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1.1.1.1 NEUROBIOLOGIA NA APRENDIZAGEM Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. RESUMO DA UNIDADE Nesta unidade serão discutidos aspectos ligados à neurobiologia da aprendizagem, focando especificamente: a) a neurobiologia da aprendizagem, b) a genética da aprendizagem, c) semiologia neuropsiquiátrica. Trata-se, aqui, de um trabalho que apresenta os fenômenos envolvidos no processo de assimilação de dados, a sua elaboração cognitiva para compor informações e, finalmente, apresentar as estruturas mentais da capacidade de aprendizagem dos conceitos mais elaborados e a formação da inteligência. Muito já se discute sobre os aspectos genéticos no desenvolvimento humano e sua prevalência sobre o comportamento normal ou patológico, o entendimento das questões semiológicas – estudo dos sinais – possibilitam ao profissional ampliar sua percepção dos inúmeros processos que o sistema nervoso utiliza para realizar a função primordial para o homem, garantir a adaptação adequada aos contextos, à sobrevivência e à reprodução da espécie. Mesmo que os processos de leitura e escrita não tenham relação direta com a sobrevivência humana, existe uma importante ligação delas com as atuais exigências sociais. Portanto, a avaliação dessas habilidades, bem como dos quadros patológicos, é relevante para o estabelecimento das intervenções mais adequadas, a fim de tornar as crianças adaptadas a lidar com as variadas demandas, e poderem executar comportamentos promotores de interação, desenvolvimento e aprendizagem. Palavras-chave: neurobiologia da aprendizagem; neurônios, genética e semiologia. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO RESUMO DA UNIDADE ............................................................................................. 2 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 CAPITULO 1 - NEUROBIOLOGIA DA APRENDIZAGEM ......................................... 6 1.1 ANATOMIA DA APRENDIZAGEM ................................................................. 6 1.2 AS CÉLULAS DO APRENDIZADO ................................................................ 8 1.2.1 Células da Glía ............................................................................................... 9 1.2.2 Passos da evolução das células nervosas ................................................... 12 1.3 NEURÔNIOS ............................................................................................... 13 1.4 NEUROTRANSMISSORES ......................................................................... 17 1.5 O CUSTO DO NÃO CONHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO.............. 20 CAPUTULO 2 - GENÉTICA DA APRENDIZAGEM .................................................. 22 2.1 A GENÉTICA E APRENDIZAGEM ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ........... 22 2.1.1 O movimento Eugênico ................................................................................ 24 2.2 FUNÇÕES EXECUTIVAS E ESTRUTURAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .......................................................................... 32 2.2.1 Funções executivas e aspectos anatômicos ................................................ 36 CAPITULO 3 – PRINCÍPIOS GERAIS E DOMÍNIOS ESPECÍFICOS DA APRENDIZAGEM ..................................................................................................... 39 3.1 APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA: DIFICULDADES ESPECÍFICAS ........................................................................................................... 39 3.1.1 Modelo do déficit fonológico ......................................................................... 41 3.1.2 Aspectos neurobiológicos da dislexia do desenvolvimento .......................... 43 3.2 EPILEPSIA E APRENDIZAGEM .................................................................. 45 3.3 DEFICIÊNCIA MENTAL E APRENDIZAGEM .............................................. 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 4 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. APRESENTAÇÃO DO MÓDULO Os aspectos que envolvem o processo da aprendizagem no ser humano são ricos em detalhes, em desdobramentos de perspectivas nas áreas científicas que, ao se juntarem, principiam a criação de um esboço para o entendimento a respeito de como se dá tais processos de extrema importância para o desenvolvimento humano. Conhecer os componentes estruturantes dos fenômenos cognitivos que promovem a “tradução” dos estímulos nas mais variadas formas e magnitudes, abre uma importante janela para que os profissionais envolvidos com o processo de ensino-aprendizagem dominem os pressupostos que embasam as ferramentas que o sistema nervoso central lança mão para construir a ideia de ser humano. Nesse processo de busca por compreender o mundo e suas particularidades, conhecer a ação das moléculas mensageiras, que são responsáveis pela ativação do sistema nervoso em sua constante tentativa de vincular estímulos, gerar comunicação com os mundos externos e interno do homem, permitir a interação social e o aprendizado, são muito importantes. Ter noções sobre como a circuitaria neuronal é ativada quando palavras, signos, conceitos e ideias são processadas em um córtex infantil com inúmeras possibilidades para aprendizado, é importante para que as capacidades cognitivas sejam empregadas da forma mais adequada ao desenvolvimento cortical infantil. Entretanto, é preciso manter em mente que, infelizmente, o funcionamento dos processos cognitivos permanecem um grande mistério para a ciência, o que torna mais complexa a compreensão das disfunções ligadas à aprendizagem. Com isso, não se pretende desanimar o pesquisador, mas sim, despertá-lo para a necessidade de se debruçar sobre esse desconhecido, utilizando os códigos científicos, para somar forças com várias outras áreas do saber que estão voltadas para compreender o homem. Por certo, entender as questões neuronais envolve um grande custo financeiro, todavia, o preço da ignorância quanto ao funcionamento cerebral é muito mais alto e com consequências muito danosas; pois profissionais podem estar, mesmo que de forma não intencional, dificultando o processo de aprendizagem. 5 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Os homens da ciência que estudam o próprio ser humano, têm uma dívida, talvez impagável, com os seus pacientes com patologias, que foram os norteadores nessa jornada de exploração e entendimento do cérebro e da mente humana. Eles ensinaram por meio de suas incapacidades, limitações e distúrbios, como algumas partes cerebrais funcionam. Dessa forma, ao lapidar o olhar dos profissionais para a investigação do processo desenvolvimental infantil, permite aguçar sua sensibilidade para perceber sutilezas e alterações cognitivas, que emergem constantemente nos ambientes que abrigam as “máquinas” de aprendizado mais extraordinários do universo, as crianças. 6 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. CAPITULO 1 - NEUROBIOLOGIA DA APRENDIZAGEM 1.1 ANATOMIA DA APRENDIZAGEM No homem, o aprendizado ocorre por meio do sistema nervoso central, mais precisamente, no cérebro. Partindo de um ponto de vista neurológico – ramo da medicina que estuda os sistema nervoso –, será colocado em destaque o período infantil, mais especificamente, sobre os aspectos neurodesenvolvimentais na infância, o que abriu, mais recentemente, espaço para o desenvolvimento da especialidade neuropediatria. Por certo, existem outros atores envolvidos no processo do entendimento da relação entre sistema nervoso e ensino-aprendizagem infantil, bem como, a presença de aspectos que contribuem ou interferem no funcionamento geral do organismo, na manutenção, na adaptação e na garantia da sobrevivência do ser humano. Dentre outros fatores que mobilizam o sistema nervoso, podemos citar o ambiente social, o professor, o aprendiz e estados emocionais, entre outros. Todavia, é convencional entender que o aprendizado ocorre no Sistema Nervoso Central – SNC – da criança que engloba: cérebro, cerebelo e medula espinhal. Portanto, conhecer a neuroanatomia é importante para que se entenda a neurobiologia da aprendizagem (Riesgo, 2015). Na tentativa de definir aprendizagem e suas relações com a inteligência, Ohlweiler (2015) traz uma interessante contribuição para o entendimento desse fenômeno, pois segundo ele: A aprendizagem consiste em um processo de aquisição, conservação e evocação do conhecimento e ocorre a partir de modificações do SNC mais ou menos permanentes quando o indivíduo é submetido a estímulos e ou experiências que se traduzem por modificações cerebrais. A memória é essencial para que a aprendizagem ocorra; é a habilidade de reter e evocar informações. A compreensão da natureza das mudanças estruturais do encéfalo no processo da aprendizagem passa pelo conhecimento das características bioquímicas e funcionais dos neurônios, das sinapses e dos circuitos formados por eles. Ao apresentar a temática sobre competência/inteligência, por certo, nos remete a conceitos estruturantes, como citado anteriormente, a memória e o aprendizado que, como bem aponta Riesgo (2015), quando um estímulo é captado ele: 7 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. [...] chega ao SNC uma informação conhecida, essa gera uma lembrança, que nada mais é do que uma memória; quando chega ao SNC uma informação inteiramente nova, ela nada evoca, mas produz uma mudança na estrutura e/ou na função do SNC – isto é aprendizado (grifo nosso), do ponto de vista estritamente neurobiológico. Ao ter em mente a neurobiologia do aprendizado é possível traçar uma interface entre duas importantes áreas de atuação profissional, as áreas da Saúde (pediatras, neurologistas, neuropediatras, psicólogos, psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais) e da Educação (educadores, orientadores educacionais, pedagogos, psicopedagogos) onde, cada um tem uma parcela de contribuição importante para compor o todo da aprendizagem. Vendo esse contingente enorme de profissionais, pode-se concluir que não apenas os profissionais da área da saúde precisam ter noções básicas do funcionamento normal e patológico do SNC (Riesgo, 2015). De acordo com Riesgo (2015), o entendimento do SNC pode se dar por diferentes formas e níveis, começando do aspecto macro (nível anatômico) para o micro, passando pela organização dos tecidos (nível histológico), das células até estruturas bem menores como as moléculas (molecular e bioquímico). Ou seja, é importante abordar o SNC de um modo holístico e multinível sem predeterminar uma hierarquização entre as partes. Para entender sobre o processo de aprendizagem é necessário ter em mente os aspectos multifocais de desenvolvimento, principalmente em relação ao processo de desenvolvimento cognitivo, quando se trata de lidar com o SNC, o nível maturacional ou ontogenético do córtex. Sendo assim, ter noções sobre maturação neuronal é fundamental para quem trabalha com crianças e, portanto, com cérebros em evolução e ricos em possibilidades. Uma das áreas que mais tem revolucionado a ciência neuronal é a Neuropediatria (Riesgo, 2015). O profissional da neuropediatria tem em seu processo de formação um contato sólido com os processos maturacionais da criança. Conforme Riesgo (2015) ressalta: Para que se entenda o processo do aprendizado, é também imprescindível dominar a sequência em que ocorrem os eventos neuromaturacionais da criança enquanto ela cresce, se desenvolve e também aprende. 8 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A seguir serão descritas as bases anatômicas gerais do SNC e sua relação com a aprendizagem normal. Partindo da apresentação das células neurais e passando pelas questões de embriologia para, posteriormente, seguir uma ordem lógica, focar em aspectos neuroanatômicos e nas suas relações com a aprendizagem das crianças (Riego, 2015). IMPORTANTE A aprendizagem consiste em um processo de aquisição, conservação e evocação do conhecimento e ocorre a partir de modificações do SNC mais ou menos permanentes quando o indivíduo é submetido a estímulos e ou experiências que se traduzem por modificações cerebrais. A memória é essencial para que a aprendizagem ocorra; é a habilidade de reter e evocar informações. A compreensão da natureza das mudanças estruturais do encéfalo no processo da aprendizagem passa pelo conhecimento das características bioquímicas e funcionais dos neurônios, das sinapses e dos circuitos formados por eles. 1.2 AS CÉLULAS DO APRENDIZADO Não é uma estratégia interessante estudar a aprendizagem partindo dos dados macroscópicos do sistema nervoso, para compreensão da organização do SNC, por isso, faz-se necessário estudar a neuro-histologia. Estudos nessa área foram realizados com maior rigor em meados do séc. XIX. Nessa época, foram descritos dois tipos de células nervosas que compõem a unidade estrutural e funcional do SNC, que são os neurônios e as células da Glia ou neuróglia (Riesgo,2015). A princípio, apenas o neurônio era considerado como unidade funcional no SNC, enquanto que as células da glía desempenhavam um papel de células suporte. Dessa forma, entendia-se que apenas o neurônio era capaz de assimilar e transmitir informação cortical. Entretanto, essa não é mais uma informação totalmente correta. A atual ciência sobre a estrutura funcional do SNC tem novas proposições, entendendo o processo de neurotransmissão como uma abordagem 9 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. também “neuroglial”, ou seja as células da glía também interagem no cérebro para permitir a assimilação de estímulos e sua compreensão (Riesgo, 2015). 1.2.1 Células da Glía Em relação as células da Glía é importante ressaltar que elas estão envolvidas em diversas funcionalidades no SN. Conhecê-la em profundidade é de extrema importância para que o profissional que lida com ensino-aprendizagem, possa compreender como é constituído o SNC. De acordo com Riesgo (2015) as células da Glia tem função de: orientação do crescimento e ajuda na migração dos neurônios durante o desenvolvimento, de comunicação neural, de defesa e reconhecimento na vigência de situações patológicas e de limitação das descargas neurais anormais, principalmente nos casos de epilepsia. O termo célula glía tem origem do ingês glue (cola). No início das pesquisas para desvendar o SNC, essas células recebiam pouca atenção, pois acreditava-se que já era compreendida completamente a sua funcionalidade no SNC. Até então, acreditava-se que elas tinham a única função de colar os neurônios e manter sua sustentação. No entanto, agora abriu-se um grande leque de novas possibilidades de assimilação de dados via SNC. As células glía são de 10 a 15 vezes mais numerosas que os neurônios; podem modificar-se com a entrada de novas informações no SNC; também participam da neurotransmissão e dos mecanismos celulares de aprendizado. Atualmente entende-se que as conexões entre os neurônios (sinapses) ocorrem em três partes que envolvem neurônios: 10 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 01- Comunicação sináptica Fonte: nosso, 2019 SAIBA MAIS Comunicação entre células nervosas. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n12/fundamentos/neurotransmissores/neurotransmitt ers2_p.html Acesso em: 25/02/2019 De acordo com Lopes et al (1999) um neurônio pode ser ativado, simultaneamente, por estímulos excitatórios ou inibitórios de axônios de vários neurônios. De certa forma, cada neurônio é como um computador individual que faz um média, dentre todas as ativações elétricas ou químicas que recebe nas sinapses e promove o disparo e ativação neuronal ou inibição de ativações. A transmissão química entre neurônios engloba dois tipos distintos de especializações neuronais: os terminais pré e pós sináptico. Boa parte dos mecanismos de liberação pré-sináptica dos neurotransmissores ainda existem muitos pontos a serem esclarecidos. De forma bem rudimentar o processo acontece da seguinte maneira: no final do neurônio, existem os terminais axonais que, ao fazer contato com outros neurônios promove a liberação de neurotransmissores no terminal pré-sináptico e que, uma vez liberados na fenda sináptica, será captado pelo dendrito, o axônio, corpo celular ou células glandulares nos terminais pós- sinápticos. A área de contato entre as membranas dendríticas ou axônais foi denominada de sinapse; ele é, na verdade, um espaço vazio que deixa os neurônios PRÉ-SINÁPTICO PÓS-SINAPTICO ASTRÓCITOS Cel. Glia 11 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. independentes. Existe sinapse entre neurônios / neurônios e entre neurônios / tecidos. As sinapses podem ser elétricas ou químicas (ver neurônios) Figura 02 – Tipos de Células da Glia Fonte: Lovo (2015) Existem vários tipos de células da Glía (Fig 02), cada uma com sua função e com particularidades. Veja abaixo: ASTRÓCITOS (Gomes, Tortelli, Diniz, 2013): - são as células mais abundantes do SNC, corresponde à metade das células do cérebro; - tem o nome pelo formato de um astro; - está envolvimento com a migração celular; - são essenciais para a manutenção da homeostase (estado de equilíbrio do SNC; - fazem captação e liberação de diversos neurotransmissores; tem papel crítico no metabolismo do glutamato e do GABA; - no hipocampo (ligado a memória) contribui com a gênese celular no SN, atua como célula tronco. OLIGODENDRÓCITOS (Schimitt et al, 2013) - são as células construtores da mielina no cérebro; - realizam a sinalização trófica e neurônios adjacentes; - realiza a síntese de fatores de crescimento, desenvolvimento e sobrevivência neuronal. MICRÓGLIA (Riesgo, 2015): - Atua na neuroplasticidade ao realizar a digestão de células sem função. 12 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1.2.2 Passos da evolução das células nervosas Estudar embriologia das células e dos tecidos é um tema altamente complexo. Durante o desenvolvimento das células nervosas, acontecem fenômenos do tipo: progressivos (os mais frequentes) e regressivos (ligado a morte neuronal programada), que são importantes para o processo de neuromaturação no SNC. As maiores alterações morfogenéticas do SNC nos humanos, ocorrem entre o terceiro e o quarto mês de gestação, devido a constante proliferação e deslocamentos celulares nas estruturas embrionárias. Assim sendo, é no primeiro trimestre de gravidez que ocorre a organização genética do SN, de modo que, a presença de insultos orgânicos nessa fase, podem gerar como consequência graves a má formações no feto (Riesco, 2015). Um importante aspecto relacionado ao desenvolvimento embrionário durante o desenvolvimento do SNC é a chamada clivagem; processo pelo qual o número de células vai aumentar e promover a diminuição do tamanho de cada célula; pois o aumento celular se diferencia e permite que haja uma especialização de cada célula. Em todo o SNC ocorrem segundo Riesco (2015) “sete etapas” para o desenvolvimento embrionário, que são: 1. neurulação 2. proliferação celular controlada 3. migração das células percussoras (a seus alvos determinados geneticamente) 4. diferenciação celular para a forma e as propriedades maduras 5. sinaptogênese (formação dos circuitos neurais) 6. apoptose (eliminação de células e circuitos redundantes) 7. mielinização. A proliferação celular é considerada um dos fenômenos mais extraordinários, pois nesse processo, as células vão adquirindo suas especializações e compondo funções que visam a homeostase do corpo. No ser humano todos os neurônios podem ser classificados em três grandes grupos: a) neurônio aferente (neurônio sensitivo), ele recebe as informações; 13 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. b) neurônio eferente (neurônio motor), responsável por enviar informações ao meio externo; c) neurônio de associação , fica dentro do SNC. Riesco (2015) ressalta que, de forma bem simplificada, as informações sensitivas entram pelos gânglios sensitivos, e são decodificadas (por exemplo, dor, sabor, calor) na parte posterior do SNC. Essas informações são processadas pelos neurônios de associação e saem do SNC pela parte anterior (área motora). Durante a filogênese houve uma maior tendência por centralizar neurônios aferentes, para proteção, e permanecer com os neurônios eferentes e de associação no interior do SNC (Riesco,2015). 1.3 NEURÔNIOS Os neurônios (Fig. 02) foram, durante muito tempo, como falamos anteriormente, o ponto mais importante e estruturante do SNC. Estimava-se que existiam cerca de 100 bilhões de neurônios no cérebro, com diferentes funções e formas. Eles eram dotados, como aponta Riesgo (2015) de “uma capacidade especial e específica, quase que exclusiva dos neurônios: a capacidade de ‘aprender’”. Estimativas mais atuais apontam que, na realidade, o número neurônios pode ser ligeiramente menor do que 100 bilhões, novas estimativas giram em torno de 80 bilhões de neurônios. De acordo com Ohlweiler (2015) “o neurônio, em si, tem pouca capacidade de divisão”, possuindo características semelhantes a outras células do corpo humano, exceto pela presença de prolongamentos denominadas de dendritos e axônios (Fig. 03). 14 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 03 – Neurônio Fonte: MARTINS (s/d) De acordo com Ohlweiler (2015), a maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções bem caracterizadas que são: - corpo celular (soma) responsável pela manutenção do neurônio. - dendritos (do grego dendron árvore) que possui os terminais de recepção. - axônio (do grego axon eixo) que possui os terminais de transmissão. O axônio é encontrado apenas nos neurônios, eles são altamente especializados para fazer a transferência de informação entre pontos distantes do SN. O comprimento de um axônio é bem variável e depende do tipo de neurônio, alguns podem ter milímetros até metros de distância. Na parte final do axônio existem os terminais axonais ou botão terminal, neste local é que ocorre o contato com outros neurônios para fazer a sinapse (Ohlweiler, 2015). IMPORTANTE O axônio é encontrado apenas nos neurônios, eles são altamente especializados para fazer a transferência de informação entre pontos distantes do SN. O comprimento de um axônio é bem variável e depende do tipo de neurônio, pode ter milímetros até metros de distância. No prolongamento do axônio, alguns possuem um envoltório lipídico, tipos de gordura, de proteínas, que funcionam como um isolante elétrico – chamado de 15 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. bainha de mielina –, e que promovem uma maior rapidez na passagem de informação até os terminais axonais. Essas informações são realizadas como que de forma “saltatória” nos axônios e passam entre os Nódulos de Ranvier, chegando até os terminais axonais. De forma, em uma fibra do axônio com bainha de mielina, a velocidade de transmissão é muito superior as fibras sem mielinização (Ohlweiler, 2015). Os dendritos geralmente são mais curtos. Eles são especializados em receber estímulos, traduzidos em potencial de ação para o corpo do neurônio (Ohlweiler, 2015). SAIBA MAIS POTENCIAL DE AÇÃO NEURONAL Segundo Krueger-Beck et al. (2017) as fibras nervosas são classificadas segundo seu diâmetro e velocidade. Ou seja, quanto maior o diâmetro da fibra nervosa, maior é a velocidade de condução das informações. Essa condução se dá por meio da ativação do potencial de ação celular. O potencial de ação pode propagar em dois sentidos: para fora do SNC em direção ao SNC (aferente) e vice-versa (eferente) via membrana celular. As membranas celulares são semipermeáveis, o que possibilita a passagem de algumas substâncias como o sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca). Cada uma dessas substâncias apresenta uma diferença de potencial graças a concentração entre os meios positivos e negativos na membrana celular. Fonte: KRUEGER-BECK, Eddy et al. Potencial de ação: do estímulo à adaptação neural. Fisioterapia em Movimento, v. 24, n. 3, 2017 Um destaque importante que Riego (2015) apresenta, diz respeito a questão da noção de individualidade neuronal. Partindo da observação das novas pesquisas envolvendo os neurônios e com suas capacidades. A ciência aponta que: cada neurônio tem potencial para fazer em torno de 60 mil sinapses. Por seu turno, cada sinapse pode receber até́ 100 mil impulsos por segundo, o que dá́ uma ideia da complexidade da estrutura e do funcionamento das redes neurais. A partir dessas informações, fica fácil entender por que não há a menor possibilidade de haver dois cérebros absolutamente iguais, nem do ponto de vista neuroanatômico, nem do ponto de vista neurofuncional. 16 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Ainda segundo Riesgo (2015), vale ressaltar que no SNC também está incluído o cerebelo (cérebro pequeno), que em tese, deveria ter as mesmas capacidades de recepção e envio de mensagem que o cérebro. Todavia, isso não ocorre, pois algumas diferenças importantes são percebidas. Leia a descrição abaixo: IMPORTANTE - a citoarquitetura da célula cerebelar é bem mais simplificada que a cerebral; - a capacidade do cerebelo de fazer conexões é ligeiramente diferente no SN. - a sinaptogênese é muito mais intensa que a do cérebro [geração de novas conexões com simultâneo crescimento dos dendritos e das terminações axonais, em conjunto com maior mielinização na substância branca subcortical (Black et al., 1999)] - neurônios cerebelares podem fazer até 150 mil sinapses cada um, portanto mais que o dobro que o neurônio córtex cerebral. - cerebelo é portanto muito mais neuroplástico que o cérebro. Fonte: Riego, 2015 Riesco (2015) aponta que a comunicação entre neurônios é basicamente feita utilizando uma forma de linguagem elétrica, devido a ativação do potencial de ação dentro da membrana da célula. Na realidade, existem dois tipos de formas de neurotransmissão de informações no SNC: a elétrica e a química. Ambas atuam ao mesmo tempo, praticamente, mas apresentam sutilezas em relação a sua constituição: - elétrica: está ligada mais no processo de desenvolvimento neuropsicomotor – DNPM. - química: mais ligada ao aprendizado em si. De acordo com Krueger-Beck et al (2017), as primeiras descobertas sobre o Potencial de Ação – PA –, efetivamente se deram pela pesquisa de Luigi Galvani, que demonstrou a propagação do PA por ativação elétrica observadas em patas traseiras de rãs abatidas. Estudos revelaram que o PA se move no sentido do corpo 17 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. (soma) do neurônio para a extremidade do axônio (terminal-pré-sinaptico), presente na ativação eferente de fibras motoras e das glândulas. Porém, ao analisarmos mais profundamente o PA, entende que ele pode acontecer em dois sentidos: para fora do SNC em direção a ele (aferente) e vice versa (eferente). Existem vários estímulos que podem produzir PA, captados por células de vários tipos, que irão levar a informação, por exemplo, auditiva, tátil, gustativa e visual ao SNC. Para Riesgo (2015) a neurotransmissão elétrica é muito importante para os primeiros processo de neuromaturação; pois é em virtude dela que: grandes populações neuronais entram em atividade concomitante, o que fornece o suporte neurobiológico para cada um dos degraus do DNPM, que são pré-programados e inexoráveis, como se fossem timers prontos para ligar e desligar certas redes neurais, a menos que surja um insulto ao SNC da criança. A neurotransmissão elétrica também pode explicar a enorme semelhança na sequência temporal dos marcos maturacionais, quando o desenvolvimento de criança de diferentes origens e etnias é comparado. Já na neurotransmissão química, dentro da visão ontogenética é unidirecional, sendo bem mais lenta que a elétrica. Ela, como dissemos anteriormente, está mais relacionada com o aprendizado e abarca vários eventos, além de diversos neurotransmissores (Riesgo, 2015). Cada neurônio comporta como se fosse uma bateria elétrica envolta em uma membrana celular. Essa membrana delimita cada neurônio e tem a importante função de manter o funcionamento adequado do neurônio. Portanto, é considerado um grande desafio separar a neuroanatomia dos eventos químicos e fisiológicos envolvidos no processo de sinapses que irão resultar na aprendizagem. Entender o conceito de transmissão sináptica é fundamental para entender as bases neurais da memória e do aprendizado. Esses fenômenos, se dão por modificações nas sinapses químicas do encéfalo, no caso pela liberação de neurotransmissores (Ohlweiler, 2015; Riesgo, 2015). 1.4 NEUROTRANSMISSORES De acordo com Martins (2014), as informações processadas ao longo dos neurônios ocorrem da seguinte forma, os dendritos e o corpo celular recebem e 18 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. assimilam informações sensitivas que são transmitidas ao longo dos axônios até as terminações axonais e liberados na fenda sináptica. Para enviar uma mensagem entre neurônios, o neurônio pré-ganglionar libera neurotransmissores na fenda sináptica. Os neurotransmissores se formam a partir de substâncias metabolizadas como, glicose, aminoácidos essenciais, ácidos graxos dentre outros. Elas, após serem criadas, ficam armazenadas nas vesículas neuronais nos terminais axonais e uma vez que ocorre a liberação na fenda sináptica, causam uma reação na membrana do neurônio seguinte. Após essa liberação, parte dos neurotransmissores podem ser receptados pelo próprio neurônio que o liberou; ser captado pelo neurônio pós- sináptico, ou metabolizado na fenda sináptica. Os neurônios carecem de sempre ter a disposição os neurotransmissores para que a comunicação neuronal possa se processar. Alterações no metabolismo dos neurotransmissores são a causa de vários transtornos neurológicos, psicológicos, psiquiátricos, entre outros (De Andrade, 2003; Ohlweiler, 2015). Cientistas já catalogaram mais de 50 tipos de neurotransmissores; fisiologias, psicólogos e neurocientistas trabalham arduamente no entendimento e no esclarecimento de suas relações com drogas, com o humor, com habilidades e com a percepção; todas competências diretamente ligadas ao aprendizado (Sternberg, 2008). O processo de neurotransmissão, de acordo com Sternberg (2008) ocorre por três tipos de substâncias: a) monoaminas: são substâncias bioquímicas derivadas de aminoácidos e sintetizado pelo SN por ações enzimáticas; b) aminoácidos: substâncias orgânicas obtidas diretamente da alimentação sem nenhuma síntese. c) neuropeptídeos: peptídeos usados na comunicação intercelular, eles podem funcionar tanto como neurotransmissores quanto como hormônios. Sternberg (2008) apresenta alguns neurotransmissores, bem como suas funções, no SN e seu impacto no funcionamento cognitivo, veja quadro abaixo: 19 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Quadro 01- Neurotransmissores Neurotransmissor Descrição Função Geral Exemplo específico Acetilcolina (Ach) Monoamina sintetizado a partir da colina Excitatório no cérebro e na musculatura esquelética. Relacionado com memória Dopamina (DA) Monoamina sintetizado da tirosina Relacionada ao movimento, na atenção e aprendizado. Na maioria das vezes é inibitório. Escassez DA está ligado ao Mal Parkinson. Excesso de DA está ligado à Esquizofrenia. Serotonina Monoamina sintetizado do triptofano Estado de alerta, sono e humor Efeito luta ou fuga GABA aminoácido Neuromodulatório geral Atua mecanismos aprendizagem e memória neuropeptídeo neurotrasnmissor Neuromodulatório geral Endorfinas para alívio da dor Fonte: Sternberg, 2008 Segundo Ohlweiler (2015), “o glutamato, o GABA, a dopamina, a noradrenalina, a serotonina e a acetilcolina são os principais NT envolvidos com a aprendizagem e a memória”. Segundo Bear (2017) os neurônios cerebrais quase nunca se regeneram, desta forma, cada neurônio que perde sua funcionalidade é um recurso a menos que temos para processar informações. Uma fascinante ironia da vida diz respeito à morte de neurônios; o glutamato é o mais abundante do SN e também o principal neurotransmissor no SNC. Todavia, ele é um potente indutor de morte neuronal. Um grande número de sinapses liberam o glutamato que é estocado em grande quantidade na célula. Assim sendo, um excesso de glutamato liberado no lado externo de neurônios, causa sua morte em poucos minutos. Mae West como citado por Bear (2017), certa vez disse que “muito de uma coisa boa pode ser maravilhoso”, mas ela provavelmente não tinha ciência do impacto do glutamato nos neurônios. Estados patológicos, como a parada cardiorrespiratória, acidentes vasculares cerebral, trauma cerebral, convulsões e deficiência de oxigênio, podem iniciar um ciclo vicioso de liberação excessiva de glutamato e gerar graves comprometimentos no SNC. 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Bear (2017) apresenta um extraordinário ensaio sobre o impacto do glutamato e suas concentrações, de acordo com ele: O glutamato promove morte neuronal por superexcitação, um processo chamado de excito toxicidade. O glutamato simplesmente ativa seus diferentes tipos de receptores, permitindo, assim, o fluxo de grandes quantidades de Na+, K+ e Ca2+ através da membrana. [...]. O dano ou a morte neuronal ocorrem devido ao inchaço resultante da absorção de água e pela estimulação pelo Ca²+ de enzimas intracelulares que degradam proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos. Os neurônios literalmente se auto digerem. A excito toxicidade tem sido relacionada com várias doenças humanas neurodegenerativas progressivas, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig), em que os neurônios motores espinhais morrem lentamente, e a doença de Alzheimer, em que os neurônios do encéfalo morrem lentamente. Os efeitos de várias toxinas ambientais mimetizam alguns aspectos dessas doenças [...]. A ervilha contém uma excito toxina, chamada de β-oxalilaminoalanina, que ativa os receptores de glutamato. Uma toxina chamada de ácido domoico, encontrada em moluscos contaminados, também é agonista do receptor de glutamato. A ingestão de pequenas quantidades de ácido domoico causa convulsões e dano cerebral. E uma outra excito toxina vegetal, a β-metilaminoalanina, pode causar uma condição terrível, a qual combina sinais de ELA, doença de Alzheimer e doença de Parkinson. 1.5 O CUSTO DO NÃO CONHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO Pesquisas envolvendo o SNC, dentro das neurociências, por certo, tem um alto custo monetário, são necessários aparatos tecnológicos de ponta, procedimentos experimentais usando inteligência artificial, microscópios cada vez mais potentes, o que exige grandes investimentos. Entretanto, cabe ressaltar que o custo da ignorância sobre o SNC pode ser muito mais caro que o investimento em pesquisa. A degeneração progressiva de neurônios de alguns neurônios do SNC leva a quadros graves de Demências de Alzheimer e doença de Parkinson. Como o homem tem aumentado a expectativa de vida, aumentam também as chances de que tais moléstias atinjam cada vez mais pessoas. O Mal de Parkinson, por exemplo, leva a uma incapacidade de controlar os movimentos voluntários, de certa forma suas lesões acontecem da parte mais central do cérebro – regiões do tronco cerebral – e vai evoluindo para as periferias corticais. Já nos últimos estágios do Parkinson existe também perda de memória. Na Demência de Alzheimer acontece efeito contrário, existe uma perda acentuada da capacidade de aprender novas informações e recordar acontecimentos recentes. Esse tipo de demência já atinge o córtex cerebral (área onde ficam os corpos dos 21 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. neurônios) e vai causando morte de neurônio, acúmulo de proteína beta amilase, aumento de emaranhados neurofibrilares, bem como a proteína fosfo tau, causando diminuição da massa encefálica (Bear, 2017). Bear (2017) deixa um importante recado para a sociedade de um modo geral intrigante mais ao mesmo tempo provocativo, afirmando que: Os custos econômicos das disfunções encefálicas são enormes, mas perdem importância se comparados com o custo emocional que atinge as vítimas e suas famílias. A prevenção e o tratamento das doenças mentais requerem a compreensão da função normal do encéfalo, e esse conhecimento básico é o escopo das neurociências. A pesquisa em neurociências já́ contribuiu para o desenvolvimento de tratamentos efetivamente melhores para a doença de Parkinson, para a depressão e para a esquizofrenia. Novas estratégias estão sendo testadas para se recuperar neurônios que estão morrendo em pacientes com a doença de Alzheimer e naqueles que sofreram AVE. Grande progresso tem sido alcançado na compreensão de como as drogas e o álcool afetam o encéfalo e como levam à dependência. O material deste livro demonstra que se sabe muito sobre a função do encéfalo. No entanto, o que sabemos é insignificante se comparado aquilo que ainda temos de aprender. IMPORTANTE Os custos econômicos das disfunções encefálicas são enormes, mas perdem importância se comparados com o custo emocional que atinge as vítimas e suas famílias. A prevenção e o tratamento das doenças mentais requerem a compreensão da função normal do encéfalo, e esse conhecimento básico é o escopo das neurociências. 22 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. CAPUTULO 2 - GENÉTICA DA APRENDIZAGEM 2.1 A GENÉTICA E APRENDIZAGEM ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Bau e Da Silva (2015) trazem à tona questões muito intrigantes quando se observa mais atentamente as crianças no ambiente escolar. Imaginar que existem várias crianças que diuturnamente saem de suas casas em direção a este ambiente, e pensar o quanto os profissionais envolvidos no ensino-aprendizagem estão, ou não, atentos à questões que vão além da breve história de vida das crianças em sua sala de aula, nos faz refletir sobre o papel das questões genéticas e sua influência no processo de aprendizagem das crianças. Tornar-se um agente de disseminação de informação, ou seja, ser um cientista que anda de mãos dadas com os pesquisadores do sistema nervoso central – SNC – e buscar entender os processos neuronais é ponto fulcral na atualidade, e em conjunto, tentar responder a vários questionamentos, dentre os quais com destaque para o que Bau e Da Silva (2015) ressaltam: Por que algumas crianças aprendem a ler e a escrever com mais facilidade do que outras? E por que algumas apresentam dificuldades no aprendizado, em diferentes áreas, mesmo que tenham, por vezes, uma inteligência acima da média? Não é pretensão, neste trabalho, responder completamente a tais questionamentos ou apresentar uma solução que possa desvelar todos os mistérios da aprendizagem em crianças. O convite, portanto, é para pensar e despertar a consciência para alguns aspectos de extrema relevância sobre desenvolvimento genético, que podem, inicialmente, passar despercebido na tentativa de identificar e analisar problemas de aprendizagem. As perguntas anteriores nos levam a pensar a respeito da complexidade envolvida no processo de aprendizagem e dos aspectos determinantes de suas variações. Talvez, no ser humano, a mais extraordinárias das habilidades cognitivas seja a de ser capaz de comunicar por meio da leitura e a escrita (muitas vezes uma habilidade banalizada). Elas se tornaram, há milhares de anos, um dos nossos maiores desafios para o entendimento. Durante o processo evolutivo do homem, essas demandas não existiam e, com surgimento da habilidade de ler e escrever, 23 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. essas competências ficaram, por muito tempo, restritas a um grupo de pessoas (Bau & Da Silva, 2015). Um dos fatores determinantes para que a evolução se desenvolvesse foi o refinamento de comportamentos que possibilitaram a sobrevivência do homem, e como consequência, o novo comportamento mais adaptativo era passado de geração para geração. Entretanto, ler e escrever não eram, e não são fatores que impactam diretamente a sobrevivência e a reprodução humana. O homem pode sobreviver e reproduzir sem dominar nenhuma dessas habilidades. Então, antes mesmo de saber ler e escrever, é possível intuir que o homem já possui os substratos neuronais necessários para desenvolver tais habilidades. Eles são, dessa forma, traços de uma variabilidade genética em potencial e exclusiva do cérebro humano (Bau & Da Silva, 2015). De acordo com Bau e Da Silva (2015) no processo civilizatório, a tolerância com indivíduos que demonstrassem comportamentos muito destoantes da média da população, sempre foi de uma minoria, tanto para os que possuem altas habilidades quanto baixas habilidades cognitivas. Esse característica é bem expressa por meio da curva de inteligência de Bell (ver fig 04), por ela é possível observar que dentro da distribuição da população em relação a inteligência, existe um número reduzido da população com poor performence – baixa performance – quando comparado com a população com média performance. Nessa pequena parte desviante, a ciência já buscava uma explicação pertinente para responder às razões causais dessa discrepância, e seu significado, ou resposta cabal, era modificado constantemente sendo considerado válido um conceito, uma justificativa ou resposta dependendo da época histórica do homem. Na idade média, por exemplo, o entendimento das características ligadas às inabilidades para aprendizado tinham caráter demoníaco, e tido como verdade. O curioso é que, nos dias atuais, séc XXI, ainda é percebido traços desse tipo de crença, atribuir desvios da norma à presença de entidades demoníacas ou entidades divinas. Já no séc. XX, emergiu um movimento denominado de eugenia e tomou força no mundo todo. 24 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Figura 04- Curva de inteligência de Bell Distribuição normal de QI Fonte: Jensen, 1969 Segundo Bau e Da Silva (2015) na eugenia, o foco das observações tiveram um outro escopo, o objetivo era estudar a população com High performance (fig. 04) – alta performance – nesse caso, a tentativa era investigar as pessoas que estavam do lado direito da curva de Bell; aqueles com habilidades e competências mais elaboradas que a média da população. Todavia, esse movimento, como bem apontam Bau e Da Silva (2015), possuíam nuances bem peculiares; para os autores as proposições iniciais eram: [...] repleta de preconceitos, e os seus participantes, munidos de um conhecimento pseudocientífico, propunham até́ a esterilização de pessoas com certos transtornos para que não os transmitissem para as gerações futuras. Para eles, algumas características que, na realidade, são extremamente complexas podiam ser reduzidas a uma herança simples. Embora essas ideias possam parecer estranhas às práticas atuais que visam à inclusão, as ideias eugênicas tinham o respaldo de considerável literatura daquela época. Somente a partir da segunda metade do séc. XX é que houve uma grande virada nas ciências humanas e saúde sobre os estudos iniciais da Eugenia (Bau & Da Silva, 2015). 2.1.1 O movimento Eugênico De acordo com Guerra (2006), quando Charles Darwin escreveu the origen of species – origem das espécies – ele propôs que o processo de seleção natural se Poor performance Hight performance High performance Poor performance 25 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. dava por questões ligadas à necessidade de sobrevivência, era uma condição universal a todas as espécies. Ou seja, tinham garantido os privilégios da sobrevivência e reprodução, as espécies que apresentassem as melhores aptidões para se adaptar às intempéries da vida. Estas concepções trouxeram grande preocupação para os mais abastados na sociedade do início do séc. XX, na Inglaterra. Pois, segundo essas ideias, apenas os homens mais adaptados teriam chance de sobreviver. Nessa época, no entanto, houve uma grande diminuição do número de nascimentos em famílias de classes mais altas e médias, e inversamente, um aumento de nascimento de pessoas de classe baixa, o que preocupou a muitos na Europa. Dessa forma, pareceu lógica a ideia de um eminente pesquisador chamado Francis Galton1, que preconizava a necessidade em realizar uma melhoria da raça humana por meio da ciências da “eugenia” – o bem nascido –, ou seja, seria permitido ou estimulado que apenas boas uniões de casais se estabelecessem e assim, realizar uma “higienização social”. Para muitos daquela época, parecia ideal, realizar proibição de uniões indesejadas (casamentos com pessoas de baixa intelectualidade) e a promoção de união entre parceiros bem nascidos. Surge então a chamada “eugenia positiva” na Europa (Guerra, 2006). Nos EUA, no entanto, foi realizado um movimento inverso, a eugenia “negativa”, pretendia-se, com isso, eliminar o nascimento dos filhos de pessoas “geneticamente incapazes”, como, por exemplo, aquelas com enfermidades recorrentes, os socialmente indesejáveis e economicamente menos abastados. Dentre as estratégias adotadas estava a proibição de casamentos, esterilização compulsória, eutanásia passiva, em outras palavras, extermínio. Isso tudo ocorrendo sob a luz de argumentos científicos, portanto, considerado o comportamento mais adaptativo para promover a melhoria da espécie e garantir a diminuição de doentes e de doenças (Guerra, 2006). O grande aumento no número de imigrantes indo para os EUA, fez com que grupos dominantes buscassem meios e justificativas com argumentos científicos para promover a exclusão social. Esses grupos encontraram um terreno bem fértil na pseudociência da eugenia (Guerra. 2006; Bau & Da Silva, 2015). 1 Francis Galton ver DEL CONT, V. Francis Galton: eugenia e hereditariedade. Scientiae Studia, v. 6, n. 2, p. 201-218, 2008. 26 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Os eugenistas utilizavam os conhecimentos científicos para atestar que a hereditariedade possuía um papel-chave para promover patologias sociais e doenças. Isso tornou os imigrantes um alvo fácil para os defensores dessa nova pseudociência. De acordo com Guerra (2006): O racismo dos primeiros eugenistas norte-americanos não era contra não- brancos, mas contra não-nórdicos, e as doutrinas de pureza e supremacia raciais eram elaboradas por figuras públicas cultas e respeitadas. Quando as teorias de Mendel - com suas ideias gerou o movimento mendeliano (nosso)-, chegaram aos EUA, esses pensadores influentes acrescentaram um verniz científico ao ódio racial e social. O líder do movimento eugenista dos EUA foi Charles Davenport, que dirigia o laboratório de biologia do Brooklin Institute of Arts and Science, em Long Island, instalado em Cold Spring Harbor. Em 1903, obteve da Carnegie Institution o estabelecimento de uma Estação Biológica Experimental no local, onde a eugenia seria abordada como ciência genuína. Em seguida, juntou-se aos criadores de animais e especialistas em sementes da American Breeders Association, muitos deles convencidos de que o conhecimento mendeliano sobre gado e plantas era aplicável a seres humanos. Com o passar do tempo, a eugenia ganhava cada vez mais status de ciência revolucionária, prestigiada e considerada um conceito médico legítimo. Ela atingiu de tal forma a sociedade que foi promovido congressos sobre o tema, como o Congresso Internacional de Eugenia, realizado em 1912. O Estado de Indiana nos EUA, foi o primeiro estado do mundo a introduzir a lei de esterilização coercitiva; lei que foi seguida por vários outros estados e países do mundo. Nessa época já se discutia o uso de câmaras de gás para eliminar os “indesejados” (Guerra, 2006). Conforme Gerra (2006) aponta: Na Alemanha, a eugenia norte-americana inspirou nacionalistas defensores da supremacia racial, entre os quais Hitler, que nunca se afastou das doutrinas eugenistas de identificação, segregação, esterilização, eutanásia e extermínio em massa dos indesejáveis, e legitimou seu ódio fanático pelos judeus envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica. Não houve apenas extermínio em massa de judeus e outros grupos étnicos. Em julho de 1933, foi decretada lei de esterilização compulsória de diversas categorias de "defeituosos" e, com o início da Segunda Guerra Mundial, os alemães considerados mentalmente deficientes passaram a ser mortos em câmaras de gás. 27 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Vários médicos nazistas realizavam experimentos em prisioneiros com objetivo de estudar aspectos genéticos. Josef Mengele2, um renomado médico alemão, dedicou-se intensamente ao estudo dos gêmeos monozigóticos para investigar as contribuições genéticas para o desenvolvimento de características normais ou patológicas. Seu fascínio sobre a purificação das raças foi impressionante. Todavia ele também realizava experimentos para “salvar” Judeus, ou outros com boa carga genética, por exemplo, ele injetava corantes azuis ou verdes nos olhos dos prisioneiros para estudar a viabilidade para mudança na cor dos olhos, tais cores eram para mimetizar a expressão gênica dos povos arianos, que têm os olhos predominantemente azuis ou verdes. Seu objetivo era fazer com que a cor dos olhos pudesse ser modificada; para resguardar uma evidência empírica de ser um homem ou mulher ariano. Os Judeus por exemplo, possuem cor dos olhos castanhos a preto, na perspectiva de Mengele, judeus com altas habilidades cognitivas, artísticas dentre outros, que tivessem a cor dos olhos modificada, poderiam sobreviver e continuar repassando suas boas habilidades cognitivas, artísticas e etc. para a purificação da raça ariana (Guerra, 2006). FIQUE SABENDO Assistir o documentário Blue Eyed Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0M_JtUjxtmY Acesso: 03/19 Bau e Da Silva (2015) mostram que os avanços na bioestatística possibilitaram o desenvolvimento de uma genética com evidências empíricas quantitativa, agora não mais como pseudociência, que é a base para o entendimento da variabilidade nos traços mais comuns do desenvolvimento humano. Durante muito tempo o estudo da genética do comportamento humano foi visto com muito temor e cautela, por motivos óbvios como os apresentados anteriormente; a utilização de argumentos 2 Mais sobre Mengele: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/8-experimentos-crueis-do-nazista- josef-mengele-em-auschwitz/ acesso em 02/19 28 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. escusos, expressos por meio de discurso científico para justificar ou desconectar racismo e preconceito. FIQUE ATENTO Os avanços na bioestatística possibilitaram o desenvolvimento da genética quantitativa, que é a base para o entendimento da variabilidade nos traços mais comuns do comportamento humano. Ainda de acordo com Bau e Da Silva (2015): as tentativas de aplicações antiéticas e cientificamente infundadas da genética por esses indivíduos (influenciando até mesmo o nazismo) geraram uma sombra com a qual a genética do comportamento teve de conviver durante muito tempo. Devido a esse contexto, alguns consideram difícil separar a genética de conceitos como determinismo, imutabilidade e até́ preconceito racial. No entanto, se é verdade que ideias equivocadas sobre a genética podem sustentar preconceitos, também é verdade que a ignorância total sobre a genética leva à busca de explicações místicas e ideias equivocadas. Mais especificamente, a ausência de informação sobre a base genética de transtornos da aprendizagem tende a alimentar mitos, culpas e preconceitos, que podem gerar ainda mais problemas para uma criança ou um adulto com dificuldades de leitura ou em outra área. Por tudo isso, o estudo dos aspectos genéticos da aprendizagem não é relevante apenas porque de fato existe um importante componente genético na aprendizagem, mas também porque fornece informações que auxiliam os profissionais da educação e da saúde no atendimento a pessoas com esses transtornos. IMPORTANTE A ausência de informação sobre a base genética de transtornos da aprendizagem tende a alimentar mitos, culpas e preconceitos, que podem gerar ainda mais problemas para uma criança ou um adulto com dificuldades de leitura ou em outra área. Por tudo isso, o estudo dos aspectos genéticos da aprendizagem não é relevante apenas porque de fato existe um importante componente genético na aprendizagem, mas também porque fornece informações que auxiliam os profissionais da educação e da saúde no atendimento a pessoas com esses transtornos. O entendimento de que existe um componente genético na aprendizagem eclodiu muito antes dos estudos sobre material genético propriamente dito. A 29 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. descoberta do ácido desoxirribonucleico – DNA – celular, foi um divisor de águas quando o assunto era desenvolvimento e aprendizagem. Nas palavras de Bau e Da Silva (2015): muitas informações puderam ser obtidas pelos métodos clássicos da pesquisa em genética humana, voltados para os gêmeos, genealogias e adotados. As primeiras pesquisas verificaram que os transtornos da aprendizagem apresentam uma concentração familiar significativa. Por exemplo, irmãos e pais de crianças com dislexia apresentam um desempenho em testes de leitura significativamente inferior ao de irmãos e pais de crianças sem dislexia [...] essa recorrência poderia ser também devido a fatores ambientais. De acordo com Ito e Guzzo (2002), os melhores modelos para estudar genética são os gêmeos monozigóticos (GMZ), os chamados gêmeos idênticos, ou seja, eles possuem 100% de material genético comum. Com estudos nessa população é possível investigar aspectos hereditários e ambientais que impactam sobre as diferenças individuais de comportamento e de características da personalidade. O método de investigação mais comuns com esses gêmeos são avaliar os que vivem juntos ou separados, pois, semelhanças em algumas características de personalidade entre os monozigóticos criados separados pode ser diretamente atribuídos aos genes. Em segundo lugar vem os gêmeos dizigóticos (GDZ), pois compartilham 50% de material genético. A prevalência hoje em ciência implica que “se houver semelhança maior entre os pares monozigóticos do que ente os dizigóticos”, essa variação é devida a questão genética. Os pressupostos hipotéticos com maior destaque na ciência são que: a variação em características comportamentais em GDZ pode estar ligada a ambos os efeitos, ambientais e genéticos; não existir diferenças de efeitos ambientais entre GMZ e GDZ criados juntos e que diferenças percebidos no comportamento são determinados pela hereditariedade (Ito e Guzzo, 2002; Bau & Da Silva, 2015) SAIBA MAIS DNA O DNA (ácido desoxirribonucléico) é o material genético da célula. Ele carrega as informações que serão transmitidas na reprodução celular e na formação de novos indivíduos. Regiões específicas de DNA são transcritos 30 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. para produção dos diferentes tipos de RNA (ácido ribonucléico), os quais participam da síntese das cadeias polipeptídicas. Brandão, Acedo (2000) defendem a utilização de modelos didáticos no ensino de genética nas escolas básicas como facilitadores da compreensão da genética. A importância da construção de modelos para o ensino, de acordo com Giordan, Vecchi (1996), é para facilitar uma construção, uma estrutura que pode ser utilizada como referência, uma imagem analógica que permite materializar uma ideia ou um conceito, tornados assim, diretamente assimiláveis, pavimentando o entendimento para um posterior aprofundamento sobre o tema nas escolas e nos centros de pesquisa (DELLA JUSTINA & FERLA, 2013). Estudos com gêmeos e sua grande capacidade comparativa do ponto de vista genético abrem um importante espaço para os cálculos de herdabilidade. Esta característica, que diz respeito à parcela total de uma variação em uma caraterística (fenótipo) que acontece em razão de questões genéticas, ou seja, ela “mede a proporção dos fatores que fazem a diferença de suscetibilidade a algumas características entre as pessoas que é atribuível ao genes”. Esta característica, suscetibilidade, entretanto, não deve ser vista como um valor absoluto, mas sim como um importante indicador da importância das questões genéticas e do ambiente para o desenvolvimento ou aparecimento de transtornos de aprendizagem dos mais variados (Bau & Da Silva, 2015). IMPORTANTE O cálculo de herdabilidade, diz respeito a parcela total de uma variação em uma caraterística (fenótipo) que acontece em razão de questões genéticas, ou seja, “mede a proporção dos fatores que fazem a diferença de suscetibilidade entre as pessoas que é atribuível ao genes”. Ao pensar sobre os transtornos de aprendizagem e as questões genéticas, Bau e Da Silva (2015), salientam que existe um grau significativo de herdabilidade para os transtornos de aprendizagem, mas que, ainda assim, é inegável que existem 31 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. variações que podem ser atribuídas ao ambiente compartilhado entre os gêmeos como eventos da vida, fatores sócio econômicos ou o ambiente não compartilhado por eles que vão possibilitar a expressão ou não, de alguns genes “defeituosos” ou que comprometem o processo de assimilação de conhecimentos compartilhados. Como eles mesmo apresentam: os estudos com gêmeos indicam que as variações individuais na aprendizagem tem etiologia multifatorial, ou seja, resultam da ação conjunta de fatores genéticos e ambientais. Embora alguns estudos3 tenham sugerido um efeito de gene principal, com transmissão dominante para o transtorno da leitura, a maior parte dos dados sugere que cada um dos genes com influência no fenótipo apresenta um efeito muito pequeno, dificilmente superior a 2% da variância. FIQUE ATENTO O DNA (ácido desoxirribonucléico) é o material genético da célula. Ele carrega as informações que serão transmitidas na reprodução celular e na formação de novos indivíduos. Regiões específicas de DNA são transcritas para produção dos diferentes tipos de RNA (ácido ribonucléico), os quais participam da síntese das cadeias polipeptídicas. Uma habilidade importante para a aprendizagem é a aptidão para reconhecimento de palavras. Foi realizado um estudo muito interessante com adultos de meia idade e com seus filhos. O mais relevante descoberto por meio dos dados foi a constatação de que o nível de escolaridade dos pais dos sujeitos de pesquisa, moderava a herdabilidade de características promotoras da inteligência, quando os pais e mães eram menos instruídos o desenvolvimento intelectual do filhos era inferior quando comparado com crianças que os pais eram mais instruídos. Os autores ressaltam ainda que estudos mostraram como a escolaridade dos pais tem efeitos de longo prazo sobre o desempenho dos filhos, influenciando até́ mesmo na idade adulta (Bau & Da Silva, 2015). 32 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2.2 FUNÇÕES EXECUTIVAS E ESTRUTURAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Para que tenhamos comportamentos que nos permitam interagir com o mundo de forma intencional, devemos formular planos de ação tendo como base experiências passadas e as demandas prévias do ambiente. Tais ações precisam ter flexibilidade e serem adaptativas, pois o que deu certo ou errado em um contexto, pode não dar em outro, carecendo, portanto, que façamos adaptações viáveis e funcionais para que o objetivo principal seja alcançado, viver em harmonia. Essas ações de regulação e adaptação ao ambiente, são processamentos de informações que se dão no cérebro, fruto de regulações adaptativas e são chamadas de Funções Executivas -FE- (Santos, 2006). Ao estarmos frente a uma situação com múltiplas possibilidades, o indivíduo precisa ter a competência de fazer a seleção do que deseja, percebendo as possibilidades de concretude, e assim, realizar o comportamento dirigido ao que foi desejado. Tal ação é possível pela utilização do potencial cognitivo executivo e a empregabilidade de habilidades como pensar de forma eficaz, ter flexibilidade cognitiva frente a impedimentos, e assim, realizar os comportamentos que possibilitem a realização do desejo sem causar prejuízos ou imprevistos desagradáveis (Cypel, 2015). Segundo Santos (2006), mesmo existindo um número expressivo de pesquisas envolvendo as habilidades para realizar tarefas de forma eficiente e eficaz, ainda não existe um consenso quanto aos termos mais adequados ou quais atribuições estão envolvidas no processo de escolha. Entretanto, algumas características já estão bem claras sobre as funções executivas, que são: 1. O homem possui a habilidade de manter um controle voluntário e consciente sobre o ambiente circundante e sobre os comportamentos necessários para administrar contingências em função de um alvo específico. 2. A expressão do senso de utilidade ou não, acontece pela relação entre percepção, cognição e ação. 3. O controle sobre os comportamentos não é uma entidade única, mas envolve a associação de várias outras funções cognitivas distintas. 33 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4. As FE envolvem as esferas cognitivo, emocional e social. As FE vão se organizando no decurso da vida, seguindo uma sequência lógica de complexidade, ou seja, partindo na criança do menos complexo para o mais complexo. Portanto, o homem não nasce com essa capacidade pronta, ela também não vai se estruturando automaticamente, mas sim devido o desenvolvimento da aptidão em organizar informações relevantes durante o processo de desenvolvimento. (Cypel,2015) Um outro impedimento para a compreensão das FE, de acordo com Santos (2006), é quanto a tentativa de correlacionar aspectos neuroanatômicos puramente às FE. Alexander Lúria como citado por Santos (2006, pg. 126) “coligou o lobo frontal à função de programação, verificação, controle e execução de comportamento e ainda supervisão, controle, integração das demais atividades cerebrais”. Cabe, no entanto, ressaltar que os lobos frontais ocupam uma grande área cortical. Sabe-se disso pela vasta gama de habilidades afetadas em pacientes com alterações nessa área. Portanto, é improvável que o lobo frontal seja o único responsável pelas FEs. Janowski et al. como citado por Santos (2006), realizaram vários experimentos com pacientes com lesões (uni e bilaterais) no lobo frontal. Esses pacientes apresentavam tanto desordens cognitivas quanto déficit de memória prospectiva e operacional. Esses conjuntos de desordens cognitivas apresentadas pelos pacientes com alterações no lobo frontal, foi denominado dysexcutive syndrome (síndrome disexecutiva). De acordo com Santos (2006), nessa síndrome os pacientes demonstram inabilidade para julgar, de um ponto de vista temporal as informações em ordem cronológica; ou seja, a criança nesse caso terá dificuldade para organizar e isolar eventos no tempo e espaço. Falaremos disso logo abaixo (Santos, 2006; Cypel, 2015). De acordo com Cypel (2015): o aprendizado escolar, etapa do processo evolutivo de desenvolvimento da criança e do jovem, está incluído entre as aquisições mais complexas que necessita da participação concomitante e simultânea de um conjunto de sistemas funcionais neuropsicológicos para que se obtenha o objetivo planejado. Entre os sistemas funcionais implicados nesse processo, 34 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. destaca-se de forma especial o papel das FE, cuja estruturação, organização e adaptação na atividade cotidiana individual promoverão repercussões significativas no aprendizado como um todo. Para se certificar da normalidade ou não, das FE, o profissional habilidoso e experiente com crianças, precisa conhecer como se processa a aprendizagem do ponto de vista maturacional, bem como entender quais são os fatores envolvidos, as características evolutivas e as “variações de normalidade”. Pois, observa-se que padrões de dificuldade em alguns alunos, ou um processamento de informação coparativamente mais lentificado, mesmo assim, podem estar dentro da normalidade, sendo apenas uma alteração no processamento cognitivo mas com aptidão para aprendizagem, cabendo ao profissional avaliar de forma mais acurada a manifestação do comportamento desviante da norma (Santos, 2006). FIQUE ATENTO De acordo com Cypel (2015) as funções executivas (FE), conceitualmente são consideradas como “[...] um conjunto de funções responsáveis por iniciar e desenvolver uma atividade com objetivo final determinado”. Participam da sua consecução um espectro amplo de: - processos cognitivos, - estado de alerta, - atenção sustentada e seletiva, - tempo de reação, - fluência e - flexibilidade do pensamento. Elas atuam no planejamento e regulando o comportamento adaptativo com a finalidade de atingir o objetivo determinado. Esse conjunto de funções poderia ser considerado um sistema de gerenciamento dos recursos cognitivo-emocionais, cuja tarefa seria a resolução de problemas. Estas habilidades favorecerão a busca de soluções para novas propostas, atuando no planejamento e regulando o comportamento adaptativo com a finalidade de atingir o objetivo determinado. Esse conjunto de funções poderia ser considerado um sistema de gerenciamento dos recursos cognitivo- emocionais, cuja tarefa seria a resolução de problemas (grifo nosso). 35 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. As funções executivas tem a incumbência de organizar as capacidades perceptivas, mnésicas (memória) e das praxias (ações) dentro de um determinado contexto com a finalidade de (Cypel, 2015): 1. Eleger um objetivo específico; 2. Decidir o início ou não desta proposta; 3. Planejar as etapas de todo o processo; 4. Monitorar cada uma das etapas comparando com o modelo proposto; 5. Modificar o modelo, se necessário; 6. Dar sequencia ou interromper a proposta inicial; 7. Avaliar o resultado final em relação ao objetivo inicialmente determinado. Anteriormente, foram apresentadas as síndromes disexecutivas nas FE; sendo assim, aqui será feita uma apresentação mais pormenorizada das observações mais marcantes dessa síndrome. As características mais prevalentes e seu impacto disfuncional dos processos cognitivos e da memória, podem ter relação com lesões nos lobos frontais, conforme descrito no quadro abaixo: Quadro 02- Lesões lobos frontais e desordens cognitivas de memória Distúrbios cognitivos Distúrbios memória Planejamento Solução de problemas Desinibição, perseverarão Fluência verbal Estimativa cognitiva Memória de curto prazo (mensurada no digito span) Memória episódica Matemática Memória temporal Organização do material memorizado Fonte: Andrade et al., 2006 (pg126) A memória diz respeito à aptidão funcional do SN para codificar, classificar, armazenar e evocar lembranças. A memória é um elemento básico para o aprendizado e a capacidade de concatenar ideias. Ela, no entanto, tem relação direta com as habilidades de atenção voluntária, concentração e estado emocional (Cypel, 2015). Tipificação da memória: - Memória operacional, é composta de um conjunto de sistemas cognitivos para realizar representações mentais de informações sensoriais
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