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Ad1 avaliada literatura 2016.2

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Nome: Valéria Demartini Ravani NOTA 9,5 
Matricula: 14116080308 
Polo: Bom Jesus do Itabapoana 
Email: valeriademartinir23@hotmail.com 
Cidade em que reside: Conceição de Muqui- Mimoso do Sul- ES 
 
Ad1 de Literatura na Formação do Leitor 
Questão 1 2 PONTOS 
1.1) Com relação a prosa: 
A narrativa é a principal característica da prosa. No texto “Claridade” de Maria Lúcia Simões, 
há um narrador, que relata, narra as ações dos homens, personagens. Exemplo: “A mulher 
chegou para o marido” ...; “[...] e ele se irritou” ...; 
Um outra característica da prosa é a ficcionalização da realidade alicerçada nas ações 
humanas. E esta característica também pode ser encontrada no primeiro texto. Exemplo: “A 
mulher iluminada foi se deitar ao seu lado e ele passou a noite sem dormir porque se 
acostumara ao escuro”; 
Outra característica relacionada à prosa (narrativa), é que esta procura apresentar o mundo 
objetivado. Alguns elementos precisam estar presentes para que esse mundo encontre essa 
objetivação. Entre esses elementos pode- se destacar os “personagens”, a “ação”, o “tempo” e 
o “espaço”. E esta também está presente no primeiro texto. 
Exemplo: 
Personagens: a mulher e o homem; 
Ação: a mulher chega para o marido com o rosto iluminado, ele se irrita porque se esqueceu 
onde acendia a luz, a mulher se deita ao lado do marido e este passa a noite sem dormir; 
Tempo: o instante em que a ação acontece; 
Espaço: o espaço em que ocorre a ação. Aparentemente seja o quarto. C 
Com relação à poesia: 
Um elemento singularizante da poesia é a métrica. Que indica a medida dos versos dividindo- 
os em silabas poéticas. A regularidade métrica contribui para a harmonia do poema. Assim 
pode- se inferir que todos os versos da poesia “Tolerância zero” de Ismael Gaião tem 7 sílabas, 
compondo portanto, uma redondilha maior (característica marcante da literatura de cordel). 
Exemplo: “Eu- vou- fa- lar- de- seu- Lun- (ga); 
 1 2 3 4 5 6 7 (conta- se até a última sílaba tônica). 
Uma outra característica que diferencia a poesia da prosa, é o jogo de plurissignificações que 
permite a construção de imagens por meio das figuras de palavras. Exemplo: 
[...] Esse ônibus vai pra praia? NÃO É UM BOM EXEMPLO 
[...] Só se a Senhora tiver 
Um biquíni que dê nele! 
Uma outra característica singularizante da poesia é a rima. Esse efeito expressivo confere à 
poesia uma musicalidade. Exemplo: 
[...] Nem gosta de lero- lero. (ero) A 
 Tem sempre boas maneiras, (eiras) B 
 Mas se perguntam besteiras, (eiras) B 
 Sua tolerância é zero! (ero) A 
1.2) O segundo texto “Tolerância zero” de Ismael Gaião é um poema. Essa afirmação pode ser 
justificada por duas características singularizantes da poesia. 
Primeiro, a poesia é um gênero literário que se expressa na forma de versos que possuem 
ritmo e rimas que lhe conferem musicalidade. No poema “Tolerância zero”, vemos a sucessão 
de sílabas de fonemas que formam unidades rítmicas. Esse efeito expressivo se torna ainda 
mais acentuado por meio das rimas presentes ao final de seus versos. 
Segundo, a poesia apresenta também métrica, que constitui- se a medida das palavras 
conferindo harmonia ao poema. No poema “Tolerância zero”, vemos que todos versos 
possuem 7 sílabas. Essa regularidade métrica contribui para a harmonia do poema. 
Assim, pode- se dizer que a poesia como forma literária é a presença de elementos específicos, 
singularizantes: o verso, a estrofe, a métrica, a rima, a concisão, as figuras de linguagem. Mas 
não basta apenas ter- se palavras dispostas no papel em forma de versos, é necessário 
também harmonizar todos os elementos que a compõe. C 
Questão 2 2 PONTOS 
2.1) O “Poema de Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade, é um poema composto de 
sete estrofes, que apresentam um aspecto da percepção de mundo do autor( MELHOR: EU-
LÍRICO). Cada estrofe destaca um tema, isto é uma face, da interpretação que o autor faz do 
mundo. C 
Primeira estrofe (face): 
Quando nasci, um anjo torto 
Desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. 
Nessa primeira face, o autor se insere no poema e se compara ao anjo que anunciou seu 
nascimento, isso porque, gauche significa torto. 
Segunda estrofe (face): 
As casas espiam os homens 
que correm atrás de mulheres. 
A tarde talvez fosse azul, 
não houvesse tantos desejos. 
A partir dessa estrofe, a autor passa a descrever sua percepção das coisas a sua volta. E 
observa que numa cidade todos são testemunhas dos desejos humanos. 
Terceira estrofe (face): 
O bonde passa cheio de pernas: 
pernas brancas pretas amarelas. 
Para que tanta perna meu Deus, 
pergunta meu coração. 
Porém meus olhos 
não perguntam nada. 
Nessa estrofe, o autor pretende mostrar que existe algo além dos desejos dos homens, e isto 
seria a coletividade. Isto é, existem pessoas se movimentando o tempo todo e num país tão 
miscigenado, existem pessoas de todas as cores, etnias. BOM! 
Quarta estrofe (face): 
O homem atrás do bigode 
é sério, simples e forte. 
Quase não conversa. 
Tem poucos, raros amigos 
o homem atrás do óculos e do bigode. 
Nessa estrofe, a autor escolhe dentro de toda a coletividade que vê, um homem, e interpreta 
que talvez seu bigode e seu óculos façam parte de uma característica que mantenha sua 
integridade. 
Quinta estrofe (face): 
Meu Deus, porque me abandonaste 
se sabias que eu não era Deus 
se sabias que eu era fraco. 
O autor nessa estrofe se coloca novamente como centro de seu poema, quando reclama que 
Deus supostamente o tenha abandonado e abandonado a todos, deixando- os fadados aos 
defeitos e infelicidades de ser imperfeito, diante de um mundo tão exigente. 
Sexta estrofe (face): 
Mundo mundo vasto mundo, 
se eu me chamasse Raimundo 
Seria uma rima, não seria uma solução. 
Mundo mundo vasto mundo 
mais vasto é meu coração. 
Em sua penúltima estrofe o autor primeiro mostra a sua incapacidade de compreender esse 
mundo tão vasto e depois, mostra que seu coração, por ser mais vasto que o mundo, seria 
capaz de compreende- lo. 
Sétima estrofe (face): 
Eu não devia te dizer 
mas essa lua 
mas esse conhaque 
botam a gente comovido como o diabo 
Em sua última estrofe o autor faz um desabafo, uma confissão, se dizendo intensamente 
emocionado (uma comoção do diabo) e culpando seu coração por todos os desabafos 
anteriores. 
2.2) O poema “Com licença poética” de Adélia Prado, é uma paródia do “Poema de Sete Faces” 
de Carlos Drummond de Andrade. Pode- se perceber que a autora trabalha a intertextualidade 
colocando em seu texto as imagens que o eu- lírico cria no “Poema de Sete Faces”, só que 
fazendo uma diferenciação entre as características marcantes dessas imagens. 
Logo no primeiro verso, o “anjo torto que vive na sombra”, se torna um “anjo esbelto” que 
toca trombeta. O anjo, no poema de Carlos Drummond de Andrade, anuncia que ele irá seguir 
um caminho torto (gauche), e no poema de Adélia Prado, o anjo anuncia um grande fardo para 
ela. 
Ao longo de todo o texto, Adélia se mostra conformada com os pretextos(?) que são 
encarregados à mulher. E mostra isso, quando aborda temas como o medo de não conseguir 
se casar. 
Ao final do texto, Adélia mostra que não é preciso ter medo da vida, e que não é preciso 
aceitar um “destino torto”. A autora diz que a mulher é desdobrável e capaz de fazer qualquer 
coisa. Esse é mais um ponto em que a autora trabalha a intertextualidade, mas de novo, 
diferenciando os pontos de vista com o texto de Carlos Drummond de Andrade. Afinal, no 
“Poema de Sete Faces”, Drummond diz não se conformar com o “destino torto” que lhe foi 
imposto e ainda, diz não se sentir capaz de compreender um mundo tão vasto. C 
Questão 3 2 PONTOS 
3.1) Nessa música João Bosco mostra a ligação do cavaquinho com o samba e como esse 
instrumento é influente na sociedade amante do samba. Os dois primeirosversos sugerem que 
um cavaquinho já é o bastante para se tocar um bom samba, e os versos seguintes fazem 
comparações que servem para mostrar a força do cavaquinho. Ao entrar na segunda parte de 
Kid Cavaquinho, João Bosco faz um breque, parada brusca. 
Os versos “Se eu contar o que é que pode um cavaquinho, os “home” (isto é, a polícia) não vai 
crer”, se referem à repressão que o samba sofreu por causa da discriminação social. Isso 
porque, o samba é uma manifestação cultural que surgiu nas camadas menos favorecidas. Os 
versos, “Quando ele fere, fere firme, dói que nem punhal” e “Quando ele invoca, até parece 
um pega na geral”, o cavaquinho aparece como uma espécie de instrumento de guerra, usado 
por essa parte desfavorecida economicamente, para os representar. 
Assim, pode- se inferir que a letra (poesia), juntamente com o ritmo, formam uma composição 
musical que pretende mostrar a força do cavaquinho e da sociedade amante do samba. A 
velocidade que o compositor imprime à composição e a acentuação das palavras, faz deduzir 
que pode- se usar a poesia na composição musical como uma forma de mostrar o que se quer 
dizer em versos, e que a métrica desses versos, acompanhados pela melodia, são capazes de 
demonstrar a força pretendida.C 
3.2) Rima: no caso desse poema as rimas são externas, ou seja, aparecem ao final do verso. 
Este é um recurso utilizado pelos poetas que confere musicalidade a poesia. E assim, torna- se 
um elemento essencial para a composição musical. A sonoridade das rimas desse poema são 
feitas com palavras fortes, sendo portanto, um elemento expressivo que ajuda na 
demonstração do tema que o autor pretende passar. Desse modo, o recurso da rima foi 
engenhosamente construído pelo autor nesse poema para demonstrar a ideia que se queria 
passar, mas sem perder a musicalidade. 
Ritmo: outro recurso utilizado pelos poetas para conferir musicalidade ao poema é o ritmo. No 
caso do poema apresentado o ritmo é criado pelo autor, com a alternância de sílabas 
acentuadas e não acentuadas. Dessa forma, quando lê- se o poema as sílabas são 
pronunciadas com maior ou menor intensidade, para efeito de ritmo no poema. O ritmo, além 
de conferir musicalidade ao poema, confere os efeitos expressivos desejados pelo autor para 
demostrar a temática do poema. C 
Questão 4 1,5 PONTO 
4.1) Considerando a composição métrica do poema de Cecília Meireles, pode- se dizer que 
este tem um aspecto “antigo” no que concerne a forma como os sonetos clássicos eram 
divididos, isto é, observando rigorosamente a extensão dos versos. 
 A palavra métrica sugere medida. E a regularidade métrica contribui para harmonia do 
poema. Para indicar a medida dos versos, toma- se por base a oralidade e dividi- se os versos 
em sílabas poéticas. A esta divisão denomina- se escansão. 
Pode-se observar como este procedimento é realizado na prática, a partir de uma estrofe 
extraída do “Soneto Antigo” de Cecília Meireles: 
Res- pon- der- a- per- gun- tas- não- res-pon- (do). 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
Per- gun- tas- im- pos- sí- veis- não- per- gun- (to). 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
Só- do- que- sei- de- mim- aos- ou- tros- com- (to): 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
de- mim,- a- tra- ves- as- da- pe- lo- mun- (do). 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
Assim, pode- se observar a regularidade métrica presente no poema, e que esses versos 
possuem dez sílabas, e, por isso mesmo, são chamados decassílabos. Percebe- se que a sílaba 
poética é contada pela emissão sonora, não coincidindo com a sílaba gramatical. Desse modo, 
conta- se até a última sílaba tônica dos versos. 
Considerando a composição rítmica do soneto de Cecília Meireles, pode- se dizer que este tem 
seu aspecto “antigo” observando os elementos relativos à sua composição formal. Nesta 
composição tem- se 14 versos, organizados em 4 estrofes. Por verso, entende- se a sucessão 
de sílabas ou fonemas, formando uma unidade rítmica e melódica. No soneto de Cecília 
Meireles, os versos estão organizados em 4 estrofes, e a organização dos versos divididos 
entre esses estrofes é: dois quartetos e dois tercetos. A essa estrutura de forma fixa, chama- 
se soneto. 
Além da maneira pela qual Cecília Meireles organizou os versos, conferindo- lhe harmonia, há 
ainda o recurso do ritmo criado pela alternância de sílabas acentuadas e não acentuadas. 
Assim, ao ler esse poema em voz alta, pode- se perceber uma cadência, um certo ritmo. 
Tentando reconhecer as sílabas que são pronunciadas com maior ou menor intensidade, pode- 
se observar essa estrofe: 
Toda a minha experiência, o meu estudo, 
sou eu mesma que, em solidão paciente, 
recolho do que em mim observo e escuto 
muda lição, que ninguém mais entende. C 
4.2) Nesse poema Cecília Meireles fala sobre suas próprias características. Ela fala sobre como 
adquiriu sua experiência de vida, de que, apesar de toda essa experiência ainda não é capaz de 
responder a todas as perguntas e prefere olhar para si procurando as respostas, do que fazer 
as perguntas aos outros. 
Além disso, nas duas últimas estrofes ela mostra o que é valoroso em si mesma, e conclui 
dizendo que “todos somos pura flor de vento”, isto é, apesar de toda a experiência adquirida 
ao longo da vida, todos somos passageiros, podemos ser levados como o vento. 0,5 
Questão 5 2 PONTOS 
5.1) O filme “O Carteiro e o Poeta” retrata a construção de uma amizade que se inicia em meio 
a conflitos políticos e sociais. Pablo Neruda, o poeta e Mário Ruppuolo, o carteiro, são 
personagens que refletem a amizade e a humildade, onde se encontram o desejo de aprender 
e o prazer pela poesia. 
O exílio de Neruda e a vontade de aprender de Mário se misturam na trama favorecendo o 
surgimento de um contexto repleto de sentimentos. O filme retrata que Mário não se 
conforma com sua realidade, filho de pescador e morador em uma vila de pescadores, 
pretende não seguir a mesma realidade daquelas pessoas, mas anseia por conhecimento e, 
quando surge a oportunidade de trabalhar como carteiro e descobre que as cartas que irá 
entregar pertencem ao poeta, vê uma oportunidade de ascensão, pelo menos no que diz 
respeito ao conhecimento. 
Aos poucos a indiferença vai sendo quebrada e substituída por uma bonita amizade. As 
situações vão se moldando em meio a entraves da convivência entre eles, logo se percebe 
mudanças de comportamento tanto em Mário quanto em Neruda, um deixa a timidez de lado 
ao ponto de conquistar a mulher amada, o outro se torna mais humilde. 
Podemos observar no decorrer do filme que a poesia é objeto marcante entre os personagens, 
possibilitando uma troca saudável e prazerosa, constituindo- se como eixo fundamental de 
construção de relação e conhecimento, provocando mudanças de caráter social e pessoal. A 
amizade, a humildade, o carinho, o respeito e o apreço são sentimentos contemplados 
durante o filme e que transformaram a vida desses dois personagens: o carteiro e o poeta. 
Podemos compreender através do filme que todos nós somos capazes de aprender, de amar, 
de fazer poesia e brincar com as palavras. Basta querermos. Percebe- se a poesia como um 
elemento de transformação. “A poesia não pertence aqueles que a escrevem...Mas aqueles 
que precisam dela” (frase dita pelo personagem Mário no filme). Através disso, percebe- se 
que os poetas as escrevem e as utilizamos como forma também de mostrar o que sentimos, o 
que pensamos, o que queremos falar, ou seja, os poetas escrevem o que as vezes não 
conseguimos descrever. A verdade é que a poesia tem um poder transformador nas pessoas, 
pois Mário Ruppuolo vai adquirindo uma nova visão de mundo a partir das poesias. Através da 
poesia, pode- se perceber que um novo homem estava sendo construído, sendo transformado 
em vários aspectos de sua vida: afetiva,intelectual e social. 
Percebe- se também no filme a importância da afetividade na aprendizagem, pois Mário 
Ruppuolo não teria adquirido o espírito pesquisador e não teria se tornado uma pessoa 
diferente, corajosa, livre da alienação, se não tivesse sido valorizado pelo poeta. 
Assim, pode- se inferir que aos olhos de Neruda o que transforma Mário em poeta é a 
aquisição da percepção de que o conhecimento e a poesia pode ser algo libertador. C 
5.2) Quanto as metáforas: 
Primeira cena: 
A primeira metáfora de Mário surge sem querer, diante de um poema, que era novo para ele, 
recitado por D. Pablo, que pede à Mário para dizer o que ele havia achado: 
Mário: Estranho. 
D. Pablo: Como assim? Você é um crítico severo! 
Mário: Não o seu poema. Estranho...como me senti enquanto estava falando. 
D. Pablo: E como se sentiu? 
Mário: Eu não sei...O ritmo das palavras ia de um lado para o outro. 
D. Pablo: Como o mar? 
Mário: Exatamente. Como o mar. 
D. Pablo: Esse é o ritmo. 
Mário: Na verdade, senti enjoo. 
D. Pablo: Enjoo! 
Mário: Porque... não consigo explicar... Me senti como um barco sacudido pelas palavras.NA 
REALIDADE, NÃO TEMOS AUI UMA METÁFORA, QUE NÃO ADMITE A PALAVRA COMO. VAMOS 
CONSIDERAR CORRETO PORQUE APARECE DESSA MANEIRA NA LEGENDA. 
D. Pablo: Como um barco sacudido pelas palavras? Sabe o que acabou de fazer, Mário? 
Mário: Não, o quê? 
D. Pablo: Uma metáfora. 
Mário: Não! 
D. Pablo: Sim! 
Mário: Não... 
D. Pablo: Como não? 
Mário: Verdade? 
D. Pablo: Sim! 
Mário: Mas assim não conta porque foi sem querer. 
D. Pablo: Querer não é importante. As imagens surgem espontaneamente. 
Na cena acima, pode- se supor que Mário, em algum momento de sua vida, aprendeu a 
descrever enjoo ao andar de barco, por exemplo. Ao escutar o poema, ficou sob controle de 
uma sensação semelhante que o ritmo da poesia causou nele e descreveu que a poesia lhe 
causou enjoo, como um barco sacudido pelas palavras. 
Segunda cena: 
No primeiro diálogo de Neruda com Mário, ele entrega as cartas e continua olhando Dom 
Pablo. 
D. Pablo: Vai ficar parado como um poste? 
Mário: Cravado como um arpão? 
D. Pablo: Não. Imóvel como a torre no jogo de xadrez. 
Mário: Mais silencioso do que um gato de porcelana. 
D. Pablo: Escrevi outros livro além de Odes Elementares. Livros muito melhores! Não deveria 
me submeter a comparações e metáforas. 
Mário: Dom Pablo? 
D. Pablo: Metáforas! 
Mário: O que é isso? 
D. Pablo: Metáfora? Metáforas são... como posso explicar... quando fala algo, mas compara 
com outra coisa. 
Mário: É uma coisa que se usa na poesia? 
D. Pablo: Sim, também. 
Mário: Por exemplo? 
D. Pablo: Por exemplo... Quando se diz O céu chora, o que significa? 
Mário: Que está chovendo? 
D. Pablo: Muito bem. Isso é uma metáfora. 
Na cena acima, a metáfora está no fato de se dizer que quando chove o céu chora. 
Quanto as comparações: 
Primeira cena: 
Cena na qual a tia de Beatriz vai se queixar com ao poeta Pablo Neruda quanto as metáforas 
que Mário falava a sua sobrinha. Depois de queixar- se o poeta tira Mário do esconderijo de 
onde este ouvia a conversa e travam o seguinte diálogo: 
D. Pablo: Você está branco como um saco de farinha. 
Mário: Estou branco por fora, mas vermelho por dentro. 
D. Pablo: Não vai livrar- se da raiva da viúva com adjetivos. 
Mário: Se ela ameaçou vou para a cadeia. 
D. Pablo: Acabará saindo em duas horas. Dirá que agiu em legitima defesa. Dirá que ameaçou a 
virgindade da donzela com arma branca. Com uma metáfora, cortante como punhal, afiada 
como um canino e lacerante como um hímen. 
[...] 
Nessa cena existem várias comparações. A primeira delas é quando D. Pablo diz que Mário 
está branco como um saco de farinha. Essa comparação quer dizer que por Mário estar 
nervoso com a situação ficou pálido, e como a farinha é branca, D. Pablo fez a comparação. 
As outras comparações são quando D. Pablo compara uma metáfora como sendo, cortante 
como punhal, afiada como um canino e lacerante como um hímen, capaz de ameaçar uma 
donzela. Quando ele diz isso, está querendo mostrar com ironia que uma metáfora jamais 
seria capaz de ameaçar uma donzela. 
Segunda cena: 
Na continuação da cena descrita acima, o poeta e o carteiro continuam seu diálogo, até que 
Mário diz a seguinte frase: 
Mário: A poesia não pertence àqueles que a escrevem, mas sim àqueles que precisam dela. 
D. Pablo: Gostei que usasse adequadamente esta frase muito democrática. Agora vá para casa 
dormir. Está com olheiras enormes como tigelas de sopa. 
Nessa cena, a comparação está na fala de D. Pablo, quando este diz que as olheiras de Mário 
são tão grandes quanto uma tigela se sopa.

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