Os efeitos 
de várias toxinas ambientais mimetizam alguns aspectos dessas doenças 
[...]. A ervilha contém uma excito toxina, chamada de β-oxalilaminoalanina, 
que ativa os receptores de glutamato. Uma toxina chamada de ácido 
domoico, encontrada em moluscos contaminados, também é agonista do 
receptor de glutamato. A ingestão de pequenas quantidades de ácido 
domoico causa convulsões e dano cerebral. E uma outra excito toxina 
vegetal, a β-metilaminoalanina, pode causar uma condição terrível, a qual 
combina sinais de ELA, doença de Alzheimer e doença de Parkinson. 
 
1.5 O CUSTO DO NÃO CONHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO 
 
Pesquisas envolvendo o SNC, dentro das neurociências, por certo, tem um alto 
custo monetário, são necessários aparatos tecnológicos de ponta, procedimentos 
experimentais usando inteligência artificial, microscópios cada vez mais potentes, o 
que exige grandes investimentos. Entretanto, cabe ressaltar que o custo da 
ignorância sobre o SNC pode ser muito mais caro que o investimento em pesquisa. 
A degeneração progressiva de neurônios de alguns neurônios do SNC leva a 
quadros graves de Demências de Alzheimer e doença de Parkinson. Como o 
homem tem aumentado a expectativa de vida, aumentam também as chances de 
que tais moléstias atinjam cada vez mais pessoas. O Mal de Parkinson, por 
exemplo, leva a uma incapacidade de controlar os movimentos voluntários, de certa 
forma suas lesões acontecem da parte mais central do cérebro – regiões do tronco 
cerebral – e vai evoluindo para as periferias corticais. 
Já nos últimos estágios do Parkinson existe também perda de memória. Na 
Demência de Alzheimer acontece efeito contrário, existe uma perda acentuada da 
capacidade de aprender novas informações e recordar acontecimentos recentes. 
Esse tipo de demência já atinge o córtex cerebral (área onde ficam os corpos dos 
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neurônios) e vai causando morte de neurônio, acúmulo de proteína beta amilase, 
aumento de emaranhados neurofibrilares, bem como a proteína fosfo tau, causando 
diminuição da massa encefálica (Bear, 2017). 
Bear (2017) deixa um importante recado para a sociedade de um modo geral 
intrigante mais ao mesmo tempo provocativo, afirmando que: 
 
Os custos econômicos das disfunções encefálicas são enormes, mas 
perdem importância se comparados com o custo emocional que atinge as 
vítimas e suas famílias. A prevenção e o tratamento das doenças mentais 
requerem a compreensão da função normal do encéfalo, e esse 
conhecimento básico é o escopo das neurociências. A pesquisa em 
neurociências já́ contribuiu para o desenvolvimento de tratamentos 
efetivamente melhores para a doença de Parkinson, para a depressão e 
para a esquizofrenia. Novas estratégias estão sendo testadas para se 
recuperar neurônios que estão morrendo em pacientes com a doença de 
Alzheimer e naqueles que sofreram AVE. Grande progresso tem sido 
alcançado na compreensão de como as drogas e o álcool afetam o encéfalo 
e como levam à dependência. O material deste livro demonstra que se sabe 
muito sobre a função do encéfalo. No entanto, o que sabemos é 
insignificante se comparado aquilo que ainda temos de aprender. 
 
IMPORTANTE 
Os custos econômicos das disfunções encefálicas são enormes, mas perdem 
importância se comparados com o custo emocional que atinge as vítimas e 
suas famílias. A prevenção e o tratamento das doenças mentais requerem a 
compreensão da função normal do encéfalo, e esse conhecimento básico é o 
escopo das neurociências. 
 
 
22 
 
 
 
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CAPUTULO 2 - GENÉTICA DA APRENDIZAGEM 
 
2.1 A GENÉTICA E APRENDIZAGEM ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
Bau e Da Silva (2015) trazem à tona questões muito intrigantes quando se 
observa mais atentamente as crianças no ambiente escolar. Imaginar que existem 
várias crianças que diuturnamente saem de suas casas em direção a este ambiente, 
e pensar o quanto os profissionais envolvidos no ensino-aprendizagem estão, ou 
não, atentos à questões que vão além da breve história de vida das crianças em sua 
sala de aula, nos faz refletir sobre o papel das questões genéticas e sua influência 
no processo de aprendizagem das crianças. 
Tornar-se um agente de disseminação de informação, ou seja, ser um cientista 
que anda de mãos dadas com os pesquisadores do sistema nervoso central – SNC 
– e buscar entender os processos neuronais é ponto fulcral na atualidade, e em 
conjunto, tentar responder a vários questionamentos, dentre os quais com destaque 
para o que Bau e Da Silva (2015) ressaltam: 
 
Por que algumas crianças aprendem a ler e a escrever com mais facilidade 
do que outras? E por que algumas apresentam dificuldades no aprendizado, 
em diferentes áreas, mesmo que tenham, por vezes, uma inteligência acima 
da média? 
 
Não é pretensão, neste trabalho, responder completamente a tais 
questionamentos ou apresentar uma solução que possa desvelar todos os mistérios 
da aprendizagem em crianças. O convite, portanto, é para pensar e despertar a 
consciência para alguns aspectos de extrema relevância sobre desenvolvimento 
genético, que podem, inicialmente, passar despercebido na tentativa de identificar e 
analisar problemas de aprendizagem. 
As perguntas anteriores nos levam a pensar a respeito da complexidade 
envolvida no processo de aprendizagem e dos aspectos determinantes de suas 
variações. Talvez, no ser humano, a mais extraordinárias das habilidades cognitivas 
seja a de ser capaz de comunicar por meio da leitura e a escrita (muitas vezes uma 
habilidade banalizada). Elas se tornaram, há milhares de anos, um dos nossos 
maiores desafios para o entendimento. Durante o processo evolutivo do homem, 
essas demandas não existiam e, com surgimento da habilidade de ler e escrever, 
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essas competências ficaram, por muito tempo, restritas a um grupo de pessoas (Bau 
& Da Silva, 2015). 
Um dos fatores
determinantes para que a evolução se desenvolvesse foi o 
refinamento de comportamentos que possibilitaram a sobrevivência do homem, e 
como consequência, o novo comportamento mais adaptativo era passado de 
geração para geração. Entretanto, ler e escrever não eram, e não são fatores que 
impactam diretamente a sobrevivência e a reprodução humana. 
O homem pode sobreviver e reproduzir sem dominar nenhuma dessas 
habilidades. Então, antes mesmo de saber ler e escrever, é possível intuir que o 
homem já possui os substratos neuronais necessários para desenvolver tais 
habilidades. Eles são, dessa forma, traços de uma variabilidade genética em 
potencial e exclusiva do cérebro humano (Bau & Da Silva, 2015). 
De acordo com Bau e Da Silva (2015) no processo civilizatório, a tolerância 
com indivíduos que demonstrassem comportamentos muito destoantes da média da 
população, sempre foi de uma minoria, tanto para os que possuem altas habilidades 
quanto baixas habilidades cognitivas. Esse característica é bem expressa por meio 
da curva de inteligência de Bell (ver fig 04), por ela é possível observar que dentro 
da distribuição da população em relação a inteligência, existe um número reduzido 
da população com poor performence – baixa performance – quando comparado com 
a população com média performance. 
Nessa pequena parte desviante, a ciência já buscava uma explicação 
pertinente para responder às razões causais dessa discrepância, e seu significado, 
ou resposta cabal, era modificado constantemente sendo considerado válido um 
conceito, uma justificativa ou resposta dependendo da época histórica do homem. 
Na idade média, por exemplo, o entendimento das características ligadas às 
inabilidades para aprendizado tinham caráter demoníaco, e tido como verdade. O 
curioso é que, nos dias atuais, séc XXI, ainda é percebido traços desse tipo de 
crença, atribuir desvios da norma à presença de entidades demoníacas ou entidades 
divinas. Já no séc. XX, emergiu um movimento denominado de eugenia e tomou 
força no mundo todo. 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Figura 04- Curva de inteligência de Bell Distribuição normal de QI 
 
Fonte: Jensen, 1969 
 
Segundo Bau e Da Silva (2015) na eugenia, o foco das observações tiveram 
um outro escopo, o objetivo era estudar a população com High performance (fig. 04) 
– alta performance – nesse caso, a tentativa era investigar as pessoas que estavam 
do lado direito da curva de Bell; aqueles com habilidades e competências mais 
elaboradas que a média da população. Todavia, esse movimento, como bem 
apontam Bau e Da Silva (2015), possuíam nuances bem peculiares; para os autores 
as proposições iniciais eram: 
 
[...] repleta de preconceitos, e os seus participantes, munidos de um 
conhecimento pseudocientífico, propunham até́ a esterilização de pessoas 
com certos transtornos para que não os transmitissem para as gerações 
futuras. Para eles, algumas características que, na realidade, são 
extremamente complexas podiam ser reduzidas a uma herança simples. 
Embora essas ideias possam parecer estranhas às práticas atuais que 
visam à inclusão, as ideias eugênicas tinham o respaldo de considerável 
literatura daquela época. 
 
Somente a partir da segunda metade do séc. XX é que houve uma grande 
virada nas ciências humanas e saúde sobre os estudos iniciais da Eugenia (Bau & 
Da Silva, 2015). 
 
2.1.1 O movimento Eugênico 
De acordo com Guerra (2006), quando Charles Darwin escreveu the origen of 
species – origem das espécies – ele propôs que o processo de seleção natural se 
Poor performance Hight performance 
High performance Poor performance 
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dava por questões ligadas à necessidade de sobrevivência, era uma condição 
universal a todas as espécies. Ou seja, tinham garantido os privilégios da 
sobrevivência e reprodução, as espécies que apresentassem as melhores aptidões 
para se adaptar às intempéries da vida. 
 Estas concepções trouxeram grande preocupação para os mais abastados na 
sociedade do início do séc. XX, na Inglaterra. Pois, segundo essas ideias, apenas os 
homens mais adaptados teriam chance de sobreviver. Nessa época, no entanto, 
houve uma grande diminuição do número de nascimentos em famílias de classes 
mais altas e médias, e inversamente, um aumento de nascimento de pessoas de 
classe baixa, o que preocupou a muitos na Europa. 
Dessa forma, pareceu lógica a ideia de um eminente pesquisador chamado 
Francis Galton1, que preconizava a necessidade em realizar uma melhoria da raça 
humana por meio da ciências da “eugenia” – o bem nascido –, ou seja, seria 
permitido ou estimulado que apenas boas uniões de casais se estabelecessem e 
assim, realizar uma “higienização social”. Para muitos daquela época, parecia ideal, 
realizar proibição de uniões indesejadas (casamentos com pessoas de baixa 
intelectualidade) e a promoção de união entre parceiros bem nascidos. Surge então 
a chamada “eugenia positiva” na Europa (Guerra, 2006). 
Nos EUA, no entanto, foi realizado um movimento inverso, a eugenia 
“negativa”, pretendia-se, com isso, eliminar o nascimento dos filhos de pessoas 
“geneticamente incapazes”, como, por exemplo, aquelas com enfermidades 
recorrentes, os socialmente indesejáveis e economicamente menos abastados. 
Dentre as estratégias adotadas estava a proibição de casamentos, esterilização 
compulsória, eutanásia passiva, em outras palavras, extermínio. Isso tudo ocorrendo 
sob a luz de argumentos científicos, portanto, considerado o comportamento mais 
adaptativo para promover a melhoria da espécie e garantir a diminuição de doentes 
e de doenças (Guerra, 2006). 
O grande aumento no número de imigrantes indo para os EUA, fez com que 
grupos dominantes buscassem meios e justificativas com argumentos científicos 
para promover a exclusão social. Esses grupos encontraram um terreno bem fértil na 
pseudociência da eugenia (Guerra. 2006; Bau & Da Silva, 2015). 
 
1 Francis Galton ver DEL CONT, V. Francis Galton: eugenia e hereditariedade. Scientiae Studia, v. 6, 
n. 2, p. 201-218, 2008. 
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Os eugenistas utilizavam os conhecimentos científicos para atestar que a 
hereditariedade possuía um papel-chave para promover patologias sociais e 
doenças. Isso tornou os imigrantes um alvo fácil para os defensores dessa nova 
pseudociência. De acordo com Guerra (2006): 
 
O racismo dos primeiros eugenistas norte-americanos não era contra não-
brancos, mas contra não-nórdicos, e as doutrinas de pureza e supremacia 
raciais eram elaboradas por figuras públicas cultas e respeitadas. Quando 
as teorias de Mendel - com suas ideias gerou o movimento mendeliano 
(nosso)-, chegaram aos EUA, esses pensadores influentes acrescentaram 
um verniz científico ao ódio racial e social. 
O líder do movimento eugenista dos EUA foi Charles Davenport,
que dirigia 
o laboratório de biologia do Brooklin Institute of Arts and Science, em Long 
Island, instalado em Cold Spring Harbor. Em 1903, obteve da Carnegie 
Institution o estabelecimento de uma Estação Biológica Experimental no 
local, onde a eugenia seria abordada como ciência genuína. Em seguida, 
juntou-se aos criadores de animais e especialistas em sementes da 
American Breeders Association, muitos deles convencidos de que o 
conhecimento mendeliano sobre gado e plantas era aplicável a seres 
humanos. 
 
Com o passar do tempo, a eugenia ganhava cada vez mais status de ciência 
revolucionária, prestigiada e considerada um conceito médico legítimo. Ela atingiu 
de tal forma a sociedade que foi promovido congressos sobre o tema, como o 
Congresso Internacional de Eugenia, realizado em 1912. O Estado de Indiana nos 
EUA, foi o primeiro estado do mundo a introduzir a lei de esterilização coercitiva; lei 
que foi seguida por vários outros estados e países do mundo. Nessa época já se 
discutia o uso de câmaras de gás para eliminar os “indesejados” (Guerra, 2006). 
Conforme Gerra (2006) aponta: 
 
Na Alemanha, a eugenia norte-americana inspirou nacionalistas defensores 
da supremacia racial, entre os quais Hitler, que nunca se afastou das 
doutrinas eugenistas de identificação, segregação, esterilização, eutanásia 
e extermínio em massa dos indesejáveis, e legitimou seu ódio fanático pelos 
judeus envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica. 
Não houve apenas extermínio em massa de judeus e outros grupos étnicos. 
Em julho de 1933, foi decretada lei de esterilização compulsória de diversas 
categorias de "defeituosos" e, com o início da Segunda Guerra Mundial, os 
alemães considerados mentalmente deficientes passaram a ser mortos em 
câmaras de gás. 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Vários médicos nazistas realizavam experimentos em prisioneiros com objetivo 
de estudar aspectos genéticos. Josef Mengele2, um renomado médico alemão, 
dedicou-se intensamente ao estudo dos gêmeos monozigóticos para investigar as 
contribuições genéticas para o desenvolvimento de características normais ou 
patológicas. Seu fascínio sobre a purificação das raças foi impressionante. 
Todavia ele também realizava experimentos para “salvar” Judeus, ou outros 
com boa carga genética, por exemplo, ele injetava corantes azuis ou verdes nos 
olhos dos prisioneiros para estudar a viabilidade para mudança na cor dos olhos, 
tais cores eram para mimetizar a expressão gênica dos povos arianos, que têm os 
olhos predominantemente azuis ou verdes. Seu objetivo era fazer com que a cor dos 
olhos pudesse ser modificada; para resguardar uma evidência empírica de ser um 
homem ou mulher ariano. 
Os Judeus por exemplo, possuem cor dos olhos castanhos a preto, na 
perspectiva de Mengele, judeus com altas habilidades cognitivas, artísticas dentre 
outros, que tivessem a cor dos olhos modificada, poderiam sobreviver e continuar 
repassando suas boas habilidades cognitivas, artísticas e etc. para a purificação da 
raça ariana (Guerra, 2006). 
 
FIQUE SABENDO 
Assistir o documentário Blue Eyed 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0M_JtUjxtmY 
Acesso: 03/19 
 
Bau e Da Silva (2015) mostram que os avanços na bioestatística possibilitaram 
o desenvolvimento de uma genética com evidências empíricas quantitativa, agora 
não mais como pseudociência, que é a base para o entendimento da variabilidade 
nos traços mais comuns do desenvolvimento humano. Durante muito tempo o 
estudo da genética do comportamento humano foi visto com muito temor e cautela, 
por motivos óbvios como os apresentados anteriormente; a utilização de argumentos 
 
2
 Mais sobre Mengele: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/8-experimentos-crueis-do-nazista-
josef-mengele-em-auschwitz/ acesso em 02/19 
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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
escusos, expressos por meio de discurso científico para justificar ou desconectar 
racismo e preconceito. 
 
FIQUE ATENTO 
Os avanços na bioestatística possibilitaram o desenvolvimento da genética 
quantitativa, que é a base para o entendimento da variabilidade nos traços 
mais comuns do comportamento humano. 
 
Ainda de acordo com Bau e Da Silva (2015): 
 
as tentativas de aplicações antiéticas e cientificamente infundadas da 
genética por esses indivíduos (influenciando até mesmo o nazismo) 
geraram uma sombra com a qual a genética do comportamento teve de 
conviver durante muito tempo. Devido a esse contexto, alguns consideram 
difícil separar a genética de conceitos como determinismo, imutabilidade e 
até́ preconceito racial. No entanto, se é verdade que ideias equivocadas 
sobre a genética podem sustentar preconceitos, também é verdade que a 
ignorância total sobre a genética leva à busca de explicações místicas e 
ideias equivocadas. Mais especificamente, a ausência de informação sobre 
a base genética de transtornos da aprendizagem tende a alimentar mitos, 
culpas e preconceitos, que podem gerar ainda mais problemas para uma 
criança ou um adulto com dificuldades de leitura ou em outra área. Por tudo 
isso, o estudo dos aspectos genéticos da aprendizagem não é relevante 
apenas porque de fato existe um importante componente genético na 
aprendizagem, mas também porque fornece informações que auxiliam os 
profissionais da educação e da saúde no atendimento a pessoas com esses 
transtornos. 
 
IMPORTANTE 
A ausência de informação sobre a base genética de transtornos da 
aprendizagem tende a alimentar mitos, culpas e preconceitos, que podem 
gerar ainda mais problemas para uma criança ou um adulto com dificuldades 
de leitura ou em outra área. Por tudo isso, o estudo dos aspectos genéticos 
da aprendizagem não é relevante apenas porque de fato existe um 
importante componente genético na aprendizagem, mas também porque 
fornece informações que auxiliam os profissionais da educação e da saúde 
no atendimento a pessoas com esses transtornos. 
 
O entendimento de que existe um componente genético na aprendizagem 
eclodiu muito antes dos estudos sobre material genético propriamente dito. A 
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descoberta do ácido desoxirribonucleico – DNA – celular, foi um divisor de águas 
quando o assunto era desenvolvimento e aprendizagem. Nas palavras de Bau e Da 
Silva (2015): 
muitas informações puderam ser obtidas pelos métodos clássicos da 
pesquisa em genética humana, voltados para os gêmeos, genealogias e 
adotados. As primeiras pesquisas verificaram que os transtornos da 
aprendizagem apresentam uma concentração familiar significativa. Por 
exemplo, irmãos e pais de crianças com dislexia apresentam um 
desempenho em testes de leitura significativamente inferior ao de irmãos e 
pais de crianças sem dislexia [...] essa recorrência poderia ser também 
devido a fatores ambientais. 
 
De acordo com Ito e Guzzo (2002), os melhores modelos
para estudar genética 
são os gêmeos monozigóticos (GMZ), os chamados gêmeos idênticos, ou seja, eles 
possuem 100% de material genético comum. Com estudos nessa população é 
possível investigar aspectos hereditários e ambientais que impactam sobre as 
diferenças individuais de comportamento e de características da personalidade. O 
método de investigação mais comuns com esses gêmeos são avaliar os que vivem 
juntos ou separados, pois, semelhanças em algumas características de 
personalidade entre os monozigóticos criados separados pode ser diretamente 
atribuídos aos genes. 
Em segundo lugar vem os gêmeos dizigóticos (GDZ), pois compartilham 50% 
de material genético. A prevalência hoje em ciência implica que “se houver 
semelhança maior entre os pares monozigóticos do que ente os dizigóticos”, essa 
variação é devida a questão genética. Os pressupostos hipotéticos com maior 
destaque na ciência são que: a variação em características comportamentais em 
GDZ pode estar ligada a ambos os efeitos, ambientais e genéticos; não existir 
diferenças de efeitos ambientais entre GMZ e GDZ criados juntos e que diferenças 
percebidos no comportamento são determinados pela hereditariedade (Ito e Guzzo, 
2002; Bau & Da Silva, 2015) 
 
SAIBA MAIS 
DNA 
O DNA (ácido desoxirribonucléico) é o material genético da célula. Ele 
carrega as informações que serão transmitidas na reprodução celular e na 
formação de novos indivíduos. Regiões específicas de DNA são transcritos 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
para produção dos diferentes tipos de RNA (ácido ribonucléico), os quais 
participam da síntese das cadeias polipeptídicas. Brandão, Acedo (2000) 
defendem a utilização de modelos didáticos no ensino de genética nas 
escolas básicas como facilitadores da compreensão da genética. A 
importância da construção de modelos para o ensino, de acordo com 
Giordan, Vecchi (1996), é para facilitar uma construção, uma estrutura que 
pode ser utilizada como referência, uma imagem analógica que permite 
materializar uma ideia ou um conceito, tornados assim, diretamente 
assimiláveis, pavimentando o entendimento para um posterior 
aprofundamento sobre o tema nas escolas e nos centros de pesquisa 
(DELLA JUSTINA & FERLA, 2013). 
 
Estudos com gêmeos e sua grande capacidade comparativa do ponto de vista 
genético abrem um importante espaço para os cálculos de herdabilidade. Esta 
característica, que diz respeito à parcela total de uma variação em uma caraterística 
(fenótipo) que acontece em razão de questões genéticas, ou seja, ela “mede a 
proporção dos fatores que fazem a diferença de suscetibilidade a algumas 
características entre as pessoas que é atribuível ao genes”. Esta característica, 
suscetibilidade, entretanto, não deve ser vista como um valor absoluto, mas sim 
como um importante indicador da importância das questões genéticas e do ambiente 
para o desenvolvimento ou aparecimento de transtornos de aprendizagem dos mais 
variados (Bau & Da Silva, 2015). 
 
IMPORTANTE 
O cálculo de herdabilidade, diz respeito a parcela total de uma variação em 
uma caraterística (fenótipo) que acontece em razão de questões genéticas, 
ou seja, “mede a proporção dos fatores que fazem a diferença de 
suscetibilidade entre as pessoas que é atribuível ao genes”. 
 
Ao pensar sobre os transtornos de aprendizagem e as questões genéticas, Bau 
e Da Silva (2015), salientam que existe um grau significativo de herdabilidade para 
os transtornos de aprendizagem, mas que, ainda assim, é inegável que existem 
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variações que podem ser atribuídas ao ambiente compartilhado entre os gêmeos 
como eventos da vida, fatores sócio econômicos ou o ambiente não compartilhado 
por eles que vão possibilitar a expressão ou não, de alguns genes “defeituosos” ou 
que comprometem o processo de assimilação de conhecimentos compartilhados. 
Como eles mesmo apresentam: 
 
os estudos com gêmeos indicam que as variações individuais na 
aprendizagem tem etiologia multifatorial, ou seja, resultam da ação conjunta 
de fatores genéticos e ambientais. Embora alguns estudos3 tenham 
sugerido um efeito de gene principal, com transmissão dominante para o 
transtorno da leitura, a maior parte dos dados sugere que cada um dos 
genes com influência no fenótipo apresenta um efeito muito pequeno, 
dificilmente superior a 2% da variância. 
 
FIQUE ATENTO 
O DNA (ácido desoxirribonucléico) é o material genético da célula. Ele 
carrega as informações que serão transmitidas na reprodução celular e na 
formação de novos indivíduos. Regiões específicas de DNA são transcritas 
para produção dos diferentes tipos de RNA (ácido ribonucléico), os quais 
participam da síntese das cadeias polipeptídicas. 
 
Uma habilidade importante para a aprendizagem é a aptidão para 
reconhecimento de palavras. Foi realizado um estudo muito interessante com 
adultos de meia idade e com seus filhos. O mais relevante descoberto por meio dos 
dados foi a constatação de que o nível de escolaridade dos pais dos sujeitos de 
pesquisa, moderava a herdabilidade de características promotoras da inteligência, 
quando os pais e mães eram menos instruídos o desenvolvimento intelectual do 
filhos era inferior quando comparado com crianças que os pais eram mais instruídos. 
Os autores ressaltam ainda que estudos mostraram como a escolaridade dos pais 
tem efeitos de longo prazo sobre o desempenho dos filhos, influenciando até́ mesmo 
na idade adulta (Bau & Da Silva, 2015). 
 
 
 
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2.2 FUNÇÕES EXECUTIVAS E ESTRUTURAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO 
PROCESSO DE APRENDIZAGEM 
 
Para que tenhamos comportamentos que nos permitam interagir com o mundo 
de forma intencional, devemos formular planos de ação tendo como base 
experiências passadas e as demandas prévias do ambiente. Tais ações precisam ter 
flexibilidade e serem adaptativas, pois o que deu certo ou errado em um contexto, 
pode não dar em outro, carecendo, portanto, que façamos adaptações viáveis e 
funcionais para que o objetivo principal seja alcançado, viver em harmonia. Essas 
ações de regulação e adaptação ao ambiente, são processamentos de informações 
que se dão no cérebro, fruto de regulações adaptativas e são chamadas de Funções 
Executivas -FE- (Santos, 2006). 
Ao estarmos frente a uma situação com múltiplas possibilidades, o indivíduo 
precisa ter a competência de fazer a seleção do que deseja, percebendo as 
possibilidades de concretude, e assim, realizar o comportamento dirigido ao que foi 
desejado. Tal ação é possível pela utilização do potencial cognitivo executivo e a 
empregabilidade de habilidades como pensar de forma eficaz, ter flexibilidade 
cognitiva frente a impedimentos, e assim, realizar os comportamentos que 
possibilitem a realização do desejo sem causar prejuízos ou imprevistos 
desagradáveis (Cypel, 2015). 
Segundo Santos (2006), mesmo existindo um número expressivo
de pesquisas 
envolvendo as habilidades para realizar tarefas de forma eficiente e eficaz, ainda 
não existe um consenso quanto aos termos mais adequados ou quais atribuições 
estão envolvidas no processo de escolha. Entretanto, algumas características já 
estão bem claras sobre as funções executivas, que são: 
1. O homem possui a habilidade de manter um controle voluntário e consciente 
sobre o ambiente circundante e sobre os comportamentos necessários para 
administrar contingências em função de um alvo específico. 
2. A expressão do senso de utilidade ou não, acontece pela relação entre 
percepção, cognição e ação. 
3. O controle sobre os comportamentos não é uma entidade única, mas 
envolve a associação de várias outras funções cognitivas distintas. 
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4. As FE envolvem as esferas cognitivo, emocional e social. 
 
As FE vão se organizando no decurso da vida, seguindo uma sequência lógica 
de complexidade, ou seja, partindo na criança do menos complexo para o mais 
complexo. Portanto, o homem não nasce com essa capacidade pronta, ela também 
não vai se estruturando automaticamente, mas sim devido o desenvolvimento da 
aptidão em organizar informações relevantes durante o processo de 
desenvolvimento. (Cypel,2015) 
Um outro impedimento para a compreensão das FE, de acordo com Santos 
(2006), é quanto a tentativa de correlacionar aspectos neuroanatômicos puramente 
às FE. Alexander Lúria como citado por Santos (2006, pg. 126) “coligou o lobo 
frontal à função de programação, verificação, controle e execução de 
comportamento e ainda supervisão, controle, integração das demais atividades 
cerebrais”. 
Cabe, no entanto, ressaltar que os lobos frontais ocupam uma grande área 
cortical. Sabe-se disso pela vasta gama de habilidades afetadas em pacientes com 
alterações nessa área. Portanto, é improvável que o lobo frontal seja o único 
responsável pelas FEs. Janowski et al. como citado por Santos (2006), realizaram 
vários experimentos com pacientes com lesões (uni e bilaterais) no lobo frontal. 
Esses pacientes apresentavam tanto desordens cognitivas quanto déficit de 
memória prospectiva e operacional. Esses conjuntos de desordens cognitivas 
apresentadas pelos pacientes com alterações no lobo frontal, foi denominado 
dysexcutive syndrome (síndrome disexecutiva). 
De acordo com Santos (2006), nessa síndrome os pacientes demonstram 
inabilidade para julgar, de um ponto de vista temporal as informações em ordem 
cronológica; ou seja, a criança nesse caso terá dificuldade para organizar e isolar 
eventos no tempo e espaço. Falaremos disso logo abaixo (Santos, 2006; Cypel, 
2015). 
De acordo com Cypel (2015): 
 
o aprendizado escolar, etapa do processo evolutivo de desenvolvimento da 
criança e do jovem, está incluído entre as aquisições mais complexas que 
necessita da participação concomitante e simultânea de um conjunto de 
sistemas funcionais neuropsicológicos para que se obtenha o objetivo 
planejado. Entre os sistemas funcionais implicados nesse processo, 
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destaca-se de forma especial o papel das FE, cuja estruturação, 
organização e adaptação na atividade cotidiana individual promoverão 
repercussões significativas no aprendizado como um todo. 
 
Para se certificar da normalidade ou não, das FE, o profissional habilidoso e 
experiente com crianças, precisa conhecer como se processa a aprendizagem do 
ponto de vista maturacional, bem como entender quais são os fatores envolvidos, as 
características evolutivas e as “variações de normalidade”. Pois, observa-se que 
padrões de dificuldade em alguns alunos, ou um processamento de informação 
coparativamente mais lentificado, mesmo assim, podem estar dentro da 
normalidade, sendo apenas uma alteração no processamento cognitivo mas com 
aptidão para aprendizagem, cabendo ao profissional avaliar de forma mais acurada 
a manifestação do comportamento desviante da norma (Santos, 2006). 
FIQUE ATENTO 
De acordo com Cypel (2015) as funções executivas (FE), conceitualmente 
são consideradas como “[...] um conjunto de funções responsáveis por iniciar 
e desenvolver uma atividade com objetivo final determinado”. Participam da 
sua consecução um espectro amplo de: 
- processos cognitivos, 
- estado de alerta, 
- atenção sustentada e seletiva, 
- tempo de reação, 
- fluência e 
- flexibilidade do pensamento. 
Elas atuam no planejamento e regulando o comportamento adaptativo com a 
finalidade de atingir o objetivo determinado. Esse conjunto de funções 
poderia ser considerado um sistema de gerenciamento dos recursos 
cognitivo-emocionais, cuja tarefa seria a resolução de problemas. Estas 
habilidades favorecerão a busca de soluções para novas propostas, atuando 
no planejamento e regulando o comportamento adaptativo com a finalidade 
de atingir o objetivo determinado. Esse conjunto de funções poderia ser 
considerado um sistema de gerenciamento dos recursos cognitivo-
emocionais, cuja tarefa seria a resolução de problemas (grifo nosso). 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
As funções executivas tem a incumbência de organizar as capacidades 
perceptivas, mnésicas (memória) e das praxias (ações) dentro de um determinado 
contexto com a finalidade de (Cypel, 2015): 
1. Eleger um objetivo específico; 
2. Decidir o início ou não desta proposta; 
3. Planejar as etapas de todo o processo; 
4. Monitorar cada uma das etapas comparando com o modelo proposto; 
5. Modificar o modelo, se necessário; 
6. Dar sequencia ou interromper a proposta inicial; 
7. Avaliar o resultado final em relação ao objetivo inicialmente determinado. 
 
Anteriormente, foram apresentadas as síndromes disexecutivas nas FE; sendo 
assim, aqui será feita uma apresentação mais pormenorizada das observações mais 
marcantes dessa síndrome. As características mais prevalentes e seu impacto 
disfuncional dos processos cognitivos e da memória, podem ter relação com lesões 
nos lobos frontais, conforme descrito no quadro abaixo: 
 
Quadro 02- Lesões lobos frontais e desordens cognitivas de memória 
Distúrbios cognitivos Distúrbios memória 
 Planejamento 
 Solução de problemas 
 Desinibição, perseverarão 
 Fluência verbal 
 Estimativa cognitiva 
 Memória de curto prazo 
(mensurada no digito span) 
 Memória episódica 
 Matemática 
 Memória temporal 
 Organização do material 
memorizado 
Fonte: Andrade et al., 2006 (pg126) 
 
A memória diz respeito à aptidão funcional do SN para codificar, classificar, 
armazenar e evocar lembranças. A memória é um elemento básico para o 
aprendizado e a capacidade de concatenar ideias. Ela, no entanto, tem relação 
direta com as habilidades de atenção voluntária, concentração e estado emocional 
(Cypel, 2015). 
Tipificação da memória: 
- Memória operacional, é composta de um conjunto de sistemas cognitivos para 
realizar representações mentais de informações sensoriais

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