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REVISÃO NEUROANATOMIA

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA/UNIVERSO
CAMPUS SÃO GONÇALO
REVISÃO V1 / NEUROANATOMIA – D1 (2021/1)
Da mesma forma que a Psicanálise ajudou a unir a Psicologia e a Psiquiatria, hoje, a Neurociência une ambas as disciplinas, com algumas adições extras teóricas e técnicas. Agora em vez de uma Orientação Psicanalítica, elas possuem o prefixo “Neuro” antes de seus nomes e alteram suas etimologias por esta razão. (Neuropsicologia / Neuropsiquiatria). Com isso, o estudo do comportamento e a aplicação da Psicopatologia agora são unidos pelo viés da Neurologia, da Química, da Física, etc. 
Em síntese, da Neurociência. 
Neurociência consiste no estudo sobre o Sistema Nervoso e suas funcionalidades, além de estruturas, processos de desenvolvimento e alguma alteração que possa surgir no decorrer da vida. Esta área de estudo trabalha com três elementos fundamentais: O Cérebro; A Medula Espinhal; e – Os Nervos Periféricos. Neuroanatomia: tem por objetivo compreender, estruturalmente, o Sistema Nervoso. Com isso, é necessária sua separação em: Cérebro; Coluna Vertebral; e Nervos Periféricos. A Neuroanatomia é um ramo da Anatomia que se presta ao estudo das diferentes partes do Sistema Nervoso (SN). 
No campo da Anatomia Humana, o mais antigo trabalho conhecido se encontra em fragmentos médicos egípcios, datados em mais de 3 mil anos a.C., onde era possível identificar os relatos de doenças como catarata, parasitoses e infecções. Uma das explicações que justifica a preocupação acentuada do conhecimento do corpo humano estava na crença da vida após morte, feito pela técnica da mumificação. Com o passar do tempo, a Neuroanatomia foi se especializando como área autônoma. Já não mais exclusiva à Neurologia ou à Biologia Anatômica, hoje serve como um dos pilares de união entre as mais diversas especialidades médicas e não médicas, como a Psicologia, por exemplo. 
A Neuroanatomia é a variação da Anatomia que se presta ao estudo do Sistema Nervoso. Neste campo do saber não existe uma preocupação grande entre organização e classificação de todos os órgãos do corpo, bem como a comparação entre humanos e animais não é o assunto principal. 
O foco central na Neuroanatomia é o estudo do Sistema Nervoso, principalmente o Sistema Nervoso Central, e sua relação com o comportamento manifesto. É finalidade de um tratado de Neuroanatomia descrever e operacionalizar as funções e estruturas que compreendem: a Medula Espinhal, o Tronco Encefálico, a Ponte, o Bulbo, os Nervos Cranianos, e a Formação Reticular. Porém, em vez de uma simples descrição dessas estruturas, o seu funcionamento também é alvo dos cientistas. 
DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO
I - SISTEMA NERVOSO CENTRAL
De uma maneira geral, o Sistema Nervoso Central (SNC) é caracterizado por estruturas nervosas protegidas por Tecido Ósseo, mais especificamente estruturas do Esqueleto Axial: Crânio e Coluna Vertebral. É o grande responsável pelo controle de todas as funções orgânicas do nosso organismo (Recebimento/Processamento/Resposta). 
Divisão:
 
a) ENCÉFALO: Cérebro: (Telencéfalo e Diencéfalo); Cerebelo, Tronco Encefálico conexão: (Mesencéfalo, Ponte e Bulbo.
b) MEDULA ESPINHAL (1ª Vértebra: C1/Atlas): A conexão é feita através do Forame Magno. 
II - SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
Formado por estruturas nervosas distintas:
a) NERVOS: estruturas de Tecido Nervoso que se ramificam a partir do SNC.
1 – Nervos Cranianos: emergem a partir do Encéfalo; sua maior parte tem origem no Tronco Encefálico; dois pares têm origem no Cérebro. Somam-se 12 (doze) pares de Nervos Cranianos. 
2 – Nervos Espinhais: têm sua origem na Medula Espinhal. Compostos por 31 (trinta e um) pares de Nervos Espinhas: regiões cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea. Todos esses Nervos vão, progressivamente, se subdividindo (principalmente nos membros), dando origem a centenas de estruturas nervosas sensitivas: os Plexos.
b) GÂNGLIOS: são dilatações do Sistema Nervoso Periférico, que constituem, no seu conjunto, o Sistema Nervoso Autônomo (SNA). É o local onde ocorrem as Sinapses do SNA.
1 – Gânglios do SNA Parassimpático: 
2 – Gânglios do SNA Simpático:
HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO
As primeiras Células a se diferenciarem no SN são os Neurônios, especializados em comunicação. São seguidas pelas Células de Suporte conhecidas como Neuróglia (Glia).
As Células da Glia exercem importantes funções na Nutrição e Trofismo dos Neurônios, Sustentação do Tecido Nervoso e uma população especial de Células da Glia agem como Macrófagos dentro do Tecido Nervoso. As Células da Neuróglia estão presentes no Sistema Nervoso Central. Os Oligodendrócitos são as Células da Neuróglia, responsáveis pela formação, e manutenção das Bainhas de Mielina dos Axônios, no Sistema Nervoso Central, função em que no Sistema Nervoso Periférico é executada pelas Células de Schwann.
I - ASTRÓCITOS
Células da Glia mais comuns, são Células grandes em forma de estrela, com prolongamentos, núcleo grande, cromatina frouxa e nucléolo central. Estão relacionados à Homeostase do Sistema Nervoso Central (SNC), desempenhando funções como: funcionamento e formação de Sinapses, nutrição dos Neurônios, liberação de Neurotransmissores. Os Astrócitos ainda participam na barreira hematoencefálica; serve de guia para a migração dos Neurônios; e impedem a propagação desordenada de Impulsos Nervosos. Dentre as suas funções, destaca-se a de nutrição. As extremidades dos prolongamentos dos Astrócitos (pés vasculares) circundam os vasos sanguíneos e através deles os nutrientes são levados até o Neurônio.
II - OLIGODENDRÓCITOS
Possuem núcleo esférico e são menores que os Astrócitos. São encontradas na substância branca e cinzenta, formando, uma membrana rica em substância lipofílica denominada Bainha de Mielina.
III - MICRÓGLIA 
São Células alongadas e pequenas, com núcleo em forma de bastão e cromatina condensada. Elas atuam na defesa imune do SNC.
O Neurônio é o responsável pela Condução do Impulso Nervoso. Possui a capacidade de Responder aos Estímulos do meio, como a luz, o calor e a pressão. Tal capacidade é conseguida através de alterações da diferença de Potencial Elétrico existente entre as superfícies interna e externa de Membrana Plasmática do Neurônio, se propagando ao longo da Célula e de seus prolongamentos.
A Base Morfológica para a classificação dos Neurônios é focada nos prolongamentos do Pericário, em relação ao:
I – Número; II – Comprimento; e III – Modo de Ramificação 
ESTRUTURAS DO NEURÔNIO
I – CORPO CELULAR
Estrutura nervosa formada pelo Núcleo do Neurônio, responsável pelo processamento das Informações dentro do Sistema Nervoso Central.
II – DENDRITOS
Terminações receptoras, os Dendritos são expansões ramificadas do corpo do Neurônio, especializadas em receber impulsos nervosos.
III - AXÔNIO
Parte terminal do neurônio, responsável pela transmissão do impulso nervoso, que trafegam por sua extensão e são passadas nos seus terminais. Suas principais estruturas são:
1 - Bainha de Mielina: nos Axônios de maior diâmetro, a Célula envoltória forma dobras múltiplas e em espiral em torno do Axônio. Ao conjunto dessas dobras múltiplas denomina-se Bainha de Mielina e as fibras são chamadas de Fibras Nervosas Mielínicas. Sua função é de proteger o Axônio.
2 - Nódulo de Ranvier: a não continuidade da Bainha de Mielina forma espaçamentos isentos de mielina, os Nódulos de Ranvier. Isto facilita um movimento mais ágil do Impulso Nervoso que vai ocorrendo em saltos, já que o Impulso Saltatório só acontece com a presença de Mielina.
3 - Células de Schwann: são Células da Neuroglia do Sistema Nervoso Periférico. Formam as Bainhas Isolantes de Mielina dos Axônios Periféricos. Enrola-se em torno do Axônio, formando a Bainha de Mielina (Isolante Térmico). Facilita a transmissão do Impulso Nervoso.
SINAPSE
O Neurônio constitui a unidade funcional do Sistema Nervoso. Sua principal função é a Sinapse Nervosa. Sinapse é a região localizada entre Neurônios, onde agem os Neurotransmissores(mediadores químicos), transmitindo o Impulso Nervoso de um Neurônio a outro, ou de um Neurônio para uma Célula Muscular ou Glandular. As Sinapses são junções entre a terminação de um Neurônio e a Membrana de outro Neurônio. São elas que fazem a conexão entre Células vizinhas, dando continuidade à propagação do Impulso Nervoso por toda a Rede Neuronal. Os Neurônios fazem a comunicação entre os órgãos do corpo e o meio externo, isso acontece através de Sinais Elétricos. 
Os Impulsos Elétricos percorrem toda a extensão do Neurônio, indo do Corpo Celular aos Axônios, mas não podem passar de um Neurônio a outro. O espaço entre as Membranas das Células é chamado Fenda Sináptica. A Membrana do Axônio que gera o sinal e libera as vesículas na fenda é chamada Pré-sináptica, enquanto que a membrana que recebe o estímulo através dos neurotransmissores é chamada Pós-sináptica. Geralmente as Sinapses ocorrem:
a) Entre o Axônio de um Neurônio e o dendrito do Neurônio seguinte;
b) Do Axônio diretamente para o Corpo Celular; ou
c) Entre do Axônio do Neurônio para uma Célula Muscular.
Tipos de Sinapses: existem dois tipos de Sinapses:
 
1 – Sinapse Química; e
2 – Sinapse Elétrica. 
As Sinapses Químicas são as mais comuns nos seres humanos e outros mamíferos. 
As Sinapses Elétricas são mais comuns em organismos invertebrados, nos humanos geralmente não ocorrem em Neurônios, apenas nas Células Gliais ou Musculares.
Sinapses Químicas
Essas sinapses iniciam no terminal do axônio (uma região pouco mais alargada formando um botão) da Célula Pré-sináptica. As vesículas contendo Neurotransmissores são liberadas na Fenda Sináptica e reconhecidas por Receptores Químicos (Proteínas específicas) na Membrana da Célula Pós-sináptica. A seguir se fundem com a membrana e liberam o seu conteúdo. A ligação química entre o Neurotransmissor e o Receptor do Neurônio seguinte gera mudanças que irão fazer com que o Sinal Elétrico seja transmitido. 
Tipos de Sinapse Química.
As Sinapses Químicas podem ser, de acordo com o tipo de sinal que conduzem:
1 – Excitatórias: se o sinal produzido na membrana Pós-sináptica for a Despolarização, iniciando o Potencial de Ação.
2 – Inibitórias: se o sinal produzido na membrana Pós-sináptica for de Hiperpolarização, a ação resultante será inibitória do potencial de ação, portanto nesse caso há uma Sinapse Inibitória.
Sinapses Elétricas
Nessas Sinapses não há participação de Neurotransmissores, o Sinal Elétrico é conduzido diretamente de uma Célula a outra através de Junções Comunicantes (Gap junctions). Essas Junções são canais que conduzem íons, obtendo respostas quase imediatas, isso quer dizer que o Potencial de Ação é gerado diretamente.
NERVOS 
 
Nervos são estruturas conectoras entre o Sistema Nervoso Central e o Periférico. Aqueles ligados ao Encéfalo são denominados Nervos Cranianos, enquanto os ligados à Medula Espinhal são os Nervos Espinhais ou Raquidianos. Mamíferos, aves e répteis possuem doze pares de Nervos Cranianos:
 
- Responsáveis pela inervação dos Órgãos dos sentidos, dos Músculos, das Glândulas da Cabeça, e também de alguns Órgãos internos. 
Nervos Espinhais e Raquidianos
Os Nervos Espinais dispõe-se em partes ao longo da Medula, um par por vértebra. Cada Nervo do par liga-se lateralmente à Medula por meio de duas “Raízes”, uma localizada em posição mais Dorsal e outra, em posição mais Ventral. 
Nervo Espinhal
 
- A Raiz Dorsal é formada por Fibras Sensitivas; e 
- A Raiz Ventral, por Fibras Motoras. 
Se a Raiz Dorsal (Sensitiva) de um Nervo Espinal for lesada a parte inervada por ele:
A) Perderá a Sensibilidade;
B) Não sofrerá, no entanto, Paralisia Muscular.
Se houver lesão na Raiz Ventral (Motora):
A) Ocorrerá Paralisia dos Músculos inervados;
B) Não havendo perda, porém, das sensações de pressão, temperatura, dor etc.
Gânglios Espinhais
Na Raiz Dorsal de cada Nervo Espinal há um Gânglio (Gânglio Espinhal), onde se localizam os Corpos Celulares dos Neurônios Sensitivos. Já os Corpos Celulares dos Neurônios Motores localizam-se dentro da Medula, na Substância Cinzenta.
MENINGES.
O Sistema Nervoso Central é constituído pelo Encéfalo e pela Medula Espinhal, ambos envolvidos e protegidos por três membranas protetoras, denominadas:
 
I - Dura-máter - (Paquimeninge / Grossa)
Meninge mais externa. É formada de Tecido Conjuntivo Denso. É constituída por duas porções, uma mais externa que está em contato com os Ossos e uma mais interna. Ao contrário das outras meninges, ela é ricamente inervada. Como o Encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na Dura-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça. A Dura-máter está intimamente aderida à Tabua Óssea, comportando-se como um Periósteo inativo, visto que não possui atividade Osteogênica.
Seios da Dura-máter: são canais venosos localizados entre os folhetos da Dura-máter cuja função é drenar o sangue venoso vindo das veias do Encéfalo e do Bulbo Ocular e enviá-lo para as veias jugulares internas, retirando-o da cavidade craniana. Existem vários Seios espalhados ao longo da Dura-máter: Seio Transverso, Seio Sigmoide,  Seio Cavernoso.
II - Aracnoide: ((Leptomeninge / Mole) 
É uma membrana serosa e está em posição mediana, entre a Dura-máter e a Pia-máter. Ela recebe esse nome em razão de sua estrutura assemelhar-se a uma teia de aranha. Entre a Aracnoide e a Pia-máter existe um líquido, conhecido como:Líquido Cefalorraquidiano (LCR); ou Fluido Cérebro Espinal.Ou ainda, simplesmente: Liquor 
Ela está justaposta à Dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual: o Espaço Subdural. Ele contém uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas.
A Aracnóide separa-se da Pia-máter pelo Espaço Subaracnóideo que contém Líquor. Há grande comunicação entre os espaços Subaracnóideos do Encéfalo e da Medula que consiste em uma fina Membrana Trabeculada próxima a Dura-máter, separada desta por um espaço virtual conhecido como Subdural. Suas Trabéculas se ligam à Pia-máter formando com ela o Espaço Subaracnóideo. O Espaço Subaracnóideo é a região que abriga o Líquor, ele está presente no Encéfalo e na Medula Espinal, sendo uma via direta de comunicação entre a Medula e o Encéfalo.
Cisternas Subaracnóideas: são espaços (ou Cisternas) maiores que o Espaço Subaracnóideo formados entre a Pia-máter e a Aracnóide cujo acúmulo de Líquor é maior que em outras regiões. 
A Aracnóide justapõe-se à Dura-máter e ambas acompanham apenas grosseiramente o Encéfalo e a sua superfície. A Pia-máter adere intimamente a esta superfície que acompanha seus Giros, Sulcos e Depressões.
III - Pia-máter: (Leptomeninge / Mole) 
É uma membrana vascularizada localizada mais internamente. Ela está em contato direto com o Sistema Nervoso Central, sendo que a porção da medula é mais espessa e menos vascularizada quando comparada com a que reveste a região do Cérebro. Ela acompanha as ondulações do Cérebro, aprofundando-se nessas regiões. É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do Encéfalo e da Medula, cujos relevos e depressões acompanham até o fundo dos Sulcos Cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos Astrócitos do Tecido Nervoso, constituindo assim a Membrana Pio-glial. A Pia-máter dá resistência aos Órgãos Nervosos, pois o Tecido Nervoso é de consistência muito mole.
MAURICIO ALVES
Biólogo/Professor

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