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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS ADRYLLIAN ROBERTA SILVA CORDEIRO DE ARAÚJO A Reinvenção do Profissional do Setor de Eventos Diante da Pandemia (Covid-19) JOÃO PESSOA 2020 ADRYLLIAN ROBERTA SILVA CORDEIRO DE ARAÚJO A Reinvenção do Profissional do Setor de Eventos Diante da Pandemia (Covid-19) Artigo científico apresentado ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Relações Públicas. Orientadora Profª. Drª. Caroline Delevati Colpo JOÃO PESSOA 2020 A663r Araújo, Adryllian Roberta Silva Cordeiro de. A reinvenção do profissional do setor de eventos diante da pandemia (Covid-19) / Adryllian Roberta Silva Cordeiro de Araújo. - João Pessoa, 2020. 29 f. : il. Orientação: Caroline Delevati Colpo. TCC (Graduação) - UFPB/CCTA. 1. Relações Públicas - TCC. 2. Eventos - Profissional. 3. Eventos – Pandemia(Covid-19). 4. Profissional de eventos - João Pessoa, PB. I. Colpo, Caroline Delevati. II. Título. UFPB/CCTA CDU 659.4 (043.2) Catalogação na publicação Seção de Catalogação e Classificação ADRYLLIAN ROBERTA SILVA CORDEIRO DE ARAÚJO A Reinvenção do Profissional do Setor de Eventos Diante da Pandemia (Covid-19) Artigo científico apresentado ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes, da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharela em Relações Públicas. RESULTADO: APROVADA NOTA: 9,2 João Pessoa, 02 de dezembro de 2020. BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. Caroline Delevati Colpo Orientadora Universidade Federal da Paraíba Profª. Drª. Maria Lívia Pachêco de Oliveira Examinadora Profª. Drª. Lídia Raquel Herculano Maia Examinadora Universidade Federal da Paraíba AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que me concedeu a vida, a saúde e a permissão para seguir firme nessa jornada iniciada em 2016.2. Em meio ao cansaço diário, conciliado ao trabalho, o Senhor sempre foi minha fortaleza, não me desemparando em momentos de aflição, sendo meu guia, minha luz, meu mestre. Ao senhor Deus, minha eterna gratidão por mais uma conquista alcançada em meio a um ano pandêmico, que muitos enxergaram como “perdido”. A minha mãe Risoleide Marcelino, que sempre esteve ao meu lado, me incentivando e apoiando em cada escolha feita. A minha orientadora, Caroline Colpo, por toda paciência, cuidado, tempo disponibilizado, todas as orientações que desde o início foram de total dedicação. Pelo aprendizado trocado dentro e fora da sala de aula. Muito obrigada por todo apoio e incentivo. Ao meu irmão Anderson Marcelino, no acompanhamento gramatical, no apoio e por sempre acreditar na minha capacidade de superação. A minha amiga Thaynara Goulart, que me acompanha desde o início dessa jornada chamada Graduação na UFPB (só a gente sabe dos perrengues vividos, rsrsrs), sempre acompanhada das mais sinceras palavras, cheias de fé, força e perseverança de acreditar que eu era capaz de chegar ao final de mais um ciclo na minha vida. Obrigada por tantas mensagens trocadas, ideias, risadas, por todo incentivo e orientação e, acima de tudo, por sua amizade. SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 9 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 17 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 18 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 22 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 25 6 RESUMO A pandemia da Covid-19 trouxe consigo diversos impactos negativos que atingiu inúmeras áreas do mercado de trabalho. O setor de eventos foi um dos mais prejudicados. Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é compreender a reconstrução das novas formas de trabalho dos profissionais do setor de eventos a partir da realidade imposta pela Covid-19. Para a realização desse artigo, foi utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, com abordagem qualitativa. O estudo também utilizou como coleta de dados, entrevistas semiestruturadas, aplicadas com profissionais do setor de eventos de João Pessoa. Assim, infere-se que, apesar dos impactos, os profissionais do setor de eventos buscaram se reinventar e investiram em seus serviços, cada um de forma específica, de acordo com seus segmentos, porém de forma virtual. Palavras-chave: Pandemia. Covid-19. Reinvenção. Profissional de Eventos. Eventos. ABSTRACT The Covid-19 pandemic brought with itself several negative impacts that affected many areas of the labor market. The events sector was one of the most affected. Thereupon, the general objective of this paper is to understand the reconstruction of the new ways of working for professionals of the events sector based on the reality imposed by Covid-19. For the realization of this paper, an exploratory bibliographic research technique was used, with a qualitative approach. This paper also used semi-structured interviews as data collection, applied with professionals from the João Pessoa events sector. Thus, it appears that, despite the impacts, professionals in the events sector sought out to reinvent themselves and invested in their services, each in a specific way, according to their segments, but in a virtual way. Keywords: Pandemic. Covid-19. Reinvention. Event Professional. Events. 7 1 INTRODUÇÃO Atualmente o mundo vivencia uma pandemia causada pelo novo Coronavírus, a chamada Covid - 19, uma doença que tem trazido profundas mudanças, não só, na vida dos brasileiros, mas na população do mundo inteiro. Com isto, uma transformação se destaca na área econômica de todo o país no qual, vários setores precisam se adaptar à nova realidade. Foram estabelecidas regras, leis, e até mesmo decretos com os termos: distanciamento social, quarentena e fechamento do comércio, tudo como medida de proteção à saúde. Essa situação não vem apenas mudando o modo de viver da população, mas vem também, fazendo com que milhares de famílias que se sustentam com o seu trabalho empreendedor tenham que fechar suas portas ou se readaptarem para procurarem novos meios que possam estabelecer seus sustentos. Esse vírus chegou ao Brasil de uma maneira avassaladora, alarmando o país com suas graves consequências. Assim como o Brasil, nenhum lugar do mundo estava preparado para enfrentar tal situação. Essa reviravolta ocasionou a mudança de hábitos, comportamentos, condutas, ações e consumo em todo o mundo. Dessa forma, esse vírus acabou afetando setores do mercado de maneira catastrófica, entre eles, os setores de eventos, turismo, festas sociais, bares e restaurantes, dentre tantos outros. Diante deste cenário, este artigo pretende compreender a reconstrução das novas formas de trabalho dos profissionais do setor de eventos a partir da realidade imposta pela Covid-19. Como objetivos específicos, pretende-se identificar os desafios enfrentados por esses profissionais na nova rotina de trabalho,entender essa rotina e sua forma de organização diante da nova realidade e compreender quais ferramentas utilizadas para essa transformação. Para pensar na reconstrução do setor de eventos diante do cenário da pandemia, este artigo foi elaborado e desenvolvido através da pergunta/problema: “Como acontece a reconstrução das novas formas de trabalho dos profissionais do setor de eventos a partir da realidade imposta pela Covid-19?” Diante das inúmeras áreas de possibilidades do setor de eventos, este artigo abordará os diversos tipos de eventos sociais, tais como: casamentos, formaturas, eventos corporativos, festas de aniversários, comemorações, dentre outras ocasiões. Sendo assim, a delimitação 8 do tema deste artigo se dá pelo estudo de profissionais de evento da cidade de João Pessoa/PB que trabalham especificamente com eventos sociais. A escolha deste tema se dá pelo fato ocorrido no ano de 2020, por ocasião da manifestação da doença conhecida por Covid-19, em que vários setores da economia tiveram que fechar suas portas ou modificarem a forma de ofertar seus serviços. Também neste momento, a autora deste artigo está em fase de conclusão do curso de Bacharelado em Relações Públicas, o qual requer a elaboração de um artigo científico para conclusão do mesmo. Na oportunidade, através da disciplina Planejamento de Eventos, cursada pela autora no período de quarentena, foi possível a mesma realizar um evento no formato online, aberto ao público através de inscrições realizadas gratuitamente por meio da plataforma Even 3. O evento foi transmitido nas plataformas do YouTube e Google Meet. O mesmo, intitulado como "Proposta de Retomada do Setor de Eventos" contou com a participação de 13 palestrantes do setor de eventos e turismo da grande João Pessoa para debater sobre possíveis propostas de retomada dos setores. Ocorreu show de abertura com artista local e de encerramento com artista nacional. A sala contou com a participação de cerca de 70 pessoas presentes simultaneamente. Ao final do evento, os participantes puderam receber certificado de participação com carga horária total de 3h. Esse artigo trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, com abordagem qualitativa. Foi utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica, a partir da leitura de livros, e-books e produções oriundas de revistas científicas da área de eventos. O estudo também utilizou como coleta de dados, entrevistas semiestruturadas aplicadas com profissionais do setor de eventos sociais para se ter a obtenção de informações necessárias para a pesquisa. O artigo apresenta, além desta introdução, a fundamentação teórica que trabalha autores da área de eventos, associada a algumas experiências realizadas durante a pandemia, juntamente com pesquisas que trazem dados do setor. Em seguida apresentam-se os procedimentos metodológicos, que foram realizados para obter dados, que permitissem a parte seguinte do artigo, que se trata da análise dos resultados. Por fim, foi possível chegar as considerações que ao final do artigo serão exploradas. 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O SETOR DE EVENTOS NA PANDEMIA DA COVID-19 Certamente, o tema evento de que trata este artigo, não é exclusivamente da área de Relações Públicas. Porém, os profissionais da área utilizam-se dos eventos das mais variadas formas para atingir resultados profissionais. Para Cesca (1997; p.14), “evento é um acontecimento criado com a finalidade específica de alterar a história da relação organização-público, em face das necessidades observadas”. Já para Matias, (2001:2), “evento é componente do mix da comunicação que tem por objetivo minimizar esforços, fazendo uso da capacidade sinérgica da qual dispõe o poder expressivo no intuito de engajar pessoas numa ideia ou ação”. Por meio do evento, que consiste em um acontecimento, é possível atrair a atenção de um público para uma organização. A atração exercida por esse tipo de atividade, se bem organizada, torna-se, de certa forma, uma eficiente maneira de elevar, manter, ou até mesmo recuperar determinados conceitos sobre a organização. Para os profissionais de Relações Públicas, o evento consiste em executar o projeto de forma devidamente planejada, tendo em vista a necessidade de se realizar um trabalho com profissionalismo e competência, a fim de evitar divulgações negativas. Segundo Cleuza G. Gimenes Cesca (2008): “A atividade de “organizador de eventos” não se enquadra como prerrogativa de nenhuma profissão, porém, é necessário observar que esse tipo de profissional deve ter uma formação que facilite sua introdução neste posto tão importante para a vida das organizações”. Anteriormente à pandemia, era possível celebrar os eventos de forma presencial com números altos de participantes, o que fazia com que o público fosse alcançado e a organização ganhasse espaço no mercado, sem contar o retorno financeiro, que na maioria das vezes, conseguia atingir resultados positivos. Aglomeração de pessoas era algo que fazia parte dos mais variados tipos de eventos, do pequeno ao grande porte. O ano de 2020 surpreendeu a todos e muitas profissões tiveram que ser adaptadas, remanejadas ou interrompidas, mesmo que temporariamente. No campo de eventos não foi diferente. Foi preciso a reinvenção dos profissionais do setor para 10 que não houvesse uma paralização total. O isolamento social, por mais difícil que possa ser, serviu para agregar a busca por novos conhecimentos, a união do setor em busca de maior representatividade, diferentes práticas de trabalho, até à necessidade de exercitar a criatividade para inovar e sobreviver nesse novo período. Maria Cecília Giacaglia (2010) afirma que, para se trabalhar em eventos é necessário: “Conhecer e acompanhar o que mudou, o que está mudando e as novas tendências de consumo, essencial para que o profissional de eventos possa se adequar às novas exigências do setor. Esse é um exercício que deve ser realizado continuamente, já que as mudanças ocorrem em velocidade cada vez maior”. Entre cancelamentos, suspensões e adiamentos ocasionados pela pandemia, o setor de eventos no Brasil precisou se reinventar e um dos segmentos mais afetado foi o de feiras e congressos, por serem eventos panejados com muita antecedência. Fátima Facuri, presidente da Abeoc (Associação Brasileira de Empresas de Eventos - 2020) afirma que: “É necessário saber que os eventos presenciais não findarão, ao contrário, sempre continuarão a existir, porém o momento atual requer mudanças e mesmo que o cenário se normalize nos meses seguintes, ainda assim, não haverá espaço e tempo para todos os eventos acontecerem”. Os eventos sempre foram utilizados para diversos objetivos, sejam eles para aprendizagem, networking, fechar bons negócios, divulgar produtos, serviços, dentre outras possibilidades. Também são utilizados para momentos sociais, como celebração, comemoração e etc. Com isso, diante da realidade vivenciada por todos no contexto da pandemia da Covid-19, esses eventos precisaram se modificar de acordo com a atual situação. Para Martin e Lisboa (2020), a transformação está acontecendo de forma rápida e as empresas de eventos precisam estabelecer medidas para que possam acompanhar o momento atual. É a partir disso, que muitas empresas têm que decidir sobre qual tipo de evento desejam realizar. “A transformação digital dos eventos é uma realidade e vem acelerando nos últimos anos, principalmente com a demanda do próprio público, que está cada vez mais conectado e digital. Neste processo de transformação digital, a indústria inteira se vê diante de uma decisão que precisa ser tomada em relação ao formato dos 11 seus eventos. Devem ser eles: presenciais; híbridos ou virtuais?”. (MARTIN; LISBOA; 2020, p. 3). As dificuldades e desafios sãoinúmeros e os profissionais que trabalham nessa área precisam se adequar ao tempo e as modificações que se está vivendo. Mas, nesse momento de intensas mudanças, são várias incertezas e dificuldades, pois é preciso alinhar os objetivos dos eventos com as necessidades dos clientes e, em seguida, escolher plataformas tecnológicas que possam atender a estes objetivos. Para tal realidade vivenciada, necessita-se dar nomes aos tipos de eventos que podem ser realizados na atual situação. Como exemplo, é possível citar o evento híbrido, que se caracteriza de diferentes formas, podendo oferecer conteúdos de formas gravadas ou transmitidas ao vivo. Para Priscila Vieira (2020), são considerados “híbridos” os eventos que combinam componentes presenciais (físicos), com elementos online (virtuais). No híbrido e digital, o principal aspecto que move o participante online a estar ligado é a grande relevância do conteúdo, que precisa ser entregue de forma diferente do presencial. Segundo Martin e Lisboa (2020), os eventos virtuais são realizados de forma totalmente via web, no qual os participantes interagem de forma isolada e individual, em todas as pontas das conexões, a partir da tecnologia virtual, seja ela utilizando plataformas de reuniões elaboradas pelas grandes redes sociais, como Google, Facebook, Whatsapp, Meet, Zoom, dentre outras. Os eventos virtuais e híbridos são considerados como eventos digitais, portanto se qualificam como: Híbrido - Parte presencial e parte virtual. Seja com participantes à distância, seja com palestrantes à distância. Virtual - 100% das pessoas participam virtualmente via tecnologias digitais. (MARTIN; LISBOA, 2020, p. 8). Para Felipe Maia (2020), as vantagens para a utilização de eventos digitais, tanto o virtual quanto o híbrido, são inúmeras, a começar pelo maior alcance de público, limitado por distâncias geográficas. Ou seja, é possível alcançar pessoas que não podem estar presentes fisicamente, mas podem participar à distância. Com relação ao custo benefício, é possível uma redução nos custos dos eventos, tais como: transporte, alimentação e hospedagem de participantes. Além de demandar 12 de um menor espaço físico, como também de mão de obra atuante, os quais permitem trabalhar com menos profissionais. Ressalta-se também a possibilidade do conteúdo ser acessado após a conclusão da transmissão. É possível disponibilizar este material de maneira gratuita ou até mesmo vender o acesso a ele. Por meio da transmissão na plataforma do Youtube, um evento realizado pela PanRotas Editora em formato híbrido, aborda o tema sobre o futuro dos eventos. A Consultora e Palestrante Roberta Nonis, CEO e Fundadora da empresa Evento Único, ressalta que muitas empresas já cogitam a possibilidade de se manter digital na realização de seus eventos, tendo em vista que se torna fundamental o aprimoramento das tecnologias que cada vez mais estão sendo opções com grande êxito. A sustentabilidade também entra como uma tendência dos eventos digitais, uma vez que profissionais do setor, não só de eventos, como também de turismo, restaurantes, gastronomia dentre outros, adotam medidas que diminuem o impacto negativo no meio ambiente. Com isso, é possível considerar a oferta de materiais reutilizáveis ou biodegradáveis, obtendo assim economia financeira no quesito de gastos, utilização de papel, material de trabalho, portfólios e muitos outros materiais, de forma a propiciar eventos mais sustentáveis. (Revista live marketing, 2020). Entretanto, vale ressaltar também, o impacto econômico negativo no setor de eventos, que propicia uma queda financeira considerável devido aos diversos cancelamentos e/ou adiamentos de eventos de grande porte nas cidades. Publicado no site Imprensa Nacional do Governo Federal, Diário Oficial da União em 25 de agosto de 2020, o então Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro, sancionou a Lei Nº 14.046, de 24 de agosto de 2020, que dispõe sobre o adiamento e o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e de cultura em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia da Covid-19. Na hipótese de adiamento e/ou cancelamento dos serviços de reservas e de eventos, incluindo shows e espetáculos, fica assim o prestador de serviços e/ou a sociedade empresária, desobrigados a reembolsar os valores pagos pelo consumidor, desde que assegurem a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados ou a disponibilização de crédito para uso ou abatimento na compra de outros serviços, reservas e eventos disponíveis nas respectivas empresas. 13 Segundo dados da APAGE (Associação Paraibana dos Promotores e Profissionais de Grandes Eventos - 2020), no estado da Paraíba, em especifico na capital João Pessoa, as atividades foram interrompidas e a economia do setor reduzida a zero, com mais de duzentos dias de inatividade. As consequências da pandemia foram devastadoras para o ramo, no qual todo o planejamento anual precisou ser revisto. O cancelamento ou adiamento dos eventos interferiu em uma cadeia de, ao menos, 52 segmentos econômicos, o que impactou vidas e a economia da cidade. Estima-se que mais de 15 mil profissionais ainda encontram-se sem trabalhar, desde grandes produtores e artistas, até colaboradores no geral, como motorista, garçom, porteiros e vendedores. É fato que o setor de eventos foi um dos fortemente afetados pela pandemia da Covid-19, como também, possivelmente, será o último a voltar de forma plena às suas atividades. Mesmo ocorrendo a possibilidade de realizar eventos de forma digital, o segmento em si, não consegue ter todo o giro financeiro necessário. OS IMPACTOS NO SETOR DE EVENTOS Um estudo realizado pela Eventbrite, plataforma global de venda de ingressos e tecnologia para eventos, em parceria com a agência Mantis Research, durante o mês de outubro de 2019, apontou que 78% dos organizadores de eventos brasileiros pretendiam fazer mais eventos em 2020, como também aumentar suas equipes em 66% para atender a demanda. Mundialmente, o Brasil liderava as expectativas na área, à frente do Reino Unido, que pretendia aumentar em 58% e Alemanha com 56%. No Brasil, o setor de negócios em eventos consegue movimentar cerca de R$ 936 bilhões por ano, o que corresponde a 12,93% do PIB brasileiro. O setor gera uma média de 25 milhões de empregos no país, ou seja, um em cada quatro brasileiros trabalha de alguma forma com eventos. Havia uma estimativa para 2020, que o setor de eventos teria um crescimento de 6,5% no faturamento, assim como o segmento aumentasse a oferta de empregos em 4,4%, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas e Eventos – ABEOC obtidos no mês de novembro/2019, período anterior ao início da pandemia da Covid-19. De acordo com uma pesquisa realizada em abril de 2020 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas – SEBRAE, os dados 14 demonstram alguns dos impactos sofridos pelas empresas de eventos no Brasil. A pesquisa foi realizada em todo território nacional, com um total de 2.702 pessoas respondentes. Nessa pesquisa, foi possível obter a quantidade de pessoas participantes por sexo, ramo de atuação das empresas, variação de faturamento das empresas entre março/2019 e março/2020, perspectiva de faturamento das empresas no mês de abril/2019 e abril/2020 e qual a maior preocupação em manter os negócios funcionando durante a pandemia da Covid-19. Figura 1: Sexo dos participantes Fonte: SEBRAE, 2020. Foi possível perceber um equilíbrio na participação dos respondentes no que tange o empreendedorismo feminino, que alcançou 47% de participação napesquisa. Figura 2: Ramo de atuação da empresa Fonte: SEBRAE, 2020. Profissionais dos mais diversos segmentos da área de eventos tiveram acesso à pesquisa, porém percebeu-se que mais de 40% dos respondentes são do segmento de serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas. 15 Figura 3: Variação de faturamento das empresas: Março/2019 x Março/2020 Fonte: SEBRAE, 2020. Os dados mostram que houve uma considerável variação no que diz respeito ao faturamento das empresas do setor de eventos no mês de março/2019, em comparação ao mesmo mês de 2020, o que levou a uma queda de mais de 30% no faturamento e pode ser considerado um fator relevante. Figura 4: Perspectiva de faturamento das empresas: Abril/2019 x Abril/2020 Fonte: SEBRAE, 2020. A pesquisa também apontou que as empresas tinham uma perspectiva de faturamento para 2020. Porém, um comparativo do mês de abril/2019 e abril/2020 considerou a redução de 76 a 100% do faturamento, ou seja, das empresas respondentes, o percentual chegou a mais de 60%. Figura 5: Maior preocupação em manter o negócio durante a pandemia 16 Fonte: SEBRAE, 2020. Uma das maiores dificuldades que as empresas demonstraram ter para manter o funcionamento durante a pandemia da Covid-19, foi adequar o tipo de modelo de negócio da empresa à situação atual, com 47% dos respondentes, seguido por manter os clientes atuais com quase 43%. Este dado demonstra a grande necessidade e dificuldade de readaptação dos profissionais de eventos. Com essas informações, percebe-se que muitos profissionais de eventos precisaram redefinir como seria realizado seu trabalho, a partir do que os mesmos tinham disponíveis, tal como a internet e outros meios de reinvenção para permanecerem ativos nessa nova realidade. Quando indagados sobre eventos cancelados, foi obtida uma média de 7% a 12% dos eventos cancelados. Já sobre como a empresa se organizou com relação aos eventos cancelados, foi respondido que 16% não haviam recebido a antecipação do pagamento do serviço solicitado, o que levou ao cancelamento automático, 35% negociou o crédito para utilização futura e 34% teve que devolver os recursos e dinheiros investidos anteriormente. Diante dos dados estatísticos apresentados neste artigo, referente aos impactos que o setor de eventos sofreu em decorrência da pandemia da Covid-19, se faz necessária a compreensão da reinvenção do profissional de eventos. Com vistas à realidade que acomete a todos, é possível acreditar numa retomada parcial e um tanto quanto segura para o ano de 2021, tendo em vista a necessidade do desenvolvimento do setor e a recuperação da economia. Porém, para que isso possa de fato ocorrer, é necessário que haja segurança, acima de tudo, de ambas as partes, tanto das empresas em realizar uma retomada confiante para o seu público, quanto do mesmo (público) em se locomover para um evento de porte totalmente presencial pós-pandemia. 17 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este artigo, de caráter exploratório, utiliza uma abordagem de natureza qualitativa, que diz respeito às tendências observáveis e análise da temática estudada. Para Gil (2002, p.133): A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório. O trabalho utilizou a técnica de pesquisa bibliográfica a partir da leitura de livros, e-books e produções oriundas de revistas científicas da área de eventos. Esta dimensão teórica é imprescindível, pois através da teoria, é possível conhecer o fenômeno que dará muito mais confiança para quem desenvolve o trabalho, como também, para quem assiste a uma determinada apresentação. Foi utilizada também, a técnica de entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados para obter as informações necessárias para a pesquisa. A entrevista semiestruturada é uma forma menos rígida de obtenção de dados, podendo a qualquer momento modificar a formulação das perguntas de acordo com as respostas do entrevistado ou até mesmo voltar ao ponto do objetivo, se o entrevistado desviar o foco da entrevista. A entrevista foi aplicada a três profissionais da área de eventos sociais de João Pessoa, com formação em Relações Públicas, que desempenham atividades nos segmentos de cerimonial, protocolo e assessoria, sejam em festas de aniversários, casamentos, formaturas, eventos corporativos e festivos. A entrevista foi aplicada com os respectivos entrevistados nas datas de 27 de setembro, 07 e 26 de outubro, através da plataforma de reunião do Google Meet, que se caracteriza de forma face a face. Foram realizadas perguntas correlacionadas com os objetivos específicos trabalhados neste artigo, sendo elas: Diante da nova realidade que nos acomete, por meio da Pandemia da Covid- 19 neste corrente ano, você como profissional de eventos, quais desafios enfrentou e ainda enfrenta nessa nova rotina de trabalho? 18 Tendo em vista que no setor de eventos não há previsão de retorno para esse ano, como você está organizando essa rotina diante da nova realidade? Mesmo com limitações, quais métodos e ferramentas você utilizou para se manter atuante no mercado de trabalho? 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS De acordo com as entrevistas realizadas, foi possível identificar como os profissionais da área de eventos têm lidado com o “novo normal” nesse período de pandemia. Analisou-se como estes profissionais se reinventaram para se manterem atuantes no mercado de trabalho, visto que a maioria dos eventos foram cancelados e/ou adiados e isso causou um grande impacto em toda cadeia. Foram entrevistados três profissionais com formação acadêmica em Relações Públicas e atuantes no mercado paraibano. Os mesmos são da área de eventos há cerca de 10 anos, nos respectivos segmentos: cerimonial e protocolo, empreendedorismo de eventos e assessoria de comunicação e eventos. De acordo com informações do site G1 Paraíba em 6 de novembro do corrente ano, é possível destacar que a cidade de João Pessoa no estado da Paraíba é palco de grandes eventos sociais. No entanto, com a pandemia, os eventos foram cancelados e/ou adiados, a fim de cumprir com os novos protocolos impostos pelo governo estadual que perdurou por mais de seis meses. No entanto, um novo decreto publicado em 5 de novembro de 2020 pelo Semanário Oficial da cidade, liberou a abertura de locais como auditórios, teatros e espaços abertos e semiabertos. O decreto aponta regras que devem ser respeitadas pelos realizadores dos eventos, como também a ocupação de 50% da capacidade do local e limitada a 400 pessoas a depender do porte do evento. Neste sentido, quando questionados sobre a nova realidade que acomete o mercado, por meio da Pandemia da Covid-19 neste corrente ano, os profissionais de eventos responderam que enfrentaram e ainda enfrentam diversos desafios nessa nova rotina de trabalho. O entrevistado 1 que trabalha com empreendedorismo e assessoria de eventos afirmou que “é preciso saber como se portar no virtual através da comunicação visual, tendo em vista que é tudo novo, o que mostra uma 19 nova realidade, pois os conhecimentos adquiridoscom a prática, se tornaram obsoletos nesse período de pandemia”. É possível verificar que o uso da internet se tornou ainda mais importante não só para a realização de eventos, como também para a transmissão deles. O virtual se mostrou forte nesse momento pandêmico. 1 O entrevistado 2 que trabalha com a área de cerimonial e protocolo, alegou ter ficado totalmente parado com seus eventos, porém buscou oferecer outros serviços de forma digital para os seus clientes, tais como a oferta de quadros chalkboard. Já o entrevistado 3 que trabalha com a área de assessoria e cerimonial afirma que “o maior desafio que, inicialmente, enfrentei foi administrar o medo e a insegurança dos clientes quanto à realização dos eventos, tendo em vista que a minha função foi conseguir remarcar e manter o entusiasmo dos mesmos”. “São novas técnicas, novas abordagens, um grande desafio. O mestre de cerimônias é o cartão de visita do evento. Hoje não temos mais auxiliar no palco para ajudar, tudo fica restrito a uma única pessoa para mediar o evento como um todo, respeitando todas as novas normas e protocolos. O maior desafio se volta para fazer o certo, sabendo o que é certo e não simplesmente por achismo pelo que os órgãos competentes estão orientando. É questão de consciência”. (Entrevistado 1). Dessa forma, observa-se que essa pandemia veio como um divisor de águas para quem de fato é profissional e para quem trabalha no setor de eventos apenas como sustento. São muitos detalhes que estão em jogo e que precisam ser observados para se manter a qualidade do evento e do serviço que está sendo prestado. O custo tem sido alto, resultando em perdas financeiras, dificuldades econômicas e difíceis decisões de negócios na tentativa de se manter atuante. De acordo com Maia et al (2019, p. 45): “As empresas business-to-business (B2B) estão se adaptando com muito esforço a este novo cenário. A internet e canais de comunicação eram vistos como meios informativos com os clientes, sobretudo pelo fato de as compras nesse mercado serem muitas vezes individualizadas e as negociações serem específicas para cada comprador e fornecedor business-to-consumer (B2C)”. 1 Ressalva-se que, por questões éticas, o nome dos profissionais citados neste artigo não serão divulgados. 20 Assim, esta reflexão terá um papel importante na recuperação econômica, especialmente por haver uma necessidade urgente para os profissionais de eventos que é priorizar a segurança de todas as partes envolvidas e cumprir com os novos protocolos de retomada. Com isso, estima-se ao menos uma redução nas perdas e custos. A segunda pergunta aborda a não previsão de retorno das atividades para o setor de eventos este ano e questiona como os profissionais estão organizando essa rotina diante da nova realidade. O entrevistado 1 informou que aproveitou e ainda está aproveitando esse tempo para estudar e se qualificar ainda mais, tendo e vista que a área de atuação do mesmo (mestre de cerimônias), se manteve totalmente parada. Já o entrevistado 2 afirmou que, tratando-se de eventos que já estavam marcados, como forma de não ser necessário a devolução do pagamento, a data para a realização do evento ficou a critério dos clientes com agenda aberta para o período que os mesmos tivessem interesse. O entrevistado 3 esclareceu que a parte de eventos sociais e festas de pequeno porte já retomaram as atividades, todos de acordo com as novas regras e protocolos. “Reduzi o número de reuniões no escritório para ocorrer no mesmo dia, porém com intervalo entre elas para limpeza e higienização do ambiente. Além do uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento durante as reuniões. Os eventos estão com número de convidados reduzidos, novas formas de serviço de buffet, uso de álcool em gel e máscara por profissionais e convidados”. (Entrevistado 3). As atividades diretamente relacionadas à organização de eventos de grande porte estão enfrentando tempos difíceis. No entanto, mesmo com limitações, os profissionais da área utilizaram novos métodos e ferramentas para se manterem atuantes no mercado de trabalho. Neste sentido, impulsionados pelo distanciamento social e temporariamente longe da conexão humana, os profissionais de eventos precisaram repensar seus eventos presenciais para o híbrido e digital. Em curto prazo, o online tornou-se a maneira mais procurada para a realização dos mais variados tipos de eventos. Tudo para manter o relacionamento com seu público. Conforme afirmam Kotler e Keller (2006, p. 585) “Daí que surge a necessidade de um conceito auxiliar que ajude a estruturar o híbrido que muitas vezes não é descrito de forma clara na literatura específica”. Segundo esse conceito, “ao se tornar parte de um momento especial e mais relevante na vida pessoal dos 21 consumidores, os eventos podem ampliar e aprofundar o relacionamento da empresa com o mercado-alvo”. Quando questionados sobre quais métodos e ferramentas estão utilizando para se manterem atuantes no mercado de trabalho, para o entrevistado 1, a ferramenta do Instagram foi um grande aliado nesse período, o qual utilizou para a interação através de vídeos, lives, mensagens e informações para ajudar as pessoas do setor de eventos que não tinham a mesma condição financeira de custear cursos que, de certa forma, são caros. “Busquei interação nas lives que participei, inclusive com pessoas de outros estados, outras regiões pra que soubessem que eu estou aqui, principalmente por ainda existir certo preconceito com mestre de cerimonias do sexo feminino e da região Nordeste. Filei-me ao Comitê Nacional de Cerimonial Público, mesmo sendo um custo alto diante da atual situação econômica, enxerguei como um investimento”. (Entrevistado 1). Já o entrevistado 2 ofereceu os serviços de artes digitais através da criação de quadros chalkboard, com intuito de eternizar momentos de maneira estática através de presentes personalizados para aniversários, noivados, casamentos, batizados, nascimentos, dentre outros. Nesse caso, as redes sociais também foram usadas para divulgação, não só da assessoria em cerimonial, como também das artes digitais. O entrevistado 3 informou que “sem dúvida a internet e mais especificamente o Instagram foi a ferramenta que mais utilizei e que me deu retorno durante esse período”. “Foi o grande diferencial nesse período para intensificação da divulgação. Com isso, tenho adquirido novos prospects e aumentado meu networking” (Entrevistado 2). Desta forma, é possível avaliar que os eventos utilizam cada vez mais tecnologia para valorizar seus momentos. Nesse período, a internet permitiu o acompanhamento dos eventos de forma remota, como também a oferta de serviços e venda de produtos por meio do virtual. Foi possível usar as redes sociais para interação, compartilhamento e aproximação com seus públicos. Shows foram transformados em lives, escolas e faculdades em salas de aula on-line, buffet em casa, festas de casamentos em casamento a dois (elopment wedding), chárreata, kit festa, entre outros. O novo normal trouxe novas modalidades de eventos que, para o 22 momento atual são paliativos, porém não se descarta a possibilidade de se transformarem em formas reais de se realizar/celebrar eventos, de maneira a satisfazer um público específico, que eventualmente optariam por não comemorar com aglomerações. Com isso, é possível destacar que, mesmo com as mais diversas formas de realização de eventos nesse período conhecido como quarentena, ainda existem incertezas. Mesmo sendo classificados de acordo com cada tipo e/ou modalidade, o formato híbrido, por exemplo, é uma aposta que pode ser levada em consideração de forma permanente, tendo em vista que o retorno ainda está acontecendo. Para AdrianaYanes (2014), os eventos híbridos que surgiu com o avanço da tecnologia, são considerados uma forte tendência e poderão se tornar cada vez mais populares. O retorno ao “normal” será de forma gradual, levando-se em consideração que algumas áreas do setor de eventos e entretenimento ainda não conseguiram retomar suas atividades de forma total. E isto só vai acontecer com segurança e também com base nas avaliações dos dados da Pandemia. Assim, tem-se a necessidade de se manter os novos formatos de eventos enquanto a situação não estiver totalmente controlada. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pandemia da Covid-19 atingiu mundialmente todos os setores e uma das áreas mais afetada foi o setor de eventos. Por esse motivo, este setor foi um dos que mais sofreu duramente essa crise, em que contabilizou a quebra de inúmeras empresas e profissionais, que de uma hora para outra, perderam seus empregos e/ou paralisaram suas atuações. Entretanto, os eventos já provaram que são atividades fundamentais para a sociedade e a economia, principalmente no que tange à geração de empregos e oportunidades de negócios, além das possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Os eventos são experiências vivas e marcantes, que permitem envolver o público oferecendo sensações nunca vividas, o que torna o evento memorável e permite a possibilidade de lembranças positivas de uma marca, um produto ou um acontecimento. Na oportunidade, através da disciplina Planejamento de Eventos, cursada pela autora no período de quarentena, foi possível que a mesma realizasse um 23 evento no formato online, aberto ao público. O evento foi transmitido nas plataformas do YouTube e Google Meet. O mesmo, intitulado como "Proposta de Retomada do Setor de Eventos" contou com a participação de 13 palestrantes do setor de eventos e turismo da grande João Pessoa para debater sobre possíveis propostas de retomada dos setores. Foi possível a apresentação de shows de artistas local e nacional para um público de aproximadamente 70 pessoas presentes simultaneamente. Neste artigo, foi trabalhada a problemática baseada na reconstrução das novas formas de trabalho dos profissionais do setor de eventos a partir da realidade imposta pela Covid-19. No decorrer do estudo, foi possível identificar que tais profissionais conseguiram de maneira positiva se reinventarem diante do novo normal. Por meio da inovação, criatividade e principalmente do profissionalismo conseguiram se manter atuantes no mercado, mesmo diante dos obstáculos com novas regras e protocolos. A necessidade de atender ao público fez com que o setor de eventos se adaptasse aos novos protocolos sanitários, por meio do respeito à quantidade limite de público em cada local, como também na compreensão da nova dinâmica dos relacionamentos e contatos físicos. Com relação aos objetivos específicos, foi delimitada a identificação dos desafios enfrentados por esses profissionais na nova rotina de trabalho, onde os entrevistados puderam explanar suas dificuldades e limitações, como também suas readaptações. Foi possível também abordar a nova rotina de trabalho e a forma de organização diante da nova realidade, dos quais todos os entrevistados conseguiram de maneira positiva se enquadrar no novo cotidiano. Ao se tratar das ferramentas utilizadas para essa transformação, os profissionais entrevistados não hesitaram em informar o uso das redes sociais e suas tecnologias para se manterem notados no mercado de trabalho, afinal, quem não é visto, não é lembrado. Diante de tudo que foi pesquisado e abordado no decorrer deste artigo, pode- se inferir que os eventos não deveriam parar, como muitos de fato não pararam, a exemplo dos eventos de pequeno porte. Muitas soluções inovadoras surgiram nestes últimos meses, o que tornou possível a realização de eventos em outros formatos, como online, híbridos, drive-ins. Grandes shows que eram inacessíveis para muitos, foram exibidos gratuitamente para todos com acesso à internet. Cursos presenciais que antes tinham números limitados de vagas e alto custo de investimento foram disponibilizados virtualmente, ao vivo ou gravado, com baixo 24 custo ou até mesmo de forma gratuita. Para os menos reservados, que gostam de animação, seja para um aniversário, chá bar, chá revelação, chá de bebê, ou qualquer outro tipo de celebração, foi criado a carreata ou o drive thru. Esses e outros formatos de eventos que foram criados ou evidenciados durante a pandemia, são algumas das formas encontradas para que as pessoas continuassem a celebrar a vida e, para os profissionais do meio, uma forma de sobrevivência durante esse período. Com isso, conclui-se com a seguinte indagação: Afinal, os eventos foram mesmo totalmente paralisados? Uma classe em que existe um grande número de profissionais, que nem sempre são devidamente reconhecidos ou regulamentados, não teve problemas quando o assunto foi criatividade. Conseguiram vencer os obstáculos com inovação e profissionalismo. Contudo, acredita-se que muito em breve será possível o retorno dos eventos com toda bagagem adquirida nesse período. 25 REFERÊNCIAS DESLANDES, S.F. NETO, O.C. 2002. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 21º edição, ed. Vozes, Petrópolis, RJ. GIL, Antônio Carlos. 2002. Como Elaborar Projeto de Pesquisa. 4º edição, ed. Atlas S.A. São Paulo, SP. GIACAGLIA, Maria Cecilia. 2010. 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João Pessoa, 02 de dezembro de 2020. _____________________________________ Dra. Caroline Delevati Colpo Siape: 1533170 Professora Orientadora
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