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Ordem Econômica Constitucional_Estudo de Caso 3

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Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP)
Pós-graduação em Direito Constitucional
Disciplina: Ordem Econômica Constitucional
Professor: Vitor Oliveira Fernandes
Aluno: José Jance Marques Grangeiro RA: 20123034
ESTUDO DE CASO 3
1) Qual foi o parâmetro adotado pela maioria dos votos do STF para o controle
jurisdicional dos atos das agências reguladoras? A Teoria do Poder Regulamentar, a
Teoria de Lei Delegada ou outra concepção teórica? Responda fundamentadamente.
Houve empate entre se dividiu entre o entendimento de que a Anvisa agiu dentro de suas
atribuições ao proibir a adição de essências de sabor e aroma ao cigarro, devido ao dano
potencial das substâncias à saúde, e o fundamento de que ela extrapolou sua competência. A
partir do voto da reguladora, percebe-se que a interpretação majoritária foi no sentido de que
os limites da competência normatizadora da Anvisa, que a liberdade de ação ou
discricionariedade normativa das agências reguladoras encontra limites nos objetivos fixados
na lei e nas políticas públicas estabelecidas pela administração central.
2) O que significa a Doutrina Chevron e como ela foi analisada no caso concreto?
A Doutrina Chevron surgiu do célebre caso que uniformizou o pensamento sobre o controle
judicial das decisões administrativas, foi decidido pela Suprema Corte Americana em 1984.
Nesse caso, a Suprema Corte assentou que quando uma Corte aprecia a legitimidade de uma
decisão de uma agência reguladora em que efetivada a interpretação de um texto legal, duas
questões devem ser examinadas. Em primeiro lugar, deve ser sempre verificado se é uma
questão sobre a qual o Congresso se pronunciou direta e precisamente. Se o intento do
Congresso estiver claro no texto legal, a questão estará resolvida, pois a Corte, assim como a
agência reguladora, deve atribuir efetividade à intenção manifestada sem ambiguidade pelo
Poder Legislativo no dispositivo de lei. O assunto apenas muda de foco se o Congresso não
tiver direta e precisamente tratado da matéria na lei que editou. Nesse caso, em que o tema
não foi abordado ou há um tratamento legal ambíguo, a questão a ser definida pelo Poder
Judiciário será se a interpretação da agência é baseada numa permissível construção do texto
legal. A decisão apenas será afastada se for considerada arbitrária, inconsistente, ou
manifestamente contrária à legislação que rege a atuação da agência. Nessas hipóteses, o
Judiciário determina o reexame do tema pela entidade, para que adeque a sua decisão, jamais
tomando ele mesmo a decisão final. Foi o que ocorreu no caso da ADI 4874. A votação
acabou empatada com cinco votos contrários e cinco favoráveis à declaração de
inconstitucionalidade da resolução da Anvisa – o ministro Roberto Barroso declarou sua
suspeição para o julgamento –, não foi alcançado o quórum mínimo de seis votos para se
declarar a invalidade da norma, e a ação foi julgada improcedente, mas sem eficácia
vinculante e efeitos erga omnes (para todos). Na prática, o Supremo manteve a decisão da
agência reguladora de proibir a fabricação dos cigarros com aditivos.
3) À luz do precedente, é possível afirmar que as Agências Reguladoras podem editar
resoluções indo além do que expressamente consignado nas suas leis de criação?
Se levarmos em conta o voto da ministra relatora, podemos entender que as agências não
podem editar resoluções além do que foi expressamente designado nas leis de sua criação. A
função regulatória das agências, segundo a ministra, não é inferior ou exterior à legislação,
mas diferente, pelo seu viés técnico. “O poder normativo atribuído às agências reguladoras
consiste em instrumento para a implementação das diretrizes, finalidades, objetivos e
princípios expresso na Constituição e na legislação setorial”, explicou. “Poder normativo não
é Poder legislativo”, afirmou.

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