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sus _ Desafio Nota Maxima

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Desafio Nota Máxima
Básico: SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Para entender a atual situação da saúde no Brasil é necessário conhecer os antecedentes históricos do SUS (Sistema Único de Saúde), que se iniciam no período colonial e imperial, caracterizando - se pela existência de várias doenças transmissíveis, trazidas pelos colonos portugueses primeiramente, e depois pelos estrangeiros que chegavam aqui para fins de comércio ou imigração. Muitas dessas doenças tornaram - se  endêmicas e geraram grandes epidemias. As doenças mais frequentes eram: doenças sexualmente transmissíveis, hanseníase, tuberculose, febre amarela, coléra, malária, varíola e leischmaniose. A assistência médica limitava - se apenas ás classes dominantes, constituídas pelos coronéis do café e era exercida pelos médicos que vinham da Europa. Aos demais restavam apenas os recursos da medicina popular. Nessa época surgem as primeiras Santas Casas de Misericórdia (CONASS, 2011).
O Brasil sempre viveu um modelo de assistência a saúde denominado curativo - privatista, onde sempre o foco privilegia uma abordagem individual e medicalizante dos problemas de saúde e negam a relação da doença com as condições de vida das pessoas e da coletividade, tanto que com o país sofria com as doenças transmissíveis,  em 1904 ocorreu a Revolta da Vacina, que foi uma reação popular contra a Lei da Vacinação. Para saber mais leia: "Uma Revolta popular contra a Vacinação"   http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n1/14861.pdf
Desde a República Velha a saúde no Brasil sempre teve uma relação muito forte com a política, aonde em 1923, nasce a Previdência Social que incorpora á assistência médica aos trabalhadores, ou seja, apenas quem contribuía com a previdência tinha acesso á saúde (AGUIAR, 2011). A previdência e suas mudanças tiveram fortes influências na saúde do Brasil e assim foi até a chamada reforma sanitária. Para entender melhor leia o texto: "Reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores".
Segue link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010459702014000100015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Para elucidar melhor o esclarecimento sobre a história assista o vídeo: Políticas de saúde no Brasil:
 https://www.youtube.com/watch?v=woUs1wHWepE
 
 Como podemos ler no artigo e observar no filme, a reforma sanitária foi o "ponta pé inicial" para a criação de um sistema único de saúde, assim, a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, criou um espaço importante para difundir as propostas da reforma. Cabe salientar que a VIII foi um marco histórico, pois reuniu cerca de 8.000 pessoas entre população, profissionais de saúde, políticos para discutir as ações de saúde, porém as conferências existem desde 1941, como podemos observar na imagem abaixo:
Atualmente estamos na 15. Conferência, que foi realizada no ano de 2015.
Fonte: http://conselho.saude.gov.br - Acesso em 06.01.2016.
Retomando, finalmente em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, na seção II dos artigos 196 a 200,foi aprovado o Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao artigo 196 que relata: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação", incorporando a maioria das propostas da reforma sanitária, significando uma grande vitória da sociedade, porém foi criado em um período que o país passava por uma grande instabilidade econômica, o que dificultou e muito a implantação do SUS e a sua verdadeira ideologia. 
 A partir da década de 90, foi criada as denominadas, leis orgânicas da saúde.
 
Resumo: Desde o período colonial, o Brasil sofria com grandes epidemias e endemias, e a saúde não era a prioridade para o estado, e sim apenas o crescimento industrial e desenvolvimento do país. Somente tinha acesso á saúde os trabalhadores que possuíam registro na carteira de trabalho, ou seja, a minoria da população. No quesito saúde o país estava trilhando um caminho da construção de grandes hospitais, criando um modelo hospitalocêntrico de assistência a saúde, caminho este que não resolvia as questões de saúde pública, até que através de uma junção popular, surge a reforma sanitária e a criação do SUS.
Referências: 
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2011. 291 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 1);
PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.21, n.1, jan.-mar. 2014, p.15-35.
AGUIAR, Zenaide Neto (Org.). SUS: Sistema Único de Saúde: Antecedentes históricos, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011. 192 p.
 As leis orgânicas da saúde, são definidas pela lei 8.080/90 e lei 8.42/90 ambas promulgadas no ano de 1990, cujo o presidente da época; para saber mais leia as leis na íntegra: Lei 8080 e Lei 8142. 
Vale ressaltar que no ano da promulgação das leis orgânicas da saúde, o INAMPS ainda não tinha sido extinto, ocorrendo isso somente no ano de 1993, o que trouxe muitas dificuldades para a sua real implantação no país.
 Como pudemos observar, a lei 8.080 / 90, ela trata:
(a) da organização, da direção e da gestão do SUS;
(b) das competências e atribuições das três esferas de governo;
(c) do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de assistência à saúde;
(d) da política de recursos humanos;
(e) dos recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do orçamento.
Outro ponto importante que a mesma trata são os princípios do SUS,São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990, como podemos observar na imagem abaixo:
Para entender melhor como cada princípio doutrinário e administrativo é funcional no SUS, leia o texto elaborado por Carmem Teixeira - Princípios do SUS.
Já a lei 8.142, só foi criada devido a lei 8.080 ter sofrido vetos, e no final do ano de 1990, os profissionais precisavam garantir uma lei sobre a participação da comunidade e as transferências dos recursos financeiros.
A participação da comunidade na gestão do SUS é determinada pelas seguintes instancias colegiada a conferencia da Saúde e o conselho de saúde.
Conferencia de Saúde:
Reúnem-se cada 4 anos nas instâncias federal e estadual, já na instância municipal se reúnem a cada 2 anos, avaliam a situação da saúde, formam novas diretrizes.
Conselho de Saúde:
Um conselho permanente e deliberativo, formado por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários. A lei 8.142/90 garante que a sua composição seja: 50% representadas por usuários, 25% por profissionais de saúde e os outros 25% por gestores ou prestadores de serviço.
Formulam e controlam a execução de estratégias que guiam o SUS, inclusive os recursos financeiros, a participação e o controle social são essenciais para a fiscalização e ações de saúde que estão sendo desenvolvidas em todas as instâncias.
Vamos analisar na situação abaixo como é importante a atuação dos conselhos dentro das ações de fiscalização para o andamento do SUS:
"Na reunião do conselho gestor da Unidade de Saúde da Família do bairro Vila Prudente, zona leste de São Paulo, numa área de abrangência de 12.000 pessoas  um representante dos usuários trouxe a seguinte situação para discussão: "O Sr. José, disse que na sua rua, existe um córrego que não há saneamento básico, e que há crianças brincando nesse córrego. Ao citar esse problema, a enfermeira citou que o número de casos de diarreia aumentou nesses dias, e que atendeu 6 casos somente nessa última semana" Um representante dos gestores explicou que: "este não é um problema do Conselho, o saneamento do córrego é de problema da prefeitura" Outrousuário discorda afirmando que: "o Conselho tem sim muito a ver com isso, porque foi criado no SUS para atender as reclamações da população. Não podemos abrir mão dessa vitória, antes não tínhamos Conselho agora temos!"
Como o conselho gestor pode solucionar o caso acima? Leia o papel do conselho gestor na lei 8.142 e veja como o problema pode ser solucionado.
Outro ponto importante que podemos analisar nesse caso é sobre o nível de conhecimento da população sobre as funções do conselho gestor, e Martins et al, 2013, escreveu relatando justamente isso, como podemos ler no link:  
http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n98/a07v37n98.pdf
Além da participação popular, a lei 8.142, também aborda as questões do financiamento em saúde, ponto extremamente importante e complexo para formulação do SUS, para entender o seu funcionamento, leia o livro do CONASS, 2011, no link:
http://www.conass.org.br/colecao2011/livro_2.pdf.
Resumo: As leis orgânicas da saúde, leis 8.080 e 8.142 são a base para a formação estrutura do SUS. A lei 8.080 traz os princípios, objetivos, normas do funcionamento do SUS, já a lei 8.142 complementa alguns vetos ocorridos na lei 8.080 que são essenciais ao SUS, que são: financiamento e participação popular;
Referências:
Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2011. 291 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 1);
AGUIAR, Zenaide Neto (Org.). SUS: Sistema Único de Saúde: Antecedentes históricos, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011. 192 p.
BRASIL.  Diário Oficial da  União.  Lei  nº  8080/90. Dispõe sobre as condições para promoção,  proteção e recuperação da saúde, a organização e o financiamento dos serviços correspondentes e da outras providências. Brasília  DF, 19 de setembro de 1990. 
BRASIL.  Diário Oficial da União.  Lei  8142/90. Dispõe  sobre  a  participação  da comunidade na  gestão  do  Sistema Único  de Saúde  (SUS)  e  sobre  as transferências intergovernamentais de  recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília  DF, 28 de dezembro de  1990. 
Como vimos anteriormente, o SUS foi criado pelas leis denominadas "Orgânicas da Saúde" em 1990, bem como vimos, seus princípios e diretrizes. Um dos princípios mais relacionados á gestão do SUS e que sempre precisou de "ajustes" é a descentralização. Para que realmente a descentralização de fato ocorresse, foram criadas as Normas Operacionais Básicas, denominadas NOB's. As Nob's tratam eminentemente dos aspectos de divisão de responsabilidades, relações entre gestores e critérios de transferência de recursos federais para estados e municípios. 
Levcovitz et al, 2001, escreveu o artigo: Política de saúde nos anos 90: relações intergovernamentais e o papel das Normas Operacionais Básicas, aonde faz uma análise das dificuldades encontradas para a implementação do SUS, e como as NOB's auxiliaram no processo de regulação de descentralização. Para saber mais, leia o artigo no link abaixo:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v6n2/7003.pdf
Como pudemos observar, as Nob's não foram suficientes para sanar os problemas enfrentados pelo SUS como a questão da definição das responsabilidades, do planejamento e organização do sistema, e da resolutividade e acesso a serviços, o que resultou em uma série de discussões por parte dos gestores, e resultou na criação do NOAS - Normas Operacionais de Assistência á Saúde. As Noas tem por objetivo promover maior equidade na alocação dos recursos, fortalecer a atenção básica através da atribuição de maiores responsabilidades aos municípios, e institui a regionalização como elemento central para o avanço do processo. Pereira, Quito, 2004, em seu artigo: NOAS: houve impacto para o SUS? relata que NOAS permitiu um grande avanço para as questões de planejamento e regionalização em saúde, porém salienta que é um instrumento que necessita de aperfeiçoamento.
Tendo em vistas as dificuldades recorrentes que SUS vinha sofrendo, as três esferas do governo reuniram esforços juntamente com o Conselho Nacional de Saúde para rediscutir o funcionamento e a organização do SUS, com isso, através da Portaria 399, de 2006, foi criado o Pacto pela Saúde, cujo o objetivo avançar na implantação dos princípios constitucionais referentes à saúde no Brasil. O Centro de Educação e Assessoramento Popular em 2009, elaborou a cartilha: PACTO PELA SAÚDE: POSSIBILIDADE OU REALIDADE? que traz com uma linguagem simples, como o pacto funciona e traz aos leitores uma análise crítica para entender a legislação vigente. Para ler a cartilha, clique no link:
http://200.18.45.28/sites/residencia/images/Disciplinas/Pacto_pela_saude_possib_realidade_2ed.pdf
Apesar de todos os esforços,  o SUS após 26 anos de sua fundação, ainda sofre sérios problemas de recursos e administração. Conh, 2009, em seu artigo faz uma análise sobre os 20 anos de criação do SUS, desde a reforma sanitária, trazendo uma reflexão e uma indagação sobre a necessidade de se voltar a articular projetos para a saúde, como podemos ler abaixo: 
http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n7/20.pdf
No ano de 2012, o Ministério da Saúde, publicou um estudo sobre os principais problemas de saúde pública no Brasil. O governo fez um indicador, cujo a média de satisfação nacional é de 5,4.
Observe o gráfico abaixo, demonstrado nesse estudo, conforme estudamos até agora, como você avalia que os 10 estados com o pior desempenho estão no Norte e Nordeste do país?
Resumo: Ao longo desses 26 anos de SUS, foi necessário buscar estratégias para o seu aperfeiçoamento e e que as suas práticas de gestão. Para isso foram criadas as Nob's (Normas Operacionais Básicas), as Noas (Normas Operacionais de Assistência á Saúde) e o Pacto pela Saúde, porém o SUS tem um longo caminho a ser trilhado.
Referências:
AGUIAR, Zenaide Neto (Org.). SUS: Sistema Único de Saúde: Antecedentes históricos, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011. 192 p.
LEVCOVITZ, Eduardo; LIMA, Luciana Dias de; MACHADO, Cristiani Vieira. Política de saúde nos anos 90: relações intergovernamentais e o papel das Normas Operacionais Básicas. Ciência e Saúde Coletiva, São Paulo, v. 2, n. 6, p.269-291, jun. 2001
BRASIL.  Ministério da Saúde. Secretaria  de Assistência  à Saúde Departamento  de  Descentralização da Gestão da Gestão da Assistência.  Norma Operacional da Assistência à  Saúde  –  NOASSUS  01/02. (Portaria  MS/GM N.  373,  de 27  de fevereiro  de 2002,  e  regulamentação complementar). Brasília  DF: Ministério da Saúde, 2002.

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