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Brasília-DF. SiStemaS de menSuração Elaboração Tatiana Conceição Machado Barretto Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i Fundamentação ................................................................................................................................ 9 CAPÍtuLo 1 SiStema generalizado de medição ..................................................................................... 9 unidAdE ii tipoS de SiStemaS de medição ......................................................................................................... 32 CAPÍtuLo 1 SiStemaS mecânicoS, elétricoS, ópticoS e pneumáticoS ............................................... 32 CAPÍtuLo 2 máquinaS de medição ....................................................................................................... 36 unidAdE iii mediçõeS de grandezaS i ............................................................................................................... 40 CAPÍtuLo 1 medição de grandezaS: temperatura, deSlocamento e preSSão ................................. 40 unidAdE iV mediçõeS de grandezaS ii ............................................................................................................. 69 CAPÍtuLo 1 medição de grandezaS: elétrica, dimenSõeS ................................................................. 69 rEfErênCiAS ................................................................................................................................. 78 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Os profissionais que desenvolvem alguma atividade metrológica ou visam desenvolver devem ter conhecimento sobre os sistemas de mensuração, como aplicar e qual tipo de sistema utilizar no processo, entender a diferença entre mensurando e valor de medida para poder determinar qual melhor processo de medição aplicar, considerando a confiabilidade da medida. Diante de tantas variáveis, o profissional que atua na área metrológica deverá estar atento a quais princípios de medição física utilizar. O avanço da tecnologia implementou nos sistemas de medição componentes eletrônicos de alta complexidade e resolução, facilitando a obtenção do valor do mensurando e o transporte das informações por meio de sinais elétricos a grandes distâncias físicas do local da leitura. Esta versatilidade proporciona controlar diversas variáveis do processo de forma remota e ágil. O papel hoje do profissional da área metrológica é conhecer o princípio de funcionamento dos novos sistemas e saber atuar na correção dos desvios de leitura quando ocorrer, saber interpretar os resultados gráficos e numéricos do valor do mensurando e calibrar os novos equipamentos. Os sistemas de mensuração podem ir de instrumentos mais básicos de medida a sistemas complexos de leitura e controle automatizado do processo. Logo, as questões que envolvem medidas estarão sendo abordadas em um nível tal de exatidão e complexidade que será impossível imaginar erros grosseiros dentro de unidades industriais, laboratoriais, comerciais etc. Neste material, estudaremos os sistemas de mensuração e seus principais aspectos e peculiaridades. 8 objetivos Esta disciplina visa auxiliar profissionais, com conceitos básicos sobre sistemas de medição, métodos de medição, conceitos de medição, medição de grandeza, módulos de medição, importância dos transdutores e termos relacionados a sua aplicabilidade, ao fim da disciplina o aluno deverá: » Ter noções sobre sistemas de controle de processo. » Conhecer os instrumentos de medição. » Conhecer os sistemas medições mais utilizados. » Estudar os principais conceitos de medição de grandezas. » Estudar os métodos de medição. » Desenvolver habilidade de reconhecer o mensurando. » Conhecer os módulos básicos do sistema de medição. » Conhecer as grandezas de medição. » Reconhecer os instrumentos básicos de medição. 9 unidAdE ifundAmEntAção CAPÍtuLo 1 Sistema generalizado de medição Conceitos de base e aspectos gerais O que é medição? É uma série de manipulações de valores, de forma experimental e coerente, ou de sistemas físicos de acordo com um protocolo definido que resulta em um número atribuído a um tipo de grandeza. A atividade desenvolvida na medição objetiva determinar o valor do mesurando, ou seja, uma sequência de ações que permitem efetuar a medida. Uma análise técnica considera que a medição tem o objetivo de monitorar, controlar ou investigar um processo ou fenômeno físico. O sistema de medição é o meio pelo qual o ato de medir é realizado. O valor obtido momentaneamente é interpretado por meio da comparação com a unidade padrão referenciada pelo sistema.A aplicação de um sistema de medida implica ao mensurando um número acompanhado de uma unidade de indicação. Interpretando o mensurando como o real objetivo de uma medição, ou seja, a grandeza especifica que é submetida a medição. O mensurando pode assumir várias formas, exemplo: rugosidade, diâmetro, comprimento, temperatura etc. Na monitoração, os sistemas de medição indicam somente o valor momentâneo ou acumulado do mensurando, por exemplo: termômetros, higrômetros, anemômetros, quando se observa aspectos climáticos. 10 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Um sistema de controle está intrinsicamente integrado ao sistema de medida como elemento sensor, este conjunto é capaz de manter uma grandeza ou processos dentro de certos limites. A grandeza é uma propriedade de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente determinado, sob o aspecto de um número ou de uma referência. Exemplos: temperatura, tempo, comprimento, massa, resistência elétrica. O valor da grandeza, a controlar, é medido e comparado com o valor de referência estabelecido e uma ação é tomada pelo controlador visando aproximar a grandeza sob controle deste valor de referência. O resultado da medição é uma aproximação ou estimativa do valor do mensurando, contudo, o valor só estará completo quando estiver representada a incerteza dessa estimativa. Na leitura de quaisquer medidas, três elementos fundamentais devem ser considerados: o método, o instrumento e o operador. O método pode ser dividido em medição direta e medição indireta por comparação: » A medição direta toma como base a avaliação da grandeza por meio da efetiva medição, em que os valores obtidos diretamente são comparados. Neste método, os valores são oriundos de instrumentos, aparelhos e máquinas de medir. » Na medição indireta por comparação, a grandeza de um objeto é obtida por meio da comparação com outra grandeza de referência de padrão ou dimensão aproximada. Quando utilizamos a medição direta? Esta é empregada na confecção dos itens protótipos, peças originais que serão a referência ou quando a quantidade reduzida de peças justificar este tipo de medida. A medição indireta é empregada quando o volume de produção de peças é elevado, no qual a operacionalidade da planta exige a medição por comparação, que lança mão de indicadores de medida ou de comparadores-amplificadores, visto que facilitam a leitura por meio da amplificação das diferenças constatadas por meio de processos mecânicos ou físicos (amplificação mecânica, ótica, pneumática etc.) 11 Fundamentação │ unIdade I Os instrumentos de medição são responsáveis por representar o valor da medida em uma determinada grandeza. A qualidade dos instrumentos a serem utilizados irão determinar a exatidão relativa das medidas. Para considerar uma medida como referência, é indispensável que o instrumento esteja aferido e que sua aproximação permita avaliar a grandeza com exatidão. O operador é o elemento mais importante na tomada das medidas, pois é a parte que possui habilidades para tal apreciação, a sua destreza com os instrumentos e experiência em tomada de leituras irá determinar o grau de exatidão no processo de medir. Logo agente da medição deve estar familiarizado com os instrumentos que irá utilizar, assumir uma postura de iniciativa para adaptar o método mais adequado em cada tipo de medição e estar habilitado para interpretar os resultados obtidos. No link, você terá acesso a um manual de termos fundamentais de metrologia. <www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. o sistema de medição Um sistema de medição geralmente é composto por três elementos funcionais que comumente se repetem com frequência na maioria dos sistemas. Em termos gerais, os elementos funcionais se dividem em três módulos: O sensor/transdutor, a unidade de tratamento do sinal e o dispositivo mostrador. Cada módulo pode integrar uma única unidade independente ou estar fisicamente integrada ao sistema de medida. O transdutor é o módulo do sistema que está em contato direto com o mensurando. O transdutor produz um sinal proporcional, que pode ser de características mecânica, elétrica, pneumática ou outro, ao mensurando segundo uma função bem definida baseada em um ou mais fenômenos físicos. O que se observa normalmente é uma função linear representando a maioria dos sistemas. Uma transformação dos efeitos físicos do mensurando em outro tipo de efeito é a principal função do transdutor no sistema. Quando composto por diversos módulos várias transformações de efeitos poderão estar presentes. O sensor é o elemento integrante do transdutor, responsável por entrar em contato direto com o mensurando, também considerado como primeiro módulo do transdutor. Como foi visto, os sensores/transdutores são conhecidos também como: detector, transdutores, probe, elementos transdutores, elementos primários, pick-up ou pick-off. 12 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção A nomenclatura de um transdutor segue as recomendações da norma ISA 37.1 (1982), que estabelece a seguinte sequência: » o nome transdutor; » variável sendo medida; » modificadora restritiva da variável; » princípio de transdução; » faixa de medição; » unidade de engenharia. Exemplos de como realizar a nomenclatura dos elementos sensores: » Transdutor pressão diferencial, potenciométrico, 0-200 kPa. » Transdutor pressão de som capacitivo, 120-160 dB. » Transdutor de pressão absoluta, strain-gage amplificador, 0-300 MPa. » Transdutor temperatura 0-1000 oC, resistivo, superfície. O sinal produzido pelo conjunto sensor/transdutor normalmente possui baixa energia difícil de ser indicado diretamente. No link, você terá acesso a um manual de como realizar a nomenclatura e terminologia dos transdutores elétricos. <https://se5975f2fdb5d27aa.jimcontent.com/.../name/S_371.pdf>. A Unidade de Tratamento do Sinal (UTS) tem a função de amplificar a potência do sinal vindo do transdutor e possivelmente filtrar, compensar, integrar, processar etc. A UTS também conhecida como condicionador de sinais pode não estar presente em sistemas mais simples. O dispositivo mostrador é o responsável por transformar o sinal inteligível ao usuário, em uma indicação direta e perceptível. Os dispositivos registradores que são responsáveis pela descrição digital ou analógica do sinal ao longo do tempo ou em função de outra grandeza independente, fazem parte do módulo do dispositivo mostrador, exemplo: 13 Fundamentação │ unIdade I Registradores X-Y, X-T, gravadores de fita, telas de osciloscópios etc. Na Figura 1, está exemplificado como são os módulos, elementos funcionais, de um sistema de medição básico. Figura 1. Sistema generalizado de medição. UTS Receptor Transdutor e/ou Sensor Dispositivo mostrador » Converte o efeito físico » Sinal de baixa energia » Sinal proporcional » Alimentação de energia p/ transdutor » Processa o sinal » Amplificador do sinal » Sinal perceptível Mensurando Fonte: próprio autor. A mola é o transdutor do dinamômetro, pois transforma a força aplicada em uma das extremidades em deslocamento, este é representado diretamente por um ponteiro sobre a escala. Neste caso, não há necessidade da UTS, interpretação dos resultados e de forma direta, Figura 2 (a). O conjunto mola e alavanca já incorpora uma UTS baseado em mecanismo alavancas, em que um pequeno deslocamento na extremidade da mola sofre uma amplificação representada pelo ponteiro em uma escala, o que torna cômoda a indicação do valor da força Figura 2 (b). Um dinamômetro é representado, porém, o transdutor não é mais composto só de molas, neste caso, vários módulos assumem esse papel: a força é convertida em deslocamento linear por meio da mola, em que está fixado um núcleo ferroso, qualquer variação de posição irá afetar a indutância da bobina presa a um circuito que sofrera desbalanceamento elétrico e por consequência variaçãode tensão proporcional ao deslocamento da mola. Este sinal é amplificado pela UTS, composta de circuitos elétricos, e indicado por meio de um dispositivo mostrador digital, Figura 2 (c). 14 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Figura 2. três configurações medidor de força Transdutor Transdutor Dispositivo Mostrador UTS Indicador Digital Dispositivo Mostrador Ponte Wheatstone Fonte: gonçalves Júnior e Sousa (2008). Em um termômetro, é possível identificar três elementos funcionais: » O transdutor é o fluido no interior do bulbo que capta as alterações na temperatura e sofre variação volumétrica. » A UTS é o tubo capilar que amplifica essa pequena dilatação volumétrica do líquido e converte em grande variação de coluna do fluido (dn). » O mostrado é formado pela coluna do líquido. Figura 3. elementos funcionais do termômetro. Dispositivo mostrador Sensor Transdutor UTS Variação(dn) Fonte: paula (2008). Parâmetros estáticos e dinâmicos do sistema de medição (Sm) Quando avaliamos um SM, dois parâmetros dos sinais são relevantes na análise temporal, os sinais estáticos e os dinâmicos. Basicamente, um sinal estático é aquele que permanece constante em um determinado período de medição, ou seja, a relação entrada/saída independe da velocidade da variação da entrada, levando em conta a faixa ideal de reposta para sistemas físicos, normalmente, estes sistemas comportam-se de forma estática em uma determinada faixa de medição. Já o sinal dinâmico é variável no tempo da medição independente de faixa de resposta, são subdivididos em: dinâmicos periódicos, dinâmicos aperiódicos, os sinais dinâmicos ainda podem ser do tipo estacionários ou não estacionários. 15 Fundamentação │ unIdade I método de medição É uma sequência lógica de operações genéricas utilizadas na execução de medições (VIM, 2012). Os métodos básicos de medição são: » Métodos baseados na comparação com um padrão. » Métodos baseados na indicação do instrumento de medição. » Métodos baseados nos princípios envolvidos com o objeto e o sistema de medição. » Métodos baseados em técnicas de medição. métodos baseados na comparação com um padrão O valor do objeto a ser medido é determinado por meio da comparação com um artefato cujo valor de referência é conhecido. Método da substituição. O qual baseia-se na tomada de duas medidas sucessivas no mesmo instrumento. Primeiramente, obtém-se o valor de uma grandeza desconhecida (grandeza a medir), no instrumento. Na sequência, retira-se o corpo desconhecido do instrumento e uma grandeza conhecida (um corpo padrão) é colocada no instrumento e assim este é ajustado até ser indicada a mesma leitura anterior. Assim, o valor ajustado da grandeza conhecida é o resultado de medição da grandeza desconhecida. Método que só poderá ser utilizado se tivermos um padrão ajustável, normalmente aplicado em calibração de instrumentos. Método diferencial está baseado na diferença na medição da grandeza padrão e a grandeza desconhecida. Os valores geralmente são próximos, assim, o resultado da medição é o valor padrão somado ao valor diferencial. Uma forma mais simples de percebermos esse método é por meio da medição do comprimento de uma dada peça, utilizando blocos padrão de comprimento (Lp) e um relógio comparador. Considerando que o relógio comparador possui faixa de indicação de leituras restrita, logo o valor da medição será obtido por meio da soma da medida do bloco padrão mais o valor registrado pelo relógio. Sendo (d) a leitura no relógio, o comprimento da peça determina-se por (L = d + Lp), como representado na Figura 4. 16 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Figura 4. medição pelo método diferencial. Fonte: Gonçalves Junior e Sousa (2008). Método de inversão, neste método duas medidas sucessivas são realizadas no mesmo instrumento. Quando comparado com o método de substituição, percebe-se que a grandeza padrão e a grandeza desconhecida estão atuando simultaneamente no instrumento, fato que não ocorre no da substituição. Uma segunda medição é executada neste método, porém, as posições da grandeza padrão e a grandeza desconhecida são invertidas. Aplicação deste método normalmente acontece quando as duas medidas possuem valores muito próximos umas das outras, possibilitando assim a determinação da diferença entre eles e do erro de simetria de medição, de uma forma mais precisa. A figura a seguir exibe uma possibilidade de aplicação do método com o uso da balança de braços iguais. Primeiramente, a grandeza conhecida deve ser superior a grandeza ser medida, de posse das leituras L1 e L2, considerando possuir sinais contrários e módulos diferentes, o valor da grandeza desconhecida seria o valor da massa conhecida subtraída da média dos módulos das leituras, em que o erro de simetria estaria representado pela metade da diferença dos módulos das leituras (ver Figura 5). Caso as leituras L1 e L2 possuíssem sinais trocados e mesmo módulo, a diferença dos módulos seria zero e não haveria erro detectável no instrumento. Assim o valor desconhecido assumiria o valor da grandeza conhecida menos o módulo de L1 ou de L2. 17 Fundamentação │ unIdade I Figura 5. método de inversão, balança de braços iguais. Fonte: avila (2008). métodos baseados na indicação do instrumento de medição Considerar que, em um instrumento, a faixa de indicação dos valores pode variar de zero até um valor final, ou entre valores negativos e positivos. No método de indicação zero, a grandeza a medir é balanceada por uma grandeza conhecida, de modo que a leitura indicada seja zero. Considerando que um instrumento de medição pode representar o valor medido de forma digital e analógica. As leituras no instrumento neste método são observadas unicamente para ajustar a grandeza conhecida até coincidir a indicação de zero do instrumento. Utilizamos aqui um exemplo mais simples e representativo deste método, que é conhecida como balança de braços iguais (figura 6). Neste instrumento, as massas conhecidas vão sendo colocadas no prato esquerdo até a indicação de zero ser atingida pelo ponteiro mostrador, neste caso, a medida desconhecida assume o mesmo valor das somas das massas posta no prato esquerdo. Figura 6. Balança de braços iguais, para indicar o zero. Fonte: gonçalves Junior e Sousa (2008). 18 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Método da deflexão (ou método absoluto) é assim conhecido pois o valor da grandeza sob medição é obtido diretamente do instrumento, logo, este método é o mais comum de ser utilizado. Quando tomado como base em instrumentos este método apresenta os valores indicados de forma proporcional a grandeza ser medida. Partindo deste princípio, uma variação crescente da grandeza causa uma variação. Considerando a medição do peso de objetos, o instrumento básico para tal é constituído por uma mola helicoidal e uma escala, em que a ação do peso do corpo irá defletir uma mola presa ao conjunto de medição e o valor numérico da representação será registrado em uma escala, de forma proporcional ao peso medido. Nos casos em que a escala do instrumento de medição (balança) for menor, quando comparado com o peso a ser medido, pode-se usar o artifício de medição pelo método de deflexão. métodos baseados nos princípios físicos envolvidos com o objeto e o sistema de medição Extensometria elétrica é um dos métodos de medição mais usados, quando se precisa determinar tensões e deformações da mecânica dos sólidos, de forma experimental. Os extensômetros elétricos resistivos (strain-gages) são posicionados em pontos específicos da superfície solida a ser medida, em seguida acoplado a dispositivos transdutores e a circuitos eletrônicos que interpretam as deformações sofridas pelo solido em análise. Interferometria se caracteriza por ser um método de elevada exatidão, recomendado para uso na metrologia dimensional quando necessária a medição de desvios de planeza e de comprimentos, geralmente, aplicado em verificação de blocospadrão de comprimento. Este método consiste na superposição de duas ou mais ondas de luz monocromáticas, de modo a formar franjas escuras e claras observáveis em dispositivos óticos apropriados. De posse da configuração das franjas claras e escuras formadas, é possível relacionar com o comprimento da luz utilizada e assim poder relacionar este a unidade de comprimento do método. O Método de Moiré é conhecido por proporcionar a análise experimental de deformações e de tensões. Este método é utilizado quando a medição do campo dos deslocamentos da superfície do corpo em análise se faz necessária. Sua aplicabilidade vai além das medições; também serve de base para construção de instrumentos por exemplo: escalas óticas incrementais de medição de comprimento. 19 Fundamentação │ unIdade I O princípio de funcionamento desse método leva em consideração a formação de lâminas de franjas de luz. Partindo do princípio de que duas lâminas de material translucido tem gravado na sua face linhas finas e paralelas igualmente espaçadas, de modo que a coloração seja visualmente acinzentada. Ao sobrepor as lâminas e imprimir sobre elas um movimento relativo, observa-se um movimento das franjas escuras, caso o movimento relativo cesse as cores acinzentas permanecem paradas. A configuração das franjas permite determinar deslocamentos relacionados com o passo das linhas finas gravadas e com a posição relativa das lâminas. Método da fotoelasticidade é utilizado para determinar as tensões elásticas que agem em corpos sólidos elásticos, por meio de análise experimental. A investigação ocorre de forma indireta, um protótipo dela e de material translucido à luz polarizada, quando este é tensionado, a luz sofre um desvio e por meio de sensores óticos a imagem formada é captada sendo possível fazer a interpretação das tensões elásticas presente naquela forma. Holografia é um método experimental que utiliza um feixe de LASER para medir um objeto, quando usado na mecânica dos sólidos. Um feixe principal de luz coerente atinge o objeto e um feixe paralelo de referência se propaga até atingir um espelho. O feixe de luz refletido pelo objeto se encontra com o feixe refletido pelo espelho formando assim um holograma. Com o holograma formado, que é uma imagem virtual do objeto, uma análise detalhada do objeto pode ser realizada. Com o método da holografia é possível analisar deformações produzidas ao longo do tempo ou o campo de deslocamentos e deformações de sólidos sob ação da temperatura ou sob carga mecânica. A holografia também faz parte de princípio construtivo de certos instrumentos de medição. Outros métodos de medição indireta, de configurações de imagens, também são usados, como os produzidos por acústica, radioatividade e fenômenos magnéticos. métodos baseados em técnicas de medição No Método de contagem, a base é o princípio da contagem, que pode referir-se ao número de franjas do método da interferometria, o número de objetos, o número de ciclos por período (frequência), ou outros eventos. Os erros relacionados a contagem estão atrelados unicamente ao engando de interpretação da contagem. 20 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção No método da repetição, uma série de medidas são realizadas na mesma grandeza, contudo, métodos diferentes são aplicados em cada medida tomada, os resultados aparentemente se mostram semelhantes, porém os erros em cada medição serão independentes entre si. Na comparação dos erros, o melhor método será revelado na forma do que mais se aproximar do valor preciso, ou seja, menor desvio. Também pode ser interpretado quando se utiliza um mesmo método para obter as medidas, as posições de medição deverão ser modificadas, um exemplo é a determinação do diâmetro de uma peça. O erro poderá ser revelado devido a comparação das medidas e suas variações. Os métodos de medição das imagens de objetos físicos revelam a possibilidade de medir um objeto por meio da sua projeção, em que técnicas são agrupadas com o intuito de medir objetos por meio do processamento de suas imagens: sombras em microscopia por projeção, visualização ampliada em microscópios e câmeras digitais. Parâmetros característicos de sistemas de medição Os parâmetros de um sistema de medição caracterizam o comportamento metrológico do sistema. Podem ser representados simplesmente por um número que definira o valor máximo de todo o sistema de medição em sua faixa de abrangência, esta característica também é conhecida como parâmetro reduzido, em que se tem poucas informações sobre o comportamento do sistema. Neste caso, facilmente se aplica em um método por comparação. Os parâmetros também podem ser expressos por uma faixa de valores, na forma de gráfico ou de uma tabela. faixa de indicação (fi) É a faixa de medição de um dispositivo mostrador do sistema e está compreendida entre um valor menor e um maior, cabível para uma indicação direta. A faixa de indicação dos mostradores analógicos corresponde a uma faixa de representação limitada pelos valores extremos da escala. Já os medidores digitais possuem representação da capacidade de medição na faixa entre de 3 ½ dígitos (± 1999) ou 4 dígitos (± 9999.). 21 Fundamentação │ unIdade I Alguns exemplos de faixa de medição: » Termômetro: 700 a 1200°C. » Contador: 5 dígitos (isto é, 99999 pulsos). » Voltímetro: ± 1,999 V (isto é, ± 3 ½ dígitos). Em um sistema de medição que possui várias faixas de medição, sendo possível escolher uma, dentre um conjunto de possibilidades, por meio dos controles do próprio sistema. Considerando que apenas uma escala está ativa em um determinado momento, esta faixa da escala é denominada de faixa nominal. faixa de medição (fm) ou range É uma série de valores de um mensurando, que um instrumento de medição pode registrar considerando um erro dentro dos limites especificados. A faixa de medição normalmente é menor do que a faixa de indicação (FI), em alguns casos no máximo assume valor igual FI. Exemplos: » Termômetro: FM = - 50 a 280 °C. » Medidor de deslocamento: FM = ± 50 mm (ou FM = - 50 a + 50 mm). Os valores da faixa de medição podem ser obtidos de diversas formas: » No próprio manual de utilização do sistema de medição. » O registro dos sinais gravados sobre a escala. » Por meio notas técnicas ou por especificação em normas técnicas. » Relatório de calibração. Amplitude da faixa nominal – span Diferença, em módulo, entre os dois limites de uma faixa nominal. Para interpretar o span basta executar a operação dentro de um módulo, por exemplo: em uma faixa nominal de -20V a +20V a amplitude da faixa nominal será obtida por │-20V – (+20V) │que resulta em │-40 V│, logo o valor do span ou faixa como também é conhecido corresponde a 40V. 22 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Valor de uma divisão (de Escala) (Vd) Este conceito está relacionado aos instrumentos com mostradores analógicos. O valor de uma divisão corresponde à diferença entre os valores da escala correspondente a duas marcações sucessivas. O valor de uma divisão é expresso na unidade registrada na escala, qualquer que seja a unidade do mensurando. Exemplos: » manômetro: VD = 0,5 bar. » termômetro: VD = 10 K. incremento digital (id) Este conceito está relacionado aos instrumentos com mostradores digitais e corresponde a menor variação da indicação direta possível. Nos mostradores digitais a variação do último digito nem sempre é unitária, o que costuma acontecer com frequência, uma variação de 5 unidades e algumas vezes 2 unidades. resolução (r) É a menor diferença entre as indicações que podem ser significativamente percebidas. A resolução está intimamente relacionada ao tipo de instrumento: » Quando o instrumento ou sistema apresentam mostradores digitais, a resolução neste caso será correspondente ao incremento digital. » Sistemas com mostradores analógicos, a resolução teórica é zero. Como nem sempre a leitura e criteriosa, poderá ser adotada uma fração do valorde uma divisão. R = VD, neste caso, a escala pode ser grosseira ou de má qualidade; R = VD/2, neste caso, o sistema de medição apresenta qualidade regular ou inferior, mensurando apresenta flutuações significativas ou erro de indicação direta não crítico; R = VD/5, neste caso, o sistema de medição apresenta qualidade boa e a medição criteriosa; R = VD/10, neste caso, se o sistema de medição for de qualidade, mensurando estável e a medição for altamente crítica. 23 Fundamentação │ unIdade I Erro Sistemático (Es) É caracterizado por uma parcela do erro que se repete diante de uma série de medições bem definida e sob as mesmas condições operacionais. Representado pela média de um número infinito de medições dele mensurando e sob mesmos parâmetros de repetitividade, neste caso, exclui-se o valor verdadeiro do mensurando. Para análise do erro sistemático em termos práticos, usa-se a tendência dos valores com estimativa do erro. repetitividade (re) de medições Quando ocorrem sucessivas medições de um mesmo mensurando sob condições de medição idênticas, pode-se dizer que a repetitividade especifica uma faixa de valores com probabilidade estatística definida, ou seja, determina um grau de concordância entre os resultados. O erro neste caso será considerado aleatório. Condições básicas para que ocorra a repetitividade: » Medição no mesmo local na peça. » Realização de procedimentos de medição idênticos. » O mesmo observador. » Instrumento de medição condições de medições idênticas. » Repetição da medição em curto período. Normalmente, a repetitividade é especificada para uma confiabilidade de 95%. Característica de resposta nominal (Crn) O sistema de medição apresenta um comportamento nominal bem definido, regido por leis físicas. A Característica de Resposta Nominal (CRn) está baseada em uma equação que relaciona de forma ideal a relação entre o estímulo (grandeza de entrada) e sua resposta (saída). Esta relação normalmente apresenta uma linearidade, baseada em uma constante multiplicativa e/ou aditiva. Embora mais raras, funções polinomiais e exponenciais podem também ser adotadas como CRn. 24 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Figura 7. característica de resposta e curva de calibração. CR Real CR Nominal Valor do Mensurando ISM Característica de Resposta (CR) Td e Incerteza +Incerteza Tendência ISM Curva de Calibração -Incerteza Fonte: gonçalves Junior (2004). A relação entre o deslocamento (x) da extremidade da mola do dinamômetro e a força aplicada na extremidade (F) é definida pela constante de mola (K) por: F = K x. A equação da CRn do sistema de medição será obtida por: CRn(x) = F/K. Característica de resposta real (Crr) Como na prática, a resposta de um sistema de medição a um estímulo (mensurando) não assume um comportamento previsto pela CRn devido a desvios decorrente de imperfeições, o afastamento do comportamento previsto se manifesta de forma sistemática e/ou aleatória. O conceito da Característica de Resposta Real (CRr) tem como base a relação que realmente ocorre entre o estímulo e a resposta, de forma direta ou indireta (figura 7). A característica de resposta real apresenta uma discrepância em relação a de resposta nominal, devido aos erros sistemáticos e os aleatórios de um sistema de medição em análise, logo, a resposta real é melhor representada por uma linha média (indicação média) e uma faixa de dispersão associada, que normalmente está associada a repetitividade. A questão do afastamento da característica de resposta real da característica de resposta nominal está atrelada a propriedade dos materiais, forma construtiva, o nível de desgaste, características intrínsecas de cada elemento. 25 Fundamentação │ unIdade I Curva de Erro (CE) Analisando um sistema de medição de boa qualidade, observa-se que a diferença entre comportamento ideal (nominal) e o real são muito pequenas. Quando analisado em um gráfico, a representação da CRr que relacione o estímulo e a resposta percebera praticamente uma reta. A curva de erros exibe de forma clara e perceptível, quando um comportamento real de um sistema de medida se afasta do ideal. A curva de erros, exibe o erro em função da indicação, em alguns casos pode-se ter através da indicação direta. De posse de dados reais o sistema de medição apresenta uma indicação que é comparada continuamente com um valor padrão de referência. Nesta análise continua, são estimadas a tendência (erros sistemáticos) e a repetitividade do sistema naquele ponto, o processo se repete para um número de pontos dentro da faixa de medição, em que são utilizados diversos padrões de referência. Assim, obtém-se como resultado a curva de erros; esta descreve a forma como os erros sistemáticos (tendência) representada pela linha central e os erros aleatórios (faixa de ± Re em torno da Td) se distribuem ao longo da faixa de medição (figura 7). Correção (C) A correção está relacionada diretamente à tendência com sinal trocado. O termo correção é empregado para substituir tendência (Td) quando efetuada a compensação na medida. Normalmente seu uso está associado a certificados de calibração em vez de usar o termo tendência. A correção deve ser somada ao valor das indicações para “corrigir” os erros sistemáticos. Erro máximo (Emax) Representa a faixa em que se supõe que esteja contido o erro máximo (em termos absolutos) do sistema de medição, abordando toda a faixa de medição e as condições determinadas pelo seu fabricante. O termo precisão está associado de forma errônea, como sinônimo de incerteza do sistema de medição. 26 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção O erro máximo estabelece uma faixa simétrica com base no zero, que engloba totalmente a curva de erros do sistema de medição. Este parâmetro reduzido é a melhor forma de caracterizar a qualidade do instrumento. Sensibilidade (Sb) A sensibilidade é o quociente entre a variação da resposta σ (saída) do sistema de medida e a correspondente variação do estímulo ε (mensurando) (figura 8). Em sistemas ditos lineares, a sensibilidade possui características de uma constante. Já em sistemas não lineares, ocorre variabilidade, que está atrelada ao valor do estímulo, este determinado pelo coeficiente angular da tangente CRr. Em instrumentos analógicos, a sensibilidade pode ser interpretada como sendo a relação entre o deslocamento da extremidade do ponteiro (mm) e o valor unitário do mensurando. Figura 8. Sensibilidade constante e variável. Fonte: próprio autor. Estabilidade da Sensibilidade (ESb) Alterações na sensibilidade de um sistema de medição pode ser percebido, devido a variações das condições ambientais e de outros fatores em função do tempo. O parâmetro que descreve a variação é conhecido como estabilidade da sensibilidade (ESb). Como a sensibilidade pode ser afetada? Exemplo: 27 Fundamentação │ unIdade I Um dinamômetro poderá sofre variação no módulo da elasticidade em função da temperatura, essa característica pode ser expressa da seguinte forma: » ESb = ± 0,5 (div/N)/K, ou seja, a sensibilidade pode variar de até ± 0,5 div/N por cada kelvin de variação na temperatura. Estabilidade do zero (Ez) Se assemelha as alterações que ocorrem na estabilidade da sensibilidade, variações nas condições ambientais entre outros fatores poderão modificar o comportamento de um sistema de medida alterando o valor inicial da escala (zero). O parâmetro estabilidade do zero (Ez) é utilizado para representar os limites máximos de instabilidade, para que um sistema permaneça na faixa de estabilidade de zero, em função de uma grandeza de influência (tempo, temperatura etc.). Equivale a deslocamento paralelos da CRr. Como a sensibilidade do zero pode ser afetada? Exemplo: Um milivoltímetro pode apresentar tensões superpostas ao sinal de medição em função da temperatura (tensões termelétricas), essa característica pode ser expressa da seguinte forma: » Ez = ± 0,08 mV/K ou seja, pode ocorrer umdeslocamento paralelo da CRr (erro de zero) de até ± 0.08 mV por cada kelvin de variação da temperatura. Histerese (H) Histerese de um sistema de medição é um erro proveniente da diferença entre a indicação para um determinado valor do mensurando quando este foi atingido por valores crescentes e a indicação quando o mensurando e atingido por valores decrescentes. O valor da histerese pode variar, levando em conta o ciclo de carregamento e descarregamento completo ou parcial no sistema. O fenômeno (histerese) é bastante comum em instrumentos mecânicos, já que o tempo de resposta e entrada de sinal dependem do comportamento característico de cada material do instrumento, de folgas e deformações associadas ao atrito; estss são as principais fontes de erros. 28 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Erro de Linearidade (EL) Um sistema de medição apresenta uma característica de resposta nominal (CRn) linear; na maioria dos casos, o gráfico se apresenta como uma reta. Entretanto, O CRr pode se afastar deste comportamento linear ideal, assim o erro de linearidade e um parâmetro que compara o quanto o CRr se distancia de uma reta. O procedimento para determinar o erro de linearidade pode ser realizado de diversas formas, contudo sempre serão expressos em relação a uma reta de referência, o processo de seleção dos critérios desta reta de referência não é único. A seguir estão representadas três formas de determinação do erro de linearidade: Figura 9. Faixa de medição (Fm) e erro de linearidade(el). Faixa de Medição B Faixa de Medição A I O Me Retas Paralelas de Referência Método Independente: ELI FM 2ELI I O Me Reta de Referência I O FM Me Método Terminal: ELt ELt CRr Reta de Referência O I Me Método m.m.q.: ELq EL’q EL”q Fonte: gonçalves Junior (2004). Método terminal (ELt): no método terminal uma reta de referência é determinada por uma reta que originada a partir da ligação do ponto inicial e final da linha média da característica de resposta real. Método independente (ELi): na curva de erros sistemáticos analisada por meio do método independente, constroem-se duas retas paralelas, de forma que a faixa definida pelas paralelas contenha todos os pontos da curva e mantendo a menor distância entre 29 Fundamentação │ unIdade I as retas paralelas. O erro de linearidade corresponde à metade do valor correspondente à distância entre estas retas. Método dos mínimos quadrados (ELq): a posição da reta de referência é obtida pelo método dos mínimos quadrados (MMQ). O maior afastamento da curva de erros sistemáticos à reta de regressão estabelece o erro de linearidade. Os coeficientes da reta de regressão (y = ax + b) são calculados pelas equações abaixo: ( ) ( )22 ∑ − ∑ ∑ = ∑ − ∑ i i i i i i n X Y X Y a n X X ∑ − ∑= i iY a Xb n Aqui n é o número de pontos coordenados (xi, yi), sendo que em cada somatório i varia de 1 a n. O erro de linearidade que utiliza o método MMQ tem sido muito empregado, já que este método pode ser compilado em uma linguagem computacional simples, gerando resultados de forma rápida, confiável e automática. No link, você terá acesso a um tutorial de como aplicar o MMQ de forma pratica no excel. <https://www.youtube.com/watch?v=0o_wuKE-mm4>. zona morta Corresponde a uma faixa na qual o valor de sinal de entrada, que pode ser obtido por meio de medidores eletromecânico, varia sem provocar uma mudança observável na saída. Normalmente, esse valor é expresso em porcentagem da faixa total. drift É uma mudança indesejável do valor de entrada que ocorre com o tempo, devido a fatores ambientais ou intrínsecos ao sistema. Como consequência o zero será deslocado. representação Absoluta Versus relativa Os parâmetros que representam as características dos sistemas de medição podem ser apresentados de duas formas: uma em termos absolutos e a outra em termos relativos. 30 UNIDADE I │ FUNDAmENtAção Os parâmetros apresentados em termos relativos recebem a denominação de erros fiduciais. Quando se deseja comparar a qualidade de diferentes sistemas de medidas, lança-se mão da utilização de parâmetros relativos. Apresentação em termos absolutos A representação do valor em termos absolutos é apresentada na unidade do mensurando. Exemplos: Erro de medição: E = + 0,038 N para I = 15,93 N. Erro máximo do SM: Emáx = ± 0,003 V. Re (95) = ± 1,5 K. Apresentação em termos relativos (erro fiducial) O erro fiducial é um parâmetro representado por um valor especificado, como um percentual de um valor de referência, ou valor fiducial. Como exemplo, a amplitude da faixa nominal ou o limite superior da faixa nominal do instrumento de medição. Como valor fiducial são tomados preferencialmente: Erro fiducial em relação ao valor final de escala (VfE) No sistema, quando não explicitado o valor fiducial, será sempre considerado o valor final de escala (VFE). Aplicado normalmente a manômetros, voltímetros etc. Exemplos: Emáx = ± 1% do VFE. Re (95) = ± 0,1%. Erro fiducial em relação a faixa de indicação (ou amplitude da faixa de indicação) Normalmente aplicado a termômetros, pirômetros, barômetros e outros sistema de medidas com unidades não absolutas. Exemplos: Indicação do sistema de medida (ISM) = ± 0,2 % da FM. Erro de linearidade: ELq = 1% na faixa de 900 a 1400 mbar. 31 Fundamentação │ unIdade I Erro fiducial em relação a um valor prefixado Neste caso, um valor prefixado será a referência e as variações em torno desse valor captadas por um instrumento determinarão o erro fiducial. Exemplo: Re (95) = ± 0,5% da pressão nominal de operação de 18,5 bar. Erro fiducial em relação ao valor verdadeiro convencional Aplicado quando se trata de medidas materializadas. Exemplo: erro admissível da massa padrão de 100 mg = ± 0,2% Quando o valor de referência é o valor verdadeiro convencional (ou valor medido), este também pode ser chamado de erro relativo. 32 unidAdE iitiPoS dE SiStEmAS dE mEdição CAPÍtuLo 1 Sistemas mecânicos, elétricos, ópticos e pneumáticos Basicamente o sistema de medição é o meio por meio do qual as medições são efetuadas. Diante dessa afirmação, pode-se associar uma gama de SM para realizar uma medição de um mensurando. Considerando que a área de metrologia atualmente apresenta uma diversidade de sistemas de medição com diferenças no princípio de operação, no grau de automação e sofisticação operacional, no grau de incerteza e na robustez, entre outros, o sistema a ser empregado na medição dependerá do tipo de medição, do princípio de funcionamento do sistema, do tipo do mensurando, do nível de precisão e rapidez na resposta etc. Sistema de medição mecânico Um sistema de medição mecânico atua de forma bem simples, utilizando princípios de medição e transmissão mecânicos. Figura 10. Diagrama do Sistema de medição mecânica. Medição em Condição Física Interface Física Modo de conversão Interface Humana Fonte: próprio autor. 33 Tipos de sisTemas de medição │ UNidade ii Em um sistema puramente mecânico, os componentes que o compõe são somente mecânicos, no qual o operador realiza a medida e a interpreta no próprio local de medição. Contudo, com o advento da automatização, esse tipo de sistema sofreu adaptações, o qual foi agregado uma interface elétrica, permitindo que os dados fossem convertidos em alguns outros formatos ou em outro local antes de ser apresentado ao operador. Essas modificações elevaram o nível de complexidade dos sistemas, requerendo uma certa quantidade de processamento antes da interpretação dos resultados pelo operador. A conversão de um tipo de medição em outro tipo de sinal resposta e papel do sensor/transdutor (figura 10). Na figura 11, um sistema totalmente mecânico exibe a posição do ponteiro deslizante, conectado a manivela de controle deslizante na escala indicadora. Cada uma das interfaces numeradas são acoplamentos de juntas flexíveis, na qual se introduz uma certa quantidade de erro considerávelno resultado da medição. Figura 11. Sistema de exibição mecânica. Fonte: próprio autor. Uma junta apertada que apresenta menos erro do que uma articulação solta. Além disso, o encaixe deslizante pode contribuir com uma certa quantidade de erro na escala de saída leitura. Não vamos esquecer o operador. Como a agulha está sempre em movimento, o operador deve fazer algum tipo de decisão sobre quando ler a escala e pode introduzir erros não intencionais, por meio de uma antecipação de leitura, assim não reconhecendo a verdadeira leitura no instante em que está sendo lida. Todas essas características revelam um certo grau de imprecisão que vem sendo reduzido com a utilização de sistemas mecânicos combinados: eletromecânicos ou eletrônicos, que possibilitam reduzir a imprecisão na leitura. Sistema de medição elétrico Neste sistema de medição, utiliza uma base de princípio mecânico e elétrico. As características do material de que é confeccionado o equipamento lhe confere 34 UNIDADE II │ TIPOS DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO características específicas, logo, o sistema de medição elétrico não pode ser dito como um sistema puramente elétrico. Normalmente, o sistema elétrico de medição está representado por transdutores elétricos. transdutores elétricos Embora ainda haja muitos aplicativos que exigem apenas um indicador, a grande maioria dos dispositivos que nós vamos estudar são transdutores elétricos. Esses dispositivos elétricos são altamente úteis e flexíveis, mas essa flexibilidade vem com um custo. Ao contrário dos indicadores mecânicos, os transdutores elétricos devem ser calibrados, na maioria das vezes esses equipamentos precisam de alguma forma de gravação ou dispositivo de exibição externo para ser útil. Há um número de transdutores mais recentes que incluem uma leitura com o transdutor, permitindo que eles sejam usados como um transdutor, um indicador local, ou ambos, ao mesmo tempo. Os transdutores elétricos podem ser modelados como uma série de três blocos funcionais. Cada um desses três blocos gerenciam uma parte da conversão do mundo físico para o mundo elétrico. Figura ilustra esses três blocos. Figura 12. elemento transdutor elétrico. Fonte: próprio autor. O estágio dos elementos sensores do transdutor converte a propriedade física em algumas medidas mensuráveis indicação física. Um diafragma seria um exemplo de um elemento tão sensível, convertendo uma pressão em um movimento físico. O trabalho da unidade transdutora é converter essa indicação física em alguma forma de indicação elétrica. Há uma grande variedade de métodos para fazer essa conversão. O estágio final é um estágio de condicionamento de sinal opcional. Algumas indicações elétricas não são particularmente adequadas para transmissão em longas distâncias, ou são particularmente difíceis de lidar. Nesses casos, um tratamento adicional no condicionamento do sinal pode ser útil. O mais comum desses sistemas de condicionamento de sinais é uma conversão para loop de corrente 4-20 mA. 35 Tipos de sisTemas de medição │ UNidade ii Existem exceções quanto aos módulos do sistema de transdução, exemplo típico é um dispositivo que detecta a temperatura e converte diretamente essa temperatura em um sinal elétrico, efetivamente mesclando os dois primeiros blocos do modelo em um único bloco. Sistema de medição óptica Os sistemas que utilizam a óptica para medição apresentam vantagens e desvantagens. Uma das grandes vantagens é realizar medições sem necessitar interferir no objeto de estudo, algumas desvantagens estão associadas a medições de tensão, temperatura, nível etc. A metrologia óptica é fundamental para caracterizar componentes de dispositivos miniaturizados, dimensões de grande objetos e grandes distâncias (astronômicas). Este sistema está baseado no princípio físico da ótica e seus componentes são dedicados para cada tipo de aplicação, a faixa de espectro de medição dependera do tipo do mensurando. São várias as aplicações de medição da geometria de componentes mecânicos de precisão por métodos ópticos, inclusive a calibração de padrões geométricos como os blocos-padrão. Na escala microscópica, a metrologia óptica é fundamental para caracterizar componentes de dispositivos miniaturizados e elementos da nanotecnologia. Sistema de medição pneumática Os sistemas que utilizam a pneumática para medição apresentam vantagens e desvantagens. Uma das grandes vantagens é realizar medições em meios sob radiação nuclear ou em locais sobre forte influência magnética, fatos que impossibilitam a implementação de outros tipos de sistema de medição. O grande inconveniente desse sistema é a necessidade de manter o sistema pressurizado e o tempo de resposta ser lento. A medição está associada ao comportamento do fluxo de ar, normalmente em duas câmaras, pequenas variações de pressão geram um deslocamento no conjunto, desta o deslocamento pode ser interpretado por meio de uma escala graduada. Este sistema não costuma ser implementado para grandes medições e nem para transmissão da informação para grandes distâncias, devido a necessidade de um sistema com muitos equipamentos e com muitas perdas. 36 CAPÍtuLo 2 máquinas de medição As máquinas de medir é uma denominação para os sistemas de medição geométrico, que apresentam um porte razoável e lembram as máquinas-ferramenta quanto a sua estrutura. Atualmente, estas máquinas vêm perdendo espaço para as máquinas de medição por coordenadas, que são universais em suas aplicações. Há seguir alguns tipos construtivos de maquinas de medir. máquina de ABBÈ Máquina de medir comprimentos que está baseada no princípio operacional formulado por Ernst Abbè, na qual a escala que constitui o padrão de comprimento está no mesmo alinhamento a controlar do objeto a medir. Os erros desta medição ficam restritos a medição direta na escala, influências térmicas e da força de medição (erro de 1ª ordem). Figura 13. máquina medição abbe. Fonte: Brasil (2016). As máquinas de Abbè tradicionais possuem escalas ópticas graduadas, enquanto que as mais modernas possuem escalas eletro-ópticas que facilita a automatização da medição. A incerteza de medição para comprimentos está na ordem de ±(0,5+L/1000 ) mm. microscópios de medição Este equipamento tem um princípio de funcionamento que lembra um microscópio, pois utiliza um sistema óptico semelhante, para localizar um ponto de medição sobre a peça a ser medida. Em virtude da precisão, é utilizado em medidas de pequenas peças e em medidores de deslocamentos linear e angular. 37 Tipos de sisTemas de medição │ UNidade ii Os microscópios se assemelham aos projetores de perfil, pois podem operar pelos métodos de projeção episcópica e diascópica, conforme estejam a fonte de luz e imagem projetada do mesmo lado ou em lados opostos em relação à peça, respectivamente. Geralmente, é utilizado na medição de ângulo de rosca de peças em geral e na medição de calibradores de rosca. Figura 14. microscópio de medição motorizado. Fonte: mitutoyo (2016). Projetores de perfil Os projetores de perfil são instrumentos que proporcionam uma medição de peças pequenas, em pontos de difícil acesso por outro instrumento de medir até o ponto desejado. Os projetores solucionam a questão desta medição, já que ampliam a imagem do objeto a ser medido e a projeta em uma tela de medição. Os projetores de perfil possuem uma faixa de ampliação que vai na ordem de fatores de 10x, 20x, 50x de ampliação, neste método as principais fontes de erros são: posicionamento da mesa/feixe luminoso, falha na ampliação da imagem, retilineidade e ortogonalidade dos movimentos. Figura 15. projetor de perfil. Fonte: Starrett (2015). 38 UNIDADE II │ TIPOS DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO máquinas dedicadas São equipamentos desenvolvidos com finalidade de medição específica de geometrias complexas: máquina de medir cames e máquina de medir engrenagem. máquina de medir cames Normalmente aplicadas na mediçãode coordenadas polares, por meio de um cabeçote divisor, é possível medir os angulares e por meio de um computador ótico ou mecânico a posição linear. Estas máquinas são utilizadas na medição de cames, eixos ranhurados, rodas dentadas. máquina de medir engrenagem Devido a forma construtiva e aos princípios de medição, é possível obter valores de algumas grandezas especificas como: passo da engrenagem, espessura do dente, inclinação da hélice, diâmetro, perfil da envolvente, concentricidade. Com a associação do computador e de comandos numéricos, esta máquina de medir pode assumir outras funções de medição. Figura 16. máquina de medir engrenagem. Fonte: larjac (2013). máquinas de medir por coordenadas (mmC) Máquina desenvolvida para realizar medições nos três eixos XYZ, por meio do deslocamento de um apalpador (elemento sensor), que opera por princípios eletromecânicos e articulados, desta forma, a máquina localiza a coordenada onde o apalpador fez contato com a peça a ser medida e a compara com o ponto de referência conhecido dentro do sistema coordenadas. Desta forma, é possível exibir as dimensões tridimensionais da peça de forma rápida, precisa e de modo flexível. 39 Tipos de sisTemas de medição │ UNidade ii Todo esse processo de medição foi favorecido pela evolução dos sistemas de medição por deslocamento eletrônicos e por sistemas computacionais que facilitaram os cálculos dimensionais e a automação do processo de medir. Figura 17. máquina de medir por coordenada. Fonte: larjac (2014). 40 unidAdE iiimEdiçõES dE grAndEzAS i CAPÍtuLo 1 medição de grandezas: temperatura, deslocamento e pressão unidades de temperatura A unidade básica, no sistema internacional, da temperatura e conhecida como Kelvin (K). O Kelvin é formalmente definido como sendo (1/273,16) da temperatura do ponto triplo da água, isto é, a temperatura (exatamente igual a 273,16 K) na qual a água pode estar, em equilíbrio, nos estados sólido, líquido e gasoso. O zero absoluto equivale a temperatura em que o estado de agitação das moléculas e átomos têm o mínimo de energia térmica, este evento corresponde teoricamente a uma temperatura de 0 K. A escala comumente utilizada no dia a dia é conhecida como escala Celsius (°C), na qual o 0°C é a temperatura de congelamento da água e o 100 °C é a temperatura de ebulição da água à pressão atmosférica ao nível do mar. Em ambas escalas, a divisão é a mesma, ou seja, centígrada pois possui uma divisão em cem partes, a única diferença e a referência da escala. A escala de referência de temperatura mais recente foi estabelecida em 1990, na convenção de 1989, assim hoje a escala utilizada é escala Internacional de temperatura (90). Antigamente as escalas de temperaturas possuíam o ponto de congelamento da água (273,15 K) como referência, a relação entre as temperaturas nas escalas Kelvin e Celsius: t90 / ºC = T90 / K – 273,15 41 Medições de grandezas i │ Unidade iii sendo t90 / oC e T90 / K as temperaturas em graus Celsius e Kelvin, respectivamente, de acordo com a ITS 90. A conversão entre graus Celsius e Fahrenheit é obtida: °C = 5/9 x (°F - 32). A medição da temperatura A medição da temperatura normalmente é obtida por meio da medição de uma propriedade física de um material, propriedade que varia com a temperatura. Um dos dispositivos de medição mais antigos é o termômetro de vidro, que se baseia no princípio da dilatação térmica no material conhecido como mercúrio ou outro tipo. Outro dispositivo, pouco usado, é o termômetro de gás que opera com a variação do volume de um gás com a temperatura. Este dispositivo tem uma relevância mais teórica do que na prática. O bimetálico é um outro dispositivo, que opera com a expansão diferencial de dois metais mecanicamente acoplados. O sensor resistivo de temperatura é muito utilizado em equipamentos eletrônicos, o princípio de funcionamento deste sensor leva em consideração a resistividade elétrica do material de acordo com a temperatura. Alguns dispositivos mais comuns para medir temperatura: » Termômetro. » Termopares. » Termistores. » RTDs (Resistance Temperature Detector). » Pirômetros óticos. » Pirômetros eletrônicos com CCDs (Charged Coupled Device). 42 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Os instrumentos de medição respondem à variação da temperatura por diferentes princípios físicos: 1. expansão da substância, provocando alteração de comprimento, volume ou pressão. 2. alteração da resistência elétrica; 3. alteração do potencial elétrico de metais diferentes; 4. alteração da potência radiante; 5. alteração da intensidade de carga elétrica em um fotodiodo. De acordo com a faixa de temperatura a ser medida e suas aplicações,s são utilizadas instrumentos específicos. termômetros de expansão termômetro de gás ideal O termômetro de gás ideal está fundamentado nas leis dos gases, cujo desenvolvimento histórico é apresentado por Robert Boyle em 1662 e Edmé Mariotte, em 1676, que constataram de forma independente: em uma faixa limitada de pressões o produto da pressão e volume de uma faixa de gás, mantendo a temperatura constante, é essencialmente invariável. Esta lei ficou conhecida como lei de Boyle-Mariotte e pode ser escrita. (pv)t=Kt. Onde v é o volume, p é a pressão absoluta, e o índice “t” indica que mudanças de estado devem se dar somente em condições de temperatura constante, e o valor da constante de proporcionalidade Kt e função da temperatura escolhida. De acordo com a lei formulada por Charles-Gay-Lussac, na qual, em condições de pressão constante e em volumes idênticos, um gás real assume comportamento previsível, assim pode-se obter o valor de temperatura absoluta correspondente a variação de volume. Assim, o comportamento de um gás ideal, sua expansão volumétrica com a temperatura, é um princípio físico adequado (apesar de pouco prático, contrariamente à especificação do padrão) para a medição da temperatura: pv = mRT 43 Medições de grandezas i │ Unidade iii onde e p é a pressão, V é o volume, m é o número de moles, R é a constante do gás (R=K/M, sendo a constante universal dos gases, K= 8314,5 J / kmol K), M é o peso molecular do gás e T é a temperatura. A figura a seguir mostra como é a configuração simples de um termômetro de gás. Figura 18. configuração de um termômetro a gás ideal. Sensor de Pressão Volume V Fonte: Holman1(984). Em uma dada temperatura T uma medida de pressão é feita. O volume é exposto a uma temperatura de referência, Tref, e a pressão (pref) é novamente medida. Pela lei dos gases ideais a temperatura T será obtida por: volconst = pT Tref pref termômetro bimetálico Este termômetro funciona segundo o princípio de expansão linear dos metais. Representado por um par de hastes metálicas de materiais distintos (bimetálico), soldadas. Por meio do efeito da expansão térmica, as hastes com coeficientes de dilatação diferente sofrem expansões diferentes e assim um efeito de flexão ocorre no conjunto; esta aciona um dispositivo indicador de temperatura. A temperatura T representada pelo instrumento está atrelada a expansão linear L pela relação: ( )( )L1=L0 1 T1-T0+γ Onde γ é o coeficiente de expansão linear do metal, a equação pode ainda conter termos de segunda ordem 2T1 T0− , ou ordem superior). O bimetálico pode apresentar a configuração linear, circular, helicoidal. 44 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Figura 19. Flexão de termômetro bimetálico de hastes lineares. Fonte: Brain (2018). A aplicabilidade do bimetálico está restrita na faixa de -50oC a +500oC, incerteza de medição típica na faixa de 1% do fundo de escala. O tempo de resposta de um bimetálico é relativamente lento com faixa de resposta entre 15 e 40 segundos. Normalmente, o material empregado na construção do bimetálico são o monel, iconel, inox 316 e o invar. O que confere ao instrumento características de baixa manutenção, baixo custo de implantação.Figura 20. termômetro bimetálico de haste com sensor helicoidal. Fonte: unitec (2017). Vantagens: » Disponíveis com muitas faixas de medição e incertezas variadas. » É simples de usar. » Tem baixo custo. » Não necessita de energia auxiliar (baterias etc.). » A leitura é fácil, minimizando erros. » É mecanicamente robusto, adequado p/ instalações industriais. 45 Medições de grandezas i │ Unidade iii » Tem ajuste de zero por parafuso no visor. » As hastes podem ter grande tamanho e alcançam pontos de difícil acesso. Desvantagens: » Não é adaptável para leituras remotas. » Não é recomendável para leituras transientes, dado o elevado tempo de resposta. » O tamanho do bulbo e haste podem ser limitantes em determinadas aplicações. termômetro de bulbo Dispositivo mais comum dentre os termômetros de expansão, a medição da temperatura de líquidos e gases ocorre devido a variação volumétrica de um liquido (álcool, fluidos orgânicos variados e mercúrio) com a temperatura, segundo a lei abaixo: ( )( )V1=V0 1 T1-T0+α Onde o volume final corresponde a V1 e o volume inicial é V0, α é o coeficiente de expansão volumétrica, a variação de temperatura é representada por e T1 T0− a equação pode ainda conter termos de segunda ordem 2T1 T0− , ou ordem superior). Partes integrantes do termômetro de bulbo: » Bulbo sensor de temperatura é um reservatório na extremidade inferior do termômetro, onde a maior parte do líquido termométrico está depositado. » Haste – tubo capilar normalmente de vidro, no interior do qual o líquido termométrico se dilata ou se contrai devido a variações na temperatura. » Linha de imersão – indica até que ponto um termômetro de imersão parcial deve ser imergido, com a finalidade de obter leituras corretas (os termômetros de imersão total não possuem linha de imersão). » Escala – valores de temperatura marcados no tubo capilar. » Câmara de expansão – reservatório no topo do tubo capilar usado para prevenir pressões excessivas em termômetros preenchidos com gases ou para acomodar o líquido termométrico. 46 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Álcool e mercúrio são os líquidos termométricos mais comumente utilizados. Figura 21. termômetro de mercúrio. Fonte: omega (2007). O comprimento do bulbo capilar está intimamente relacionado ao tamanho do bulbo sensor de temperatura, do liquido termométrico utilizado e da faixa de temperatura de medição desejada para o termômetro. A expansão registrada no termômetro é obtida por meio da diferença entre a expansão do líquido e a do vidro. Levando em conta que essa diferença não é função somente do calor trocado entre o banho e o bulbo, mas também do calor trocado por condução entre o bulbo e a haste, quanto maior a troca por condução maior será o erro na medida. Com objetivo de minimizar os erros ocasionados pela troca térmica por condução, os termômetros são normalmente calibrados para atuarem em uma profundidade de imersão determinada, há dois tipos mais comuns de termômetros: » Imersão parcial – este tipo de termômetro deve ser imergido até a linha de imersão, para a realização correta das leituras e minimização dos erros. A porção do bulbo emergente estará sob influência do ar, que poderá interferir na movimentação do liquido termométrico. » Imersão Total – neste caso apenas 12mm da coluna de líquido termométrico deve ficar emerso para leitura, o restante do termômetro deve estar imerso. A precisão de um termômetro de bulbo típico é de aproximadamente ±1 divisão da escala. Existe a possibilidade de se obter incertezas da ordem de ±0,05 °C, estes termômetros são utilizados para calibração de outros medidores de temperatura. 47 Medições de grandezas i │ Unidade iii termômetros de resistência São termômetros que possuem resistências elétricas como sensores de temperatura. Uma variação de temperatura no meio em que os sensores estão inseridos faz variar a resistência elétricas e um circuito eletrônico registra está variação. termômetros de resistência elétrica – rtd Estes tipos de termômetros são também conhecidos como RTDs (Resistance Temperature Detector), os sensores que compõe estes termômetros de resistência são elementos resistivos que apresentam variação direta da resistência intrínseca do material em função da variação da temperatura. A resposta de um RTD é indicada pelo coeficiente de temperatura linear da resistência, α , dado em ºC-1 por: ( ) 0 0 − = − R R R T T α onde R0 e T0 são a resistência e a temperatura de referência, e R e T são a resistência e a temperatura atual do sensor. A determinação da temperatura T é feita por um circuito eletrônico que percebe a variação da resistência R em tempo real, obtida na medição. Os valores de referência, R0 e T0, especificam os sensores, por exemplo PT100 é um sensor de platina (pt) que tem resistência R0 =100 Ω (ohms) à temperatura T0= 0 ºC. Os sensores de platina não possuem a maior sensibilidade, porém, possui um bom comportamento linear de RxT. Os coeficientes de temperatura linear da resistência dos principais materiais utilizados nos RTDs. quadro 1. coeficientes de temperatura α para rtds. Material α (°C-1) Níquel 0,0067 Tungstênio 0,0048 Cobre 0,0043 Platina 0,00392 Mercúrio 0,00099 Fonte: parr (1985). 48 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I A faixa de temperatura compreendida entre 0ºC e 100ºC e denominada de intervalo fundamental de referência, esta faixa serve de comparação para os diversos tipos de sensores. Os coeficientes de temperatura (quadro 1) só poderão ser utilizados quando a resistência do material variar linearmente com a temperatura, para os casos gerais são utilizadas relações polinomiais que não serão abordadas neste material. Figura 22. Variação da resistência com a temperatura dos materiais em um rtd. Fonte: Parr (1985). termômetros de termistores Os termistores (thermistor, thermal sensitive resistor, semicondutores passivos) possuem uma diferença bem relevante quando comparado com os RTD, estes possuem uma variação linear e crescente da resistência em relação à temperatura, aqueles possuem comportamento não linear e sua resistência diminui com o aumento da temperatura. Considerando que o sinal gerado por um termistor e mais intenso que os sinais do RTD’s, sendo processados de forma mais simples e com um menor custo por circuitos elétricos e eletrônicos de medição. O termistor é um dispositivo eletrônico que apresenta grande variação de resistência com a temperatura do conjunto de medição. Construído com semicondutores, que no 49 Medições de grandezas i │ Unidade iii intervalo fundamental (0ºC a 100ºC), pode assumir variação da resistividade que vai de 10 kΩ (0ºC) até 200 Ω (100 ºC). Figura 23. comportamento rxt de um termistor. Fonte: parr (1985). De acordo com análise do gráfico (figura 23), o termistor é um NTC (negative temperature coefficient device), neste caso, a resistência tende a sair do infinito a partir de 25ºC. Os valores típicos de medição estão na faixa de 300 Ω a 40 MΩ. Considerando um semicondutor com coeficiente positivo (PTC), entretanto, estes não apresentam uma variação contínua de resistência e nem bem definida como os NTC’s. Os PTC’s são empregados normalmente em dispositivos de alarme de temperatura, exemplo em proteções de motores elétricos. Figura 24. termômetro termistor. Fonte: Bernad (2017). 50 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Figura 25. Sensores termistores padrão. Fonte: Sensor (2017). A constante térmica de um termistor, assim como de qualquer outro termômetro, é o tempo requerido para que atinja 63,2% da temperatura de imersão. Esta constante é afetada diretamente pela massa do termômetro ou termistor, bem como por seu acoplamento térmico com o ambiente. Características importantes que devem ser levadas em consideração na seleção dos sensores térmicos, elétricos, são: potência de dissipação e voltagem e/ou corrente requeridas. termopares O termoparé um dispositivo, de medição de temperatura, que está baseado no princípio da alteração do potencial elétrico de metais diferentes, formado por dois condutores elétricos diferentes nos quais suas extremidades são unidas para formar um circuito elétrico. Quando as junções dos condutores são submetidas a temperaturas diferentes, surge uma diferença de potencial que é percebida por um voltímetro. Este efeito foi descoberto de forma acidental pelo físico Thomas Seebeck em 1821. Figura 26. medição da tensão gerada nos fios. Fonte: madeira (2016). 51 Medições de grandezas i │ Unidade iii Com o estudo da teoria de Seebeck observou-se que este efeito resulta da superposição de dois outros efeitos, que foram identificados por Peltier e por Kelvin, em 1834 e 1851, respectivamente. Considerando um circuito, formado por dois metais distintos, que é alimentado por uma força eletromotriz, observa-se o surgimento de uma corrente, o esfriamento de uma das extremidades (remoção de calor) e o aquecimento da outra extremidade (dissipará calor); esse efeito é conhecido como efeito Peltier. As observações de Kelvin resultaram na teoria de que um condutor submetido a um gradiente de temperatura, quando uma corrente o percorrer poderá haver rejeição de calor ou absorção de calor. Figura 27. Variação da f.e.m. por temperatura de vários termopares. Fonte: termopares (2013). Vários tipos de termopares industriais podem ser encontrados no mercado. A faixa de medição de temperatura dos termopares está entre -270 graus até + 2.320 graus Célsius. A utilização de um termoelétrico tem o objetivo de realizar a medição da temperatura dos corpos em contato com as junções. Quando utilizamos este ligado a um milivoltímetro para obter uma medida de tensão equivalente a temperatura ocorrerá o efeito Peltier, uma corrente circulará e o calor será absorvido na junção quente (que se tornará mais fria considerando o meio circulante) e liberado na junção fria (que se tornará mais quente). Devido ao efeito da corrente circulante no milivoltímetro, um erro será percebido na leitura, para anular esse efeito na medição, utiliza-se um milivoltímetro com amplificador de alta impedância (1 a 1000 MΩ). 52 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Nos links, você terá acesso aos modelos básicos do termopar e conhecimento da tabela. <www.mundodaeletrica.com.br/o-que-e-um-termopar/>. <http://www.cr-resistencias.com.br/produtosDetalhe.asp?idProduto=140>. termômetros de radiação Este método de edição está baseado na alteração da potência radiante, ou seja, não há a necessidade de contato entre o instrumento de medição e o corpo que se deseja medir. Considerando que os métodos de medição de temperatura citados anteriormente requeriam um contato físico entre o instrumento e o corpo a ser medido, fato que interfere na temperatura do corpo a ser medido, ou seja, a temperatura exibida nunca é a real. Outro fator é que o termômetro deve ser capaz de suportar a temperatura envolvida na medição de corpos muito quentes. Quando se necessita medir a temperatura de corpos sólidos em movimento, quando o termômetro não está embarcado, o método de medição por termômetros de radiação se faz necessário. A radiação térmica é uma radiação eletromagnética emitida por um corpo de acordo com sua temperatura. A radiação térmica tem faixa de comprimento de onda na faixa de 0,1 a 100µm. Partindo do princípio da Mecânica Quântica, a radiação é dual, hora se comporta como onda eletromagnética ora se comporta como propagação de matéria, fótons. A energia emitida pela radiação térmica não depende de qualquer meio material e está relacionada a temperatura de um corpo que possui valor acima do zero absoluto, propriedades típicas das ondas podem ser atribuídas como a frequência v e o comprimento de onda λ. A base da medição de temperatura por radiação está fundamentada no princípio da radiação total emitida por um corpo negro, com base na lei de Planck. Este material não tem o objetivo de esgotar o conteúdo sobre radiação térmica, as bases da lei dos corpos negros e a lei de Planck não serão detalhados aqui. Existem, basicamente, quatro tipos de equipamentos utilizados na medição de temperatura a partir da radiação térmica. » Pirômetro de radiação total. » Pirômetro ótico. 53 Medições de grandezas i │ Unidade iii » Pirômetro de infravermelho. » Pirômetros eletrônicos com CCDs (Charged Coupled Device). medição de movimento relógio comparador É um instrumento desenvolvido para detectar pequenas variações dimensionais, contudo, este instrumento também pode ser considerando um instrumento de medição de movimento mais disseminado e básico. A medição de movimento para este caso está atrelada a deslocamentos sem mudança de direção e acessíveis ao fuso. O relógio possui uma escala graduada e um ponteiro, ligados por mecanismos diversos à ponta de contato. Figura 28. relógio comparador. Fonte: Senai (1996). Potenciômetro linear É um instrumento elétrico que mede o movimento de uma haste ou fuso sobre um elemento resistivo. O valor do deslocamento está atrelado à variação da resistência, conforme a haste se desloca sobre o elemento resistivo ocorre uma variação na resistência elétrica. Este sistema de medição de deslocamento apresenta restrições, está limitado ao comprimento da resistência como comprimento deslizante. 54 UNIDADE III │ MEDIÇÕES DE GRANDEZAS I Em um circuito apresentado na figura a seguir, uma tensão Vi é aplicada através de todo o comprimento da resistência, pontos A e C. A voltagem de saída V0 é medida através de um dos polos A ou C e a haste deslizante, ponto B. Figura 29. potenciômetro linear. Elemento resistivo Molde Contato deslizante Tensão de entrada Tensão de saída V0 Fonte: unitec (2016). Considere o potenciômetro linear mostrado na figura anterior, no qual o fuso se encontra na posição mediana. A voltagem de entrada é 15 volts e a voltagem de saída é 12,5 volts. O comprimento da resistência é 100 mm. O deslocamento de um objeto provoca o deslocamento do fuso, de tal forma que a voltagem de saída muda para 10,0 volts. Determine o deslocamento do objeto e a direção para a qual se move. Solução: Vi =15 volts, AC = 100 mm. Logo a variação da voltagem em relação ao deslocamento é: Voltagem relativa = 15 / 100 = 0,15 V/mm. Se a voltagem de saída varia de 12,5 Volts para 10,00 Volts, isto é, 2,50 volts, o deslocamento do objeto é: Deslocamento = 2,5/0,15 = 16,67mm. O deslocamento de 16,67 mm ocorre na direção de C, a voltagem decresceu. O potenciômetro circular é uma variação do potenciômetro linear, no qual o elemento resistivo possui formato circular. 55 Medições de grandezas i │ Unidade iii Figura 30. potenciômetro circular. Eixo Elemento resistor Alavanca de contato Fonte: unitec (2016). o transformador linear diferencial Instrumento de medição de movimento por meio de um transformador linear diferencial. Constituído por três bobinas dispostas linearmente, tendo como referência em um eixo. A bobina central que compõe o conjunto de bobinas é conhecida como bobina primária e as outras bobinas são chamadas de secundárias. Como funciona este tipo de medição? Um cilindro de aço é posicionado no centro da bobina primária, podendo se deslocar livremente em direção as bobinas secundárias, assumindo que o núcleo de ferro está posicionado simetricamente em relação as bobinas. A bobina primária é energizada com uma corrente alternada de alta frequência (acima de 5kHz), uma corrente circulará através desta bobina criando um fluxo magnético no núcleo ferroso central e por consequência um fluxo será induzido nas bobinas secundárias, produzindo uma força eletromotriz (f.e.m), como as bobinas estão interligadas as f.e.ms possuem a mesma magnitude e se anulam. Caso haja o deslocamento do núcleo ferroso, haverá alteração nas f.e.ms e uma tensão induzida aparecerá na saída V0, correspondente ao deslocamento.
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