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A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO RURAL DO POVOADO BUENOS AIRES 1º DISTRITO


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA 
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS-CESC 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA-DHG 
CURSO: GEOGRAFIA LICENCIATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAXIAS – MA, 2014 
 
A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO RURAL 
DO POVOADO BUENOS AIRES 1º DISTRITO DE CAXIAS-MA 
 
 
 
 
JACKSON DA SILVA VALE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO 
RURAL DO POVOADO BUENOS AIRES 1º DISTRITO DE CAXIAS-MA 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento de 
Geografia do Centro de Estudos Superiores de 
Caxias, CESC, da Universidade Estadual do 
Maranhão, UEMA, como pré-requisito parcial para a 
obtenção do grau de Licenciado em Geografia. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Maria Tereza de Alencar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAXIAS – MA, 2014 
 
 
 
 V149e 
 
 Vale, Jackson da Silva 
 
A energia elétrica como um fator de alteração no espaço rural do 
povoado Bueno Aires 1º Distrito de Caxias-MA / Jackson da Silva 
Vale.__Caxias-MA: CESC/UEMA, 2014. 
 
 61f. 
Orientador: Profª. Dra. Maria Tereza de Alencar. 
 
Monografia (Graduação) – Centro de Estudos Superiores de 
Caxias-MA, Curso de Licenciatura em Geografia. 
 
1. Técnicas. 2. Espaço rural – Alterações. 3. Buenos Aires - 
Povoado. I. Título. 
CDU 93 
. 
 
 
A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO 
RURAL DO POVOADO BUENOS AIRES 1º DISTRITO DE CAXIAS-MA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 JACKSON DA SILVA VALE 
 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento de 
Geografia do Centro de Estudos Superiores de 
Caxias-CESC, da Universidade Estadual do 
Maranhão- UEMA, como pré-requisito parcial para 
obtenção do grau de Licenciado em Geografia. 
 
 
 
Apresentado em ______/_______/___________ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
 
Profª Mest: Maria Francisca Silva de Oliveira 
CESC/UEMA 
 
 
_______________________________________________________________ 
 
Profª. Drª. Maria Tereza de Alencar 
CESC/UEMA 
 
 
_______________________________________________________________ 
 
Prof: Josafá Ribeiro dos Santos 
CESC/UEMA 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar a DEUS, pois sem a luz divina nada se pode alcançar, as 
bênçãos que ele me fez ao longo da minha vida foram cruciais para que eu 
chegasse até aqui, e convicto que continuarei seguindo os passos dele. 
À minha família que sempre estão solícitos a me apoiarem, e em especial a 
minha mãe Cristineide Fernandes da Silva Vale por está ao meu lado, e ser minha 
razão de incentivo, vontade e determinação. 
Á minha orientadora Professora Drª Maria Tereza de Alencar que me auxiliou 
bastante na construção e elaboração do presente trabalho. 
A todos os meus professores que fizeram parte desse percurso durante as 
disciplinas cursadas em todo período acadêmico. 
Ao meu pai Francisco de Oliveira Vale, e a minha irmã Cintia Fernandes da 
Silva Vale, que auxiliaram nos levantamentos dos dados em campo. 
A minha amiga Eliane Nascimento dos Reis que também me ajudou muito 
quando precisei. 
Agradeço imensamente a todos que colaboraram direta ou indiretamente na 
elaboração deste trabalho. muito obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico á Deus por ter concedido condições para que esse 
trabalho acadêmico se concretizasse. Todas as pessoas que 
tiveram parcela significativa quando auxiliaram nos levantamentos 
de dados, pesquisa teórica, dicas de produção, correções, idéias, 
enfim, em todos os mecanismos fundamentais para produção de 
um trabalho acadêmico. Obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todo aquele que crê em Jesus Cristo, recebe perdão paz 
com deus e vida eterna! “porque Deus amou ao mundo de tal 
maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo o que crê 
nele não pereça, mas tenha a vida eterna.” 
João 3:16 
 
Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e vive. Ele diz: “Estive 
morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos...” 
Apocalipse 1:18 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O acesso á energia elétrica tornou-se fator indispensável ao desenvolvimento e ao 
bem estar individual e coletivo. Nos grandes centros urbanos se construiu todo um 
estilo de vida baseado no consumo de bens e informações relacionados ao uso da 
energia, principalmente da energia elétrica. As atividades profissionais, de lazer, de 
educação e a interligação na sociedade em rede são notadamente atividades 
dependentes da disponibilização da eletricidade. A necessidade de universalizar o 
acesso á energia em todo o território seja urbano ou rural, acarretou o surgimento de 
programas como o “Luz da Terra”, lançado em 1995, e o “Luz do Campo”, instituído 
em 1999. Nessa linha, o governo federal no mandato do presidente Luiz Inácio Lula 
da Silva, criou o programa “Luz para Todos”, como uma nova política pública voltada 
para acabar com o déficit energético do país. O objetivo deste trabalho no espaço 
rural do povoado Buenos Aires 1º distrito de Caxias-MA, foi buscar analisar que tipo 
de alterações ocorreu com a chegada da energia elétrica. A metodologia utilizada foi 
à pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com aplicação de questionários aos 
moradores locais. Os resultados encontrados indicaram que as alterações ocorridas 
no povoado foram segundos os moradores para melhor, muitos pontos positivos 
apontados na melhoria de vida e pouco pontos negativos lembrado. Foram 
apontadas como principais melhorias o uso de geladeira para se conservar 
alimentos, esse eletrodoméstico foi detectado em todas as residências visitadas, a 
água encanada foi expressivamente defendida como fator de qualidade de vida, 
assim como o acesso ao posto de saúde na localidade. Contudo, a aceitação da 
energia elétrica foi imensamente defendida pelos moradores. 
 
Palavras-chave: Técnicas, alterações no espaço rural, Povoado Buenos Aires. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The access to electricity has become indispensable factor for development and well- 
being individually and collectively . In large urban centers are built a whole lifestyle 
based on consumption of goods and information related to energy use , especially of 
electric power. Professional activities, leisure , education and interconnection in the 
network society activities are markedly dependent on the availability of electricity. 
The need to provide universal access to energy throughout is urban or rural territory 
caused the emergence of programs such as " Light of the Earth " , released in 1995 , 
and " Light Field " , established in 1999 . Along these lines, the federal government 
under President Luiz Inácio Lula da Silva , created the " Light for All " program , as a 
new public policy to end the energy deficit in the country . The aim of this study in the 
countryside populated Buenos Aires 1st district of Caxias, MA , was seeking to 
analyze what changes occurred with the arrival of electricity . The methodology used 
was the literature research and field research with questionnaires to local residents . 
The results indicated that the changes in the town were the 2nd best for the residents 
, many positive points highlighted in the improvement of life and poorly remembered 
negatives . Were identified as major improvements using refrigerator to preserve food 
, this appliance was detected in all visits residences , tap water was significantly 
advocated as a quality of life factor , as well as access to the health center in the 
locality . It is concluded that the acceptance of electric power was greatly favored by 
the locals . 
 
Keywords : Technical , changes in rural areas , town Buenos Aires . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
GEER – Grupo Executivo de EletrificaçãoRural 
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
PNER – Plano Nacional de Eletrificação Rural 
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento 
PLC – Programa Luz no Campo 
MME – Ministério de Minas e Energia 
STF – Supremo Tribunal Federal 
FUER – Fundo de Eletrificação Rural 
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético 
RGR – Reserva Global de Reversão 
CNU – Comissão Nacional de Universalização 
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica 
CGN – Comitê Gestor Nacional 
CGEs – Comitês Gestores Estaduais 
ABRADEE – Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica 
OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras 
IEA – Agência Internacional de Energia 
 
 
 
 
 
LISTA DE FOTOS 
 
Figura do povoado Buenos Aires 1º Distrito de Caxias-MA ......................................... 41 
Foto 1: Usina de Beneficiamento de Arroz ................................................................... 47 
Foto 2: Contraste do pote e filtro de barro com geladeira ............................................ 47 
Foto 3: Água encanada ................................................................................................ 48 
Foto 4: Pia na cozinha de um morador ........................................................................ 48 
Foto 5: Posto de Saúde do povoado ............................................................................ 48 
Foto 6: Panorâmica do povoado .................................................................................. 48 
Foto 7: Serralheria particular de um morador ............................................................... 49 
Foto 8: Casa de farinha ................................................................................................. 49 
Foto 9: Moradores jogando baralho á noite .................................................................. 50 
Foto 10: Moradores ao lado do seu aparelho de TV ..................................................... 50 
Foto 11: Uso noturno do prédio da escola .................................................................... 51 
Foto 12: Poste de energia elétrica, com transformador ................................................. 52 
Foto 13: Poço artesiano ................................................................................................ 52 
Foto 14: Sistema de água encanada ............................................................................ 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
1 - Tempo de residência no Povoado Buenos Aires. 
Tabela 1 ........................................................................................................................ 42 
2 – Pessoas beneficiadas por programas governamentais. 
Tabela 2 ........................................................................................................................ 43 
3 – Valor mensal gasto com energia elétrica. 
Tabela 3 ........................................................................................................................ 46 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
1 – Objetivos do Programa Luz para Todos. 
Gráfico 1 ....................................................................................................................... 21 
2 – Principal atividade do responsável pelo domicilio. 
Gráfico 2 ....................................................................................................................... 43 
3 – Renda familiar. 
Gráfico 3 ....................................................................................................................... 44 
4 – Melhoriais na comunidade com a disponibilidade de energia elétrica. 
Gráfico 4 ....................................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13 
1. A HISTÓRIA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL NO BRASIL ....................................... 15 
1.1 Luz da Terra ............................................................................................................ 18 
1.2 Luz no Campo ......................................................................................................... 19 
1.3 Luz para Todos ....................................................................................................... 21 
2. AS TÉCNICAS COMO FATOR DE TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO 
GEOGRÁFICO .............................................................................................................. 24 
3. ALTERAÇÕES NO ESPAÇO RURAL A PARTIR DA INSERÇÃO DA TÉCNICA ... 28 
4. ENTENDENDO O “PROGRAMA LUZ PARA TODOS” ........................................... 32 
5. A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO 
RURAL DO POVOADO BUENOS AIRES – 1º DISTRITO DE CAXIAS - MA .............. 38 
6. ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 40 
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 53 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
A disponibilidade de energia elétrica no meio rural é um importante vetor de 
desenvolvimento. A partir desse recurso, é possível favorecer a irrigação, 
automatizar processos, beneficiar produtos e permitir, em alguns casos, atividades 
produtivas no período noturno. 
Através do Decreto nº 4.873, de 11 de novembro de 2003, que instituiu o 
Programa Nacional de Universalização do acesso e uso da Energia Elétrica (Luz 
para Todos), e alterado pelo Decreto nº 6.442, de 25 de Abril de 2008, visou prover, 
até o ano de 2010, o acesso á energia elétrica da população do meio rural brasileiro 
em sua totalidade.(MME,2011) 
Segundo as metas traçadas pelo governo o programa, além de levar energia 
elétrica á população rural, oferece soluções para utilizá-la como vetor de 
desenvolvimento social e econômico em comunidades de baixa renda, contribuindo 
para a redução da pobreza e para o aumento da renda familiar. 
O acesso á energia elétrica facilita a integração aos serviços de saúde, 
educação, abastecimento de água e saneamento, bem como aos programas sociais 
do Governo Federal.(GEER,2009) 
Os objetivos que levaram a esse presente estudo foram o de analisar que 
tipos de alterações ocorreram no espaço rural do povoado Buenos Aires. E 
observando o local de pesquisa relatar quais alterações houve, sejam mudanças 
positivas de melhorias de vida, sejam fatos negativos relacionados com a energia 
elétrica. 
Segundo o ponto de vista do governo federal, ao viabilizar o acesso à energia 
elétrica, os programas de universalização buscam favorecer a permanência das 
famílias no campo, melhorando a qualidade de vida. Com a chegada da energia, as 
famílias adquirem eletrodomésticos e equipamentos rurais elétricos, o que permite o 
aumento da renda, a melhoria do saneamento básico, da saúde e da educação, 
fortalecendo o capital social dessas comunidades, (MME,2011). 
Observada á importância da temática, notou-se que seria proveitoso discorrer 
sobre o assunto em âmbito geográfico, é de se lembrar que essa produção leva em 
consideração só um povoado, que se localiza a cerca de 36 km da cidade de Caxias 
14 
 
Maranhão, os resultados aqui expressos é delimitado nesta localidade de primeiro 
distrito caxiense. 
A universalização do acesso energético é vista pelo governo como elemento 
fundamental para o desenvolvimento da sociedade rural, tendo em vista não 
somente a questão do favorecimento econômico, mas, sobretudo na qualidade de 
vida, daí então se observou o quão seria interessante analisar se a pretensão do 
governo se comprova na realidade do Povoado Buenos Aires. 
Para realização desse estudo se estabelece a realização de uma 
pesquisa bibliográficapara proporcionar uma fundamentação teórica, baseada em 
obras dos seguintes autores: Santos, Milton / Moreira, Ruy / Sposito, Maria / 
Corrêa, Roberto Lobato / também Almeida, Prado / Fani, Ana Alessandri / Trigoso, 
Morante. 
Realizou-se também uma pesquisa de campo, onde foram escolhidos 24 
chefes de famílias para responderem a um questionário, o povoado possui 120 
famílias, portanto, a amostra corresponde a 20% do numero total de residências 
para o levantamento da pesquisa. 
Este trabalho apresenta a seguinte estrutura: no primeiro capítulo: A história 
da eletrificação rural no Brasil, onde far-se-á um resgate histórico do processo de 
levar a energia elétrica para o espaço rural brasileiro. No segundo capítulo: As 
técnicas como fator de transformação do espaço geográfico, e no terceiro capítulo: 
Alterações no espaço rural a partir da inserção da técnica, Ressalta-se estudos 
publicados de vários autores que já se manifestaram no tocante a energia elétrica no 
espaço rural, e tratando da técnica como fator determinante de alteração do espaço 
geográfico. 
O quarto capítulo: Entendendo o programa luz para todos, destaca-se o 
processo de criação, funcionamento, controle, e divisões de responsabilidades do 
programa “Luz Para Todos” do Governo Federal. No penúltimo capítulo, com o 
mesmo título desse trabalho: A energia elétrica como um fator de alteração no 
espaço rural do povoado Buenos Aires 1º distrito de Caxias-MA, descreve-se uma 
visão ampla e pautada em pesquisa de campo, do advento da energia elétrica no 
povoado Buenos Aires, o que a eletricidade proporcionou na vida dos moradores em 
seus mais diferentes aspectos. Por último o sexto capítulo: análise dos dados 
elenca-se os resultados da pesquisa, usando gráficos, tabelas e fotografias. 
15 
 
1. A HISTÓRIA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL NO BRASIL 
 
A eletrificação rural no Brasil se iniciou em São Paulo, e sua aparição está 
ligada aos interesses da cafeicultura que prescindia deste e de outros investimentos, 
como a extensão da malha ferroviária e ampliação dos portos. Surgia assim , em 
1923, no município de Batatais para operar equipamentos de um cafeicultor no 
beneficiamento de sua produção específica (MME,2011). 
Os serviços de eletricidade, desde a distribuição, eram baseados em altos de 
concessão e em contratos firmados entre o concessionário e o poder público. A 
concessionária do município de Batatais, depois da crise de 1929 elevou a tarifa de 
energia dos clientes rurais. Em função disso houve uma ação judicial contra a 
empresa, baseada em lei de 1909 que protegia interesse de consumidores da zona 
urbana (JUCÁ,1998). 
Segundo Oliveira (2000), “este acontecimento colocou em pauta o contrato 
entre a eletrificação rural e a urbana, evidenciando a baixa atratividade da 
eletrificação rural para as concessionárias, devido a uma relação custo beneficio 
desfavorável.” Tem inicio nesse momento, uma discussão sobre a questão tarifária, 
fato que ocorre até os dias atuais, demonstrando que a eletrificação rural, para ser 
viabilizada, necessita de algum tipo de subsídio, diferenciando-se das demais 
classes de consumidores. 
Além disso, as distribuidoras privadas de energia limitavam seu atendimento 
ao segmento que apresentava retorno econômico satisfatório, atendendo, 
prioritariamente, aos consumidores dos grandes centros urbanos. Com isso a 
expansão da eletrificação rural ficava comprometida, especialmente pelo baixo 
índice de rentabilidade de negócio (Oliveira,2000). 
Aproximadamente vinte anos após o inicio da eletrificação no Brasil, surgem 
as cooperativas de eletrificação rural, e que foram aos poucos expandindo-se no 
pais. Existe um certo consenso no sentido de atribuir a forte tradição associativa dos 
imigrantes europeus radicados no interior do Rio grande do Sul o grau de 
pioneirismo no desenvolvimento de iniciativas associativistas (OCB,2012). 
A primeira cooperativa de eletrificação no pais foi a Cooperativa de Força e 
Luz, fundada em 02/04/1941, na localidade de quatro irmãos, município de Erechim, 
constituída por um grupo de 18 agricultores. O grande objetivo da maioria de 
cooperativas era o fornecimento de eletricidade a distritos e vilarejos, gerando a 
16 
 
energia mediante o aproveitamento hidrelétrico via construção própria ou de 
pequenos geradores acionados por motores. (MME, 2011). 
O primeiro importante marco legal que se refere á questão da eletrificação do 
campo segundo OLIVEIRA (2001), foi a promulgação do Estatuto da Terra (Lei 
4.504), em 1964.Tratou-se, então, de um dos primeiros passos na tentativa de 
diminuir o déficit nas áreas rurais, onde o Estatuto ordenou a inclusão obrigatória da 
eletrificação rural e de outras obras de infra-estrutura nos planos de Reforma 
Agrária. 
 O Estatuto da Terra determinava que a realização dessas obras devesse ser 
realizada essencialmente através de cooperativas, com o apoio financeiro do Banco 
Nacional de Crédito Cooperativo. Os projetos de eletrificação rural feitos pelas 
cooperativas rurais teriam prioridade nos financiamentos e receberiam auxílio dos 
Governos Federal, Estadual e Municipal. (OLIVEIRA, 2001). 
Em meados dos anos 70 é criado o grupo executivo de eletrificação rural 
(GEER), subordinado ao INCRA, que movimentava os fundos do I Plano Nacional de 
Eletrificação Rural (I PNER), suprido com recursos provenientes do fundo de 
eletrificação rural (FUER), instituído, nesta ocasião, através de um contrato de 
empréstimo celebrado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 
considerado segundo OLIVEIRA (2000), a primeira iniciativa com intuito de 
alavancar a eletrificação rural no Brasil. 
Mas o crescimento da eletrificação rural foi absolutamente desigual, em que 
pese o fato de que a expansão se deu fundamentalmente nos estados do Sul, 
contribuindo para isso a existência de cooperativas já consolidadas e a existência de 
pequenas e médias propriedades com nível de renda compatível com os 
investimentos necessários para implantar novos projetos. (MME, 20011). 
Na década de 1980 o setor elétrico foi bastante prejudicado devido ás 
restrições financeiras no setor público, resultando na redução de investimentos. 
Conseqüentemente, os recursos destinados pelas concessionárias á eletrificação 
rural ficaram bastante limitados (OCB,2012). 
Entretanto, com um número ainda elevado de domicílios sem eletricidade, em 
1991, a Lei 8.171, intensificou a intenção de inserção da eletrificação na política de 
desenvolvimento agrícola. A lei, que dispõe sobre a política agrícola, em seu artigo 
47 determina que o poder público implante obras que tenham como objetivo o bem-
17 
 
estar social de comunidades rurais, compreendendo barragens, açudes, estradas, 
energia, lazer, comunicação, entre outros (OLIVEIRA, 2001). 
O capítulo XXI, que trata somente a respeito da eletrificação rural, determina 
no artigo 93 que o Poder Público tem o dever de “implementar a política de 
eletrificação rural, com a participação dos produtores rurais, cooperativas e outras 
entidades associativas”. 
A freqüente recusa por parte das concessionárias em investimentos em áreas 
rurais, devido principalmente aos altos custos de operação para atender pouca 
demanda, incentivaram a criação da Lei 8.987, de 1995, que estabeleceu que estas 
deveriam exercer, por sua conta e risco, as obras necessárias para a expansão do 
serviço de energia elétrica (ANEEL, 2007). 
A Lei determinou ainda que o consumidor pague como contrapartida, uma 
tarifa, o que afasta, portanto, a participação dos consumidores nas contribuições 
financeiras necessárias para a execução do serviço. (MACHADO, 2006). 
No ano seguinte, a Lei 9.427 institui a Agência Nacional de Energia Elétrica 
(ANEEL). O Capítulo I, artigo 2º, define que a ANEEL tem por finalidade “regular e 
fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia 
elétrica, de acordo com alegislação e em conformidade com as diretrizes e as 
políticas do governo federal” (ANEEL, 2007). 
Dados do ano de 2004 da ANEEL demonstravam que 70 concessionárias 
participavam de programas de eletrificação nas áreas rurais. Dentre elas, a 
concessionária Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) possui o 
índice mais elevado de atendimento na área rural: 1.106.320 domicílios. 
Percebe-se, através da apresentação sucinta destes principais marcos, que o 
processo de eletrificação rural foi gradativo, lento e, muita vezes, levaram-se em 
consideração apenas os interesses das concessionárias, deixando em segundo 
plano o que realmente interessava: levar energia elétrica ás áreas rurais ainda não 
atendidas por este benefício. 
O termo universalização, que foi amplamente difundido através da Lei 10.438, 
do ano 2002, dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, 
18 
 
recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo ás Fontes 
Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), a Conta de Desenvolvimento Energético 
(CDE) e dispõe sobre a universalização do serviço público de energia elétrica 
(GEER, 2005). 
A Resolução Aneel nº 223 determina que consumidores de todas as classes 
(residencial, comercial, industrial, rural) não mais arcarão com despesas de ligação á 
rede elétrica, que passarão a ser de responsabilidade exclusiva das distribuidoras. 
(ANEEL, 2007). 
Os programas de universalização de energia, normalmente, possuem 
características semelhantes em seus planejamentos. Destacam-se as seguintes: a) 
Altos investimentos para expansão da rede, devido á conexão de clientes distantes 
da infra-estrutura já existente; b) Altos custos operacionais decorrentes do aumento 
das distâncias e conseqüente redução da produtividade das equipes de operação e 
manutenção de redes; c) Baixo consumo e baixa capacidade de pagamento dos 
serviços pela população beneficiada, normalmente localizada em regiões de menor 
desenvolvimento econômico (INSTITUTO ACENDE BRASIL, 2007). 
A partir destes fatos serão analisados, a seguir, os programas 
governamentais de eletrificação rural: 
1.1 Luz da Terra 
O programa “Luz da Terra” foi criado em 1995 e baseou-se em um modelo de 
grande sucesso aplicado no Rio Grande do Sul. O Estado de São Paulo instituiu 
uma Comissão Especial de Eletrificação Rural (CEER) com os objetivos de avaliar a 
situação da zona rural e propor ações para solucionar os problemas encontrados. 
Definiu-se a necessidade de se estabelecer uma estratégia que desenvolvesse um 
programa de ações pertinentes a todas as concessionárias (MME,2011). 
O BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 
juntamente a Escola Politécnica da Universidade de São Pulo (USP), propôs ao 
governo do Estado de São Paulo a criação de um programa de eletrificação rural 
com o objetivo explícito de atendimento a população mais pobre (MME,2011). 
19 
 
A Comissão de Eletrificação Rural do Estado de São Paulo (CERESP) foi 
instituída com a tarefa de coordenar a implantação no Estado. Os trabalhos da 
CERESP levaram a criação do programa de eletrificação rural “Luz da Terra”, que 
privilegiou a extensão da malha elétrica em função das características do Estado 
(RIBEIRO, 2000). 
Ainda segundo RIBEIRO (2000), este programa no decorrer de sua 
implantação, demonstrou ser mal aplicado e suas falhas foram estruturadas pelo 
caráter político das decisões. Dentre os problemas relatados, o mais agravante diz 
respeito ao pagamento da ligação de energia elétrica. Como já relatado 
anteriormente, a população rural que não tem acesso a este beneficio possui baixa 
renda, entretanto o projeto apresentava a seguinte divisão nos custos: 
De acordo com o projeto 5% do valor eram de responsabilidade da 
concessionária responsável pela área, 15% deveriam ser pagos pelo interessado, 
80% financiados com recursos do BNDES pelos próprios interessados. Assim, com o 
custo da ligação em torno de R$ 1.500 por residência, o morador rural deveria pagar 
R$ 225 para a instalação e o restante, em parcelas de R$ 30, financiados pelo 
BNDES (RIBEIRO, 2000). 
O Governo Estadual partiu do princípio de que as concessionárias não 
possuíam interesse em expandir suas redes á área rural, pois a população não tem 
poder de compra e o lucro esperado com o consumo de energia retornaria de forma 
lenta, a longo prazo. Assim, o programa ficou á margem da maximização de lucros. 
O CERESP, juntamente com o programa “Luz da Terra”, assinou contrato 
com o programa que viria a seguir, “Luz no Campo”, em maio de 2000, o que 
possibilitou complementar recursos e facilitar o acesso de pessoas impedidas de 
obter crédito. Apesar da estimativa de zerar o déficit na região do Estado, foram 
efetivadas 40 mil ligação a um custo de R$ 80 milhões (SUGIMOTO, 2002). 
1.2 Luz no Campo 
O programa “Luz no Campo” foi instituído em dezembro de 1999, sob 
responsabilidade da Eletrobrás, com a meta de ligar um milhão de domicílios em três 
anos, tempo relativamente curto. Seu objetivo principal era suprir de energia elétrica 
20 
 
as áreas rurais não atendidas, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida no 
campo (BRASIL, 2007). 
O “Luz no Campo” destinou R$ 1,77 bilhões, provenientes da Reserva Global 
de Reversão (RGR), para financiamentos a agentes executores, concessionárias de 
energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural. Houve uma complementação 
de R$ 930 milhões por parte dos agentes executores e dos governos Federal, 
Estadual e Municipal (SUGIMOTO, 2002). 
Até junho de 2002, foram atendidas 419 mil novas famílias, beneficiando 
cerca de 2,08 milhões de habitantes. Deste total, 98 mil ligações atenderam 
residentes em municípios relacionados ao Projeto Alvorada. 
O Projeto Alvorada possuía como missão reforçar e intensificar o 
gerenciamento de ações com impacto na melhoria das condições de vida nos 
estados do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, 
Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins e nas 
microrregiões e municípios dos demais estados, que apresentem IDH (Índice de 
Desenvolvimento Humano) menor ou igual a 0,500, nas áreas de educação, saúde, 
saneamento, infra-estrutura, turismo, entre outros. Dentre as ações principais 
referentes ao Ministério de Minas e Energia destacava-se a priorização das ações 
relacionadas com a eletrificação rural e energia dos eixos Norte e Nordeste 
(BRASIL,2007). 
O programa, porém, apresentou uma falha semelhante ao programa anterior, 
onde os residentes de áreas rurais também deveriam pagar por uma determinada 
taxa de instalação. Problema grave foi relatado em Mato Grosso, onde cerca de 40 
mil famílias ainda tem de pagar pela energia elétrica. O Projeto de Lei nº 661, deste 
ano, dispõe sobre a anistia de dívidas dos consumidores de energia elétrica 
contraídas no âmbito do programa (BRASIL, 2007). 
Observou-se que a pesquisa socioeconômica de campo ainda não foi 
apresentada e os resultados mais específicos não foram divulgados em site oficial 
durante a pesquisa realizada para a confecção deste trabalho. A falta destes dados 
inviabiliza um maior aprofundamento sobre a avaliação do programa. 
 
21 
 
1.3 Luz para Todos 
O programa “Luz para Todos” foi criado com o objetivo principal de promover 
o acesso á energia elétrica para famílias de baixo poder aquisitivo, residentes no 
meio rural, e atender as demandas comunitárias de escolas, postos de saúde e 
sistemas de bombeamento de água, através da extensão de redes ou atendimento 
descentralizado (MME,2005). 
As metas do programa (Gráfico 1), como já poderiam ser previstas, possuem 
maiores investimentos nas regiões Norte (R$ 2,7 bilhões) e Nordeste (R$ 4,4 
bilhões) do país. Conseqüentemente, essas regiões receberão um maior percentual 
de atendimento até o término do programa. 
 Gráfico 1 – Objetivos do programa Luz paraTodos. 
 
 Fonte: Instituto Acende Brasil, 2007. 
 
Com início em 2004, o programa foi instituído pelo Decreto nº 4.873, de 11 de 
novembro de 2003, e como meta prover, até o ano de 2010, o acesso á energia 
elétrica á totalidade da população do meio rural brasileiro. Entretanto, a 
regulamentação da agência Nacional de Energia Elétrica estabelece como limite 
nacional o ano de 2015 e, além disso, afirma que parte da população será atendida 
somente no final deste prazo (INSTITUTO ACENDE BRASIL, 2007). 
22 
 
O programa “Luz para Todos” possui a integração entre os ministérios da 
Ciência e Tecnologia, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Educação, Saúde, 
Desenvolvimento Agrário, Defesa, Desenvolvimento Social e Combate á fome e 
Banco do Brasil, visando o desenvolvimento econômico associado á implantação de 
programas sociais (MME, 2008). A integração de ações entre os Ministérios 
participantes possibilita que a chegada da energia elétrica não se torne apenas um 
vetor para o aumento do consumo. 
As necessidades básicas devem ser supridas assim como as sociais, 
econômicas e ambientais da região. É necessário compreender que a eletrificação 
não é meramente uma questão técnica ou econômica e sim um processo social, de 
inclusão da população (REIS,2000). 
Exemplo disto é o ocorrido após a chegada da eletricidade através do 
programa “Luz para Todos” nas 98 residências da comunidade remanescente de 
quilombos Degredo, localizada a 45 km da sede de Linhares, Espírito Santo. 
O Centro Comunitário de produção de Degredo foi inaugurado e idealizado 
em parceria com a Associação de Mulheres de Degredo, a Associação de 
Moradores e de Pescadores, o Instituto Raízes da Terra, a Secretaria Estadual de 
Agricultura, a Prefeitura de Linhares, o Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento 
Internacional (USAID). Esta integração demonstra resultados positivos, como a 
montagem de núcleos de corte e costura, apicultura e artesanato, ampliando a renda 
dos moradores e a oferta de empregos na região (GEER,2005). 
Para a avaliação parcial do programa, foi desenvolvida uma pesquisa pelo 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com o Ministério de 
Minas e Energia, envolvendo 24 estados brasileiros, exceto Amapá, Roraima e 
Distrito Federal. Através dos resultados constatou-se que: 26,3% compraram novos 
aparelhos de televisão, 17,8% adquiriram televisores usados, 35,7% compraram 
geladeira e 14,3% ventiladores. Além disso, 23% dos entrevistados responderam 
que, caso a energia elétrica não chegasse, pelo menos um membro da família iria 
embora. Estimou-se, então, que 200 mil pessoas abandonariam o campo, já que 1,1 
milhões de casas recebem energia através do projeto (SANTANA, 2007). 
23 
 
Entretanto, assim como os programas analisados anteriormente, o “Luz para 
Todos” também apresenta algumas distorções, segundo o Instituto Acende Brasil 
(2007). Destacam-se as seguintes: a) A insuficiência de recursos para cobrir os altos 
custos de implantação, operação e manutenção do programa de universalização, b) 
O risco de inviabilização das tarifas de energia em regiões menos desenvolvidas, 
onde os impactos tarifários do programa são mais expressivos. 
Tais entraves são acarretados, principalmente, pelo principal diferencial do 
programa que não obriga o pagamento da instalação pelo proprietário rural. Desta 
forma, os encargos são repassados aos consumidores através do aumento da tarifa 
na área de concessão e não apenas daqueles diretamente beneficiados (FSP, 
2008). 
 A divisão dos investimentos, no inicio da implantação do programa, deu-se 
da seguinte maneira: 10% financiados pelos Estados e os 90% restantes financiados 
pelos consumidores, através das taxas nas contas de luz. A saída encontrada pelo 
governo foi limitar esta tarifa a 8%, transferindo o ônus do programa ás 
concessionárias, que são obrigadas a implementá-lo, sem garantia da cobertura dos 
custos (FSP, 2008). 
Essa situação, segundo Cláudio Sales (FSP,2008), cria um dilema no campo 
das políticas públicas, onde aumentar a tarifa para Estados carentes não é 
desejável, mas a transferência do ônus para as empresas compromete a capacidade 
de investimento do setor. Sales indica duas medidas que o governo deveria adotar: 
a primeira é garantir o equilíbrio dos custos do investimento e compatibilizá-lo com a 
capacidade de pagamento dos consumidores, a segunda é dar maior transparência 
ao programa, afim dos consumidores poderem avaliar os custos e dificuldades da 
implantação do programa. 
 
 
 
 
 
 
24 
 
2. AS TÉCNICAS COMO FATOR DE TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO 
GEOGRÁFICO 
 
 Extraído de leituras relacionadas às diferentes técnicas utilizadas pelo 
homem no seu respectivo espaço, pode-se colocar algo que inclusive é discutido no 
meio educacional: que o ser humano ao logo de sua história extraia da natureza 
somente o que necessitava para sua sobrevivência na terra, isso foi se modificando 
na medida em que foram sendo desenvolvidas técnicas na sociedade na intenção de 
melhorar o cotidiano das pessoas. 
 Historicamente quando a espécie humana passa a desenvolver sua 
capacidade de produzir seus meios de sobrevivência, surge a partir daí a concepção 
de dominação da natureza, utilizando-a para tornar realidade vários interesses do 
homem, que ora surgem as facilidades, mas, também, mesmo que de forma 
involuntária faz surgir o sedentarismo (SEVERINO, 1941). 
 O homem é capaz de se adaptar as mais diversas condições que a 
natureza lhe impõe. Levando em consideração que o homem nesse momento é 
capaz de desenvolver e aperfeiçoar suas técnicas, o mesmo não é visto mais como 
um ser passivo, mas sim ativo e social, pois é a partir dai que se expande e se 
distribui , acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais não só nos 
continentes, mas também em cada país, em cada região e em cada lugar (SANTOS 
1988). 
 Segundo Santos (1988), a principal forma de relação entre o homem e o 
meio, é dada pela técnica. As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e 
sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria 
espaço. 
 As técnicas além de produzir espaço também produzem história através 
das ações impostas pelo homem nos objetos encontrados na natureza. É perceptível 
também que por meio das técnicas podemos compreender a forma e o lugar como 
nossos antepassados viviam e fazer uma relação com o nosso modo de vida, 
podendo dessa forma perceber e entender como acontece à dinâmica do espaço. 
(SANTOS 1988). 
 
25 
 
As técnicas, de um lado, dão-nos a possibilidade de empirização do tempo 
e, de outro lado, a possibilidade de uma qualificação precisa da 
materialidade sobre a qual as sociedades humanas trabalham. (SANTOS 
1926-2001. P.34.) 
 
Santos (1988) relata, que é o lugar que atribui às técnicas o princípio de 
realidade histórica, relativizando o seu uso, integrando-as num conjunto de vida, 
retirando assim de sua abstração empírica e lhes atribuindo efetividade histórica. E, 
num determinado lugar, não há técnicas isoladas, de tal modo que o efeito de idade 
de uma delas é sempre condicionado pelo das outras, O que há num determinado 
lugar é a operação simultânea de várias técnicas, por exemplo, técnicas agrícolas, 
industriais, de transporte, comércio, técnicas que são diferentes segundo os 
produtos e qualitativamente diferentes para um mesmo produto, segundo as 
respectivas formas de produção. 
Essas técnicas particulares, essas "técnicas industriais", são manejadas 
por grupos sociais portadores de técnicas socioculturais diversas e se dão sobre um 
território que, ele próprio, em sua constituição material, é diverso, do ponto de vista 
técnico. São todas essas técnicas, incluindo as técnicas da vida, que nos dão a 
estrutura de um lugar (SANTOS 1926-2001.) 
Entretanto pode-se dizerque em um estado, cidade ou povoado, pode haver 
a existência de várias técnicas diferentes, e o que vai diferenciá-la são determinados 
grupos sociais que possuem mais ou menos recursos financeiros, essa diferença de 
recursos interfere diretamente na qualidade de determinado produto como também 
na própria estrutura de um determinado lugar. 
O espaço por ser dinâmico está apto ás transformações, que aparecem 
devido à velocidade com que os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação 
chegam. O mundo contemporâneo mudou, pois o que era só local, atualmente 
passou a ser globalizado, porém, há tecnologias que muita das vezes fica restritas a 
uma minoria da população, sendo que a maior parte dessa população está 
desprovida desses benefícios principalmente populações que vivem no meio rural 
(SANTOS 1926-2001). 
Por meio dos avanços tecnológicos, juntamente com os meios de 
comunicação, foi que a mundialização se tornou praticamente uma regra, pois o 
homem muda de lugar, devido às facilidades que tais avanços proporcionam. Fluxos 
26 
 
de produtos, mercadorias, idéias, tudo circula às vezes sem nem se perceber, em 
uma verdadeira complexidade existente nos dias atuais. Esse mundo globalizado 
não nos permite pensar ou ouvir de forma isolada porque a velocidade que se 
propagam as informações, os meios de comunicação faz com que o homem cada 
vez mais se torne interativo com outras culturas e espaços habitados diferentes. 
(SANTOS. 1988). 
A dinâmica do espaço e da sociedade desde sua evolução histórica não se da de 
forma homogênea, pois os valores e culturas de cada povo são empregados de 
acordo com cada momento histórico, isso acaba tendo influência tanto na 
transformação e modificação do espaço como também na qualidade de vida de uma 
determinada população. As características da sociedade e do espaço geográfico, em 
um dado momento de sua evolução, estão em relação com um determinado estado 
das técnicas. Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicos sucessivos é 
essencial para o entendimento das diversas formas históricas de estruturação, 
funcionamento e articulação dos territórios, desde os albores da historia até a época 
atual. (SANTOS 1926-2001p. 111) 
 
Com os avanços tecnológicos, o homem dar características para o 
espaço habitado, no caso urbano os mesmos tornam-se cada vez mais artificial 
pelas obras do homem; a paisagem cultural substitui a paisagem natural, com o 
progresso das ciências e das tecnologias a produção se intensifica; os progressos 
da química e da genética juntamente com as novas possibilidades criadas pela 
mecânica, multiplicam a produtividade agrícola e reduz a necessidade de mão-de-
obra no campo (SANTOS 1982). 
 Ainda segundo Santos (1982), o espaço urbanizado seja nas cidades 
como no campo, vai se tornando um espaço cada vez mais instrumentalizado, 
culturizado, tecnificado e cada vez mais trabalhado segundo os avanços da ciência. 
O fato de que a energia elétrica, por exemplo, a mesma é responsável pela 
descentralização industrial. 
Então há de se perceber que, os avanços tecnológicos são responsáveis 
pela dinâmica e transformação do espaço habitado pelo homem, e que foi a partir 
dai que o espaço ganhou uma nova forma, também se percebe que essas 
tecnologias não são distribuídas igualitariamente, produzindo assim desigualdades 
na própria transformação do espaço como também do homem. Entretanto, fica claro 
que os meios técnicos-científicos são responsáveis pela transformação do espaço e 
do próprio homem. 
27 
 
No espaço rural brasileiro, o homem a princípio mantinha uma relação de 
dependência com a natureza, retirando somente o que precisava para sua 
subsistência, as técnicas tiveram evolução a partir do momento que o homem não é 
mais dominado pela natureza, passando a desenvolver relações tanto sociais como 
de trabalho com outras pessoas, é nesse momento que criam instrumentos capazes 
de interferir na natureza adaptando-as as suas necessidades. Após dominar a 
natureza o homem vai aperfeiçoando suas técnicas de trabalho de acordo com suas 
necessidades e exigências do mercado que por sua vez é muito competitivo 
(SEVERINO, 1941). 
Ainda segundo Severino (1941), esse período é marcado pelas 
inovações, técnicas e o conseqüente aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho. 
É um período em que os assentamentos humanos não se fundam mais nas ofertas 
da natureza, e as condições econômicas não dependem exclusivamente de 
condições naturais preexistentes. 
Santos (1988) coloca que é impossível vivermos sem tecnologia em um 
mundo tão globalizado, pois elas são irreversíveis, na medida em que em um 
primeiro momento são um produto da historia, e em um segundo momento, elas são 
produtoras da história, haja vista que diretamente participam desse processo. 
No Brasil, a modernização agrícola teve um grande impulso com a criação 
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no ano de 1971. Com 
o objetivo de atender à necessidade de instrumentos mais eficientes e articulação 
mais eficaz. No mesmo período, foi reestruturado e dinamizado o sistema nacional 
de assistência técnica e extensão rural, por meio da criação da Empresa Brasileira 
de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater,2007). 
A partir da Revolução Verde, os avanços no que diz respeito à 
mecanização do campo no Brasil ganharam outra dimensão, pois a produção na 
época teve grandes proporções com relação ao aumento de alimentos. Mas se sabe 
que essas tecnologias na maioria das vezes ficam restritas nas mãos de poucos. 
Baseado no que foi expresso, se percebe o quanto a tecnologia é capaz 
de transformar não somente o espaço, mais o nosso modo de vida. E uma das 
características marcantes desse sistema é a rapidez de sua difusão. Essa inovação 
28 
 
se tornou mais rápida após a segunda guerra mundial, ela também pode ser medida 
com outros parâmetros, como por exemplo, o respectivo período de 
desenvolvimento constituído pela soma de dois momentos, o período de incubação 
e o período de desenvolvimento comercial, ou em outras palavras, o tempo que dura 
entre o encontro de uma nova tecnologia, sua ocultação como válida para fins 
industriais e sua afirmação histórica, com uso generalizado. (SANTOS, 1999). 
 
3. ALTERAÇÕES NO ESPAÇO RURAL A PARTIR DA INSERÇÃO DA TÉCNICA 
 
Sobre o contexto histórico da Energia elétrica no Brasil pode se ressaltar que 
a Constituição Federal de 1946 pode ser considerada como um momento de inflexão 
da infraestrutura nacional, haja vista a sinalização de atuação estatal direta nos 
setores de capital intensivo, notadamente o energético. É a primeira Carta Maior que 
enuncia expressamente a competência da União para legislar sobre energia, bem 
como a riqueza do subsolo (GEER,2005). 
Ao prever competência para legislar sobre energia elétrica, a Constituição 
Federal de 1946 emancipou o conceito de eletricidade do aproveitamento hídrico, de 
forma a reconhecer juridicamente a existência tecnológica de outras matrizes pela 
separação entre o aproveitamento da energia elétrica e da água.(MME,2011) 
Segundo Sanches (2006), entre 1946 á 1993 a história pautava-se a respeito 
da estatização do setor de energia onde ocorreu em um período de grande 
turbulência política no país. 
Com o fim do Estado Novo, ocorrido com a deposição de Getúlio Vargas, 
toma posse o jurista cearense José Linhares, que exerceu a presidência por 
convocação das forças Armadas, por ser presidente do Supremo Tribunal Federal – 
STF. Ficou no cargo em torno de três meses, quando toma posse o marechal mato-
grossense Gaspar Dutra, por intermédio de eleições diretas, na qual apoiou sua 
campanha com base no Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) 
(Sanches,2006). 
Nessa questão energética brasileira, teóricos como Beltrão Sposito, (2006), 
ressalta que a energia elétrica propicia um processo de urbanização, uma vez quefaz parte dos quesitos básicos para considerar evolução urbana de um lugar. 
29 
 
A respeito da Incorporação de infra-estrutura (telefonia, energia elétrica, 
pavimentação, entre outras). O uso de tais infra-estruturas facilita a vida de 
qualquer pessoa e é comum que todos procurem formas de ter sido 
analisado como processo de urbanização do campo. (Sposito,2006, p. 32) 
 
Corrêa (1998), coloca que em dezembro de 1950 foi firmado acordo junto ao 
governo dos Estados Unidos denominado Comissão Mista Brasil – Estados Unidos 
para o Desenvolvimento Econômico. Em 1951, com o retorno pela via democrática 
de Getúlio Vargas ao poder, a comissão iniciou suas atividades. Observa-se que a 
principal conclusão dos estudos da comissão, que jamais chegou a ser formalmente 
aprovada, foi identificar que a escassez de eletricidade inviabilizava a 
industrialização. 
Os estudos técnicos apontavam como solução a necessidade de criar 
condições para eliminar obstáculos ao fluxo de investimentos, públicos e 
particulares, estrangeiros e nacionais, necessários para promover o 
desenvolvimento econômico. (Corrêa, 1998). 
Ainda de acordo com Corrêa, (1998). A evolução da economia brasileira é 
marcada por um processo de concentração de renda que persiste mesmo com 
alterações na política econômica e flutuações no desempenho econômico. Apesar 
dos picos de crescimento econômico e dos avanços sociais dos últimos anos, ainda 
persistem índices de pobreza bastante elevados, caracterizados por baixos índices 
absolutos de renda e desigualdades sociais existentes desde o período colonial. 
Para Corrêa (1998), tanto o modelo de substituição de importações na década 
de 1950 e parte de 1960 quanto o modelo voltado para exportações pós-1964 
excluíam um caminho alternativo baseado num projeto nacional centrado na 
elevação do poder político e do padrão de consumo das massas urbanas e rurais. A 
pobreza está associada à insuficiência de renda, sua falta ou escassez, uma pessoa 
que possui renda média inferior à estabelecida pela linha de pobreza estará dentro 
dessa classificação. 
Com relação à pobreza no meio rural brasileiro, dados do Banco Mundial 
(2001) também confirma que a pobreza rural está essencialmente concentrada nos 
domicílios agrícolas localizados em áreas distantes, fora de áreas que atendem a 
qualquer critério de aglomeração rural, caracterizando-se por locais de pequena ou 
30 
 
nenhuma infraestrutura, poucas estruturas permanentes e baixa densidade 
populacional. 
De acordo com Morante Trigoso (2004) a eletrificação deve vir acompanhada 
de iniciativas e ações que abranjam a saúde, a educação, a produção e muitos 
outros setores complementares. A visão dos formuladores do Programa Luz para 
Todos era coerente com aquela de todo o Governo Federal de que a energia elétrica 
é condição necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento. 
A falta de regularização na expansão do setor elétrico rural sob o controle das 
concessionárias privadas ocasiona aumento abusivo no valor, levando a ações 
judiciais que exigiam a redução dessas tarifas. Já naquele momento, este 
acontecimento colocou em pauta o confronto entre a eletrificação rural e a urbana, 
evidenciando a baixa atratividade da eletrificação rural para as concessionárias, 
devido a uma relação custo-benefício desfavoráveis (ANEEL, 2007). 
Depois de vinte anos do aparecimento da energia elétrica no Brasil é que 
foram criadas as primeiras Cooperativas de Eletrificação Rural. Elas contavam com 
a participação de estados e municípios e, expandindo pelo Brasil, criavam um 
sentido associativista, muito característico dos imigrantes europeus daquele período 
(ANEEL, 2007). 
A eletrificação passa a ter caráter cada vez mais importante, e sempre vindo 
associada às mudanças na questão econômica, eleva as transformações no 
cotidiano social dos lugares, Maria Sposito na obra Cidade e Campo, ressalta esse 
pensamento no trecho. 
As Pessoas, portanto, encontram-se imbuídas por uma lógica em que a 
rapidez dos acontecimentos determina o ritmo de seu modo de vida. 
Trabalho, descanso, compras e lazer são cadenciados pelo compasso da 
lógica do capital de maneira mais efetiva.(Sposito, 2006, p. 46). 
 
 
Baseado nas informações do ministério de Minas e Energia é apenas em 
1970 que é criado o Grupo Executivo de Eletrificação Rural (GEER), subordinado ao 
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que é o responsável 
por movimentar fundos do I Plano Nacional de Eletrificação Rural (I PNER), o qual 
recebia recursos do Fundo de Eletrificação Rural (FUER), criado pelo contrato de 
31 
 
empréstimo com o Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID), 
(MME,2011). 
Além dos diversos elementos regulamentares que permitiam o funcionamento 
do setor elétrico em âmbito nacional e ações pontuais de Governos Estaduais, o 
atendimento ao meio rural é realizado por demanda espontânea e é somente em 
1999 que se cria um Programa voltado para a disponibilização de energia elétrica de 
maneira massiva para o meio rural. 
O Programa Nacional de Eletrificação Rural - Programa Luz no Campo - foi 
criado por decreto presidencial e coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, 
contando com suporte técnico, financeiro e administrativo da Eletrobrás. Tinha como 
meta disponibilizar energia elétrica para um milhão de propriedades e domicílios 
rurais ao longo de três anos. Além de incrementar a eletrificação rural, o Programa 
Luz no Campo buscava estimular a intensificação das atividades rurais, integrando 
programas e ações de desenvolvimento rural.(MME,2003) 
Na visão de Fugimoto, o Programa Luz no Campo foi implementado por 
intermédio de critérios técnicos que exigiam a: 
 ...otimização dos traçados de redes e linhas, encurtando distâncias; a 
utilização, em larga escala, de sistemas elétricos monofásicos, notadamente 
monofásicos com retorno por terra – MRT; a escolha de materiais e 
equipamentos alternativos, de menor custo; o atendimento prioritário às 
cargas típicas rurais e o incentivo à participação dos interessados no 
fornecimento de mão-de-obra não especializada, em áreas de menor poder 
aquisitivo”.(FUGIMOTO,2005,p. 27). 
 
 
A rede elétrica é estendida até onde a relação benefício-custo justifique sua 
instalação. Os responsáveis pela provisão do serviço ficam à espera de atingir um 
nível de consumo que justifique os grandes investimentos. Além disso, limitantes de 
caráter geográfico e ambiental (ilhas, florestas, montanhas, áreas de conservação 
ambiental, reservas extrativistas, etc.) impossibilitam a extensão da rede elétrica, 
tornando ainda menos atrativo esse perfil de atendimento. A geração local utilizando 
tecnologias alternativas, como pequenas quedas, a eólica, biomassa ou solar-
fotovoltaica, constitui opções técnicas factíveis que carregam os mesmos problemas 
de viabilidade econômica e muitas vezes de gestão futura. (MME,2003). 
 
32 
 
4. ENTENDENDO O “PROGRAMA LUZ PARA TODOS” 
 
O Governo Federal lançou em novembro de 2003 o desafio de acabar com a 
exclusão elétrica no país. Com o Programa “Luz para Todos, teve em sua criação 
como meta, levar energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural 
até o ano de 2008. 
O programa tem o Ministério de Minas e Energia como setor coordenador, 
operacionalizado pela Eletrobrás e executada pelas concessionárias de energia 
elétrica e cooperativas de eletrificação rural. 
Para o atendimento da meta inicial, forão investidos R$ 20 bilhões. O Governo 
Federal destinou cerca de R$ 14,3 bilhões e o restante sendo partilhado entre 
governos estaduais e as empresas de energia elétrica. Os recursos federais saíram 
de fundos setoriais de energia - a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a 
Reserva Global de Reversão (RGR). 
Segundo o site do programa Luz para Todos, o mapa da exclusão elétrica no 
país revela que as famílias sem acesso à energia estãomajoritariamente nas 
localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano e nas famílias de baixa 
renda. Cerca de 80% estão no meio rural, por isso, o objetivo do governo foi o de 
utilizar a energia como vetor de desenvolvimento social e econômico destas 
comunidades, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar. 
A chegada da energia elétrica facilitará a integração dos programas sociais do 
governo federal, além do acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de 
água e saneamento. 
Durante a execução do Programa, novas famílias sem energia elétrica em 
casa foram localizadas e, em função do surgimento de um grande número de 
demandas, o Luz para Todos foi prorrogado para ser concluído a princípio no ano de 
2010. Porém, o Programa foi novamente prorrogado, agora para ser continuado até 
meados de 2015, para possibilitar que todas as famílias brasileiras façam parte do 
objetivo de universalização da energia elétrica (GEER,2005). 
 
33 
 
 Objetivos do Programa LPT. 
 
Dado o contexto apresentado, em que 80% da exclusão elétrica está no meio 
rural, o Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, elaborou o 
Programa Luz para Todos, que objetiva garantir o acesso ao serviço público de 
energia elétrica a todos os domicílios e estabelecimentos do meio rural, melhorar a 
prestação de serviços à população beneficiada, intensificar o ritmo de atendimento e 
mitigar o potencial impacto tarifário, por meio da alocação de recursos 
subvencionados e pelo complemento de recursos financiados, (GEER,2005). 
 
Além disso, o Programa Luz para Todos se integra aos diversos programas 
sociais e de desenvolvimento rural implementados pelo Governo Federal e pelos 
Estados, para assegurar que o esforço de eletrificação do campo resulte em 
incremento da produção agrícola, proporcionando o crescimento da demanda por 
energia elétrica, o aumento de renda e a inclusão social da população beneficiada, 
(GEER,2005). 
 
 Formas de atuação 
 
O Programa Luz Para Todos tem como agentes executores as 
concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica e as 
cooperativas de eletrificação rural autorizadas pela Aneel, sendo que, em condições 
excepcionais, quando os agentes executores estiverem impedidos de 
operacionalizar a implementação do Programa, fica a Eletrobrás, na condição de 
interveniente, autorizada a delegar a operacionalização do Programa à uma das 
empresas coordenadoras regionais, mencionadas no item 5.4. 
 
Para alcançar seus objetivos e otimizar a utilização dos recursos públicos, o 
Programa prioriza o atendimento com tecnologia de rede de baixo custo e, de forma 
complementar, com sistemas de geração descentralizada com rede isolada e 
sistemas individuais. 
 
34 
 
Nesse cenário, o Programa destina recursos a projetos que visem ao 
atendimento de futuros consumidores situados em áreas rurais e privilegiará o 
caráter social do investimento. A distribuição dos recursos setoriais (Conta de 
Desenvolvimento Energético - CDE e Reserva Global de Reversão - RGR) baseia-se 
principalmente na necessidade de mitigar os impactos tarifários das diversas áreas 
de concessão, nas carências regionais e na contrapartida financeira oferecida pelos 
estados e Agentes Executores. O Programa fomenta a integração com outras ações 
ministeriais, envolvendo seus participantes na construção da inter setorialidade das 
políticas públicas, (GEER,2005). 
 
Contempla ainda, ações para capacitar, entre outros, os agentes executores e 
os técnicos de desenvolvimento, para estimular o uso eficiente e produtivo da 
energia elétrica. Por meio de processos de capacitação, podem ser identificadas 
oportunidades e/ou apresentados projetos para as áreas rurais que contemplem a 
implementação tanto de programas de informação aos consumidores como de 
projetos de uso eficiente e produtivo da energia elétrica. 
 
Para estabelecer as premissas de implantação do Programa Luz Para Todos. 
O Governo Federal, os Estados e os Agentes Executores confirmaram Termo de 
Compromisso, com a interveniência da Agência Nacional de Energia Elétrica Aneel e 
da Eletrobrás, no qual definiram-se as metas anuais de atendimento no meio rural e 
os percentuais de participação financeira de cada uma das fontes de recursos que 
compõem o Programa, (GEER,2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
- Quadro demonstrativo de gestão do programa “Luz para Todos”. 
Gestão Participativa. 
Como o programa funciona: A gestão do Luz para Todos é partilhada com todos os 
órgãos interessados: governos estaduais, distribuidoras de energia, ministérios, 
agentes do setor e comunidades. Com os governos estaduais, foram assinados 
protocolos de adesão ao programa. Além de participarem da gestão do Programa, 
os governos estaduais também entram com recursos para a eletrificação das 
comunidades. 
Comissão Nacional de Universalização. 
O Programa conta com uma Comissão Nacional de Universalização (CNU), 
coordenada pelo Ministério de Minas e Energia e integrado pela Casa Civil e pelo 
Ministérios de Desenvolvimento Agrário; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Integração Nacional; Educação; Saúde; 
Meio Ambiente; Ciência e Tecnologia; Indústria do Desenvolvimento e Comércio 
Exterior e também pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social); ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o Fórum de Secretários de 
Energia. O CNU estabelece ações interministeriais para o desenvolvimento das 
comunidades rurais. A estrutura executiva do Programa é composta pelo Comitê 
Gestor Nacional (CGN) e pelos Comitês Gestores Estaduais (CGEs). 
Tipificação dos recursos 
Os recursos necessários ao desenvolvimento do Programa virão do Governo 
Federal, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e da Reserva 
Global de Reversão (RGR), dos governos estaduais envolvidos e dos Agentes 
Executores – concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica e 
cooperativas de eletrificação rural. Poderão também ser utilizados recursos de 
outros órgãos da Administração Pública e de outros agentes. 
Conta de Desenvolvimento Energético – CDE 
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) disponibiliza recursos a título de 
subvenção econômica (fundo perdido). O principal critério para alocação dos 
recursos da CDE entre os Agentes Executores tem por base as carências regionais, 
a antecipação das metas e a mitigação, por área de concessão, do potencial 
impacto tarifário do Programa. Considerou-se como montante mínimo de recursos 
oriundos da CDE para o Programa um valor igual ao disponibilizado pelas Unidades 
da Federação. 
Reserva Global de Reversão – RGR 
Os recursos provenientes da Reserva Global de Reversão são 
disponibilizados na forma de financiamento, complementando as demais fontes. A 
RGR poderá, ainda, ser utilizada como subvenção econômica, na forma da Lei nº 
10.762, de 11 de novembro de 2003. 
Fonte: Grupo Executivo de Eletrificação Rural – GEER, 2005. 
 
 
36 
 
 
 Estados e municípios 
 
Os recursos provenientes dos estados e municípios são a título de subvenção 
econômica, definidos a partir da elaboração do Termo de Compromisso. A 
participação financeira dos municípios, quando ocorrer, será computada em conjunto 
com a participação do Governo Estadual. Os recursos a serem aportados pelos 
estados são estabelecidos em instrumento jurídico apropriado, a ser celebrado entre 
este estado e o respectivo Agente Executor, conforme definido no Termo de 
Compromisso. (GEER,2005). 
 
 Agentes executores - concessionárias e permissionárias de distribuição de 
energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural autorizadas pela ANEEL. 
 
A participação financeira do Agente Executor, a título de contrapartida, será 
definida entre o MME e o Agente Executor e firmada no Termo de Compromisso. 
(GEER,2005).Custos Indiretos: 
 
Custos contabilizados pelos Agentes Executores, referentes a serviços 
próprios (Administração e engenharia, incluindo projetos, fiscalização, topografia e 
tributos relacionados), confecção e instalação de placas de obras, licenças 
ambientais e indenizações para passagem de redes. 
 
Os custos indiretos serão aceitos até o percentual da participação do capital 
próprio do Agente Executor no valor total do programa de obras, estabelecido no 
Termo de Compromisso, limitado a 15% (quinze por cento) do valor total de custos 
diretos comprovados de cada módulo das planilhas do Programa Luz para Todos do 
efetivamente realizado. 
Custos Diretos: 
 
37 
 
Custos com aquisição de materiais e equipamentos e com despesas de mão 
de obra de terceiros e transporte de terceiros para a execução das obras. A rubrica 
“Transporte de Terceiros” deverá estar limitada a 5% do valor total de cada módulo 
unitário, exceto no caso onde houver necessidade de transporte fluvial, que será 
analisado pela Eletrobrás. 
 
 O programa de obras 
 
É a quantificação do número de consumidores a serem atendidos, bem como 
o detalhamento dos materiais, equipamentos e serviços, com os respectivos custos, 
que serão utilizados para o cumprimento das metas de atendimento firmadas no 
Termo de Compromisso. 
 
É elaborado pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de 
energia elétrica e cooperativas de eletrificação rural, mediante o preenchimento das 
planilhas disponíveis na página do MME – www.mme.gov.br/luzparatodos e 
apresentado à Eletrobrás, por meio do endereço: projrural@eletrobras.com. 
 
 Análise e procedimentos 
 
A Eletrobrás efetuará a análise técnica e orçamentária do Programa de 
Obras, assistida pelo Ministério de Minas e Energia, interagindo com as 
concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica e cooperativas 
de eletrificação rural, até que se obtenha condição técnico-financeira adequada e 
compatível com os recursos previstos. 
 
Uma vez acordada essa condição, a Eletrobrás encaminhará a análise ao 
Ministério de Minas e Energia – Diretoria do Programa Luz Para Todos, que emitirá 
seu parecer. Obtido o parecer favorável, o Programa de obras será viabilizado. 
 
 
 
 
 
mailto:projrural@eletrobras.com
38 
 
5. A ENERGIA ELÉTRICA COMO UM FATOR DE ALTERAÇÃO NO ESPAÇO 
RURAL DO POVOADO BUENOS AIRES – 1º DISTRITO DE CAXIAS – MA 
 
Com base na avaliação das mudanças ocorridas no espaço rural pesquisado, 
o efeito causado pelo recurso da energia elétrica modificou vários pontos do 
cotidiano dos moradores no povoado Buenos Aires, alterações de caráter 
econômico, bares, usinas de beneficiamento de arroz, casas de farinhas para 
produção da farinha, fizeram sumir os hábitos tradicionais. 
De acordo com Reis (2000), o atendimento ás regiões rurais proporciona 
impactos positivos na melhoria da qualidade de vida e acesso a condições básicas 
para o exercício da cidadania. Comunidades isoladas podem utilizar serviços como 
iluminação, bombeamento d`água, comunicação, refrigeração, além de iluminação 
para postos de saúde, escolas e em processos da agricultura. 
Segundo o presidente da associação de moradores do povoado, após o 
incremento da energia elétrica, se percebeu até uma diminuição de saídas do povo 
da localidade para residir na cidade, os moradores melhoraram a qualidade de vida, 
quanto ao direito dos benefícios de infra-estrutura, e de adquirirem eletrodomésticos 
e equipamentos rurais elétricos. 
O acesso à energia gera elevação dos padrões e da qualidade de vida, e se 
configura como conquista de cidadania. Pelo uso da energia elétrica o cidadão se 
apropria de seu direito à informação e se apercebe de um sentimento de integração 
à sociedade. A energia elétrica é um vetor de coesão social, além de ser, enquanto 
política social, estruturante, abrindo caminho para outras políticas de inclusão, tais 
como inclusão digital, (ANEEL,2008). 
A energia possibilita a extensão do dia para atividades de estudo, lazer, 
integração social. A saúde é beneficiada, na medida em que fontes outras de 
iluminação (a querosene, vela, diesel etc.) podem ser eliminadas. A possibilidade de 
conservação de alimentos em geladeiras ao invés de antigas técnicas (como a de 
salgar as carnes, por exemplo) garante uma melhor qualidade da alimentação e uma 
vida mais sadia, (ANEEL,2008). 
Segundo a GEER, (2007) a energia elétrica pode ser encarada como fator de 
promoção da qualidade de vida, de produção, desenvolvimento econômico e de 
geração de emprego e renda. A exclusão social também se dá por falta de acesso a 
39 
 
energia. O desenvolvimento tecnológico, ao passo que traz benefícios à 
humanidade, aumenta a distância entre os sem e os com energia. 
Sem (2000), enfatiza que a energia participa como um importante elemento 
de rompimento do ciclo de pobreza ao incrementar as capacidades competitivas dos 
indivíduos e das comunidades rurais. De certo que a energia não é capaz de romper 
por si só este ciclo, mas a chegada da eletricidade possibilita um maior poder de 
escolha para os indivíduos, ao tornar disponível um número maior de alternativas de 
conversão de capacidades em renda. Esta nova liberdade adquirida já torna a 
condição dos habitantes rurais fundamentalmente distinta daquela em que viviam 
antes da eletrificação. 
O uso da energia elétrica pode melhorar o valor da produção agropecuária 
pela modernização de processos produtivos que agregam valor ao produto como 
utilização de desintegradores, resfriadores e do bombeamento de água. Contudo, a 
intensificação do uso da energia elétrica no campo depende de programas do 
governo, pois a iniciativa privada não tem interesse em realizá-lo. O retorno do 
investimento é demorado e, sem financiamento adequado, torna-se um objetivo 
distante, sobretudo para o pequeno produtor. 
A questão que se coloca é que não se sabe qual é a forma e a velocidade 
como a energia elétrica penetrou nas regiões e nos imóveis agrícolas e, portanto, 
qual sua relação com o domicílio e com o valor da produção. Dependendo dessa 
forma, podem-se ter regiões e imóveis diferenciados no que se refere à relação da 
produção agropecuária com o consumo de energia elétrica. 
Contudo o acesso ao serviço de energia, não é apenas a luz que chega à 
casa dos brasileiros. Ela possibilita o desenvolvimento econômico das comunidades, 
ajudando na redução da pobreza e da fome. Por isso, o programa também tem uma 
equipe trabalhando no planejamento e execução de ações integradas em várias 
comunidades, que passam a ter uma vida melhor com a chegada da energia e das 
novas possibilidades de produção e trabalho que ela proporciona. 
 
 
40 
 
6. ANÁLISE DOS DADOS 
 
Os resultados revelam o perfil das famílias atendidas pelo programa, os 
números falam por si mesmos a melhoria na qualidade de vida delas após a 
chegada da eletricidade. As informações abaixo são de cunho investigativo e os 
dados obtidos para as seguintes informações foram levantados atraves da aplicação 
de questionário que foi aplicado em 20 % dos chefes de famílias da localidade, o 
que totalizou 24 residências visitadas. 
A evidência da felicidade das pessoas ao receberem o benefício do acesso á 
energia elétrica é notada quando 100% dos entrevistados (24 chefes de família) 
atribuem ao acesso á eletricidade, o fator de melhoria na qualidade de vida e, todos 
admitiram também melhoria nas condições de moradia. Nesse ponto, vale destacar 
os avanços verificados na Saúde, em que 88% dos entrevistados (21 chefes de 
família) atestam a melhoria na disponibilidade de posto de Saúde, bem como a 
educação, em que 52 % dos entrevistados (13 chefes de família) apontam melhoria 
nas atividades escolares, por outro lado 92 % dos entrevistados (22 chefes de 
famílias) lembraram que o uso da internet é uma problemática, já existe um 
laboratório de informáticana escola do povoado, porém, não é usado pelos alunos 
ou outros moradores. 
Com o acesso a energia elétrica, pode-se dizer que não é apenas a luz que 
chega à casa de cidadãos da zona rural. Na verdade constata-se que ela possibilita 
o desenvolvimento econômico das comunidades, tal como também mudanças no 
comportamento das pessoas, atualmente no povoado escolhido para o 
desenvolvimento da pesquisa, Buenos Aires 1º Distrito de Caxias, comprova-se 
inúmeras mudanças com relação à chegada da energia elétrica, e, diga-se de 
passagem, se percebe que houve mais modificações positivas do que negativas. A 
localidade está ligada por estrada vicinal á cerca de 36 Km de distância da sede 
urbana. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Figura 1: Povoado Buenos Aires 1º Distrito de Caxias-MA 
 
 
 
Fonte: Equipe de Cartografia do Centro de Controle de Zoonoses de Caxias, 2009 
42 
 
De forma contundente pode-se dizer que o povoado está separado em dois 
períodos totalmente distintos, que através dos gráficos e tabelas elencam-se alguns 
quesitos que comprovam as modificações ocorridas no povoado, antes e depois da 
energia elétrica. 
 
Tabela: 01 – Tempo de residência no povoado Buenos Aires. 
Anos FREQUÊNCIA % 
01 á 05 
6 á 10 
11 á 20 
+ de 30 
03 
02 
07 
12 
12,5 
8,33 
29,16 
50 
Total 24 100 
Fonte: Silva, Novembro, 2012. 
 
No povoado Buenos Aires se constatou que metade das pessoas residentes 
vive ha mais de trinta anos na região. Não se registrou moradores bem recentes de 
moradia com menos de um ano, o que se observa é que há um numero significativo 
de moradores que vivem entre onze e vinte anos, em analise pode-se dizer que se 
trata dos filhos dos moradores mais velhos que se casam e estes por sua vez por 
serem ainda jovens, possuem essa média de tempo de casamento, 
conseqüentemente de residência, onde se percebe na tabela 1. 
Discorrendo sobre as atividades de ocupação, verificou-se que a figura do 
trabalhador rural ainda sobrepõem as outras atividades que o responsável da família 
pode ter, o que se coloca em analise de campo e representado no gráfico 2 é a 
presença do funcionário publico, esse aparece com mais destaque no cenário 
devido as conquistas que o povoado recebeu após implantação da energia elétrica, 
como o posto de saúde, as escolas foram ampliadas e passaram a funcionar no 
período da noite, esses lugares públicos dependem de zeladores, vigilantes, 
merendeiras no caso da escola, oportunidades de emprego que ficam geralmente 
com os moradores do povoado. 
43 
 
 
 
 
Fonte: Silva, Novembro. 2012 
 
Na tabela 2, analisam-se os benefícios ofertados por parte do governo, que 
segundo o que se coloca nos programas de eletrificação rural, o beneficio de ter 
acesso a energia elétrica, deve ser acompanhado com outras oportunidades 
coletivas para os moradores, destaque nesses programas para a Bolsa Família que 
numa freqüência de vinte e quatro chefes de famílias entrevistados, dezoito 
responderam receber o beneficio. 
 
Tabela: 02- Pessoas beneficiadas por programas governamentais. 
RESPOSTA Nº DE VEZES CITADO 
Bolsa família 
Aposentadoria 
Pensão 
Nenhum 
18 
06 
01 
01 
Fonte: Silva, Novembro, 2012. 
44 
 
Sobre o quesito da renda da família, não se detectou nenhuma que recebe 
acima de dois salários mínimos, a grande maioria declaram possuir uma renda na 
faixa de um a dois salários mínimos, esses dados estão representados na seqüência 
no gráfico 3. 
 
 
 Fonte: Silva, Novembro. 2012 
 
Outros importantes fatores que destaca-se na comunidade, foi a construção 
do posto de saúde que atende os moradores do Buenos Aires e pessoas de 
povoados vizinhos, o uso do prédio escolar a noite tornou-se uma realidade 
vantajosa e de grande valia. Porém não há até o presente momento influências 
voltadas a área de segurança e plantios, o que explica o nível oscilante de resposta 
no quesito qualidade de vida, entre as opções bom e regular que se verifica no 
gráfico 4. 
 
 
 
 
45 
 
Gráfico 4: Melhorias na comunidade com a disponibilidade de Energia Elétrica. 
 
Fonte: Silva, Novembro, 2012 
 
Como previsto no Programa de Universalização do Acesso e Uso da Energia 
Elétrica – Luz para Todos. O consumidor tem de arcar com tarifa mensal de uso do 
recurso, passando a coexistir um gasto no orçamento familiar que varia de acordo 
com o nível de consumo, as concessionárias calculam cada unidade de consumo 
através dos medidores de energia, tais aparelhos são instalados quando o 
responsável pela unidade consumidora faz o pedido de ligação do seu imóvel á rede 
elétrica. 
 Na tabela 3, pode-se analisar uma variação nas contas de energia dos 
entrevistados, onde se identificou maior freqüência nas tarifas de R$ 21,00 á R$ 
50,00, correspondendo 54,16% dos entrevistados, por se tratar das residências onde 
os moradores possuem além dos itens básicos de aparelhos domésticos e 
eletroeletrônicos, como são os casos das populares televisão e geladeira, alguns 
outros como ventiladores, máquina de lavar, DVDs, liquidificadores. 
Abaixo da faixa de R$ 21,00 de tarifa energética, há os consumidores mais 
humildes, hora possuindo só os itens elétricos básicos de casa, além de se 
identificar três entrevistados que corresponde a 12,5% da amostra, que não pagam 
tarifa de energia por configura-se unidade consumidora cadastrada em programa de 
46 
 
tarifa paga pelo Governo do Estado do Maranhão, que adota essa medida, á 
cidadãos declaradamente pobres. 
A partir de R$ 51,00 e na opção acima de R$ 100,00, verificou-se quadro 
entrevistados que correspondem á 16,66% da amostra, que pagam um valor mais 
elevado por se tratar de unidades consumidoras com algum tipo de atividade 
econômica, esse por sua vez fazem uso mais constante da energia elétrica, onde se 
pode citar, por exemplo, os bares. 
 
Tabela: 03 – Valor mensal gasto com energia elétrica. 
Valor gasto FREQUÊNCIA % 
Não paga 
 R$ 06,00 á R$ 10,00 
R$ 11,00 á R$ 20,00 
R$ 21,00 á R$ 30,00 
R$ 31,00 á R$ 50,00 
R$ 51,00 á R$ 100,00 
Acima de R$ 100,00 
Não respondeu 
03 
01 
02 
06 
07 
02 
02 
01 
12,5 
4,16 
8,33 
25 
29,16 
8,33 
8,33 
4,16 
Total 24 100 
Fonte: Silva, Novembro, 2012. 
Dentre o que ocorreu de vantagens podemos citar também, o uso de maquina 
no beneficiamento de arroz, antes do acesso da energia elétrica esse tipo de 
trabalho era realizado manualmente com o uso de um objeto artesanal feito do caule 
de uma determinada árvore, onde se denomina “pilão”, atualmente não se vê com 
facilidade esse produto nas residências dos moradores, mesmo quando há a falta da 
energia por um imprevisto na rede de transmissão, os moradores recorrem aos 
comércios e compram o arroz comercializado, pois em entrevista, as pessoas do 
lugar são taxativas em dizer que não querem de forma alguma fazer uso do “pilão” 
47 
 
mesmo sendo de graça, pois se um dia era uma necessidade, atualmente a máquina 
de pilar arroz é um avanço que eles não abrem mão de usar, mesmo pagando ou 
subtraindo alguns quilos de arroz da saca para o dono da máquina. Foto 1. 
 
Foto 1: Usina de beneficiamento de Arroz. 
 
Fonte: Silva, Novembro. 2012 
 
Dois outros importantes quesitos foram bastante lembrados em entrevista 
com moradores do povoado, ter uma geladeira e água encanada em casa. O 
beneficio de ter uma geladeira compondo os produtos de eletrodomésticos da 
residência, contribui na conservação dos alimentos por dias ou semanas, 
constituindo uma vantagem enorme, pois não se desperdiça comida como antes. 
Sem ter a energia elétrica quase todos os dias as donas de casa tinham que jogar 
em seus quintais o excedente de comida cozinhada para os animais, pois não 
serviam para o dia seguinte. 
 Foto 2: Contraste do pote e filtro de barro com a geladeira. 
 
 Fonte: Silva, Novembro. 2012 
48 
 
A água encanada para a grande maioria dos